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CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO ● A classificação internacional dos distúrbios do sono, em 2014, recebeu a 3ª atualização ● Uma das maiores mudanças foi a de classificar insônia: crônica e de curta duração ● Dividiu a narcolepsia em tipo I e II ● Acrescentou a descrição da apneia central emergente e um novo diagnóstico a ser pensado: distúrbio do sono associado à hipoxemia ➢ Insônias ● Crônica → dificuldade de iniciar/manter o sono, ou ainda, ter despertar precoce ● Pacientes com fadiga, cansaço, dificuldade de concentração e atenção durante o dia (⩾ 3x/semana por ⩾3 meses) ● De curta duração → mesmo sintomas da crônica, mas <3x/semana e <3 meses ● Tem “outras insônias” que não preenchem critérios: dormidores curtos → <6h por noite, mas não têm prejuízo diurno ➢ Distúrbios respiratórios do sono ● Apneia obstrutiva do sono ● Apneia central do sono Apneia central do sono com respiração de Cheyne-Stokes, etc. ● Alterações do sono em razão da hipoventilação Síndrome da obesidade e hipoventilação Hipoventilação alveolar congênita Hipoventilação de início tardio com disfunção idiopática ● Hipoxemia associada ao sono ● Sintomas isolados ou variação da normalidade Roncos Catatrenia ❖ As hipoventilações são caracterizadas por ↑de pCO2 ❖ A síndrome da obesidade e hipoventilação é a única que têm ↑ de pCO2 mesmo com o paciente em vigília ➢ Hipersonias ● Narcolepsia tipo I ● Narcolepsia tipo II ● Hipersonia idiopática ● Síndrome de Kleine-Levin ❖ Podem ter os dormidores longos (variação da normalidade) ❖ A cataplexia é normalmente presente na narcolepsia tipo I e ausente na narcolepsia tipo II ❖ ↓[hipocretina] no líquor está presente na narcolepsia tipo I, o que não ocorre na tipo II ➢ Distúrbios do ritmo circadiano São dificuldades de iniciar/manter o sono e sonolência excessiva diurna (SED) ● Atraso de fase ● Avanço de fase ● Padrão irregular de sono-vigília ❖ Atraso de fase é atraso de iniciar o sono (pelo menos 2h) ❖ Avanço de fase → tempo de início e térmico do sono se dão habitualmente 2h antes do horário convencional ❖ Distúrbios dos trabalhadores noturnos → têm redução do tempo total de sono (1h até 4h) → insônia e sonolência excessiva ➢ Parassonias São eventos físicos ou comportamentais indesejáveis que ocorrem durante o sono: movimentos, emoções, percepções e atividades do SNA ● Sono NREM: Despertares confusionais Sonambulismo Terrores noturnos ● Sono REM Distúrbios comportamental do sono REM Paralisia isolada recorrente do sono Pesadelos ➢ Distúrbios do movimento relacionados ao sono Movimentos simples, normalmente estereotipados, que perturbam a manutenção do sono ou seu início ● Síndrome das pernas inquietas ● Distúrbios do movimento periódico dos membros inferiores ● Bruxismo relacionado ao sono SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO ● Distúrbios respiratórios obstrutivos do sono (DROS): Ronco primário Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) Síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS) ➢ Definições ● Ronco primário → ruídos emitido durante o sono pelo turbilhonamento de ar, mas sem prejuízo na saturação da oxi-hemoglobina ou na arquitetura do sono ● SAOS → episódios recorrentes de obstrução parcial/total das vias aéreas superiores durante o sono. Ocorre dessaturação de oxihemoglobina e fragmentação do sono hipopneia: ↓fluxo aéreo em ⩾30% por ⩾10s + dessaturação da oxi-hemoglobina em ⩾3% e/ou despertares apneia: ↓do fluxo aéreo em ⩾90% com duração de ⩾10s ● SRVAS: múltiplos episódios de despertares decorrentes de ↑ de esforço respiratório durante o sono, mas sem apneia, hipopneia ou dessaturação de O2-hemoglobina ➢ Prevalência ● Estudo mais recente realizado em SP → 32,9% na população geral (SAOS) 40,6% nos homens e 26,1% nas mulheres ● A SAOS ocorre preferencialmente em homens, entre 40-50 anos e obesos ● Ronco tem prevalência que acomete 45% dos homens e 30% das mulheres > 35 anos ● Pesquisa realizada em cidades brasileira → 39% da população queixava-se de ronco ➢ Fisiopatologia da SAOS ● A faringe é um tubo flexível que fica pérvio às custa de um balanço entre a pressão exercida pelos músculos dilatadores da faringe (pressão extrínseca ou extraluminal -PE) e a pressão do lúmen da faringe (pressão intrínseca ou intraluminal -PI) → esse balanço gera a pressão transmural (PT) ● Apneia/hipopneia ocorre por provável desbalanço entre essas pressões → hipotonia característica do sono ● Na inspiração há ↑da musculatura dilatadora da faringe para manter a patência da VAS (isso ↓no sono) ● Com envelhecimento o arcabouço faríngeo fica mais hipotônico e mais colapsável ● Há evidências que os pacientes com SAOS tenha faringe com formato de elipse →isso poderia ocorrer por ↑da PE (deposição de tecido adiposo parafaríngeo, alterações craniofaciais e/ou ↑dos tecidos moles) ● ↑ da negatividade de PI também estreita ● O estreitamento da faringe ↑ velocidade do fluxo aéreo e ↓ainda mais PI (efeito Bernoulli) ● Fatores que ↑ negatividade da faringe: tônus vasomotor flexão de pescoço abertura e deslocamento inferior da mandíbula resistência nasal ↑ ➢ Quadro clínico e diagnóstico ● Sintomas mais comuns: ronco, pausas respiratórias, sonolência diurna excessiva (SDE), alterações cognitivas (déficit de concentração e memória), alteração de humor ● Polissonografia (PSG) de noite inteira e o exame de escolha e inclui eletroencefalograma (EEG), eletrooculograma (EOG), eletromiografia (EMG) não invasiva de mento e membros ● Medida de fluxo nasal, oximetria, intensidade do ronco ● Diagnóstico (ICDS-3) é necessário A+B ou C A- No mínimo uma queixa de: Episódios de sono não intencional durante a vigília, SDE, sono não reparador, fadiga ou insônia Despertares com pausa respiratória, engasgo, asfixia Relato de ronco alto e/ou pausas respiratórias durante o sono relatado por parte do companheiro Paciente com diagnóstico de hipertensão arterial, depressão, alteração cognitiva, doença coronariana, doença cerebrovascular, insuficiência cardíaca congestiva, fibrilação atrial ou DM2 MAIS… B-PSG basal ou monitorização portátil apresentando: Cinco ou mais eventos respiratórios obstrutivos detectáveis (apneia obstrutiva ou mista e/ou hipopneia e/ou aumento da resistência das vias aéreas superiores [RERA]- por hora de sono - detectados em PSG ou monitorização portátil) OU C-PSG basal ou monitorização portátil apresentando: ⩾15 eventos respiratórios detectáveis (apneia obstrutiva e/ou hipopneia e/ou RERA- por hora de sono- detectado em PSG ou monitorização portátil) ● A gravidade da SAOS é mensurada pelo índice de apneia/hipopneia (IAH), intensidade de SDE e as repercussões da vida social/profissional LEVE -Sonolência diurna ocorre em atividades que exigem pouca atenção (televisão, ler, andar como passageiro) -PSG →IAH - 5-15eventos/hora MODERADA -SDE em atividades que requerem alguma atenção (reuniões) -PSG →IAH 15-30/hora GRAVE -SDE em atividades que exigem maior atenção (comer, caminhar, conversar, dirigir) -IAH >30 eventos/h ● Os fatores de risco: idade avançada, homem, IMC aumentado, circunferência cervical aumentada, alterações craniofaciais e de via aérea superior (VAS) ● Alguns estudos demonstram que a correlação entre obesidade e SAOS ainda é controvérsia ● CC é um dos principais preditores valor de normalidade é 38 cm para mulheres e 43 cm para homens ● As alterações relacionadas ao SAOS são as faríngeas (palato mole espesso/posteriorizado), pilares tonsilares medianizados, úvula longa, língua espessa ● Índice de Mallampatti modificado avalia a cavidade oral, com máxima de abertura e língua relaxada dentro da boca classe I: visualização de toda faringe, incluindo palato mole, pilares tonsilares, tonsilas palatinas e parede posterior da orofaringe classe II→ polo superiores das tonsilas palatinas e parte da parede posterior da orofaringe classe III → visualização do palato mole e úvula classe IV → apenas palato duro e parte do palato mole visíveis ● Maioria dos SAOS se relacionam com MallampattiIII e IV ● Alterações anatômicas faciais (especialmente retrognatia) se relacionam com SAOS avaliada pela inspeção, oroscopia e cefalometria desproporção entre maxila/mandíbula ● Nasofibroscopia flexível é fundamental para avaliar a via aérea superior e descartar alterações de rinofaringe e na hipofaringe ● TC e RNM para ver estreitamento de faringe ● Doenças hormonais (hipotireodismo e acromegalia), álcool, relaxantes musculares, podem agravar ou precipitar os DROS ● SAOS é multifatorial e evolutiva DESFECHOS CARDIOVASCULARES DA SAOS ● As repercussões da OAS no sistema cardiovascular possuem grande espectro clínico: de HAS até maior probabilidade de IAM e morte ➢ Mecanismos associados ao dano cardiovascular ● Inúmeros mecanismos estão envolvidos, mas há 3 principais: hipóxia intermitente despertares frequentes alterações na pressão intratorácica ● Essa alterações desencadeiam hiperatividade do sistema nervoso simpático, disfunção endotelial e inflamação →lesão do sistema cardiovascular e morte ● Apneia/hipopneia →pressão inspiratória da faringe > ação dilatadora dos músculos ● Hipoxemia no tronco encefálico → ativação da formação reticular ascendente → desperta e restabelece fluxo aéreo ● Na apneia/hipopneia → inspiração forçada contra a via aérea obstruída → ↑ dos valores da pressão negativa intratorácica → estímulo do sistema nervoso simpático → vasoconstrição sistêmica e ↑ níveis de pressão arterial A hiperatividade simpática é a grande vilã e está relacionada com a HAS, arritmias e IAM ● O nível de hipóxia noturna se relaciona ao nível de ativação simpática ● Hipoxemia e subsequente reoxigenação ocasiona alterações de reperfusão e formação de radicais livres → estresse oxidativo também contribui para consequências cardiovasculares ➢ Impacto da SAOS no sistema cardiovascular 1. Hipertensão arterial sistêmica ● AOS é fator de risco independente para HAS ● Prevalência de HAS em portadores de AOS: 40-90% ● Prevalência de AOS em portadores de HAS: 22-62% ● Relação dose-resposta entre o DRS (disturbio respiratorio do sono) e a HAS, mesmo ajustando para IMC, tabagismo, alcool, idade , sexo, etc. ● Estudos mostram que a terapia com CPAP na pressão arterial, reduziu minimamente os níveis tensionais da PAS e não mostrou redução com a PAD ● Em uma metanálise mais recente, mostrou que o CPAP melhorou significativamente a pressão arterial noturna e tinha melhor efeito naqueles hipertensos resistentes e em uso de drogas antiarrítmicas ● Os que têm HAS resistente são os que mais se beneficiam do CPAP 2. Arritmias cardíacas ● A AOS é associada a amplo espectro de arritmias cardíacas (bradiarritmias, FA, taquicardia ventricular) ● A ocorrência de fenômenos tromboembólicos relacionados à FA, faz com que a pesquisa dessa anormalidade de ritmo seja recomendada em pacientes com SAOS ● Um estudo evidenciou que aqueles que fizeram fibrilação ou flutter atrial e foram para cardioversão: 