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AULA 2 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO Profª Fernanda Alves Chaves 02 CONVERSA INICIAL Como vimos na aula anterior, fomos criados para viver em grupos e nos fortalecer por meio deles, ou seja, é intrínseco à natureza humana esse tipo de formação e nosso papel nas organizações é potencializar ao máximo essa natureza, direcionando objetivos pessoais às forças grupais e, por fim, utilizando essa poderosa dinâmica de maneira ética e profissional ao favorecimento da obtenção de objetivos organizacionais. Equipes de alto desempenho podem ser formadas, mas esse trabalho é árduo. Inicia-se buscando e encontrando pessoas que tenham as características pessoais e profissionais necessárias para compor uma equipe e, só então, reunir estas com mais outras pessoas que possuam características compatíveis aliadas às competências técnicas complementares. Então, auxiliam-se essas pessoas a formarem vínculos fortes de convívio e empatia através da criação de propósitos e objetivos claros e que sejam comuns a todos. Só então estas pessoas cuidadosamente selecionadas, através de desafios calculados, passam pelos estágios de formação de equipes sob supervisão do seu líder e, se tudo for bem, teremos uma equipe de alta performance. É um longo e desafiante caminho a ser seguido. Nesta segunda aula – Formando equipes de alto desempenho – você terá a oportunidade de se aprofundar nos temas a seguir: Tema 1 - Características dos membros de equipes de alto desempenho Tema 2 - Recrutando e selecionando Tema 3 - Papéis dos membros de equipe Tema 4 - Transformando grupo em equipe Tema 5 - Treinando o trabalho em equipe CONTEXTUALIZANDO Treinadores de times esportivos são excelentes exemplos de como o empenho dedicado à formação de uma equipe de alto desempenho pode trazer resultados compensadores e satisfatórios. Comumente as equipes começam a ser formadas muito tempo antes de realmente estarem aptas aos desafios de, por exemplo, uma olimpíada. Eles vão, ao longo do tempo, adaptando as pessoas com relação aos seus objetivos, competências técnicas, mas, principalmente, comportamentos com relação a si 03 próprios e aos outros. Não raro um treinador opta por usar um jogador em vez de outro, não por incapacidade técnica, mas, sim, por suas atitudes. O grande desafio é sempre encontrar o equilíbrio correto entre permitir que cada um dos membros mostre seus talentos individuais e, ao mesmo tempo, conter ressentimentos, conflitos de personalidade e egos inflados. No cenário empresarial, não é muito diferente: o maior desafio é sempre formar uma equipe, já que, de maneira geral, embora já se reconheça o valor das equipes em ambientes organizacionais, culturalmente as empresas fazem suas estratégias pensando em pessoas. TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS MEMBROS DE EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO À medida que as empresas se estruturam para competir de maneira eficaz no mercado, elas também têm se voltado para formar equipes que possam auxiliá-las nessa busca por êxitos numa determinada competição. Ao longo do tempo, tem se percebido que, em vez de investir em grandes áreas e departamentos, o investimento em equipes tem trazido resultados melhores pela flexibilidade e facilidade destas em se desdobrarem, refocarem ou até de se dissolverem. Existe uma grande importância em escolher pessoas certas para uma equipe. Os membros de uma equipe precisam ser escolhidos com base em um conjunto de habilidades e motivação. Segundo Dyer, Dyer e Dyer Jr. (2011), as equipes de alto desempenho precisam ser compostas por pessoas que apresentem as seguintes características: Conhecimento, experiência ou habilidades técnicas relacionadas ao trabalho da equipe Boas habilidades interpessoais e de comunicação Alto nível de motivação para participar de um esforço coletivo Boas habilidades de gerenciamento de conflitos Capacidade de se adaptar a novas situações Confiabilidade e capacidade de tomar a iniciativa para ajudar a equipe a atingir suas metas De maneira geral, membros de equipes de alto desempenho tem habilidades muito bem desenvolvidas, são elas: Habilidades técnicas – Os membros das equipes precisam ter os conhecimentos e as habilidades necessárias para desempenhar tecnicamente e de forma autônoma, as tarefas sob sua responsabilidade. 