Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Relatório de Tutoria Problema No. 1 Data Análise: 14/09/2021 Data Resolução: 17/09/2021 Tutor: Gelly Coordenador: Raphael Relator: Gabriela 1º Passo: Definir os termos desconhecidos ➢ Menarca: nome dado à primeira menstruação da mulher e é uma das últimas fases da puberdade; ➢ Beta HCG: quantitativo é um exame de sangue capaz de detectar a quantidade do hormônio HCG no sangue e se há indícios de gravidez; ➢ Sexarca: É o momento da primeira relação sexual; 2º Passo: Definir o problema ➢ O desconhecimento do mecanismo fisiológico da mulher na puberdade e o impacto no planejamento familiar; ➢ O desconhecimento da fisiologia feminina pode gerar duvidas e constrangimentos dificultando o planejamento familiar e a lactação; 3º Passo: Analisar o problema (Chuva de Ideias) Não utilizar fontes de consulta neste passo. ➢ Telarca: 1º sinal da puberdade em meninas; ➢ Gonadarca: 1° sinal de puberdade em meninos; ➢ Educação sexual; ➢ Puberdade: meninas 8 a 13 anos e meninas 9 a 14 anos; ➢ O tabu familiar na discussão sexual; ➢ A falta de educação sexual interfere no planejamento familiar pois vai trazer gravidez indesejada e precoce; ➢ A relação da educação sexual e a identificação de abusos, para meninas e meninos. Não abusar e saber quando houver abuso; ➢ A importância do profissional de saúde aproveitar as consultas para orientar ao uso dos métodos contraceptivos, verificar se o uso está correto; ➢ A automedicação nos métodos contraceptivos; 2 ➢ Tabu sobre a sexualidade e educação sexual enraizado na sociedade, levando uma dificuldade de transmissão de informação; ➢ Dificuldade relacionadas ao conhecimento de práticas sexuais na atualidade e mecanismos de prevenção. 4º Passo: Sistematizar a análise e hipótese de resolução do problema Colocar o Mapa Conceitual. 5º Passo: Formular objetivos específicos de aprendizagem 1. Compreender as características fisiológicas (características sexuais secundarias) e psicológicas (sexualidade) durante o processo de puberdade 2. Entender o papel do planejamento familiar no processo de puberdade 3. Explicar os principais métodos contraceptivos 4. Compreender a fisiologia da lactação 6º Passo: Aprendizado Autodirigido Identificar fontes de informação. Aquisição de conhecimentos. BARACAT ed. Manual de Ginecologia Endócrina— São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015 CABRAL, ZAF. Manual de Ginecologia Infanto Juvenil - Sao Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014. BRASIL. Lei N. 9263 de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. FINOTTIi, M. Manual de anticoncepção. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015. HALL, J.E.; GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 7º Passo: Sistematizar os conhecimentos adquiridos para a resolução do problema 3 Mapa Conceitual 1. Descrever as características sexuais secundarias femininas (adrenarca, pubarca, telarca e menarca) inclusive as modificações psicológicas da puberdade 2. Compreender os aspectos legais e politicas publicas envolvidas no planejamento familiar 3. Discutir métodos anticoncepcionais não hormonais 4. Compreender a fisiologia da lactação RESOLUÇÃO DO PROBLEMA PROBLEMA 1 – CICLO DA VIDA O1 - DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS SEXUAIS SECUNDARIAS FEMININAS (ADRENARCA, PUBARCA, TELARCA E MENARCA) INCLUSIVE AS MODIFICAÇÕES PSICOLÓGICAS DA PUBERDADE. CONCEITOS GERAIS DE PUBERDADE ➢ O que é puberdade o É um período de transição entre a infância e a vida adulta. o É adquirida a maturidade reprodutiva. o É caracterizada por transformações físicas e psíquicas complexas ▪ Dependem da integridade do eixo o hipotálamo-hipófise-ovários (H-H-O). ➢ Sinais da Puberdade o Desenvolvimento das características sexuais secundárias. o Aceleração