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Relatório Educação Socioeducativo - RJ

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Relatório do Grupo de 
Trabalho sobre Educação
no Departamento Geral
de Ações Socioeducativas
do Estado do Rio de 
Janeiro – DEGASE
Editora DEGASE
RJ - 2018
Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Wagner Granja Victer
Secretário de Estado de Educação
Alexandre Azevedo de Jesus
Diretor-Geral do Novo DEGASE 
Sidney Mello 
Reitor da Universidade Federal Fluminense
Coordenação:
Elionaldo Fernandes Julião
Grupo de Trabalho:
Kátia Barghigiani
Marcos Antônio da C. Santos
Mirtes Bandeira
Soraya Sampaio
Equipe ASIST:
Antonino Fonna
Claudia Mendes
Fernando Picamilho
Gabriela Costa
978-85-64174-28-3
 8
 11
 112
 118
 156
 180
 195
 198
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTOS NACIONAIS E 
INTERNACIONAIS DA EDUCAÇÃO PARA 
JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE 
RESTRIÇÃO E PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
ESCOLARIZAÇÃO NO
DEGASE – BREVE HISTÓRICO
 
CARTOGRAFIA DA ESCOLARIZAÇÃO NO 
SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DO RIO DE 
JANEIRO 2013
CURRÍCULO PARA ALÉM DAS GRADES
A AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS 
DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO
FLUXOGRAMA DE COMUNICAÇÃO 
DE AÇÕES SOCIOPEDAGÓGICAS
CONTRIBUIÇÕES DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO PARA AS DIRETRIZES NACIONAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROPOSIÇÕES
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANEXO
 209
 219
 231
RELATÓRIO 
DO GRUPO DE 
TRABALHO SOBRE 
EDUCAÇÃO NO 
INTRODUÇÃO
9
Partindo da premissa de que a proposta política de Educação no 
Sistema Socioeducativo deve visar delinear aspectos teóricos, políticos e 
metodológicos para a consecução de sua missão institucional traçada pelo 
Projeto Político Institucional do DEGASE e pelo Plano de Desenvolvimento 
Institucional (PDI) da Secretaria de Estado de Educação do Rio de 
Janeiro que consiste, em última instância, em zelar pelas atividades de 
produzir, organizar e disseminar o conhecimento de forma a contribuir 
para a reinserção social dos adolescentes em cumprimento de Medidas 
Socioeducativas, privilegiando, principalmente, sob qualquer custo, a busca 
pela formação de cidadãos conscientes da sua realidade social, foi criado 
em 2014, com o objetivo sistematizar informações e apresentar sugest 
ões para uma proposta político pedagógica para as escolas do Sistema 
Socioeducativo do estado, o Grupo de Trabalho (GT) sobre Educação do 
Departamento Geral de Ações Socioeducativas do estado do Rio de Janeiro.
Fundamentado nos princípios socioeducativos do Sistema Nacional 
de Ações Socioeducativas (SINASE), o Grupo de Trabalho, composto por 
profissionais da Secretaria de Educação, bem como do Sistema Socioeduca-
tivo do estado do Rio de Janeiro e do corpo docente da Universidade Fede-
ral Fluminense – UFF, produziu este documento que visa, em linhas gerais, 
subsidiar o DEGASE e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro 
(SEEDUC) nas discussões sobre as escolas do Sistema Socioeducativo.
10
Durante a realização dos encontros, ainda em 2014, os trabalhos 
foram atravessados pelo início da discussão das Diretrizes Nacionais 
para o atendimento escolar de adolescentes e jovens em cumprimento 
de medidas socioeducativas que culminou com a aprovação no Conselho 
Nacional de Educação da Resolução CNE/CEB nº 3 de maio de 2016. O 
grupo contribuiu ativamente na construção das diretrizes em diferentes 
frentes e momentos. Principalmente participou de discussões no Conselho 
Nacional de Educação e com diversos atores do Sistema de Garantia de 
Direitos no estado do Rio de Janeiro na consulta pública realizada sobre 
o documento. Este atravessamento implicou na não publicação deste 
relatório por quase três anos. 
Hoje, independente da aprovação das Diretrizes Nacionais, 
compreendemos que ainda há necessidade de retomar o debate sobre a 
política de Educação no Sistema Socioeducativo, principalmente no contexto 
da política implementada no estado do Rio de Janeiro. Neste sentido, levando 
em conta toda a discussão que vem sendo realizada pelo Conselho Estadual 
de Educação em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro sobre 
a implementação no estado das Diretrizes Nacionais, acreditamos que este 
relatório é um potente instrumento para subsidiar a discussão.
11
RELATÓRIO 
DO GRUPO DE 
TRABALHO SOBRE 
EDUCAÇÃO NO 
FUNDAMENTOS NACIONAIS 
E INTERNACIONAIS DA 
EDUCAÇÃO PARA JOVENS 
E ADULTOS EM SITUAÇÃO 
DE RESTRIÇÃO E PRIVAÇÃO 
DE LIBERDADE
12
Ao longo das últimas décadas, importantes marcos legais 
internacionais foram aprovados e pactuados pelos países que integram a 
Organização das Nações Unidas e, como desdobramento nacional, pelos 
diversos estados da federação brasileira, para consolidação de uma política 
que prime pela garantia de Direitos Humanos no âmbito das políticas 
de restrição e privação de liberdade, principalmente reconhecendo as 
Medidas Socioeducativas como eminentemente pedagógicas e com uma 
execução menos estigmatizante e violadora de direitos.
Considerando as questões apresentadas na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (1948), nas Regras mínimas das Nações Unidas 
para a administração da justiça da infância e da juventude – Regras de 
Beijing – 1985, na Constituição Federal do Brasil (1988), nas Regras 
das Nações Unidas para Proteção de Jovens Privados de Liberdade 
– 1990, no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação – LDBEN (Lei 9394/1996), nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Resolução 
CNE/CEB nº 1 de 2000), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e 
Cultura Afro-Brasileira e Africana (Resolução CNE nº 1/2004), no Parecer 
do Conselho Nacional de Educação sobre “Dias letivos para a aplicação 
da Pedagogia de Alternância nos Centros Familiares de Formação por 
13
Alternância” (Parecer CNE/CEB nº 1/2006), nas Diretrizes Operacionais 
para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, 
modalidade Educação Especial (Resolução CNE nº 4/2009), nas Diretrizes 
Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação 
de privação de liberdade nos estabelecimentos penais (Resolução CNE/
CEB nº 2/2010), nas Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens 
e Adultos (Resolução CNE/CEB nº 3 de 2010), nas Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução CNE nº 4/2010), nas 
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução CNE nº 
2/2012), na Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012 que regulamenta o 
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE, na Diretrizes 
para o atendimento de educação escolar para populações em situação de 
itinerância (Resolução CNE nº 3/2012), na Lei Nº 12.852/ 2013 que aprova 
o Estatuto da Juventude, no Plano Nacional de Educação (Lei nº 13.005, de 
25 de junho de 2014) e nas Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar 
de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas 
(Resolução CNE/CEB nº 3 de 2016), este documento visa apresentar 
os fundamentos legais nacionais e internacionais que regulamentam a 
Educação para adolescentes e jovens em cumprimento de medidas de 
restrição e privação de liberdade no Brasil.