04 Equipes que já têm algum tempo de trabalho geralmente possuem a maior parte desses conhecimentos e habilidades. Os domínios de ferramentas necessárias ao desempenho de suas atividades técnicas também fazem parte desta habilidade Habilidades interpessoais – As duas mais importantes para as equipes desenvolverem são as habilidades de comunicação e as de solução de conflitos. “As equipes possuem indivíduos com diferentes conhecimentos, formas diversas de interpretar os fatos, diferentes percepções do mundo e muitas vezes utilizam meios inteiramente pessoais para discutir os problemas, o que por vezes causam mal-entendidos e conflitos interpessoais” (Buzetto, 2017). Habilidades administrativas As equipes de alto desempenho devem assumir a maioria das tarefas que antes cabiam aos seus líderes, como: realizar e participar de reuniões, avaliar informalmente o desempenho de colegas, dividir tarefas, negociar recursos, elaborar e analisar relatórios, planejar e programar o trabalho, definir cronogramas, medir desempenho e estabelecer metas, lidar com a documentação, dentre outros. (Buzetto, 2017) Eles devem estar aptos a bem performar caso sejam chamados. Habilidades decisórias e de solução de problemas As equipes de alto desempenho precisam tomar decisões a respeito dos problemas e contingências que, naturalmente, acontecem no seu cotidiano. O líder precisará preparar sua equipe para a solução sistemática de problemas envolvendo diversas etapas, como por exemplo: priorizar problemas; coletar dados; analisar dados; gerar soluções alternativas; avaliar soluções e selecionar solução a ser implementada; planejar e implementar as soluções e avaliar os resultados. (Buzetto, 2017) Captar pessoas qualificadas e motivadas não é a garantia de que teremos uma equipe de alto desempenho, seja pela dinâmica grupal sinérgica que precisa existir, seja pela expectativa dessas pessoas de que, através da aplicabilidade de suas competências, habilidades e atitudes, obtenham como membros de equipes de alto desempenho: resultados financeiros compatíveis; custos compatíveis com qualidade; nível de qualidade honesto: cliente e empresa; reconhecimento e satisfação para a equipe; aprendizagem e crescimento pessoal – desafio e sentido do trabalho; integrar as pessoas e elevar a confiança; fortalecer o grupo e a organização; 05 atingimento de resultados. Equipes de alto desempenho são investimentos de longo prazo e demandam ações assertivas. TEMA 2 – RECRUTANDO E SELECIONANDO Fazer o processo seletivo de uma equipe de alto desempenho segue algumas premissas muito parecidas ao recrutamento e seleção de um colaborador comum em uma organização. Talvez, o que mude seja a forma de atração desse profissional à oportunidade e também os requisitos pessoais e relacionais exigidos. É preciso ter cuidado e responsabilidade na captação de membros para uma equipe de alto desempenho, seja pela exposição da empresa no mercado, seja pelas expectativas criadas, mexendo com sonhos e projetos de bons profissionais. Podemos iniciar atraindo pessoas que têm objetivos pessoais em conformidade com os objetivos organizacionais. Seguem alguns exemplos. Quadro 1 – Objetivos organizacionais e individuais Objetivos ORGANIZACIONAIS Sobrevivência Crescimento sustentado Lucratividade Produtividade Qualidade nos produtos Qualidade nos serviços Redução de custos Participação no mercado Novos mercados Novos clientes Competitividade Imagem no mercado Objetivos INDIVIDUAIS Melhores saláriosMelhores benefícios Estabilidade no emprego Segurança no trabalho Qualidade de vida no trabalho Satisfação no trabalho Consideração e respeito Oportunidades de crescimento Liberdade para trabalhar Liderança liberal Orgulho da organização Embora pareça ser uma tarefa difícil quando listamos exemplos, fica mais fácil quando projetados de maneira macro os objetivos pessoas nos organizacionais, mesmo porque os pessoais costumam ser mais facilmente 06 alcançáveis. Membros de equipes de alto desempenho esperam que algumas necessidades suas sejam supridas, como: • estrutura organizacional horizontalizada; • foco no cliente; • acesso a informações; • apoio à inovação; • ênfase no aprendizado; • flexibilidade; • remuneração por resultados; • trabalho em equipe. Estas devem ser ofertadas e mantidas pela organização. A