na velocidade de crescimento. ➢ Fisiologia da puberdade o Conceitos iniciais ▪ Tem início com a ativação do eixo H-H-O • Isso acontece antes do aparecimento de qualquer sinal externo secundário e estirão. o Idade óssea de 11 anos nas meninas ▪ Tem o seu término quando se estabelecem os ciclos ovulatórios. • Último fenômeno deste período. o A duração da puberdade é variável ▪ Média de 4 a 5 anos • Mas pode durar até 6 anos. ➢ Fatores que influenciam o início da puberdade o Genético é o mais determinante ▪ Existe correlação da menarca entre mães e filhas e entre irmãs. o Situação geográfica e exposição a luz parecem exercer algum papel. ▪ Baixas altitudes e próximo a linha do equador– Tende a ocorrer mais cedo o Melhoria das condições de nutrição e saúde ▪ Fez com que a média de idade da menarca caísse. o Nos últimos 30 anos não foi notada diminuição significativa nos países desenvolvidos. 4 ➢ Pediatric Reserch in Office Settings – PROS e National Health and Nutrition Examination Survey – NHANES o Telarca e Pubarca ▪ 8 anos de idade • Brancas – 10,5% • Negras – 37,8% ▪ Antes dos 7 anos • Brancas – 5% • Negras – 15,4% ➢ Associação dessas alterações ao sobrepeso e obesidade. o Observa-se ainda associação com níveis de leptina elevados. o Questionamento do papel de substâncias do meio ambiente atuando no eixo H-H-O. o Importância do percentual de gordura corporal para a menarca. ▪ 16% para ocorrer menarca. ▪ 23% para ocorrer ciclos ovulatórios. o Obesas menstruam mais precocemente que anoréxicas. ➢ Leptina o É um peptídeo secretado pelos adipócitos. o Tem relação com o início da puberdade. o Age sobre o SNC regulando: ▪ Comportamento alimentar e o consumo de energia. o Sinaliza o hipotálamo a quantidade de tecido adiposo disponível e o peso corporal. o Baixo nível leva a um atraso no amadurecimento (Estudo dos roedores). o Durante a infância nas meninas ▪ O nível de Leptina aumenta até o início da puberdade. ▪ Quanto mais elevado o nível, mais precoce é o início da puberdade. o Com o evoluir do processo puberal, os níveis tendem a cair. o A concentração de leptina se modifica nos diferentes estágios do desenvolvimento puberal e apresenta uma relação direta com o IMC, FSH, LH e estradiol. EIXO HIPOTÁLAMO – HIPÓFISE – OVARIANO (HHO) ➢ Sobre o Eixo o É regulado por alguns hormônios essenciais para que ocorram ▪ Recrutamento ▪ Desenvolvimento ▪ E a seleção dos folículos ovarianos o Culminando na ▪ Liberação do óvulo maduro e saudável ▪ E na produção de hormônios esteroides sexuais femininos. ➢ Córtex Cerebral o Emite comando para o hipotálamo. ▪ Este libera o hormônio secretor de gonadotrofinas (GnRH) • De maneira pulsátil. o Pulsatilidade da secreção de GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofina) ▪ É consequência da sua interação com outro neurormônios 5 • Gonadotropinas hipofisárias e esteroides gonadais, e regida por efeitos de retroalimentação que envolvem neurotransmissores excitatórios (glutamato, neuropeptídeo Y e norepinefrina) e inibitórios (endorfinas e dopamina). ▪ Também atuam nessa regulação fatores ambientais, tais como: • Estresse. • Exercícios físicos. • Desnutrição, que podem atuar como inibidores. ▪ O ambiente hormonal mais estrogênico ou progestagênico, dependendo da secreção ovariana, leva a alteração na amplitude e frequência desses pulsos, sendo, portanto, o comando central e periférico ➢ Hipófise o Os hormônios hipotalâmicos atingem a hipófise ▪ Por meio do sistema porta-hipofisário • É uma trama vascular que descende pela haste hipofisária e comunica esses dois compartimentos. o A hipófise em resposta à secreção de GnRH produz duas gonadotrofinas ▪ Hormônio folículo-estimulante FSH • Tem por função estimularo recrutamento e o crescimento dos folículos ovarianos • E a seleção para dominância até que o