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PROVA DE REDAÇÃO 1 Numa prova de REDAÇÃO, o primeiro desafio que se apresenta ao candidato é anterior ao ato de produzir o texto, e pode, inclusive, transformar-se em uma armadilha perigosa para os desatentos: entender, pelo comando, que tipo de texto se deve produzir, a forma adequada de estruturá-lo e, ainda, que rumo dar à sua abordagem. Ou seja, decifrar o comando! A primeira batalha é identificar qual a proposta de redação e, consequentemente, o que o examinador espera encontrar no texto em questão. Afinal, nos editais mais recentes, há uma grande diversidade de tipologias a serem cobradas, inclusive a inédita “Injunção” (propagada no edital da Caixa Econômica Federal). E mais, nem sempre essas tipologias são divulgadas com clareza nos editais. No caso da Fundação Carlos Chagas, são cobrados temas de abordagem mais filosófica, que devem ser tratados sob a forma de uma “Dissertação argumentativa”, a qual exige uma estrutura mais formal: introdução, desenvolvimento e breve conclusão. Poucas são as provas desta banca em que se solicitam temas mais específicos, a não ser que se trate de Redação Oficial. Já, o CESPE/UnB e a maioria das bancas examinadoras têm cobrado a “Dissertação de caráter expositivo”, por meio da abordagem de dois ou três aspectos sobre tema específico do concurso (constante no edital). Esse tipo de proposta exige uma atenção redobrada, porque, além de decifrar o assunto a ser explanado em cada um dos aspectos, o candidato precisa decidir em que parágrafos estes assuntos deverão ser situados. Na maioria das vezes, o 1º aspecto proposto pode vir já na introdução e o 3º na conclusão do texto. Já, em outros casos, os aspectos podem ser abordados (todos) no desenvolvimento, cabendo fazer uma introdução sobre o tema. OBS.: Neste caso, jamais se faz uma conclusão. Esta se configura pela abordagem do último aspecto proposto. Outro ponto importante a se considerar, nos comandos das redações, é a solicitação de que todos os aspectos relacionados sejam, necessariamente, abordados pelo candidato. Neste caso, é forçoso desenvolvê-los na sequência proposta e de modo claro, sem reprodução literal nem paráfrase. Ali, o que avalia é a noção que o candidato tem do assunto apresentado e não a sua “capacidade de parafrasear ideias alheias”. Todas as decisões sobre a estruturação da redação têm de ser tomadas pelo candidato na hora de produzir o texto e de maneira muito rápida. Daí, a necessidade de uma interpretação assertiva dos comandos. O mais importante mesmo é ler com muita atenção todos os enunciados, já que as bancas examinadoras estão procurando, de alguma forma, inovar nas propostas de produção textual. Para não errar: 1º) Destaque o tipo de texto exigido pela banca (o mais comum é uma dissertação) e mantenha-se fiel a ele, ainda que a proposta não te pareça clara. Por exemplo, nos “Estudo de caso” é comum que o comando peça que se produza uma “dissertação”. Isso se deve ao fato de que os “estudos de caso” são estruturados sob a forma de uma dissertação; 2º) Defina qual será a linha de raciocínio que você adotará a partir do tema (ou questionamento) apresentado no comando; 3º) Se o comando determinar a abordagem de alguns aspectos, procure reconhecer se existe mesmo um vínculo entre eles: caso não exista, não há por que usar conectores gramaticais entre eles; 4º) Determine em que parágrafos estarão situados os aspectos e procure explicitá-los com objetividade. Não copie nem parafraseie os aspectos; 5º) Construa o seu texto, sem se desviar da norma culta, considerando, sobretudo, a coesão interna das estruturas – a qual, consequentemente, ocasionará a fluidez e coerência do texto. Revisando o texto antes da redação final A despeito da alegada falta de tempo, é imprescindível fazer uma revisão do texto antes de transcrevê-lo no formulário definitivo, principalmente quando se considera que a prova de redação é, na maioria das vezes, a responsável por “selar o destino” dos candidatos nos certames. Revisar nem sempre significa cortar informações ou esticá-las. É certificar-se de que está escrito no papel aquilo que se queria efetivamente transmitir ao leitor. O trabalho de revisão consiste em verificar se o texto está: ü correto – que obedeça às regras gramaticais da língua portuguesa (a norma culta), sem muito rebuscamento; ü coeso – que tenha todos os seus vínculos lógicos estabelecidos por meio de elementos gramaticais adequados; ü coerente – a ponto de não provocar sobressaltos no leitor (que ele compreenda facilmente as ideias já na primeira leitura); ü conciso – para que o leitor não tenha a impressão de estar perdendo tempo na leitura. Enfim, o propósito da revisão é garantir que o leitor (corretor) não encontre as mesmas dificuldades de compreensão que você (candidato) tenha encontrado ao ler, pela primeira vez, seu próprio texto. Seguramente isso influenciará, de maneira bastante positiva, na pontuação que ele atribuirá ao seu trabalho. Para não errar: Antes de passar o texto “a limpo” para o formulário definitivo, releia-o como se não fosse você que o tivesse escrito e verifique se constitui um todo coerente. Para isso, siga os passos abaixo: 1º) Identifique as construções gramaticais truncadas que podem dificultar a compreensão das ideias (lembre-se de que não estará perto do leitor para esclarecer possíveis dúvidas); 2º) Verifique se os trechos estão realmente bem distribuídos nos parágrafos, estabelecendo uma concatenação adequada entre os períodos. 3º) Elimine qualquer marca de subjetividade, adjetivação excessiva, redundâncias ou afirmações irrelevantes; 4º) Procure transpor-se para a posição do leitor, para saber se as suas informações se antecipam às possíveis indagações dele. 5º) Finalmente, transcreva o texto para o formulário definitivo. Sugestões de leitura: Revistas: CartaCapital Le Monde Diplomatique – Brasil Caros Amigos Fórum – Outro mundo em debate Língua Portuguesa Jornais: Correio Braziliense O Globo O Estado de São Paulo Folha de São Paulo (edição de domingo, principalmente) Almanaque Abril: Atualidades para o ENEM e Vestibular Sites: www.correiocidadania.com.br (Correio da Cidadania) www.lemondediplomatiquebrasil.com.br (Le monde Diplomatique – Brasil) 1. FIDELIDADE AO TEMA E AO COMANDO http://www.correiocidadania.com.br/ http://www.lemondediplomatiquebrasil.com.br/ PROVA DE REDAÇÃO 2 COMO ESCREVER BEM UMA REDAÇÃO Os grandes escritores possuem tal convívio e domínio da linguagem escrita como maneira de manifestação que não se preocupam mais em determinar as partes do texto que estão produzindo. A lógica da estruturação do texto vai determinando, simultaneamente, a distribuição das partes do texto, que deve conter começo, meio e fim. O aluno, todavia, não possui muito domínio das palavras ou orações; portanto, torna-se fundamental um cuidado especial para compor a redação em partes fundamentais. Alguns professores costumam determinar em seus manuais de redação outra nomenclatura para as três partes vitais de um texto escrito. Ao invés de começo, meio e fim, elas recebem os nomes de introdução, desenvolvimento e conclusão ou, ainda, início, desenvolvimento e fecho. Todos esses nomes referem-se aos mesmos elementos. Parece-nos que irrelevante o nome que cada pessoa atribui. O importante é que as pessoas saibam que elas devem existir em sua redação. Vejamos, sucintamente, cada uma delas. A. Introdução (início, começo) Podemos começar uma redação fazendo uma afirmação, uma declaração, uma descrição, uma pergunta, e de muitas outras maneiras. O que se deve guardar é que uma introdução serve para lançar o assunto, delimitar o assunto, chamar a atenção do leitor para o assunto que vamos desenvolver. Uma introdução não deve ser muito longa para não desmotivar o leitor. Se a redação dever ter trinta linhas, aconselha-se a que o aluno use de quatro a seis para a parte introdutória. Defeitos a evitar I. Iniciar uma ideia geral, mas que não se relaciona com a segunda parte da redação. II. Iniciar com digressões (o início dever ser curto). III. Iniciar com as mesmas palavras do título. IV. Iniciar aproveitando o título, com se este fosse um elemento d primeira frase. V. Iniciar com chavões Exemplos: Desde os primórdios da Antiguidade... Não é fácil a respeito de... Bem, eu acho que... Um dos problemas mais discutidos na atualidade... B. Desenvolvimento (meio, corpo) A parte substancial e decisória de uma redação é o seu desenvolvimento. É nela que o aluno tem a oportunidade de colocar um conteúdo razoável, lógico. Se o desenvolvimento da redação é sua parte mais importante, deverá ocupar o maior número de linhas. Supondo-se uma redação de trinta linhas, a redação deverá destinar de catorze (14) a dezoito (18) linhas para o corpo ou desenvolvimento da mesma. Defeitos a evitar I. Pormenores, divagações, repetições, exemplos excessivos de tal sorte a não sobrar espaço para a conclusão. C. Conclusão (fecho, final) Assim como a introdução, o fim deverá ocupar uma pequena parte do texto. Se a redação está planejada para trinta linhas, a parte da conclusão deve ter quatro a seis linhas. Na conclusão, nossas ideias propõem uma solução. O ponto de vista do escritor, apesar de ter aparecido nas outras partes, adquire maior destaque na conclusão. Se alguém introduz um assunto, desenvolve-o brilhantemente, mas não coloca uma conclusão: o leitor sentir-se-á perdido, estupefato. Defeitos TÉCNICAS DE REDAÇÃO - NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO I - NARRAÇÃO Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado: onde ? | quando? --- FATO --- com quem? | como? A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO. As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS. Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR. Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...). Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos PROVA DE REDAÇÃO 3 substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada. II - DESCRIÇÃO Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras. No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS. Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2- Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2 : é Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva). III - DISSERTAÇÃO Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO. Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação. Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta. Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA: a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS. b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO ( e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos: 1. Transforme o tema numa pergunta; 2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA); 3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o ARGUMENTO). O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros, reconhecidos publicamente). A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar" resumidamente ( se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTAinicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro. Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele; 3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça a organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no DESENVOLVIMENTO do texto. emonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação Os aspectos a serem avaliados nesta competência dizem respeito à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência das ideias. Esse encadeamento pode ser expresso por conjunções, por determinadas palavras, ou pode ser inferido a partir da articulação dessas ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem inter- relação de orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será composto de um ou mais períodos também articulados; cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores. Assim, na produção da sua redação, você deve utilizar variados recursos linguísticos que garantam as relações de continuidade essenciais à elaboração de um texto coeso. Na avaliação dessa competência, será considerado o seguinte aspecto: Encadeamento textual Para garantir a coesão textual, devem ser observados determinados princípios em diferentes níveis: – Estruturação dos parágrafos: Um parágrafo é uma unidade textual formada por uma ideia principal à qual se ligam ideias secundárias. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, por causa-consequência, por exemplificação, por detalhamento, entre outras possibilidades. Deve haver uma articulação entre um parágrafo e outro. – Estruturação dos períodos: Pela própria especificidade do texto dissertativo-argumentativo, os períodos do texto são, normalmente, estruturados de forma complexa, formados por duas ou mais orações, para que se possam expressar as ideias de causa-consequência, contradição, temporalidade, comparação, conclusão, entre outras. 2. ORGANIZAÇÃO/SEQUENCIAÇÃO COERENTE DE IDEIAS PROVA DE REDAÇÃO 4 – Referenciação: As referências a pessoas, coisas, lugares, fatos são introduzidas e, depois, retomadas, à medida que o texto vai progredindo. Esse processo pode ser expresso por pronomes, advérbios, artigos ou vocábulos de base lexical, estabelecendo relações de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia, uso de expressões resumitivas, expressões metafóricas ou expressões metadiscursivas. RECOMENDAÇÕES Procure utilizar as seguintes estratégias de coesão para se referir a elementos que já apareceram anteriormente no texto: a) substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que indicam localização, artigos; b) substituição de termos ou expressões por sinônimos, antônimos, hipônimos, hiperônimos, expressões resumitivas ou expressões metafóricas; c) substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou expressões que resumam e retomem o que já foi dito; e d) elipse ou omissão de elementos que já tenham sido citados anteriormente ou sejam facilmente identificáveis. Resumindo: na elaboração da redação, você deve, pois, evitar: • frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico- gramatical; • sequência justaposta de ideias sem encaixamentos sintáticos, reproduzindo usos típicos da oralidade; • frase com apenas oração subordinada, sem oração principal; • emprego equivocado de conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem; • emprego do pronome relativo sem a preposição, quando obrigatória; e • repetição ou substituição inadequada de palavras, sem empregar os recursos oferecidos pela língua (pronome, advérbio, artigo, sinônimo). A coesão referencial e a coesão sequencial são chamadas de recursos coesivos por estabelecerem vínculos entre as palavras, orações e as partes de um texto. Coesão referencial A coesão referencial é responsável por criar um sistema de relações entre as palavras e expressões dentro de um texto, permitindo que o leitor identifique os termos aos quais se referem. O termo que indica a entidade ou situação a que o falante se refere é chamado de referente. Exemplo: Ana Elisabete gritou. Ela fica apavorada quando fica sozinha, apesar de ser uma menina calma e inteligente. Nesse exemplo, o termo referente é Ana Elisabete. Todas as vezes que o referente precisa ser retomado no texto, podemos utilizar outras palavras para que os leitores possam retornar e recuperar a ideia. É bastante frequente o uso de figuras de construção/sintaxe para a coesão referencial, como as anáforas, catáforas, elipses e as correferências não anafóricas (contiguidades, reiterações). Coesão sequencial A coesão sequencial é responsável por criar as condições para a progressão textual. De maneira geral, as flexões de tempo e de modo dos verbos e as conjunções são os mecanismos responsáveis pela coesão sequencial nos textos. Os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para que as partes e as informações do texto possam ser articuladas e relacionadas. Além da progressão das partes do texto, os mecanismos de coesão sequencial contribuem para o desenvolvimento do recorte temático. Dessa forma, o autor do texto evita falta de coesão, garantindo boa articulação entre as ideias, informações e argumentos no interior do texto e, principalmente, a coerência textual. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) → Separamos para você alguns termos responsáveis pela coesão sequencial nos textos: Adição/inclusão - Além disso; também; vale lembrar; pois; outrossim; agora; de modo geral; por iguais razões; inclusive; até; é certo que; é inegável; em outras palavras; além desse fator... Oposição - Embora; não obstante; entretanto; mas; no entanto; porém; ao contrário; diferentemente; por outro lado... Afirmação/igualdade - Felizmente; infelizmente; obviamente; na verdade; realmente; de igual forma; do mesmo modo que; nesse sentido; semelhantemente... Exclusão - Somente; só; sequer; senão; exceto; excluindo; tão somente; apenas... Enumeração - Em primeiro lugar; a princípio... Explicação - Como se nota; com efeito; como vimos; portanto; pois; é óbvio que; isto é; por exemplo; a saber; de fato; aliás... Conclusão - Em suma; por conseguinte; em última análise; por fim; concluindo; finalmente; por tudo isso; em síntese, posto isso; assim; consequentemente... Continuação - Em seguida; depois; no geral; em termos gerais; por sua vez; outrossim... Dicas para a clareza textual: 1 – Fique por dentro do tema: Para ficar preparado para discorrer sobre qualquer assunto, você deve manter-se informado; revistas, jornais impressos e conteúdos virtuais de fontes confiáveis são indispensáveis. O domínio sobre o tema influi diretamente na clareza da escrita. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) 2- Períodos longos X Períodos curtos: Para construir períodos curtos, pontue mais. Frases longas, cheias de períodos, tendem a confundir o leitor e até mesmo quem está escrevendo. A sequenciação lógica depende da organização sintática das frases, por isso, fique atento para não errar e assim prejudicar a coerência de seus argumentos. 