 
14
No âmbito do estado do Rio de Janeiro, foram levados em 
consideração as resoluções da Secretaria de Estado de Educação n° 5053, 
de 12/03/2014, que fixa diretrizes para a implementação das matrizes 
curriculares nas unidades escolares da rede pública do estado do Rio de 
Janeiro que se encontram dentro de unidades socioeducativas e dá outras 
providencias, bem com a n° 5099, de 14/05/2014, que regulamenta a 
estrutura básica das unidades escolares do âmbito da Diretoria Especial 
de unidades escolares prisionais e socioeducativas DIESP/SEEDUC e dá 
outras providências.
Visando orientar a reflexão sobre as diversas questões que 
envolvem a política de educação e a organização de um sistema de 
ensino para o Sistema Socioeducativo do estado do Rio deJaneiro, 
dividiremos esta parte do documento em duas seções. Na primeira 
serão apresentadas as principais questões evidenciadas nos marcos 
internacionais, pactuados pelos países que integram a Organização das 
Nações Unidas, e que fundamentam a implementação de uma política de 
educação para o Sistema Socioeducativo. Na segunda, propomos uma 
síntese das principais questões evidenciadas nos marcos nacionais que 
regulamentam o sistema nacional de ensino e a execução das Medidas 
Socioeducativas no Brasil.
15
Os documentos analisados serão apresentados em uma ordem 
cronológica de aprovação, não se estabelecendo qualquer hierarquia. 
Consideramos todos importantes e fundamentais para a implementação 
da política de educação para jovens em situação de restrição e privação 
de liberdade no Sistema Socioeducativo. 
FUNDAMENTOS INTERNACIONAIS
1. Declaração Universal dos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada e 
proclamada pela Resolução 217 dada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas em 10 de dezembro de 1948.
Conforme o seu artigo XXVI, toda pessoa tem direito à educação 
que será gratuita e obrigatória, pelo menos nos graus elementares e 
fundamentais. Segundo o documento, a educação técnico-profissional 
será acessível a todos e a educação superior será baseada no mérito. 
A educação será orientada no sentido do pleno desenvolvimento 
da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos Direitos 
Humanos e pelas liberdades fundamentais. Promoverá a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e 
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
16
2. Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da 
Justiça da Infância e da Juventude – Regras de Beijing
As Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da 
Justiça de Menores (Regras de Beijing) foram adotadas pela Assembleia 
Geral das Nações Unidas na sua resolução 40/33, de 29 de novembro de 
1985, Ano Internacional da Juventude.
O documento prevê, na assistência aos jovens em cumprimento de 
medidas socioeducativas, que “procurar-se-á assegurar aos adolescentes, 
em todas as fases do processo, assistência em matéria de alojamento, 
de educação, de formação profissional, de emprego ou outra forma de 
assistência prática e útil, com vista a facilitar a sua reinserção”.
Quanto os objetivos da execução da Medida Socioeducativa, o 
documento prevê que “a formação e o tratamento dos adolescentes 
colocados em instituição têm por objetivo assegurar-lhes assistência, 
proteção, educação e formação profissional, a fim de os ajudar a 
desempenhar um papel construtivo e produtivo na sociedade”.
Os jovens em cumprimento de Medidas Socioeducativas, segundo 
este documento, “receberão os cuidados, a proteção e toda a assistência 
necessária social, educacional, profissional, psicológica, médica e física 
que requeiram devido à sua idade, sexo e personalidade e no interesse 
do desenvolvimento sadio”.
17
O documento prevê ainda que “serão estimuladas a cooperação 
interministerial e interdepartamental para proporcionar adequada 
formação educacional ou, se for o caso, profissional ao jovem 
institucionalizado, para garantir que, ao sair, não esteja em desvantagem 
no plano da educação”.
3. Regras das Nações Unidas para Proteção de Jovens Privados 
de Liberdade 
As Regras das Nações Unidas para Proteção de Jovens Privados 
de Liberdade foram adotadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas 
através da sua Resolução 45/113, de 14 de dezembro de 1990.
Quanto à educação, formação profissional e trabalho, o documento 
define que “qualquer adolescente em idade de escolaridade obrigatória 
tem direito à educação adequada às suas necessidades e capacidades, 
com vista à preparação da sua reinserção na sociedade”.
Tal educação, segundo o documento, “deve ser dada, sempre 
que possível, fora do estabelecimento socioeducativo em escolas da 
comunidade e, em qualquer caso, deve ser ministrada por professores 
qualificados, no quadro de programas integrados no sistema educativo do 
país, de modo a que os adolescentes possam prosseguir, sem dificuldade, 
os estudos após a sua libertação”.
18
Ainda de acordo com o documento, “a administração do 
estabelecimento deve conceder uma especial atenção à educação dos 
adolescentes de origem estrangeira ou com especiais necessidades 
culturais ou étnicas. Os adolescentes que são analfabetos ou que têm 
dificuldades cognitivas ou de aprendizagem devem ter direito a uma 
educação especial”.
Segundo o documento, “os adolescentes acima da idade de 
escolaridade obrigatória que desejem continuar a sua educação devem ser 
autorizados e encorajados a fazê-lo e devem ser feitos todos os esforços 
para lhes possibilitar o acesso aos programas educacionais apropriados”.
O documento estabelece que “os diplomas ou certificados de 
educação concedidos aos jovens durante a internação não devem indicar 
que o jovem esteve em cumprimento de medida socioeducativa” e que 
“cada estabelecimento socioeducativo deve proporcionar o acesso a uma 
biblioteca que deve estar adequadamente equipada com livros, tanto 
instrutivos como recreativos e com publicações periódicas adequadas 
aos adolescentes, devendo estes ser encorajados e ter possibilidades de 
fazerem uso completo dos serviços da biblioteca”.
Cada jovem, segundo o documento, “deve ter direito a receber 
formação profissional em áreas susceptíveis para o preparar para a vida 
ativa” e “devem ter a possibilidade de escolher o tipo de trabalho que 
19
desejam realizar” nos limites compatíveis com uma seleção profissional 
adequada e com as exigências da administração do estabelecimento.
