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Autoras: Profa. Flávia Enira Gomes Pereira Profa. Valdice Neves Pólvora Serviços Laboratoriais e Exames Clínicos Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Professoras conteudistas: Flávia Enira Gomes Pereira / Valdice Neves Pólvora Flávia Enira Gomes Pereira Possui doutorado pelo departamento de Nefrologia da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), mestrado em Biotecnologia pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), pós‑graduação em Acupuntura (Ibehe), pós‑graduação em Patologia Clínica (UMC) e graduação em Biomedicina (UMC). Atualmente é professora titular da Universidade Paulista (UNIP), chefia o setor de Bioquímica do Laboratório de Análises Clínicas Municipal de Diadema, pesquisadora no CRM Líquor em marcadores de Esclerose Múltipla e Alzheimer. Valdice Neves Pólvora Doutoranda em Economia pela Universidade Federal de La Matanza, em Buenos Aires, Argentina, mestre em Administração e Valores Humanos e graduada em Economia, especialista na Formação de Gestores Públicos na Área de Saúde – Ênfase em Administração Hospitalar e Eticista. Na área educacional, está comprometida com o ensino‑aprendizagem e com a formação de cidadãos éticos, leciona há mais de quinze anos em cursos superiores e há nove anos atua como coordenadora de cursos. Possui experiência de mais de trinta e oito anos na esfera governamental, atuando como docente na formação de servidores públicos, com experiência em ensino a distância. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P436s Pereira, Flávia Enira Gomes. Serviços laboratoriais e exames clínicos. / Flávia Enira Gomes Pereira. – São Paulo: Editora Sol, 2016. 128 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑120/16, ISSN 1517‑9230. 1. Serviços laboratoriais. 2. Exames clínicos. 3. Garantia de qualidade. I. Título. CDU 616‑071 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Nascimento de Souza Carla Moro Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Sumário Serviços Laboratoriais e Exames Clínicos APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS DE APOIO DIAGNÓSTICO ...............................................................9 1.1 Fase pré‑analítica ................................................................................................................................. 10 1.2 Fase analítica .......................................................................................................................................... 12 1.3 Fase pós‑analítica................................................................................................................................. 13 2 CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................................................................................... 15 2.1 Amostras biológicas ............................................................................................................................ 15 2.2 Laboratórios de análises .................................................................................................................... 15 2.3 Coleta nas unidades de saúde ......................................................................................................... 16 2.4 Recursos humanos ............................................................................................................................... 16 Unidade II 3 ESPAÇO FÍSICO E INFRAESTRUTURA PARA OS LABORATÓRIOS ................................................... 21 3.1 Espaço físico ........................................................................................................................................... 21 3.1.1 Sala para coleta de material biológico........................................................................................... 21 3.1.2 Sala de espera e recepção ................................................................................................................... 21 3.1.3 Salas de coleta infantil ......................................................................................................................... 22 3.1.4 Salas para coleta de outros líquidos biológicos ......................................................................... 22 3.1.5 Infraestrutura ........................................................................................................................................... 22 3.1.6 Equipamentos e acessórios ................................................................................................................. 23 3.1.7 Conservação e limpeza das instalações ......................................................................................... 24 3.1.8 Equipamentos e instrumentos laboratoriais................................................................................ 24 4 MATERIAIS PARA COLETA DE SANGUE ................................................................................................... 24 4.1 Tipos de materiais ................................................................................................................................ 25 4.1.1 Estantes e grades .................................................................................................................................... 25 4.1.2 Tubete ou caixa ........................................................................................................................................ 25 4.1.3 Caixas térmicas ........................................................................................................................................ 25 4.1.4 Anticoagulantes utilizados pelas unidades da rede básica municipal .............................. 25 Unidade III 5 LEGISLAÇÃO E BIOSSEGURANÇA .............................................................................................................. 29 5.1 Biossegurança ........................................................................................................................................ 29 5.2 Equipamentos de proteção .............................................................................................................. 32 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 5.3 Armazenamento dos resíduos sólidos de saúde ...................................................................... 33 6 GARANTIADA QUALIDADE .......................................................................................................................... 37 6.1 Programa de acreditação de laboratórios clínicos .................................................................. 39 6.2 Controle Interno da Qualidade – CIQ ........................................................................................... 40 6.3 Controle Externo da Qualidade – CEQ ......................................................................................... 40 6.4 Qualificação dos fornecedores e materiais ................................................................................ 40 6.5 Cadastramento dos laboratórios clínicos ................................................................................... 42 Unidade IV 7 TRANSPORTE DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS ........................................................................................... 49 7.1 Logística e transporte de amostras biológicas em laboratórios de apoio ..................... 49 8 EXAMES LABORATORIAIS ............................................................................................................................. 53 8.1 Classificação dos exames laboratoriais ....................................................................................... 53 8.2 Classificação dos laboratórios ......................................................................................................... 54 8.3 Tipos de exames .................................................................................................................................... 55 8.3.1 Exame de urina de rotina .................................................................................................................... 55 8.3.2 Dosagem de creatina ............................................................................................................................. 58 8.3.3 Dosagem de ureia ................................................................................................................................... 60 8.3.4 Dosagem de glicose ............................................................................................................................... 62 8.3.5 Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ....................................................................................... 64 8.3.6 Microalbuminúria ................................................................................................................................... 67 8.3.7 Hemoglobina glicada ............................................................................................................................ 69 8.3.8 Velocidade de hemossedimentação ................................................................................................ 