óvulo esteja maduro para ser fecundado. ▪ Hormônio Luteinizante • Tem por função a luteinização das células somáticas foliculares (teca e granulosa). • Completar a maturação do óvulo. • Promover a ovulação. o A secreção de gonadotrofinas pela hipófise em resposta aos pulsos de GnRH também sofre retrocontrole pelos esteroides ovarianos. o Estradiol ovariano ▪ Papel estimulador na síntese e armazenamento das gonadotrofinas ▪ Seu papel liberador é bastante tímido. o Progesterona ▪ Tem papel ativo na liberação das gonadotrofinas pela hipófise previamente sensibilizada pela ação dos estrogênios. 6 ➢ Ovário o Em resposta aos comandos hipotálamo-hipofisários ▪ Produz os esteroides sexuais • Estrogênios e a progesterona. o Esteroides sexuais ▪ São produzidos por meio da molécula de colesterol • Obtida na dieta ou pela molécula endógena produzida principalmente no fígado. ▪ O colesterol circulante é captado no órgão onde a esteroidogênese ocorrerá. • Gônadas, adrenal, fígado, tecido adiposo, entre outros. ▪ Inicialmente será convertido em progesterona ▪ Cascata de esteroidogênese envolve inúmeras enzimas • Simplificadamente, caracteriza-se pela perda de carbonos agregados de anel o Ciclopentanoperidrofenantreno ▪ Leva o colesterol à conversão a progesterona – com 21 carbonos a androgênio – com 19 carbonos e por fim estrogênio – cm 18 carbonos. ➢ Fisiologia da Puberdade o Eixo – H-H-O – Hipotálamo – Hipófise – Ovário. ▪ Vai depender diretamente da integridade desse eixo junto aos mecanismos de feedback. o Principal evento neuroendócrino da puberdade ▪ Secreção de GnRH no hipotálamo por neurônios específicos. ▪ Dá-se origem à cascata de eventos hormonais que levam a ativação gonodal e as alterações físicas da puberdade. 1. Hipotálamo o Produz o Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) ▪ É um decapeptídeo de secreção pulsátil ▪ Tem meia vida de 2 a 4 minutos. o Tem secreção influenciada por: ▪ Centros corticais. ▪ Sistema Límbico. 7 ▪ Neurotransmissores. ▪ Esteroides sexuais. 2. Hipófise o Estimulada pela secreção pulsátil do GnRH hipotalâmico, produz as gonadotrofinas: ▪ FSH: hormônio folículo estimulante. ▪ LH: hormônio luteinizante. o Agem sobre os ovários levando a maturação do epitélio germinativo e secreção dos esteróides sexuais. 3. Ovários o Estimulados pelas gonadotrofinas produzem esteroides sexuais. o Produzem ainda IGF-1, inibina, ativina e citoquininas. o Determinam o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. o Mecanismo de feedback ▪ Os hormônios ovarianso exercem ação sobre a secreção de gonadotrofinas. ▪ No hipotálamo modulam a secreção de GnRH. ▪ Na hipófise influenciam diretamente na secreção de FSH e LH. o Eixo H-H-O ▪ Compete desde a vida embrionária estando bem desenvolvido ao nascimento • Apresentando mecanismos de feedback positivo e negativo. ▪ A presença dos esteroides sexuais e das gonadotrofinas é fundamental na divisão celular e no desenvolvimento folicular no ovário fetal. ▪ Após o nascimento • Cessa os estímulos dos hormônios maternos sobre o eixo HHO neonata. • Isso leva a um aumento das gonadotrofinas, estímulo dos ovários e produção de estrogênios pelos ovários. • Isso prolonga até os 4 meses de vida. • Quando por feedback negativo ocorre declínio dos níveis de gonadotrofinas e dos esteroides sexuais ovarianos. o Esse quadro permanece inalterado até os 8 anos de vida. ▪ Primeira infância • O eixo HHO apresenta atividade diminuída. • Presença de gonadostato o Sistema regulador das gonadotrofinas o Extremamente sensível ao feedback negativo exercido pelo estrogênio, fazendo com que pequenas concentrações inibam sua secreção. ▪ Melatonina • Hormônio produzido pela glândula pineal • Pode estar associada ao fator de inibição central intrínseca de bloqueio do eixo. ▪ 7 anos de idade • Ativação