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Direitos do paciente

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1 Natália Wink 
Direitos do paciente 
➔ Quando falamos em direitos do paciente, o primeiro ponto que vem a mente é: 
 O principal direito do paciente é o diagnóstico correto, saber qual enfermidade ele possui e quais 
as condutas médicas que serão adotadas. Após conhecer isso, o paciente vai poder dizer se ele 
concorda ou não concorda com o tratamento proposto pelo médico. Logo o “principal” direito 
seria o direito à informação. 
 
➔ O primeiro documento que tem relevância na comunidade cientifica e que trata dos direitos do 
paciente, foi a Carta de Direitos do paciente. 
 Publicado pela Associação de Hospitais Americanos 
 Esse documento é o primeiro, do ponto de vista de relevância científica, que trata dos direitos do 
paciente e estabelece: 
− Informação detalhada sobre os problemas do doente. Qual diagnostico que o paciente 
possui? Qual enfermidade o acomete? E como ele pode ter contraído essa doença? Quais 
as opções de tratamento para essa doença? Essas informações detalhadas é o direito mais 
básico. 
 
− Direito de recusar tratamentos dentro dos limites da Lei. Quando o médico vai adotar 
determinada conduta, o paciente precisa concordar com isso, com o tratamento, ou 
recusar. Mas o direito de recusa do paciente não é um direito absoluto. Por exemplo: 
médico durante um plantão recebe um paciente que sofreu um acidente de trânsito e ele 
precisa ser submetido a um procedimento cirúrgico de urgência e nesse procedimento 
cirúrgico, ocorre por exemplo a transfusão sanguínea, e após o procedimento ser feito, o 
paciente se recupera e depois o paciente discorda da conduta do médico, porque ele 
segue a religião testemunha de jeová que proíbe a transfusão sanguínea. Nessa situação, 
essa discordância do paciente não vai ter validade. Em outro caso, se a cirurgia a princípio 
era eletiva, mas houve uma complicação no quadro clínico do paciente e a transfusão é 
necessária, o médico pode fazer a transfusão mesmo que o paciente não concorde. 
Inclusive o STF determinou que nesses casos o médico não só pode, como deve realizar a 
transfusão sanguínea, mesmo que o paciente não concorde, porque o que eu quero 
preservar é a vida do paciente e a vida é mais importante do que uma concepção religiosa. 
 
− Detalhamento dos procedimentos a serem realizados. Ou seja, o paciente tem direito de 
conhecer o procedimento realizado e o detalhamento sobre os prós e contras desse 
procedimento, dos riscos e não uma explicação detalhada da técnica médica. 
 
− Discrição absoluta sobre o tratamento do paciente. Ou seja, o sigilo médico, sigilo 
profissional. Tem alguns tipos de doença que apresentam certo preconceito na sociedade, 
por exemplo o HIV. Por conta disso, o médico precisa estar ciente de que quando está 
tratamento um paciente é necessário sigilo sobre o quadro dele, não pode divulgar 
informações sobre o tratamento dele. 
 
− Não aceitação da continuidade terapêutica nos casos considerados incuráveis e de 
penoso sofrimento. Exemplo: tratamento contra câncer/neoplasia maligna que é 
puramente paliativo, que é incurável e que apenas está prolongando a sobrevida do 
paciente já que ele não tem nenhuma chance de cura. O próprio paciente (se estiver 
consciente) ou os familiares podem optar pela interrupção do tratamento. Muitas das 
vezes são casos que o tratamento é mais prejudicial para o paciente. Manter o paciente 
 