3- Cuidado com a pontuação: Um texto que abre mão da boa pontuação fica vulnerável a diversos problemas textuais, entre eles a ambiguidade. A construção de sentidos de umtexto depende dos sinais de pontuação, como vírgulas e pontos-finais. Sem eles o leitor certamente encontrará dificuldades para a compreensão. 4- Ordem direta X Inversões sintáticas: Nos textos não literários, prefira a ordem direta, cuja construção sintática obedece à regra sujeito + verbo + complemento. Ao privilegiar a ordem direta, você estará contribuindo para a clareza textual. Nos textos literários, inversões estão liberadas, já que nesse tipo de linguagem há um compromisso com aspectos estilísticos da escrita. 5- Evite abreviaturas e siglas: Recursos muito utilizados quando precisamos redigir de maneira dinâmica, as abreviaturas e as siglas devem ser evitadas na linguagem escrita, pois devemos considerar a possibilidade de que nem todos os leitores conheçam determinado termo em sua forma reduzida. 6- Subjetividade X objetividade: A subjetividade é um recurso expressivo da linguagem que deve ficar restrito aos textos literários. Subjetivismos geralmente revelam estados emocionais, característica que prejudica a objetividade e a clareza textual. 7- Uso do vocabulário: Usar termos obsoletos e obscuros prejudicam a clareza textual, principalmente quando empregados fora do contexto. Uma palavra fora do lugar já é o suficiente para confundir o leitor, portanto, escolha cuidadosamente cada palavra e evite aquelas cujo significado você não tenha muita certeza. https://www.portugues.com.br/gramatica/frase-oracao-periodo.html https://www.portugues.com.br/redacao/figuras-construcao-ou-sintaxe.html https://www.portugues.com.br/redacao/figuras-construcao-ou-sintaxe.html https://www.portugues.com.br/gramatica/flexoes-verbais.html https://www.portugues.com.br/gramatica/flexoes-verbais.html https://www.portugues.com.br/gramatica/conjuncoes.html https://www.portugues.com.br/redacao/textos-sem-coesao.html https://www.portugues.com.br/redacao/tipos-coerencia.html https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm PROVA DE REDAÇÃO 5 Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua portuguesa é um elemento dinâmico que sofre modificações históricas, culturais e sociais. A língua portuguesa é o código mais utilizado entre os brasileiros. Poderoso instrumento de interação social, a língua pertence a todos os membros de uma comunidade, o que faz dela um patrimônio social e cultural que evolui e transforma-se historicamente. Pensar na língua como um elemento imutável é um grande equívoco: a língua é dinâmica e modifica-se de acordo com a necessidade dos grupos sociais que dela fazem uso. As variedades linguísticas corroboram a ideia de dinamismo da língua: de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas, a língua sofre variações que melhor se adaptam às necessidades de determinado grupo. Entre os tipos de variações linguísticas estão os dialetos e registros, fenômenos que comprovam na prática que não existe um modelo linguístico a ser seguido na modalidade oral. Mas o que são dialetos e registros? É chamada de dialeto a variedade de uma língua própria de uma região ou território. Devem ser consideradas também as diferenças linguísticas originadas em virtude da idade dos falantes, sexo, classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua: pessoas que se identificam e utilizam uma linguagem mais ou menos comum, com vocabulário, expressões e gírias próprias do grupo. As diferenças regionais, no que diz respeito ao vocabulário, são exemplos de variação territorial. É caso, por exemplo, da raiz que em determinadas regiões é conhecida como “mandioca”, mas que em outras áreas recebe o nome de “aipim” ou “macaxeira”. Observe o exemplo: “A farinha é feita de uma planta da família das euforbiáceas, euforbiáceas de nome manihot utilíssima que um tio meu apelidou de macaxeira e foi aí que todo mundo achou melhor!... A farinha tá no sangue do nordestino eu já sei desde menino o que ela pode dar e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau farinha com feijão é animal! O cabra que não tem eira nem beira lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá e em tudo que é farinhada a macaxeira tá você não sabe o que é farinha boa farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas...”. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) (Farinha - Djavan) Chamamos de registros as variações que ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente em uma determinada situação: há situações em que a variedade padrão, ou norma culta, é a melhor opção, aquela que estabelecerá uma maior sintonia entre os interlocutores. Nas entrevistas de emprego, em redações para concursos e vestibulares e em exposições públicas, por exemplo, a variedade linguística exigida, na maioria das vezes, é a padrão, por isso é indispensável conhecê-la bem para adequarmos a comunicação de acordo com a pertinência do momento. Em contrapartida, há situações de uso em que a variedade não padrão (gírias, regionalismos, jargões) é aquela que melhor se encaixa no contexto comunicacional. A variedade padrão nem sempre é a mais adequada. Em determinadas situações, a variedade não padrão favorece a comunicação entre os falantes Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua é um conjunto de variedades, ou seja, há diversas maneiras de falar ou escrever. Em relação à fala, jugar que existe o certo e o errado significa desconsiderar e desprestigiar determinado dialeto ou registro, manifestações culturais, sociais e históricas legítimas de um grupo. Quando entendemos que as línguas são conjuntos de variedades, entendemos também que as regras da língua portuguesa são variáveis, e não categóricas. Dizer que alguém fala o português melhor ou pior do que alguém, desconsiderando fatores sociais como o nível de escolaridade ou grupo e classes diferentes, só reforça a combatida ideia do preconceito linguístico, tão presente em nossa cultura. EFEITO RETROATIVO 3.1 Definição e características Considerando a solicitação explícita de gêneros textuais de ampla circulação social na prova de redação do vestibular da UFCG, conforme a análise apresentada na seção anterior, acreditamos que, dentre as inovações do processo seletivo, a prova de redação pode-se configurar como elemento propiciador de um efeito retroativo desse vestibular no ensino médio em Campina Grande, mais especificamente na atitude de candidatos que participaram desse processo seletivo. A formulação do conceito de efeito retroativo (backwash ou washback) decorre da constatação de que a avaliação exerce influência sobre o ensino, sobretudo quando se trata de avaliação externa e seletiva de um grande contingente de candidatos. Nesse sentido, esse conceito diz respeito às consequências dos testes de avaliação no processo de ensino-aprendizagem, nos seus participantes e no produto desse processo. Segundo Bailley (1996 apud SCARAMUCCI, 2004, p. 221), de forma bem simples, podemos caracterizar os participantes como alunos, professores, elaboradores de materiais didáticos. Já 3. REGISTRO DE LÍNGUA ADEQUADO AO GÊNERO SOLICITADO E AO EFEITO DE SENTIDO PRETENDIDO https://www.portugues.com.br/redacao/variacao-linguistica-lingua-movimento.html https://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html https://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html https://www.portugues.com.br/redacao/variacoes-linguisticas-preconceito-linguistico.html PROVA DE REDAÇÃO 6 o processo refere-se às percepções e atitudes dos participantes, as quais poderão contribuir com a aprendizagem, a exemplo de mudanças na metodologia empregada ou nos conteúdos de ensino selecionados. O produto, por sua vez, refere-se àquilo que é aprendido e à qualidade da aprendizagem. O vestibular, por exemplo, podeinfluenciar no ensino, na aprendizagem, no currículo e na elaboração de materiais didáticos, bem como nas atitudes e motivações dos envolvidos - alunos, professores, pais e sociedade em geral. Essa influência pode ser exercida antes da aplicação do exame, levando os participantes do processo a tomarem atitudes que, provavelmente, não tomariam e, de igual maneira, a deixarem de realizar determinadas ações que, possivelmente, realizariam. Do mesmo modo, um teste pode ser reformulado e/ou revisto após comentários de seus participantes, notadamente candidatos e professores desses candidatos. Scaramucci (2004, p. 206) aponta algumas variáveis do efeito retroativo, dentre as quais podemos destacar: 1) especificidade - o efeito retroativo pode ser geral, quando é produzido por um exame sem levar em conta suas características ou conteúdos, ou específico, quando leva em conta o conteúdo do teste; 2) intensidade - o impacto pode ser forte, quando determina todas as atividades de sala de aula ou todos os participantes, ou fraco, quando afeta parte da aula e alguns professores e alunos; 3) extensão - pode ser curta, quando a influência do exame só ocorre até a sua execução, ou longa, quando