do eixo HHO através de pulsos noturnos de GnRH • Liberação do gonadostato o Resultante da diminuição da inibição central intrínseca ao GnRH e da menor sensibilidade do feedback negativo dos esteroides sexuais. • Sob ação do GnRH inicia-se secreção de FSH e LH o Inicialmente os níveis são baixos associados a pulsos, inicialmente noturnos, durante o sono. ▪ FSH • A resposta é mais precoce que a do LH • É grande no início do processo da puberdade 8 • Declina no meio dele. • Sob a ação dos picos de FSH inicia-se a produção de estradiol pelos ovários. o A partir da presença de estradiol sérico começam a aparecer os caracteres sexuais secundários. ▪ LH • Tem a resposta pequena no início e aumenta acentuadamente depois, no evoluir da puberdade. • Inicialmente ocorrem picos noturnos, durante o sono, aumentam em amplitude e frequência. • No fim da puberdade os pulsos diurnos predominam sobre os noturnos. o Nesta época estabelece-se o padrão bifásico do feedback entre estrogênio e LH. ▪ Baixas concentrações: feedback negativo. ▪ Altas concentrações: feedback positivo, levando ao surgimento do pico de LH no meio do ciclo, favorecendo a ocorrência da ovulação, evento que determina o final do processo puberal. ADRENARCA ➢ É o período de transição entre a infância e a vida adulta. o Há início da secreção de GnRH. o Observa-se a zona reticular das suprarrenais que recebe o nome de adrenarca. o Observa-se crescimento dos pelos pubianos – pubarca e dos axilares – axilarca e a secreção das glândulas sebáceas. o A Adrenarca ocorre geralmente dois anos antes do estirão de crescimento e da elevação das gonadotrofinas e dos estrogênios. PUBARCA ➢ caracteriza-se externamente pelo aparecimento dos pelos pubianos, seguidos dos axilares. o O aumento da secreção das glândulas sebáceas confere à adolescente odor peculiar, além do surgimento da acne. o Parâmetros de acompanhamento clínico – Marshall e Tanner ▪ P1: ausência de pelos pubianos. ▪ P2: pelos finos e lisos na borda dos grandes lábios. ▪ P3: aumento na quantidade de pelos nos grandes lábios e na sínfise púbica, pelos mais escuros e crespos. ▪ P4: pelos escuros, crespos, grossos, nos grandes lábios, na sínfise púbica e períneo. ▪ P5: pelos terminais abundantes em sínfise, períneo e raiz das coxas. TELARCA ➢ desenvolvimento mamário, que se inicia com o aparecimento do broto mamário por volta de dois anos antes da menarca. o Eventualmente pode ser precedida pela pubarca. o Marshal e Tanner: ▪ M1: ausência de desenvolvimento mamário, estágio infantil. ▪ M2: aparecimento do broto mamário. ▪ M3: crescimento de mama e aréola, sem separação de contornos. ▪ M4: projeção da papila e aréola acima do contorno da mama. ▪ M5: projeção apenas da papila e retorno da aréola ao contorno da mama. 9 MENARCA ➢ Fenômeno mais marcante da puberdade, e é erroneamente encarado como o final do desenvolvimento. o É influenciada por vários fatores, dentre os quais os que se relacionam à melhoria nas condições de vida e saúde. o No Brasil, como em diversos países, a menarca tem sido observada em torno dos 12 anos. o O tempo médio decorrido entre o aparecimento do broto mamário e a menarca é de dois a três anos. o Geralmente a menarca ocorre após o pico do crescimento ponderal, com idade óssea igual ou maior que 13 anos e com desenvolvimento mamário em estágio M4 e de pelos P4. o Após a menarca, os ciclos menstruais tendem a ser anovulatórios e, portanto, irregulares. o Com o passar do tempo ocorre a maturidade do eixo e instala-se o feedback bifásico entre o estradiol e o LH, sendo que em baixas doses ele é negativo e em altas doses é positivo, levando a pico de LH no meio do ciclo, o que detona a ovulação. ▪ A ciclicidade da ovulação leva à regularidade menstrual e marca o final da puberdade. Pode haver variações individuais