Quanto ao lazer, segundo o documento, “todos os jovens devem 
ter direito a um período de tempo diário adequado para a prática de 
exercício ao ar livre sempre que o tempo o permita, durante o qual 
lhe deve ser normalmente proporcionada educação física e atividades 
recreativas adequadas. Para estas atividades, devem ser disponibilizados 
o espaço, as instalações e o equipamento adequados. 
Todos os jovens devem dispor de tempo adicional para atividades 
diárias de tempos livres, parte das quais devem ser dedicadas, se o 
jovem o desejar, ao desenvolvimento de aptidões para artes e ofícios. 
A unidade de internação, segundo o documento, deve assegurar que 
cada jovem esteja fisicamente apto a participar nos programas de educação 
física disponíveis. Educação física reabilitativa e terapia, sob supervisão 
médica, devem ser proporcionadas aos jovens que delas necessitem. 
Quanto à religião, todos os jovens devem ter a possibilidade de 
satisfazer as necessidades da sua vida religiosa e espiritual, em especial 
participando nos serviços ou encontros organizados no estabelecimento 
socioeducativos ou realizando os seus próprios serviços e tendo na sua 
posse os necessários livros ou objetos de culto e instrução religiosa da 
sua confissão. 
20
Se em um estabelecimento existir um número suficiente de jovens 
de uma dada religião, o documento prevê que um ou mais representantes 
qualificados dessa religião devem ser nomeados ou aprovados, devendo-
lhes ser permitido celebrar serviços regulares e realizar visitas pastorais 
em privado aos jovens, de acordo com a sua solicitação. 
Todos os jovens, segundo o documento, devem ter o direito de 
receber visitas de um representante qualificado de qualquer religião da sua 
escolha, assim como o direito de não participar em serviços religiosos e de 
recusar livremente a educação, o aconselhamento ou a doutrinação religiosa.
FUNDAMENTOS NACIONAIS
1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
A Constituição Federal (CF), aprovada em 05 de outubro de 1988, 
em seu art. 5°, garante que “todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeirosresidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade”.
Conforme o art. 6º da CF, “são direitos sociais a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, 
21
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistênciaaos desamparados, na forma desta Constituição”.
Conforme o art. 205, “a educação, direito de todos e dever do 
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Segundo o documento (art. 208), “o dever do Estado com a 
educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica 
obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive 
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade 
própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III 
- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino; V - acesso aos níveis 
mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a 
capacidade de cada um; VII - atendimento ao educando, em todas as 
etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de 
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”.
Ainda segundo este documento, (art. 208, § 1º), “o acesso ao 
ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” e (§ 2º) “o não-
oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta 
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”.
22
De acordo com o art. 210 da CF, “serão fixados conteúdos mínimos 
para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum 
e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Além de 
que (§ 1º) “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”.
No art. 227 a CF define que “é dever da família, da sociedade e 
do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda 
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão”.
Em 11 de novembro de 2009, foi aprovada a Emenda Constitucional 
59 que, dentre outras questões, acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir 
do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União 
incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do 
ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos 
incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino 
de 4 a 17 anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para 
todas as etapas da educação básica.
23
2. Estatuto da Criança e Adolescente – ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, fruto da luta de 
movimentos sociais, profissionais e de pessoas preocupadas com as 
condições e os direitos infanto-juvenis no Brasil, foi aprovado através da 
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, com o objetivo de revelar os direitos 
e os deveres das crianças e dos adolescentes e os deveres dos adultos.
O ECA dispõe sobre a proteção integral das crianças e dos 
adolescentes (art. 3°) e lhes assegura todas as oportunidades e 
facilidades, “a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, 
moral espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”. 
Garante ainda que todas as crianças e adolescentes, independentemente 
de cor, etnia ou classe social, sejam tratados como pessoas que precisam 
de atenção, proteção e cuidados especiais para se desenvolverem e 
serem adultos saudáveis. 
Segundo o art. 4º do ECA, “é dever da família, da comunidade, da 
sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, 
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. 
Com relação ao direito à educação, à cultura, ao esporte e ao 
lazer, (art. 53), define que “a criança e o adolescente têm direito à 
24
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para 
o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se 
lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar 
critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV 
- direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso 
à escola pública e gratuita próxima de sua residência”.
Garante ainda que (parágrafo único do art. 53) “é direito dos pais 
ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar 
da definição das propostas educacionais”.
Segundo o documento, o Estado deverá assegurar à criança e ao 
adolescente (art. 54): “I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, 
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - 
progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino; V - acesso aos níveis 
mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo 
a capacidade de cada um; VII - atendimento no ensino fundamental, 
através de programas suplementares de material didático-escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde”. 
25
Define ainda que (§ 1º - art. 54) “o acesso ao ensino obrigatório 
e gratuito é direito público subjetivo” e o (§ 2º) “não oferecimento do 
ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa 
responsabilidade da autoridade competente”. 
Conforme art. 57, “o poder público estimulará pesquisas, 
experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, 
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e 
adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório”.
Quanto ao processo educacional (art. 58), deverão ser respeitados 
“os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da 
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o 
acesso às fontes de cultura”.
Com relação aos adolescentes em cumprimento de Medida 
Socioeducativa de Internação (art. 124), o documento garante como 
direitos do adolescente privado de liberdade, dentre outros: “I - 
entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; 
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - avistar-se 
reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situação 
processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e 
dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela 
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VII - receber 
26
visitas, ao menos, semanalmente; VIII - corresponder-se com seus 
familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene 
e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condições adequadas de 
higiene e salubridade; XI - receber escolarização e profissionalização; XII 
- realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; XIII - ter acesso aos 
meios de comunicação social; XIV - receber assistência religiosa, segundo 
a sua crença, e desde que assim o deseje; XV - manter a posse de seus 
objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo 
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais 
indispensáveis à vida em sociedade”. 
O documento garante que em nenhum caso (§ 1º) haverá 
incomunicabilidade. 
Com relação à proteção judicial dos interesses individuais, 
difusos e coletivos, no seu art. 208, considera como “ações de 
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao 
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: I - do 
ensino obrigatório; II - de atendimento educacional especializado aos 
portadores de deficiência; III - de atendimento em creche e pré-escola 
às crianças de zero a seis anos de idade; IV - de ensino noturno regular, 
adequado às condições do educando; V - de programas suplementares 
27
de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde 
do educando do ensino fundamental; VI - de serviço de assistência social 
visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, 
bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; 
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; VIII - de escolarização e 
profissionalização dos adolescentes privados de liberdade”.
3. Lei nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
Segundo a Lei nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (LDB) (art. 1º), “a educação abrange os processos formativos 
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no 
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e 
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
Conforme o art. 1º, § 1º, “esta Lei disciplina a educação escolar, 
que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em 
instituições próprias”. Define ainda no § 2º deste artigo que “a educação 
escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”.
