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1 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia Anatomia da Coluna Vertebral Funções: Proteção; sustentação; locomoção (biomecânica); reserva mineral (mais relacionado com o metabolismo do cálcio); hematopoese. As vértebras são classificadas como ossos irregulares. • Coluna anterior (corpo vertebral) → sustentação do peso. • Coluna posterior (partes articulares) → mobilidade (sustenta ligamentos e músculos). São 33 vértebras separadas em 5 seguimentos: ❖ Cervicais (7) → C1-C7; ❖ Torácicas (12) → T1- T12; ❖ Lombares (5) → L1-L5; ❖ Sacrais (5) → S1-S5; ❖ Coccígeos (4) → C1-C4. Curvas fisiológicas: Plano sagital/anatômico; ❖ Cifose (torácica e sacrococcígea)→ Curvatura primária *)*: Concavidade anterior + convexidade posterior; ❖ Lordose (cervical e lombar) → Curvatura secundária *(*: convexidade anterior + concavidade posterior. A coluna no plano coronal não tem nenhuma convexidade fisiológica. Ordem: 1. Lordose cervical; 2. Cifose torácica; 3. Lordose lombar; 4. Cifose sacrococcígea. Lombalgia Definição • Definição: dor, rigidez ou sensação de tensão muscular localizada abaixo da margem costal, mas acima da região glútea. • Lombalgia (dor lombar baixa ou lumbago) descrevem um sintoma e não um quadro nosológico definido. Sendo determinado por uma dor que está localizada na região lombar. • A maioria das lombalgias sequer necessitará um exame de imagem ou procedimentos cirúrgicos. • Pode se originar em diversas regiões da coluna lombar (L1-L5): ligamentos, musculatura e fáscia paravertebral, anel fibroso do disco intervertebral, articulações interapofisárias, periósteo, vasos sanguíneos e raízes nervosas. • Quando a dor lombar deixa de ser localizada nessas estruturas e passa a ser irradiada para membros inferiores chama-se o quadro de lombociatalgia que pode ter origem radicular (radiculopatia) causada, por exemplo, por compressão da raiz nervosa por uma hérnia de disco. Contudo, a radiculopatia/lombociatalgia não é a principal causa de dor lombar. • Existe forte evidência da associação da lombalgia com o trabalho pesado em que há elevação e vibração do corpo, havendo menor evidência de relação entre as lombalgias e trabalhos estáticos ou postura desconfortável. • Quando houver suspeita de lombalgia associada ao trabalho é fundamental orientar o retorno às atividades laborais, porém evitando elevação de objetos pesados e esforços físicos extenuantes. • É preciso ressaltar que apesar do bom prognóstico da maioria dos casos, as doenças da coluna lombar constituem a causa mais comum de invalidez relacionada a problemas musculoesqueléticos. Classificação ▪ Aguda: Se durar até 1 mês; ▪ Subaguda: Se a duração se estende entre 1-3 meses; ▪ Crônica: Se a dor ocorrer por pelo menos 3 meses e em pelo menos metade dos dias dos últimos 6 meses; ▪ Recorrente: quando um novo episódio ocorre 30 dias após o anterior dentro do período de 1 ano. Lombalgia 2 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia Epidemiologia • Estima-se que até 84% dos adultos têm dor lombar em algum momento de suas vidas e é, depois da cefaleia, a causa mais comum de dor, representando cerca de 5% das consultas em serviços de emergência. • Tem se tornado mais frequente devido ao aumento do sedentarismo, obesidade e condições de trabalho diversas, tornando este o 3º motivo de consultas médicas. • Considerada como a 2º causa de atendimento médico geral, ficando apenas atrás de sintomas respiratórios. • O pico de prevalência da lombalgia está entre 45 – 60 anos, sendo mais recidivante em idades mais avançadas. • Acomete entre 58-84% das pessoas ao longo da vida, é mais comum em mulheres, sendo na maioria dos casos episódios agudos, benignos e autolimitados (após 8 meses cerca de 90% evoluem para cura). • No mundo, é a principal causa de incapacidade e um dos principais motivos de ausência do trabalho. Fatores de risco Trabalho físico/psicologicamente estressante; Obesidade: sobrecarga mecânica da coluna lombar, associação com inflamação sistêmica crônica, associação com discopatia degenerativa e alterações da placa vertebral; Idade avançada; Tabagismo; Fatores psicossociais (Histeria, neurose) Etiologia e fisiopatologia • A etiologia exata de uma lombalgia aguda não consegue ser definida em até 80% dos casos, e nem nas crônicas essa definição é tão clara. • Aproximadamente 85% das lombalgias não têm uma causa específica. • Acredita-se que a maioria das lombalgias são de origem muscular, ocasionadas por contraturas musculares. • A dor lombar pode ser subdivida de acordo com suas diferentes etiologias: ❖ Causas mecânicas (tensão da musculatura lombar ou paravertebral, por trauma direto, doenças degenerativas - espondilose e osteoartrite- , espondilolistese, herniação discal lombar, osteoporose, fraturas e o estreitamento do canal medular), ❖ Não mecânicas (ex. neoplasias, causas infecciosas e inflamatórias); ❖ Viscerais (por doenças pélvicas ou gastrointestinais); ❖ Sistêmicas (neuropatia diabética, vasculites, doença de Paget, sarcoidose). Etiologia: Não irradiadas: Não específicas (70-90%); degenerativa (10%); espondilolistese* (3%); espondiólise (4%) Irradiadas com radiculopatia: Hérnia discal que necessita de cirurgia (2%); estenose espinal (3%); síndrome da causa equina (1-2% das hérnias discais); Visceral: ➢ Sistêmica: Fratura por osteoporose (4%); infecção (0,01%); malignidade (0,7%); espondilite anquilosante (0,3%). ➢ Referida: Aneurisma aórtico; pancreatite aguda; Pielonefrite aguda e cólica renal; úlcera péptica. Abordagem clínica e diagnóstica • A maioria das lombalgias além de não possuírem causas específicas não irão demandar investigações complexas ou abordagens invasivas, logo, o principal objetivo da anamnese diante de uma queixa de dor lombar deve ser identificar sinais de alerta e descartar patologias específicas causando o quadro clínico, tais como: ❖ Síndrome da cauda equina: Ocorre devido a compressão das raízes sacrais que formam a estrutura da cauda equina que pode ocorrer como complicação de uma hérnia ou qualquer outra compressão como câncer ou estenose. Os principais sintomas desta síndrome são: lombalgia severa, retenção ou incontinência urinária e fecal, anestesia em sela, fraqueza nas pernas. Encaminhar direto para serviço de urgência! 