a influência continua mesmo após a aplicação do exame; 4) valor - positivo, quando o objetivo almejado pelo exame é alcançado, ou negativo, quando a meta do exame não é atingida. Acrescentaríamos a esse leque de variáveis do efeito retroativo a categoria difusa. Estamos entendendo o efeito retroativo como difuso quando o impacto de um determinado exame não se apresenta de forma clara, de modo que não conseguimos identificar o que de fato influencia os participantes do exame: se a prova, se a teoria, se outros participantes ou se todos esses elementos. Vale salientar que as definições de "positivo" e "negativo" são muito relativas, uma vez que a variável "valor" não é sinônima de validade. Ou seja, o fato de um exame ter provocado um efeito retroativo negativo não implica dizer, necessariamente, que o teste não seja válido. Um teste pode ser considerado válido mesmo que não tenha induzido no sistema educacional mudanças curriculares e/ou metodológicas, as quais poderiam proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências que o teste se propõe avaliar. Isso porque há outros fatores que podem evitar ou promover o efeito retroativo de um exame, a exemplo da formação profissional dos professores, da sua experiência e das suas crenças sobre ensino e avaliação ou, no caso dos alunos, a história de vida deles, assim como as práticas cotidianas com as quais têm contato. Pensando no concurso vestibular, poderíamos supor que este acarretaria, pelo menos, dois efeitos positivos, a saber: 1) os professores preparariam mais cuidadosamente as aulas para que seus alunos pudessem obter bons resultados no exame; 2) os alunos estudariam mais, prestariam mais atenção às aulas, com o objetivo de serem aprovados no exame. Todavia, esse teste poderia ocasionar, como efeitos negativos, 1) um abalo no componente psicológico/emocional em alguns alunos, uma vez que, como o exame visa selecionar e classificar candidatos a um número limitado de vagas, causa ansiedade nos examinandos, podendo interferir negativamente no seu desempenho durante o período preparatório e durante o exame; 2) os professores tendem a ensinar para o teste, temendo, talvez, que seus alunos não sejam aprovados. Estudos como os conduzidos no Brasil por Scaramucci (1999, 2001, 2002), Avelar (2001), Correia (2003) e Lanzoni (2004) comprovaram a existência de efeito retroativo relacionado ao vestibular da Unicamp, da UEL e da UFPR, no que diz respeito, especificamente, à prova de inglês, língua estrangeira. Esses estudos apresentam uma base consistente para um estudo sobre o efeito retroativo da prova de redação do vestibular da UFCG, que opera com o conceito de gênero textual, recentemente introduzido na formação de professores e na elaboração de materiais didáticos para a educação básica. Entendendo que o exame de vestibular tem caráter seletivo e classificatório e que proporciona ao candidato que o realiza a disputa por uma vaga no ensino superior, que é considerado um teste externo ao ensino médio, entendemos que esse exame tem alta relevância e pode causar algum impacto nas atitudes de candidatos. Assim, os depoimentos desses sujeitos são indícios importantes para se investigar o efeito retroativo da prova focalizada neste trabalho. 3.2 Efeito retroativo forte 3.2.1 Conhecimento de gêneros textuais Partimos do pressuposto de que o efeito retroativo sobre a prova de redação poderia manifestar-se no depoimento de candidatos, i.e., nas respostas emitidas às perguntas formuladas na sessão reflexiva. Estando cientes do tipo de atividade da qual participariam, os candidatos foram indagados, inicialmente, sobre o seu conhecimento acerca da noção de gêneros textuais, bem como acerca da potencial influência dessa noção em suas aulas de redação. Os candidatos oriundos tanto da rede pública como da particular deram respostas semelhantes, evidenciando o efeito retroativo dessa noção nas aulas a que assistiram como alunos da terceira série do ensino médio. Vejamos as respostas abaixo: Exemplo 1: Q 5 - 1. Você tem conhecimento do tema "gênero textual"? Em caso afirmativo, que gêneros seu professor indicava para você produzir em sala e/ou extra-sala? A1 6 : bom... a gente... a gente produziu praticamente todos os gêneros assim... o professô procurou treiná o máximo possível redação... explicava direitinho todos os gêneros textuais. Tem até uns que dificilmente poderiam caí no vestibular... como a crônica. A2: eu também... assim... o professô abrangia todos os gêneros de redação. É... desde artigo de opinião, dissertação, esses mais simples, até crônica, é... depoimento. Ele... é... buscou assim...passar pra gente todos os tipos. A6: É... os gêneros que a gente viu acho que foram a maioria: artigo de opinião, depoimento, carta de solicitação [...] (grifo nosso). Como podemos perceber, esses candidatos afirmaram conhecer os gêneros textuais, citaram, inclusive, diversos deles, a exemplo de artigo de opinião, depoimento, crônica e carta de solicitação, sinalizando que a abordagem de tipos textuais, sobretudo narrativo, descritivo e dissertativo, tradicionalmente realizada na escola, parece estar sendo substituída pelo estudo de gêneros. Essa substituição pode ser entendida, em parte, devido ao redirecionamento das propostas de redação do vestibular da UFCG. Considerando que um dos objetivos principais do ensino médio, especialmente da terceira série desse nível de ensino, tem sido preparar o aluno para ingressar no ensino superior, parece entendível a mudança, no que tange à redação, do conteúdo programático indicado normalmente no currículo escolar para a adesão do apresentado no Manual do candidato ao vestibular. Além disso, o fato de os alunos citarem os gêneros parece sinalizar o efeito difuso da natureza das propostas de redação indicadas no vestibular da UFCG. Difuso, porque, embora não saibamos, exatamente, qual é o tipo de abordagem feito com esse modelo de texto em sala de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back5 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back6 PROVA DE REDAÇÃO 7 aula, a referência aos gêneros já se configura no discurso dos candidatos. Todavia, não podemos descartar a possibilidade de que as escolas sofreram (sofrem) efeito retroativo também dos novos referenciais nacionais de ensino de línguas (PCN de língua portuguesa e línguas estrangeiras), que fazem indicação explícita dos gêneros como objeto de ensino e destacam a importância de considerar as características dos gêneros na leitura e produção de textos. Em todo caso, notamos a aceitação da proposta de redação apresentada novestibular da UFCG por parte dos candidatos, que, por sua vez, devem ter sido influenciados pelos seus professores. Embora não tenhamos investigado a prática desses docentes nem realizado uma entrevista com eles, inferimos a partir das respostas dos candidatos que tais professores parecem ter aderido também ao novo direcionamento dado à prova de redação. Isso se confirma quando os candidatos enfatizam que seus professores realizaram um trabalho intensivo com (ou sobre) os gêneros. As partes em destaque nas falas expostas no Exemplo 1 demonstram essa preocupação em dizer que os professores abrangiam todos os gêneros, que os gêneros estudados e/ou produzidos foram a maioria, praticamente todos. Essas assertivas revelam o efeito retroativo forte da prova de redação proposta pela UFCG, a qual parece ter influenciado, assim, tanto o processo de ensino-aprendizagem como os seus participantes - alunos e professores. O fato de afirmar que estudaram todos os gêneros (será possível?) agrega valor aos sujeitos que deixam transparecer a imagem de que estavam preparados para o processo seletivo e de que um dos responsáveis por isso são os professores que procuraram trabalhar praticamente todos os gêneros - "desde artigo de opinião, dissertação, esses mais simples, até crônica, é [...] depoimento". Esse trabalho intensivo com gêneros em sala de aula causou um efeito retroativo nos candidatos que produziram a redação de vestibular, visto que todos afirmaram conhecer os gêneros solicitados nessa questão, exceto A2 - "assim... eu não conhecia o memória... mas mesmo assim, é... as instruções nesse quadrinho, é... me ajudaram um pouco a fazer a redação". No entanto, o desconhecimento do gênero, segundo A2, não foi um empecilho para produzi-lo, haja vista a exposição, na prova, das suas características. Sendo assim, esse argumento parece confirmar também a aceitabilidade dos candidatos ao novo tipo de prova de redação. As falas dos candidatos parecem apontar, então, para a adesão à recente concepção de redação adotada no vestibular da UFCG, pautada em gêneros, a qual vem causando um efeito retroativo em algumas escolas de Campina Grande (cf. SILVA e LINO DE ARAÚJO, 2006, ROCHA e LINO DE ARAÚJO, 2006). Essa adesão à natureza das propostas de redação apresentadas pela UFCG, consequentemente, à teoria dos gêneros pode ser verificada também quando a maioria dos candidatos disse não ter sentido dificuldades na produção dos gêneros indicados na escola e no vestibular, conforme mostraremos no item seguinte. 