 
2 Natália Wink 
vivo sabendo que ele não tem nenhuma chance de cura e estar sentindo dores excessivas, 
vale a pena? É nesse sentido que quando a equipe médica diz que não tem chance de cura, 
não tem expectativa de cura e o paciente está sentindo muita dor. Dessa forma, para com 
o tratamento e continua com métodos de alívio a dor. 
Quando o paciente não está no estágio terminal, ele ainda tem sobrevida considerável, 
mesmo sabendo que o câncer não tem cura, ainda assim ele poderia escolher. Ele pode 
optar por fazer ou não o tratamento, desde que ele tenha condições psicológicas para 
fazer a escolha. 
OBS: Se o paciente, a princípio optou pelo não tratamento, mas três meses depois ele 
começa a sentir fortes dores que antes não sentia, dores decorrentes da enfermidade, ele 
tem direito buscar o hospital e ter um tratamento para alívio das dores, mesmo ele tendo 
a princípio recusado o tratamento. 
OBS: normalmente no brasil quando o paciente é hospitalizado, não temos um documento 
específico por meio do qual ele faz essa afirmação. Então a princípio, o médico com essa 
ordem de não ressuscitação ela não existe. Ex: se o paciente tem parada cardíaca, o 
médico deve tentar a ressuscitação. Na situação em que o paciente estava lúcido e tinha 
condições de expressar a sua vontade para o médico, o paciente pode escolher. 
OBS: os exemplos dados na aula podem cair na prova, questão contextualizada. Exemplo: uma questão contém 
uma história e a pergunta é: como o médico deve agir nessa situação? Qual a conduta médica adequada? No 
exemplo aplica as orientações gerais (questões abertas). 
➔ Outros direitos validados são: 
• O direito de saber a verdade de forma incondicional e ilimitada. Muita gente diz que em certos casos 
talvez saber a verdade sob seu estado de saúde pode ser ainda mais prejudicial considerando que 
dependendo da gravidade da situação pode trazer ainda mais sofrimento e angústia para o paciente. 
Por outro lado, enquanto jurista saber a verdade precisa ser uma conduta que vai pautar a relação 
médico paciente ainda que essa verdade por vezes seja difícil de ser assimilada, aceita pelo paciente. 
 
• Ato médico a pedido do paciente, por exemplo a escolha da via de parto, a gestante quer fazer um 
parto natural, parto humanizado. Isso é um direito do paciente, porém esse ato não é um direito 
absoluto, pois a gestante tem direito, desde que essa escolha seja mais adequada 
tecnicamente/cientificamente e que isso não traga prejuízo para ela. Logo, se a gestante teve um pré-
natal normal, se toda a sua gestação foi devidamente acompanhada pelo seu ginecologista e a sua 
gestação se deu em condições ‘’normais’’ e se o quadro clinico permite a escolha, você pode faze- lá. 
Se isso não for possível, o profissional médico precisa alertar disso. 
 Sendo assim, o ato médico a pedido é um direito relativo, não sendo absoluto. Ex: realização de 
procedimento cirúrgico estético eletivo, quando o paciente escolhe fazer um procedimento estético sem ter 
necessidade de saúde e vamos supor que as suas condições clínicas naquele momento não estão adequadas 
para a realização da cirurgia, o médico deve alertar sobre esses riscos. 
OBS: Em procedimentos estéticos eletivos não temos a obrigatoriedade de encaminhar para outro médico já 
que aquela cirurgia é puramente estética e naquele momento o paciente não apresenta nenhum risco para 
sua vida, nenhuma gravidade que possa piorar o seu quadro clínico. 
• Judicialização da saúde → a prerrogativa que o paciente tem de obter o acesso a assistência médica 
através do caminho da justiça. Em resumo: a possibilidade que o paciente tem de obter o acesso a 
assistência médica através da justiça. Qual ideia que precisa ressaltar? Nos estágios, nas experiencias 
práticas, pode ser que já tenha visto o paciente chegando no consultório do médico e falando assim: 
 ‘’Doutor, eu preciso de um determinado medicamento, que é muito caro e não está disponível na farmácia do 
município, e preciso acionar a justiça, entrar com uma ação judicial através de um advogado/defensor público 
 