3 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia ❖ Neoplasia: Suspeitado quando tem história de câncer, que não melhoram em 4-6 semanas e com idade acima de 50 anos. ❖ Espondilite anquilosante: doença inflamatória que se costuma apresentar na adolescência/idade adulta, de forma insidiosa, melhora com atividade física. Rigidez matinal e a dor persiste por mais de 3 meses; a presença de 4 destes 5 elementos já fortalece a suspeita. ❖ Infecção; ❖ Fratura; ❖ Pielonefrite; ❖ Artrite inflamatória; • Para a avaliação inicial de um paciente com dor lombar, Deyo e Weinstein propõem um questionário simples de 3 perguntas: 1. Há alguma doença sistêmica causando a dor? 2. Há alguma questão social ou psicológica que possa estar amplificando ou prolongando a dor? 3. Há algum comprometimento neurológico que exija intervenção cirúrgica? • O histórico de doença arterial ou cardíaca deve alertar para aneurismas da aorta abdominal; infecções urinárias de repetição aumento o risco de pielonefrite; sintomas gastrointestinais podem sugerir espondiloartropatias soronegativas. • Dores lombares ou radiculares causadas por alterações em articulações coxofemorais ou sacroilíacas, também devem fazer parte dos possíveis diagnósticos diferenciais. Nesse sentido, os sinais de Patrick e FABER são úteis para a tentativa de diferenciação clínica. • É importanterealizar toda a caracterização semiológica da dor, sendo de relevância saber o tempo de duração, se há ou não irradiação, como a dor é desencadeada e se tem relação com o trabalho, bem como impacto nas funções cotidianas. Importante: Irradiação? Tempo de início; Fatores de melhora e piora; Intensidade; Fatores desencadeantes; Fraqueza? Alteração na sensibilidade? É frequente? Quais tratamentos anteriores? Sintomas associadas? Alteração em fezes e urina? Quais momentos do dia aparece? Repercussões na vida? Relação com o trabalho? Anamnese ❖ Raça, idade, sexo; ❖ Avaliação dos antecedentes pessoais e familiares; ❖ Avaliação da situação socioprofissional; ❖ Apreciar o envolvimento psicoafetivo. ❖ Início da dor: quadro súbito e intenso sugere uma hérnia discal, enquanto que sintomatologia insidiosa sugere patologias degenerativas; ❖ Irradiação da dor: com ou sem trajeto radicular específico. A dor irradiada abaixo do joelho geralmente é radicular. Dor irradiada apenas até o joelho pode estar relacionada com estruturas próprias da coluna (articulações posteriores, músculos e ligamentos). OBSERVAÇÃO: Dor lombar com irradiação para face posterolateral dos MMII é mais característica de ciatalgia. No entanto, dores que irradiam para face anterior da coxa estão menos relacionadas com radiculopatia, sendo importante pensar em outros locais primários para a dor: artrite do quadril, hérnia inguinal, doença renal. As radiculopatias podem cursar com dor lombar e irradiação para dermátomo correspondente, a exemplo do nervo ciático, que compreende às raízes L4, L5 e S1. ❖ Ritmo da dor: a dor que piora ao repouso e melhora com o movimento sugere patologia inflamatória como as espondiloartropatias. A dor que piora aos movimentos e melhora pelo menos parcialmente ao repouso sugere patologia mecânico-degenerativa. A dor fixa, de intensidade crescente, sem fatores de melhora, sugere patologia infecciosa ou tumoral; ❖ Características da dor: a dor radicular costuma ser lancinante, acompanhada de parestesias. Já a dor psicogênica costuma ser descrita em termos de sofrimento ou punição e não segue um trajeto dermatomérico específico; a dor da lombalgia mecânica costuma ser descrita como uma dor “surda”, profunda e mal delimitada; ❖ Presença de febre e perda de peso: são sinais de alerta para a pesquisa de infecção e tumores; ❖ Deve-se perguntar sobre sintomas constitucionais (como perda de peso não intencional ou sudorese noturna), história de doença neoplásica, eventos precipitantes, terapias prévias já realizadas, sintomas neurológicos (fraqueza, queda ou instabilidade da marcha, parestesia ou outras 4 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia alterações sensoriais, ou sintomas urinários e de incontinência fecal), de estabilidade ou de progressão dos sintomas, infecções bacterianas recentes, uso de drogas injetáveis, de medicamentos corticosteroides e procedimentos realizados na região lombar. • A classificação dos sinais de alerta vermelho, como é possível ver abaixo, nem sempre significa que o paciente deve ser encaminhado para unidade de Urgência/emergência, mas que o mesmo merece uma investigação diagnóstica mais direcionada. • Também é importante identificar os sinais de alerta amarelo, pois eles ajudam a predizer o prognóstico destes pacientes (risco de recorrência e cronicidade) diante de riscos psicossociais. Sinais de alerta vermelho Sinais ou sintomas sistêmicos: febre, perda de peso, sudorese noturna, calafrios Déficit neurológico focal progressivo/profundo Dor refratária ou persistente por >4-6 semanas Idade >70 anos História pessoal de câncer Incontinência/retenção urinária Contusões ou abrasões na coluna Trauma/lesão em alta velocidade Imunocomprometimento Sinais de alerta amarelo Pensamento catastrófico quanto a lombalgia Sintomas sem base anatômica ou fisiológica definida Elevado comprometimento funcional basal Baixo estado geral da saúde Depressão, ansiedade ou pessimismo diante da vida • É fundamental a identificação, durante a anamnese, de dores não orgânicas. Existem alguns sinais clássicos que sugerem isso, sendo que com a presença de 3 ou mais, a chance de o sintoma não ser orgânico aumenta, como: Sensibilidade superficial: desconforto na pele durante a palpação superficial; Sensibilidade não anatômica: quando cruza os limites anatômicos; Dor à carga axial simulada: dor ao pressionar o alto da cabeça; Dor à rotação simulada: girar o ombro e o quadril em bloco não deve gerar dor; Distração da manobra de elevação do membro inferior estendido: o sinal de Laségue é positivo, porém, se sentado, a extensão do membro inferior não é dolorosa; Regionalização da sensibilidade: perda de sensibilidade que não segue dermátomo; Regionalização da força: fraqueza sem resistência; Superação: resposta dolorosa exagerada a um estímulo que, quanto repetido, não tem a mesma reação. Exame físico • Exame geral: Auxilia a afastar doenças sistêmicas ou identificar um sítio extralombar para a dor sugerindo uma causa referida. Deve abranger a avaliação da coluna lombar e alguns testes neurológicos para investigar causas específicas. • INSPEÇÃO ESTÁTICA da coluna: observar se há presença de desvios, atrofia muscular; avaliação da pele local, verificando se há presença de sinais flogísticos. A visão lateral permite observar a presença de hiperlordose ou retificação da lordose. Atenção especial deve ser dada ao exame da pele, à presença de sinais inflamatórios, como 5 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia edema e eritema, ao trofismo muscular e à presença de obesidade. • INSPEÇÃO DINÂMICA: Deve ser iniciado com a análise da marcha e da mobilidade. • A lesão da raiz L5 dificulta a marcha nos calcanhares. Já a lesão da raiz S1 dificulta a marcha na ponta dos pés. • A lesão L5 também pode ser investigada pelo teste de Trendelenburg. • Pede-se ao paciente para ficar apoiado sobre apenas um pé. A queda da bacia para o lado oposto da perna afetada revela fraqueza dos abdutores da coxa. • MOBILIZAÇÃO: A mobilização da coluna lombar inclui flexão anterior, extensão e flexão lateral. • Em geral, a dor na flexão é considerada originária dos elementos anteriores, como o disco. Enquanto que a dor à extensão se relaciona com os elementos posteriores, particularmente as articulações facetárias. • Dor à extensão com melhora à flexão sugere também estreitamento do canal lombar. • Na flexão lateral, também se deve observar uma curva harmoniosa, que pode estar interrompida nos casos de contratura muscular localizada. • PALPAÇÃO: Parte mais importante do exame. Deve ser realizada nos planos musculares, nas apófises espinhosas e nos espaços discais buscando encontrar os pontos álgicos e identificar exatamente onde se localizada a dor e para onde irradia. A palpação pode relevar pontos dolorosos miofasciais paramedianos com a sensibilidade anormal durante pressão do espaço interespinhoso na linha mediana, sinal que tende a ser indicativo de doença discal ou instabilidade segmentar. • Na suspeita de radiculopatia é mandatória a realização do Teste de Laségue que consiste em: com o paciente em decúbito dorsal elevar o membro dolorido mantendo o joelho estendido. Pode-se sensibilizar o teste fazendo uma dorsiflexão do pé. O teste é positivo quando há exacerbação da dor e irradiação neste membro a 30-60 graus. • Ainda é possível realizar o teste da elevação da perna oposta ao se elevar a perna não dolorida de modo que o paciente refere dor a 30-60 graus no membro não elevado. Este último teste é mais reprodutível do que o Laségue que eleva a perna ipsilateral à dor. • Na suspeita de espondilite anquilosante deve-se realizar ostestes de Patrick e Schober. TESTE DE PATRICK Consiste em: posicionar o maléolo lateral de um pé encostado na patela contralateral, em seguida, pressionar com uma mão o joelho da perna fletida e estabilizar com a outra mão a pelve contralateral. A dor durante a realização deste teste indica possível acometimento da articulação sacrilíaca. TESTE DE SCHOBER Auxilia a avaliar a funcionalidade da coluna, sendo pouco específico para avaliação da mobilidade da mesma. Este teste consiste em: com o paciente em pé, marcar um ponto na coluna na altura de L5- S1 (projeção da espinha ilíaca posterior) e marcar outro ponto a 10 cm deste; em seguida, pede-se para o paciente realizar uma flexão ventral notando então um aumento da distância entre os pontos marcados em 5 cm, totalizando no mínimo 15 cm entre os dois pontos. O teste é positivo quando o aumento é < 5 cm. Testes especiais SINAL DE L ASÉGIE Com o paciente em decúbito dorsal, eleva-se o membro, mantendo o joelho estendido. Positivo quando houver dor entre 30 e 70º de extensão, indicando compressão radicular L5 ou S1. TESTE DO ESTIRAMENTO FEMORAL Com o paciente em decúbito ventral e o joelho fletido, a coxa é elevada acima da cama. A presença de dor na região anterior da coxa sugere compressão radicular L2 ou L3 e a dor na face medial da perna sugere envolvimento da raiz L4. 6 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia TESTE DE BAB INSKI Diferencia a compressão radicular, que ocorre principalmente nas hérnias discais, de quadros de neuropatia periférica ou de compressões tronculares. Ficar atento a sinais da síndrome da cauda equina com Laségue bilateral, hipoestesia em sela e hipotonia de esfíncteres. • O exame neurológico é parte obrigatória e extremamente importante, pois avalia o tônus, reflexos, bem como avaliação de dermátomos e miótomos. O exame motor, da sensibilidade e dos reflexos permite estabelecer uma topografia radicular típica. • As raízes acometidas com mais frequência são as raízes L4, L5 e S1, que merecem atenção especial. A força de flexão da coxa é papel da raiz L4, enquanto que a dorsiflexão do pé é função da L5. A função motora da S1 pode ser examinada pela marcha nas pontas dos pés. Topografia das radiculalgias do membro inferior RAIZ L4 Trajeto da dor Nádega → face anterolateral da coxa → borda anterior da perna Déficit motor Dorsiflexão do pé Reflexo Patelar Raiz L5 Trajeto da dor Nádega → face posterolateral da coxa → face lateral da perna → tornozelo (em bracelete) → região dorsal do pé → Hálux Déficit motor Extensão do hálux Reflexo - Raiz S1 Trajeto da dor Déficit motor Nádega → face posterior da coxa e perna → calcanhar e borda lateral do pé → quinto artelho Flexão plantar do pé Reflexo Aquíleo • Na suspeita de hérnia de disco pode-se direcionar o exame da sensibilidade (dermátomos) e avaliação motora (miótomos) para a região de L4-S1 que são as regiões mais acometidas por tal patologia. • O teste de sensibilidade pode ser otimizado ao testar a simetria ao estímulo doloroso com um objeto pontiagudo nos dermátomos de L4 (face medial da perna), L5 (dorso do pé) e S1 (maléolo lateral). Quando há suspeita de síndrome da cauda equina, deve-se investigar a sensibilidade da região perineal. • A avaliação motora é importante, pois a presença de fraqueza é mais específica para compressão radicular do que a descrição de ciatalgia na história, com isso, pode ser testada a força do quadríceps (L4) pedindo para o paciente levantar da cadeira com apenas 1 perna. A fraqueza a dorsiflexão do tornozelo e do hálux contra a resistência do examinador sugere lesão de L5 e, ao testar a flexão plantar do pé é possível avaliar a força em S1 pedindo para o paciente deambular na ponta dos pés. Teste de força • L4 (força de quadríceps): levantar da cadeira com apenas uma perna. • L5: dorsiflexão do tornozelo e do hálux contra a resistência. • S1 (flexão plantar do pé): deambular na ponta dos pés. Exames complementares • Um indivíduo com um primeiro episódio de lombalgia não requer investigação complementar, exceto nas condições em que há presença de sinais de alerta (idade <15 ou >55anos; antecedente de tumor ou história de emagrecimento rápido; dor noturna, associada ou não a sudorese e febre; dor por mais de 3 meses; sinais de radiculopatia). Entretanto, cerca de 80% dos indivíduos com lombalgia são submetidos a algum exame de imagem, muitas vezes sem indicações. • Os exames complementares são indicados apenas para aproximadamente 20% dos pacientes, ou seja, aqueles que possuem dor persistente a mais de 4 7 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia semanas, quando há suspeita de radiculopatia, infecção, tumor, dor referida/irradiada ou doença reumatológica. • A indicação de uma investigação é limitada aos pacientes com história de trauma importante, com suspeita de doença sistêmica (febre, perda de peso) e com dor persistente ou progressiva. OBSERVAÇÃO: Na Atenção Primária não se costuma solicitar exames de imagem na investigação de lombalgia, pois se compreende que se o valor preditivo é alto suficiente para indicar a solicitar de um exame de imagem, também deve ser alto o suficiente para indicar avaliação com especialista. O exame de imagem não deve ser solicitado como forma de complementar a história clínica, pois havendo dúvida diante da história, é importante realizar o exame físico completo. Exames laboratoriais • Não devem ser solicitados para a maioria dos pacientes com lombalgia, sendo necessários apenas para pessoas idosas, com sintomas constitucionais ou em caso de falha terapêutica. • Na suspeita de neoplasia ou processo inflamatório: pode solicitar hemograma e VHS. A velocidade de hemossedimentação (VHS) maior que 40 mm tem alta sensibilidade diagnóstica, podendo servir como exame de screening para condições de lombalgia de maior gravidade. • Exames como hemograma, eletrólitos, eletroforese de proteínas, eletroneuromiografia, entre outros, devem ser solicitados quando há suspeita de uma