A educação, segundo o art. 2º, é “dever da família e do Estado, 
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” 
28
e o ensino, segundo o art. 3º, “será ministrado com base nos seguintes 
princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência 
na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a 
cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de 
concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII 
- valorização do profissional da educação escolar; IX - garantia de 
padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; e XI - 
vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”.
Em seu art. 4º estabelece que “o dever do Estado com educação 
escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino 
fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não 
tiveram acesso na idade própria; II - universalização do ensino médio 
gratuito; III - atendimento educacional especializado gratuito aos 
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede 
regular de ensino; IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas 
às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais 
elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a 
capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado 
às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular 
para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas 
29
às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem 
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII 
- atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio 
de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde; IX - padrões mínimos de qualidade 
de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, 
de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem; e X – vaga na escola pública de educação infantil ou de 
ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a 
partir do dia em que completar 4 anos de idade”.
Garante, no art. 5º, que o acesso ao ensino fundamental “é 
direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, 
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra 
legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder 
Público para exigi-lo”.
Conforme o § 4º deste artigo, “comprovada a negligência 
da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino 
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade”.
Segundo art. 5º, § 5º, compete aos estados e aos municípios, 
em regime de colaboração, e com a assistência da União: “para 
garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público 
30
criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, 
independentemente da escolarização anterior”.
Da organização da Educação Nacional, conforme o seu art. 8º, 
“a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, 
em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. E, de 
acordo com o § 1º, caberá à União a coordenação da política nacional de 
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função 
normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias 
educacionais”.
Segundo o § 2º deste artigo, “os sistemas de ensino terão 
liberdade de organização nos termos desta Lei”.
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns 
e as do seu sistema de ensino, segundo art. 12, terão a incumbência 
de: “I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar 
seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o 
cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo 
cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios 
para a recuperação dos alunos de menor rendimento; e VI - articular-
se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da 
sociedade com a escola”.
31
Os docentes incumbir-se-ão (art. 13) de: “I - participar da 
elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - 
elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica 
do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; 
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor 
rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além 
de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à 
avaliação e ao desenvolvimento profissional”.
Os sistemas de ensino, conforme o art. 14, “definirão as normas 
da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo 
com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - 
participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; e II - participação das comunidades escolar e local 
em conselhos escolares ou equivalentes”.
O documento garante ainda, no art. 15, que “os sistemas 
de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação 
básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e 
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de 
direito financeiro público”.
Dos níveis e das modalidades de educação e ensino, conforme art. 21, 
“a educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educa-
32
ção infantil, ensino fundamental e ensino médio; e II - educação superior”.
A Educação Básica, conforme art. 22, “tem por finalidades 
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável 
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir 
no trabalho e em estudos posteriores” e poderá, segundo o art. 23, 
“organizar-seem séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância 
regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na 
idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de 
organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim 
o recomendar”.
Conforme o § 1º deste artigo, “a escola poderá reclassificar 
os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre 
estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as 
normas curriculares gerais”. O calendário escolar, segundo o § 2º, 
“deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e 
econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso 
reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei”.
A Educação Básica, conforme art. 24, nos níveis fundamental 
e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: 
“I - a carga horária mínima anual será de 800 horas, distribuídas por 
um mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo 
33
reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em 
qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, 
pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com 
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por 
transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) 
independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação 
feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência 
do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, 
conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III - nos 
estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento 
escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada 
a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema 
de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de 
séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, 
para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes 
curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os 
seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do 
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e 
dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; 
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; 
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação 
34
do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; 
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos 
ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem 
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o 
controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no 
seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a 
frequência mínima de 75% do total de horas letivas para aprovação; VII - 
cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações 
de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, 
com as especificações cabíveis”.
Conforme o art. 25, “será objetivo permanente das autoridades 
responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o 
professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento”.
Prevê, ainda, no seu parágrafo único, que “cabe ao respectivo 
sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características 
regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto 
neste artigo”.
Quanto aos currículos do ensino fundamental e médio, o art. 
26 estabelece que “devem ter uma base nacional comum, a ser 
complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, 
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e 
35
locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”.
Prevê ainda: “§ 1º- os currículos a que se refere o caput devem 
abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da 
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade 
social e política, especialmente do Brasil; § 2º- ensino da arte constituirá 
componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação 
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos; 
§ 3º- educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é 
componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas 
etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos 
cursos noturnos; § 4º- ensino da História do Brasil levará em conta as 
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo 
brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia; § 
5º- na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, 
a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira 
moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das 
possibilidades da instituição”.
Já quanto aos conteúdos curriculares da Educação Básica 
observarão, ainda, as seguintes diretrizes, segundo o art. 27: “I - 
a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos 
e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem 
36
democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos 
em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção 
do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais”.
Na oferta de Educação Básica para a população rural, conforme o 
art. 28, “os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias 
à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, 
especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às 
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização 
escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do 
ciclo agrícola e às condições climáticas; e III - adequação à natureza do 
trabalho na zona rural”.
Quanto ao Ensino Fundamental, de acordo com o art. 32, será 
oferecido “com duração mínima de 9 anos, obrigatório e gratuito 
na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, 
mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo 
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; 
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da 
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista 
a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes 
e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
37
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida 
social”.
Diz ainda: “§ 1º- é facultado aos sistemas de ensino desdobrar o 
ensino fundamental em ciclos; § 2º- os estabelecimentos que utilizam 
progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o 
regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo 
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema 
de ensino; § 3º- O ensino fundamental regular será ministrado em língua 
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas 
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem; § 4º- o ensino 
fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizada como 
complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais”.
Quanto ao ensino religioso, de acordo com o art. 33, este será 
“de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para 
os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos 
alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I - confessional, de acordo 
com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrada por 
professores ou orientadoresreligiosos preparados e credenciados pelas 
respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II - interconfessional, 
resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se 
38
responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa”.
Com relação à jornada escolar no Ensino Fundamental, o art. 34 
indica que “incluirá pelo menos 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, 
sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola”.
Segundo o seu § 1º, “são ressalvados os casos do ensino noturno 
e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei”.
É previsto ainda no seu § 2º, que “o ensino fundamental será 
ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas 
de ensino”.
Com relação ao Ensino Médio, o art. 35 estabelece que é “etapa 
final da educação básica, com duração mínima de 3 anos, terá como 
finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos 
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento 
de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania 
do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz 
de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou 
aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como 
pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da 
autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão 
dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, 
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”.