82% tiveram recorrência nos que não tratavam AOS ou era inadequado 42% de recorrência nos adequadamente tratados ● Estudos sugerem que o tratamento com CPAP resultou em maior taxa de sobrevida livre de FA quando comparada com o grupo de AOS sem tratamento efetivo ➢ Insuficiência cardíaca ● AOS representa maior risco de desenvolvimento de ICC ● Os mecanismos envolvidos: hiperatividade simpática, disfunção endotelial e ↑ de mediadores inflamatório e de fatores pró-trombóticos ● Em pacientes com AOS, o risco de ICC foi de 2,38, independente de outros fatores de complicações cardiovasculares, como HAS, doença coronariana e AVC ● Em um estudo com 81 homens com ICC, 11% tinha AOS ● AOS também contribui para disfunção diastólica →o mecanismo é ↑ da PA e atividade catecolaminérgica durante os eventos de apneia/hipopneia ● Pacientes com AOS têm alterações funcional e estrutural do AE e essas alterações podem ser revertidas com tratamento efetivo de AOS ➢ Mortalidade cardiovascular ● Estudos sugerem que SAOS tem relação com risco aumentado de mortalidade cardiovascular e mortalidade por todos as causas ● Um metanálise → AOS grave foi potente preditor de mortalidade cardiovascular e por todas as causas não houve diferença na taxa de mortalidade cardiovascular nos pacientes tratados com CPAP em relação aos saudáveis INTERAÇÕES ENTRE SAOS E RESISTÊNCIA À INSULINA ● SAOS → episódios repetidos de cessação de respiração durante o sono por causa da obstrução total ou parcial das VAS + hipoxemia, SDE e fadiga / IAH >5/h ● Afeta 2-4% dos adultos caucasianos; homem e meia-idade ● Sabe-se que não são apenas anormalidade anatômicas, mas também existem caracteristicas sistemas relacionadas: HAS, obesidade central, DM e dislipidemia → sugere SMX ➢ Fisiopatologia da SAOS ● Episódios de oclusão/semi oclusão de VAS provoca alterações de hipóxia, fragmentação do sono, ativação de SN simpático, atividade inflamatória e do sistema hipotálamo-hipófise-adrenal → agrava obesidade visceral ● Causa anormalidades como RI e DM, HAS e danos vasculares ➢ Obesidade e SAOS ● Obesidade, homem e idade avançada são fatores de risco para SAOS ● 70% dos pacientes com SAOS são obesos e 40% dos obesos têm SAOS ● A circunferência de cintura têm uma relação com a SAOS mais frequente que IMC, gordura total e circunferência de pescoço ● A cada ↑ de 13-15 cm na CC, ↑ risco de SAOS em 14x ● Tratamento da SAOS com CPAP ↓ acúmulo de gordura visceral, mesmo na ausência de redução de peso ● Os níveis de leptina na SAOS estão elevados e ↓ pós CPAP, mesmo sem perda de peso isso sugere que outros mecanismo, que não a gordura corporal, contribuíram para ↑ leptina a apneia por si só não justifica os níveis de leptina aumentados; estudos nao acharam associação entre IAH e leptina Mas a secreção de leptina é estimulada pelo HHA na hipóxia e estresse. A normalização do eixo pelo CPAP poderia ↓ leptina nessas situações ● Resistência à leptina também favorece o ganho de peso ● Adiponectina tem relação negativa com RI e obesidade, mas seu ↑ ou não, ainda é controverso ➢ Resistência à insulina e SAOS ● Antes, o estudos não conseguiam concluir que a AOS tinha papel na alteração do metabolismo da glicose ● Os mais recentes afirmam que SAOS contribui para RI, independente do grau de obesidade, idade, sexo, tabagismo e da duração do sono ● Vgontzas et al. identificaram que os paciente de SAOS tinham obesidade centrípeta, ↑RI, ↑IL-6/TNF-alfa e leptina independe da obesidade ● Inclusive, a própria RI é fator de risco para AOS, inclusive maior que IMC e testosterona ● Ip et al. viram que pacientes com apneia do sono tinha níveis ↑ de glicemia de jejum e HOMA-IR em relação aos sem AOS a saturação mínima de O2 e o IAH contribuíram significativamente com GJ e HOMA-RI, independe de IMC e idade ● Tassone et al. → pacientes com SAOS têm ↓ sensibilidade à insulina, mesmo com ajuste de IMC, idade, e relação cintura-quadril ● Após CPAP, muitos estudos evidenciam ↓ HbA1C ● Estudo com 25 pacientes com DM2 e SAOS → houve controle da DM2 após 3 meses de tratamento com CPAP ● O efeito do CPAP na RI são conflitantes em alguns estudos, talvez por má adesão, curta duração dos estudos ou, pelo fato da AOS ser crônica e causa alterações metabólicas como redistribuição de gordura central ● Hipóxia intermitente, déficit de sono, hipercitocinemia, disfunção de eixo somatotrófico e corticotrófico e ativação do SNS → envolvidos na ↓ sensibilidade da insulina ➢ Hipóxia e déficit de sono ● A hipóxia pode levar a uma ↓ da secreção e ação da insulina, por ↓ de produção de ATP pelas células B e ↓ de atividade dos receptores de insulina ● As anormalidades do sono por si só, podem alterar o metabolismo da glicose ● Restrição de sono (4h/dia por 6 noites) → em indivíduos normais piorou tolerância à glicose, ↑ cortisol, ativou SNS ● Hipóxia e déficit de sono → alterações de metabolismo de glicose ➢ Marcadores inflamatórios ● A obesidade pode provocar ↑ de citocinas e piorar as alterações metabólicas ● Os níveis de citocinas estação ↑independente dagordura corporal ● A hipoxemia + déficit de sono → estado inflamatorio sistémico: ↑ PCR, amiloide A e TNF-alfa ● TNF-alfa → ↑ RI ● IL-6 induz secreção hepática de PCR ● As citocinas inflamatória → ↑ RI, dislipidemia e disfunção endotelial ● Estudo com etanercepte (anti-inflamatório) → bloqueia a ligação do TNF-alfa ao receptor obesos + SAOS → ↓ de sonolência, ↓ IAH e ↓níveis de IL-6, mas sem alteração de glicemia, insulina e adiponectina ● A