etiologia específica. • Para investigar doença óssea difusa: cálcio sérico e fosfatase alcalina podem ser solicitados • Suspeita de mieloma múltiplo: a eletroforese de proteínas séricas e urinárias também auxilia. • O exame de urina: pode ser útil na investigação de doença renal, enquanto a pesquisa de sangue oculto nas fezes auxilia a investigação de úlceras e tumores gastrointestinais. Exames de imagem • Os exames de imagem podem sugerir causas específicas para a lombalgia. Deve-se salientar, porém, que pacientes assintomáticos podem ter resultados anormais, o que torna difícil correlacionar os sintomas aos achados na imagem. Ainda, mesmo quando os achados radiológicos são consistentes com a apresentação clínica, a magnitude deles não se correlacionam necessariamente com a gravidade clínica, e a melhora clínica pode não se correlacionar com a resolução da alteração radiográfica. Portanto, o exame de imagem deve ser solicitado de acordo com a suspeita clínica e analisado minunciosamente. Assim, o exame de imagem deve ser confirmatório e não diagnóstico. RADIOGRAFIA SIMPL ES DE COLUNA : Pode fornecer informações importantes (como alinhamento da coluna vertebral, tamanho, estrutura, forma dos corpos vertebrais e possíveis lesões ósseas), além de poder mostrar alterações específicas de determinadas etiologias. O raio X simples constitui a primeira etapa da investigação radiológica. Uma radiografia de face com incidência posterior centrada sobre o disco L4-L5, face centrada em L5-S1 e uma incidência de perfil são suficientes. Apesar do seu baixo custo e auxílio no diagnóstico de patologias vertebraise discais, possui baixa sensibilidade e especificidade. O RX pode ser totalmente normal em pacientes com lombalgia. Da mesma forma, alterações degenerativas presentes ao RX, como vértebras transicionais, espinha bífida, nódulos de Schmorl, artrose facetária, discopatia e 8 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia escoliose leve, ocorrem com frequência na população assintomática. TOMOG RAF IA COMPU TADORIZ ADA É considerada o melhor exame para a investigação de doenças ósseas, seu papel na investigação de lombalgia é secundário. Porém, tem boa utilidade para situações específicas, como: estenose do canal lombar, alterações tróficas facetárias e em situações que que a ressonância (RM) não pode ser realizada. ▪ Apesar de uma alta sensibilidade para a detecção de lesões ósseas, a visualização de lesões dos tecidos moles é inferior àquela obtida com a ressonância magnética. ▪ Além disso, a TC permite apenas a visualização de segmentos limitados da coluna, não permitindo a visualização de lesões intra-durais sem a injeção de contraste intra-tecal. RNM É o exame de escolha na suspeição de diagnósticos etiológicos específicos de lombalgia. ▪ É extremamente útil na demonstração de patologia intramedular, vertebral ou de tecidos moles paravertebrais, além de possuir alta sensibilidade e especificidade para a detecção de infecções e hérnias discais. ▪ Uma vez que os achados de imagem são muitas vezes inespecíficos, procedimentos invasivos para diagnóstico podem ser utilizados na tentativa de se encontrar a causa da dor lombar. Outros: Mielografia; Mielo-TC Tratamento Não farmacológico • Na maioria das vezes, aconselhar o paciente a manter-se ativo sem sobrecarregar a coluna é suficiente. Para outros, é necessário lançar mão da terapia cognitivo-comportamental (TCC), levando em consideração aqueles sinais de alerta amarelo e para outros é importante indicar fisioterapia. • Mudanças comportamentais, como perda de peso (para pacientes obesos), prática de exercício físico, fisioterapia e medidas terapêuticas como: terapia cognitivo-comportamental, acupuntura, compressas mornas e outras. • A acupuntura, massagem e ioga só foram avaliadas em pacientes com dor lombar crônica. • O repouso deve ser desencorajado, e os pacientes devem ser orientados a manter suas atividades rotineiras, o que leva a recuperação mais rápida e menor incapacidade a longo prazo. Terapia medicamentosa • Sabe-se que cerca de 90% das lombalgias melhoram espontaneamente sem qualquer intervenção, em um período de 30 dias. • A terapia deve se concentrar no alívio sintomático temporário, para maximizar o conforto do paciente. • Os analgésicos não opioides e os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são as drogas de primeira escolha. *Evitar uso de analgésico a longo prazo! ❖ Os AINEs devem ser mais considerados em pacientes mais jovens, sem lesão renal ou gástrica significativa, ou comorbidade cardiovascular. 9 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia ❖ Paracetamol pode ser indicado para pacientes sem comprometimento hepático que não toleram os AINEs, porém, não isoladamente, pois, o uso de AINES por poucos dias tem melhor evidência, sendo importante atentar ao risco de sangramento gastrointestinal, úlcera e efeitos trombóticos em decorrência do uso desta medicação. ❖ Importante também informar ao paciente que o tempo esperado para alívio da dor é de 4 semanas em geral. ❖ Em caso de resistência à dor ou dor severa, podem ser utilizados opioides de menor potência (como codeína e tramadol) e, se necessário, opioides de maior potência (como a morfina e a oxicodona). ❖ Não prescrever glicocorticóides sistêmicos em pacientes com dor lombar. ❖ Pacientes com idade < 65 anos com dor moderada a grave, que não respondem à monoterapia e podem tolerar os efeitos sedativos, pode ser prescrito um relaxante muscular não benzodiazepínicos (como ciclobenzaprina) em associação aos AINEs. ❖ O tratamento deve ser dirigido à etiologia, logo, causas infecciosas devem ser tratadas com uso de antibióticos, as inflamatórias podem receber corticoides e as sistêmicas serão tratadas segundo suas recomendações. ❖ É digno de nota que os antidepressivos (geralmente os tricíclicos) estão entre as medicações mais utilizadas no tratamento da lombalgia crônica inespecífica, associada ou não a depressão. ❖ Pacientes com lombalgia e suspeita de compressão medular podem apresentar dano neurológico irreversível. Portanto, requer intervenção apropriada e imediata, pois representa quadro emergencial de grande morbidade. Lombalgia Não farmacológico Farmacológico Aguda SEM radiculopatia Manter-se ativo Calor local Aine Relaxante muscular Crônica SEM radiculopatia Fisioterapia; acupuntura; TCC + fisioterapia; Yoga, Tai Chi; exercício de controle motor AINE Opioides Depressivos AINE COM radiculopatia Exercício AINE Cirúrgico • O papel do tratamento cirúrgico na lombalgia é secundário (ou até terciário), visto que a grande maioria dos pacientes melhoram antes de se pensar em qualquer terapia mais agressiva. • Uma vez considerado o diagnóstico de dor facetária, procedimento de neurotomia do ramo medial pode ser proposto. • A neurotomia por radiofrequência alcançou melhora de 90% das dores em 60% dos pacientes em um estudo, porém, boa parte dos pacientes apresentaram retorno das dores entre 6 – 12 meses. • O procedimento mais estudado para o tratamento cirúrgico da lombalgia por degeneração discal é a artrodese do segmento