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COMPETÊNCIA DE REDAÇÃO CONCURSO NIVEL MEDIO

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Prévia do material em texto

PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Numa prova de REDAÇÃO, o primeiro desafio que se 
apresenta ao candidato é anterior ao ato de produzir o texto, e 
pode, inclusive, transformar-se em uma armadilha perigosa 
para os desatentos: entender, pelo comando, que tipo de texto 
se deve produzir, a forma adequada de estruturá-lo e, ainda, 
que rumo dar à sua abordagem. Ou seja, decifrar o 
comando! 
A primeira batalha é identificar qual a proposta de redação e, 
consequentemente, o que o examinador espera encontrar no 
texto em questão. Afinal, nos editais mais recentes, há uma 
grande diversidade de tipologias a serem cobradas, inclusive 
a inédita “Injunção” (propagada no edital da Caixa Econômica 
Federal). E mais, nem sempre essas tipologias são divulgadas 
com clareza nos editais. 
No caso da Fundação Carlos Chagas, são cobrados temas de 
abordagem mais filosófica, que devem ser tratados sob a 
forma de uma “Dissertação argumentativa”, a qual exige uma 
estrutura mais formal: introdução, desenvolvimento e breve 
conclusão. Poucas são as provas desta banca em que se 
solicitam temas mais específicos, a não ser que se trate de 
Redação Oficial. 
Já, o CESPE/UnB e a maioria das bancas examinadoras têm 
cobrado a “Dissertação de caráter expositivo”, por meio da 
abordagem de dois ou três aspectos sobre tema específico do 
concurso (constante no edital). Esse tipo de proposta exige 
uma atenção redobrada, porque, além de decifrar o assunto a 
ser explanado em cada um dos aspectos, o candidato precisa 
decidir em que parágrafos estes assuntos deverão ser 
situados. Na maioria das vezes, o 1º aspecto proposto pode 
vir já na introdução e o 3º na conclusão do texto. Já, em 
outros casos, os aspectos podem ser abordados (todos) no 
desenvolvimento, cabendo fazer uma introdução sobre o 
tema. OBS.: Neste caso, jamais se faz uma conclusão. Esta 
se configura pela abordagem do último aspecto proposto. 
Outro ponto importante a se considerar, nos comandos das 
redações, é a solicitação de que todos os aspectos 
relacionados sejam, necessariamente, abordados pelo 
candidato. Neste caso, é forçoso desenvolvê-los na 
sequência proposta e de modo claro, sem reprodução literal 
nem paráfrase. Ali, o que avalia é a noção que o candidato 
tem do assunto apresentado e não a sua “capacidade de 
parafrasear ideias alheias”. 
Todas as decisões sobre a estruturação da redação têm de 
ser tomadas pelo candidato na hora de produzir o texto e de 
maneira muito rápida. Daí, a necessidade de uma 
interpretação assertiva dos comandos. O mais importante 
mesmo é ler com muita atenção todos os enunciados, já que 
as bancas examinadoras estão procurando, de alguma forma, 
inovar nas propostas de produção textual. 
Para não errar: 
1º) Destaque o tipo de texto exigido pela banca (o mais 
comum é uma dissertação) e mantenha-se fiel a ele, ainda 
que a proposta não te pareça clara. Por exemplo, nos “Estudo 
de caso” é comum que o comando peça que se produza uma 
“dissertação”. Isso se deve ao fato de que os “estudos de 
caso” são estruturados sob a forma de uma dissertação; 
2º) Defina qual será a linha de raciocínio que você adotará a 
partir do tema (ou questionamento) apresentado no comando; 
3º) Se o comando determinar a abordagem de alguns 
aspectos, procure reconhecer se existe mesmo um vínculo 
entre eles: caso não exista, não há por que usar conectores 
gramaticais entre eles; 
4º) Determine em que parágrafos estarão situados os 
aspectos e procure explicitá-los com objetividade. Não copie 
nem parafraseie os aspectos; 
5º) Construa o seu texto, sem se desviar da norma culta, 
considerando, sobretudo, a coesão interna das estruturas – a 
qual, consequentemente, ocasionará a fluidez e coerência do 
texto. 
Revisando o texto antes da redação final 
A despeito da alegada falta de tempo, é imprescindível fazer 
uma revisão do texto antes de transcrevê-lo no formulário 
definitivo, principalmente quando se considera que a prova de 
redação é, na maioria das vezes, a responsável por “selar o 
destino” dos candidatos nos certames. Revisar nem sempre 
significa cortar informações ou esticá-las. É certificar-se de 
que está escrito no papel aquilo que se queria efetivamente 
transmitir ao leitor. O trabalho de revisão consiste em verificar 
se o texto está: 
ü correto – que obedeça às regras gramaticais da língua 
portuguesa (a norma culta), sem muito rebuscamento; 
ü coeso – que tenha todos os seus vínculos lógicos 
estabelecidos por meio de elementos gramaticais adequados; 
ü coerente – a ponto de não provocar sobressaltos no leitor 
(que ele compreenda facilmente as ideias já na primeira 
leitura); 
ü conciso – para que o leitor não tenha a impressão de estar 
perdendo tempo na leitura. 
Enfim, o propósito da revisão é garantir que o leitor (corretor) 
não encontre as mesmas dificuldades de compreensão que 
você (candidato) tenha encontrado ao ler, pela primeira vez, 
seu próprio texto. Seguramente isso influenciará, de maneira 
bastante positiva, na pontuação que ele atribuirá ao seu 
trabalho. 
Para não errar: 
Antes de passar o texto “a limpo” para o formulário definitivo, 
releia-o como se não fosse você que o tivesse escrito e 
verifique se constitui um todo coerente. Para isso, siga os 
passos abaixo: 
1º) Identifique as construções gramaticais truncadas que 
podem dificultar a compreensão das ideias (lembre-se de que 
não estará perto do leitor para esclarecer possíveis dúvidas); 
2º) Verifique se os trechos estão realmente bem distribuídos 
nos parágrafos, estabelecendo uma concatenação adequada 
entre os períodos. 
3º) Elimine qualquer marca de subjetividade, adjetivação 
excessiva, redundâncias ou afirmações irrelevantes; 
4º) Procure transpor-se para a posição do leitor, para saber se 
as suas informações se antecipam às possíveis indagações 
dele. 
5º) Finalmente, transcreva o texto para o formulário definitivo. 
Sugestões de leitura: 
Revistas: 
 CartaCapital 
 Le Monde Diplomatique – Brasil 
 Caros Amigos 
 Fórum – Outro mundo em debate 
 Língua Portuguesa 
Jornais: 
 Correio Braziliense 
 O Globo 
 O Estado de São Paulo 
 Folha de São Paulo (edição de domingo, 
principalmente) 
 Almanaque Abril: Atualidades para o ENEM e 
Vestibular 
Sites: 
www.correiocidadania.com.br (Correio da Cidadania) 
www.lemondediplomatiquebrasil.com.br (Le monde 
Diplomatique – Brasil) 
 
1. FIDELIDADE AO TEMA E AO COMANDO 
http://www.correiocidadania.com.br/
http://www.lemondediplomatiquebrasil.com.br/
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
2 
 
 
 
 COMO ESCREVER BEM UMA REDAÇÃO 
 
 Os grandes escritores possuem tal convívio e 
domínio da linguagem escrita como maneira de 
manifestação que não se preocupam mais em 
determinar as partes do texto que estão produzindo. 
A lógica da estruturação do texto vai determinando, 
simultaneamente, a distribuição das partes do texto, 
que deve conter começo, meio e fim. 
 
 O aluno, todavia, não possui muito domínio das 
palavras ou orações; portanto, torna-se fundamental 
um cuidado especial para compor a redação em 
partes fundamentais. Alguns professores costumam 
determinar em seus manuais de redação outra 
nomenclatura para as três partes vitais de um texto 
escrito. Ao invés de começo, meio e fim, elas 
recebem os nomes de introdução, desenvolvimento e 
conclusão ou, ainda, início, desenvolvimento e fecho. 
Todos esses nomes referem-se aos mesmos 
elementos. Parece-nos que irrelevante o nome que 
cada pessoa atribui. O importante é que as pessoas 
saibam que elas devem existir em sua redação. 
 
 Vejamos, sucintamente, cada uma delas. 
 
 A. Introdução (início, começo) 
 
 Podemos começar uma redação fazendo uma 
afirmação, uma declaração, uma descrição, uma 
pergunta, e de muitas outras maneiras. O que se 
deve guardar é que uma introdução serve para lançar 
o assunto, delimitar o assunto, chamar a atenção do 
leitor para o assunto que vamos desenvolver. 
 Uma introdução não deve ser muito longa para não 
desmotivar o leitor. Se a redação dever ter trinta 
linhas, aconselha-se a que o aluno use de quatro a 
seis para a parte introdutória. 
 
 Defeitos a evitar 
 
 I. Iniciar uma ideia geral, mas que não se relaciona 
com a segunda parte da redação. 
 II. Iniciar com digressões (o início dever ser curto). 
 III. Iniciar com as mesmas palavras do título. 
 IV. Iniciar aproveitando o título, com se este fosse um 
elemento d primeira frase. 
 V. Iniciar com chavões 
 
 Exemplos: 
 
 Desde os primórdios da Antiguidade... 
 Não é fácil a respeito de... 
 Bem, eu acho que... 
 Um dos problemas mais discutidos na atualidade... 
 