inflamação é um importante mecanismo na patogênese da AOS e sonolência, RI e obesidade visceral → isso tudo promove aterosclerose, DCV e morte prematura ➢ Eixo HHA e somatotrófico ● Ativação do eixo corticotrófico pode ser um contribuinte para RI ● Alguns estudos mostram que na AOS o eixo HHA está ativado, embora há estudos que digam que não ● A secreção de GH ocorre especialmente durante a noite, nos estágios III e IV do sono de ondas lentas (eletroencefalograma) → AOS tem ↓ ou ausência de ondas lentas → ↓ secreção de GH ● A secreção intermitente de GH está abolida nos AOS e é restaurada com o tratamento ● Indivíduos com deficiência de GH têm RI e características de SMX ➢ Sistema nervoso simpático ● Concentração de catecolaminas séricas e na urina de 24h estão elevadas em SAOS e isso é revertido com CPAP por mais de 4h ➢ Doenças cardiovasculares e SAOS ● DCV resultantes da SAOS: HAS, ICC, IAM, arritmias e hipertensão pulmonar ● >50% dos SAOS são hipertensos ● 40% dos hipertensos podem ter AOS não diagnosticadas ● Frequentemente têm HAS de difícil controle, que reduzem níveis tensionais com o CPAP ● Prevalência de HAS na SAOS é de 60% e, a cada episódio de IAH durante o sono, ↑ 1% risco de HAS ● Agudamente: Na apneia ocorre hipoxemia, hipercapnia e estimulação ao SNS → vasoconstrição periférica. ↓ pressão negativa intratorácica e ↓ pré e pós carga. Depois da respiração → ↑ pré carga + constrição → ↑ de PA repetitivamente ● Cronicamente: O estresse estimula a ativação de ACTH e isso promove síntese de aldosterona e cortisol. Hiperaldosteronismo pode ser uma causa da HAS na SAOS. Ativação do SRAA, inflamação, RI, hiperleptinemia ● Existem algumas controvérsias, pelo fato de grande parte dos SAOS serem também obesos, mas viu que, independente da obesidade, os SAOS não tratados têm morbidades para DCV ➢ A apneia é uma doença metabólica e sistêmica e se relaciona com morbidade e mortalidade → acidente de trânsito e DCV SÍNDROME DA HIPOVENTILAÇÃO-OBESIDADE ● A associação entre obesidade e sonolência diurna foi reconhecida há anos ● Burwell em 1956 popularizou o termo de “síndrome de Pickwick” → personagem do novelista inglês Charles Dickens ➢ Epidemiologia ● A prevalência da obesidade tem aumentado nos últimos anos, adquirindo caráter epidêmico ● A prevalência de SHO acompanha essa tendência ● Acredita-se que ela esteja em cerca de 10-15% dos pacientes com SAOS, chegando à 20% no grupo dos indivíduos com SAOS + obesidade grau III ➢ Quadro clínico Obesidade + hipercapnia durante vigília (PaCo2 ⩾45 mmHg) que piora no sono. Isso na ausência de condições cardiopulmonares e neurológicas que justifiquem o quadro ● Geralmente possuem obesidade grau III + SAOS concomitante Sinais e sintomas Roncos altos Respiração ruidosa Cefaleia matinal Dispneia Sinais de cor pulmonale Hipersonolência ● Pode ocorrer hipoxemia com o paciente acordado ● Laboratorial: ↑ de bicarbonato sérico policitemia ↑ de PaCO2 ● PSG mostra hipoxemia importante → SatO2<90% por mais tempo do que aqueles pacientes igualmente obesos mas apenas com SAOS ● A gravidade da hipoxemia noturna pode distinguir os pacientes de SHO dos pacientes portadores de apenas SAOS grave ● Se o exame mostra hipoxemia acentuada e prolongada, considerar a hipótese de SHO associada à SAOS ● Podem ter histórico de internações prévias por descompensação respiratórias ● SHO é raramente lembrada, os pacientes são tratados por anos como se tivessem DPOC ou asma Estudo viu que 600 pessoas com critérios diagnósticos para SHO, nenhum teve diagnóstico na internação e apenas 10% tiveram diagnóstico na alta 15% faleceu na 1ª internação e 19% faleceram nos próximos 3 anos ➢ Critérios diagnósticos ● Precisa preencher os 3 seguintes critérios: Critérios diagnósticos A-Presença de hipoventilação durante vigília (PaCO2 >45 mmHg) B-Presença de obesidade (IMC > 30 kg/m² para adultos ou > percentil 95 para crianças) C-A hipoventilação não deve ser causada por doenças de parênquima pulmonar, vascular pulmonar, alteração de parede, medicação, quadros neurológicos ou síndrome de hipoventilação alveolar central congênita ou idiopática ➢ Fisiopatologia ● A fisiopatologia ainda não está completamente elucidada ● A condição de base para SHO é obesidade → restrição mecânica à ventilação, SAOS e resistência à leptina ● Mas nem todo obeso tem SHO, então acredita que uma resposta inadequada do SNC à hipoxia e à hipercapnia se relacionem ● Pacientes com SHO não hiperventila da mesma forma que pacientes também obesos, mas quem não tem SHO ● A leptina inibe o apetite e estimula ventilação → SHO tem ↑ níveis de leptina e resistência à leptina ● Hipercapnia em vigília: ↑transitório de CO2 à noite ocorre devido apneia/hipopneia ou hipoventilação → promove retenção de bicarbonato para corrigir a acidose respiratória SHO têm depuração de bicarbonato deficiente, então permanecem com alcalose metabólica durante a vigília, o que justificaria a persistência de CO2 aumentado ➢ Tratamento >> O tratamento é primordialmente a correção do distúrbio respiratório e a perda de peso << ● Usa pressão positiva, pode ser tanto CPAP (pressão contínua) quando BPAP (2 níveis respiratórios) ● As alterações gasométricas podem levar semanas para serem corrigidas, mesmo com uso do CPAP ● Alguns vão precisar de BPAP ● Outros precisarão de O2 suplementar + PAP ● Um parcela não vai responder de modo satisfatório mesmo assim → neles a traqueostomia seria indicada (consegue resolver a hipercapnia na maioria dos