envolvido. Quando referenciar? • A síndrome da cauda equina é uma indicação imediata de referenciamento para unidade de emergência. • Outros casos são possíveis referenciar com a espera aceitável de encaminhamento para outros profissionais como é o caso de pacientes com dor irradiada que podem ser manejados na APS. No entanto, caso este não responda ao tratamento ao longo de 6 semanas deve ser referenciado para avaliação com especialista. • Casos de suspeita de neoplasia e doenças inflamatórias como espondilite anquilosante devem ser referenciados. Diagnóstico diferencial Lombalgia, em geral, se origina da coluna lombar ou é proveniente de músculos e ligamentos associados. Causas de lombalgia: originadas da coluna vertebral (mecânicas – mais de 90%, neoplásicas, infecciosas, inflamatórias, metabólicas) e originadas das vísceras. Foco na avaliação diagnóstica inicial: identificação da pequena proporção de pacientes com doença sistêmica (infecção, neoplasias e espondiloartropatia são responsáveis, em conjunto, por somente 1% dos pacientes com lombalgia) ou com envolvimento neurológico que necessita de intervenção urgente ou específica. 10 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia Espondilite anquilosante É uma doença sistêmica crônica de etiologia indeterminada com forte predisposição genética, caracterizada pelo acometimento da coluna vertebral, principalmente das articulações sacroilíacas (parte sinovial localizada na porção inferior da articulação, região que deve ser analisada no exame de imagem). CLASSIFICAÇÃO A EA é uma das doenças típicas das espondiloartrites (EpAs), denominação atual das espondiloartropatias soronegativas. As EpAs compreendem um grupo de doenças inflamatórias com características comuns: comprometimento inflamatório de articulações sacroilíacas, entesites, artrite (principalmente de articulações dos membros inferiores), ausência de fator reumatoide e nódulos subcutâneos, presença do HLA-B27, uveíte em torno de 30 a 40% dos casos e outras manifestações. A EA é a mais comum das EpAs e apresenta o quadro característico axial citado. Outras manifestações extra esqueléticas que ocorrem em pacientescom EpAs, como psoríase, uretrite e doença inflamatória intestinal, auxiliam a realizar o diagnóstico diferencial com outras EpAs típicas: artrite psoriásica, artrite reativa, artrite associada à doença inflamatória intestinal. ETIOLOG IA Não se sabe sobre a etiologia dessa doença. A suscetibilidade genética é fortemente reconhecida; no entanto a expressão clínica da EA depende da existência de fatores ainda sob estudo, como infecções e interações com subtipos de HLA-B27. PATOG ÊNESE A entesite (inflamação da inserção de tendões, ligamentos, aponeuroses, ânulo fibroso e cápsula articular) seria o sítio inicial da inflamação da EA. Os achados patológicos da região da entesite são: inflamação, fibrose, erosão e ossificação. A sinovite e a bursite também são observadas, principalmente junto a entesite. EPIDEMIOL OGIA Pode ser responsável por até 5% dos casos de lombalgia crônica. A prevalência mundial varia conforme raça e região, de 0,1 a 1,4% (média – 0,5%). A apresentação típica é mais comum em homens brancos, devido à prevalência maior do HLA-B27, com início dos sintomas na adolescência ou quando adulto jovem. Estudos apontam uma demora para estabelecer o diagnóstico de EA de 3 a 11 anos. SINAIS E SINTOMAS O sintoma característico da EA do adulto é a dor lombar inflamatória de apresentação inicial insidiosa em indivíduos com mais de 16 anos. Em crianças e adolescentes, o comprometimento do quadril sugere EpA. A dor lombar persiste por mais de 3 meses. É denominada inflamatória quando agrava em repouso e atenua ao realizar exercício, sendo diferenciada da dor mecânica, que piora com o exercício. Dor noturna, rigidez matinal prolongada e fadiga ocorrem normalmente. A ocorrência dos sintomas constitucionais, como febre baixa e perda ponderal, no início da doença, é infrequente. A dor e a rigidez da coluna geralmente iniciam na região lombar baixa, com característica ascendente para região dorsal e cervical de forma insidiosa. A inflamação pode causar deformidades de todos os segmentos espinais pela fusão dos corpos vertebrais, resultando em coluna em bambu e posição de esquiador com o desenvolvimento da doença sem tratamento. Uma das características mais comum da EA é a sacroileíte, inflamação da articulação sacroilíaca, que se manifesta por dor inespecífica localizada na região da coluna lombar, inguinal e das nádegas. Suspeita-se da ocorrência dessa inflamação devido à dor alternante em nádegas, e ela pode ser pesquisada por meio do teste de Gaenslen (com o paciente em decúbito dorsal, o membro inferior do lado a ser testado deve estar Principais etiologias patológicas 11 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia pendente para fora da maca e o outro membro com o joelho flexionado, traciona-se o membro pendente contra a maca; O teste é positivo se houver dor na região sacroilíaca. O teste de Shober modificado é utilizado principalmente em estudos ou no acompanhamento da evolução e identifica limitação da flexão da coluna lombar. A entesite ocorre com muita frequência em pacientes com EpAS, e pode ser confundida com tendinites de repetição relacionadas a esforço ou uso de sapatos inadequados. O local mais comum de entesite é o tendão calcâneo, também conhecido como tendão de Aquiles. Essa entidade causa muita dor, edema e restrição do movimento. A artrite pode acometer qualquer articulação, mas geralmente afeta membros inferiores: quadril, joelhos, tornozelos e articulações metatarsofalângicas. Com exceção dos ombros, as articulações dos membros superiores quase não são afetadas. Em geral, a sinovite é oligoarticular, assimétrica e episódica, diferenciando-se, assim, da artrite reumatoide. MANIFESTAÇÕES EXTRAESQUELÉTICAS DA EA ❖ Lesões oculares em 30% dos pacientes, ocorre uveíte anterior aguda em qualquer momento da doença, em geral recorrente, caracterizada por inflamação ocular, unilateral alternada, com dor, vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia e visão borrada. ❖ Envolvimento cardiovascular: aortite, regurgitação aórtica, disfunção do miocárdio e anormalidades na condução cardíaca. ❖ Envolvimento pulmonar: ocorre fibrose de lobos superiores em menos de 1% dos pacientes e diminuição da expansibilidade torácica. ❖ Lesões neurológicas: fraturas, subluxação atlantoaxial ou ossificação do ligamento longitudinal posterior, causando mielopatia compressiva e síndrome da cauda equina. ❖ Envolvimento do trato urinário: nefropatia por IgA, amiloidose secundária e prostatite crônica. Com exceção do comprometimento ocular, as outras manifestações não ocorrem com frequência. Pode haver lesão no íleo terminal e no colo em pacientes assintomáticos. DIAGNÓSTICO Para a confirmação do diagnóstico de EA definida e a classificação da doença, os critérios mais utilizados são os de Nova York modificados, de 1984, que combinam critérios clínicos e radiográficas. Conforme os critérios, para o diagnóstico de EA, é necessário que haja