39
O currículo do Ensino Médio, conforme art. 36, “observará (...) 
as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, 
a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o 
processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua 
portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento 
e exercício da cidadania; II - adotará metodologias de ensino e de 
avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; III - será incluída 
uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida 
pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das 
disponibilidades da instituição”.
Prevê ainda que: “§ 1º - os conteúdos, as metodologias e as 
formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do 
ensino médio o educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos 
e tecnológicos que presidem a produção moderna; II - conhecimento das 
formas contemporâneas de linguagem; e III - domínio dos conhecimentos 
de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania; § 2º- o 
ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo 
para o exercício de profissões técnicas; § 3º- os cursos do ensino médio 
terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos; § 
4º- a preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação 
profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos 
40
de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em 
educação profissional”.
A Educação de Jovens e Adultos, a Educação Especial, Educação 
Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar 
Indígena e Educação a Distância são, segundo a LDB, modalidades da 
Educação Básica. Ou seja, possuem proposta curricular diferenciada de 
acordo com as especificidades dos seus sujeitos e dos seus cursos.
Quanto à Educação de Jovens e Adultos, de acordo com o art. 
37, “será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de 
estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”.
Conforme o seu § 1º, “os sistemas de ensino assegurarão 
gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os 
estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, 
consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de 
vida e de trabalho, mediante cursos e exames”. Já quanto ao § 2º, indica 
que “o Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência 
do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares 
entre si”.
41
Os sistemas de ensino manterão, conforme art. 38, “cursos e 
exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do 
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular”.
Os exames, conforme § 1º, a que se refere este artigo realizar-se-ão: 
“I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de 15 anos; 
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de 18 anos”. 
Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por 
meios informais, conforme o seu § 2º, “serão aferidos e reconhecidos 
mediante exames”.
Com relação à Educação Profissional, art. 39, “a educação 
profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, 
à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de 
aptidões para a vida produtiva”.
Segundo o art. 40, “a educação profissional será desenvolvida em 
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação 
continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho”.
O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no 
trabalho, conforme art. 41, “poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento 
e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos”.
42
É previsto, conforme art. 42, que “as escolas técnicas e 
profissionais, além dos seus cursos regulares, [ofereçam] cursos 
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade 
de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade”.
Com relação à Educação Especial, segundo art. 58, “entende-
se (...), para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais”.
Conforme o seu § 1º, “haverá, quando necessário, serviços de apoio 
especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela 
de educação especial”, assim como, com base no § 2º, “o atendimento 
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, 
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for 
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular”.
De acordo com o seu art. 59, “os sistemas de ensino assegurarão 
aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, 
técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às 
suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não 
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, 
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor 
tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com 
43
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados 
para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação 
especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em 
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem 
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação 
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam 
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; 
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares 
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular”.
Os sistemas de ensino, conforme art. 67, “promoverão a 
valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive 
nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: 
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II 
- aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento 
periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - 
progressão funcional baseada na titulação ou habilitação,e na avaliação do 
desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, 
incluído na carga de trabalho; e VI - condições adequadas de trabalho”.
44
Conforme art. 70, “considerar-se-ão como de manutenção 
e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à 
consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos 
os níveis, compreendendo as que se destinam a: I - remuneração e 
aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; 
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e 
equipamentos necessários ao ensino; III - uso e manutenção de bens e 
serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos 
e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e 
à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias 
ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas 
de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização 
e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto 
nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e 
manutenção de programas de transporte escolar”. 
Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do 
ensino, conforme art. 71, “aquelas realizadas com: I - pesquisa, quando 
não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos 
sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de 
sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenção a instituições públicas 
ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação 
45
de quadros especiais para a administração pública, sejam militares 
ou civis, inclusive diplomáticos; IV - programas suplementares de 
alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, 
e outras formas de assistência social; V - obras de infraestrutura, ainda 
que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI - 
pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de 
função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino”.
4. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e 
Adultos (Resolução CNE/CEB nº 1/2000)
A reconfiguração do campo da EJA se evidencia efetivamente 
através da LDB de 1996, nos seus artigos 4º, 37 e 38 que, assumindo-a 
como modalidade da Educação Básica, defende principalmente que 
o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado, 
segundo o art. 4º, mediante a garantia de: “(I) ensino fundamental, 
obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso 
na idade própria; (II) progressiva universalização da obrigatoriedade e 
gratuidade do ensino médio; (...) (IV) oferta de ensino regular, adequado 
as condições do educando; (VII) oferta de educação escolar regular para 
jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas 
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores 
46
as condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1996).
Assim, a EJA deixa de ser considerada como projeto de 
governo, ações pontuais de alfabetização e elevação de escolaridade, 
principalmente de ensino fundamental, para se assumir como política 
pública de educação básica, ampliando-se como política até o Ensino 
Médio no sistema nacional de ensino.
A partir destas questões apresentadas pela LDB, o Brasil vivencia 
um momento de intensa mobilização em torno da discussão do sentido 
da EJA como modalidade da Educação Básica, resultando, em 2000, 
na aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de 
Jovens e Adultos (Resolução CNE/CEB nº 01/2000) em que, em seu 
parecer (CNE/CEB nº11/2000), a concepção de EJA como modalidade da 
Educação Básica é reconhecida pelo Conselho Nacional de Educação como 
“um modo de existir com característica própria”.
Conforme parágrafo único do art. 5º, “como modalidade destas 
etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de 
Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, 
as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença 
e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes 
curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio”.
 
47
5. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das 
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana (Resolução CNE nº 1/2004)
As Diretrizes para Educação das Relações Étnico-Raciais 
representam um avanço para a sociedade brasileira formalizando o 
reconhecimento e necessidade de avançarmos na qualidade da Educação 
ofertada considerando também o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, tendo “por meta, promover a educação de cidadãos 
atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica 
do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção 
de nação democrática”, bem como “o reconhecimento e valorização da 
identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de 
reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação 
brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas”.
Em seu parágrafo 1º do art. 2º, é definido como objetivo “a 
divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, 
posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-
racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns 
que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de 
identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira”. 
48
No art. 3º, é dada autonomia às instituições escolares e docentes 
no que tange o desenvolvimento das atividades acerca da Educação das 
Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-Brasileira e 
História e Cultura Africana, bem como é atribuído aos sistemas de ensino: 
incentivo e criação de condições materiais e financeiras; promoção 
de estudos através das coordenações pedagógicas; pesquisas sobre 
processos educativos; a interlocução e troca com movimento negro, 
grupos culturais negros, instituições formadoras de professores, núcleos 
de estudos e pesquisas, como os núcleos de estudos afro-brasileiros; a 
garantia de frequência a estabelecimentos de ensino de qualidade por 
alunos afrodescendentes.