maneira mais fácil de atrair uma pessoa é através do recrutamento que nada mais são do que técnicas e procedimentos utilizados para divulgar oportunidades e atrair candidatos potencialmente qualificados a ocupar um cargo. Ou seja, é possível, sim, recrutar membros de uma equipe do mercado externo. São necessárias certezas acerca de questões bastante estruturais de um cargo antes de nos lançarmos para algo mais subjetivo como a capacidade de tomada de decisões de uma pessoa. Abaixo seguem itens que precisam ser considerados no recrutamento de uma pessoa que comporá uma equipe de alto desempenho. Em maior ou menor grau, todos estes itens têm importância: nome do cargo; principais atividades a serem desenvolvidas; hierarquia (ascendente e descente); características pessoais básicas (de vida, familiares etc.); características pessoais básicas (ética, moral, personalidade etc.); características (técnicas e comportamentais) do líder; características (técnicas e comportamentais) da equipe; área, departamento, local de trabalho, horário; escolaridade e conhecimentos técnicos específicos; experiência profissional, desafios assumidos e conquistados; remuneração em geral (salário, benefícios, comissões, prêmios etc.); outras informações a respeito da vaga (necessidade de viagem etc.). 07 Depois de atrairmos interessados, começa a seleção, que é um processo sistematizado de classificação e escolha entre candidatos recrutados. A seleção visa prever qual tem as características ideais para preencher a vaga e ser contratado. São diversas as técnicas utilizadas para seleção de pessoas e abaixo as descrevemos. Entrevista de seleção – Intercâmbio recíproco de informações entre candidato e empresa. Objetiva obter informações sobre as atitudes, modos de pensar e capacidades da pessoa. Provas de conhecimentos geral ou específico – Provas de conhecimento, utilizando questões objetivas para verificação de conhecimentos. Ex.: línguas, conhecimentos gerais, matemática, etc... Testes psicométricos – Medem conhecimento ou aptidão e são aplicados para identificar habilidades. Ex.: fluência verbal, memória, capacidade numérica, inteligência, etc. Testes de personalidade – Testes projetivos da personalidade e sinalizam tendências de caráter e temperamento. Ex.: Warttegg, Quati, HTP, Grafologia, etc. Testes de simulação – Colocam o candidato em situações similares à que encontrará no dia a dia para verificar reações como conflitos, tomada de decisões, problemas. Podem ser escritos, orais, etc. Dinâmica de grupo – Jogos ou exercícios grupais lúdicos que visam observar comportamentos do candidato frente a várias situações. Ao selecionar um membro de equipe, existem perguntas que o responsável precisa se fazer: Qual é a medida do amor, da paixão que essa pessoa tem por esse tipo de trabalho? Até que ponto essa pessoa está disposta a se comprometer? Algumas pessoas já possuem habilidades interpessoais que lhes permitem ser membros de equipes de alto desempenho. Quando fazemos processos seletivos, além de contratar pessoas com habilidades técnicas muito bem desenvolvidas, devemos tomar cuidado redobrado para assegurar que os candidatos possam preencher, com maestria, seus papéis na equipe. 08 TEMA 3 – PAPÉIS DOS MEMBROS DE EQUIPE As equipes, indiscutivelmente, oferecem muitas vantagens para as empresas, porém o fato de as pessoas estarem trabalhando juntas não necessariamente garante eficácia de atividades e de relacionamentos. Uma equipe se caracteriza pela reunião das pessoas, no entanto o fato de essas pessoas estarem reunidas na mesma empresa, mesmo ambiente, trabalhando com coisas semelhantes ou até iguais, não garante que elas performem seus papéis, o que é tão importante para a sustentação da equipe. Muitas vezes não há integração nem conhecimento dos objetivos que lhes são comuns. São identificáveis nove possíveis papéis em uma equipe de alto desempenho bem-sucedida. Cada membro assume um ou mais papéis e, assim, a dinâmica grupal ganha velocidade e qualidade. Segundo Margerison e McCann (1990), estes papéis são os seguintes: Conector - coordena e integra Criador - dá início a ideias criativas Promotor - defende ideias depois de elas serem implementadas Assessor - oferece análise perceptiva das opções Organizador - dá estrutura Produtor - dá direção e acompanhamento total Controlador - examina detalhes e reforça regras Mantenedor - luta em batalhas externas Conselheiro - estimula a busca por mais informações 09 Figura 1 – Papéis em uma equipe de alto desempenho Fonte: Chiavenato, 2010. Além dos papéis técnicos e profissionais que os membros ocupam em uma equipe de alto desempenho, eles também podem desempenhar papéis sociais. O processo de interação humana demanda que essas pessoas se comportem influenciadas pela dinâmica do grupo, pela personalidade individual, pelo espaço temporal e pelo cenário que se configura a interação. Nas atividades grupais, os membros estão em constante movimento, favorecendo a criação e o desempenho de papéis e, assim, individualizando e permitindo a pessoa se expressar da maneira que mais seja adequada para ela. O papel chega a ser uma forma de se expressar que não é estática, ou seja, hoje a pessoa pode desempenhar um papel e semanas depois pode performar outro. Zimerman (2007) descreveu os papéis mais comumente performados em grupos. São eles: Bode expiatório – “toda a ‘maldade’ do grupo fica depositada na pessoa que servirá como depositário, até ser expulso” (Zimerman, 2007). Porta-voz – demonstra aquilo que o grupo pode estar pensando ou sentindo. 010 Radar – antes que os demais percebam, capta os primeiros sinais de sentimentos no grupo. Instigador – provoca uma perturbação no campo grupal, através de jogo de intrigas. Atuador – membro que executa aquilo que lhe é proibido (infidelidade, hábitos extravagantes, sedução, etc.). Sabotador – procura obstaculizar a tarefa grupal. Pessoa invejosa ou que tem defesas narcisistas. Vestal – assume o papel de zelar pela manutenção da “moral e dos bons costumes”. Líder – surge designado ao grupo ou surge espontaneamente entre os membros. TEMA 4 – TRANSFORMANDO GRUPO EM EQUIPE Grandes avanços estão sendo feitos no que tange ao trabalho em equipe pois, ao longo dos anos, em virtude dos diversos cenários mundiais por que passamos (guerras, crises, mudanças tecnológicas, mudanças econômicas, disrupção organizacional etc.) pessoas diferentes, muitas sem preparo algum, precisaram vencer para sobreviver em grupo. De qualquer maneira, as pessoas foram se fortalecendo em equipes que fizeram a diferença. Para as pessoas deixarem de ser participantes de um grupo e se engajarem como membros de uma equipe são necessárias etapas de transformação. Blanchard, Carew, Carew (2011) nos trazem 5 fases de criação de uma equipe e explicam cada uma delas: Figura 2 – Fases de criação de uma equipe 011 Fonte: Blanchard; Carew; Carew, 2011. Fase 1 – Formação- Predomina a ansiedade das pessoas, que terão muitas perguntas. Fase de exploração, em que todos estão se avaliando e a insegurança predomina. A produtividade é baixa e não se pode esperar que as pessoas realizem muito. O foco é montar a equipe, estabelecer objetivos, papéis e regras, fazer o time interagir e fazer as pessoas se engajarem. Fase 2 – Conflito (Tempestade) – A percepção dos membros costuma ser de que o trabalho e as pessoas são mais complicados e difíceis do que se imaginou. É comum a procura de culpados e de um comportamento defensivo. A grande maioria dos conflitos ocorre por desentendimentos pessoais ou por busca de maior espaço ou domínio. Começam a se formar subgrupos. A equipe começa a definir sua “missão”, metas e papéis; os membros começam a definir a sua forma única de trabalhar em conjunto Fase 3 – Normatização – A equipe começa a desenvolver suas regras próprias para realizar o trabalho em conjunto e as pessoas param de querer se evidenciar individualmente dando mais espaço ao grupo. Fica mais evidente o espírito de cooperação ao invés de competição. Existe um ambiente de confiança e compromisso, pois a produtividade começa a aparecer, favorecendo a coesão. A preocupação nessa fase é manter a visão crítica da equipe e não entrar na zona de conforto. Fase 4 – Desempenho (Produção) – O grupo se torna uma equipe efetivamente, deixando bem clara a sinergia dos membros. Ganha-se confiança e chega-se ao consenso sobre o que a equipe é e o que objetiva. Desenvolvem-se procedimentos estruturados para comunicação, resolução de conflitos, alocação de recursos e relacionamento organizacional. Os conflitos são canalizados construtivamente para a descoberta de soluções para os problemas e a equipe começa a ter 012 orgulho