72 8.3.9 Dosagem de proteína c reativa ......................................................................................................... 73 8.3.10 Dosagem de ferro ................................................................................................................................. 75 8.3.11 Outros tipos de exames ...................................................................................................................... 77 7 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 APRESENTAÇÃO Caro aluno(a), A disciplina Serviços Laboratoriais e Exames Clínicos tem como característica principal colocar o aluno em contato direto e prático com o ambiente de trabalho para que seja favorecida a ampliação do conhecimento teórico da estrutura laboratorial. O objetivo dessa disciplina é desenvolver o interesse do aluno pela aplicação das normas e procedimentos em laboratório clínico com a visão do gestor hospitalar. Os laboratórios clínicos são responsáveis pela realização dos exames clínicos solicitados pelos diversos seguimentos da área médica, sendo necessário um alto grau de responsabilidade na prestação desse serviço. Muitos laboratórios, na busca pela excelência, procuram a acreditação, passando pela auditoria de todos os seus processos. Este livro‑texto busca fornecer ao aluno os conhecimentos sobre a legislação vigente aplicada aos laboratórios clínicos, bem como situar o profissional gestor quanto à importância clínica de cada análise realizada no laboratório. Com essa disciplina, esperamos evidenciar a importância do gerenciamento de um laboratório, e o papel do gestor hospitalar nesse contexto. Bons estudos! INTRODUÇÃO De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – SBPC/ML (2014), a evolução da tecnologia e a descoberta de novos conhecimentos obrigam os laboratórios clínicos não apenas a se atualizarem, mas a cumprirem o seu papel na difusão de novos conceitos junto aos seus clientes médicos e pacientes. Ainda de acordo com os autores, uma das principais finalidades dos resultados dos exames laboratoriais é reduzir as dúvidas que a história clínica do paciente, ou familiar, e o exame físico fazem surgir no raciocínio médico. Muitas vezes há necessidade de um novo exame, uma nova coleta e respectivas análises para obtenção de um diagnóstico preciso. Para que o laboratório clínico possa contribuir de maneira adequada para esse propósito, é indispensável que todas as fases do atendimento ao paciente sejam desenvolvidas seguindo os mais elevados princípios de correção técnica, considerando a existência e a importância de diversas variáveis que podem influenciar, significativamente, a qualidade final do trabalho. 8 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Neste livro‑texto, serão abordadas as causas que podem induzir as variações das análises clínicas. Vamos analisar as fases que devem ser observadas e seus procedimentos, tais como: fase pré‑analítica, analítica e pós‑analítica. Serão tratados, também, alguns conceitos sobre os tipos de amostras utilizadas para a realização dos exames, os laboratórios e os recursos humanos necessários. Serão debatidas as instalações e a infraestrutura física do local para coleta, além dos tipos de materiais utilizados para o recolhimento. Discutiremos os aspectos legais para a instalação de laboratórios clínicos, a legislação brasileira de biossegurança e os riscos ambientais (físicos, químicos, acidentes ergonômicos e biológicos). Será apresentada, ainda, a importância do controle de qualidade no laboratório de análises clinicas. Exibiremos os tipos de exames realizados, com suas características de coleta, análise e comentários do patologista responsável pela análise. 9 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Unidade I 1 PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS DE APOIO DIAGNÓSTICO O planejamento dos serviços de apoio diagnóstico deve ser orientado pelos princípios e diretrizes do SUS. Dessa forma, no que diz respeito aos serviços laboratoriais, deve‑se buscar garantir a universalidade e a oportunidade de acesso dos cidadãos a todas as ações e serviços necessários, à integralidade da atenção, à equidade na alocação de recursos e no acesso, além da subordinação das diretrizes de política para essa área ao controle social. Quanto à organização dos serviços laboratoriais, ela deve ser coerente com as diretrizes de descentralização, regionalização e hierarquização, reconhecendo o caráter de apoio das atividades de laboratório para a resolutividade da atenção, seja no âmbito das ações de promoção da saúde, da atuação de equipes de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e Programa de Saúde da Família (PSF), nos postos de saúde, policlínicas, nos ambulatórios especializados e hospitais de vários níveis de complexidade (BRASIL, 2003). Os exames laboratoriais estão entre os principais e mais utilizados recursos no apoio diagnóstico à prática clínica, o que traz repercussões importantes no cuidado ao paciente e nos custosao sistema de saúde. A elevação de tais despesas nos últimos vinte anos contribuiu, substancialmente, para a inflação dos dispêndios gerais da assistência à saúde. Sob o ponto de vista dos aportes financeiros federais, os repasses relativos à Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial representam o segundo maior gasto vinculado ao elenco de procedimentos do primeiro nível da média complexidade ambulatorial. A complexidade dos laboratórios clínicos está diretamente ligada ao tipo e à quantidade de exames a serem realizados, bem como tem relação com outros fatores, tais como: escolha de metodologias, características dos equipamentos e disponibilidade de profissionais especializados. A definição do número, do perfil, do porte e da distribuição dos serviços de laboratório a serem implantados/organizados deve se basear em estudos que considerem as seguintes variáveis: população de abrangência, parâmetros assistenciais, parâmetros de rendimento dos equipamentos, critérios de otimização dos reativos (incluindo o período de estabilidade), tempo de conservação do material, valor do procedimento pela tabela SIA/SUS e correlação com o custo direto dos exames, infraestrutura predial, legislação e normas técnicas em vigor, entre outras. A articulação entre essas variáveis em cada situação deve orientar o planejamento da rede de laboratórios e ser baseada nos pressupostos de adequação às necessidades, oportunidade de acesso, fidedignidade dos exames e economia de escala. 10 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I O conteúdo dos protocolos contempla informações técnico‑científicas atualizadas e contextualizadas na realidade regional da assistência em saúde. Foram consideradas também as diretrizes propostas pelas boas práticas de laboratório e pelo programa de acreditação de laboratórios clínicos da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial. Indicação e solicitação do exame Preparo do paciente Fase pré-analítica Coleta, armazenamento e transporte Realização do teste Fase analítica Análise do resultado Liberação do laudo de exame Fase pós-analítica Figura 1 – Protocolos estruturados de acordo com o processo da assistência laboratorial Cada protocolo destaca: os principais aspectos relacionados às indicações clínicas do exame; preparo do paciente; cuidados com coleta e manuseio da amostra biológica; principais fatores pré‑analíticos e interferentes; métodos mais utilizados para a realização dos testes; critérios para interpretação do resultado e os comentários do patologista clínico. Nessa última seção, chama‑se a atenção para questões relevantes em relação ao teste e/ou resultado, com o intuito de contribuir para melhor utilização da propedêutica laboratorial tanto na solicitação do exame, quanto na interpretação do resultado. Os processos operacionais que devem ser observados nos laboratórios clínicos são destacados em três etapas: Fase pré‑analítica Fase analítica Fase pós‑analítica Figura 2 1.1 Fase pré‑analítica Conforme as recomendações da SBPC/ML (2014), tem se tornado comum a declaração de que a fase pré‑analítica é responsável por cerca de 70% do total de erros ocorridos nos laboratórios clínicos que possuem um sistema de controle da qualidade bem‑estabelecido. A despeito de todas as dificuldades para a comprovação dessa afirmativa, a implantação, cada vez mais frequente, de procedimentos automatizados e robotizados na fase analítica permite assumi‑la como 11 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS verdadeira. Além disso, algumas características próprias da fase pré‑analítica aumentam, em muito, o grau de complexidade e, por consequência, a oportunidade de ocorrência de erros e não conformidades. A fase pré‑analítica inclui indicação do exame, redação da solicitação, leitura e interpretação do requerimento, transmissão de eventuais instruções de preparo do paciente, avaliação do atendimento às instruções previamente transmitidas e procedimentos de coleta, acondicionamento, transporte e preservação da amostra biológica até o momento da efetiva realização do exame. É nessa fase que os responsáveis pelas orientações devem estar bem atentos e observar se o paciente entendeu as orientações