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Dor lombar dispepsia otalgia [resumo do Duncan Gusso]

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1 Louyse Morais – Medicina – 108 
Abordagem da dor lombar 
Epidemiologia 
• As patologias discais são prevalentes em 
indivíduos assintomáticos. 
• Estudos em gêmeos idênticos indicam que a 
influência genética na degeneração discal é tão ou 
mais importante do que idade e a sobrecarga 
mecânica. 
• 85% das lombalgias não tem uma causa 
específica. 
• Os fatores de risco incluem trabalho física ou 
psicologicamente estressante, trabalho 
sedentário, obesidade, fatores psicossociais, 
idade avançada e tabagismo. 
Classificação e diagnóstico diferencial 
As classificações usam como critérios a duração, a 
etiologia e a semiologia. 
Classificação quanto à duração 
• Aguda: até 4 semanas 
• Subaguda: entre 4 e 12 semanas 
• Crônica: dor por, pelo menos, 12 semanas e dor 
em pelo menos metade dos dias nos últimos 6 
meses. 
Classificação das lombalgias de acordo com a semiologia e 
etiologia 
• Não irradiadas 
o Não específica (70-90%) 
o Degenerativa (10%) 
o Espondilolistese (3%): deslocamento 
anterior de uma vértebra ou da coluna 
vertebral em relação à vértebra inferior 
o Espondilólise (1-4%): fratura por estresse 
ou trauma das facetas articulares 
• Irradiadas com radiculopatia (ciatalgia): dor 
irradiada desde a região lombar até abaixo da 
região do joelho, sendo que a dor lombar é com 
menor intensidade do que a irradiada. 
o Hérnia discal que necessita intervenção 
cirúrgica (2%) 
o Estenose espinal (3%) 
o Causa equina (0,0004 ou 1-2% das hérnias 
discais) 
• Visceral (referida) ou outras causas específicas 
o Sistêmica 
▪ Fratura por osteoporose (4%) 
▪ Infecção (osteomielite, abscesso 
paraespinhal, tuberculose) 
(0,01%) 
▪ Malignidade (0,7%) 
▪ Espondilite anquilosante (0,3%) 
▪ Doenças do tecido conectivo 
o Referida 
▪ Aneurisma aórtico 
▪ Pancreatite aguda 
▪ Pielonefrite aguda 
▪ Cólica renal 
▪ Úlcera péptica 
Associação entre lombalgia e trabalho: quando houver 
suspeita de relação com o trabalho, é importante evitar a 
elevação de objetos pesados e, quando isso ocorrer, usar 
a musculatura dos MMII. A principal orientação é o 
retorno imediato ao trabalho, evitando por alguns dias 
movimentos de elevação e esforços físicos extenuantes. 
Exame clínico 
Anamnese 
A avaliação clínica da dor lombar deve enfocar três 
aspectos principais: 
• Descartar doença sistêmica subjacente; 
• Identificar comprometimento neurológico que 
demande avaliação cirúrgica, e 
• Considerar a existência de fatores psicológicos ou 
sociais (bandeiras amarelas) que possam 
amplificar ou prolongar a duração do quadro. 
 
As perguntas-chave a serem respondidas durante 
a história são: existe uma doença sistêmica grave 
causando a dor? Existe comprometimento neurológico 
que possa exigir avaliação cirúrgica? Existe sofrimento 
social ou psicológico que possa amplificar ou prolongar a 
dor? 
A história deve tentar eliminar a chance uma 
patologia específica e classificar a lombalgia em um dos 
seguintes grupos: 
• Grupo 1: lombalgia associada à radiculopatia 
• Grupo 2: lombalgia associada a alguma causa 
específica, como cauda equina, neoplasia, 
 
2 Louyse Morais – Medicina – 108 
infecção, fratura vertebral, artrite inflamatória, 
pielonefrite, disfunção sacroilíaca. 
• Grupo 3: lombalgia inespecífica (85% dos casos). 
Para excluir uma condição lombar séria (grupo 2), 
deve-se ficar atento às bandeiras vermelhas a seguir: 
 