3.2.2 (Não) Apresentação de dificuldade na produção de gêneros O redirecionamento da natureza da prova de redação do vestibular aqui focalizado parece ter sido bem-aceito pelos seus participantes, já que não manifestaram, em geral, nenhuma reclamação ou crítica. Pelo contrário, uma vez indagados sobre as dificuldades ao produzir os gêneros solicitados na escola e no vestibular, a maioria disse que conseguiu produzi-los. Embora tenhamos dito aos candidatos que poderiam concordar ou discordar do tipo de prova de redação apresentado pela UFCG, eles evidenciaram, ao longo da sessão reflexiva, que a proposta pautada na concepção de gêneros não lhes foi um empecilho. Isso demonstra o impacto do exame no ensino-aprendizagem, nas atitudes dos participantes, assim como no currículo da escola, visto que, diante do redirecionamento proposto pelo exame, boa parte dos professores sentiu a necessidade de alterar o conteúdo programático de modo a preparar os alunos para atenderem as expectativas dos corretores de redação de vestibular. Nessa situação, parece-nos haver uma aceitação passiva da mudança na grade curricular. Em momento algum, os candidatos questionaram a substituição do estudo de dissertação, narração e descrição, durante muitos anos realizado na escola, pelo estudo de gêneros, uma teoria ainda em fase de consolidação para os professores. É evidente que não podemos negar uma relação hierárquica entre universidade e ensino médio, este é uma preparação para o ingresso naquele. Então, se a escola almeja que seus alunos sejam aprovados no concurso, precisa trabalhar na linha teórica que o subjaz ou, juntamente com outras escolas, defender os conteúdos indicados, tradicionalmente, no currículo escolar. A aceitação da proposta de redação da UFCG se revela até nas falas dos candidatos que destacaram dificuldades na produção dos gêneros. Vejamos o exemplo abaixo: Exemplo 2: Q - 2. Você sentiu dificuldade em produzir os gêneros solicitados pelo seu professor? A2: não... só... assim... mais difícil... é... têm gêneros que são bastante parecidos, aí... eu senti dificuldades de... é... distinguir, por exemplo, o relato e o depoimento. A6: É... assim... a gente, eu, pelo menos, tenho dificuldade de escrever. Assim... acho que... assim... devido porque não lê, você não vai ta por dentro do assunto. Vai ser difícil você desenvolver o assunto, se não tiver nenhum conhecimento. A7: É... eu senti dificuldade porque... eu...escrevia uma coisa, ai... quando vou olhar, é outro gênero. É muito parecido, assim [...]. Nesse exemplo, notamos dois tipos de dificuldades na escrita dos gêneros: o fato de os gêneros ser parecido, argumento de A2 e A7, e o desconhecimento do tema, justificativa de A6. No primeiro caso, o sujeito reconhece um dos problemas típicos da abordagem dos gêneros, a diferenciação entre eles. Embora estejam surgindo vários trabalhos sobre a teoria e a metodologia de gêneros, há pouca literatura sobre a descrição e a caracterização da maioria deles. Nesse sentido, os candidatos poderiam argumentar que produzir os tipos textuais seria mais fácil, porque são poucos e a estrutura deles parece ser mais consolidada. Entretanto, deixam-se influenciar pela divulgação da teoria dos gêneros, aceitando-a sem questionamentos, conforme verificamos na sessão reflexiva realizada. No segundo caso, A6 destaca a falta de leitura como uma dificuldade para produzir os gêneros, argumentando que, se a pessoa não lê, não fará uma boa abordagem do tema. Concordamos com A6, quando diz que, para escrever, é preciso ter o que dizer, mas, no caso da proposta de redação focalizada, todos os textos apresentados na prova de língua portuguesa tratavam do tema indicado na redação, contribuindo, diretamente, para a reflexão sobre o assunto. Desse modo, esse argumento de A6 parece não ser consistente, além do mais, o conhecimento do tema não garantirá, necessariamente, o conhecimento da composição e do estilo típicos de cada gênero. Portanto, quando os candidatos afirmam que não sentiram dificuldades ao produzir os gêneros indicados tanto na escola como no vestibular ou quando consideram as dificuldades enfrentadas um problema, de certa forma, pessoal, verificamos o impacto e, sobretudo, a aceitabilidade da perspectiva de gêneros. Essa aceitabilidade é perceptível também nas falas dos candidatos, que aprovam e consideram suficientes as instruções dadas para a elaboração do gênero na prova de redação de vestibular e na escola, conforme mostramos nos itens que seguem. 3.2.3 As instruções para a produção de gêneros no vestibular PROVA DE REDAÇÃO 8 Tomando como base as instruções dadas na prova de redação proposta pela UFCG, os candidatos afirmaram, na sessão reflexiva, que são produtivas pelo fato de ser referentes à contribuição temática e à descrição dos gêneros solicitados. Vejamos os exemplos abaixo: Exemplo 3: Q - 3. Vocês acreditam que as instruções dadas na questão de redação são suficientes para escrever um bom texto? Justifique. A4: sim... por exemplo, caiu memória, que a gente conhece como depoimento, relato... Só que aí tinha esse quadrinho [aponta para a questão] dizendo o que era realmente. A7: sim, porque... porque tem uma instrução do gênero. Tem... você só foge do gênero se... é... se quiser. Exemplo 4: Q - 4. Vocês acreditam que os textos apresentadosna prova de língua portuguesa podem influenciar na escrita da redação? Por quê? Vocês utilizaram algum desses textos? Com que finalidade? A3: todas as propostas de redação devem se basear em outros textos. A4: legal... assim... a prova toda na mesma linha. A7: assim... mesmo que você não conhecesse é... o assunto, dava para fazer. Como podemos observar nos Exemplos 3 e 4, os candidatos consideram relevantes e suficientes as instruções dadas na prova de redação com vistas à elaboração dos gêneros. No Exemplo 3, verificamos que os sujeitos destacaram a produtividade da instrução referente às características dos gêneros, afirmando que, mesmo se o examinando não conhecesse os gêneros, seria possível produzi-lo por causa da orientação - "tinha esse quadrinho" [aponta para a questão 7 ] "dizendo o que era realmente" e "você só foge do gênero se... é... se quiser". Essas falas confirmam falas anteriores, em que os sujeitos disseram não sentir dificuldades na produção dos gêneros, revelando a adesão à proposta de redação UFCG. No Exemplo 4, observamos que os candidatos se limitaram a apresentar um sucinto comentário acerca do fato de que os textos indicados na prova de língua portuguesa, que abordavam o tema proposto na redação, poderiam influenciar na escrita dos gêneros. Destacaram que a "prova estava na mesma linha", pois todos os textos apresentados na prova de português tratavam, direta ou indiretamente, do tema sobre o qual deveriam escrever na prova de redação, qual seja, "a sobrevivência e a indiferença das políticas públicas de fixação do homem no campo". O candidato A3 destaca, no Exemplo 4, a importância de que "todas as propostas de redação devem se basear em outros textos". Com isso, parece acreditar que o ato de escrever não é um dom ou uma inspiração do escritor, mas é um processo que se torna mais consistente quando apoiado na leitura de outros textos. Numa sociedade letrada como a nossa, torna-se quase impossível escrever sem fazer referência a outros textos. A fala de A3 reforça também o princípio básico da escrita, qual seja o de que, para escrever, é preciso ter o que dizer. Considerando esses exemplos, podemos afirmar que os candidatos se apresentam mais uma vez favoráveis à proposta de redação da UFCG; destacam como pertinentes as orientações para a escrita do gênero e sugerem que só não atende às expectativas da banca quem não quiser, já que "tem uma instrução do gênero. Tem... Você só foge do gênero se... é... se quiser" e "mesmo que você não conhecesse é... o assunto, dava para fazer". Os informantes parecem estar tão influenciados pela prova que não conseguem fazer, pelo menos não fizeram na sessão reflexiva, críticas, sugestões nem expor dificuldades quanto à abordagem apresentada. Os candidatos disseram, ainda, que seus professores seguiam a mesma orientação apresentada no vestibular, mas, quando citaram as instruções dadas pelos professores, principalmente os candidatos oriundos de escola particular, enfatizaram aspectos gramaticais e formais, como mostramos no item que segue. 