um critério clínico e um radiográfico. • Critérios clínicos: ❖ Dor lombar de mais de 3 meses de duração com melhora com a realização de exercícios e não alivia em repouso; ❖ Limitação da coluna lombar nos planos frontal e sagital; ❖ Expansibilidade torácica diminuída (corrigida para idade e sexo). • Critérios radiográficos: ❖ Sacroileíte bilateral, grau 2,3 ou 4; ❖ Sacroileíte unilateral, grau 3 ou 4. A importância atual do diagnóstico precoce é consequência dos avanços na área diagnóstica, terapêutica e prognóstica de EA. A possibilidade de EA, a partir de dor lombar, faz parte da rotina do reumatologista, devendo ser conhecida também pelo clínico. EXAMES LABORATORIAIS Não há marcadores laboratoriais para EA. Os testes HLA-B27 positivo e fator reumatoide negativo podem 12 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia apenas reforçar a hipótese diagnóstica. A velocidade de sedimentação globular (VSG) e o teste da proteína C-reativa (PCR) podem indicar atividade inflamatória, auxiliando o acompanhamento da doença. EXAMES DE IMAGEM Deve-se solicitar raio X de articulações sacroilíacas para avaliação adequada. Entretanto, nos estágios iniciais da doença, a radiografia pode não evidenciar alterações. A TC de articulações sacroilíacas pode definir melhor os casos duvidosos. Considerando a importância do diagnóstico precoce, a RM com STIR (supressão de gordura) é o exame mais sensível e específico para evidenciar a lesão inicial, apesar de alto custo. Existem vários outros. Os locais mais comuns de entesopatias nos exames de imagem são os seguintes: calcâneos, tendão patelar, trocânter maior, crista ilíaca, tuberosidade isquiática e junções costocondrais. O DIAGNÓSTICO DA EA DEVE SER CONSIDERADO NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: Paciente adulto jovem Dor lombar de caráter inflamatório Dor alternante em nádegas Dor torácica Duração de mais de 3 meses Rigidez matinal Uveíte Sinovite (assimétrica, membros inferiores) Entesites História familiar de EA ou de outra espondiloartrite DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A dor persistente por, no mínimo, 3 meses auxilia o diagnóstico diferencial com lombalgia mecânica, responsável por 90% das causas de dor lombar; entre as mais frequentes estão: problemas posturais e síndromes miofasciais. ❖ Deve realizar diagnóstico diferencial com outras EpAs com comprometimento axial. ❖ Deve estar atento para evidência de osteíte condensante do ilíaco (achado radiográfico) em raio X de bacia e revisar esse dado a fim de verificar se não é sacroileíte; ❖ Aspectos radiográficos da coluna podem ser confundidos com hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH ou doença de Forestier), doença não inflamatória que ocorre em indivíduos com mais de 50 anos; ❖ Alterações em exames de imagemdas articulações sacroilíacas também ocorrem por artrose ou infecções. TRATAMENTO O tratamento da EA é realizado com base no uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINES). As drogas antirreumáticas modificadoras da doença, como metotrexato e sulfassalazina, são utilizadas para tratar as manifestações periféricas da doença. Os agentes inibidores do fator de necrose tumoral, os anti- TNF, são utilizados para controlar a doença refratária e o acometimento axial, melhorando os índices de qualidade de vida. Para iniciar a terapia com anti-TNF, os pacientes devem ter passado por tentativa de tratamento com, pelo menos, dois tipos de AINES. Os medicamentos biológicos aprovados até o momento são: infliximabe, etanercepte e adalimumabe. Além do tratamento medicamentosos, estudos têm observado que a atividade física e a fisioterapia podem melhorar a qualidade de vida e a inabilidade cotidiana desses pacientes. Deve-se incentivá-los a praticar exercícios rotineiramente para aumentar a expansibilidade torácica, a amplitude de movimentos e o condicionamento físico. A atividade da doença é avaliada por meio das provas de atividade inflamatória e do índice BASDAI maior ou igual a 4. PROGNÓSTICO Em geral, não há cura para a doença, mas ela pode apresentar períodos de remissão. O curso clínico da EA caracteriza-se por exacerbações e remissões. Sem tratamento adequado, a doença pode evoluir progressivamente, causando alterações articulares permanentes, como a postura de ¨esquiador¨ (flexão do quadril, retificação da coluna). Essas modificações comprometem a qualidade de vida do paciente. 13 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia Hérnia discal • A hérnia discal é definida como o deslocamento do núcleo pulposo além dos limites do anel fibroso. O núcleo herniado pode permanecer sob o ligamento comum posterior, migrar em direção cefálica ou caudal, ou ainda romper o ligamento, quando é chamada de hérnia extraligamentar. Finalmente, a hérnia é dita exclusa quando ocorre uma solução de continuidade do núcleo. • A degeneração discal, processo universal em humanos, começa na segunda década de vida. • Existe grande dificuldade em se definir, do ponto de vista clínico, uma dor lombar que seja puramente de origem discal. • A própria hérnia discal, consequência dessa degeneração discal, pode se comportar clinicamente de forma totalmente assintomática ou levar a consequências neurológicas graves. ❖ Mais de 90% das hérnias lombares ocorrem no quarto e no quinto espaço intervertebral lombar. Em cada espaço discal, dois níveis de raízes podem ser comprometidos. PATOG ENIA O sofrimento da raiz nervosa não é apenas uma consequência da compressão pelo material nuclear. Sabe-se que o edema e a congestão da raiz também têm um papel preponderante no desenvolvimento dos sintomas. A existência de um conflito disco-radicular é um fator necessário, porém, não suficiente para o desenvolvimento da dor. QU ADRO CL ÍNICO A maioria dos pacientes com quadros de hérnia discal relata vários episódios de lombalgia aguda que se iniciaram ao redor da segunda década de vida. ❖ Esses ataques são normalmente precipitados por levantamento de peso ou outra atividade física importante. ❖ A radiculalgia costuma aparecer cerca de 10 anos após os primeiros episódios de lombalgia. Portanto, a incidência de hérnias discais se dá principalmente na 3º ou 4º década de vida. ❖ Com frequência, os pacientes se queixam de dor intensa e aguda que piora em ortostase, longos períodos em posição sentada, aos movimentos e à tosse. A dor melhora parcialmente com o repouso. ❖ Ao exame físico, observa-se uma atitude antálgica, com contratura paravertebral importante do lado da hérnia e mesmo diminuição da lordose lombar fisiológica. Os movimentos da coluna estão limitados. O sinal de Lasègue é positivo. O exame neurológico pode ser normal ou demonstrar alterações menores, principalmente sensitivas. ❖ As hérnias discais afetam uma população mais jovem e apresentam quadro clínico mais agudo e localizado, e o sinal de Lasègue tende a ser positivo! DIAGNÓSTICO: Quadros de lombo-ciatalgia com topografia radicular típica afetando um membro, sem sinais de doença sistêmica subjacente, devem ser tratados sem qualquer investigação adicional. ❖ A hérnia discal pode ser confirmada na RNM ou TC em até 30% de assintomáticos. Da mesma forma, após a cura medicamentosa da dor ciática, a imagem de hérnia em conflito com a raiz permanece inalterada na maioria dos casos. TRATAMENTO A duração do repouso é variável, porém a tendência atual é a de reiniciar precocemente as atividades. Uma cinta abdominal auxilia nos movimentos, mas deve ser limitada nas primeiras semanas. O tratamento medicamentoso inclui analgésicos, antiinflamatórios não-hormonais e miorrelaxantes. A imensa maioria das hérnias evolui bem com o tratamento conservador. Estenose do canal lombar ❖ Definida como qualquer tipo de estreitamento do canal medular que resulta em compressão das raízes nervosas lombos sacrais ou cauda equina. ❖ A ECL pode ser classificada em congênita ou degenerativa. A forma degenerativa afeta pacientes acima dos 50 anos de idade e sua incidência aumenta de forma progressiva com o avançar da degeneração que acomete os elementos ósseos e tecidos moles da coluna lombar. 