 
3 Natália Wink 
para obter esse medicamento em face dos entes públicos (União, dos Estados, do DF ou do município). Preciso 
que o senhor emita um laudo médico descrevendo a enfermidade e quais medicamentos preciso para tratar, 
e com base nesse documento, meu advogado possa dar entrada nessa ação judicial contra por exemplo o 
município e eu possa ter acesso ao medicamento’’. 
Cenário comum: Muito comum pedir no município e falar que tem que pediro Estado e que vai demorar, que 
não sabe quando vai chegar. Com isso, o paciente procura um advogado ou defensor público para que esse 
profissional entre com uma ação judicial contra aquele ente público(município) e com isso o município seja 
obrigado a fornecer o medicamento. Assim acontece não só com medicamento, mas com procedimento 
cirúrgico, insumo hospitalares de forma geral, equipamentos hospitalares. As ações de saúde são um dos 
movimentos que mais cresce hoje no Poder Judiciário, o grande volume das ações que se tem hoje é referente 
aos direitos da saúde, a questão da judicialização da saúde. 
Por que acionar o poder judiciário acaba sendo um direito que nós precisamos reconhecemos ao paciente? 
Direito fundamental a saúde. 
• Direito fundamental a saúde, o direito a preservação de sua saúde, e o Poder Público precisa garantir 
esse direito, o qual está previsto no Artigo 196 da CF de 1988, garantindo a saúde como um direito 
fundamental de todo brasileiro que deve ser garantido pelo Estado. 
 Polemica: Poder Judiciário discute alto custo de tratamentos. 
O paciente necessita de uma medicação ou procedimento, mas o serviço público de saúde não pode 
disponibilizar. Então o paciente entra com uma ação judicial, devido a urgência. Sendo esse o direito de 
judicialização da saúde, o direito de buscar o poder Judiciário, de pedir que o juiz obrigue o ente público a 
fornecer o tratamento necessário para o paciente. 
OBS: Quando o médico faz algum procedimento, deu errado e está sendo processado. A falta de insumos 
médicos é sim uma possibilidade de defesa para o médico, de ele alegar como defesa. Nesse sentido, eu 
médico posso defender que dentro do possível a minha conduta profissional foi correta, adequada. Isso pode 
eximir a responsabilidade do médico, mas vai depender da situação de cada caso concreto. Pois, por exemplo, 
pode ser que fique claro que dentro de um processo desses, a perícia fale que: ‘’ olha tudo bem a gente tinha 
falta de insumos, mas o médico deveria saber que diante daquela falta de insumos ele não deveria ter iniciado 
nenhum procedimento no paciente, a não ser por exemplo uma tentativa de encaminhamento para outra 
Unidade Hospitalar, já que aquela não poderia oferecer os recursos necessários’’. Logo, esse ponto é uma 
defesa do médico, mas é uma defesa relativa, que vai ter que analisar até que ponto o médico deveria ter 
agido diante da falta de insumos, pois talvez para se resguardar diante de uma situação como essa é mais 
adequado que o médico por exemplo encaminhasse o paciente para outra Unidade Hospitalar. Já que o Código 
de Ética diz que se você não tem o insumo necessário não arrisque o procedimento, mesmo sendo acusado 
de negligência, já que pode ser acusado de um óbito do paciente em uma falha de conduta na tentativa de 
uma realização de cirurgia. 
Ex: o paciente precisa fazer uma cirurgia e não tem vaga no SUS, seria ‘’justo’’ obrigar o município a arcar 
com um procedimento de 200 mil reais, quando esses mesmos 200 mil reais caso fosse aplicado diretamente 
na saúde municipal poderíamos utilizar para fazer uma infinidade de coisas e de atender uma série de outros 
pacientes? Essa alegação não é suficiente para afastar a responsabilidade do ente público e negar o 
procedimento, pois uma vida não tem preço. Esse é um dos pontos polêmicos da judicialização da saúde, o 
alto custo do procedimento cirúrgico. 
Outra polêmica surge quando o médico prescreve ou o paciente quer utilizar um medicamento ou fazer um 
procedimento que não está reconhecido pela Agência Nacional de Saúde (ANS), ela não reconhece aquele 
procedimento em sua lista oficial de procedimentos médicos cirúrgicos. Com isso, o município seria obrigado 
a fornecer aquele procedimento mesmo ele não estando dentro da lista de procedimentos previstos pela ANS 
ou Ministério da Saúde? Se aquele procedimento não é reconhecido formalmente falando, com isso vem a 
 