quanto a sequência destes eventos.COMPORTAMENTOS DE RESPOSTA À PUBERDADE ➢ Mucchielli -1962 o Fase de intensa revolta na pubescência ▪ Surto de independência. ▪ Apresentará comportamentos agressivos, de irritabilidade e mau humor. o Passada essa fase, as reações psicológicas mais notórias são: ▪ Passividade passageira • Quando surgem sinais exteriores de maturidade sexual, ocorre um período de tranquilidade que pode durar alguns meses a 1 ano no máximo. ▪ Narcisismo • É a negação, até certo ponto da relação com os outros e com a realidade. • O adolescente adquire o aspecto “desligado” • Este período é importante para que o jovem reencontre sua consciência e identidade próprias. ▪ Caprichos • Neste período os caprichos assumem forma de súbitas alterações de conduta rebelde, como resíduo da pubescência. ▪ Preocupações pessoais • Podem ter como objeto a escola, as notas, as amizades ou outros fatores. • Essas preocupações geralmente são guardadas em segredo e só aparecerão em momentos de explosão. ▪ Sexualidade • Progride para o interesse heterossexual, ou seja, aparece o interesse positivo pelo sexo oposto, o que não quer dizer que o jovem esteja pronto para experiências sexuais propriamente ditas. • A masturbação é a forma mais frequente de expressão da sexualidade, sendo que na maioria das vezes ela é realizada escondido pois o auto erotismo costuma ser condenado. COMPREENDER OS ASPECTOS LEGAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS ENVOLVIDAS NO PLANEJAMENTO FAMILIAR 10 ➢ Constituição federal Art. 226, § 7o – determina, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, que o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Para a OMS, planejamento familiar/anticoncepção é a possibilidade do indivíduo ou casal de ter a oportunidade de escolha do número desejado de filhos, do momento que desejam tê-los e do espaçamento das gravidezes, utilizando para isso métodos contraceptivos (World Health Organization, 2012). E a garantia de acesso aos métodos anticoncepcionais preferenciais para mulheres e casais é essencial para garantir o bem- estar e a autonomia das mulheres, ao mesmo tempo em que apoia a saúde e o desenvolvimento das comunidades. Lei nº 9.263, de 12/01/1996 – Lei do Planejamento Familiar Art. 9 o – Define que, para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção. É importante lembrar que os direitos sexuais e reprodutivos da mulher também devem ser observados e respeitados no planejamento familiar como: Direito de decidir a quantidade de filhos e quando tê-los; Direito de desfrutar das relações sexuais sem temor de gravidez ou de contrair uma infecção transmitida pela relação sexual; Direito de gestar e ter o parto nas melhores condições; Direito de conhecer, gostar e cuidar do corpo e órgãos sexuais; Direito a uma relação sexual sem violência ou maus-tratos; Direito de informação por profissional de saúde e acesso aos métodos contraceptivos (Giribela e Steiner, 2016). Ela regulamenta a esterilização cirúrgica voluntária. No seu artigo 10, estabelece que somente é permitida a esterilização cirúrgica em: - Homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; - Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. 11 É sempre necessário o registro da manifestação da vontade em documento escrito e assinado pela paciente, no qual se encontram informações a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. E na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges. A lei também prescreve que a esterilização cirúrgica é proibida durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores, e que ela não deve ser feita por meio de histerectomia ou ooforectomia Em publicação médica recente, observamos a separação dos métodos contraceptivos em duas categorias: os modernos e os não modernos, e o emprego