que precisam ser seguidas, em especial, quando os exames requerem procedimentos específicos. Uma informação incorreta pode contribuir para a não conformidade do procedimento e impactar no diagnóstico em tempo hábil. Dessa forma, a fase pré‑analítica desenvolve‑se pela sequência de ações de um grande número de pessoas com diferentes formações profissionais, desde o médico solicitante até o paciente, em geral, um leigo, com focos de interesse e grau de envolvimento diferenciados. Ao médico solicitante do exame e a seus auxiliares diretos interessa a obtenção, às vezes em caráter de urgência, de um resultado laboratorial; ao paciente cabe a preocupação com o seu estado de saúde, acrescentando‑se um possível desconforto relacionado ao preparo para o exame e à coleta da amostra; ao flebotomista concerne a responsabilidade pelo cumprimento dos requisitos técnicos da coleta e pelos potenciais riscos biológicos. Do mesmo modo, às pessoas encarregadas do acondicionamento, da preservação e do transporte da amostra restam os cuidados para com a segurança e integridade do material e delas próprias. Lembrete Flebotomista é a pessoa que coleta o sangue. Saiba mais Para saber mais sobre o manual de Boas Práticas da Organização Mundial de Saúde – OMS, destinado à garantia de qualidade em flebotomia, acesse: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: boas práticas em flebotomia. Disponível em: <http://www.who. int/injection_safety/Phlebotomy‑portuges_web.pdf>. Acesso: 27 set. 2016. 12 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I Observação Apesar de não haver qualquer restrição, a Anvisa aceita que as instruções para a realização de exames sejam dadas verbalmente; é recomendável que as orientações prévias para o preparo e coleta dos exames sejam fornecidas por escrito. 1.2 Fase analítica A fase analítica consiste no conjunto de operações, com descrição específica, utilizado na realização das análises de acordo com determinado método. Nessa etapa, o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem dispor de instruções escritas, acessíveis e atualizadas para todos os processos analíticos, podendo ser utilizadas as instruções do fabricante. Esse procedimento é muito importante para os resultados e qualidade dos serviços prestados. De acordo com as informações coletadas, os laboratórios devem reunir e catalogar todas as instruções de uso (“bulas”) dos fabricantes, atualizadas e escritas em português. Esse processo facilitará a inclusão das orientações que forem seguidas em sua íntegra e que poderão fazer parte da documentação do laboratório. Para manter os registros e simplificar a sua atualização, os laboratórios devem elaborar seus manuais contendo os procedimentos. Esses documentos são conhecidos como Procedimento Operacional Padrão (POP). Em qualquer caso, é recomendável manter as instruções como parte da documentação e estar atento às atualizações que o fabricante possa eventualmente efetuar. Lembrete O processo analítico deve ser o mencionado nas instruções de uso do fabricante em referências bibliográficas ou em pesquisa cientificamente válida conduzida pelo laboratório. Outro aspecto a ser observado é a questão da rastreabilidade da amostra. O laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem dispor de meios que permitam essa rastreabilidade, englobando desde a hora do recebimento e/ou coleta da amostra. As amostras devem ser identificadas no momento da coleta ou da sua entrega, quando coletada pelo paciente, bem como deve ser identificado o nome do funcionárioque efetuou a coleta ou que recebeu a amostra de forma a garantir a rastreabilidade. 13 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS 1.3 Fase pós‑analítica O laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem possuir instruções escritas para emissão de laudos que contemplem as situações de rotina, plantões e urgências. A elaboração desse documento necessita conter os procedimentos para a liberação, a impressão e a entrega de laudos para pacientes nas diferentes situações, quando aplicáveis. Muitos laboratórios disponibilizam os serviços de impressão remota tanto para o paciente, quanto para os médicos. Esse sistema também deve estar descrito nos documentos. O laudo deve ser legível, sem rasuras de transcrição, escrito em língua portuguesa, datado e assinado por profissional de nível superior legalmente habilitado. As informações mínimas, que devem estar contidas no laudo, são as seguintes: • identificação, endereço e telefone do laboratório; • identificação do Responsável Técnico (RT); • número de registro do RT no respectivo conselho de classe profissional; • identificação e número do profissional que liberou o exame; • número do registro do profissional que liberou o exame no respectivo conselho de classe do profissional; • número do registro do laboratório clínico no respectivo conselho de classe profissional; • nome e registro de identificação do cliente no laboratório; • data da coleta da amostra; • data de emissão do laudo; • nome do exame, tipo de amostra e método analítico; • resultado do exame e unidade de medição; • valores de referência, limitações técnicas da metodologia e dados para interpretação; • observações pertinentes. Considerando o estado do paciente e o contexto global dos exames, o responsável pela liberação do laudo poderá adicionar comentários de interpretação ao texto do laboratório de apoio. 14 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I Observação Ao optar por incorporar os dados provenientes do laudo do laboratório de apoio, é importante observar que nenhuma informação clinicamente relevante, enviada pelo laboratório de apoio, pode ser omitida ou modificada inapropriadamente. A maioria dos laboratórios possui sistemas de informação para gerenciamento dessas atividades, o que facilita os procedimentos de cadastramento das informações do paciente, dos dados de coleta, dos resultados dos exames etc. De acordo com Fischbach e Dunning (2010), o teste diagnóstico tem lugar em muitos ambientes diferentes. Diversos deles foram transferidos de hospitais e clínicas para unidades comunitárias. Os testes laboratoriais remotos são aqueles realizados nas localidades de atenção primária ou em unidades de atendimento a pacientes agudos (por exemplo, serviços de emergência ou ambulâncias); os exames de alta tecnologia podem oferecer resultados rápidos. Ainda segundo os autores, a realização de exames no ambiente de cuidado domiciliar requer habilidade em procedimentos como coleta de amostras de sangue, de cateteres de longa permanência, identificação apropriada dos frascos com amostras, documentação, manuseio e transporte das amostras. Além disso, é parte importante ensinar ao paciente e a seus entes queridos como fazer a coleta adequadamente. No ambiente de saúde ocupacional, os exames podem ser realizados para reduzir ou evitar riscos conhecidos no local de trabalho (por exemplo, exposição ao chumbo) e para monitorar problemas de saúde identificados. Podem incluir exame admissional, acompanhamento periódico da exposição ocupacional a substâncias potencialmente nocivas e detecção do uso de drogas. A realização de testes de triagem do uso de drogas, genéticos e de pesquisa do HIV requer habilidade para colher amostras de sangue, realizar provas respiratórias, monitorar a cadeia de custódia e obter a assinatura de consentimento com testemunha. Outro ponto destacado pelo autor refere‑se aos procedimentos em asilos, onde realizam‑se mais procedimentos das fases pré e pós‑teste, bem como testes de seguimento, pois, na maioria das vezes, os pacientes são levados ou transferidos para hospitais quando há necessidade de técnicas mais complexas (tomografia computadorizada – TC, endoscopias), o que não ocorre no caso de exames de rotina. Um número cada vez maior de códigos (não ressuscitar) aumenta a quantidade de tipos de exames. Além disso, comportamentos confusos, combativos ou não cooperativos são mais frequentes nessas situações. A atitude adotada por pacientes de asilos, que não querem ser importunados, ou a rejeição categórica dos exames solicitados podem dificultar a realização dos testes. Consequentemente, a compreensão do seu comportamento, além do uso de estratégias de comunicação e intervenções apropriadas com essa população, são habilidades necessárias para atuar na área. 15 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Para os que atuam na área de saúde pública, as responsabilidades dos testes diagnósticos concentram‑se em exames de triagem, serviços preventivos, controle de doenças, aconselhamento e tratamento de indivíduos com problemas. A busca de casos é realizada com frequência em campanhas de saúde, centros comunitários, abrigos, consultórios de enfermagem, ambulatórios móveis e igrejas. De acordo com Fischbach e Dunning (2010), as responsabilidades variam de acordo com o local e podem incluir oferta de informações sobre os testes, obtenção de amostras e encaminhamento a profissionais. Essas obrigações podem até mesmo estender‑se ao transporte e preparo de amostras para diagnóstico ou à análise propriamente dita da amostra (pesquisa de sangue oculto nas fezes, teste cutâneo para tuberculose e coleta de amostras de sangue ou saliva para pesquisa de HIV/Síndrome de Imunodeficiência Adquirida [Aids]). 