14 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia PATOG ENIA ❖ Normalmente, diversos elementos degenerativos contribuem para diminuir o diâmetro do canal. A hipertrofia do ligamento amarelo, as protrusões e as hérnias discais, as hipertrofias ósseas e das articulações facetárias e a espondilolistese contribuem em graus variados para a progressiva diminuição da luz do canal que pode se tornar clinicamente sintomática, sobretudo nos pacientes com canal constitucionalmente mais estreito. ❖ Acredita-se também que fatores vasculares que prejudicam a nutrição dos componentes nervosos tenham um importante papel etiopatogênico nos sintomas da ECL. QU ADRO CL ÍNICO A maioria dos pacientes tem mais de 50 anos ao diagnóstico. Os principais sintomas da ECL são: ➢ Dor lombar; ➢ Radiculalgia; ➢ Claudicação neurogênica: aspecto clínico mais característico da ECL; Pode ser definida como dor ou desconforto nos membros inferiores que é exacerbada pela extensão da coluna lombar durante a ortostase prolongada ou a marcha, e que melhora com a flexão da coluna; ➢ Dor nos membros: É mais frequente que a claudicação. Pode ser uni ou bilateral, mal localizada ou com padrão radicular típico. Muitas vezes o trajeto é variável, uma vez que o processo degenerativo pode afetar diferentes elementos nervosos da coluna. ❖ Em geral, estes sintomas são precedidos por uma longa história de lombalgia crônica, muito embora, às vezes, a ECL possa ser totalmente assintomática, constituindo apenas um achado radiológico em pacientes idosos. ❖ Pacientes suspeitos de ECL devem sempre ser examinados em ortostase e após a marcha. O único achado pode ser dor à extensão da coluna lombar, porém graus variados de rigidez também são observados. DIAGNÓSTICO Não existe um critério diagnóstico estabelecido para a síndrome de ECL. Assim, a ECL é uma síndrome clínico-anatômica cujo diagnóstico deve se basear na associação de dados da história clínica, do exame físico e dos exames radiológicos. ❖ Quando há dúvida entre ESTENOSE DE COLUNA OU COMPRESSÃO RADICULAR e outra SÍNDROME NEUROPÁTICA PERIFÉRICA, a ELETROMIOGRAFIA e o TESTE DE CONDUÇÃO NERVOSA podem ser úteis. TRATAMENTO Eminentemente cirúrgico devido à crença no mal prognóstico dos pacientes não operados. Porém, os resultados a longo prazo do tratamento cirúrgico não têm sido encorajadores, apesar de bons resultados imediatos. ❖ O principalobjetivo do tratamento é o alívio da dor e a manutenção das atividades físicas. O repouso está indicado apenas nos episódios de exacerbação da dor. A seguir, exercícios com redução da lordose lombar são geralmente indicados. ❖ Analgésicos comuns, anti-inflamatórios não- hormonais, miorrelaxantes e antidepressivos são utilizados à semelhança do que foi descrito anteriormente em outras patologias da coluna. Síndrome da cauda equina ❖ É uma lesão de múltiplas raízes nervosas lombossacrais e coccígeas dentro do canal vertebral, distal ao término da medula espinal em L1-L2, provocada por estenose congênita ou adquirida do canal vertebral lombossacro. ❖ É UMA URGÊNCIA ORTOPÉDICA! ❖ Pode haver o envolvimento combinado do cone medular e da cauda equina. ❖ A SCE advém comumente de ruptura de um disco intervertebral lombossacro, fratura de vértebra lombossacral, hematoma dentro do canal vertebral (p. ex., após punção lombar em pacientes com coagulopatia), tumores compressivos ou outras lesões expansivas. ❖ Dentre as causas de compressão destacam-se: hérnia extrusa, lesões tumorais, fraturas 15 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia vertebrais, estenose do canal, infecções após manipulação cirúrgica, espondilite anquilosante. ❖ Podem ocorrer lombalgia acompanhada de dor ciática, fraqueza e arreflexia nas pernas, anestesia em sela, perda da função vesical (disfunção esfincteriana), sexual e fraqueza dos membros inferiores. ❖ Esta síndrome reflete vários graus de envolvimento dos membros pélvicos, bexiga, esfíncter anal e cauda, com sintomas clínicos que variam desde flacidez até paralisia dos membros pélvicos. ❖ Não é obrigatória a presença de todos esses sinais simultaneamente. DIAGNÓSTICO A história clínica e o exame neurológico levam a necessidade de confirmação diagnóstica através de exames complementares, como TC e o padrão ouro que é a RM. A RM é obrigatória para a determinação da topografia da compressão e da etiologia. TRATAMENTO Descompressão cirúrgica, às vezes como procedimento urgente na tentativa de restaurar ou preservar a função motora ou a esfinctérica, ou radioterapia para os tumores metastáticos. Lombalgia por doença visceral ❖ Os órgãos pélvicos raramente causam lombalgia, exceto os distúrbios ginecológicos que comprometem os ligamentos uterossacrais. A dor é referida para a região sacral. ❖ As fontes urológicas da dor lombossacral incluem prostatite crônica, câncer de próstata com metástase vertebral, bem como doenças do rim e do ureter. Ciatalgia • Ciatalgia é a dor ao longo do trajeto do nervo ciático, ou por comprometimento da raiz nervosa na coluna, ou compressão ou inflamação do próprio nervo. • Quando além da dor no trajeto do nervo o paciente apresenta dor lombar, usa-se o termo lombociatalgia. ▪ TRAJETO DO NERVO CIÁTICO: O nervo sai da bacia, passa pela musculatura glútea e percorre a parte posterior da coxa, dividindo-se na parte inferior da coxa em nervo tibial e fibular comum. ▪ Há 3 tipos de dor referida para membros inferiores: Ciatalgia típica • Deve ser utilizada apenas para quadros de dor irradiada pelo trajeto do nervo ciático; ou seja; região glútea, posterior da coxa e perna podendo lateralizar ou medializar distalmente até o pé. A fisiopatologia está relacionada à tração, distorção ou compressão de raiz nervosa, plexo ou nervo ciático (formado pelas raízes dos níveis lombares L4-S3, é o mais longo nervo do corpo humano). PATOG ÊNESE A etiologia está relacionada aos transtornos degenerativos da coluna vertebral incluindo a hérnia discal, estenose do canal medular, espondilolistese, tumor. QU ADRO CL ÍNICO A dor ciática é relatada pelos pacientes como “ferroada”, “fisgada” ou “sensação de