 
4 Natália Wink 
polêmica tendo pessoas falando que dizem que o paciente tem o direito de usar esse tratamento mesmo ele 
não estando previsto na lista de procedimentos da ANS, ou vai ter muitas pessoas que vão dizer que mesmo 
não havendo a previsão do procedimento, o paciente tem o direito de se submeter aquele tratamento, de 
escolher aquele tratamento. Tendo assim mais um ponto polêmico dentro do direito de judicialização da 
saúde. 
A saúde é uma responsabilidade dos 3 entes federados (União, que é o governo federal, os Estados e o DF e os 
municípios), sendo que esses 3 entes são responsáveis pela saúde, ou seja, os três respondem em conjunto 
pela saúde de todo cidadão brasileiro. Problema surge quando o advogado vai entrar com uma ação judicial 
pedindo, através do processo, que o ente púbico seja obrigado a fornecer o procedimento cirúrgico para o 
paciente, o problema é que mesmo que os 3 entes sendo solidariamente responsáveis pela saúde, 
respondendo em conjunto pela saúde, a grande maioria das ações judiciais são protocoladas apenas em face 
do município. Então, o que seria correto? entrar com essa ação contra os 3 entes. O problema é que na grande 
maioria das vezes o advogado entra com ação apenas contra o município. Por exemplo: paciente mora em 
Muriaé, eu vou dar entrada em ação apenas contra o município de Muriaé, com isso o município vai ter que 
responder sozinho por aquela obrigação, tendo que arcar sozinho com os custos daquela cirurgia. Vindo a 
polêmica no seguinte sentido: o município acaba sendo o ente público que vai ficar mais sobrecarregado, que 
vai ter o maior volume de obrigações para cumprir. Então essa sobrecarga do ente público municipal é mais 
um dos problemas que se enfrenta quando o assunto é judicialização da saúde. 
• Prontuário Médico: Não apenas o registro da anamnese, mas todo o acervo documental padronizado 
e conciso referente ao registro dos cuidados médicos prestados. Ou seja, o prontuário médico vem a 
ser o conjunto do registro das informações do paciente a partir do momento que ele da entrada em 
uma Unidade Hospitalar até a sua saída, sendo assim o registro de todas as informações durante toda 
a estadia do paciente em um ambiente hospitalar, desde o momento da entrada até a ocasião da alta 
médica. 
A quem pertence o prontuário? (Polêmica) 
Situação comum: paciente tem alta, ficando hospitalizado por conta de acidente automobilístico, fez cirurgia 
e cuidados médicos intensivos. Então o paciente quer entrar na justiça, contra o sujeito que causou, foi 
responsável pelo acidente de trânsito. Com isso, o advogado está precisando de uma cópia do prontuário, para 
mostrar dentro desse processo que o paciente realmente sofreu vários problemas. Ao chegar no hospital, tem-
se vários empecilhos para dar a cópia. 
Isso está errado, pois a nossa Legislação Médica, reconhece que o prontuário é de propriedade do paciente, 
embora o médico e a instituição hospitalar têm o direito de guarda. Por outro lado, a propriedade desse 
documento é do paciente, ou seja, o portador desse documento, o destinatário desse documento é acima de 
tudo o paciente. Essa negativa de oferecer uma cópia do prontuário para o paciente é errada, indevida, injusta, 
pois o paciente tem o direito de ter acesso a todas as informações que estão registradas no prontuário, 
inclusive é importante ressaltar sobre prontuário a Lei 13787/2018. 
Lei 13787 de 2018 → fala sobre a digitalização e utilização de sistemas informatizados para guarda e 
manuseio dos prontuários, ou seja, impôs as instituições hospitalares que acabassem com os arquivos físicos, 
criando a obrigação de digitalizar todos os prontuários, em um sistema informatizado, por uma questão de 
facilitar a guarda/conservação, o manuseio, acesso do documento e segurança tanto para instituição hospitalar 
tanto para o paciente. 
• Consentimento do paciente: Todo ato médico só terá validade quando tiver o consentimento do 
paciente ou de seus responsáveislegais. 
Em regra, todo procedimento profissional, toda conduta médica necessita de uma autorização prévia do seu 
destinatário (consentimento). Há exceções, casos em que o médico vai poder agir mesmo não tendo ou não 
podendo obter esse consentimento prévio do paciente, mas na grande maioria das situações, nas situações 
 