 B. Desenvolvimento (meio, corpo) 
 
 A parte substancial e decisória de uma redação é o 
seu desenvolvimento. É nela que o aluno tem a 
oportunidade de colocar um conteúdo razoável, 
lógico. Se o desenvolvimento da redação é sua parte 
mais importante, deverá ocupar o maior número de 
linhas. Supondo-se uma redação de trinta linhas, a 
redação deverá destinar de catorze (14) a dezoito 
(18) linhas para o corpo ou desenvolvimento da 
mesma. 
 Defeitos a evitar 
 
 I. Pormenores, divagações, repetições, exemplos 
excessivos de tal sorte a não sobrar espaço para a 
conclusão. 
 
 C. Conclusão (fecho, final) 
 
 Assim como a introdução, o fim deverá ocupar uma 
pequena parte do texto. Se a redação está planejada 
para trinta linhas, a parte da conclusão deve ter 
quatro a seis linhas. 
 
 Na conclusão, nossas ideias propõem uma solução. 
O ponto de vista do escritor, apesar de ter aparecido 
nas outras partes, adquire maior destaque na 
conclusão. 
 
 Se alguém introduz um assunto, desenvolve-o 
brilhantemente, mas não coloca uma conclusão: o 
leitor sentir-se-á perdido, estupefato. 
 Defeitos 
 
TÉCNICAS DE REDAÇÃO - NARRAÇÃO, 
DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO 
I - NARRAÇÃO 
Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que 
algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que 
fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado: 
onde ? 
| 
quando? --- FATO --- com quem? 
| 
como? 
 
A representação acima quer dizer que, todas as vezes que 
uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba 
sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o 
episódio. 
É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto 
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos 
VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS 
DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto 
narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, 
recebe o nome de ENREDO. 
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas 
PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas 
no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro 
acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no 
texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS. 
Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem 
querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar) as ações 
do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde 
ocorre uma ação ou ações é chamado de ESPAÇO, 
representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR. 
Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer 
"quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da 
narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através 
dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS 
DE TEMPO. 
É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que 
indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história 
contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial 
da história, também chamada de prólogo), pelo 
DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente 
dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de 
trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou 
epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que 
pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou 
IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...). 
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de 
ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos 
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
3 
 
 
substantivos que nomeiam as personagens, que são os 
agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as 
ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria 
história contada. 
II - DESCRIÇÃO 
Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum 
lugar através de características que particularizem o 
caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. 
Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É 
"fotografar" com palavras. 
No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais 
adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO 
(SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, 
PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as 
características - representadas linguisticamente pelos 
ADJETIVOS - aos seres caracterizados - representados pelos 
SUBSTANTIVOS. 
Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-
Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 
1 com 2 : é 
Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações 
objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que 
dependem do ponto de vista de quem descreve e que se 
referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: 
Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! 
(carcterização subjetiva). 
III - DISSERTAÇÃO 
Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de 
redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO. 
Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de 
um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem 
escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir 
opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que 
elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só 
acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, 
comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem 
ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, 
persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de 
uma dissertação. 
Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu 
autor coloque no texto seus pontos de vista como se não 
fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, 
especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira 
IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher 
lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E 
PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa 
como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos 
de quem disserta. 
Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira 
CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA: 
 
a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz 
de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES 
(=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo 
da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as 
conjunções são chamadas de MARCADORES 
ARGUMENTATIVOS. 
b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e 
coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e 
CONCLUSÃO. 
A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, 
através de um CONCEITO ( e conceituar é GENERALIZAR, 
ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em 
relação aos outros seres da sua espécie) ou através de 
QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido 
de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO 
PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é 
interessante seguir esses passos: 
1. Transforme o tema numa pergunta; 
2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA); 
3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o 
ARGUMENTO). 
O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o 
argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES 
e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros, reconhecidos 
publicamente). 
A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o 
seu autor deve "amarrar" resumidamente ( se possível, numa 
frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTAinicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito 
como verdadeiro. 
Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que 
seu autor: 
1. Entenda bem o tema; 
2. Reflita a respeito dele; 
3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. 
Faça a organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a 
quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade 
de parágrafos que a dissertação terá 
no DESENVOLVIMENTO do texto. 
 
 
 
 
 
 
emonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos 
necessários para a construção da argumentação 
Os 
aspectos a serem avaliados nesta competência dizem respeito 
à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A 
organização textual exige que as frases e os parágrafos 
estabeleçam entre si uma relação que garanta a 
sequenciação coerente do texto e a interdependência das 
ideias. 
Esse encadeamento pode ser expresso por conjunções, por 
determinadas palavras, ou pode ser inferido a partir da 
articulação dessas ideias. 
Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são 
responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem inter-
relação de orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será 
composto de um ou mais períodos também articulados; cada 
ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores. 
Assim, na produção da sua redação, você deve utilizar 
variados recursos linguísticos que garantam as relações de 
continuidade essenciais à elaboração de um texto coeso. Na 
avaliação dessa competência, será considerado o seguinte 
aspecto: 
Encadeamento textual 
Para garantir a coesão textual, devem ser observados 
determinados princípios em diferentes níveis: 
– Estruturação dos parágrafos: Um parágrafo é uma 
unidade textual formada por uma ideia principal à qual se 
ligam ideias secundárias. No texto dissertativo-argumentativo, 
os parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, por 
causa-consequência, por exemplificação, por detalhamento, 
entre outras possibilidades. Deve haver uma articulação entre 
um parágrafo e outro. 
– Estruturação dos períodos: Pela própria especificidade do 
texto dissertativo-argumentativo, os períodos do texto são, 
normalmente, estruturados de forma complexa, formados por 
duas ou mais orações, para que se possam expressar as 
ideias de causa-consequência, contradição, temporalidade, 
comparação, conclusão, entre outras. 
2. ORGANIZAÇÃO/SEQUENCIAÇÃO 
COERENTE DE IDEIAS 
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
4 
 
 
– Referenciação: As referências a pessoas, coisas, lugares, 
fatos são introduzidas e, depois, retomadas, à medida que o 
texto vai progredindo. Esse processo pode ser expresso por 
pronomes, advérbios, artigos ou vocábulos de base lexical, 
estabelecendo relações de sinonímia, antonímia, hiponímia, 
hiperonímia, uso de expressões resumitivas, expressões 
metafóricas ou expressões metadiscursivas. 
RECOMENDAÇÕES 
Procure utilizar as seguintes estratégias de coesão para se 
referir a elementos que já apareceram anteriormente no texto: 
a) substituição de termos ou expressões por pronomes 
pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que 
indicam localização, artigos; 
b) substituição de termos ou expressões por sinônimos, 
antônimos, hipônimos, hiperônimos, expressões resumitivas 
ou expressões metafóricas; 
c) substituição de substantivos, verbos, períodos ou 
fragmentos do texto por conectivos ou expressões que 
resumam e retomem o que já foi dito; e d) elipse ou omissão 
de elementos que já tenham sido citados anteriormente ou 
sejam facilmente identificáveis. 
Resumindo: na elaboração da redação, você deve, pois, 
evitar: 
• frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico-
gramatical; 
• sequência justaposta de ideias sem encaixamentos 
sintáticos, reproduzindo usos típicos da oralidade; 
• frase com apenas oração subordinada, sem oração principal; 
• emprego equivocado de conector (preposição, conjunção, 
pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que 
não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto e 
prejudique a compreensão da mensagem; 
• emprego do pronome relativo sem a preposição, quando 
obrigatória; e 
• repetição ou substituição inadequada de palavras, sem 
empregar os recursos oferecidos pela língua (pronome, 
advérbio, artigo, sinônimo). 
 
A coesão referencial e a coesão sequencial são chamadas 
de recursos coesivos por estabelecerem vínculos entre 
as palavras, orações e as partes de um texto. 
Coesão referencial 
A coesão referencial é responsável por criar um sistema 
de relações entre as palavras e expressões dentro de 
um texto, permitindo que o leitor identifique os termos aos 
quais se referem. O termo que indica a entidade ou situação 
a que o falante se refere é chamado de referente. 
Exemplo: 
 Ana Elisabete gritou. Ela fica apavorada quando fica 
sozinha, apesar de ser uma menina calma e 
inteligente. 
Nesse exemplo, o termo referente é Ana Elisabete. Todas as 
vezes que o referente precisa ser retomado no texto, 
podemos utilizar outras palavras para que os leitores possam 
retornar e recuperar a ideia. 
É bastante frequente o uso de figuras de 
construção/sintaxe para a coesão referencial, como 
as anáforas, catáforas, elipses e as correferências não 
anafóricas (contiguidades, reiterações). 
Coesão sequencial 
A coesão sequencial é responsável por criar as condições 
para a progressão textual. De maneira geral, as flexões de 
tempo e de modo dos verbos e as conjunções são os 
mecanismos responsáveis pela coesão sequencial nos 
textos. 
Os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para 
que as partes e as informações do texto possam ser 
articuladas e relacionadas. Além da progressão das partes do 
texto, os mecanismos de coesão sequencial contribuem para 
o desenvolvimento do recorte temático. Dessa forma, o 
autor do texto evita falta de coesão, garantindo boa 
articulação entre as ideias, informações e argumentos no 
interior do texto e, principalmente, a coerência textual. 
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) 
→ Separamos para você alguns termos responsáveis pela 
coesão sequencial nos textos: 
Adição/inclusão - Além disso; também; vale lembrar; pois; 
outrossim; agora; de modo geral; por iguais razões; inclusive; 
até; é certo que; é inegável; em outras palavras; além desse 
fator... 
Oposição - Embora; não obstante; entretanto; mas; no 
entanto; porém; ao contrário; diferentemente; por outro lado... 
Afirmação/igualdade - Felizmente; infelizmente; obviamente; 
na verdade; realmente; de igual forma; do mesmo modo que; 
nesse sentido; semelhantemente... 
Exclusão - Somente; só; sequer; senão; exceto; excluindo; 
tão somente; apenas... 
Enumeração - Em primeiro lugar; a princípio... 
Explicação - Como se nota; com efeito; como vimos; 
portanto; pois; é óbvio que; isto é; por exemplo; a saber; de 
fato; aliás... 
Conclusão - Em suma; por conseguinte; em última análise; 
por fim; concluindo; finalmente; por tudo isso; em síntese, 
posto isso; assim; consequentemente... 
Continuação - Em seguida; depois; no geral; em termos 
gerais; por sua vez; outrossim... 
 
