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CIRÚRGICA II Pré-operatório / Complicações / Hérnias - As principais são as inguinais e femorais! Hérnias da Parede Abdominal Inguinal, femoral, umbilical, epigástrica, incisional, Spiegel, lombar Hérnia Umbilical Diferenciar a hérnia da criança e do adulto, pois apresentam fisiopatologia e tratamento diferentes Criança (congênita) O fechamento espontâneo é até os 2 anos de idade Operar se: concomitante à hérnia inguinal; defeito > 2cm; DVP associada; não fechar após 4-6 anos Adulto (adquirida) Operar se: sintomática, ascite volumosa Hérnia Epigástrica Forma-se na linha média – entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical Hérnia Incisional Forma-se em área de incisão cirúrgica prévia · Pode ocorrer por falha técnica, desnutrição, etc... Hérnia de Spiegel Forma-se entre a borda lateral do músculo reto do abdome e a linha semilunar Hérnia Lombar Hérnia de Grynfeltt No triângulo lombar superior (abaixo da 12ª costela) Hérnia de Petit No triângulo lombar inferior (acima da crista ilíaca) Hérnia Inguinal · A parede posterior do canal inguinal é composta pela fáscia transversalis e músculos transverso do abdome e oblíquo interno. · Pela parede posterior passam o anel inguinal interno e canal femoral. · A parede anterior do canal inguinal é composta pela aponeurose do músculo oblíquo externo. · O anel inguinal externo marca o final do canal inguinal. O ligamento inguinal é uma reflexão da aponeurose do oblíquo externo. Estruturas · Homem: funículo espermático (m. cremáster, plexo pampiniforme, vasos deferentes, CPV obliterado...) · Mulher: ligamento redondo do útero O testículo desce através do CPV, que é uma evaginação do peritônio, pelo canal inguinal até a bolsa escrotal. A hérnia mais comum é a INDIRETA, sendo mais comum no homem/mulher, idoso e criança! Hérnia Inguinal Indireta Se anuncia através do anel inguinal interno! Hérnia da infância! Um defeito congênito, em que ocorre persistência (patência) do CPV, causa a hérnia indireta, levando a evaginação de uma alça intestinal e causando assim a hérnia inguino-escrotal! Hérnia Inguinal Direta Enfraquecimento da parede posterior (defeito adquirido). Se anuncia pelo triângulo de Hasselbach! · A fáscia transversalis enfraquece no triângulo de Hasselbach, cujos limites são: · Ligamento inguinal · Vasos epigástricos inferiores · Borda lateral do m. reto abdominal A hérnia inguinal DIRETA é medial aos vasos epigástricos, e a hérnia inguinal INDIRETA é lateral! A polpa digital palpa a hérnia direta! A hérnia indireta toca na ponta do dedo! Hérnia Femoral (crural) · Se anuncia abaixo do ligamento inguinal · Mais comum em mulheres · Mais comum à direita – o sigmoide tampona o canal femoral esquerdo · Maior risco de encarcerar Classificação de Nyhus (inguinal e femoral) I Indireta c/ anel inguinal interno normal II Indireta c/ anel inguinal interno dilatado III Defeito na parede posterior a: Direta / b: Indireta / c: femoral IV Recidivante a: Direta / b: Indireta / c: Femoral / d: Mista Tratamento · Redutível: cirurgia eletiva · Encarcerada: redução manual; cirurgia de urgência (caso refratário ou isquemia) · Estrangulada (isquemia): cirurgia de emergência por inguinostomia ou VLP · Se reduzir na anestesia: laparotomia xifopúbica Tipos de Cirurgia · Abordagem anterior: necessita herniorrafia anterior + reforço posterior · Shouldice: reforço posterior pela imbricação de músculos · Lichtenstein: tela livre de tensão (escolha!) · Mc Vay: boa para hérnia femoral (lig. Cooper) · Abordagem posterior – indicado em hérnias bilaterais, recidivadas (estranguladas) · Stoppa: tela gigante pré-peritoneal · VLP: · Totalmente Extra-Peritoneal (TEP) · Transabdominal Pré-Peritoneal (TAPP) Hérnia de Richter Pinçamento da borda antimesentérica (isquemia sem obstrução). Mais comum na hérnia femoral Hérnia de Littré Contém divertículo de Meckel Preparo Pré-Operatório Visa controlar fatores com impacto na evolução cirúrgica Checklist pré-operatório: · Avaliação do risco cirúrgico · Exames pré-operatórios · Medicação de uso crônico · Profilaxia antibiótica Avaliação do Risco Cirúrgico Avaliar o paciente e a cirurgia e depois minimizar o risco. Identificar patologias em todos os sistemas (cardiovascular, pulmonar, renal e hepático). Para a prova basta saber o cardiovascular! Avaliação cardiovascular · Não operar se: cardiopatia ativa (angina instável, ICC descompensada, arritmia grave, valvopatia grave) Índice de Risco Cardíaco Revisado (IRCR) · (1) Coronariopatia; (2) Insuf. Cardíaca; (3) IRC (Cr > 2); (4) DM c/ insulina; (5) Dça cerebrovascular (AVC ou AIT); (6) Cirurgia torácica, abdominal ou vascular suprainguinal · < 2 preditores: indicar cirurgia! · > 2 preditores: avaliar capacidade funcional > 4 METs indicar cirurgia! · < 4 METs: teste de stress farmacológico normal indicar cirurgia! Capacidade Funcional: gasto energético diário do coração, quantificada em METs! · < 4 METs – baixo gasto energético; comer, vestir, andar em volta da casa · 4 – 10 METs – médio gasto energético; subir lance de escada, andar