2 CONCEITOS BÁSICOS 2.1 Amostras biológicas São consideradas amostras biológicas de material humano para exames laboratoriais: sangue; urina; fezes; suor; lágrima; linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e lesão cutânea); escarro; esperma; secreção vaginal; raspado de lesão epidérmico (esfregaço) mucoso oral; raspado de orofaringe; secreção de mucosa nasal (esfregaço); conjuntiva tarsal superior (esfregaço); secreção mamilar (esfregaço); secreção uretral (esfregaço); swab anal; raspados de bubão inguinal e anal/ perianal; coleta por escarificação de lesão seca/swab em lesão úmida e pelos ou qualquer outro material humano necessário para exame diagnóstico. Atualmente, a maioria dos procedimentos mencionados é realizada nas próprias unidades assistenciais de saúde. Exame solicitado Soro Sangue total Plasma Sangue total Soro Gel Coágulo Células Plasma Sangue Figura 3 2.2 Laboratórios de análises São estabelecimentos destinados à coleta e ao processamento de material humano visando à realização de exames e testes laboratoriais. Os laboratórios de análises podem funcionar em sedes próprias independentes, no interior ou anexados a estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individualizados do ponto de vista físico e funcional. 16 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I Figura 4 Alguns procedimentos devem ser observados para atuação nos laboratórios, são eles: • a execução de procedimentos de coleta de material humano que exijam a prévia administração, por via oral, de quaisquer substâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, in loco, por profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos; • os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de longa duração e que exijam monitoramento durante os processos de execução deverão ser supervisionados,in loco, por profissionais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos; • o setor de coleta deverá ter acesso aos equipamentos de emergência visando propiciar o atendimento de eventuais intercorrências clínicas. • o emprego de técnicas de sondagem é permitido mediante indicação médica e somente para casos em que seja realmente necessária a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amostras de material dos usuários. 2.3 Coleta nas unidades de saúde Os métodos de coleta dos exames laboratoriais nos ambulatórios são executados por profissionais médicos e por profissionais de saúde componentes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação clínica e epidemiológica, de diagnose ou apoio diagnóstico, de avaliação pré‑operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico. 2.4 Recursos humanos O setor de coleta obrigatoriamente contará com pelo menos um dos seguintes profissionais de nível universitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou biólogo que tenha capacitação para execução das atividades de coleta. Os profissionais de nível universitário do posto de coleta deverão estar presentes, diariamente, no interior de suas dependências durante todo o período de funcionamento. 17 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Os procedimentos de coleta de material humano poderão ser executados pelos seguintes profissionais legalmente habilitados: • de nível universitário – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, biólogos e químicos que, no curso de graduação e/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para execução das atividades de coleta; Figura 5 • de nível técnico – técnicos de enfermagem, técnicos de laboratório, técnicos em patologia clínica e demais profissionais legalmente habilitados que concluíram curso em nível de Ensino Médio e que, no curso de graduação e/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para execução das atividades de coleta; • de nível intermediário – auxiliares de enfermagem e profissionais legalmente habilitados que concluíram curso em nível de Ensino Fundamental e que, no curso de graduação e/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para a execução das atividades de coleta. Saiba mais Para saber mais sobre coleta, acesse: <http://www.prosangue.sp.gov.br/home/Default.aspx>. Quanto aos aspectos dos Recursos humanos, é necessária a habilitação específica (formação profissional) que deve ser respeitada para Responsável Técnico, RT substituto, supervisão de pessoal e liberação (assinatura) de laudos. Para outras tarefas, o pessoal pode ser qualificado (capacitado) por meio de experiência e treinamento. É útil organizar uma pasta do funcionário que contenha cópias de diplomas e certificados, comprovantes de vacinação, termo de confidencialidade, entre outros. 18 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I Observação A formação e a qualificação dos profissionais que atuam nos laboratórios devem ser acompanhadas, e a sua manutenção é um procedimento requerido para comprovação em processos de auditoria e acreditação. Resumo Tratamos dos aspectos referentes às etapas existentes para a realização dos exames clínicos, sendo elas: fase pré‑analítica, analítica e pós‑analítica. Vimos a importância dos procedimentos para a coleta de amostras, bem como os recursos humanos necessários. Foram destacadas, ainda, a formação dos técnicos que atuam nos laboratórios clínicos e a importância da capacitação para esses profissionais. Vale lembrar que os procedimentos técnicos para atuação dos laboratórios clínicos devem ser seguidos por toda a equipe que nele e/ou no posto de coleta trabalham, pois os erros impactam diretamente nos resultados dos exames e, consequentemente, no diagnóstico do médico. Exercícios Questão 1. (UFPI 2014) Uma das principais finalidades dos resultados dos exames laboratoriais é reduzir as dúvidas que a história clínica do paciente e o exame físico fazem surgir no raciocínio médico. Para que o laboratório clínico possa contribuir de maneira adequada para esse propósito, é indispensável que todas as fases do atendimento ao paciente sejam desenvolvidas seguindo os mais elevados princípios de correção técnica, considerando a existência e a importância de diversas variáveis que podem influenciar, significativamente, a qualidade final do trabalho de realização e liberação de um exame laboratorial (SBPC/ML, 2014). Considerando os fatores que podem provocar interferências na fase pré‑analítica, o período de jejum, para maioria dos exames de rotina, é de 8 horas, podendo variar para mais ou menos tempo, de acordo com o tipo de exame. O período de jejum pode ser definido como: A) O período no qual o paciente é proibido de ingerir qualquer aporte calórico, incluindo cafés, chás, água e medicamentos, exceto quando está internado. B) O período no qual o paciente não recebe nenhum aporte calórico. Dessa forma, a ingestão de água não interfere no período de jejum do paciente. 19 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS C) O período no qual o paciente não pode ingerir nenhum aporte calórico. Dessa forma, a nutrição parenteral não é considerada interferente. D) O período no qual o paciente não realizará nenhuma refeição importante. Pequenas ingestas, como de café e chás, podem ser permitidas, visando evitar hipoglicemia importante. E) O período no qual o paciente não pode ingerir nenhum aporte calórico. Normalmente só é considerado jejum, após um tempo de 12 horas sem ingestão de nenhum tipo de alimento. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: alguns medicamentos interferem em exames laboratoriais, tais como os antibióticos e os anti‑inflamatórios, que o fazem nos testes de coagulação do sangue, normalmente solicitados em pré‑operatórios. B) Alternativa correta. Justificativa: água não quebra o jejum, no entanto convém tomá‑la com moderação. C) Alternativa incorreta. Justificativa: a nutrição parenteral contém os nutrientes de uma alimentação, portanto interfere nos resultados do exame. D) Alternativa incorreta. Justificativa: não é permitido ingestão de café e chá, pois são glicêmicos e irão quebrar o jejum. E) Alternativa incorreta. Justificativa: sem o pré‑requisito do jejum, cada exame teria de ser analisado à luz do que a pessoa ingeriu. A maioria dos exames exige três horas de jejum, com exceção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas), dentro do qual, vale lembrar, existe considerável variação intraindividual nos lipídios plasmáticos, da ordem de 5% a 10%, para o colesterol total, e superior a 20%, para as triglicérides. Questão 2. (UFPI 2014) Segundo alguns autores, cerca de 70% dos problemas relacionados à realização de um exame laboratorial ocorrem devido a problemas nessa fase. Ela apresenta maior possibilidade de erros devido à participação de vários profissionais, desde o médico no momento da solicitação até o pessoal de coleta e processamento da amostra no laboratório. Está se referindo à(s) fase(s): 20 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade I A) Analítica. B) Pré‑analítica. C) De orientação do paciente. D) Pós‑analítica em que o médico interpreta os exames. E) Processamento e análise da amostra. Resolução desta questão na plataforma. 