Dicas para a clareza textual: 
1 – Fique por dentro do tema: Para ficar preparado para 
discorrer sobre qualquer assunto, você deve manter-se 
informado; revistas, jornais impressos e conteúdos virtuais de 
fontes confiáveis são indispensáveis. O domínio sobre o tema 
influi diretamente na clareza da escrita. 
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) 
2- Períodos longos X Períodos curtos: Para construir 
períodos curtos, pontue mais. Frases longas, cheias de 
períodos, tendem a confundir o leitor e até mesmo quem está 
escrevendo. A sequenciação lógica depende da organização 
sintática das frases, por isso, fique atento para não errar e 
assim prejudicar a coerência de seus argumentos. 
3- Cuidado com a pontuação: Um texto que abre mão da 
boa pontuação fica vulnerável a diversos problemas textuais, 
entre eles a ambiguidade. A construção de sentidos de umtexto depende dos sinais de pontuação, como vírgulas e 
pontos-finais. Sem eles o leitor certamente encontrará 
dificuldades para a compreensão. 
4- Ordem direta X Inversões sintáticas: Nos textos não 
literários, prefira a ordem direta, cuja construção sintática 
obedece à regra sujeito + verbo + complemento. Ao privilegiar 
a ordem direta, você estará contribuindo para a clareza 
textual. Nos textos literários, inversões estão liberadas, já que 
nesse tipo de linguagem há um compromisso com aspectos 
estilísticos da escrita. 
5- Evite abreviaturas e siglas: Recursos muito utilizados 
quando precisamos redigir de maneira dinâmica, as 
abreviaturas e as siglas devem ser evitadas na linguagem 
escrita, pois devemos considerar a possibilidade de que nem 
todos os leitores conheçam determinado termo em sua forma 
reduzida. 
6- Subjetividade X objetividade: A subjetividade é um 
recurso expressivo da linguagem que deve ficar restrito aos 
textos literários. Subjetivismos geralmente revelam estados 
emocionais, característica que prejudica a objetividade e a 
clareza textual. 
7- Uso do vocabulário: Usar termos obsoletos e obscuros 
prejudicam a clareza textual, principalmente quando 
empregados fora do contexto. Uma palavra fora do lugar já é o 
suficiente para confundir o leitor, portanto, escolha 
cuidadosamente cada palavra e evite aquelas cujo significado 
você não tenha muita certeza. 
 
 
 
https://www.portugues.com.br/gramatica/frase-oracao-periodo.html
https://www.portugues.com.br/redacao/figuras-construcao-ou-sintaxe.html
https://www.portugues.com.br/redacao/figuras-construcao-ou-sintaxe.html
https://www.portugues.com.br/gramatica/flexoes-verbais.html
https://www.portugues.com.br/gramatica/flexoes-verbais.html
https://www.portugues.com.br/gramatica/conjuncoes.html
https://www.portugues.com.br/redacao/textos-sem-coesao.html
https://www.portugues.com.br/redacao/tipos-coerencia.html
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua 
portuguesa é um elemento dinâmico que sofre modificações 
históricas, culturais e sociais. 
A língua portuguesa é o código mais utilizado entre os 
brasileiros. Poderoso instrumento de interação social, a língua 
pertence a todos os membros de uma comunidade, o que faz 
dela um patrimônio social e cultural que evolui e transforma-se 
historicamente. Pensar na língua como um elemento imutável 
é um grande equívoco: a língua é dinâmica e modifica-se de 
acordo com a necessidade dos grupos sociais que dela fazem 
uso. 
As variedades linguísticas corroboram a ideia de dinamismo 
da língua: de acordo com as condições sociais, culturais, 
regionais e históricas, a língua sofre variações que melhor se 
adaptam às necessidades de determinado grupo. Entre os 
tipos de variações linguísticas estão os dialetos e 
registros, fenômenos que comprovam na prática que não 
existe um modelo linguístico a ser seguido na modalidade 
oral. Mas o que são dialetos e registros? 
É chamada de dialeto a variedade de uma língua própria de 
uma região ou território. Devem ser consideradas também as 
diferenças linguísticas originadas em virtude da idade dos 
falantes, sexo, classes ou grupos sociais e da própria 
evolução histórica da língua: pessoas que se identificam e 
utilizam uma linguagem mais ou menos comum, com 
vocabulário, expressões e gírias próprias do grupo. As 
diferenças regionais, no que diz respeito ao vocabulário, são 
exemplos de variação territorial. É caso, por exemplo, da raiz 
que em determinadas regiões é conhecida como “mandioca”, 
mas que em outras áreas recebe o nome de “aipim” ou 
“macaxeira”. Observe o exemplo: 
“A farinha é feita de uma planta da família das 
euforbiáceas, euforbiáceas 
de nome manihot utilíssima que um tio meu apelidou de 
macaxeira 
e foi aí que todo mundo achou melhor!... 
 
A farinha tá no sangue do nordestino 
eu já sei desde menino o que ela pode dar 
e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha 
vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau 
farinha com feijão é animal! 
 
O cabra que não tem eira nem beira 
lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira 
a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá 
e em tudo que é farinhada a macaxeira tá 
você não sabe o que é farinha boa 
farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas...”. 
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(Farinha - Djavan) 
Chamamos de registros as variações que ocorrem de acordo 
com o grau de formalismo existente em uma determinada 
situação: há situações em que a variedade padrão, ou norma 
culta, é a melhor opção, aquela que estabelecerá uma maior 
sintonia entre os interlocutores. Nas entrevistas de emprego, 
em redações para concursos e vestibulares e em exposições 
públicas, por exemplo, a variedade linguística exigida, na 
maioria das vezes, é a padrão, por isso é indispensável 
conhecê-la bem para adequarmos a comunicação de acordo 
com a pertinência do momento. Em contrapartida, há 
situações de uso em que a variedade não padrão (gírias, 
regionalismos, jargões) é aquela que melhor se encaixa no 
contexto comunicacional. 
 
A variedade padrão nem sempre é a mais adequada. Em 
determinadas situações, a variedade não padrão favorece a 
comunicação entre os falantes 
Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua é 
um conjunto de variedades, ou seja, há diversas maneiras de 
falar ou escrever. Em relação à fala, jugar que existe o certo e 
o errado significa desconsiderar e desprestigiar determinado 
dialeto ou registro, manifestações culturais, sociais e 
históricas legítimas de um grupo. Quando entendemos que as 
línguas são conjuntos de variedades, entendemos também 
que as regras da língua portuguesa são variáveis, e não 
categóricas. Dizer que alguém fala o português melhor ou pior 
do que alguém, desconsiderando fatores sociais como o nível 
de escolaridade ou grupo e classes diferentes, só reforça a 
combatida ideia do preconceito linguístico, tão presente em 
nossa cultura. 
 
EFEITO RETROATIVO 
3.1 Definição e características 
Considerando a solicitação explícita de gêneros textuais de 
ampla circulação social na prova de redação do vestibular da 
UFCG, conforme a análise apresentada na seção anterior, 
acreditamos que, dentre as inovações do processo seletivo, a 
prova de redação pode-se configurar como elemento 
propiciador de um efeito retroativo desse vestibular no ensino 
médio em Campina Grande, mais especificamente na atitude 
de candidatos que participaram desse processo seletivo. 
A formulação do conceito de efeito retroativo 
(backwash ou washback) decorre da constatação de que a 
avaliação exerce influência sobre o ensino, sobretudo quando 
se trata de avaliação externa e seletiva de um grande 
contingente de candidatos. 
Nesse sentido, esse conceito diz respeito às consequências 
dos testes de avaliação no processo de ensino-aprendizagem, 
nos seus participantes e no produto desse processo. Segundo 
Bailley (1996 apud SCARAMUCCI, 2004, p. 221), de forma 
bem simples, podemos caracterizar os participantes como 
alunos, professores, elaboradores de materiais didáticos. Já 
3. REGISTRO DE LÍNGUA ADEQUADO AO 
GÊNERO SOLICITADO E AO EFEITO DE 
SENTIDO PRETENDIDO 
https://www.portugues.com.br/redacao/variacao-linguistica-lingua-movimento.html
https://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html
https://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html
https://www.portugues.com.br/redacao/variacoes-linguisticas-preconceito-linguistico.html
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
6 
 