Cabe aos órgãos colegiados dos estabelecimentos de ensino “o 
exame e encaminhamento de solução para situações de discriminação, 
buscando-se criar situações educativas para o reconhecimento, 
valorização e respeito da diversidade”. 
 No seu art. 8º é prevista a promoção de atividades de exposição, 
avaliação e divulgação dos sucessos e dificuldades acerca do ensino e da 
aprendizagem, devendo os resultados serem encaminhados ao Ministério da 
Educação – MEC, a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – 
SEPIR, Conselho Nacional de Educação – CNE e Conselhos.
49
6. Parecer CNE/CEB nº 1/2006: dias letivos para a aplicação 
da Pedagogia de Alternância nos Centros Familiares de Formação por 
Alternância (CEFFA)
Segundo o Parecer CNE/CEB nº 1/2006, que discute os dias letivos 
para a aplicação da Pedagogia de Alternância nos Centros Familiares de 
Formação por Alternância (CEFFA), as alternâncias se dividem em três 
tipos, sempre focando os aspectos socioprofissionais e os escolares: 
“(a) Alternância justapositiva, que se caracteriza pela sucessão dos 
tempos ou períodos consagrados ao trabalho e ao estudo, sem que 
haja uma relação entre eles; (b) Alternância associativa, quando ocorre 
uma associação entre a formação geral e a formação profissional, 
verificando-se, portanto, a existência da relação entre a atividade 
escolar e a atividade profissional, mas ainda como uma simples adição; 
(c) Alternância integrativa real ou copulativa, com a compenetração 
efetiva de meios de vida sócio-profissional e escolar em uma unidadede tempos formativos. Nesse caso, a alternância supõe estreita conexão 
entre os dois momentos de atividades em todos os níveis – individuais, 
relacionais, didáticos e institucionais. Não há primazia de um componente 
sobre o outro. A ligação permanente entre eles é dinâmica e se efetua 
em um movimento contínuo de ir e retornar. Embora seja a forma mais 
complexa da alternância, seu dinamismo permite constante evolução. 
50
Em alguns centros, a integração se faz entre um sistema educativo em 
que o aluno alterna períodos de aprendizagem na família, em seu próprio 
meio, com períodos na escola, estando esses tempos interligados por 
meio de instrumentos pedagógicos específicos, pela associação, de forma 
harmoniosa, entre família e comunidade e uma ação pedagógica que visa 
à formação integral com profissionalização”.
O calendário escolar, quando de sua elaboração, segundo o 
documento, tem presente os aspectos: sociocultural, participativo, 
geográfico e legal. A carga horária anual ultrapassa os duzentos dias 
letivos e as oitocentas horas exigidas pela Lei de Diretrizes a Bases da 
Educação Nacional. Os períodos vivenciados no centro educativo (escola) 
e no meio socioprofissional (família/comunidade) são contabilizados como 
dias letivos e horas, o que implica em considerar como horas e aulas 
atividades desenvolvidas fora da sala de aula, mas executadas mediante 
trabalhos práticos e pesquisas com auxilio de questionários que compõem 
um Plano de Estudo. 
O Plano Curricular ou Plano de Formação é formulado com base 
nos conteúdos definidos em nível nacional para o Ensino Fundamental ou 
Ensino Médio e ou Ensino Supletivo (Educação de Jovens e Adultos) mais 
as matérias de Ensino Técnico, de acordo com as características de cada 
unidade educativa.
51
No desenvolvimento metodológico em que o aluno executa um 
Plano de Estudo, o documento ressalta que tem “o período das semanas 
na propriedade ou no meio profissional, oportunidade em que o jovem 
discute sua realidade com a família, com os profissionais e provoca 
reflexões, planeja soluções e realiza experiências em seu contexto, 
irradiando uma concepção correta de desenvolvimento local sustentável; 
enquanto isso, no período em que o aluno permanece em regime de 
internato ou semi-internato no centro de formação, isto é, a escola, 
tem oportunidade de socializar sua realidade sob todos os aspectos, 
embasada em pesquisas e trabalhos teóricos e práticos que realizam 
nas semanas em que permaneceram com suas famílias. Tudo isso é 
desenvolvido com o auxilio de monitores (formadores), de forma que o 
aluno levanta situações vivenciadas na realidade familiar, busca novos 
conhecimentos para explicar, compreender e atuar, partindo do senso 
comum para alcançar o conhecimento cientifico”.
52
7. Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional 
Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial 
(Resolução CNE/CEB nº 4/2009)
A Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, do Conselho Nacional de 
Educação institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional 
Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.
Conforme definido no art. 2º, o “Atendimento Educacional 
Especializado (AEE) tem como função complementar ou suplementar a 
formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de 
acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena 
participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem”.
São considerados como recursos de acessibilidade na educação 
“aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos 
com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização 
dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários 
e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos 
transportes e dos demais serviços”.
Segundo o seu art. 4º, considera-se público-alvo do AEE: “I 
– alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo 
prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial; II – alunos 
com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam 
53
um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, 
comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias 
motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, 
síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da 
infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação; III – 
alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um 
potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento 
humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, 
artes e criatividade”.
O atendimento, segundo o documento, será “na sala de recursos 
multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, 
no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes 
comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento 
Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a 
Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal 
ou dos Municípios”.
No que tange o projeto pedagógico da escola de ensino regular, 
segundo o art. 10º, “deve institucionalizar a oferta do AEE prevendo 
na sua organização: I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, 
mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade 
54
e equipamentos específicos; II – matrícula no AEE de alunos matriculados 
no ensino regular da própria escola ou de outra escola; III – cronograma 
de atendimento aos alunos; IV – plano do AEE: identificação das 
necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos recursos 
necessários e das atividades a serem desenvolvidas; V – professores para 
o exercício da docência do AEE; VI – outros profissionais da educação: 
tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e 
outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, 
higiene e locomoção; VII – redes de apoio no âmbito da atuação 
profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso a 
recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE”.
8. Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens 
e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos 
penais (Resolução CNE/CEB nº 2/2010)
Em 19 de maio de 2010, entrou em vigor as Diretrizes Nacionais 
para Educação para jovens e adultos em situação de privação de 
liberdade em prisões e penitenciárias. Esta normativa representou 
um grande avanço, pois, dentre outras questões, deu visibilidade aos 
quase 500 mil brasileiros que estão sob custódia no país. O aspecto 
55
emblemático desta resolução perpassa por validar a política de educação 
como central para ressocialização e reintegração do apenado à sociedade.
A referida diretriz impõe aos governos estaduais a 
responsabilidade pela oferta da Educação nos estabelecimentos penais, 
com exceção dos estabelecimentos federais cuja oferta será dada através 
do Governo Federal. 