21 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Unidade II Nesta unidade, abordaremos os procedimentos necessários para as instalações e infraestrutura física do local para coleta,bem como os tipos de materiais a serem utilizados. 3 ESPAÇO FÍSICO E INFRAESTRUTURA PARA OS LABORATÓRIOS A Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC/Anvisa) nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, caracteriza bem os requisitos de infraestrutura de salas de coleta de sangue e de procedimentos para coleta de outros líquidos biológicos. A RDC/Anvisa nº 302, de 13 de outubro de 2005, que dispõe sobre o regulamento técnico para exercício de laboratórios clínicos, detalha padrões para o funcionamento de áreas de coleta de amostras biológicas. Deve‑se lembrar que as recomendações adiante são aplicáveis às estruturas de coleta de laboratórios e hospitais, incluindo os postos de coleta. É importante ressaltar que não podem coexistir salas de vacinas e de coleta (ou seja, não pode haver geladeira contendo vacinas na área de coleta). 3.1 Espaço físico 3.1.1 Sala para coleta de material biológico De uma forma geral, os estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de coleta deverão contar com sala específica e exclusiva durante o horário estabelecido para essa finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada etc. para apoiar tanto o material para coleta, quanto o coletado. O ambiente deve ter janelas, ser arejado, com local para deitar ou sentar o usuário e as suas superfícies devem ser laváveis. 3.1.2 Sala de espera e recepção É recomendável que o laboratório clínico possua uma sala de espera para pacientes e acompanhantes, que pode ou não ser compartilhada com a de outras unidades diagnósticas. Devem existir sanitários separados para homens e mulheres, que permitam acesso aos portadores de necessidades especiais e que atendam ao número esperado de pacientes e seus acompanhantes. De acordo com a RDC 50/2002 (ANVISA, 2002), as dimensões físicas é capacidade instalada são as seguintes: • box de coleta: 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente, ele deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados; 22 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade II • um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões para tal; • os estabelecimentos que contarem com dois boxes de coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, um lavatório localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta; • sanitários e área para registro dos usuários; • número necessário de braçadeiras para realização de coletas: 1 para 15 coletas/hora; • para revestir as paredes e pisos do box e técnica em geral, deve‑se utilizar material de fácil lavagem, manutenção e sem frestas; • insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quantidade suficiente e de forma organizada. 3.1.3 Salas de coleta infantil É cada vez mais comum a necessidade de se criar um espaço separado e apropriado para a coleta infantil. A recepção dos pacientes deve ser decorada com motivos infantis, com uma pequena brinquedoteca associada, de modo a distrair as crianças. O mobiliário deve incluir uma cadeira que permita a coleta da amostra da criança no colo do acompanhante, uma maca apropriada para crianças, além de local para troca de fraldas e colocação de sacos coletores de urina. Precisa conter pia para facilitar a higienização da criança. 3.1.4 Salas para coleta de outros líquidos biológicos O laboratório deve dispor de sala apropriada para coleta de secreções genitais masculinas e femininas, além de macas apropriadas aos procedimentos e de banheiro privativo ligado a cada sala. Em alguns laboratórios, pode haver salas adequadas para coleta de mielogramas e de líquido cefalorraquidiano. Elas exigirão maior cuidado de assepsia, espaço maior que o definido para coleta de sangue e local adequado para repouso após o procedimento. 3.1.5 Infraestrutura São recomendados alguns itens referentes à infraestrutura dos boxes e das salas de coleta: • pisos impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes; • paredes lisas e resistentes ou divisórias constituídas de materiais que sejam lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes; • tetos de material liso, impermeável e lavável; • colchões, cadeiras e poltronas com revestimento impermeável; 23 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS • dispositivos de ventilação ambiental eficazes, naturais ou artificiais, de modo a garantir conforto ao cliente e ao flebotomista; • iluminação que propicie a perfeita visualização e manuseio seguro dos dispositivos de coleta; • janelas com telas milimétricas, se necessário, caso elas cumpram a função de propiciar aeração ambiental; • portas e corredores com dimensões que permitam a passagem de cadeiras de rodas, macas e o livre trânsito dos portadores de necessidades especiais; • instalação de pias com água corrente que possibilitem ao flebotomista higienizar as mãos entre o atendimento dos pacientes (a lavagem com água e sabão é recomendável; quando não houver água disponível, dispositivos específicos para álcool em gel podem ser utilizados); • é importante lembrar que o armazenamento de materiais estéreis não deve ser realizado em armários com pia, próximos ao sifão. Saiba mais Consulte a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC/Anvisa) nº 50, de 21 de fevereiro de 2002: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/2002/50_02rdc.pdf>. Acesso em: 30 set. 2016. 3.1.6 Equipamentos e acessórios As cadeiras ou poltronas utilizadas para venopunções devem ser desenhadas com o máximo de conforto e segurança para o paciente, levando em consideração aspectos ergonômicos e de acessibilidade para o flebotomista. Observação O paciente necessita ser acomodado em uma cadeira ou poltrona confortável que permita a regulagem da altura do braço, evitando o desconforto do flebotomista. 24 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade II As cadeiras com capacidade de reclinação são muito úteis em caso de desmaio ou hipotensão do paciente. Armários fixos ou móveis são convenientes para organizar o armazenamento dos materiais de coleta, de equipamentos e de medicamentos para eventuais situações de emergência. Começam a ser utilizados instrumentos que facilitam a visualização de veias difíceis e profundas. 3.1.7 Conservação e limpeza das instalações Recomenda‑se que as rotinas de limpeza e higienização das instalações sejam orientadas por profissional capacitado ou pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, quando aplicável. É indispensável que sejam tomadas medidas preventivas para eliminação de insetos e roedores. 3.1.8 Equipamentos e instrumentos laboratoriais O laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem: • possuir equipamentos e instrumentos de acordo com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento de sua demanda; • manter instruções escritas referentes a equipamento ou instrumento, que podem ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em língua portuguesa; • realizar e preservar registros das manutenções preventivas e corretivas; • verificar ou calibrar os instrumentos a intervalos regulares, em conformidade com o uso, mantendo os seus registros; • checar a calibração de equipamentos de medição mantendo os registros. 4 MATERIAIS PARA COLETA DE SANGUE De acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia (2014), a coleta de sangue é amplamentepraticada e continua sendo de inestimável valor para diagnóstico e tratamento de vários processos patológicos. Destaca, ainda, que os produtos utilizados para efetuar a obtenção do sangue são de extrema importância, pois auxiliam em um melhor resultado dos exames ao reduzir a ocorrência de erros na coleta. Podem também ser fator de interferência na fase pré‑analítica. Segundo os autores, a realização de procedimentos padronizados e documentados; a qualificação técnica do produto e dos fornecedores; a avaliação da capacidade de disponibilização de suprimentos; a avaliação periódica dos insumos e registros de eventuais irregularidades referentes aos insumos e análise críticas dos fornecedores, garantem e asseguram a não interferência desses itens nas verificações a serem realizadas. 25 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Observação O emprego de técnicas de sondagem é permitido mediante indicação médica e somente para casos em que seja realmente necessária a sua adoção para viabilizar a coleta de amostras de material dos usuários. Lembrete As diretrizes de padronização do desenvolvimento e da fabricação de sistema de coleta de sangue são realizadas pelas agências reguladoras e normativas, como: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Food and Drug Administration (FDA), International Standardization Organization (ISO). 4.1 Tipos de materiais 4.1.1 Estantes e grades Trata‑se dos recipientes de suporte utilizados para acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras biológicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que permitam a fixação em posição vertical, com a extremidade de fechamento (tampa) voltada para cima e que impeçam o tombamento do material. 4.1.2 Tubete ou caixa É um recipiente usado para acondicionamento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de separação (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento (tampa ou fecho). 