 
o processo refere-se às percepções e atitudes dos 
participantes, as quais poderão contribuir com a 
aprendizagem, a exemplo de mudanças na metodologia 
empregada ou nos conteúdos de ensino selecionados. 
O produto, por sua vez, refere-se àquilo que é aprendido e à 
qualidade da aprendizagem. 
O vestibular, por exemplo, podeinfluenciar no ensino, na 
aprendizagem, no currículo e na elaboração de materiais 
didáticos, bem como nas atitudes e motivações dos 
envolvidos - alunos, professores, pais e sociedade em geral. 
Essa influência pode ser exercida antes da aplicação do 
exame, levando os participantes do processo a tomarem 
atitudes que, provavelmente, não tomariam e, de igual 
maneira, a deixarem de realizar determinadas ações que, 
possivelmente, realizariam. Do mesmo modo, um teste pode 
ser reformulado e/ou revisto após comentários de seus 
participantes, notadamente candidatos e professores desses 
candidatos. 
Scaramucci (2004, p. 206) aponta algumas variáveis do efeito 
retroativo, dentre as quais podemos destacar: 
1) especificidade - o efeito retroativo pode ser geral, quando é 
produzido por um exame sem levar em conta suas 
características ou conteúdos, ou específico, quando leva em 
conta o conteúdo do teste; 
2) intensidade - o impacto pode ser forte, quando determina 
todas as atividades de sala de aula ou todos os participantes, 
ou fraco, quando afeta parte da aula e alguns professores e 
alunos; 
3) extensão - pode ser curta, quando a influência do exame só 
ocorre até a sua execução, ou longa, quando a influência 
continua mesmo após a aplicação do exame; 
4) valor - positivo, quando o objetivo almejado pelo exame é 
alcançado, ou negativo, quando a meta do exame não é 
atingida. 
Acrescentaríamos a esse leque de variáveis do efeito 
retroativo a categoria difusa. Estamos entendendo o efeito 
retroativo como difuso quando o impacto de um determinado 
exame não se apresenta de forma clara, de modo que não 
conseguimos identificar o que de fato influencia os 
participantes do exame: se a prova, se a teoria, se outros 
participantes ou se todos esses elementos. 
Vale salientar que as definições de "positivo" e "negativo" são 
muito relativas, uma vez que a variável "valor" não é sinônima 
de validade. Ou seja, o fato de um exame ter provocado um 
efeito retroativo negativo não implica dizer, necessariamente, 
que o teste não seja válido. Um teste pode ser considerado 
válido mesmo que não tenha induzido no sistema educacional 
mudanças curriculares e/ou metodológicas, as quais poderiam 
proporcionar o desenvolvimento de habilidades e 
competências que o teste se propõe avaliar. Isso porque há 
outros fatores que podem evitar ou promover o efeito 
retroativo de um exame, a exemplo da formação profissional 
dos professores, da sua experiência e das suas crenças sobre 
ensino e avaliação ou, no caso dos alunos, a história de vida 
deles, assim como as práticas cotidianas com as quais têm 
contato. 
Pensando no concurso vestibular, poderíamos supor que este 
acarretaria, pelo menos, dois efeitos positivos, a saber: 
1) os professores preparariam mais cuidadosamente as aulas 
para que seus alunos pudessem obter bons resultados no 
exame; 
2) os alunos estudariam mais, prestariam mais atenção às 
aulas, com o objetivo de serem aprovados no exame. 
Todavia, esse teste poderia ocasionar, como efeitos 
negativos, 
1) um abalo no componente psicológico/emocional em alguns 
alunos, uma vez que, como o exame visa selecionar e 
classificar candidatos a um número limitado de vagas, causa 
ansiedade nos examinandos, podendo interferir 
negativamente no seu desempenho durante o período 
preparatório e durante o exame; 
2) os professores tendem a ensinar para o teste, temendo, 
talvez, que seus alunos não sejam aprovados. 
Estudos como os conduzidos no Brasil por Scaramucci (1999, 
2001, 2002), Avelar (2001), Correia (2003) e Lanzoni (2004) 
comprovaram a existência de efeito retroativo relacionado ao 
vestibular da Unicamp, da UEL e da UFPR, no que diz 
respeito, especificamente, à prova de inglês, língua 
estrangeira. Esses estudos apresentam uma base consistente 
para um estudo sobre o efeito retroativo da prova de redação 
do vestibular da UFCG, que opera com o conceito de gênero 
textual, recentemente introduzido na formação de professores 
e na elaboração de materiais didáticos para a educação 
básica. 
Entendendo que o exame de vestibular tem caráter seletivo e 
classificatório e que proporciona ao candidato que o realiza a 
disputa por uma vaga no ensino superior, que é considerado 
um teste externo ao ensino médio, entendemos que esse 
exame tem alta relevância e pode causar algum impacto nas 
atitudes de candidatos. Assim, os depoimentos desses 
sujeitos são indícios importantes para se investigar o efeito 
retroativo da prova focalizada neste trabalho. 
3.2 Efeito retroativo forte 
3.2.1 Conhecimento de gêneros textuais 
Partimos do pressuposto de que o efeito retroativo sobre a 
prova de redação poderia manifestar-se no depoimento de 
candidatos, i.e., nas respostas emitidas às perguntas 
formuladas na sessão reflexiva. 
Estando cientes do tipo de atividade da qual participariam, os 
candidatos foram indagados, inicialmente, sobre o seu 
conhecimento acerca da noção de gêneros textuais, bem 
como acerca da potencial influência dessa noção em suas 
aulas de redação. Os candidatos oriundos tanto da rede 
pública como da particular deram respostas semelhantes, 
evidenciando o efeito retroativo dessa noção nas aulas a que 
assistiram como alunos da terceira série do ensino médio. 
Vejamos as respostas abaixo: 
Exemplo 1: 
Q
5
 - 1. Você tem conhecimento do tema "gênero textual"? Em 
caso afirmativo, que gêneros seu professor indicava para você 
produzir em sala e/ou extra-sala? 
A1
6
: bom... a gente... a gente produziu praticamente todos os 
gêneros assim... o professô procurou treiná o máximo possível 
redação... explicava direitinho todos os gêneros textuais. Tem 
até uns que dificilmente poderiam caí no vestibular... como a 
crônica. 
A2: eu também... assim... o professô abrangia todos os 
gêneros de redação. É... desde artigo de opinião, dissertação, 
esses mais simples, até crônica, é... depoimento. Ele... é... 
buscou assim...passar pra gente todos os tipos. 
A6: É... os gêneros que a gente viu acho que foram a maioria: 
artigo de opinião, depoimento, carta de solicitação [...] (grifo 
nosso). 
Como podemos perceber, esses candidatos afirmaram 
conhecer os gêneros textuais, citaram, inclusive, diversos 
deles, a exemplo de artigo de opinião, depoimento, crônica e 
carta de solicitação, sinalizando que a abordagem de tipos 
textuais, sobretudo narrativo, descritivo e dissertativo, 
tradicionalmente realizada na escola, parece estar sendo 
substituída pelo estudo de gêneros. Essa substituição pode 
ser entendida, em parte, devido ao redirecionamento das 
propostas de redação do vestibular da UFCG. Considerando 
que um dos objetivos principais do ensino médio, 
especialmente da terceira série desse nível de ensino, tem 
sido preparar o aluno para ingressar no ensino superior, 
parece entendível a mudança, no que tange à redação, do 
conteúdo programático indicado normalmente no currículo 
escolar para a adesão do apresentado no Manual do 
candidato ao vestibular. Além disso, o fato de os alunos 
citarem os gêneros parece sinalizar o efeito difuso da natureza 
das propostas de redação indicadas no vestibular da UFCG. 
Difuso, porque, embora não saibamos, exatamente, qual é o 
tipo de abordagem feito com esse modelo de texto em sala de 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back5
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back6
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
7 
 