 
5 Natália Wink 
‘’comuns’’, esse consentimento ele é necessário. Isso é necessário por conta do princípio da autonomia ou 
liberdade, ou seja, a Constituição Federal diz que todo cidadão brasileiro é livre para escolher aquilo que 
mais lhe convém. Por isso como regra, a ausência de consentimento do paciente pode caracterizar infração 
ao Código de Ética Médica, podendo sujeitar o profissional a penalizações previstas no código. 
Mas tem exceções, o médico pode agir mesmo não tendo esse consentimento por isso essa regra tem exceção. 
Ex: em um determinado procedimento cirúrgico, o paciente chega desacordado no hospital, é um 
procedimento de urgência, não tem nenhum responsável com ele no momento no hospital, com isso o médico 
vai agir por conta própria, realizando o que for necessário, pois nesse caso foi impossível obter o 
consentimento prévio do paciente. Então, em certas situações esse consentimento pode ser ‘’dispensado’’ não 
precisa, mas geralmente ele precisa obtê-lo, até mesmo para que ele como profissional esteja 
resguardado/respaldado. 
Existe não só o consentimento puro e simples, pois ele deve ser livre e esclarecido. o paciente deve estar em 
condições mentais de entender. Se ele não estiver, a equipe médica deve procurar um parente ou responsável 
por ele, e se o procedimento for de urgência, faz-se a intervenção e depois dá a informação. Com isso, quer 
dizer que não adianta nada simplesmente repassar uma informação se ela não vai chegar ao destinatário, se 
ele não vai entender aquilo que você está falando. Deve também ser acessíveis aos níveis de conhecimento do 
paciente. 
Consentimento é importante para o profissional se resguardar. 
O consentimento presumido é aceito? Se o paciente deu entrada no hospital e precisa ficar internado e, 
naquele momento, ele concordou com a situação, mesmo que não tenha havido uma conversa mais detalhada 
, eu posso presumir que ele concordou/consentiu? Pode até presumir, mas não é aconselhado, ele é perigoso 
para o profissional, pois dá margem para muitas discussões, por isso é importante que obter o consentimento 
claro, que não deixe margem para dúvida, até pensando na segurança do profissional que está atuando 
naquele caso. 
Ex: paciente internado no hospital, fez uma cirurgia e submetido a um procedimento, foi para CNTI, sabe do 
que está acontecendo com ele, tudo foi consentido, tem consciência do que está acontecendo com ele. Em 
um determinado momento, você profissional médico decide mudar uma conduta, tentar uma nova alternativa 
de tratamento. O CFM aconselha que sempre que vai fazer uma mudança significativa no tratamento, que 
você informe essa mudança ao paciente e o paciente, se quiser pode recusar essa mudança, essa troca de 
alternativa terapêutica, de tratamento. 
 OBS: Sempre que houver mudanças significativas nos procedimentos deve-se obter o consentimento 
continuado, ou seja, sempre que você fez uma mudança significativa na condução do tratamento do paciente, 
você como profissional deve informá-lo dessa mudança e obter um novo consentimento ou uma ‘’ renovação’’ 
do consentimento daquele paciente. 
O paciente também tem direito de “revogar” a autorização que ele tinha dado anteriormente, ou seja, ele 
tem direito de voltar atrás, ele pode, a qualquer momento, revogar uma autorização, ou seja, desautorizar, 
não mais autorizar, voltar atrás, se arrepender, desistir, de um determinado ato que até então ele havia 
autorizado. Então isso privilegia mais uma vez a liberdade de escolha e a autonomia do paciente. 
Por outro lado, em determinados casos, mesmo não havendo uma autorização expressa do paciente em 
consentir com a realização do ato médico, o profissional da medicina poderia realizar o ato médico mesmo 
não havendo uma autorização inequívoca, clara, evidente do paciente, quando ele sabe que aquele ato é 
indispensável pelo fato de o paciente estar diante de um perigo eminente de vida, que é o risco eminente de 
óbito, ou seja, nessa situação, mesmo não havendo uma autorização inequívoca do paciente o médico poderia 
realizar o ato médico ainda que ele não tenha sido autorizado. Aí a gente vai falar que, nesse caso, o ato médico 
que até então era arbitrário perderia esse caráter de arbitrariedade pelo fato de que a vida e a saúde são os 
bens maiores que nós estamos tentando resguardar. 
 