por suas conquistas. As preocupações desse estágio são: evoluir a relação intergrupos (clientes, fornecedores etc.), evitar uma relação de competitividade com os stakeholders, promover a melhoria nos processos e evitar acomodações ou comodismo. Fase 5 – Desintegração - Ocorre apenas para equipes temporárias, ou seja, que foram criadas especificamente para determinados projetos. O objetivo nesse estágio é estabelecer um processo de transição e tranquilizar a equipe quanto ao futuro. Já em equipes permanentes, o foco é procurar sobreviver e se fortalecer a partir de processos de renovação. Os membros das equipes de alto desempenho passam por várias etapas de um processo de transformação até alcançar um estágio considerado maduro. Scharf, no artigo “Transformando grupos em equipes de alta performance”, afirma que, para transformarmos grupos em equipes de alto desempenho, é necessário entender e desenvolver esses membros em três dimensões humanas distintas: Dimensão interna – É aquela que demanda o autoconhecimento e como isso impacta nos resultados. É preciso saber algo para depois saber fazer e então escolher as formas de agir. O CHA (conhecimento, habilidade e atitude) não pode ser utilizado parcialmente, pois assim não tem o efeito necessário. Não adianta termos o conhecimento e a habilidade se, ao tomarmos atitudes, isso não corrobora o saber e o saber fazer. Para que o membro da equipe não caia na armadilha de tomar atitudes erradas, podemos utilizar ferramentas de perfil comportamental que auxiliam no processo de autoconhecimento. Exemplo: Teste de perfil comportamental DISC. Dimensão externa – As pessoas são muito diferentes, seja no seu caráter, personalidade, modelo mental, etc. Cada um de nós tem sensações que levam a percepções e se traduzem em modelos mentais diferentes. O processo de entender as diferenças, respeitá-las e saber conviver com elas (não necessariamente concordar com elas) faz com que o ser humano se aproxime do outro e, consequentemente, os relacionamentos e vínculos se fortalecem. É preciso que o membro de equipe de alto desempenho esteja aberto e apto a se comunicar para entender as pessoas e se policiar na interpretação do próximo. 013 Dimensão sistêmica – A dimensão sistêmica pode dizer respeito à área na empresa, a uma região, a uma unidade da empresa, etc. Desenvolver a dimensão sistêmica de um membro de equipe é auxiliá-lo no entendimento do todo em que ele está envolvido e da significância do seu papel dentro da equipe e da significância e impacto do trabalho da equipe no contexto em que ele está inserido. Este olhar sistêmico permite que o membro obtenha clareza do valor estratégico seu e de suas ações. TEMA 5 – TREINANDO TRABALHO EM EQUIPE De uma forma otimista, uma grande parte das pessoas criadas para dar importância e contribuir apenas de maneira individual nas organizações tem percebido que o trabalho em equipe pode trazer grandes resultados profissionais e satisfação pessoal e, por conta disso, têm se empenhado no desenvolvimento dessa habilidade. A construção da habilidade de trabalho em equipe é difícil de ser desenvolvida, porque, de maneira geral, fomos socializados a fazer contribuições individuais e sermos recompensados unicamente por isso. Quando nos deparamos com esse tipo de pessoa e temos a certeza de que ela se desenvolverá, podemos treiná-la para mudar seu modelo de contribuição e se tornar um membro de equipe. Ivancevich (1995, p. 423) afirma que Treinamento é o processo sistemático de alterar o comportamento dos empregados na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento está relacionado com as atuais habilidades e capacidades exigidas pelo cargo. Sua orientação é ajudar os empregados a utilizar suas principais habilidades e capacidades para serem bem-sucedidos. Existem, basicamente, quatro tipos de mudanças de comportamento que podem acontecer através de treinamento. 