Descartando essas causas sérias, o clínico deve 
concentrar-se na avaliação de causas específicas de dor 
lombar (grupo 1), como hérnia de disco com radiculopatia, 
estenose e espondilolistese. Na ausência de sinais e 
sintomas sugestivos dessas causas, o caso será classificado 
como dor lombar inespecífica. 
Exemplos de perguntas que ajudam a fazer essa 
classificação: 
• Duração: “você está com essa dor há quanto 
tempo?” 
• Frequência: “quantos dias a dor veio nos últimos 
7 dias?” 
• Severidade (escala de dor): “de 0 a 10, quanto dói 
em geral?” 
• Constância: “quais momentos do dia a dor 
aparece?” 
• Presença de irradiação: “a dor vai para as pernas? 
Para qual perna? Até onde ela vai?” 
• Fraqueza: “além da dor, tem fraqueza? Para fazer 
qual movimento?” 
• Alteração na sensibilidade: “tem alguma 
dormência ou formigamento?” 
• Demais órgãos afetados: “tem alguma alteração 
na urina ou nas fezes?” 
• Relação com o trabalho: “trabalha com o quê? 
Acha que pode ter relação com o trabalho?” 
• Tratamentos anteriores: “quais remédios já 
tomou para esta dor?” 
Aspectos relevantes a serem abordados na 
história são: cronologia, natureza da dor (irradiada ou não 
irradiada) e desencadeantes, impacto na função, sinais de 
alerta que indiquem causa específica ou urgência 
(vermelho), sinais de alerta que indiquem um prognóstico 
ruim (amarelo). 
Quando suspeitar de doenças específicas? 
 
Exame físico 
• Inspeção para observar se não há abaulamento ou 
sinais de trauma 
• Flexão do dorso para avaliar limitação e 
funcionalidade 
• Palpação das apófises e da região dolorida para 
avaliar extensão da dor e possibilidade de 
patologia localizada e específica. 
A descrição de ciatalgia na história tem moderada 
sensibilidade, mas baixa especificidade. Fraqueza é um 
sintoma com melhor especificidade para compressão 
radicular. Caso haja descrição ou suspeita de 
radiculopatia, realizar os seguintes testes: 
• Teste da elevação da perna reta (laségue): dor 
neste membro a 30 a 60 graus. Sensível, mas 
pouco específico para hérnia de disco 
clinicamente significativa. 
• Teste da elevação da perna oposta: dor no 
membro não elevado a 30 a 60 graus. Pouco 
sensível, mas altamente específico. 
Pode-se sensibilizar mais o Laségue ao fazer uma 
dorsiflexão do pé. 
 
Deve-se considerar laségue positivo apenas 
quando a elevação inferior a 60 graus reproduz ou 
exacerba os sintomas de catalgia, com dor intensa e 
 
3 Louyse Morais – Medicina – 108 
superficial irradiada abaixo do joelho (não meramente dor 
nas costas ou na coxa). 
Outros testes que podem dar informações adicionais são: 
Suspeita de espondilite anquilosante 
• Teste de Patrick ou FABER: posiciona-se o maléolo 
lateral de um pé encostado na patela contralateral 
e pressiona-se para baixo o joelho da perna fletida 
estabilizando a pelve contralateral com a outra 
mão; dor associada a esse teste pode indicar 
origem na articulação sacrilíaca. 
• Teste de Schober: com a pessoa em pé, marca-se 
um ponto na linha da coluna na altura de L5-S1 
(projeção da espinha ilíaca posterior) e outro 
ponto 10 cm acima deste; quando a pessoa se 
agacha (flexão ventral), a distância aumenta 5 cm, 
ficando 15 cm no mínimo entre os dois pontos. O 
teste positivo (aumento inferior a 5 cm) pode 
indicar limitação funcional com a ressalva que 
idosos e obesos a possuem naturalmente. Esse 
teste é pouco específico e avalia apenas a 
funcionalidade. 
Obs.: Sinais de envolvimento medular, como disfunção 
esfincteriana ou sexual, fasciculações, fraqueza e 
hipotrofia musculares, hipertonia espástica, hipo ou 
hiperreflexia profundas, sinal de Babinski e disestesias 
com distribuição dermatométrica são situações 
associadas a quadros mais graves e exigem avaliação 
especializada com um neurocirurgião. 
Discopatia 
Para os pacientes com suspeita de herniação de 
disco, os testes neurológicos devem ser focados nas raízes 
nervosas de L5 e S1, já que mais de 95% das herniações de 
disco clinicamente importantes ocorrem nos níveis de L4-
5 e L5-S1. 
• Levantar da cadeira em uma perna ou subir em 
banqueta de 18 cm com uma perna: essa 
avaliação do quadríceps diferencia lesão de L3-L4 
e L5-S1; teste positivo sugere lesão de L3-L4. 
• Reflexo de Aquileu diminuído: é importante notar 
que apenas 60% das pessoas assintomáticas e 
hígidas com mais de 60 anos têm este reflexo 
bilateral; teste positivo sugere lesão em S1. 
• Dermátomo: focar na simetria da dor provocadapor um objeto pontiagudo nos dermátomos L4 
(face medial da perna), L5 (dorso do pé) e S1 
(maléolo lateral). 
• Avaliação motora e sensitiva: fraqueza na 
dorsiflexão do tornozelo no teste contra a 
resistência do examinador e do hálux sugere lesão 
de L5. 
Todos os pacientes que têm dor persistente (mais 
de 4 semanas) ou suspeita de lombalgia específica por 
radiculpatia, infecção, tumor, doença reumatológica ou 
dor referida necessitam de uma avaliação completa que 
envolve todos os testes citados mais exames 
complementares de acordo com a suspeita. 
 