 
aula, a referência aos gêneros já se configura no discurso dos 
candidatos. 
Todavia, não podemos descartar a possibilidade de que as 
escolas sofreram (sofrem) efeito retroativo também dos novos 
referenciais nacionais de ensino de línguas (PCN de língua 
portuguesa e línguas estrangeiras), que fazem indicação 
explícita dos gêneros como objeto de ensino e destacam a 
importância de considerar as características dos gêneros na 
leitura e produção de textos. 
Em todo caso, notamos a aceitação da proposta de redação 
apresentada novestibular da UFCG por parte dos candidatos, 
que, por sua vez, devem ter sido influenciados pelos seus 
professores. Embora não tenhamos investigado a prática 
desses docentes nem realizado uma entrevista com eles, 
inferimos a partir das respostas dos candidatos que tais 
professores parecem ter aderido também ao novo 
direcionamento dado à prova de redação. 
Isso se confirma quando os candidatos enfatizam que seus 
professores realizaram um trabalho intensivo com (ou sobre) 
os gêneros. As partes em destaque nas falas expostas no 
Exemplo 1 demonstram essa preocupação em dizer que os 
professores abrangiam todos os gêneros, que os gêneros 
estudados e/ou produzidos foram a maioria, praticamente 
todos. Essas assertivas revelam o efeito retroativo forte da 
prova de redação proposta pela UFCG, a qual parece ter 
influenciado, assim, tanto o processo de ensino-aprendizagem 
como os seus participantes - alunos e professores. O fato de 
afirmar que estudaram todos os gêneros (será possível?) 
agrega valor aos sujeitos que deixam transparecer a imagem 
de que estavam preparados para o processo seletivo e de que 
um dos responsáveis por isso são os professores que 
procuraram trabalhar praticamente todos os gêneros - "desde 
artigo de opinião, dissertação, esses mais simples, até 
crônica, é [...] depoimento". 
Esse trabalho intensivo com gêneros em sala de aula causou 
um efeito retroativo nos candidatos que produziram a redação 
de vestibular, visto que todos afirmaram conhecer os gêneros 
solicitados nessa questão, exceto A2 - "assim... eu não 
conhecia o memória... mas mesmo assim, é... as instruções 
nesse quadrinho, é... me ajudaram um pouco a fazer a 
redação". No entanto, o desconhecimento do gênero, segundo 
A2, não foi um empecilho para produzi-lo, haja vista a 
exposição, na prova, das suas características. Sendo assim, 
esse argumento parece confirmar também a aceitabilidade 
dos candidatos ao novo tipo de prova de redação. 
As falas dos candidatos parecem apontar, então, para a 
adesão à recente concepção de redação adotada no 
vestibular da UFCG, pautada em gêneros, a qual vem 
causando um efeito retroativo em algumas escolas de 
Campina Grande (cf. SILVA e LINO DE ARAÚJO, 2006, 
ROCHA e LINO DE ARAÚJO, 2006). Essa adesão à natureza 
das propostas de redação apresentadas pela UFCG, 
consequentemente, à teoria dos gêneros pode ser verificada 
também quando a maioria dos candidatos disse não ter 
sentido dificuldades na produção dos gêneros indicados na 
escola e no vestibular, conforme mostraremos no item 
seguinte. 
3.2.2 (Não) Apresentação de dificuldade na produção de 
gêneros 
O redirecionamento da natureza da prova de redação do 
vestibular aqui focalizado parece ter sido bem-aceito pelos 
seus participantes, já que não manifestaram, em geral, 
nenhuma reclamação ou crítica. Pelo contrário, uma vez 
indagados sobre as dificuldades ao produzir os gêneros 
solicitados na escola e no vestibular, a maioria disse que 
conseguiu produzi-los. 
Embora tenhamos dito aos candidatos que poderiam 
concordar ou discordar do tipo de prova de redação 
apresentado pela UFCG, eles evidenciaram, ao longo da 
sessão reflexiva, que a proposta pautada na concepção de 
gêneros não lhes foi um empecilho. Isso demonstra o impacto 
do exame no ensino-aprendizagem, nas atitudes dos 
participantes, assim como no currículo da escola, visto que, 
diante do redirecionamento proposto pelo exame, boa parte 
dos professores sentiu a necessidade de alterar o conteúdo 
programático de modo a preparar os alunos para atenderem 
as expectativas dos corretores de redação de vestibular. 
Nessa situação, parece-nos haver uma aceitação passiva da 
mudança na grade curricular. Em momento algum, os 
candidatos questionaram a substituição do estudo de 
dissertação, narração e descrição, durante muitos anos 
realizado na escola, pelo estudo de gêneros, uma teoria ainda 
em fase de consolidação para os professores. É evidente que 
não podemos negar uma relação hierárquica entre 
universidade e ensino médio, este é uma preparação para o 
ingresso naquele. Então, se a escola almeja que seus alunos 
sejam aprovados no concurso, precisa trabalhar na linha 
teórica que o subjaz ou, juntamente com outras escolas, 
defender os conteúdos indicados, tradicionalmente, no 
currículo escolar. 
A aceitação da proposta de redação da UFCG se revela até 
nas falas dos candidatos que destacaram dificuldades na 
produção dos gêneros. Vejamos o exemplo abaixo: 
Exemplo 2: 
Q - 2. Você sentiu dificuldade em produzir os gêneros 
solicitados pelo seu professor? 
A2: não... só... assim... mais difícil... é... têm gêneros que são 
bastante parecidos, aí... eu senti dificuldades de... é... 
distinguir, por exemplo, o relato e o depoimento. 
A6: É... assim... a gente, eu, pelo menos, tenho dificuldade de 
escrever. Assim... acho que... assim... devido porque não lê, 
você não vai ta por dentro do assunto. Vai ser difícil você 
desenvolver o assunto, se não tiver nenhum conhecimento. 
A7: É... eu senti dificuldade porque... eu...escrevia uma coisa, 
ai... quando vou olhar, é outro gênero. É muito parecido, 
assim [...]. 
Nesse exemplo, notamos dois tipos de dificuldades na escrita 
dos gêneros: o fato de os gêneros ser parecido, argumento de 
A2 e A7, e o desconhecimento do tema, justificativa de A6. No 
primeiro caso, o sujeito reconhece um dos problemas típicos 
da abordagem dos gêneros, a diferenciação entre eles. 
Embora estejam surgindo vários trabalhos sobre a teoria e a 
metodologia de gêneros, há pouca literatura sobre a descrição 
e a caracterização da maioria deles. Nesse sentido, os 
candidatos poderiam argumentar que produzir os tipos 
textuais seria mais fácil, porque são poucos e a estrutura 
deles parece ser mais consolidada. Entretanto, deixam-se 
influenciar pela divulgação da teoria dos gêneros, aceitando-a 
sem questionamentos, conforme verificamos na sessão 
reflexiva realizada. 
No segundo caso, A6 destaca a falta de leitura como uma 
dificuldade para produzir os gêneros, argumentando que, se a 
pessoa não lê, não fará uma boa abordagem do tema. 
Concordamos com A6, quando diz que, para escrever, é 
preciso ter o que dizer, mas, no caso da proposta de redação 
focalizada, todos os textos apresentados na prova de língua 
portuguesa tratavam do tema indicado na redação, 
contribuindo, diretamente, para a reflexão sobre o assunto. 
Desse modo, esse argumento de A6 parece não ser 
consistente, além do mais, o conhecimento do tema não 
garantirá, necessariamente, o conhecimento da composição e 
do estilo típicos de cada gênero. 
Portanto, quando os candidatos afirmam que não sentiram 
dificuldades ao produzir os gêneros indicados tanto na escola 
como no vestibular ou quando consideram as dificuldades 
enfrentadas um problema, de certa forma, pessoal, 
verificamos o impacto e, sobretudo, a aceitabilidade da 
perspectiva de gêneros. Essa aceitabilidade é perceptível 
também nas falas dos candidatos, que aprovam e consideram 
suficientes as instruções dadas para a elaboração do gênero 
na prova de redação de vestibular e na escola, conforme 
mostramos nos itens que seguem. 
3.2.3 As instruções para a produção de gêneros no 
vestibular 
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
8 
 
 
Tomando como base as instruções dadas na prova de 
redação proposta pela UFCG, os candidatos afirmaram, na 
sessão reflexiva, que são produtivas pelo fato de ser 
referentes à contribuição temática e à descrição dos gêneros 
solicitados. Vejamos os exemplos abaixo: 
Exemplo 3: 
Q - 3. Vocês acreditam que as instruções dadas na questão 
de redação são suficientes para escrever um bom texto? 
Justifique. 
A4: sim... por exemplo, caiu memória, que a gente conhece 
como depoimento, relato... Só que aí tinha esse quadrinho 
[aponta para a questão] dizendo o que era realmente. 
A7: sim, porque... porque tem uma instrução do gênero. 
Tem... você só foge do gênero se... é... se quiser. 
Exemplo 4: 
Q - 4. Vocês acreditam que os textos apresentadosna prova 
de língua portuguesa podem influenciar na escrita da 
redação? Por quê? Vocês utilizaram algum desses textos? 
Com que finalidade? 
A3: todas as propostas de redação devem se basear em 
outros textos. 
A4: legal... assim... a prova toda na mesma linha. 
A7: assim... mesmo que você não conhecesse é... o assunto, 
dava para fazer. 
Como podemos observar nos Exemplos 3 e 4, os candidatos 
consideram relevantes e suficientes as instruções dadas na 
prova de redação com vistas à elaboração dos gêneros. No 
Exemplo 3, verificamos que os sujeitos destacaram a 
produtividade da instrução referente às características dos 
gêneros, afirmando que, mesmo se o examinando não 
conhecesse os gêneros, seria possível produzi-lo por causa 
da orientação - "tinha esse quadrinho" [aponta para a 
questão
7
] "dizendo o que era realmente" e "você só foge do 
gênero se... é... se quiser". Essas falas confirmam falas 
anteriores, em que os sujeitos disseram não sentir 
dificuldades na produção dos gêneros, revelando a adesão à 
proposta de redação UFCG. 
No Exemplo 4, observamos que os candidatos se limitaram a 
apresentar um sucinto comentário acerca do fato de que os 
textos indicados na prova de língua portuguesa, que 
abordavam o tema proposto na redação, poderiam influenciar 
na escrita dos gêneros. Destacaram que a "prova estava na 
mesma linha", pois todos os textos apresentados na prova de 
português tratavam, direta ou indiretamente, do tema sobre o 
qual deveriam escrever na prova de redação, qual seja, "a 
sobrevivência e a indiferença das políticas públicas de fixação 
do homem no campo". 
O candidato A3 destaca, no Exemplo 4, a importância de que 
"todas as propostas de redação devem se basear em outros 
textos". Com isso, parece acreditar que o ato de escrever não 
é um dom ou uma inspiração do escritor, mas é um processo 
que se torna mais consistente quando apoiado na leitura de 
outros textos. Numa sociedade letrada como a nossa, torna-se 
quase impossível escrever sem fazer referência a outros 
textos. A fala de A3 reforça também o princípio básico da 
escrita, qual seja o de que, para escrever, é preciso ter o que 
dizer. 
Considerando esses exemplos, podemos afirmar que os 
candidatos se apresentam mais uma vez favoráveis à 
proposta de redação da UFCG; destacam como pertinentes as 
orientações para a escrita do gênero e sugerem que só não 
atende às expectativas da banca quem não quiser, já que 
"tem uma instrução do gênero. Tem... Você só foge do gênero 
se... é... se quiser" e "mesmo que você não conhecesse é... o 
assunto, dava para fazer". Os informantes parecem estar tão 
influenciados pela prova que não conseguem fazer, pelo 
menos não fizeram na sessão reflexiva, críticas, sugestões 
nem expor dificuldades quanto à abordagem apresentada. 
Os candidatos disseram, ainda, que seus professores 
seguiam a mesma orientação apresentada no vestibular, mas, 
quando citaram as instruções dadas pelos professores, 
principalmente os candidatos oriundos de escola particular, 
enfatizaram aspectos gramaticais e formais, como mostramos 
no item que segue. 
3.2.4 As instruções para a produção de gêneros na escola 
Questionados acerca das instruções dadas pelos professores 
na orientação para a escrita dos gêneros, os candidatos 
destacaram, em geral, instruções semelhantes, mas com 
ênfase diferenciada. Vejamos o exemplo: 
Exemplo 5: 
Q - 5. Que instruções seu professor destacava como sendo 
relevantes para a produção de gêneros? Tais instruções foram 
semelhantes às apresentadas na questão de redação do 
vestibular? Justifique sua resposta. 
A1: bom... ela destacava a ortografia, primeiramente, e a 
gramática. Eram praticamente o mais importante, porque... se 
você errar esses dois, seu texto ficará ilegível. Aí... depois... 
tinha a estrutura, paragrafação... e também... a... o... cada 
gênero tem seu objetivo né? O objetivo de cada gênero. 
A2: é... também como ele disse. A ortografia e a gramática, 
principalmente, concordância... que poderiam danificar a 
redação. É... também a coesão e coerência entre as idéias. 
E... outra coisa... Assim... é a... caligrafia que se... se assim... 
você tiver uma caligrafia praticamente ilegível pode até, 
assim... zerar. E também as especificidades de cada tema, é... 
cada tema não, cada gênero. É... ele enfatizava bastante. 
A6: eu acho que o principal é não fugir ao gênero, porque se 
fugir do gênero já é anulada a questão. Aí... ai demais vem a 
caligrafia. É... a questão da gramática.... a questão da coesão 
textual e coerência... não fugir do tema também, mas o ponto 
principal, primordial, eu acho que é a questão do gênero. 
A7: fuga ao gênero, fuga ao tema, né? Aí... você vai olhando 
acentuação, as concordâncias, as conclusões do seu texto 
[...]. 
Como podemos perceber, os candidatos destacaram algumas 
instruções semelhantes dadas pelos seus professores no 
momento da escrita da redação, a saber: ortografia, 
gramática, caligrafia, respeito ao gênero e ao tema. O que 
mais nos chama a atenção é a ênfase que eles deram a tais 
instruções. Os candidatos oriundos de escola particular, A1 e 
A2, destacaram como relevantes os aspectos ortográficos e 
gramaticais - "eram praticamente o mai importante" -, 
demonstrando-se favoráveis a eles - "se você errar esses 
dois, seu texto ficará ilegível"; "poderiam danificar a redação". 
Em seguida, destacaram um aspecto referente à estética do 
texto, caligrafia e estrutura - "Aí... depois... tinha a estrutura, 
paragrafação"; "se você tiver uma caligrafia praticamente 
ilegível pode até, assim... zerar". Por último, citaram a 
adequação ao gênero - "e também o objetivo de cada gênero"; 
"as especificidades de cada tema, é... cada tema não, cada 
gênero". Observando a ordem em que essas instruções são 
mencionadas pelos candidatos, bem como as explicações que 
as seguem, parece-nos que os professores priorizavam, nas 
redações, aspectos micros, gramaticais e estéticos, em 
detrimento de aspectos mais macros, a exemplo do respeito 
ao tema e ao gênero. Essa provável postura do professor 
sinaliza que, embora esteja trabalhando com novos 
conteúdos, gêneros textuais, a forma de abordá-los parece 
permanecer a mesma, ou seja, tipicamente escolar, textual, 
que prima pelos aspectos gramaticais. Talvez, a formação 
desses professores tenha-os influenciado a adotar tal postura. 
Pode ser que estejam um pouco afastados do meio 
acadêmico, de cursos de formação, de congressos. Somente 
um estudo de campo e uma entrevista com esses professores 
poderiam confirmar ou refutar essas nossas hipóteses. 
A questão é que, ao concordarem com a ênfase dada pelos 
professores às instruções citadas, os candidatos revelam um 
conhecimento superficial da teoria dos gêneros, visto que os 
adeptos dessa teoria defendem uma abordagem que parta do 
mais amplo, adequação do gênero à situação 
sociocomunicativa, ao mais específico, uso de recursos 
gramaticais adequados ao contexto. Sendo assim, 
acreditamos que o efeito retroativo da prova de redação 
proposta pela UFCG parece não ser totalmente forte nesses 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132009000100010#back7
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
9 
 