rápido, trabalho doméstico · > 10 METs – alto gasto energético; pratica esporte (natação, tênis, futebol...) Todo ato cirúrgico-anestésico demanda 4 METs! Assim, um paciente que está acostumado a gastar 4 ou mais não terá problema. Todavia, o paciente que não atinge 4 METs poderá não suportar o ato operatório. Como minimizar o risco cardiovascular? · β-bloqueador se IRCR > 3 (iniciar > 1 dia antes) · Estatina na cirurgia vascular Resumo do Estado Clínico – ASA · ASA I – Saudável · ASA II – Doença sistêmica s/ limitação (ex.: HAS ou DM controlada) · ASA III – Doença sistêmica c/ limitação e s/ incapacidade (ex.: HAS ou DM não controlada) · ASA IV – Doença sistêmica limitante e incapacitante - ameaça constante (ex.: ICC descompensada) · ASA V – Moribundo – expectativa de vida < 24h com ou sem cirurgia · ASA VI – Morte cerebral - doador de órgãos ** Emergência: sufixo E Exames Pré-Operatórios Dependem do paciente e do tipo de cirurgia. Pessoas jovens que necessitam de cirurgia extensa, por exemplo, podem necessitar exames complementares. IDADE EXAMES < 45 anos - 45 – 54 anos ECG p/ homens 55 – 70 anos ECG + hemograma > 70 anos ECG + hemograma + eletrólitos + glicemia + função renal Outros exames na dependência de patologia de base... Com relação à cirurgia: · Coagulograma: estimativa de perda > 2L, neurocirurgia, cirurgia cardíaca e torácica · Rx tórax: cirurgia cardíaca e torácica Medicação de Uso Crônico · Manter (no dia): · Anti-hipertensivo · Corticoide → hidrocortisona IV na indução e 24-48h pós-op · Insulina → reduzir as doses de NPH: 2/3 da dose habitual à noite + ½ da dose matinal · Suspender: · Anti-agregante (7 – 10 dias) → Coronariopata: manter AAS (exceto se neurocirurgia)! · Anti-coagulantes · Warfarin (4 a 5 dias): modifica INR p/ 2-3 e leva 4-5 dias para voltar ao normal se retirado. · Operar se: INR < 1,5 · Trocar p/ heparina e suspender antes da cirurgia → HNF: 6h / HBPM: 24h · AINEs (1 – 3 dias) · Antidiabético oral (no dia) · Clorpropamida: 48h · Ginko-biloba: 36h (interfere na função plaquetária) Profilaxia antibiótica Evitar infecções de ferida operatória (S. aureus). Tipo Definição Esquema Limpa Não penetra trato biliar, respiratório, GI e urinário --- Limpa-contaminada Penetra de forma controlada (sem inflamação ou extravasamento) Direcionar Em geral: cefazolina Contaminada Penetra, com inflamação ou extravasamento Infectada ...ite abdominal supurada, contaminação fecal ATBterapia · Cirurgia limpa: profilaxia apenas se houver corpo estranho ou incisão óssea (ex.: cirurgia cardíaca). · Cirurgias contaminadas: cirurgia colorretal deve haver cobertura para gram-negativos e anaeróbios. · Cirurgias longas ou com muito sangramento exigem uma segunda ou até terceira dose. Quando fazer o antibiótico profilático? · 30 – 60 minutos antes da incisão cirúrgica (geralmente junto ao ato anestésico)Tricotomia · Não deve ser feita · Se fizer: sem trauma e no momento da cirurgia Jejum · Realizar jejum para evitar resíduo gástrico, afim de prevenir aspiração durante ato anestésico · Líquidos claros: 2h · Leite Materno: 4h · Leite não-humano: 6h · Sólidos: 6 – 8h Complicações Cirúrgicas Existem 2 tipos de cirurgiões: aqueles que tem complicações e aqueles que mentem! Febre no Contexto Operatório Peri-operatório: · Infecção pré-existente · Reação a droga ou transfusão · Hipertermia maligna: síndrome muscular hereditária fármaco-induzida · Exposição a: anestésicos inalatórios; succinilcolina · O indivíduo exposto tem seus canais de cálcio na musculatura abertos, ocorrendo influxo de cálcio e contraturas musculares ininterruptas hipermetabolismo muscular! · Hipertermia, hipercapnia (altera capnografia e faz acidose), rabdomiólise (↑K e enzimas musculares) · Tratamento: cessar exposição, resfriamento, HCO3... DANTROLENE! 24 – 72h de pós-operatório · Atelectasia: hipoventilação por medo de respirar · Tratamento: fisioterapia respiratória · Infecção necrosante de ferida (S. pyogenes ou Clostridium perfringens) > 72 horas de pós-operatório · Infecção: ferida operatória (S. aureus), ITU, pneumonia · Parotidite supurativa (S. aureus) → homens idosos c/ má higiene bucal · Trombose Venosa Profunda (TVP) Complicações da Ferida Operatória Seroma Coleção de linfa no SC; dificilmente complica - Prevenção: dreno - Tratamento: compressão ou aspiração Hematoma Coleção de sangue e coágulo; - Risco: infecção, hérnia - Tratamento: reabrir se volumoso Deiscência Aponeurótica Defeito músculo-aponeurótico - Risco de evisceração - Manifesta-se com saída de secreção clara a partir do 7º dia - Tratamento: reoperar Infecção da Ferida Operatória Até 30 dias após o procedimento → Agente: S. aureus - Pode ocorrer em até 1 ano caso haja corpo estranho (ex.: prótese). Superficial (pele / SC): febre + dor + flogose + drenagem purulenta - Tratamento: retirar pontos, drenar e lavar Profunda (muscular): idem + crepitação (sugere...); necessário avaliação da ferida - Tratamento: acrescentar ATB De órgãos e cavidades: febre + distensão abdominal + toxemia - Tratamento: ATB + drenagem
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