Exames complementares 
Exames de imagem: nem sempre o achado radiográfico 
explica a dor se não houver correlação com a história e o 
exame físico. 
 
A grande maioria das pessoas não necessita de 
exames laboratoriais na avaliação inicial. Para indivíduos 
idosos, com sintomas constitucionais ou falha terapêutica, 
podem ser solicitados exames como: 
• Hemograma completo, velocidade de 
hemossedimentação (VHS), proteína C-reativa. 
Condições distintas, frequentemente de maior gravidade 
Síndrome da cauda equina 
 
4 Louyse Morais – Medicina – 108 
Corresponde à compressão da porção inferior da 
medula espinhal (abaixo de L1-L2) e de suas raízes 
nervosas, mais comumente por uma grande herniação 
central do disco intervertebral. Apresenta-se como dor 
lombar aguda muito intensa, com mais frequência 
unilateral, com irradiação para as extremidades inferiores, 
acompanhada de disfunção esfincteriana (retenção 
urinária, incontinência fecal ou urinária), hipoestesia da 
região perineal e fraqueza dos membros inferiores. 
É uma emergência cirúrgica. A descompressão 
deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico com 
o objetivo de prevenir ou limitar as sequelas neurológicas. 
Fratura 
 Fatores preditivos: sexo feminino, idade > 70 
anos, trauma significativo e uso prolongado de 
corticosteroides. 
Causas inflamatórias 
 Espondiloartrites são doenças de base autoimune. 
Podem acompanhar-se de fadiga, perda de peso e febre 
baixa. As artropatias inflamatórias costumam resultar em 
rigidez matinal prolongada, maior que uma hora, 
enquanto a lombalgia mecânica está associada a rigidez 
que dura menos de 30 minutos. 
 A espondilite anquilosante é a mais incapacitante 
das artropatias inflamatórias. O diagnóstico é sugerido por 
um quadro de dor lombar crônica de início insidioso, 
associda à rigidez e limitação progressiva da mobilidade 
axial, acometendo tipicamente homens antes dos 40 anos. 
A atividade física ao longo do dia em geral melhora a dor 
da espondilite e exacerba a lombalgia mecânica. 
Fatores de história clínica de espondilite 
anquilosante em adultos com menos de 50 anos: 
• Rigidez matinal > 30 minutos 
• Melhora da dor lombar com exercício, mas não 
com repouso 
• Dor interrompendo sono na segunda metade da 
noite 
• Dor nas nádegas que alterna lados 
Causas infecciosas 
A infecção focal da coluna, causada por 
osteomielite, infecção no espaço discal (discite) ou 
sacroileíte séptica, pode manifestar-se como lombalgia 
aguda ou crônica. Herpes-zóster pode causar dor 
importante na distribuição de um dermátomo, sendo 
difícil de diagnosticar antes do surgimento da erupção 
vesicular clássica. Finalmente, síndromes virais e outras 
infecções sistêmicas podem determinar dor lombar de 
padrão inespecífico. 
Neoplasias 
Em geral, a dor óssea secundária à neoplasia é 
contínua, progressiva, não alivia com o repouso e piora 
com o decúbito, despertando o paciente à noite. O sinal 
de alerta mais informativo para diagnosticar malignidade 
é uma história prévia de câncer. Outros sinais são: idade > 
50 anos, sem melhora após um mês, perda de peso 
inexplicada, sem alívio na posição deitada. 
Síndromes radiculares 
Espondilolistese/espondilólise 
 Consiste no deslizamento anterior de uma 
vértebra sobre outra. A espondilolístese ístmica é a mais 
comum, causada por uma fratura vertebral de estresse na 
apófise interarticular do segmento L5-S1. Se a fratura não 
desalinhar a vértebra, o processo é chamado de 
espondilólise. 
 Ocorre habitualmente entre os 10 e 18 anos, em 
indivíduos com história de atividades ou esportes que 
exigem hiperextensão da coluna (ginástica, musculação, 
voleibol). Pode ocorrer em idosos de forma degenerativa, 
com dor lombar isolada ou associada à ciatalgia, 
semelhante ao padrão da estenose espinhal. 
Os sintomas podem ser acentuação da lordose 
lombar e dor do tipo mecânica. 
Estenose 
Consiste no estreitamento do canal medular, 
podendo resultar em compressão das raízes nervosas 
lombossacrais, em geral em indivíduos com mais de 50 
anos de idade. 
Manifestação típica: pseuclaudicação – o paciente 
experimenta dor bilateral nos membros inferiores quando 
deambula ou permanece em pé por tempo prolongado. 
Ocorre expansão do canal medular e alívio dos sintomas 
ao sentar-se ou flexionar-se anteriormente o tronco. 
Hérnia de disco com radiculopatia 
Dor de início agudo na região lombar em 
indivíduos com menos de 50 anos é uma apresentação 
comum. A recuperação costuma ser mais lenta em relação 
à dor lombar inespecífica. Apenas 10% dos pacientes 
permanecem com sintomas que levam a considerar o 
tratamento cirúrgico. A porção herniada do disco tende a 
regredir com o tempo, com resolução parcial ou completa 
em dois terços dos casos após seis meses. 
 