4.1.3 Caixas térmicas São recipientes de segurança para transporte, destinados à acomodação das estantes e grades com tubos, frascos e tubetes contendo as amostras biológicas. As caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, resistentes e impermeáveis, revestidas internamente com materiais lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes e dotadas externamente de dispositivos de fechamento externo. 4.1.4 Anticoagulantes utilizados pelas unidades da rede básica municipal Os seguintes anticoagulantes são usados nas referidas unidades: • EDTA (tampa roxa): atua em nível do íon cálcio (sequestrador). Principal uso: hematologia. • Citrato de Sódio (tampa azul): captação dos íons cálcio. Principal uso: estudos da coagulação. 26 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade II • Fluoreto de Sódio com EDTA (tampa cinza): captação dos íons cálcio e inibição da glicose. Principal uso: glicemia. • EDTA com gel. Principal uso: carga viral para HIV. Observação A sigla EDTA significa ácido etilenodiamino tetra‑acético. Saiba mais Amplie o seu conhecimento sobre o assunto, faça uma pesquisa a respeito da elaboração de manuais para coleta de exames laboratoriais nos órgãos municipais de sua região. Veja o exemplo do manual: SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Coleta de Exames Laboratoriais/ Secretaria da Saúde. CODEPPS – Assistência Laboratorial Coordenadoria de Atenção Básica e PSF. Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde – Coordenação de Vigilância em Saúde – Covisa. São Paulo: SMS, 2005. Resumo Vimos a importância dos requisitos para instalação dos laboratórios clínicos e/ou salas de coletas para realização de exames com segurança e atendendo às normas de qualidade. Para a construção, reforma e/ou adaptação da estrutura física do laboratório, há a necessidade de aprovação dos órgãos reguladores, bem como a apresentação do projeto básico. Para início das atividades, os laboratórios clínicos e/ou postos de coleta devem atender a RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Observamos também os tipos de materiais utilizados para a coleta de exames, que devem seguir padrões de qualidade e controle por meio de procedimentos escritos e disseminados a todos os que atuam nessa atividade. 27 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Exercícios Questão 1. (Controlab 2007) A RDC 302/2005 define os requisitos mínimos para o funcionamento dos laboratórios clínicos. A Anvisa foca a gestão de riscos como base para a elaboração do regulamento (riscos atribuíveis e inerentes). Essa norma define requisitos únicos para todo o País e facilita a inspeção sanitária. Vale lembrar que toda norma federal pode ser reinterpretada pelos estados e municípios, desde que sejam equivalentes ou mais restritivas. As questões a seguir tratam de alguns requisitos dessa resolução. Em relação à responsabilidade técnica, todas as opções são verdadeiras, exceto: A) O laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem possuir um profissional legalmente habilitado como responsável técnico. B) O responsável técnico pode assumir perante a Vigilância Sanitária a responsabilidade técnica por 2 laboratórios ou 2 postos de coleta ou 1 laboratório e 1 posto de coleta. C) Em caso de impedimento do responsável técnico, pode‑se contar com um profissional legalmente habilitado como substituto. D) A presença do responsável técnico no estabelecimento deve ser no mínimo por 4 horas. E) O laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem dispor de instruções escritas e atualizadas das rotinas técnicas implantadas. Resposta incorreta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem possuir um profissional legalmente habilitado como responsável técnico. B) Alternativa correta. Justificativa: o profissional legalmente habilitado pode assumir, perante a vigilância sanitária, a responsabilidade técnica por no máximo: 2 laboratórios clínicos ou 2 postos de coleta laboratorial ou 1 laboratório clínico e 1 posto de coleta laboratorial. C) Alternativa correta. Justificativa: em caso de impedimento do responsável técnico, o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem contar com um profissional legalmente habilitado para substituí‑lo. 28 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade II D) Alternativa incorreta. Justificativa: a direção e o responsável técnico do laboratório clínico e do posto de coleta laboratorial têm a responsabilidade de planejar, implementar e garantir a qualidade dos processos, incluindo: a supervisão do pessoal técnico por profissional de nível superior legalmente habilitado durante o seu período de funcionamento. E) Alternativa correta. Justificativa: o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem dispor de instruções escritas e atualizadas das rotinas técnicas implantadas. Questão 2. (Cesgranrio 2011) A RDC Anvisa nº 50/2002 é a norma em vigor que: A) Aprova as diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá outras providências. B) Estabelece os procedimentos e as responsabilidades referentes ao controle e à vigilância da qualidade da água para consumo humano e o padrão de potabilidade da água, e dá outras providências. C) Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. D) Dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.E) Dispõe sobre o procedimento administrativo para a avaliação toxicológica de produtos técnicos e formulados com base em ingredientes ativos com preocupação para saúde. Resolução desta questão na plataforma. 29 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Unidade III 5 LEGISLAÇÃO E BIOSSEGURANÇA Abordaremos aqui os aspectos legais para a instalação dos laboratórios clínicos. Vamos destacar a legislação brasileira de biossegurança e os riscos ambientais (físicos, químicos, acidentes ergonômicos e biológicos). Será apresentada a atribuição do Responsável Técnico (RT) pelo laboratório e a necessidade de treinamento permanente da equipe. 5.1 Biossegurança De acordo com Burmester (2013), a norma regulamentadora do Ministério da Saúde, de 15 de novembro de 2005, NR 32, tem por finalidade estabelecer as diretrizes para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Também considera expostas a perigos as pessoas que trabalham na área de saúde. Os riscos estão classificados em: Biológicos Químicos Figura 6 Os biológicos são classificados em quatro tipos: Quadro 1 Classe 1 Baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Classe 2 Risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano; existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe 3 Risco individual elevado para o trabalhador e com probabiliade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano; nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe 4 Risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indíviduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano; não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. 30 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade III Os riscos químicos são aqueles em que os profissionais se expõem às radiações ionizantes. Ainda de acordo com Burmester (2013), pressupõe‑se que cabe ao empregador evitar esses riscos, capacitando inicialmente e de forma continuada, as pessoas que trabalham nas organizações de saúde, nos seguintes tópicos: • acondicionamento e transporte dos resíduos; • definições, classificação e potencial de risco dos resíduos; • sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento; • formas de reduzir a geração de resíduos; • conhecimento das responsabilidades e de tarefas; • reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos; • ciência sobre a utilização dos veículos de coleta; • orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Vale ressaltar que a norma define também as condições de conforto por ocasião das refeições e para o trabalho nas lavanderias, formas de proceder a limpeza e conservação das instalações; condições de segurança para ações de manutenção de máquinas e equipamentos; e que os serviços de saúde devem: • atender às condições de conforto relativas aos níveis de ruído previstas na NB 95 da ABNT; • obedecer às condições de iluminação conforme NB 57 da ABNT; • seguir os requisitos de conforto térmico previstas na RDC 50/02 da Anvisa; • manter os ambientes de trabalho em circunstâncias de limpeza e conservação. Segundo Burmester (2013), há na norma um anexo específico que trata das diretrizes para elaboração e implementação de um plano de prevenção de riscos de acidentes com materiais perfurocortantes com probabilidade de exposição a agentes biológicos, visando à proteção, segurança e saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Nesse sentido, o empregador deverá constituir uma comissão gestora multidisciplinar que tenha como objetivo reduzir os riscos de acidentes com materiais perfurocortantes, com probabilidade de exposição a agentes biológicos, por meio da elaboração, implementação e atualização do plano. A junta deve: 31 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS • proceder à análise dos acidentes de trabalho ocorridos e das situações de risco com