3.2.4 As instruções para a produção de gêneros na escola Questionados acerca das instruções dadas pelos professores na orientação para a escrita dos gêneros, os candidatos destacaram, em geral, instruções semelhantes, mas com ênfase diferenciada. Vejamos o exemplo: Exemplo 5: Q - 5. Que instruções seu professor destacava como sendo relevantes para a produção de gêneros? Tais instruções foram semelhantes às apresentadas na questão de redação do vestibular? Justifique sua resposta. A1: bom... ela destacava a ortografia, primeiramente, e a gramática. Eram praticamente o mais importante, porque... se você errar esses dois, seu texto ficará ilegível. Aí... depois... tinha a estrutura, paragrafação... e também... a... o... cada gênero tem seu objetivo né? O objetivo de cada gênero. A2: é... também como ele disse. A ortografia e a gramática, principalmente, concordância... que poderiam danificar a redação. É... também a coesão e coerência entre as idéias. E... outra coisa... Assim... é a... caligrafia que se... se assim... você tiver uma caligrafia praticamente ilegível pode até, assim... zerar. E também as especificidades de cada tema, é... cada tema não, cada gênero. É... ele enfatizava bastante. A6: eu acho que o principal é não fugir ao gênero, porque se fugir do gênero já é anulada a questão. Aí... ai demais vem a caligrafia. É... a questão da gramática.... a questão da coesão textual e coerência... não fugir do tema também, mas o ponto principal, primordial, eu acho que é a questão do gênero. A7: fuga ao gênero, fuga ao tema, né? Aí... você vai olhando acentuação, as concordâncias, as conclusões do seu texto [...]. Como podemos perceber, os candidatos destacaram algumas instruções semelhantes dadas pelos seus professores no momento da escrita da redação, a saber: ortografia, gramática, caligrafia, respeito ao gênero e ao tema. O que mais nos chama a atenção é a ênfase que eles deram a tais instruções. Os candidatos oriundos de escola particular, A1 e A2, destacaram como relevantes os aspectos ortográficos e gramaticais - "eram praticamente o mai importante" -, demonstrando-se favoráveis a eles - "se você errar esses dois, seu texto ficará ilegível"; "poderiam danificar a redação". Em seguida, destacaram um aspecto referente à estética do texto, caligrafia e estrutura - "Aí... depois... tinha a estrutura, paragrafação"; "se você tiver uma caligrafia praticamente ilegível pode até, assim... zerar". Por último, citaram a adequação ao gênero - "e também o objetivo de cada gênero"; "as especificidades de cada tema, é... cada tema não, cada gênero". Observando a ordem em que essas instruções são mencionadas pelos candidatos, bem como as explicações que as seguem, parece-nos que os professores priorizavam, nas redações, aspectos micros, gramaticais e estéticos, em detrimento de aspectos mais macros, a exemplo do respeito ao tema e ao gênero. Essa provável postura do professor sinaliza que, embora esteja trabalhando com novos conteúdos, gêneros textuais, a forma de abordá-los parece permanecer a mesma, ou seja, tipicamente escolar, textual, que prima pelos aspectos gramaticais. Talvez, a formação desses professores tenha-os influenciado a adotar tal postura. Pode ser que estejam um pouco afastados do meio acadêmico, de cursos de formação, de congressos. Somente um estudo de campo e uma entrevista com esses professores poderiam confirmar ou refutar essas nossas hipóteses. A questão é que, ao concordarem com a ênfase dada pelos professores às instruções citadas, os candidatos revelam um conhecimento superficial da teoria dos gêneros, visto que os adeptos dessa teoria defendem uma abordagem que parta do mais amplo, adequação do gênero à situação sociocomunicativa, ao mais específico, uso de recursos gramaticais adequados ao contexto. Sendo assim, acreditamos que o efeito retroativo da prova de redação proposta pela UFCG parece não ser totalmente forte nesses https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back7 PROVA DE REDAÇÃO 9 candidatos oriundos da rede particular, já que demonstram um conhecimento geral do que seja exemplo de gêneros, mas, do ponto de vista da abordagem deles, parece-nos que ainda estão em fase de consolidação do conhecimento. Já os candidatos oriundos de escola pública, A6 e A7, afirmaram que seus professores destacavam primeiramente a adequação ao gênero e ao tema, em seguida os aspectos gramaticais - "o principal é não fugir ao gênero, porque se fugir do gênero já é anulada a questão. Aí... ai demais vem a caligrafia. É... a questão da gramática" e "fuga ao gênero, fuga ao tema, né? Aí... você vai olhando acentuação, as concordâncias". Notamos que esses candidatos concordam com as instruções dadas pelos seus professores, que parecem priorizar os aspectos macros. Talvez,essa forma de abordagem dos professores se deva ao fato de que ainda estão em formação, estabelecendo contato com as correntes teóricas na universidade. Há, assim, uma grande possibilidade de na prática de sala de aula ocorrer um efeito retroativo das teorias discutidas na instituição. Mas somente um contato com esses professores nos permitiria (ou não) afirmar isso. Nesse caso, parece-nos que o efeito retroativo está mais consolidado, tendo em vista a possível influência da formação do professor, que, por sua vez, tende a causar um impacto nas atitudes e comportamentos dos alunos, que os têm como um dos seus principais referenciais. Em suma, os exemplos descritos e discutidos nesse tópico sugerem que as instruções dadas em sala de aula se assemelham, em parte, às apresentadas na prova de redação do Vestibular da UFCG 2007. Os candidatos, que estudaram em escolas particulares, dizem conhecer os gêneros textuais, no entanto, destacam como aspectos relevantes na produção do gênero os de natureza gramatical e os relativos à estrutura do texto. Já os candidatos que estudaram em escolas públicas apontaram como fatores importantes na escrita dos gêneros o conhecimento da estrutura deles e o respeito ao tema. Nas duas situações, os sujeitos aceitam as instruções dadas pelos seus professores, sugerindo que o efeito retroativo da prova de redação interfere inicialmente na prática do professor e, dependendo deste, poderá afetar as atitudes e comportamentos dos alunos. São seis os tipos de coerência: sintática, semântica, temática, pragmática, estilística e genérica. Conhecê-los contribui para a escrita de uma boa redação. Você já deve saber que alguns elementos são indispensáveis para a construção de um bom texto. Entre esses elementos, está a coerência textual, fator que garante a inteligibilidade das ideias apresentadas em uma redação. Quando falta coerência, a construção de sentidos fica seriamente comprometida. É importante que você saiba que existem tipos de coerência, elementos que colaboram para a construção da coerência global de um texto. São eles: Coerência sintática: está relacionada com a estrutura linguística, como termo de ordem dos elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. Quando empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como o uso inadequado dos conectivos. Coerência semântica: Para que a coerência semântica esteja presente em um texto, é preciso, antes de tudo, que o texto não seja contraditório, mesmo porque a semântica está relacionada com as relações de sentido entre as estruturas. Para detectar uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e inferência. Coerência temática: Todos os enunciados de um texto precisam ser coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções explicativas. Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo assim o comprometimento da coerência temática. Coerência pragmática: Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos dessas sequências, portanto, devem obedecer às condições para a sua realização. Se o locutor ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, esperamos receber como resposta uma afirmação ou uma negação, jamais uma sequência de fala desconectada daquilo que foi indagado. Quando essas condições são ignoradas, temos como resultado a incoerência pragmática. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de uma variedade de língua adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a coerência estilística. A incoerência estilística não provoca prejuízos para a interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros — como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal — deve ser evitada, principalmente nos textos não literários. Coerência genérica: Refere-se à escolha adequada do gênero textual, que deve estar de acordo com o conteúdo do enunciado. Em um anúncio de classificados, a prática social exige que ele tenha como objetivo ofertar algum serviço, bem como vender ou comprar algum produto, e que sua linguagem seja concisa e objetiva, pois essas são as características essenciais do gênero. Uma ruptura com esse padrão, entretanto, é comum nos textos literários, nos quais podemos encontrar um determinado gênero assumindo a forma de outro. É importante ressaltar que em alguns tipos de texto, especialmente nos textos literários, uma ruptura com os tipos de coerência descritos anteriormente pode acontecer. Nos demais textos, a coerência contribui para a construção de enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade. 10 dicas para não errar norma culta na redação A avaliação da norma culta na redação passa por níveis de cobrança diferentes de acordo com o erro cometido. Tratamos sobre isso em um post que explica quais são os desvios considerados leves, médios e graves pelos corretores do exame. Pensando nisso, e com o propósito de preparar você para não cometê-los em nenhum desses níveis, listamos 10 dicas fundamentais para você tirar total na competência 1, que avalia o domínio da modalidade escrita. Confira: 1) Estude vírgula Um erro muito comum diz respeito ao uso da vírgula. Aprendemos sobre ela durante todo o percurso escolar, mas ela ainda é a “pedra no sapato” de muita gente na hora de escrever. Sem contar que algumas orientações erradas podem ser internalizadas por muito tempo, como aquela falsa regra de “colocar a vírgula sempre que você pausar para respirar durante a leitura”. Imagine se essa regra fosse verdadeira? Ela iria variar entre pessoas com mais ou menos fôlego, não é?! Bom, não é assim que funciona. 