5 Louyse Morais – Medicina – 108 
Conduta proposta 
Na maioria das vezes, aconselhamento e manter-
se ativo é suficiente. Pacientes com maior risco de pior 
prognóstico devem ter uma intervenção mais intensiva, 
como, por exemplo, TCC e fisioterapia. Por isso deve-se 
estratificar o risco durante a abordagem. 
 
Quando referenciar? 
 
Atividades preventivas e de educação: Fazer atividade 
física regularmente, alimentar-se adequadamente e 
dedicar-se à higiene do sono ajudam na recuperação e na 
presença de lombalgia e devem ser sempre abordados no 
curso do cuidado com a pessoa. 
Tratamento na fase aguda 
• Orientar o paciente a manter-se ativo 
• Evitar descanso no leito 
• Reassegurar sobre o prognóstico favorável nas 
primeiras semanas 
• Avaliar o nível de dor e de incapacidade funcional 
• Oferecer tratamento medicamentoso para alívio 
da dor. 
 Pacientes com dor lombar de início recente, e com 
sintomas restritos a região lombar e coxa, podem ser 
encaminhados precocemente a um fisioterapeuta ou 
quiroprata para uma ou duas sessões de manipulação 
vertebral. 
 Em pessoas cujo sintoma referido na perna ou 
coxa muda de uma posição distal para proximal, se 
aproximando do centro da coluna, exercícios em 
amplitude final na direção de preferência (que diminuem 
ou centralizam os sintomas) são mais eficientes. O 
paciente é ensinado a realizar os movimentos por conta 
própria, observando todas as vezes o efeito dos 
movimentos no sintoma mais distal, que deve diminuir em 
intensidade ou centralizar. Ele é orientado a manter a 
postura concordante com a direção de preferência e evitar 
temporariamente o movimento oposto. O tratamento 
como um todo leva quatro encontros com o fisioterapeuta 
ao longo de um mês. 
Medicamentos 
Apesar de não haver evidências diretas para 
aplicações tópicas de AINEs em dor lombar, ibuprofeno e 
piroxicam mostraram-se efetivos no alívio da dor 
musculoesquelética aguda, justificando o seu emprego em 
pacientes mais suscetíveis às reações adversas 
gastrintestinais e renais do uso sistêmico. O diclofenaco 
gel, disponível no Brasil, pode ser aplicado no local da dor 
três vezes ao dia. O emprego combinado de AINEs e 
paracetamol pode proporcionar maior analgesia, já que 
atuam por mecanismos diferentes. 
 