pacientes + resolução de SAOS), mas alguns que, mesmo traqueostomizados, hipoventilam ainda ● A traqueostomia é exceção, apenas em casos graves que não respondem a nada ● Perda de peso também é importante → pós-bariátrica a maioria tem melhora da SAOS e da SHO, mas podem recidivar ● Tem medicamentos estimulantes ventilatórios (acetazolamida e medroxiprogesterona), porém não tem evidencia científica ainda para ser recomendado ➢ SHO é uma condição clínica grave que permanece subdiagnosticada a despeito do ↑ da prevalência de obesidade e SAOS. Diagnóstico precoce é fundamental TRATAMENTO CLÍNICO DOS DRS: MEDIDAS COMPORTAMENTAIS E POSTURAIS NA AOS ● SAOS é multifatorial, então a abordagem precisa de medidas abrangentes ● As medidas comportamentais/posturais devem ser sempre recomendadas, independente da gravidade ➢ Medidas comportamentais 1- Perde peso ● Obesidade é um dos principais fatores de risco para SAOS ● 70% das SAOS são decorrentes de obesidade ● Perda de peso + exercícios levam a ↓ de IAH ● Perder peso pela bariátrica ou perder por dieta hipocalórica, não tem diferença na ↓ da IAH ● Promove mudanças benéficas no colesterol, RI, leptina, marcadores inflamatório e função endotelial ● ↑10% peso basal - ↑6x risco de progressão da doença ● ↓ 10% peso basal - 20% de melhora da gravidade da SAOS 2-Evitar ingestão de álcool ● A ingestão de álcool se relaciona com má qualidade e maior fragmentação do sono ● Álcool pode agravar a apneia do sono ● Álcool promove ↓ da atividade motora do nervo genioglosso e hipoglosso e ↑ de edema de mucosa nasal e ↓ da resposta de despertar ● O efeito do álcool é prejudicial à cognição 3- Prática de atividade física ● Atividade física é indicada pela indiscutível possibilidade de facilitar ↓ de peso ● Mas também melhora função pulmonar e qualidade do sono ● Estudos sugerem que atividade física ↓ gravidade da SAOS independente da redução de peso 4-Terapia posicional ● A posição de supina piora a AOS na maioria dos pacientes ● Alguns possuem apneia somentese estão em posição de supina, alguns estudos trazem prevalência de até 60% dessa situação ● A terapia posicional é evitar que o paciente fique em supina durante o sono colocar bolas de tênis nas costas do pacientes 5-Cessar tabagismo ● Fumar exerce influência sobre a SAOS por alterar arquitetura do sono, função neuromuscular e via aérea, mecanismo de despertar e processos inflamatórios das VAS ● Um dos maiores estudos nos EUA sobre SAOS, viu que fumantes tinham maior risco de ter SAOS moderada-grave em relação aos não fumantes mesmo com ajuste para sexo, idade, IMC e álcool ● As evidências são limitadas, mas a tabagismo é deletério para AOS, então parar de fumar é sugerido 6-Evitar alimentação excessiva próximo do horário do sono ● Estudo recente evidenciou ↑ de frequência de apneia obstrutiva e apneia central ● SAOS tem relação com refluxo gastroesofágico, então essa orientação minimiza as questões de DRGE também 7-Evitar sedativos e evitar privações de sono ● Pacientes com SAOS são mais sensíveis a doses mínimas de sedativos ● Administração desse tipo de medicação ↓ tônus da musculatura parafaríngea → exacerbação da obstrução de vias aéreas e levar hipóxia, hipercapnia e, em alguns casos, arritmias ● Importante manter os mesmo horários para dormir e levantar, evitar privação de sono ● Pacientes em uso de CPAP, enfatizar a importância de manter períodos de sono apropriados para melhorar adesão ao CPAP e ↓ sintomas diurnos TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS OBSTRUTIVOS COM PRESSÃO POSITIVA: VISÃO PRÁTICA ● Os aparelhos de pressão (+) é o padrão-ouro para o tratamento de SAOS ● Há 4 tipos de aparelhos de pressão (+): Pressão positiva contínua na via aérea superior (CPAP) → oferece uma única pressão contínua e fixa durante a noite toda Pressão positiva com 2 níveis de fluxo (BPAP) → oferece uma pressão inspiratória (IPAP) mais elevada que a expiratória (EPAP) Pressão positiva com titulação automática (APAP) → ↑ automaticamente a pressão de CPAP ou BPAP conforme a necessidade de manter a patência da via aérea e ↓ pressão se nenhum evento anormal é detectado Servoventilador (ASV) → tem um servocontrolador que automaticamente ajusta a pressão por meio da análise de cada respiração para manter a ventilação estável, particularmente em pacientes com ICC com apneia central do sono e/ou respiração de Cheyne-Stokes ● Preconiza-se que o valor da pressão a ser usada no aparelho seja feito por PSG de noite inteira ● O tratamento com CPAP é padrão para SAOS moderada-grave, mas também em SAOS leve ● CPAP também é recomendado como adjuvante na ↓ da PA de hipertensos e SAOS ● O CPAP também é usado em SAOS leve, síndrome de resistência de via aérea superior e roncos ● A adesão é o maior desafio para o sucesso da terapia ➢ Revisão de literatura e atualização sobre o tema ● Apesar do CPAP ser tratamento-padrão para SAOS, indicar sem sintomas ainda é duvidoso ● A taxa de mortalidade cardiovascular no grupo CPAP nasal de 0% e no grupo controle foi de 4,3% ● Uso precoce de CPAP nasal parece acelerar a recuperação neurológica e retarda o surgimento de eventos cardiovasculares ● CPAP pode induzir estresse cardíaco e ter consequências deletérias para o coração → ↑ de troponina cardíaca ● Drager et al. → CPAP promove aumento de peso e de IMC ➢ Vantagens ● Os aparelhos de pressão positiva ↓ IAH ● Melhoram sonolência excessiva ● O tratamento com CPAP pode reduzir a recorrência de FA ➢ Desvantagens ● Todos