 
candidatos oriundos da rede particular, já que demonstram um 
conhecimento geral do que seja exemplo de gêneros, mas, do 
ponto de vista da abordagem deles, parece-nos que ainda 
estão em fase de consolidação do conhecimento. 
Já os candidatos oriundos de escola pública, A6 e A7, 
afirmaram que seus professores destacavam primeiramente a 
adequação ao gênero e ao tema, em seguida os aspectos 
gramaticais - "o principal é não fugir ao gênero, porque se 
fugir do gênero já é anulada a questão. Aí... ai demais vem a 
caligrafia. É... a questão da gramática" e "fuga ao gênero, fuga 
ao tema, né? Aí... você vai olhando acentuação, as 
concordâncias". Notamos que esses candidatos concordam 
com as instruções dadas pelos seus professores, que 
parecem priorizar os aspectos macros. Talvez,essa forma de 
abordagem dos professores se deva ao fato de que ainda 
estão em formação, estabelecendo contato com as correntes 
teóricas na universidade. Há, assim, uma grande possibilidade 
de na prática de sala de aula ocorrer um efeito retroativo das 
teorias discutidas na instituição. Mas somente um contato com 
esses professores nos permitiria (ou não) afirmar isso. Nesse 
caso, parece-nos que o efeito retroativo está mais 
consolidado, tendo em vista a possível influência da formação 
do professor, que, por sua vez, tende a causar um impacto 
nas atitudes e comportamentos dos alunos, que os têm como 
um dos seus principais referenciais. 
Em suma, os exemplos descritos e discutidos nesse tópico 
sugerem que as instruções dadas em sala de aula se 
assemelham, em parte, às apresentadas na prova de redação 
do Vestibular da UFCG 2007. Os candidatos, que estudaram 
em escolas particulares, dizem conhecer os gêneros textuais, 
no entanto, destacam como aspectos relevantes na produção 
do gênero os de natureza gramatical e os relativos à estrutura 
do texto. Já os candidatos que estudaram em escolas públicas 
apontaram como fatores importantes na escrita dos gêneros o 
conhecimento da estrutura deles e o respeito ao tema. Nas 
duas situações, os sujeitos aceitam as instruções dadas pelos 
seus professores, sugerindo que o efeito retroativo da prova 
de redação interfere inicialmente na prática do professor e, 
dependendo deste, poderá afetar as atitudes e 
comportamentos dos alunos. 
 
São seis os tipos de coerência: sintática, semântica, 
temática, pragmática, estilística e genérica. Conhecê-los 
contribui para a escrita de uma boa redação. 
Você já deve saber que alguns elementos são indispensáveis 
para a construção de um bom texto. Entre esses elementos, 
está a coerência textual, fator que garante a inteligibilidade 
das ideias apresentadas em uma redação. Quando falta 
coerência, a construção de sentidos fica seriamente 
comprometida. 
É importante que você saiba que existem tipos de coerência, 
elementos que colaboram para a construção da coerência 
global de um texto. São eles: 
 Coerência sintática: está relacionada com a 
estrutura linguística, como termo de ordem dos 
elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. 
Quando empregada, eliminamos estruturas 
ambíguas, bem como o uso inadequado dos 
conectivos. 
 Coerência semântica: Para que a coerência 
semântica esteja presente em um texto, é preciso, 
antes de tudo, que o texto não seja contraditório, 
mesmo porque a semântica está relacionada com as 
relações de sentido entre as estruturas. Para detectar 
uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura 
cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e 
inferência. 
 Coerência temática: Todos os enunciados de um 
texto precisam ser coerentes e relevantes para o 
tema, com exceção das inserções explicativas. Os 
trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo 
assim o comprometimento da coerência temática. 
 Coerência pragmática: Refere-se ao texto visto 
como uma sequência de atos de fala. Os textos, orais 
ou escritos, são exemplos dessas sequências, 
portanto, devem obedecer às condições para a sua 
realização. Se o locutor ordena algo a alguém, é 
contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um 
pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, 
esperamos receber como resposta uma afirmação ou 
uma negação, jamais uma sequência de fala 
desconectada daquilo que foi indagado. Quando 
essas condições são ignoradas, temos como 
resultado a incoerência pragmática. 
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 Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de 
uma variedade de língua adequada, que deve ser 
mantida do início ao fim de um texto para garantir a 
coerência estilística. A incoerência estilística não 
provoca prejuízos para a interpretabilidade de um 
texto, contudo, a mistura de registros — como o uso 
concomitante da linguagem coloquial e linguagem 
formal — deve ser evitada, principalmente nos textos 
não literários. 
 Coerência genérica: Refere-se à escolha adequada 
do gênero textual, que deve estar de acordo com o 
conteúdo do enunciado. Em um anúncio de 
classificados, a prática social exige que ele tenha 
como objetivo ofertar algum serviço, bem como 
vender ou comprar algum produto, e que sua 
linguagem seja concisa e objetiva, pois essas são as 
características essenciais do gênero. Uma ruptura 
com esse padrão, entretanto, é comum nos textos 
literários, nos quais podemos encontrar um 
determinado gênero assumindo a forma de outro. 
É importante ressaltar que em alguns tipos de texto, 
especialmente nos textos literários, uma ruptura com os 
tipos de coerência descritos anteriormente pode acontecer. 
Nos demais textos, a coerência contribui para a construção de 
enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na 
compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência 
depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico 
de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a 
informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade. 
 
