Buscar

ESÔFAGO DE BARRETT

Prévia do material em texto

IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 
 
1 
esôfago de barrett 
O esôfago de Barrett é uma condição na qual 
o tecido que reveste o esôfago - o tubo 
muscular que transporta alimentos e líquidos 
da boca para o estômago - é substituído por 
tecido semelhante ao de revestimento do 
intestino. Não causa sintomas e tem 
importância pois confere predisposição ao 
câncer. 
 
• PATOGÊNESE: ocorre devido ao dano 
crônico ao esôfago pelo refluxo 
gastroesofágico. 
A metaplasia de Barrett é compreendida 
pela substituição de células colunares muco 
secretoras por células escamosas. 
O refluxo gastroesofágico pode induzir 
alterações na expressão dos principais fatores 
de transcrição do desenvolvimento, 
causando a transformação de células 
escamosas em células colunares 
(transdiferenciação) ou causando nas células 
progenitoras esofágicas diferenciação 
colunar em vez de escamosa 
(transcompromisso). 
A metaplasia, observada em ratos, 
desenvolve-se a partir de células-tronco da 
medula óssea que entram no sangue e se 
instalam no esôfago danificado por refluxo. 
Estudos em modelos de camundongos 
sugeriram que a metaplasia pode resultar da 
migração ascendente de células-tronco do 
estômago proximal (cárdia gástrica) ou da 
expansão proximal de células do tipo 
embrionário na junção gastroesofágica. 
• DIAGNÓSTICO: o diagnóstico do esôfago 
de Barrett requer evidência endoscópica de 
que a mucosa colunar se estende acima da 
junção gastroesofágica e reveste o esôfago 
distal, além de resultados de biópsia 
esofágica que confirmam a presença de 
metaplasia colunar. 
A junção gastroesofágica, 
endoscopicamente, é identificada como a 
mais proximal extensão da dobra gástrica. E a 
mucosa colunar tem a cor salmão, enquanto 
a mucosa escamosa do esôfago tem uma 
cor mais pálida. 
A metaplasia colunar pode ocupar um 
segmento maior ou igual a 3 cm. Menor que 
esse valor, considera-se que a metaplasia 
colunar é pequena. 
 
 
 
IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 
 
2 
esôfago de barrett 
Nos EUA, é extremamente comum a 
metaplasia intestinal com células Globet 
(caliciformes), uma espécie de metaplasia 
intestinal especializada. 
 
• EPIDEMIOLOGIA: 
a) Pacientes sem tratamento com esôfago de 
Barrett longo tem RGE severo com esofagite 
erosiva. 
b) Pacientes com pequeno segmento do 
esôfago de Barrett: apresentam-se sem 
sintomas de RGE ou sem sinais de esofagite. 
O risco de adenocarcinoma de esôfago na 
população geral com esôfago de Barrett 
displásico: 0,5% ao ano. Já com esôfago de 
Barrett displásico esse valor é menor, de 0,1 a 
0,3% ao ano. 
• FATORES DE RISCO: 
§ Idoso. 
§ Raça branca. 
§ Sexo masculino. 
§ Azia crônica. 
§ Hérnia de hiato. 
§ Obesidade com distribuição intra-
abdominal. 
§ Síndrome metabólica. 
§ Tabagismo. 
§ Histórico familiar de DRGE, esôfago de 
Barrett ou adenocarcinoma 
esofagiano. 
§ Consumo de carne vermelha e carne 
processada. 
• FATORES DE RISCO PARA ESOFAGO DE 
BARRET: 
§ Idade menor que 30 anos no início dos 
sintomas da DRGE. 
§ Apnéia obstrutiva do sono. 
§ Peso baixo ao nascimento. 
• FATORES DE RISCO PARA 
ADENOCARCINOMA ESOFÁGICO: 
§ Prematuridade. 
§ Infecção pelo papiloma vírus humano. 
• FATORES DE PROTEÇÃO PARA ESÔFAGO DE 
BARRETT E ADENOCARCINOMA ESOFÁFICO: 
§ Uso de anti-inflamatórios não 
esteroidais. 
§ Uso de estatinas. 
§ Infecção gástrica por Helicobacter 
pylori. 
§ Dieta rica em frutas e vegetais. 
§ Altura. 
 
 
 
IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 
 
3 
esôfago de barrett 
• TRIAGEM E VIGILÂNCIA PARA ESÔFAGO DE 
BARRETT: a endoscopia para pacientes com 
displasia ou carcinoma intramucoso deve 
incluir biópsia de quatro quadrantes em 
intervalos de 1 cm e ressecção endoscópica 
de irregularidades da mucosa. Se a displasia 
ou o carcinoma intramucoso for descoberto 
e os procedimentos abaixo não tiverem sido 
realizados, a repetição da endoscopia é 
recomendada antes que a terapia de 
erradicação endoscópica seja iniciada. 
 
Outros exames estão em estudo, como por 
exemplo, a cromoendoscopia com corante, 
cromoendoscopia ótica digital, endoscopia 
autofluorescente e endomicroscopia focal à 
laser. 
Sabe-se que a mataplasia de Barrett envolve 
a anormalidade da expressão do gene p53. 
• MANEJO NO ESÔFAGO DE BARRETT: 
§ Tratamento da DRGE. 
§ Inibidores de bomba de prótons. 
§ Cirurgia antirrefluxo. 
- ERRADICAÇÃO ENDOSCÓPICA DA 
DISPLASIA: a displasia é um biomarcador 
imperfeito de potencial maligno, graduada 
com uso de critérios subjetivos, devendo ser 
confirmado por outro patologista. A taxa na 
qual a displasia de alto grau progride ao 
câncer em pacientes com esôfago de Barrett 
é considerada alta o suficiente para justificar 
a intervenção, que pode incluir: 
§ Ressecção endoscópica. 
§ Técnica de ablação. 
§ Esofagectomia (risco de complicações 
e morte). 
- GRAUS DE DISPLASIA: 
a) BAIXO GRAU: não está clara que a 
ablação com radiofrequência é o melhor 
tratamento. 
b) ALTO GRAU: vigilância endoscópica em 
intervalos de 6 a 12 meses ou terapia 
endoscópica de ablação. 
c) METAPLASIA DE BARRETT NÃO DISPLÁSICA: 
ablação por radiofrequência (ainda não 
clara); pacientes devem realizar EDA de 
vigilância.

Continue navegando