O uso de relaxantes musculares 
(benzodiazepínicos e ciclobenzaprina) durante um curto 
período de tempo pode apresentar um benefício modesto 
para alívio da dor e promove melhora global na percepção 
do paciente. A indicação de ciclobenzaprina parecelimitar-se à primeira semana de um episódio agudo de 
lombalgia, ocorrendo declínio da eficácia terapêutica após 
esse período. 
 
6 Louyse Morais – Medicina – 108 
Não há evidências do uso de corticoides 
sistêmicos para o manejo da dor lombar. Opioides só 
devem ser prescritos a critério clínico se necessário e por 
curto período de tempo. 
Demais tratamentos 
Exercícios, em geral, não devem ser 
implementados na fase aguda (duração de 4 a 6 semanas), 
bem como acupuntura e massagem. Calor superficial se 
mostrou benéfico para a redução de dor lombar aguda, 
com efeitos discretos, apenas a curto prazo. 
Tratamento na fase crônica 
A terapia na fase crônica consiste basicamente em 
exercícios, medicamentos conforme necessidade, terapia 
cognitivo-comportamental e/ou reabilitação 
multidisciplinar. Além disso, é importante educar o 
paciente, verificando e corrigindo crenças, pensamentos, 
emoções e atitudes inadequados em relação à dor. 
• Exercícios: programa individualizado, 
supervisionado por um terapeuta, incluindo 
alongamento e fortalecimento. 
• Terapias comportamentais 
• Medicamentos: analgésicos e AINEs devem ser 
utilizados em associação com programas de 
reabilitação física, visando à recuperação do tônus 
muscular e à melhora do condicionamento físico. 
A terapia com antidepressivos pode ser útil para o 
terço dos pacientes com dor lombar crônica que 
apresentam depressão concomitante. 
• Tratamento multidisciplinar: encaminhamento a 
um centro multidisciplinar de dor. 
• Acupuntura 
 
 
 
7 Louyse Morais – Medicina – 108 
 
 
8 Louyse Morais – Medicina – 108 
 
 
9 Louyse Morais – Medicina – 108 
Síndrome dispéptica 
A dispepsia é caracterizada pela presença 
recorrente ou persistente de dor ou desconforto 
epigástrico não relacionado ao uso de anti-inflamatórios 
não esteroides (AINEs) e acompanhado, ou não, de 
sensação de saciedade precoce, násuseas, vômitos, 
pirose, regurgitação e excessiva eructação. 
A dispepsia pode ser classificada em 
dismotilidade, úlcera ou refluxo. No entanto, não há 
correlação da sintomatologia com o diagnóstico 
etiológico, sendo desnecessária a utilização desses 
critérios na prática clínica da APS. 
 
A dispepsia funcional é responsável por 60% dos 
casos das pessoas com sintomas dispépticos, sendo 
caracterizada por sintomas presentes por pelo menos 3 
meses e ausência de alterações estruturais. 
 
Anamnese 
 Na anamnese, deve-se buscar identificar os sinais 
de alerta e a presença de sintomas que sugiram 
diagnósticos diferenciais à síndrome dispéptica, como 
problemas cardíacos ou biliares. 
 
Quando a pessoa necessitar de uso continuado de 
AINE, um IBP deverá ser prescrito em conjunto apenas se 
houver antecedente de úlcera péptica. 
Exames complementares 
Os exames complementares relacionados à 
investigação da dispepsia e mais comumente usados são a 
endoscopia digestiva alta (EDA) e os testes para detecção 
de H. pylori. A EDA é usada para diagnosticar lesões 
estruturais e causas específicas da dispepsia apenas nas 
pessoas que apresentarem sinais de alerta, a fim de excluir 
doença orgânica grave. Sugere-se solicitar EDA para 
indivíduos maiores de 55 anos, quando os sintomas 
dispépticos persistem, independente de tratamento 
adequado inicial. Para aqueles que já realizaram o exame 
em algum momento e retornaram com os sintomas, deve-
se introduzir terapêutica de acordo com o diagnóstico 
anterior. Só repete o exame se houver sinais de alerta. 
Para identificar infecção pelo H. pylori sem 
realização de EDA, as técnicas mais utilizadas são o teste 
respiratório com 13C ureia e exame sorológico. A 
sorologia detecta IgG específicos para H. pylori. É um 
exame mais sensível e de menor custo, mas permanecerá 
positivo mesmo após erradicar a bactéria. 
Conduta proposta 
Tratamento 
 A estratégia inicial na dispepsia não investigada é 
o tratamento empírico com IBPs. Há evidência que a 
erradicação do H. Pylori aumenta a taxa de melhora dos 
sintomas e/ou diminui a sua recorrência nas principais 
causas de dispepsia. 
 