014 Especialistas da área de treinamento conduzem exercícios que permitem aos colaboradores experimentar a satisfação do trabalho em equipe. Essas pessoas costumam ser conduzidas a aprender ou melhorar suas habilidades de solução de problemas, comunicação, negociação, administração de conflitos, etc. Também podem ser utilizados treinamentos que enfoquem as várias fases que uma equipe tem em sua formação, quando da transição de grupos para equipes. Podem ser atingidos resultados empolgantes quando utilizamos uma equipe de especialistas em treinamento comportamental (interna ou externa) a fim de trabalhar de maneira prática os exercícios diários de um membro de equipe como a colaboração e a paciência. Entre esses resultados podemos citar: • Aumento na produtividade • Melhora na qualidade • Melhora na qualidade de vida profissional dos funcionários • Redução no nível de rotatividade de pessoal e absenteísmo • Redução no nível de conflito • Aumento na inovação • Aumento na flexibilidade 015 • Obtenção de economia de custos O treinamento deixou, há muito, de ser uma opção de luxo de empresas abastadas e passou a ser uma necessidade de sobrevivência dos colaboradores a fim de que estejam qualificados corretamente para as adversidades internas e do mercado. O treinamento, tanto técnico quanto comportamental, não é apenas um benefício dado ao funcionário para que este se qualifique e cresça pessoal e profissionalmente. O treinamento é também um investimento para que a empresa não caia no ostracismo em virtude da obsolescência dos seus colaboradores. Segundo Chiavenato (1999), Capacitar um profissional é tornar habilitado para o desenvolvimento de uma função, é qualificar a pessoa para determinado trabalho, visando através da formação básica e profissional, a construção de competências e habilidades para que as pessoas possam compreender e agir sobre sua própria realidade, transformando-a, adaptando-se assim para o mercado competitivo, uma vez qual a pessoa deverá estar pronta, com hábitos e atitudes condizentes às exigências desse mercado. FINALIZANDO Com planejamento e uma boa dose de sorte, leva-se algum tempo até conseguirmos chamarum apanhado de pessoas bem-intencionadas e transformá-las em uma equipe de alto desempenho. É preciso definir qual é o objetivo de uma equipe de alto desempenho antes de querer formar uma, somente assim teremos a possibilidade de traçar as competências, habilidades e atitudes que são importantes para atingir as metas. Na maior parte das vezes, quando queremos captar pessoas para fazer parte das equipes, nós nos concentramos em fazer processos seletivos que enalteçam as capacidades técnicas dos currículos e os diplomas em seus currículos, pois essas habilidades são infinitamente mais fáceis de detectar e testar. Os papéis, tanto técnicos quanto os de personalidade, também devem estar alinhados com os propósitos das equipes, pois através deles será mais fácil detectar e auxiliar os grupos a passarem pelas mais diversas fases até se tornarem membros efetivos de equipes. Por vezes esquecemos que o que transforma um grupo em uma equipe são as habilidades comportamentais, os comportamentos entre os membros de grupo que fazem deles membros coesos e sinérgicos, por isso o treinamento, 016 tanto técnico quanto comportamental, se faz necessário para desenvolver as pessoas e mantê-las em alta performance. Na próxima aula nos ateremos a estrutura das equipes de alto desempenho. 017 REFERÊNCIAS BLANCHARD, K; CAREW, D; CAREW, E. P. O gerente minuto desenvolve equipes de alto desempenho. 9. ed. Rio de Janeiro: 2011. BRUCE, A. Como motivar sua equipe. Rio de janeiro: Sextante, 2006. BUZETTO, C. O líder coach e a formação de equipes de alto desempenho. Administradores.com., 22 jan. 2017. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-lider-coach-e-a- formacao-de-equipes-de-alto-desempenho/101915/>. Acesso em: 9 nov. 2017. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. _____. Introdução à teoria geral de administração. 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MCCANN – Team Management: Pratical - New Approaches. Londres: Mercury Books, 1990. MOSCOVICI, F. Equipes dão certo. Rio de Janeiro: Edit. José Olympio, 1994. RIZZI, M., SITA, M. Ser mais com equipes de alto desempenho: como recrutar, selecionar, treinar, motivar e dirigir equipes para superar metas. São Paulo: Ser Mais, 2012 ROGERS, C. R. Grupos de encontro. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2002. 018 TUCKMAN, B. W. Developmental sequence in small groups. Psychological bulletin, v. 63, n. 6, p. 384, 1965. ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. ZIMERMAN D. E., OSÓRIO, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
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