 
 
 
 
10 dicas para não errar norma culta na redação 
 
A avaliação da norma culta na redação passa por níveis de 
cobrança diferentes de acordo com o erro cometido. Tratamos 
sobre isso em um post que explica quais são os desvios 
considerados leves, médios e graves pelos corretores do 
exame. Pensando nisso, e com o propósito de preparar você 
para não cometê-los em nenhum desses níveis, listamos 10 
dicas fundamentais para você tirar total na competência 1, que 
avalia o domínio da modalidade escrita. Confira: 
1) Estude vírgula 
Um erro muito comum diz respeito ao uso da vírgula. 
Aprendemos sobre ela durante todo o percurso escolar, mas 
ela ainda é a “pedra no sapato” de muita gente na hora de 
escrever. Sem contar que algumas orientações erradas 
podem ser internalizadas por muito tempo, como aquela falsa 
regra de “colocar a vírgula sempre que você pausar para 
respirar durante a leitura”. Imagine se essa regra fosse 
verdadeira? Ela iria variar entre pessoas com mais ou menos 
fôlego, não é?! Bom, não é assim que funciona. 
2) Estude crase 
 Reconhecemos que o uso da crase não é fácil. Envolve uma 
série de normas e exceções. Ok! Mas ela é necessária, 
inclusive por motivos de clareza, então, compreender as 
regras é fundamental. Errar crase pode comprometer sua nota 
4. DOMÍNIO DAS REGRAS DE ESCRITA E 
DA NORMA CULTA. 
https://www.portugues.com.br/redacao/oselementostextualidade.html
https://www.portugues.com.br/redacao/os-conectivos-como-elementos-coesao-uma-analise-minuciosa.html
https://www.portugues.com.br/literatura/texto-literario-nao-literario-marcas-linguisticas.html
https://www.portugues.com.br/redacao/ampliando-nocao-intertextualidade-.html
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
10 
 
 
na competência que avalia norma culta assim como a de 
coesão e coerência. 
3) Revise palavra por palavra para achar as que faltam 
acento 
Nem sempre temos dúvidas quanto à acentuação, mas 
erramos por falta de atenção! Nossa dica é que você sempre 
volte em palavra por palavra, tendo um cuidado específico 
de observar se em alguma delas faltou acento. 
 
4) Estude as regras de uso do hífen 
 Já tínhamos dificuldade para usar o hífen, aí veio o Novo 
Acordo Ortográfico e…bom, continuamos não sabendo como 
usá-lo. 
 
Mas é preciso correr atrás e entender, afinal, ele será 
cobrado.. 
5) Estude concordância 
São tantas as regras e exceções de concordância, que 
unidades inteiras costumam ser destinadas ao ensino dela na 
gramática tradicional! Mas vale a pena e é necessário investir 
na leitura sobre ela, afinal, além de comprometer 
sintaticamente as orações, errar concordância empobrece o 
texto e passa uma impressão ruim ao corretor. Atente-se a 
isso! 
6) Pesquise curiosidades da língua 
Além de ser divertido, essa é uma forma de internalizar regras 
importantes da língua. Por exemplo: você sabia que a palavra 
“quaisquer” é a únicano português que forma plural no meio? 
Agora que já sabe, não corre o risco de errá-la quando 
precisar usar no texto. 
 
7) Acompanhe mídias sociais que postem dicas de 
gramática 
 Estamos constantemente checando as redes sociais. Aquela 
fugidinha rápida dos estudos não precisa significar deixar 
completamente de lado o momento de aprendizagem. Basta 
seguir aqui e ali alguma página que poste dicas de gramática. 
O Instagram da IMAGINIE, por exemplo, posta dicas e 
exemplos todos os dias! Você tá ali, de bobeira, conferindo as 
fotos dos amigos e, de quebra, aprendendo uma regrinha 
gramatical. Segue a gente lá, vai! 😉 
 
8) Escreva 
 A escrita é uma forma de praticar a ortografia correta, a 
acentuação, a pontuação e a organização sintática das 
orações. Portanto, mão na massa! Crie o hábito de escrever 
sempre, mesmo as mais básicas anotações. 
9) Faça um diagnóstico de suas dificuldades 
 Com a prática da escrita você irá perceber em quais tópicos 
gramaticais tem mais dificuldade e poderá, então, dedicar-se 
ao estudo deles. Seja seu próprio avaliador. Isso é importante 
para que você mesmo tenha a capacidade de direcionar o que 
é prioridade de estudo para enriquecer sua compreensão 
gramatical. 
 10) Leia bastante 
Essa dica é essencial e muito importante: a leitura nos ajuda a 
internalizar regras de norma culta. Ela é necessária para 
várias áreas do estudo de redação, inclusive a gramatical. Ler 
palavras escritas e acentuadas corretamente, por exemplo, 
nos faz reproduzi-las automaticamente com excelência! 
 
A norma culta se refere ao conjunto de padrões linguísticos 
usados habitualmente pela camada mais escolarizada da 
população. Define-se como a variação linguística utilizada por 
pessoas que vivem em meios urbanos e que possuem 
elevado nível de escolaridade, em situações formais e 
monitoradas de comunicação falada ou escrita. 
Características da norma culta 
 É usada em situações formais e monitoradas de 
comunicação; 
 Impõe a correção gramatical, que implica um uso 
rigoroso das normas gramaticais; 
 É uma linguagem cuidada e elaborada, que privilegia 
a utilização de estruturas sintáticas complexas e de 
um vocabulário rico e diversificado, com clara e 
correta pronúncia das palavras; 
 É o registro ensinado na escola, sendo considerado 
mais erudito e prestigiado. 
O domínio da norma culta reflete-se, principalmente, na 
modalidade escrita da língua, revelando um elevado grau de 
rigor e correção gramatical, como o devido uso da pontuação, 
da acentuação, da colocação pronominal, da concordância e 
da regência, entre outros. 
Exemplos de uso da norma culta 
Colocação pronominal em ênclise no início da oração: 
 Levante-se e vamos embora. 
 Dá-me isso, por favor. 
Regência verbal com a preposição adequada: 
 Ele nunca obedece ao pai. 
 Nós assistimos ao jogo de futebol juntos. 
Uso correto das várias pessoas gramaticais: 
 Eu quero ir contigo. Tu vais a que horas? 
 Veja isso com atenção e depois diga se você 
entendeu tudo. 
Utilização de palavras sem estarem abreviadas ou contraídas: 
 está (e não tá); 
 para (e não pra); 
 você (e não cê). 
Saber escrever e falar de acordo com a norma culta de uma 
língua é uma competência bastante valorizada no mercado de 
trabalho, uma vez que o domínio da norma culta possibilita ao 
indivíduo comunicar com precisão, eficiência e desenvoltura. 
Norma culta e norma-padrão 
Embora esses conceitos sejam próximos, sendo 
inclusivamente usados muitas vezes como sinônimos, 
referem-se a normas distintas. 
A norma-padrão pode ser entendida como a norma 
gramatical, com base na gramática tradicional e normativa. 
Atua como um modelo idealizado que visa a padronização da 
língua escrita. 
A norma culta é a variação que mais se aproxima desse 
padrão. 
Norma culta e variação linguística 
Na língua portuguesa existem diversas variações linguísticas, 
fruto da existência de diferentes grupos sociais, com 
diferentes graus de escolarização, que apresentam diferentes 
hábitos linguísticos. Isso resulta numa pluralidade de normas. 
De todas essas normas, a norma culta é tida como a mais 
conceituada, sendo vista como uma linguagem culta e erudita, 
utilizada por um grupo de pessoas de elite, pertencentes à 
camada mais favorecida e escolarizada da população. 
Como nem todas as variações linguísticas usufruem desse 
mesmo prestígio, muitas são vítimas de preconceito 
linguístico, sendo consideradas menos cultas e até mesmo 
incorretas. 
É essencial o entendimento e a aceitação de que todas as 
variedades linguísticas são fatores de enriquecimento e 
cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios. 
 
 
 
 
 
 
 
Redação 1 
Tema: “Desenvolvimento e preservação ambiental: como 
conciliar os interesses em conflito?” 
Neodarwinismo 
Em prol da sobrevivência, há milhares de anos, a caça e a 
pesca eram praticadas pelo homem. Hoje, em nome do 
Neoliberalismo, na atual conjuntura de perda dos sentimentos 
holísticos, desmatamos e poluímos a natureza na incessante 
REDAÇÕES NOTAS 10 
 
 
 
 
https://www.instagram.com/imaginieedu/
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
11 
 