2) Estude crase Reconhecemos que o uso da crase não é fácil. Envolve uma série de normas e exceções. Ok! Mas ela é necessária, inclusive por motivos de clareza, então, compreender as regras é fundamental. Errar crase pode comprometer sua nota 4. DOMÍNIO DAS REGRAS DE ESCRITA E DA NORMA CULTA. https://www.portugues.com.br/redacao/oselementostextualidade.html https://www.portugues.com.br/redacao/os-conectivos-como-elementos-coesao-uma-analise-minuciosa.html https://www.portugues.com.br/literatura/texto-literario-nao-literario-marcas-linguisticas.html https://www.portugues.com.br/redacao/ampliando-nocao-intertextualidade-.html PROVA DE REDAÇÃO 10 na competência que avalia norma culta assim como a de coesão e coerência. 3) Revise palavra por palavra para achar as que faltam acento Nem sempre temos dúvidas quanto à acentuação, mas erramos por falta de atenção! Nossa dica é que você sempre volte em palavra por palavra, tendo um cuidado específico de observar se em alguma delas faltou acento. 4) Estude as regras de uso do hífen Já tínhamos dificuldade para usar o hífen, aí veio o Novo Acordo Ortográfico e…bom, continuamos não sabendo como usá-lo. Mas é preciso correr atrás e entender, afinal, ele será cobrado.. 5) Estude concordância São tantas as regras e exceções de concordância, que unidades inteiras costumam ser destinadas ao ensino dela na gramática tradicional! Mas vale a pena e é necessário investir na leitura sobre ela, afinal, além de comprometer sintaticamente as orações, errar concordância empobrece o texto e passa uma impressão ruim ao corretor. Atente-se a isso! 6) Pesquise curiosidades da língua Além de ser divertido, essa é uma forma de internalizar regras importantes da língua. Por exemplo: você sabia que a palavra “quaisquer” é a únicano português que forma plural no meio? Agora que já sabe, não corre o risco de errá-la quando precisar usar no texto. 7) Acompanhe mídias sociais que postem dicas de gramática Estamos constantemente checando as redes sociais. Aquela fugidinha rápida dos estudos não precisa significar deixar completamente de lado o momento de aprendizagem. Basta seguir aqui e ali alguma página que poste dicas de gramática. O Instagram da IMAGINIE, por exemplo, posta dicas e exemplos todos os dias! Você tá ali, de bobeira, conferindo as fotos dos amigos e, de quebra, aprendendo uma regrinha gramatical. Segue a gente lá, vai! 😉 8) Escreva A escrita é uma forma de praticar a ortografia correta, a acentuação, a pontuação e a organização sintática das orações. Portanto, mão na massa! Crie o hábito de escrever sempre, mesmo as mais básicas anotações. 9) Faça um diagnóstico de suas dificuldades Com a prática da escrita você irá perceber em quais tópicos gramaticais tem mais dificuldade e poderá, então, dedicar-se ao estudo deles. Seja seu próprio avaliador. Isso é importante para que você mesmo tenha a capacidade de direcionar o que é prioridade de estudo para enriquecer sua compreensão gramatical. 10) Leia bastante Essa dica é essencial e muito importante: a leitura nos ajuda a internalizar regras de norma culta. Ela é necessária para várias áreas do estudo de redação, inclusive a gramatical. Ler palavras escritas e acentuadas corretamente, por exemplo, nos faz reproduzi-las automaticamente com excelência! A norma culta se refere ao conjunto de padrões linguísticos usados habitualmente pela camada mais escolarizada da população. Define-se como a variação linguística utilizada por pessoas que vivem em meios urbanos e que possuem elevado nível de escolaridade, em situações formais e monitoradas de comunicação falada ou escrita. Características da norma culta É usada em situações formais e monitoradas de comunicação; Impõe a correção gramatical, que implica um uso rigoroso das normas gramaticais; É uma linguagem cuidada e elaborada, que privilegia a utilização de estruturas sintáticas complexas e de um vocabulário rico e diversificado, com clara e correta pronúncia das palavras; É o registro ensinado na escola, sendo considerado mais erudito e prestigiado. O domínio da norma culta reflete-se, principalmente, na modalidade escrita da língua, revelando um elevado grau de rigor e correção gramatical, como o devido uso da pontuação, da acentuação, da colocação pronominal, da concordância e da regência, entre outros. Exemplos de uso da norma culta Colocação pronominal em ênclise no início da oração: Levante-se e vamos embora. Dá-me isso, por favor. Regência verbal com a preposição adequada: Ele nunca obedece ao pai. Nós assistimos ao jogo de futebol juntos. Uso correto das várias pessoas gramaticais: Eu quero ir contigo. Tu vais a que horas? Veja isso com atenção e depois diga se você entendeu tudo. Utilização de palavras sem estarem abreviadas ou contraídas: está (e não tá); para (e não pra); você (e não cê). Saber escrever e falar de acordo com a norma culta de uma língua é uma competência bastante valorizada no mercado de trabalho, uma vez que o domínio da norma culta possibilita ao indivíduo comunicar com precisão, eficiência e desenvoltura. Norma culta e norma-padrão Embora esses conceitos sejam próximos, sendo inclusivamente usados muitas vezes como sinônimos, referem-se a normas distintas. A norma-padrão pode ser entendida como a norma gramatical, com base na gramática tradicional e normativa. Atua como um modelo idealizado que visa a padronização da língua escrita. A norma culta é a variação que mais se aproxima desse padrão. Norma culta e variação linguística Na língua portuguesa existem diversas variações linguísticas, fruto da existência de diferentes grupos sociais, com diferentes graus de escolarização, que apresentam diferentes hábitos linguísticos. Isso resulta numa pluralidade de normas. De todas essas normas, a norma culta é tida como a mais conceituada, sendo vista como uma linguagem culta e erudita, utilizada por um grupo de pessoas de elite, pertencentes à camada mais favorecida e escolarizada da população. Como nem todas as variações linguísticas usufruem desse mesmo prestígio, muitas são vítimas de preconceito linguístico, sendo consideradas menos cultas e até mesmo incorretas. É essencial o entendimento e a aceitação de que todas as variedades linguísticas são fatores de enriquecimento e cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios. Redação 1 Tema: “Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?” Neodarwinismo Em prol da sobrevivência, há milhares de anos, a caça e a pesca eram praticadas pelo homem. Hoje, em nome do Neoliberalismo, na atual conjuntura de perda dos sentimentos holísticos, desmatamos e poluímos a natureza na incessante REDAÇÕES NOTAS 10 https://www.instagram.com/imaginieedu/ PROVA DE REDAÇÃO 11 busca do lucro, em detrimento do bem-estar da humanidade. Todavia, o homem parece ter esquecido que a natureza não é apenas mais um instrumento de alcance do desenvolvimento, mas a garantia de que é possível alcançá-lo. Primeiramente, é importante ressaltar o papel do meio- ambiente para o desenvolvimento econômico de uma sociedade. É notório que a extração de recursos minerais e de combustíveis fósseis é fundamental para a atração de indústrias e conseqüentemente para a solidez do setor produtivo da economia. No entanto, o uso indiscriminado desses bens naturais pela grande maioria das empresas não pode mais continuar. Cabe aos governantes e à própria população exigirem das mesmas a aplicação de parte do lucro obtido na manutenção de suas áreas de exploração e não permitir o “nomadismo” dessas indústrias. Nesse sentido, vale lembrar que os poderes político e econômico encontram-se intimamente ligados em uma relação desarmônica, que favorece o capital em detrimento do planeta em que vivemos. De fato, percebe-se que na atual conjuntura excludente, o poder do Estado Mínimo é medido de acordo com sua capacidade de atrair investimentos. Um exemplo disso é o grande número de incentivos fiscais e leis ambientais brandas adotados pela maioria dos países periféricos buscando atrair as indústrias dos países poluídos centrais. Enquanto isso, a população permanece alienada e inerte, não exigindo a prática da democracia, que deveria atuar para o povo e não para os macrogrupos neoliberais. Além disso, cumpre questionar o papel da sociedade nesse paradoxo desenvolvimento-destruição ambiental. É