É importante ressaltar que é ratificado o caráter fundamental da 
articulação entre as secretarias de educação e o órgão responsável pela 
administração dos presídios e penitenciárias. 
O financiamento, segundo o documento, dar-se-á através de 
recursos públicos federais, estaduais e municipais.
No inciso III do art. 3º, está previsto que a Educação deverá estar 
“associada às ações complementares de cultura, esporte, inclusão digital, 
educação profissional, fomento à leitura e a programas de implantação, 
recuperação e manutenção de bibliotecas destinadas ao atendimento à 
população privada de liberdade, inclusive as ações de valorização dos 
profissionais que trabalham nesses espaços”.
Considerando as especificidades de cada regime/medida, 
bemcomo as necessidades de cada sujeito, é previsto atendimento 
diferenciado de acordo com as situações apresentadas.
56
No inciso VI, é prevista a implantação de ações que visem 
à “elevação de escolaridade associada à qualificação profissional, 
articulando-as, também, de maneira intersetorial, a políticas e programas 
destinados a jovens e adultos”.
O atendimento, segundo o documento, será em todos os turnos 
bem como “será organizada de modo a atender às peculiaridades de 
tempo, espaço e rotatividade da população carcerária levando em 
consideração a flexibilidade prevista no art. 23 da Lei nº 9.394/96 (LDB)”.
Visando o planejamento e controle social, os órgãos responsáveis 
pela Educação devem: “publicizar a situação e as ações através 
de relatório anual; promover fomento à pesquisa, de produção de 
documentos e publicações e a organização de campanhas sobre o valor 
da educação em espaços de privação de liberdade; fazer chamadas 
públicas periódicas destinadas a matrículas”.
No art. 5º, é estabelecida obrigatoriedade para Estados, o 
Distrito Federal e a União do incentivo e “promoção de novas estratégias 
pedagógicas, produção de materiais didáticos e a implementação 
de novas metodologias e tecnologias educacionais, assim como de 
programas educativos na modalidade Educação a Distância (EAD), a 
serem empregados no âmbito das escolas do sistema prisional”.
57
É previsto, no seu art. 6º, a promoção de “parcerias com 
diferentes esferas e áreas de governo, bem como com universidades, 
instituições de Educação Profissional e organizações da sociedade 
civil, com vistas à formulação, execução, monitoramento e avaliação 
de políticas públicas de Educação de Jovens e Adultos em situação de 
privação de liberdade”.
O art. 7º prevê a adequação dos espaços físicos para realização “das 
atividades educacionais, esportivas, culturais, de formação profissional e de 
lazer, integrando-as às rotinas dos estabelecimentos penais”. 
Segundo o art. 8º, “as ações, projetos e programas 
governamentais destinados à EJA, incluindo o provimento de materiais 
didáticos e escolares, apoio pedagógico, alimentação e saúde dos 
estudantes, contemplarão as instituições e programas educacionais dos 
estabelecimentos penais”.
As atividades laborais e artístico-culturais, segundo o art. 10, 
“deverão ser reconhecidas e valorizadas como elementos formativos 
integrados à oferta de educação, podendo ser contempladas no projeto 
político-pedagógico como atividades curriculares, desde que devidamente 
fundamentadas”, assim como compatíveis com as atividades educacionais.
58
Em relação aos profissionais que atuam nos estabelecimentos 
penais e de ensino, é assegurado o “acesso a programas de formação 
inicial e continuada que levem em consideração as especificidades 
da política de execução penal” cabendo ainda aos professores que os 
mesmos sejam “devidamente habilitados e com remuneração condizente 
com as especificidades da função”.
Recomendando-se que haja um calendário unificado entre 
“educação não-formal, bem como de educação para o trabalho, 
inclusive na modalidade de Educação a Distância, conforme previsto em 
Resoluções deste Conselho sobre a EJA”. 
São ainda garantidas, no seu art. 12, “condições de acesso e 
permanência na Educação Superior (graduação e pós-graduação), a partir 
da participação em exames de estudantes que demandam esse nível de 
ensino, respeitadas as normas vigentes e as características e possibilidades 
dos regimes de cumprimento de pena previstas pela Lei n° 7.210/84”.
O referido documento explicita que se restringe ao atendimento 
dos jovens e adultos que estão em situação de restrição e privação de 
liberdade no sistema prisional, neste sentido, é fundamental ressaltar que 
não pode ser utilizado como diretriz para o Sistema Socioeducativo. 
59
9. Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos 
nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso 
nos cursos de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e 
Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a 
Distância (Resolução CNE/CEB nº 3 de 2010)
Quanto às Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens 
e Adultos, aprovadas em 2010 (Resolução CNE/CEB nº 03/2010), são 
instituídas diretrizes nos aspectos relativos à duração dos cursos; idade 
mínima para ingresso nos cursos e exames de EJA; certificação nos 
exames de EJA; Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da 
Educação a Distância (EAD) que, segundo o documento (art. 1º), deverão 
ser “obrigatoriamente observadas pelos sistemas de ensino, na oferta e 
na estrutura dos cursos e exames de Ensino Fundamental e Ensino Médio 
que se desenvolvem em instituições próprias integrantes dos Sistemas de 
Ensino Federal, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal”.
Em seu art. 2º, o documento defende que: “para o melhor 
desenvolvimento da EJA, cabe a institucionalização de um sistema 
educacional público de Educação Básica de jovens e adultos, como 
política pública de Estado e não apenas de governo, assumindo a gestão 
democrática, contemplando a diversidade de sujeitos aprendizes, 
proporcionando a conjugação de políticas públicas setoriais e fortalecendo 
60
sua vocação como instrumento para a educação ao longo da vida”. 
Depois de muitas discussões, principalmente promovidas pelos 
Fóruns Estaduais de Educação de Jovens e Adultos em todo o país, sem 
consenso sobre a idade mínima para matrícula na EJA, a Resolução, 
levando em conta o disposto no artigo 4º, incisos I e VII, da LDB e a 
regra da prioridade para o atendimento da escolarização obrigatória, 
regulamenta, nos artigos 5º e 6º, como idade mínima 15 anos completos, 
para matrícula nos cursos de EJA e para a realização de exames de 
conclusão de EJA do Ensino Fundamental, e 18 anos completos, para 
matrícula em cursos de EJA de Ensino Médio e inscrição e realização de 
exames de conclusão de EJA do Ensino Médio.
Levando em consideração o grande número de jovens na faixa 
etária de 15 anos ou mais com defasagem idade-série1 , principalmente 
tentando responder às questões emergentes no debate sobre a inserção 
indiscriminada deste público na EJA, o documento apresenta como 
encaminhamento para a política, em seu parágrafo único, além de “fazer 
a chamada ampliada de estudantes para o Ensino Fundamental em todas 
1 A distorção idade-série significa a diferença entre a idade do aluno e a idade 
indicada para a série a qual ele está frequentando. O valor da distorção é calculado em 
anos e pode ser demonstrado quando o aluno está dois ou mais anos acima da idade 
prevista para ele na respectiva série. O cálculo da distorção idade-série é realizado a 
partir de dados coletados no Censo Escolar. Todas as informações de matrículas dos 
alunos são capturadas, inclusive a idade dos alunos.