Como os exames para detecção da infecção pelo 
H. pylori ainda são pouco disponíveis, uma alternativa 
seria tratar empiricamente para a erradicação de H. pylori 
após falha terapêutica do IBP. O esquema mais usado é 
amoxicilina 1g e claritromicina 500 mg, por 7 dias, em duas 
tomadas diárias, associadas ao IBP em dose plena. 
 
10 Louyse Morais – Medicina – 108 
 
Atividades preventivas e educação 
Apesar de não ser clara a associação entre 
tabagismo, sobrepeso, dieta inadequada e ingestão de 
álcool e café com dispepsia, sugere-se recomendar 
modificações nos hábitos de vida. 
Aqueles que sofrem por tempo prolongado com 
sintomas dispépticos devem ser encorajados a reduzir o 
uso das medicações prescritas. 
 
 
11 Louyse Morais – Medicina – 108 
Abordagem da dor de ouvido 
O diagnóstico é feito na presença de efusão na 
orelha média, evidenciada por: 
• Abaulamento moderado a intenso da membrana 
timpânica (MT) ou início recente de otorreia não 
devida à otite externa aguda, ou 
• Abaulamento leve da MT ao mesmo tempo com 
dor de ouvido nas últimas 48 horas (puxar ou 
esfregar a orelha em crianças que ainda não 
falam) ou hiperemia intensa de MT 
A otite média aguda (OMA) é uma infecção da 
orelha média, com consequente presença de líquido 
(efusão) preenchendo a sua cavidade sob pressão, com 
início abrupto dos sinais e sintomas causados pela 
inflamação. Pode ser não complicada (sem otorreia), não 
severa (otalgia leve a temperatura < 39°C), severa (otalgia 
moderada a severa, ou febre > 39°C) e recorrente (três ou 
mais episódios isolados e documentados nos últimos 6 
meses ou quatro ou mais episódios nos últimos 12 meses 
com ao menos um episódio nos últimos 6 meses). 
Associações: infecção das vias aéreas superiores 
(IVAS), corpo estranho, OMA, otite externa e rolha de 
cerume. 
Causas pouco frequentes: paralisia de Bell, 
abscesso peritonsilar, disfunção temporomandibular, 
coleasteatoma e alterações de dentes, faringe e laringe. 
Geralmente, a OMA segue uma IVAS aguda e, por 
isso, o líquido da orelha média, na maior parte das vezes, 
apresentará vírus associados a bactérias. As mais 
prevalentes são Haemophilus infruenzae, Moraxella 
catarrhalis e Streptococcus pneumoniae. 
Deve-se pensar em OMA sempre que houver dor 
de ouvido. Se houver, em crianças pequenas, início súbito 
de febre após 4 ou 5 dias de IVAS, irritabilidade, 
dificuldade em permanecer na posição horizontal, choro 
inconsolável ou alteração no sono, a otoscopia pode 
confirmar ou afastar o diagnóstico. 
• Fatores protetores: aleitamento materno 
exclusivo no primeiro semestre de vida, adoçante 
xilitol (encontrado em frutas e legumes, usado 
sistematicamente. 
• Fatores de risco: frequentar creche, usar chupeta 
ou mamadeira, história de aleitamento artificial. 
Diagnóstico 
 
Anamnese 
A dor de ouvido que segue um quadro de resfriado 
comum ou de gripe, com tosse e rinorreia tem associação 
com OMA, assim como menoridade gestacional ao nascer, 
frequentar creche, ter pais fumantes ou irmãos mais 
velhos. 
Adulto e criança que já se comunica referem dor 
ou desconforto na área auricular. Na criança menor, 
observar se está irritada, chorosa, deseja fica no colo 
(posição vertical), tem dificuldade em aceitar alimentação 
e está com o sono agitado. Como sintoma local, às vezes 
esfrega ou puxa o pavilhão auricular. A OMA sem dor, só 
chama atenção na otoscopia após ruptura da MT. 
• Temperatura < 39°C + otalgia leve = OMA leve 
• Temperatura > 39°C + otalgia moderada/intensa = 
OMA severa 
Exame físico 
Um exame sem resistência do examinado ou 
evidência de dor local durante a acomodação do 
otoscópio no conduto reduz a probabilidade de 
inflamação da orelha média. A compressão do trágus não 
tem acurácia estudada e não apresenta utilidade prática.A retirada do cerume para melhorar a visão da MT é 
recomendada em ambiente ambulatorial de 
especialidade, mas na APS só deve ser realizada se o 
médico for treinado para isso e houver otoscópio próprio 
para manipulação do conduto auditivo sob visão. 
Não há OMA sem efusão em orelha média. A 
intensidade do abaulamento da MT é o mais importante 
achado. 
 