da definição de método contraceptivo moderno, que é: um produto ou procedimento médico que interfere na reprodução durante as relações sexuais (Giribela e Steiner, 2016). Os métodos modernos seriam: esterilização masculina e feminina, dispositivos intrauterinos (DIU), implantes subdérmicos, contraceptivos orais, preservativos masculinos e femininos, injetáveis, pílulas contraceptivas de emergência, adesivos, diafragma e capuz cervical, agentes espermaticidas, anel vaginal e esponja vaginal. Os não modernos seriam: abordagens de conscientização da fertilidade como tabelinha, muco cervical, temperatura basal, sintotérmico; coito interrompido; amenorreia lactacional e abstinência sexual (Hubacher e Trussell, 2015). 12 DISCUTIR MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS NÃO HORMONAIS ➢ Métodos comportamentais o Identificação do período fértil da mulher. ▪ Há abstenção da reação sexual ou prática de coito interrompido. ▪ O período fértil pode ser identificado por meio das seguintes coisas: • Observação da curva de temperatura corporal. • Características do muco cervical • Cálculos matemáticos baseados na duração, fisiologia do ciclo menstrual e meia vida útil dos gametas. ▪ Vantagens • Falta de efeitos adversos o Tanto medicamentoso quanto a religiosos ou socioculturais. ➢ Métodos de barreira o Impede a ascensão dos espermatozoides do trato genital inferior para a cavidade uterina por meio de ações mecânicas e/ou químicas. o São eles: 13 ▪ Preservativos – Masculino e feminino. ▪ Diafragma ▪ Espermicida ▪ Esponjas ▪ Capuz cervical o Mais utilizados são os preservativos masculinos e femininos ▪ Produzidos a partir de látex – borracha natural ou borracha sintética – “plástico”. ▪ Oferecem proteção contra ISTs incluindo HIV. o Diafragma ▪ Dispositivo vaginal ▪ Consiste em um capuz macio de borracha, côncavo, com borda flexível, que cobre parte da parede vaginal anterior e o colo uterino. Serve como uma barreira cervical à ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. o Espermicidas ▪ são substâncias introduzidas na vagina antes da penetração vaginal, funcionando como método de barreira química à ascensão do espermatozoide para a cavidade uterina o Esponjas ▪ Dispositivos pequenos, macios e circulares de poliuretano contendo espermicida (nonoxinol 9), colocados no fundo da vagina, recobrindo o colo uterino. Funciona como um método anticoncepcional de barreira cervical impedindo a ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. Antes da introdução vaginal, ela deve ser umedecia com água filtrada e espremida para distribuir o espermaticida. Permanece eficaz por 24 horas após a inserção, independentemente do número de coitos vaginais. Após a última ejaculação, ela deve permanecer por no mínimo 6 horas, não ultrapassando 24 a 30 horas. o Capuz cervical ▪ É um dispositivo menor que o diafragma, côncavos, que recobre e adere ao colo do útero, consistindo em um método de barreira cervical contra a ascensão do espermatozoide paraa cavidade uterina. É usado com espermicidas, funcionando como métodos anticoncepcionais de barreira cervical. Pode permanecer no canal 14 vaginal por mais tempo que o diafragma, até 48 ou 72 horas. É raro, mas pode levar a infecção e síndrome do choque tóxico. ➢ Métodos cirúrgicos o Os métodos anticoncepcionais cirúrgicos são classificados como definitivos e devem seguir a legislação brasileira, sempre pautados na ética e no bom senso médico. ▪ Laqueadura tubária cirúrgica • A laqueadura tubária é o método de esterilização definitiva mais utilizado no Brasil e no mundo (Stuart e Ramesh, 2017). • Há diversas técnicas para interromper a permeabilidade tubária e, assim, não permitir a passagem dos espermatozoides em encontro ao óvulo. • O acesso à tuba pode ser feito