fato que a maioria da população se mantém à margem das questões ambientais, por absorver, erroneamente, a falácia de que a tecnologia pode substituir a natureza. Desse modo, os consumidores tecnológicos passam a exigir mais do setor produtivo, que, por sua vez, passa a exaurir o meio-ambiente. Estabelece-se, assim, um círculo vicioso que tem como elo principal um bem finito, que, se quebrado, terá conseqüências desconhecidas e catastróficas para a humanidade. Torna-se evidente, portanto, que o que vem ocorrendo na humanidade é apenas uma sucessão de conquistas e avanços na área tecnológica. O real desenvolvimento só será alcançado quando o homem utilizar a natureza de forma responsável e inteligente. Para tanto, é preciso que sejam criados mecanismos eficazes de fiscalização, sejam eles governamentais ou não. Além disso, deve haver por parte da mídia maior divulgação das questões ambientais, para que a população possa se mobilizar e agir exercendo seus direitos. Assim, estaremos de acordo com a teoria da seleção natural, em que o meio seleciona os mais aptos e não o contrário. Redação 2 Tema: “O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociaisde que o Brasil necessita?” A equação da democracia Comícios estudantis. Diretas já! “Caras-pintadas.” O que se percebe de comum nesses movimentos é a maciça participação do público jovem. A luta para adquirir a liberdade e os direitos políticos foi muito bem representada, mas será que acabou? É preciso alertar a sociedade de que somente com o esforço comum e o ímpeto de bravura de nossos jovens poderemos concretizar a conquista alcançada, e verdadeiramente promover as transformações sociais de que o país necessita. O direito de escolher, por eleições diretas, o próprio governante representou uma grande vitória no quadro político- social do Brasil. O movimento das Diretas Já foi o primeiro passo, e apesar de não ter alcançado de imediato seu objetivo, conseguiu acender na sociedade uma chama muito forte: a da necessidade de busca pela participação política a reivindicação de melhorias sociais. Nessa perspectiva, o que se observa é que o voto é um instrumento muito valioso que foi dado ao eleitor brasileiro. É a nítida certeza de que algo pode ser mudado se as pessoas buscarem sua própria consciência política. Seria, no entanto, utópico pensar em conscientização se antes não for dada ao povo a noção dos seus próprios direitos. É necessário implantar nas instituições educacionais disciplinas que promovam justamente o ensino da cidadania, dos deveres e direitos, e de como lutar, de forma inteligente, por melhores condições sociais, políticas, econômicas e até afetivas. Diante de um povo mais consciente de sua significância na política nacional, a inércia e a imparcialidade da sociedade serão deixadas de lado. Com a promoção de tais mudanças, o povo estará mais alerta para escolher seus candidatos e exigir, tanto antes quanto depois das eleições, a realização das promessas feitas durante o período eleitoral. A população não fi cará mais míope, e conseguirá enxergar que a luta pelo interesse comum deve suplementar as vontades pessoais e partidárias, e que a participação popular, no voto e nos projetos, é de extrema necessidade e grandiosa responsabilidade. O ensino dos direitos políticos, portanto, torna-se uma disciplina indispensável na educação do cidadão brasileiro. Educar baseando-se na equação “conteúdo+conscientização” irá, com toda certeza, promover o enriquecimento do quadro histórico nacional. Caso mudanças como essa sejam alcançadas, e se tornem uma nova conquista, assim como o direito de votar foi, não haverá mais dúvidas quanto ao voto ser facultativo ou obrigatório. Surgirá uma nova perspectiva de prosperidade dentro da sociedade, a participação será em massa e homogênea, e o povo realmente entenderá o verdadeiro significado da palavra democracia. Redação 3 Tema: “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?” As faces da violência no Brasil Muito se tem discutido acerca da violência que aflige a sociedade brasileira de um modo geral. Antes vista como característica dos grandes conglomerados urbanos, hoje ela se faz presente no cotidiano de cada cidadão e se manifesta de diversas formas, desde a física até a moral. Todavia, a sociedade tem encontrado vários entraves no caminho rumo à solução deste panorama, barreiras estas impostas por um modo de pensar determinista e, muitas vezes, preconceituoso. De fato, muitos acreditam ser a violência fruto da profunda desigualdade social de nosso país e baseiam seu pensamento em um sofisma simplista, afirmando que o pobre pratica a violência por ser privado do atendimento de suas necessidades mais básicas. Nesse sentido, eles desculpam grande parte da sociedade pelo problema e partem de uma premissa, que, se verdadeira, faria de todos os miseráveis brasileiros pessoas violentas em potencial. Atrelar a problemática da violência ao estado de pobreza e miséria é dizer que ela é característica de uma única fatia da população e negar seu cunho cultural tão profundo. Verdade é que a violência é tão presente em nosso dia-a-dia que já não apresenta uma face definida, e já não somos capaz de identificá-la tão facilmente. A mídia tem contribuído, nesse sentido, com sua banalização, visto que divulga produções artísticas em geral, nas quais o “bem” vence o “mau” por meio de batalha física. Vence quem for mais forte fisicamente, aquele que melhor saiba utilizar a força como forma de alcançar a vitória. Deste modo, passamos a ver a violência como forma de resolver conflitos, mesmo que o façamos inconscientemente, e passamos a ignorar a importância do diálogo e do debate civilizado. Pode-se, portanto, afirmar que a solução do problema não é de fácil alcance, visto que envolve questões ideológicas e culturais muito arraigadas no pensamento da sociedade. Contudo, uma medida eficiente seria a aplicação de penas mais rígidas para quem fizesse uso da violência em qualquer uma das formas que ela é capaz de assumir, devido ao fato de que a impunidade encoraja, muitas vezes, a prática de atos violentos. Outra solução seria difundir, ainda nas escolas, a PROVA DE REDAÇÃO 12 importância do diálogo e as implicações da violência, contribuindo para a formação de indivíduos mais conscientes quanto ao assunto. Tudo isso, no entanto, não será verdadeiramente eficaz enquanto a sociedade encarar a violência com determinismos e preconceitos, mesmo sabendo que é difícil não nos rendermos à facilidade de culpar a pobreza e assumirmos uma visão simplista do assunto, assim como é difícil identificarmos com clareza aquilo que nos leva a agira de forma violenta muitas vezes. Somente se adotarmos uma postura realmente objetiva seremos capazes de encontrar soluções práticas e funcionais. O problema da violência no Brasil se faz ainda mais urgente, pois o capital utilizado em seu combate poderia ser utilizado para suprir as necessidades da população. Enquanto não conseguirmos resolver este quadro, o país continuará sofrendo com a violência da fome, da miséria, da falta de educação e da insalubridade; violências ainda mais marcantes. Redação 4 Tema: “Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?” Coleira invisível Em uma época marcada por uma cobertura ostensiva da mídia, não são poucos os casos de abusos, como invasões de privacidade e reportagens tendenciosas. Diante desse quadro, muitos sugerem um retrocesso perigoso, com mecanismos de controle que se remetem a épocas sombrias da história brasileira. Entretanto, essa mesma história mostra que soluções radicais costumam ser perigosas, por isso é preciso ter cuidado com propostas precipitadas: nada justifica um cerceamento do trabalho dos meios de comunicação. Nesse contexto, em um palco ocupado por atores que extrapolam em seus papéis e um público acrítico, a solução parece depender, em essência, de algo tão simples quanto raro: bom senso. Sem radicalismos. O caminho para solucionar o conflito enfrenta seu primeiro obstáculo na identificação do problema, afinal é imprecisa a fronteira entre o direito de imprensa e o direito individual: o que é um “abuso”? Nesse sentido, a solução parece ser uma atuação mais presente, veloz e rigorosa do sistema judiciário. Com isso, não se impõem restrições prévias a qualquer conteúdo, ao mesmo tempo em que se inibem abusos pela possibilidade concreta de multas. Basta, para isso, reduzir os entraves burocráticos no acesso à justiça e na definição de sentenças. Apesar de eficientes, essas penas rareariam os abusos na imprensa de forma apenas superficial, pois não atacariam causas profundas do problema. Uma análise cuidadosa revela que a má atuação dos veículos de comunicação é fruto de uma crise de valores tanto de profissionais, que, muitas vezes, agem sabendo que estão errados, quanto das empresas, que permitem e até estimulam práticas imorais. Nesse contexto, é necessária uma mudança de postura: de um lado, as faculdades de comunicação poderiam dar
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