choque” associada à parestesia e graus variados de déficit motor dos MMII como marcha claudicante. A associação com postura antálgica da coluna lombar e escoliose é comum. • A dor tem características mecânicas: piorando aos movimentos e esforços e melhorando ao repouso. Há exacerbação da dor com a manobra de valsalva. • O exame neurológico é fundamental: sinal de làsegue, alterações de reflexos dos MMII, teste de sensibilidade tátil-dolorosa bem como de força muscular devem ser realizados e revelam o nível topográfico e raiz comprometida. OBSERVAÇÃO: TESTE DE LASÉGUE é conhecido como teste de estiramento do nervo ciático; é um teste provocativo e, portanto, exacerba a dor. Com o paciente em decúbito dorsal, eleva-se o membro, mantendo o 16 Beatriz Machado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia joelho estendido. O teste é positivo quando houver dor entre 30 e 70 graus de extensão, indicando compressão radicular L5 ou S1. Pseudo-raticular/falsa ciática • Se refere a todo quadro de dor referida no quadril e coxa, não relacionada a comprometimento do nervo ciático ou raízes nervosas. • Há várias causas como: tendinite glútea, bursite trocantérica, neoplasia óssea da pelve. É muito mais frequente do que a ciatalgia típica. • A ausência de alterações ao exame físico neurológico de sensibilidade, força muscular, reflexos, bem como ausência do sinal de làsegue sustentam esta hipótese. • Enquanto a ciatalgia verdadeira é classicamente uma dor RADICULAR que segue um trajeto de dermátomos (L4, L5, S1), a pseudociatalgia diz respeito, a quadros álgicos de origem não radicular que acometem a região lombar, nádegas e MMII. • A pseudociatalgia raramente causa desconforto abaixo da linha do joelho, o que é crucial na diferenciação com compressões radiculares. PATOG ÊNESE A pseudociatalgia, como é conhecida a síndrome do piriforme, é uma condição resultante da passagem do nervo ciático abaixo do músculo piriforme, e isso ocorre pelo aumento do tônus muscular naquela região. O nervo inteiro pode passar através do músculo podendo levar a compressão e inflamação. Porém, diferente da dor ciática verdadeira, o paciente sente importante dor no quadril. A síndrome do piriforme geralmente não reflete dor na coxa, entretanto observa-se dor importante no quadril que persistirá tanto em repouso quanto ao deambular. Cruralgia • Esse termo é utilizado para dor irradiada pela coxa até o joelho causada por nevralgia do crural (femural). • As raízes envolvidas são: L1-L3 que formam o nervo femural. • Ao exame, o sinal de làsegue está ausente, mas o paciente apresenta alteração de déficit de sensibilidade e força dos flexores do quadril. Ciatalgia x lombociatalgia • A lombalgia e lombociatalgia mecânica é aliviada ao deitar-se e não apresenta piora a noite. Lombalgia com presença de disfunção urinária pode sinalizar a compressão severa da cauda equina. • CIATALGIA - se irradia para MMII e pode estar associada a parestesias, perda sensitiva, fraqueza motora ou diminuição dos reflexos. • Outros sintomas que frequentemente ajudam no diagnóstico da dor lombar é a piora da dor com tosse, espirro ou manobra de Valsalva, o que sugere herniação discal. As principais etiologias da lombociatalgia são: ❏ Protrusão discal; ❏ Hérnia de disco; ❏ Estenose de canal vertebral; ❏ Síndrome do piriforme (pseudociatalgia). TRATAMENTO Tanto na ciatalgia quanto na lombocitalgia, o repouso é eficaz em ambas, não devendo ultrapassar 5 dias. Tipos de dores Dor lombar x lombociatalgia • A dor na região lombar da coluna é chamada de LOMBALGIA: definida como dor, sensação de tensão muscular ou rigidez que ocorre abaixo da margem costal, mas acima da região glútea inferior com ou sem dor na perna. • Quando a dor está na região lombar (lombalgia) e ao mesmo tempo a dor irradia para a parte posterior da perna, essa alteração é chamada de LOMBOCIATALGIA/CITALGIA; Dor irradiada para o membro inferior é a lombociatalgia que pode 17 BeatrizMachado de Almeida Tutoria – Caso 6 - Lombalgia ser de origem RADICULAR ( compressão por hérnia) ou REFERIDA (dor miofascial). Decorrente da inflamação do nervo ciático que percorre toda parte posterior da perna. Dor neuropática/radicular • Está presente em 55% dos pacientes com do irradiada para o MMII. É definida como a dor que surge como consequência DIRETA de uma lesão ou uma doença que afeta o sistema somatossensorial. • É um tipo de dor crônica que ocorre quando os nervos do SNC ou SNP são danificados. Pode ser por lesão ou disfunção dos nervos, da medula ou do cérebro. Ocorre devido à inflamação, irritação ou compressão do tecido neural. • Mononeuropatia: quando somente um trajeto do nervo está acometido. A dor é bem localizada podendo afetar um lado do corpo ou da região. • Polineuropatia: vários nervos afetados. A dor aparece de forma generalizada. QU ADRO CL ÍNICO Pode ser uma dor contínua ou intermitente, em queimação, agulhada, choque, formigamento. • Está correlacionada com dor mais intensa, comorbidades mais graves e piora da qualidade de vida. • As principais causas: doença infecciosa, trauma, DM. Compressão de nervo (tumor), disco que sofreu ruptura na coluna (causando dor lombar ou dor irradiada para perna). Dor nociceptiva • É uma dor em resposta do corpo a estímulos dolorosos, como um músculo tenso ou um osso quebrado, e não se relaciona a uma lesão do próprio nervo. • A maioria das dores é desse tipo. Elas resultam da estimulação dos receptores da dor quando ocorrem lesões no tecido (nociceptores), que estão localizados na pele ou nos órgãos internos. O SNC se mantém íntegro. • Esse tipo de dor ocorre quando há ativação dos noceceptores, que são receptores sensoriais que enviam sinais que causam a percepção da dor em resposta a um estímulo potencial de dano. • Os nociceptores são receptores silenciosos, somente quando estão ativados por uma ameaça em potencial ao organismo que eles vão desencadear o reflexo da dor. • A lesão pode ser uma ferida, contusão, fratura óssea, queimadura, qualquer fator que lesione os tecidos. • Em geral causa uma dor intensa, aguda ou latejante. Dor miofascial • Descreve uma condição clínica específica de dor muscular regional, associado à presença de um ou mais pontos dolorosos (pontos-gatilho). • São definidos pela presença de um ponto doloroso a palpação manual sobre uma área de músculo tenso. • É comum a percepção de uma contração muscular á palpação local. Podem estar presentes diminuição da mobilidade local e fraqueza muscular, dormência e formigamento. • Os pontos de gatilhos constituem em uma disfunção focal dentro do músculo, onde a fibra muscular está contraída ao máximo. Os fatores que atingem os pontos de gatilhos são a sobrecarga e fadiga muscular, devido ao excesso de trabalho e traumas. • Em geral a dor miofascial se caracteriza por ser profunda, constante, em peso ou queimação, mal localizada, regional ou referida. Pode vir acompanhada de paresias e tensão muscular. Tende a piorar com o esforço físico. O ponto de gatilho, quando estimulado, causa uma dor em uma área distante.
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