61
as modalidades”, de se: “II - incentivar e apoiar as redes e sistemas de 
ensino a estabelecerem, de forma colaborativa, política própria para o 
atendimento dos estudantes adolescentes de 15 a 17 anos, garantindo 
a utilização de mecanismos específicos para esse tipo de alunado que 
considerem suas potencialidades, necessidades, expectativas em relação 
à vida, às culturas juvenis e ao mundo do trabalho, tal como prevê o 
artigo 37 da Lei nº 9.394/96, inclusive com programas de aceleração da 
aprendizagem, quando necessário; e III - incentivar a oferta de EJA nos 
períodos escolares diurno e noturno, com avaliação em processo”.
Quanto à duração dos cursos presenciais, para os anos iniciais do 
Ensino Fundamental, segundo o documento, no art. 4º, “a duração deve 
ficar a critério dos sistemas de ensino. Já para os anos finais do Ensino 
Fundamental, a duração mínima deve ser de 1.600 horas. Para o Ensino 
Médio, a duração mínima deve ser de 1.200 horas”.
Para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada com 
o Ensino Médio, em seu parágrafoúnico estabelece que: “reafirma-se a 
duração de 1.200 horas destinadas à educação geral, cumulativamente 
com a carga horária mínima para a respectiva habilitação profissional de 
Nível Médio, tal como estabelece a Resolução CNE/CEB nº 4/2005, e para 
o ProJovem, a duração estabelecida no Parecer CNE/CEB nº 37/2006”.
62
Quanto aos cursos de EJA desenvolvidos por meio da EAD, serão 
restritos ao segundo segmento do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio 
e deverão seguir ao regulamentado nesta Resolução com relação à idade 
mínima para matrícula nos cursos e carga horária mínima.
10. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação 
Básica (Resolução CNE nº 4/2010)
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica 
foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, em 2010, através 
da sua Resolução CNE/CEB 04 de 2010.
Conforme o seu art. 4º, “as bases que dão sustentação ao projeto 
nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a 
sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino 
ministrado de acordo com os princípios de: I - igualdade de condições 
para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola; II - liberdade 
de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a 
arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
IV - respeito à liberdade e aos direitos; V - coexistência de instituições 
públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em 
estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação 
escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da 
63
legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino; IX - garantia 
de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - 
vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”.
Sobre o acesso e permanência para a conquista da qualidade 
social, em seu art. 8º, afirma que “a garantia de padrão de qualidade, 
com pleno acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens 
na escola e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e da 
distorção de idade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, 
que é uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo”.
Conforme o seu art. 9º, “a escola de qualidade social adota como 
centralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento 
aos seguintes requisitos: I - revisão das referências conceituais quanto 
aos diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais 
na escola e fora dela; II - consideração sobre a inclusão, a valorização 
das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, 
resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade; 
III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela aprendizagem 
e na avaliação das aprendizagens como instrumento de contínua 
progressão dos estudantes; IV - inter-relação entre organização do 
currículo, do trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor, 
tendo como objetivo a aprendizagem do estudante; V - preparação 
64
dos profissionais da educação, gestores, professores, especialistas, 
técnicos, monitores e outros; VI - compatibilidade entre a proposta 
curricular e a infraestrutura entendida como espaço formativo dotado de 
efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade; 
VII - integração dos profissionais da educação, dos estudantes, das 
famílias, dos agentes da comunidade interessados na educação; VIII - 
valorização dos profissionais da educação, com programa de formação 
continuada, critérios de acesso, permanência, remuneração compatível 
com a jornada de trabalho definida no projeto político-pedagógico; IX 
- realização de parceria com órgãos, tais como os de assistência social 
e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnologia, esporte, 
turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente”.
Com relação à organização curricular (conceito, limites, 
possibilidades), a Resolução, em seu artigo 11, afirma que “a escola de 
Educação Básica é o espaço em que se ressignifica e se recria a cultura 
herdada, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se aprende a 
valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do País”.
Essa concepção de escola, segundo o seu parágrafo único, 
“exige a superação do rito escolar, desde a construção do currículo até 
os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em sua 
multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para 
65
garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no 
relacionamento entre todas as pessoas”.
Cabe aos sistemas educacionais, em geral, de acordo com o art. 
12, “definir o programa de escolas de tempo parcial diurno (matutino 
ou vespertino), tempo parcial noturno, e tempo integral (turno e contra 
turno ou turno único com jornada escolar de 7 horas, no mínimo, 
durante todo o período letivo), tendo em vista a amplitude do papel 
socioeducativo atribuído ao conjunto orgânico da Educação Básica, o que 
requer outra organização e gestão do trabalho pedagógico”. 
Determina ainda que: “§ 1º deve-se ampliar a jornada escolar, 
em único ou diferentes espaços educativos, nos quais a permanência 
do estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade do tempo diário 
de escolarização quanto à diversidade de atividades de aprendizagens; 
§ 2º a jornada em tempo integral com qualidade implica a necessidade 
da incorporação efetiva e orgânica, no currículo, de atividades e estudos 
pedagogicamente planejados e acompanhados; § 3º os cursos em tempo 
parcial noturno devem estabelecer metodologia adequada às idades, 
à maturidade e à experiência de aprendizagens, para atenderem aos 
jovens e adultos em escolarização no tempo regular ou na modalidade de 
Educação de Jovens e Adultos”. 
66
Quanto às formas para a organização curricular, em seu art. 13, 
estabelece que “o currículo, assumindo como referência os princípios 
educacionais garantidos à educação, assegurados no artigo 4º desta 
Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que 
proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço 
social e contribuem intensamente para a construção de identidades 
socioculturais dos educandos”.
O currículo deve, ainda, segundo o § 1º, “difundir os valores 
fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, 
do respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando as 
condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a 
orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e 
não formais”.
Na organização da proposta curricular, o § 2º diz que “deve-
se assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares 
que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas 
relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os 
conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir 
as identidades dos educandos”.
Já quanto à organização do percurso formativo, aberto e 
contextualizado, o § 3º indica que “deve ser construída em função das 
67
peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades 
dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais 
obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas 
outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto 
escolar, e assegurando: I - concepção e organização do espaço curricular 
e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes 
e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, 
igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo-
recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região; II - ampliação 
e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham 
profissionais da educação dispostos a inventar e

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