os benefícios é para aqueles que possuem adesão ao tratamento ● Ideal é o uso de 4,5h por noite, pelo menos ● Se o paciente não usa de forma adequada ou não usar → sem melhora clínica ● O CPAP contínuo muitas vezes não é muito bem aceito por pacientes jovens ● Estudos sugerem que SAOS leve tratada com CPAP por 6 meses não relataram melhora cognitiva e qualidade de vida ➢ Estratégias para melhorar a adesão ao tratamento ● A adesão é fator limitante para o sucesso do CPAP ● O ideal é que seu uso seja contínuo e durante o máximo de tempo possível ● Programas de educação e orientação devem ser incorporados logo no início e mantidos periodicamente ● Em relação à escolha da máscara, tratamento de sintomas nasais são importantes para a adaptação ● O reforço sobre a importância da prevenção (e tratamento) das consequência das doenças crônicas é essencial ● A interface usada é de preferência a máscara nasal, pela maioria dos estudos avaliarem ela, mas não há evidência para indicação de um ou outra TRATAMENTO COM APARELHOS INTRAORAIS ● A terapia com aparelhos intraorais para os distúrbios respiratórios do sono foi difundida na década de 80 ● Era alternativa para aqueles que não se adaptavam a terapia com os aparelhos de pressão (+), o padrão-ouro ● Pela maior adaptação, praticidade e bons resultados em melhorar os sintomas da SAOS, muito pacientes têm preferência pelos AIO ● Academia Americana de Medicina do Sono → AIO são indicados para ronco primário e SAOS como alternativa ao PAP em insucesso ou não adaptação ➢ Tipos de aparelhos intraorais ● Existem os retentores linguais: Promovem a contenção da língua durante o sono, estabilizando-a anteriormente São indicados em quadros leves de SAOS e quando os aparelhos de avanço mandibular (AAM) não são possíveis: ➔ números de dentes insuficientes, →limitação de capacidade de avanço mandibular (<4 mm), →lingua volumosa ou pacientes com disfunção de ATM aguda Pouco efetivos quando comparados aos AAM ● Aparelhos de avanço mandibular Promovem o avanço da mandíbula durante o sono e evitam abertura bucal excessiva → ↑ o espaço aéreo na região da faringe ● Arhens (2011) → fatores que influenciam na efetividade do tratamento: permitir o avanço gradual da mandíbula ter boa retenção aos dentes promover pequena abertura vertical permitir pequenos movimentos laterais da mandíbula Retentores linguais Aparelho de avanço mandibular ➢ Adesão ao tratamento da SAOS, eficácia e efetividade ● A adesão aos AIO mostrou-se satisfatória ● A adesão varia com o tempo, no início chega a 90%, mas no final de 1 anos chega a 77% ● Almeida et al. (2005) → 64% pacientes continuaram usando AIO após 5,7 anos ● Os principais motivos de descontinuidade: ● Revisão da Cochrane com 36 estudos → comparou as terapias com PAP e AIO ● Os PAP tiveram superioridade com ↓ de desfechos polissonográficos, mas o pacientes tiveram predileção com ao AIO ● A eficácia do AIO é inversamente proporcional à gravidade da doença (↓gravidade - ↑chance de sucesso) ● Ramar et al. → AIO melhoraram os parâmetros da PSG e os sintomas de SDE ● Os aparelhos individualizados e tituláveis são mais efetivos ● Ramar et al. → AIO x PAP AIO é menos eficaz que o PAP para os parâmetros da PSG Desfechos clínicos como sonolência diurna (escala de Epworth), qualidade de vida, ↓de PA → teve resultados semelhantes ao PAP O PAP tem maior eficácia, mas termina tendo menor adesão AIO tem maior adesão, isso acaba compensando a menor eficácia ➢ Efeitos colaterais resultantes do uso de AIO ● Os efeitos colaterais podem ser de curto e longo prazo ● Até 6 meses: salivação excessiva boca seca desconforto nos dentes irritação de gengiva dores de cabeça desconforto de ATM e músculos mastigatórios ● Precisam ser resolvidas rapidamente, pois se não, ↓adesão ● AIO tituláveis, individualizados, que permitem movimentos de lateralidade são mais confortáveis → ↑ adesão ● Após 6 meses têm os de longo prazo → são mais insidiosos, muitas vezes não percebidos e podem se tornar irreversíveis ↑ do trespasse vertical e horizontal, inclinação lingual dos incisivos superiores, inclinação vestibular dos incisivos inferiores, aparecimento de mordida aberta posterior e ↓ dos contatos oclusais ● Cerca de 85,7% dos casos tinha alteração de posicionamento dentário → 41,4% favorável x 44,3% desfavorável ● Os favoráveis eram referência aos portadores de maloclusão classe II e retrognatia mandibular → as alterações dos AIO promoveram compensação da oclusão e melhorou relação entre as arcadas ● DTM em usuários de AIOfoi de 1,4-48% ● Exercícios dirigidos à musculatura mastigatória podem ajudar no controle da dor e facilitar a adaptação do AIO em pacientes com DTM ➢ Preditores de sucesso no tratamento da SAOS com AIO ● A gravidade da SAOS é o fator mais avaliado antes de encaminhar para AIO ● Há uma relação inversa entre sucesso de AIO e os valores de IAH ● Apneia posicional, baixo IMC, paciente mais jovem, boa capacidade de avanço mandibular → bom pra AIO ● Revisão de Sutherland et al. → bom desenvolvimento da maxila e espaço retropalatal aumentado mandíbula retraída e espaço aéreo retroglossal ↓ menor distância do osso hióide ao plano mandibular maior distância entre hióide e C3 → esse tinham maiores chances de responder bem à terapia com AIO ● Também tem a respiração nasal. Aqueles com resistência nasal ↑ responderam de maneira menos eficaz e tiveram menor adesão ao tratamento ● Há exames prévios para triar os possíveis respondedores à terapia com AIO