 
6 Natália Wink 
Exemplo: o STF, a nossa corte máxima, há mais ou menos 1 ano encerrou uma polêmica grande que existia 
dentro do direito médico: transfusão de sangue nos pacientes testemunhas de Jeová. A polêmica surgia no 
seguinte sentido: o paciente que professa essa religião, em determinado momento da vida se vê na 
necessidade de realizar um procedimento cirúrgico complexo, e no decorrer dele, ele vai precisar de uma 
transfusão sanguínea, e aí o paciente não concorda e não quer fazer o procedimento por conta disso. 
O médico poderia impor essa transfusão? Resposta do STF: se o procedimento for indispensável para a 
manutenção da vida e da saúde do paciente, o médico pode sim impor a transfusão mesmo ela não tendo sido 
autorizada expressamente pelo paciente, porque diante de uma necessidade de preservar a vida e a saúde, 
ela prevaleceria em detrimento de uma convicção religiosa, ou seja, qual o bem maior: a religião, a convicção 
religiosa, a crença religiosa ou de outro lado a vida ou a saúde do paciente? Resposta: a vida e a saúde dele. 
Dúvida: [Como assim “nesses casos extremos a tomada de decisão do médico perde a arbitrariedade”? Quando 
eu falo em arbitrariedade eu estou falando de um ato que quando eu falo que a princípio ele seria arbitrário, 
eu estou dizendo que era um ato que a princípio teria sido realizado por conta própria do médico, por conta e 
risco do médico, por isso ele seria entre "arbitrário” já que o médico" já que o médico agiu por iniciativa 
própria, sem ter o respaldo de uma autorização do paciente. E aí, nesses casos extremos a necessidade de 
resguardar a vida e a saúde do paciente vai “retirar” esse caráter arbitrário do ato médico. Aquele ato que a 
princípio seria arbitrário, já que ele foi realizado sem autorização inequívoca e expressa do paciente, ele 
perderia essa característica de arbitrariedade, essa suposta arbitrariedade.] 
Outro exemplo: Durante o ato cirúrgico você descobriu a maior complexidade da lesão. O paciente está 
sedado, a anestesia já fez efeito, o paciente não tem a menor condição de você por exemplo conversar com o 
paciente. 
Posso realizar a cirurgia mesmo ela sendo mais complexa? Resposta: sim. Vamos conduzir o ato médico até o 
final e depois a gente explica para o paciente sobre o ato realizado. Se a família estiver próxima, é interessante 
o médico ter essa conversa com a família, mas isso nem sempre será possível, e não é necessário. 
A maioria dos hospitais já colocam nos termos de autorização, a cláusula, uma observação dizendo que caso o 
médico, durante a realização do procedimento cirúrgico, observa uma maior gravidade, até então inesperada, 
o médico estaria autorizado a realizar tudo aquilo que a medicina indicasse como necessário para a 
estabilização do quadro do paciente. Se o termo já tiver essa autorização, ótimo. O problema é que, por 
exemplo, se eu estiver falando de uma cirurgia de urgência e emergência que foi realizada às pressas, logo 
após um acidente, por exemplo, em que a vítima chegou no hospital desacordada e os parentes, os familiares 
ainda não chegaram na instituição hospitalar, não vai dar tempo sequer de pegar autorização, sequer de 
conversar com alguém. 
São dois atos que vão permitir essa maior autonomiapara o profissional. Primeira delas a urgência do ato. 
Segunda delas, a percepção de uma gravidade maior da situação, descoberta só depois. (recomendação nº 
1/2016 do conselho federal de medicina que trata sobre consentimento do paciente)

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