materiais perfurocortantes; • estabelecer prioridades de ação para evitá‑los; • implantar medidas de controle para a prevenção de acidentes; • selecionar para aquisição materiais perfurocortantes que tenham dispositivos de segurança; • determinar programas de capacitação da força de trabalho para evitar acidentes; • monitorar e acompanhar a implementação e desenvolvimento do plano. Apresentaremos a seguir as categorias de riscos potenciais em hospitais. Além do biológico e químico, observamos que há também os riscos psicológico e físico. Quadro 2 Categoria do risco Definição Exemplos encontrados no ambiente hospitalar Biológico Agentes infecciosos ou biológicos, tais como bactérias, vírus, fungos ou parasitas, que podem ser transmitidos por contato com pacientes infectados ou com secreções contaminadas. HIV, enterococos resistentes à vancomicinas (VRE), estafilococos aureus resistentes à meticilina (MRSA), vírus da hepatite B e C, tuberculose. Químico Várias formas de produtos potencialmente tóxicos ou irritantes para o corpo, incluindo medicação, soluções e gases. Óxido de etileno, formaldeído, glutaraldeído, resíduo de gases anestésicos, drogas perigosas como os agentes citotóxicos, pentamidina, ribavirina. Psicológico Situações e fatores associados com o ambiente de trabalho que criam ou aumentam estresse, pressão emocional ou outros problemas interpessoais. Estresse, violência no ambiente de trabalho, turnos de trabalho, insuficiência de pessoal, carga pesada de trabalho, aumento da gravidade dos pacientes atendidos. Físico Agentes no ambiente de trabalho que podem causar traumatismo. Radiação, lasers, barulho, eletricidade, temperaturas extremas, violência no ambiente de trabalho. Fonte: Burmester (2013, p. 23). Como vimos, o princípio da biossegurança é a adoção de um conjunto de medidas voltadas para prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de prestação de serviços e para produção, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que possam comprometer a saúde do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. 32 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade III 5.2 Equipamentos de proteção Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) destinam‑se a proteger os profissionais durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco de contato com sangue e fluidos corpóreos. Os EPIs são óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeáveis e sapatos fechados. Figura 7 Constituem os EPCs: caixas para material perfurocortante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante etc. Considerando os riscos aos quais os profissionais da área de saúde estão expostos, os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e outros EPIs que precisam ser removidos ou, quando passiveis de esterilização, guardados em local apropriado antes de deixarem a área de trabalho. O uso de luvas de procedimentos é adequado ao trabalho em todas as atividades que possam resultar em contato acidental direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas, elas devem ser descartadas. Alguns cuidados precisam ser seguidos ao utilizar o material, tais como: Observar a integridade do material; quando alterado, solicitar substituição. Mantercabelos presos e unhas curtas. Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio etc.). Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos. Figura 8 33 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Lembrete Quando houver acidente com material biológico envolvendo face, olhos e mucosas, deve‑se lavar imediatamente todas as partes atingidas com água corrente. 5.3 Armazenamento dos resíduos sólidos de saúde O armazenamento dos resíduos sólidos de saúde deve ser acompanhado com atenção pelos gestores das unidades de saúde, laboratórios etc., haja vista os riscos existentes para a segurança individual e coletiva. A RDC/Anvisa nº 306 (ANVISA, 2004), trata do armazenamento externo dos resíduos sólidos de saúde, que deve ser feito no seu denominado abrigo, que precisa ser construído em um ambiente exclusivo e segregado, possuindo, no mínimo, um local separado para armazenamento de recipientes contendo resíduos do Grupo A (com risco biológico) juntamente com os do Grupo E (materiais perfurocortantes), além de um espaço para o Grupo D (resíduos comuns). O abrigo deve ser identificado e restrito aos funcionários responsáveis pelo gerenciamento de resíduos para que tenham fácil acesso aos recipientes de transporte e aos veículos coletores. Os recipientes de transporte interno não podem transitar pela via externa à edificação. Ainda de acordo com essa norma, o abrigo de resíduos deve ser dimensionado de acordo com o volume de resíduos gerados, com a capacidade de armazenamento compatível à periodicidade da coleta. O piso deve ser revestido de material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização. Há a necessidade de aberturas para ventilação, de dimensão equivalente a, no mínimo, 1,20 m da área do piso, com tela de proteção contra insetos. A porta ou tampa do abrigo necessita de largura compatível com as dimensões dos recipientes de coleta. Pontos de iluminação, água e energia elétrica devem ser instalados de acordo com as conveniências e necessidades. O escoamento da água deve ser direcionado para a rede de esgoto do estabelecimento. O ralo sifonado precisa possuir tampa que permita sua vedação. É recomendável que a localização seja tal que não abra diretamente para área de permanência de pessoas e para circulação de público, dando‑se preferência aos locais de fácil acesso à coleta externa e próximos das áreas de armazenamento de material de limpeza ou do expurgo. O trajeto para o transporte de resíduos, desde sua geração até o armazenamento externo, deve permitir livre e segura passagem dos recipientes coletores, possuir piso com revestimento resistente à abrasão, com superfície plana, regular e antiderrapante, além de uma rampa, quando necessário. 34 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade III As informações acerca da inclinação e as características dessa rampa podem ser obtidas na RDC/ Anvisa nº 50/2002. A seguir, destacamos o que diz a resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004: Dispõe sobre o Regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 11, inciso IV, do Regulamento da Anvisa aprovado pelo Decreto n. 3.029, de 16 de abril de 1999, c/c o artigo 111, inciso I, alínea “b”, § 1º do Regimento Interno aprovado pela Portaria n. 593, de 25 de agosto de 2000, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2000, em reunião realizada em 6 de dezembro de 2004, Considerando as atribuições contidas no artigo 6º, artigo 7º, inciso III e artigo 8º da Lei 9782, de 26 de janeiro de 1999; Considerando a necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos contidos na Resolução RDC 33, de 25 de fevereiro de 2003, relativos ao gerenciamento dos resíduos gerados nos serviços de saúde – RSS, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Considerando os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes, preservando a saúde pública e o meio ambiente; Considerando que os serviços de saúde são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados, atendendo às normas e exigências legais, desde o momento de sua geração até a sua destinação final; Considerando que a segregação dos RSS, no momento e local de sua geração, permite reduzir o volume de resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais dentre outros benefícios à saúde pública e ao meio ambiente; Considerando a necessidade de disponibilizar informações técnicas aos estabelecimentos de saúde, assim como aos órgãos de vigilância sanitária, sobre as técnicas adequadas de manejo dos RSS, seu gerenciamento e fiscalização; Adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor‑Presidente, determino a sua publicação: 35 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Artigo 1º Aprovar o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, em Anexo a essa Resolução, a ser observado em todo o território nacional, na área pública e privada. Artigo 2º Compete à Vigilância Sanitária dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, com o apoio dos Órgãos de Meio Ambiente, de Limpeza Urbana, e da Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, divulgar, orientar e fiscalizar o cumprimento dessa Resolução. Artigo 3º A vigilância sanitária dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, visando ao cumprimento do Regulamento Técnico, poderão estabelecer normas de caráter supletivo ou complementar, a fim de adequá‑lo às especificidades locais. Artigo 4º A inobservância do disposto nessa Resolução e seu Regulamento Técnico configura infração sanitária e sujeitará o infrator às penalidades previstas na Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis. Artigo 5º Todos os serviços em funcionamento, abrangidos pelo Regulamento Técnico em anexo, têm prazo máximo de 180 dias para se adequarem aos requisitos nele contidos. A partir da publicação do Regulamento Técnico, os novos serviços e aqueles que pretendam reiniciar suas atividades, devem atender na íntegra às exigências nele contidas, previamente ao seu funcionamento. Artigo 6º Essa Resolução da Diretoria Colegiada entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a Resolução Anvisa – RDC n. 33, de 25 de fevereiro de 2003 (ANVISA, 2004). A seguir, destacamos a RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005, que trata do Regulamento Técnico para o funcionamento de Laboratórios Clínicos: Dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento de Laboratórios Clínicos. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 11, inciso IV, do Regulamento da Anvisa aprovado pelo Decreto 3.029, de 16 de abril de 1999, c/c o § 1º do artigo 111 do Regimento Interno aprovado pela Portaria n. 593, de 25 de agosto de 2000, republicada no DOU de 22 de dezembro de 2000, em reunião realizada em 10 de outubro de 2005; Considerando as disposições constitucionais e a Lei Federal n. 8080 de 19 de setembro de 1990 que trata das condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, como direito fundamental do ser humano; 36 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade III Considerando a necessidade de normalização do funcionamento do Laboratório Clínico e Posto de Coleta Laboratorial; considerando a relevância da qualidade dos exames laboratoriais para apoio ao diagnóstico eficaz, adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor‑Presidente substituto, determino a sua publicação: Artigo 1º Aprovar o Regulamento Técnico para funcionamento dos serviçosque realizam atividades laboratoriais, tais como Laboratório Clinico, e Posto de Coleta Laboratorial, em anexo. Artigo 2º Estabelecer que a construção, reforma ou adaptação na estrutura física do laboratório clínico e posto de coleta laboratorial deve ser precedida de aprovação do projeto junto à autoridade sanitária local em conformidade com a RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, e RDC/Anvisa n. 189, de 18 de julho de 2003, suas atualizações ou instrumento legal que venha a substituí‑las. Artigo 3º As Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Federal devem implementar os procedimentos para adoção do Regulamento Técnico estabelecido por essa RDC, podendo adotar normas de caráter suplementar, com a finalidade de adequá‑lo às especificidades locais. Artigo 4º O descumprimento das determinações desse Regulamento Técnico constitui infração de natureza sanitária sujeitando o infrator a processo e penalidades previstas na Lei n. 6437, de 20 de agosto de 1977, suas atualizações, ou instrumento legal que venha a substituí‑la, sem prejuízo das responsabilidades penal e civil cabíveis. Artigo 5º Essa Resolução entra em vigor na data de sua publicação (ANVISA, 2005). Saiba mais Todo laboratório clínico e/ou posto de coleta laboratorial, público ou privado, deve estar inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – Cnes. Para conhecer mais sobre os procedimentos de alvará, consulte o endereço eletrônico: <http://cnes.datasus.gov.br/>. Outro aspecto que os laboratórios clínicos e/ou postos de coleta devem assegurar é a confiabilidade dos serviços prestados. Para tanto, investir em qualidade é necessário e faz toda a diferença na imagem da organização. 37 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS 6 GARANTIA DA QUALIDADE Abordaremos a questão da garantia da qualidade para laboratórios clínicos e/ou postos de coleta. Os sistemas de garantia da qualidade resultam da aplicação da abordagem sistêmica ao controle total da qualidade. São métodos gerenciais que preconizam o esforço globalizado e sistêmico da empresa e que se baseiam, resumidamente, nas seguintes premissas de qualidade: • resultado do trabalho de cada um e, portanto, todos são responsáveis pela garantia da qualidade, inclusive a alta administração da empresa; • está baseada na tecnologia, que se fundamenta no desenvolvimento de recursos humanos; • deve ser explicitada para que possa ser controlada e desenvolvida. É fundamental, em virtude da mudança de hábitos que representa, que a introdução dos sistemas de garantia da qualidade se faça de modo planejado e gradual; além disso, a globalização da economia tornou necessária a padronização de seus requisitos. No caso específico dos laboratórios, a garantia da qualidade assegura ao cliente (paciente) que o fornecedor (laboratório) tem capacidade de atender aos requerimentos técnicos e organizacionais exigidos nas normas e nos contratos de fornecimento para a realização dos procedimentos solicitados pelos médicos. Por outro lado, garante também aos laboratórios, que seus fornecedores obedeçam também aos requisitos previstos. De acordo com a SBPC/ML (2010), o processo de acreditação é voluntário e ocorre quando uma instituição, governamental ou não, avalia um laboratório através de uma auditoria e determina se ele atende a condições predeterminadas para exercer as tarefas a que se propõe. Dentre vários objetivos, esse processo pretende certificar a qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, o cumprimento dos requisitos é fundamentado em normas específicas de qualidade que contemplam as atividades laboratoriais, tais como: • atendimento à legislação vigente e ao cliente; • realização de exames; • validade dos reagentes e produtos utilizados; • calibração de aparelhos; • rastreabilidade do processo; 38 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 Unidade III • capacitação da equipe; • outros. Atualmente, a acreditação no Brasil não é obrigatória. O laboratório pode escolher o órgão acreditador baseando‑se em sua credibilidade, experiência e no conhecimento técnico de seus auditores, que incentivam a equipe do laboratório, a alta direção e a gerência a alcançarem níveis cada vez mais elevados de qualidade e melhoria contínua. Vejamos o que diz o Inmetro a respeito de realização de ensaios de laboratório. A acreditação de laboratórios de análises clínicas é concedida com base nos requisitos estabelecidos na norma ABNT NBR NM ISO 15.189. É aplicável a laboratórios onde se realizam exames de materiais biológicos, microbiológicos, imunológicos, químicos, imuno‑hematológicos, hematológicos, biofísicos, citológicos, patológicos ou de outros materiais provenientes do corpo humano, com a finalidade de fornecer informações para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, ou para a avaliação de saúde de seres humanos e que podem oferecer serviços de consultoria e acompanhamento que abrangem todos os aspectos das investigações em laboratório, incluindo a interpretação de resultados e conselhos sobre investigações adicionais apropriadas. A acreditação é concedida para um determinado escopo, que inclui exame, metodologia, material e procedimento operacional padrão. A acreditação de laboratórios não é concedida para atividades de natureza subjetiva ou interpretativa, tais como expressão de opinião, investigação de falhas ou consultoria, mesmo que essas atividades sejam baseadas em resultados de calibrações ou ensaios objetivos. A acreditação é de natureza voluntária, sendo concedida para qualquer laboratório que realize serviços de calibração e/ou ensaio, em atendimento à própria demanda interna ou de terceiros, independente ou vinculado a outra organização, de entidade governamental ou privada, nacional ou estrangeiro, independente do seu porte ou área de atuação. A realização de ensaios de laboratório em amostras de produtos é um dos meios mais frequentemente usados para avaliar a conformidade. Tipicamente os ensaios são efetuados sobre uma amostra do produto e seguem procedimentos padronizados estabelecidos em normas técnicas. Um dos aspectos fundamentais para a sua aceitação como base para garantir a conformidade de produto é a possibilidade de repetição do ensaio, sempre que existirem dúvidas, e da sua viabilidade de reprodução, para que seja possível a outros laboratórios chegarem a resultados semelhantes. Isso acontece em decorrência da própria técnica do ensaio e da padronização do procedimento. Da mesma maneira, a confiança nas medidas produzidas só pode ser conquistada com o uso de equipamentos de ensaios calibrados por padrões conhecidos e internacionalmente aceitos. Assim, se tais elementos não estiverem satisfeitos, não será possível garantir a conformidade de um produto a determinado requisito técnico mediante o uso dos resultados de ensaios. 39 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 09 /1 6 SERVIÇOS LABORATORIAIS E EXAMES CLÍNICOS Como instrumento de demonstração da competência técnica de um laboratório para realizar determinado ensaio é que se desenvolveu a atividade de acreditação, possibilitando maior confiança aos resultados. Assim, por vezes, os clientes exigem que os ensaios que constituem a avaliação da conformidade de um produto sejam efetuados em laboratórios acreditados. A acreditação (ou credenciamento) é um instrumento muito importante para a credibilidade e para a agregação de confiança nas atividades de verificação da conformidade. É executada por um organismo que concede reconhecimento formal da competência técnica do agente que desenvolveu a avaliação da conformidade. A Organização Nacional de Acreditação – ONA (2011) define “acreditação” como um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde. Tem um caráter eminentemente educativo, voltada
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