por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica ▪ Vasectomia • Consiste na secção e ligadura ou oclusão dos ductos deferentes. • A vasectomia pode ser realizada em ambiente ambulatorial com anestesia local. • Através de uma pequena incisão na bolsa escrotal, é individualizado o ducto deferente, seccionado e seus cotos ligados e cauterizados e/ou interpostos pela fáscia. • A incisão pode ser feita com um bisturi ou diretamente com uma pinça de dissecção através da pele ➢ Dispositivos intrauterinos o Os DIUs também constituem métodos contraceptivos de longa ação. ▪ Constituem o método mais comum de contracepção reversível utilizado no mundo, sendo válido ressaltar que essa estatística é reforçada pela alta prevalência chinesa (60% das usuárias) (D) (Buhling et al., 2014). ▪ Dois dispositivos comumente usados no Brasil incluem: • DIU-Cu T380A e DIU-LNG 20 mcg. ▪ Ambos se apresentam com poucas contraindicações, são bem tolerados, custo- efetivos, possuem baixa taxa de descontinuidade e fácil uso e podem ser utilizados após o parto. COMPREENDER A FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO ➢ Desenvolvimento das mamas. o Começam a desenvolver na puberdade. o É estimulado pelos estrogênios. ▪ Estimulam o crescimento da parte glandular das mamas. ▪ E também do depósito de gordura que dá massa às mamas. o Ocorre crescimento bem mais intenso durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez ▪ Só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para produção de leite. 15 ➢ Os Estrogênios Estimulam o Crescimento do Sistema de Ductos das Mamas. o O sistema de ductos cresce e se ramifica. o Simultaneamente, o estroma das mamas aumenta em quantidade e grande quantidade de gordura é depositada no estroma. o Durante a gravidez a placenta aumenta a secreção de estrogênio. o 4 outros hormônios importantes para o crescimento do sistema de ductos: ▪ Hormônio do crescimento. ▪ Prolactina. ▪ Glicocorticoides adrenais. ▪ Insulina. ➢ A Progesterona É Necessária para o Desenvolvimento Total do Sistema Lóbulo-Alveolar. o O desenvolvimento final das mamas em um órgão secretor de leite requer progesterona. o Ela causa: ▪ Crescimento adicional dos lóbulos mamários ▪ Multiplicação dos alvéolos ▪ Desenvolvimento de características secretoras nas células dos alvéolos. 16 o Essas mudanças são análogas aos efeitos secretores da progesterona no endométrio uterino na última metade do ciclo menstrual feminino. ➢ Estrogênio e Progesterona o São importantes no desenvolvimento do aparelho mamário durante a gravidez, entretanto, possuem um efeito especial: ▪ Inibem a verdadeira secreção de leite. ➢ Prolactina. o Promove a secreção do leite. o É secretada pela hipófise anterior. o A [ ] no sangue aumenta uniformemente a partir da 5ª semana de gestação até o nascimento da criança. ▪ Nascimento: Aumentou de 10 a 20 vezes o normal – Não grávido. o Placenta ▪ Secreta: somatomamotropina coriônica humana • Prováveis propriedades lactogênicas ➢ Colostro o Líquido secretado nos últimos dias antes do parto. o E nos primeiros dias após o parto. ▪ Contém essencialmente: • Mesmas concentrações de ptns e lactose do leite • Quase nenhuma gordura o Taxa máxima de produção: ▪ 1/100 da taxa subsequente de produção de leite. ➢ Após o nascimento do bebê o Mãe ▪ Perda súbita de estrogênio e progesterona. ▪ Isso permite melhor efeito lactogênico da prolactina. • 1 a 7 dias as mamas começam a secretar leite em abundância, ao invés de colostro. ▪ Sobre o leite • Requer um suporte adequado da secreção de outros hormônios para manter sua constância. • São os hormônios: o hormônio do crescimento o cortisol o paratormônio o insulina. • Fornecer aminoácidos, ac. Graxos, glicose e cálcio. ▪ Após o nascimento do bebê os níveis basais de prolactina tendem a voltar ao valor normal, entretanto, a