análise de curva fluxo/volume e imagens pela nasofibroscopia ● Tsai et al (2004) → sistema para predizer a eficácia do AIO (s-86% e e-67%) usar um AIO na PSG e fazer o avanço mandibular por controle remoto a sonoendoscopia foi usada para avaliar a dinâmica da faringe em apneicos candidatos a AIO →sugerir sítios obstrutivos basais ➢ Relação médico/dentista e acompanhamento no tratamento com AIO ● O protocolo se inicia após avaliação médica ● Parâmetros clínicos, físicos, PSG → dentista ● Dentista → número de dentes para ancoragem, as condições da ATM, se o paciente é ou não um bom candidato à terapia ● Se o AIO for uma boa opção, o dentista levará 4-5 meses para fazer o protocolo de titulação do AIO ● No final do protocolo, ele volta no médico e ver se tem necessidade de fazer PSG ● A AIO é um alternativa viável para o tratamento da SAOS, pela adesão, eficácia e os efeitos colaterais parecem não justificar a interrupção TRATAMENTO CIRÚRGICO DA SAOS: PAPEL DO NARIZ ● A obstrução nasal (ON), comumente, se relaciona com ronco e SAOS, assim como sonolência diurna, fadiga e comprometimento cognitivo ● Estima-se que a obstrução nasal esteja presente em 59-64% dos pacientes com SAOS ● Inclusive, o nariz desfavorável é fator de risco associados à SAOS ● A correção cirúrgica é capaz de melhorar a qualidade do sono e ↓ roncos, mas não interfere muito na ↓ de IAH, logo não é efetiva como único tratamento ● A obstrução nasal tem papel coadjuvante, agravando um quadro obstrutivo pré-existente de VAS ● Junto da obstrução nasal, ocorre a respiração oral e estreitamento das VAS → ↑ resistência à passagem de ar e facilita colabamento de faringe ● A ON exige maior esforço inspiratório, o que ↑ a pressão negativa da faringe e facilita colabamento ● Outra coisa é que pacientes com respiração oral fazem deslocamento posterior e inferior de mandíbula e estreitamento de regiões retropalatal e retroglossal ● O tratamento da ON é capaz de permeabilizar as fossas nasais, mas não vai reverter as alterações musculares e esqueléticas faciais vindas da respiração oral de longo prazo → hipoplasia de maxila, retrognatia e palato ogival o tratamento precoce de respiração oral na infância e adolescência é fundamental para prevenção de SAOS ● Desobstrução nasal pode ser curativo em jovens, com quadro leve, nao obeso e sem outros locais de obstrução ● Ou coadjuvante → naqueles que usam CPAP/AIO o procedimento precisa causar o menor desconforto possível, com poucos sangramentos e menor edema, para não ↓ uso de CPAP ● Estudos sugeriram que a permeabilidade cirúrgica do nariz era capaz de ↓ os níveis pressóricos no CPAP e isso facilitaria o uso após cirurgia para ON, houve aumento de 48,6 min no uso do CPAP ● Outros estudos encontraram que pacientes com aéreas nasais menores (ou resistência nasal ↑) apresentaram menor adesão ao CPAP, mas isso não foi confirmado em outros estudos ● A ON pode dificultar o uso de AIO também, por promover maloclusao labial Estudos identificaram que pacientes com alterações nasais tinham menor eficácia no tratamento com AIO ● Precisa-se de avaliação de VAS e de fatores de ON, na avaliação inicial, daqueles pacientes candidatos a AIO CIRURGIA CRANIOMAXILOFACIAL NA SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO ● As deformidades dentofaciais têm grande prevalência na população ● As deformidades podem estar relacionadas com obstrução de VAS ● A análise facial é de grande importância para avaliação de pacientes que tem SAOS ● Análise facial e cefalometria passaram a ser usados no estudo da SAOS a partir da década de 80 para identificação de determinantes anatômicos craniofaciais envolvidos no colabamento faríngeo durante o sono ● A morfologia craniofacial parece fazer parte de um conjunto de fatores que ↑ predisposição para desenvolvimento da SAOS ● A análise mais precisa é a do perfil facial de tecidos moles, caracterizando, não a área de colabamento, mas a faces com maior tendência de obstrução de VA ➢ Revisão da literatura ● O tratamento da SAOS deve ser multidisciplinar: DRS, doença do sono, otorrino, cirurgião craniomaxilofacial, cirurgião-dentista, entre outros ● O tratamento cirúrgico da SAOS permanece desafio, não havendo um procedimento de escolha que, com certeza, promova resolução do fechamento das VAS ● Até 1981, quando Fujita incorporou a uvulopalatofaringoplastia (UPFP), as únicas que existiam eram: amigdalectomia e traqueostomia ● Atualmente tem: UPFP, expansão rápida de maxila cirurgicamente assistida (ERMCA), avanço maxilomandibular (AMM), ↓ de base de língua, etc ● Haas (1961) foi um rinologista que identificou que ERMCA causava ↓ da resistência da área nasal ● A traqueostomia é a que consegue altos índices de sucesso, porque desvia a passagem do ar, mas grande dano médico-social ● AMM têm tido sucesso semelhante, por ↑ espaço faringeano ● AMM é classicamente indicada em pacientes portadores de apneia moderada-grave e com falha de outras formas de tratamento, com faces de discrepância maxilo-mandibular ● A deficiência anteroposterior maxilomandibular foi identificada em alguns SAOS → AMM tem sido uma das principais opções AMM expande o arcabouço esquelético na faringe e na hipofaringe → ↑ dimensões da VAS ● Miranda e Moreno (2007) → efetividade de 60% com AMM, com melhora de IAH; 60% tiveram ↓ de IAH de 50% ➢ Discussão ● Inúmeros procedimentos cirúrgicos propostos, a maioria com resultados insatisfatórios, especialmente em SAOS grave com desproporção anatomia difusa