 
busca do lucro, em detrimento do bem-estar da humanidade. 
Todavia, o homem parece ter esquecido que a natureza não é 
apenas mais um instrumento de alcance do desenvolvimento, 
mas a garantia de que é possível alcançá-lo. 
Primeiramente, é importante ressaltar o papel do meio-
ambiente para o desenvolvimento econômico de uma 
sociedade. É notório que a extração de recursos minerais e de 
combustíveis fósseis é fundamental para a atração de 
indústrias e conseqüentemente para a solidez do setor 
produtivo da economia. No entanto, o uso indiscriminado 
desses bens naturais pela grande maioria das empresas não 
pode mais continuar. Cabe aos governantes e à própria 
população 
exigirem das mesmas a aplicação de parte do lucro obtido na 
manutenção de suas áreas de exploração e não permitir o 
“nomadismo” dessas indústrias. 
Nesse sentido, vale lembrar que os poderes político e 
econômico encontram-se intimamente ligados em uma relação 
desarmônica, que favorece o capital em detrimento do planeta 
em que vivemos. De fato, percebe-se que na atual conjuntura 
excludente, o poder do Estado Mínimo é medido de acordo 
com sua capacidade de atrair investimentos. Um exemplo 
disso é o grande número de incentivos fiscais e leis 
ambientais brandas adotados pela maioria dos países 
periféricos buscando atrair as indústrias dos países poluídos 
centrais. Enquanto isso, a população permanece alienada e 
inerte, não exigindo a prática da democracia, que deveria 
atuar para o povo e não para os macrogrupos neoliberais. 
Além disso, cumpre questionar o papel da sociedade nesse 
paradoxo desenvolvimento-destruição ambiental. É fato que a 
maioria da população se mantém à margem das questões 
ambientais, por absorver, erroneamente, a falácia de que a 
tecnologia pode substituir a natureza. Desse modo, os 
consumidores tecnológicos passam a exigir mais do setor 
produtivo, que, por sua vez, passa a exaurir o meio-ambiente. 
Estabelece-se, assim, um círculo vicioso que tem como elo 
principal um bem finito, que, se quebrado, terá conseqüências 
desconhecidas e catastróficas para a humanidade. 
Torna-se evidente, portanto, que o que vem ocorrendo na 
humanidade é apenas uma sucessão de conquistas e 
avanços na área tecnológica. O real desenvolvimento só será 
alcançado quando o homem utilizar a natureza de forma 
responsável e inteligente. Para tanto, é preciso que sejam 
criados mecanismos eficazes de fiscalização, sejam eles 
governamentais ou não. Além disso, deve haver por parte da 
mídia maior divulgação das questões ambientais, para que a 
população possa se mobilizar e agir exercendo seus direitos. 
Assim, estaremos de acordo com a teoria da seleção natural, 
em que o meio seleciona os mais aptos e não o contrário. 
Redação 2 
Tema: “O direito de votar: como fazer dessa conquista um 
meio para promover as transformações sociaisde que o 
Brasil necessita?” 
A equação da democracia 
Comícios estudantis. Diretas já! “Caras-pintadas.” O que se 
percebe de comum nesses movimentos é a maciça 
participação do público jovem. A luta para adquirir a liberdade 
e os direitos políticos foi muito bem representada, mas será 
que acabou? É preciso alertar a sociedade de que somente 
com o esforço comum e o ímpeto de bravura de nossos 
jovens poderemos concretizar a conquista alcançada, e 
verdadeiramente promover as transformações sociais de que 
o país necessita. 
O direito de escolher, por eleições diretas, o próprio 
governante representou uma grande vitória no quadro político-
social do Brasil. O movimento das Diretas Já foi o primeiro 
passo, e apesar de não ter alcançado de imediato seu 
objetivo, conseguiu acender na sociedade uma chama muito 
forte: a da necessidade de busca pela participação política a 
reivindicação de melhorias sociais. 
Nessa perspectiva, o que se observa é que o voto é um 
instrumento muito valioso que foi dado ao eleitor brasileiro. É 
a nítida certeza de que algo pode ser mudado se as pessoas 
buscarem sua própria consciência política. Seria, no entanto, 
utópico pensar em conscientização se antes não for dada ao 
povo a noção dos seus próprios direitos. É necessário 
implantar nas instituições educacionais disciplinas que 
promovam justamente o ensino da cidadania, dos deveres e 
direitos, e de como lutar, de forma inteligente, por melhores 
condições sociais, políticas, econômicas e até afetivas. 
Diante de um povo mais consciente de sua significância na 
política nacional, a inércia e a imparcialidade da sociedade 
serão deixadas de lado. Com a promoção de tais mudanças, o 
povo estará mais alerta para escolher seus candidatos e 
exigir, tanto antes quanto depois das eleições, a realização 
das promessas feitas durante o período eleitoral. A população 
não fi cará mais míope, e conseguirá enxergar que a luta pelo 
interesse comum deve suplementar as vontades pessoais e 
partidárias, e que a participação popular, no voto e nos 
projetos, é de extrema necessidade e grandiosa 
responsabilidade. 
O ensino dos direitos políticos, portanto, torna-se uma 
disciplina indispensável na educação do cidadão brasileiro. 
Educar baseando-se na equação “conteúdo+conscientização” 
irá, com toda certeza, promover o enriquecimento do quadro 
histórico nacional. Caso mudanças como essa sejam 
alcançadas, e se tornem uma nova conquista, assim como o 
direito de votar foi, não haverá mais dúvidas quanto ao voto 
ser facultativo ou obrigatório. Surgirá uma nova perspectiva de 
prosperidade dentro da sociedade, a participação será em 
massa e homogênea, e o povo realmente entenderá o 
verdadeiro significado da palavra democracia. 
Redação 3 
Tema: “A violência na sociedade brasileira: como mudar 
as regras desse jogo?” 
As faces da violência no Brasil 
Muito se tem discutido acerca da violência que aflige a 
sociedade brasileira de um modo geral. Antes vista como 
característica dos grandes conglomerados urbanos, hoje ela 
se faz presente no cotidiano de cada cidadão e se manifesta 
de diversas formas, desde a física até a moral. Todavia, a 
sociedade tem encontrado vários entraves no caminho rumo à 
solução deste panorama, barreiras estas impostas por um 
modo de pensar determinista e, muitas vezes, preconceituoso. 
De fato, muitos acreditam ser a violência fruto da profunda 
desigualdade social de nosso país e baseiam seu pensamento 
em um sofisma simplista, afirmando que o pobre pratica a 
violência por ser privado do atendimento de suas 
necessidades mais básicas. Nesse sentido, eles desculpam 
grande parte da sociedade pelo problema e partem de uma 
premissa, que, se verdadeira, faria de todos os miseráveis 
brasileiros pessoas violentas em potencial. Atrelar a 
problemática da violência ao estado de pobreza e miséria é 
dizer que ela é característica de uma única fatia da população 
e negar seu cunho cultural tão profundo. 
Verdade é que a violência é tão presente em nosso dia-a-dia 
que já não apresenta uma face definida, e já não somos capaz 
de identificá-la tão facilmente. A mídia tem contribuído, nesse 
sentido, com sua banalização, visto que divulga produções 
artísticas em geral, nas quais o “bem” vence o “mau” por meio 
de batalha física. Vence quem for mais forte fisicamente, 
aquele que melhor saiba utilizar a força como forma de 
alcançar a vitória. Deste modo, passamos a ver a violência 
como forma de resolver conflitos, mesmo que o façamos 
inconscientemente, e passamos a ignorar a importância do 
diálogo e do debate civilizado. 
Pode-se, portanto, afirmar que a solução do problema não é 
de fácil alcance, visto que envolve questões ideológicas e 
culturais muito arraigadas no pensamento da sociedade. 
Contudo, uma medida eficiente seria a aplicação de penas 
mais rígidas para quem fizesse uso da violência em qualquer 
uma das formas que ela é capaz de assumir, devido ao fato 
de que a impunidade encoraja, muitas vezes, a prática de atos 
violentos. Outra solução seria difundir, ainda nas escolas, a 
 PROVA DE REDAÇÃO 
 
 
 
12 
 
 
importância do diálogo e as implicações da violência, 
contribuindo para a formação de indivíduos mais conscientes 
quanto ao assunto. 
Tudo isso, no entanto, não será verdadeiramente eficaz 
enquanto a sociedade encarar a violência com determinismos 
e preconceitos, mesmo sabendo que é difícil não nos 
rendermos à facilidade de culpar a pobreza e assumirmos 
uma visão simplista do assunto, assim como é difícil 
identificarmos com clareza aquilo que nos leva a agira de 
forma violenta muitas vezes. Somente se adotarmos uma 
postura realmente objetiva seremos capazes de encontrar 
soluções práticas e funcionais. O problema da violência no 
Brasil se faz ainda mais urgente, pois o capital utilizado em 
seu combate poderia ser utilizado para suprir as necessidades 
da população. Enquanto não conseguirmos resolver este 
quadro, o país continuará sofrendo com a violência da fome, 
da miséria, da falta de educação e da insalubridade; violências 
ainda mais marcantes. 
Redação 4 
Tema: “Como garantir a liberdade de informação e evitar 
abusos nos meios de comunicação?” 
Coleira invisível 
Em uma época marcada por uma cobertura ostensiva da 
mídia, não são poucos os casos de abusos, como invasões de 
privacidade e reportagens tendenciosas. Diante desse quadro, 
muitos sugerem um retrocesso perigoso, com mecanismos de 
controle que se remetem a épocas sombrias da história 
brasileira. Entretanto, essa mesma história mostra que 
soluções radicais costumam ser perigosas, por isso é preciso 
ter cuidado com propostas precipitadas: nada justifica um 
cerceamento do trabalho dos meios de comunicação. Nesse 
contexto, em um palco ocupado por atores que extrapolam em 
seus papéis e um público acrítico, a solução parece depender, 
em essência, de algo tão simples quanto raro: bom senso. 
Sem radicalismos. 
O caminho para solucionar o conflito enfrenta seu primeiro 
obstáculo na identificação do problema, afinal é imprecisa a 
fronteira entre o direito de imprensa e o direito individual: o 
que é um “abuso”? Nesse sentido, a solução parece ser uma 
atuação mais presente, veloz e rigorosa do sistema judiciário. 
Com isso, não se impõem restrições prévias a qualquer 
conteúdo, ao mesmo tempo em que se inibem abusos pela 
possibilidade concreta de multas. Basta, para isso, reduzir os 
entraves burocráticos no acesso à justiça e na definição de 
sentenças. 
Apesar de eficientes, essas penas rareariam os abusos na 
imprensa de forma apenas superficial, pois não atacariam 
causas profundas do problema. Uma análise cuidadosa revela 
que a má atuação dos veículos de comunicação é fruto de 
uma crise de valores tanto de profissionais, que, muitas vezes, 
agem sabendo que estão errados, quanto das empresas, que 
permitem e até estimulam práticas imorais. Nesse contexto, é 
necessária uma mudança de postura: de um lado, as 
faculdades de comunicação poderiam dar

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