neuro estimulação dos mamilos faz com que hajam picos de secreção de prolactina. ▪ Pico ausente de prolactina, bloqueado, falta de amamentação. • As mamas perdem a capacidade de produzir leite em mais ou menos uma semana. • A produção de leite pode se manter por vários anos caso a criança mame. o Entretanto, a formação de leite diminuirá significativamente após 7 a 9 meses 17 ➢ O Hipotálamo Secreta o Hormônio Inibidor da Prolactina. o Hipotálamo ▪ Papel essencial no controle da secreção de prolactina e de todos os outros hormônios hipofisários. o Possui um controle diferente em um aspecto ▪ Estimula todos os outros hormônios. ▪ Inibe a produção de prolactina. • Catecolamina dopamina o Secretada pelos núcleos arqueados do hipotálamo. o Pode diminuir a secreção de prolactina em até 10 vezes. ▪ Comprometimento do hipotálamo ou bloqueio do sistema portal hipotalâmico-hipofisário • Geralmente aumenta a secreção de prolactina. • Deprime a secreção de outros hormônios hipofisários anteriores. ▪ Controle da Prolactina • Totalmente ou quase totalmente por fator inibidor formado no hipotálamo. • Transportado pelo sistema portal hipotalâmico-hipofisário a hipófise anterior o Catecolamina dopamina. ➢ O processo de ejeção (ou “descida”) na secreção de leite – A função da ocitocina. o Ocitocina ▪ O leite é secretado continuamente nos alvéolos das mamas. ▪ Não flui facilmente dos alvéolos para o sistema de ductos • Por isso não vaza continuamente pelos mamilos. ▪ A Ejeção do leite é causada por um estímulo neurogênico e hormonal combinados. • Envolve o hormônio hipofisário posterior o Ocitocina. ▪ Quando bebê suga, de imediato, não vem leite, leva de 30 segundos a 1 minuto para que ocorra a ejeção. • É preciso que impulsos sensoriais sejam transmitidos através dos nervos somáticos dos mamilos para a medula espinhal. 18 • Então para o Hipotálamo, onde irá desencadear sinais neurais que vão promover a secreção de ocitocina ao mesmo tempo em que causa secreção de prolactina. • A ocitocina irá ser transportada através da corrente sanguínea para as mamas, fazendo com que as células mioepiteliais (que circundam as paredes externas nos alvéolos) se contraiam. • Transportando o leite dos alvéolos para os ductos, sob uma pressão de +10 a 20 mmHg. ▪ Quando a mãe ouve choro ou pensa no bebê, pode ser que provoque um sinal emocional forte o suficiente para promover a produção de ocitocina. ➢ Inibição da Ejeção de Leite o Fatores psicogênicos. o Estimulação do Sistema Nervoso Simpático em todo o corpo. ▪ Tudo isso atrapalha a produção de ocitocina. ➢ A composição do leite e a depleção metabólica na mãe causada pela lactação o [ ] de Lactose do Leite humano é 50% maior que do leite da Vaca. o [ ] de ptn do leite de vaca é, em geral, duas a três vezes maior que no leite materno. o Auge da Lactação da mulher ▪ 1,5 L de leite por dia • Pode aumentar se forem gêmeos ▪ Gastam-se 650 a 750kcal por Litro de leite. ▪ O Teor calórico do leite dependerá da dieta da mãe e de outros fatores como a dimensão dos seios. o Grande quantidade de Substrato é perdido pela mãe ▪ 50g de gordura todosos dias ▪ 100g de lactose • Deriva da conversão da glicose materna. ▪ 2 a 3 gramas de fosfato de cálcio podem ser perdidos por dia o Para suprir as necessidades de cálcio e fosfato, as glândulas paratireoides aumentam bastante, e os ossos são progressivamente descalcificados. ➢ Anticorpos e Outros Agentes Anti-infecciosos no Leite. o Proporciona proteção importante contra infecções. o Anticorpos e outros agentes anti-infecciosos são secretados no leite em conjunto aos outros nutrientes. o Leucócitos são secretados, incluindo neutrófilos e macrófagos. o Escherichia Coli ▪ Causa diarreia letal em recém nascidos ▪ O leite materno possui importantes anticorpos contra essa bactéria.
Compartilhar