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A acurácia dos sinais clínicos mostrou que os 
achados da MT que são altamente sugestivos de OMA são 
abaulamento e opacificação. A imobilidade da MT tem boa 
acurácia, mas apenas em presença de abaulamento. A 
hiperemia discreta da membrana tem baixa acurácia 
diagnóstico, pois pode surgir em qualquer febre ou choro 
da criança, ao passo que a coloração intensamente 
hiperemiada da membrana é sugestiva de OMA e, se 
apresentar coloração normal, é improvável que seja OMA. 
Exames complementares 
• Otoscopia: suficiente e definitiva. 
• Timpanometria: apenas com referenciamento, 
quando há dúvidas diagnósticas em OMA de 
repetição. 
• TC: pode ser útil apenas para avaliar 
complicações, como mastoidite 
Conduta proposta 
Para crianças com idade menor do que 6 meses e 
diagnóstico confirmado de OMA, está indicado o uso de 
antibioticoterapia. Para os demais, os sintomas melhoram 
em 24 horas em cerca de 60% das crianças e, em 3 dias, a 
condição se resolve em 80% delas. 
Medidas não farmacológicas 
Compressa morna e manutenção no colo são 
medidas úteis e também de reforço do vínculo e de 
compromisso da atenção. 
 
Medidas farmacológicas 
Manejo da dor: anestésico local em gotas pode reduzir o 
desconforto por alguns minutos, mas não de forma 
duradoura. Os fármacos de escolha para a maioria dos 
casos são paracetamol ou ibuprofeno por demanda, 
evitando o uso concomitante de anti-histamínicos e 
antitussígenos, para impedir interação medicamentosa. 
Paracetamol 
• 200 mg/ml – 1 gota = 10mg, ou 500 mg 
• 10 a 15 mg/kg/dose a cada 4 ou 6h – máximo de 
75 mg/kg/dia 
• Adulto: 500 mg de até 6 em 6h – máximo de 
4000mg/dia 
Ibuprofeno 
• 50 ou 100 mg/ml – 1 gota = 5 ou 10 mg, 200 mg 
ou 300 mg 
• 5 a 10 mg/kg/dose a cada 6 a 8h – máximo de 4 
doses/dia 
• Adulto: 200 a 400 mg de 8 em 8h – máximo de 
3200 mg/dia 
Uso de ATB 
 
 
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Duração do tratamento antibiótico 
• OMA severa ou < 2 anos de idade: 10 dias 
• OMA leve ou moderada, se 2 a 5 anos: 7 dias 
• OMA leve ou moderada, se > 6 anos: 5 a 7 dias 
Quando referenciar: Casos de persistência dos 
sintomas e sinais 48 a 72 horas após antibioticoterapia, se 
indicada, deverão ser referenciados para atendimento 
especializado, assim como aqueles em que a família 
perceba algum déficit auditivo após um episódio de OMA. 
 
Prognóstico e complicações possíveis 
A resolução espontânea ocorre em 3 a 4 dias em 
97% das crianças que não encontraram critérios para uso 
de antibiótico, segundo o fluxograma abaixo. Em crianças 
com menos de 2 anos, os sintomas eventualmente 
persistem por até 7 dias. Complicações como meningite, 
mastoidites e redução da acuidade auditiva são raras, e o 
uso de antibióticos não altera o prognóstico. 
 
Atividades preventivas e de educação 
• Dar leite materno ao menos nos 6 primeiros 
meses de vida 
• Reduzir a probabilidade de IVAS pela alteração 
dos planos de cuidados 
• Limitar o uso de chupeta nos primeiros 6 meses 
de vida, para apenas na hora do sono 
• Evitar tabagismo passivo

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