de VAS ● Stanford desenvolveu as fases I e II “Stanford University Powerll-Riley Protocol) - Protocolos de Stanford Fase I: Uvulopalatofaringoplastia com avanço de músculo genioglosso (osteotomia de Powell) e/ou tireo-hioideopexia Fase II: Avanço maxilomandibular ● A técnica para AMM é osteotomia tipo Le Fort I para maxila, osteotomia sagital para mandíbula e mentoplastia ● AMM com rotação anti-horária vem sendo relatado, na literatura mundial, como um dos tratamentos mais efetivos para SAOS grave ● O principal determinante do sucesso do tratamento parece ser a quantidade de avanço (8-10 mm), pois tem relação direta com a abertura desejada da VA ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA SAOS ● As alterações cognitivas na SAOS podem ser: déficit de processamento, memória, atenção, função executiva e acidentes de trabalho e trânsito são importantes marcadores inclusive, representam significativa causa de morbi/mortalidade >>Não há uma relação linear entre o grau de apneia e as alterações neurocognitivas<< ➢ Caracterização do déficit cognitivo na SAOS ● Há comprometimento de processamento cognitivo (habilidade de digerir informações) → lentificação de execução; ↑ de erros e ↓ de respostas completas ● Há comprometimento de memória (registro, memória de curto prazo, repetição, de longo prazo, de recuperação de informação) ↓ do grau de alerta constitui evidência de comprometimento do “registro” na SAOS armazenar, reter e recuperar podem estar comprometidos ● A atenção sustentada (concentração) é a que usamos para avaliar a sonolência diurna→ seu comprometimento se relaciona com ↑ de acidentes ● Outra coisa em relação à atenção, é que a presença de mais de uma tarefa que requer atenção controlada (concentração) exige a “atenção dividida” pacientes com SAOS colidem mais, têm mais incapacidade de permanecer na faixa de tráfego ● As funções executivas (FE) são “comportamento intencionais”. Se as FE estiverem preservadas, dá para ter uma vida autônoma, mas sem elas, ele é incapaz de cuidar de si Funções executivas são uma das mais afetadas pela SAOS ➢ Mecanismos ● O mecanismo exato não é conhecido ● Portadores de SAOS têm várias comorbidades (obesidade, DM, HAS etc. → variáveis de confusão) Perturbação da arquitetura do sono Sonolência diurna Dano ao sistema neurocognitivo Estresse oxidativo do tecido cerebral pelos episódios de hipóxia ● Estudos sugerem que ↓ grau de alerta e lentificação de resposta estão mais associados à fragmentação do sono do que à hipóxia ● A relação entre IAH e déficit cognitivo é fraca ➢ Efeitos do tratamento ● CPAP tem sido associado à melhora do desempenho em simuladores de direção, da atenção sustentada/dividida, com a melhora da vigilância e da flexibilidade mental ● Os resultados ainda não são conclusivos, embora estudos de neuroimagem mostram mudanças de fluxo sanguíneo, ativação cortical e etc ● Não se sabe se recupera essas alterações após tratamento HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO EM SAOS ● Roncos, apneias e sonolência diurna excessiva são os sinais/sintomas mais comuns ● Deve ser pesquisado HAS e HAP, assim como história de AVE, IAM, cor pulmonale e acidentes de carro ● Ronco está presente em quase todos os SAOS → alto, interrompido por silêncio que é a apneia, tende a ser crescente e inicia-se em decúbito dorsal ● É comum engasgos, sensação de sufocamento, vocalização ● A sonolência excessiva é mensurada pela escala de Epworth ● Outros sintomas: boca seca, salivação excessiva (pela respiração oral) ● Sono agitado e sudorese noturna pelo ↑ de esforço respiratório ● Distúrbio de humor, irritabilidade, comprometimento de memória, atenção, concentração ● Cefaleia matinal é comum e tem associação com a gravidade da apneia ● Atenção para SAOS em mulher: obesa, história de insônia, depressão de hipotireodismo ● No homem, SAOS tem forte associação com disfunção erétil ● O refluxo gastroesofágico é muito associado com SAOS ↑ de pressão gástrica devido ao ↑ da pressão intratorácica (esforço respiratório com via colapsada ● A diferença na pressão intratorácica sobre a parede cardíaca pode causa liberação de PAN (peptídeo atrial natriurético) → noctúria e enurese → sintomas importantes dos DRS ● Pelas hipoxias repetidas e ativação de SNS → ↑risco de aterosclerose, arritmias, AVE ● Considerar SAOS em todo pacientes que têm HAS + depressão ou fadiga inexplicadas e que recebe medicações para tais situações ➢ Exame físico ● O EF é importante para detectar situações que sugerem um risco ↑ para SAOS avaliação antropométrica morfologia craniofacial sistema respiratório e cardiovascular ❖ EF geral ● Obesidade → fator de risco para DRS ● Circunferência de pescoço (na altura da membrana cricotireóidea) >40 cm é associado a risco aumentado de SAOS, mesmo na ausência de obesidade ❖ Avaliação craniofacial ● Deve-se determinar a posição relativa da mandíbula e maxila ● Buscar anormalidades como retrognatia, micrognatia → ↑ risco de SAOS ❖ Avaliação das VAS >> Anormalidades anatômicas das VAS são fatores etiológicos importantes para SAOS<< ● Exame da cavidade nasal deve ser feito buscando causas de obstrução (edema de mucosa por rinite alérgica, desvio de septo) ● Na cavidade oral e orofaringe → inspeção de palato mole, língua, úvula, tonsila usar escala de mallampati (geralmente é a classe 3 ou 4 que se relaciona com SAOS) avaliar proporção de língua (macroglossia), ver palato arqueado
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