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76 Unidade III Unidade III Neste momento, serão abordados outros instrumentais utilizados para o exercício profissional do assistente social. São eles: trabalho com grupo e em comunidades, educação popular, elaboração de planos, programas e projetos e a questão do orçamento público. Também serão vistos outros aspectos que são importantes ao profissional e que referem‑se à supervisão de estágio, algo que tem sido pouco falado nos cursos de serviço social. Após tais colocações, será estudada a relevância da dimensão investigativa que integra o fazer do assistente social. 7 TRABALHO COM GRUPO E EM COMUNIDADES E A EDUCAÇÃO POPULAR 7.1 O trabalho com grupo Aqui existe um ponto de discussão sobre a utilização, pelo serviço social, de metodologias grupais. Atualmente, tal ação vem crescendo substancialmente por meio dos assistentes sociais. Via de regra, os procedimentos de ação grupal são aqueles que o assistente social agrega uma quantidade de pessoas que vivenciam situações comuns. As experiências partilhadas, as vivências e a similaridade de algumas situações são os motivadores para a junção das pessoas em um grupo em que o assistente social irá atuar. Os procedimentos de caráter grupal são aqueles que envolvem o atendimento dos usuários em agrupamentos organizados pelos assistentes sociais, geralmente tomando como critério a existência de situações comuns, que implicam necessidades comuns. Os grupos assumem características bem diferenciadas e o seu desenvolvimento faz parte de um esforço profissional voltado à ampliação das possibilidades de compreensão e reflexão dos usuários, através da convivência entre pessoas que possuem necessidades e situações de vida semelhantes (BONFIM; TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 80). Aliás, o que faz com que o grupo funcione e não se esvazie é justamente o fato de as pessoas inseridas nessa modalidade de ação se sentirem parte de algo. O vínculo é, portanto, uma condição basal para o desenvolvimento das atividades grupais pelo assistente social. Observe que o vínculo entre os pares é importante, bem como aquele estabelecido entre os integrantes do grupo e o assistente social. O técnico é um importante articulador, mediador dessa relação, mas também participa desse processo. Bonfin, Teixeira e Albiero (2018) indicam que toda a ação do assistente social deve acontecer considerando‑se o grupo como uma expressão da sociedade em que vivemos e nos movimentamos. Os grupos são, portanto, representações da sociedade de classes em que vivemos. Entendê‑los requer a análise dos grupos seguindo esses parâmetros. Além disso, a compreensão histórica do grupo também é relevante, da mesma maneira que percebê‑lo como resultado do processo histórico pelo qual passou o gênero humano. Não é possível, por conseguinte, uma intervenção qualificada junto a grupos se o 77 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL profissional não o compreende como resultado do processo histórico e circunscrito em uma sociedade capitalista, composta por classes sociais. Veja a seguir as premissas de Bonfim, Teixeira e Albiero (2018, p. 81) sobre o tema: • O significado da existência e da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva histórica que considere a sua inserção na sociedade, com suas determinações econômicas, institucionais e ideológicas. • O próprio grupo só poderá ser conhecido enquanto um processo histórico, e neste sentido talvez fosse mais correto falarmos em processo grupal, em vez de grupo. Dessas premissas decorre que todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou transformar as relações sociais desenvolvidas em decorrência das relações de produção, e, sob este aspecto, o grupo, tanto na sua forma de organização como nas suas ações, reproduz ideologia, que, sem um enfoque histórico, não é captada. As ações desenvolvidas em grupo, por conseguinte, também provocam alterações na forma como a sociedade se compreende. Em tese, as mudanças mais significativas na vida de uma sociedade dependem da ação coletiva, grupal. “[...] toda ação transformadora da sociedade só pode ocorrer quando indivíduos se agrupam” (BONFIM; TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82), sendo que esse também deve ser um pressuposto a ser considerado sempre que pensamos sobre a ação grupal. Lembrete Atuar com grupos pressupõe compreendê‑los em sua relação com a história e como decorrentes do movimento das classes sociais. Assim, além de indicar a necessidade de compreender os grupos como reflexo de uma totalidade, de entendê‑los como circunscritos na história, como influentes no processo de desenvolvimento histórico, Bonfin, Teixeira e Albiero ainda oferecem uma série de pontos a serem considerados quando idealizamos o desenvolvimento de uma ação grupal, os quais estão assim representados: • Apreensão do impacto da alienação capitalista na esfera objetiva e subjetiva do sujeito e sua conexão com as determinações concretas da realidade. • Compreensão da inserção do grupo nas instituições, uma vez que “todo grupo ou agrupamento existe sempre dentro de instituições [...]. • Percepção da história de vida de cada participante, pois tem impacto no processo grupal. 78 Unidade III • O nível de análise ocorre na ordem interna e externa, entretanto, é na realidade objetiva que a dialética se manifesta. Ao mesmo tempo, os sujeitos vão manifestando as relações de dominação existentes, bem como a possibilidade de seu enfrentamento, sempre atentando para não reforçar as relações capitalistas. • Os papéis sociais são desempenhados não só objetivamente, mas subjetivamente, através de representação ideológicas (BONFIM; TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82). Além da percepção da relação firmada entre o grupo e a sociedade capitalista, os autores indicam também a necessidade de contextualizar o grupo ante a instituição em que ele está inserido. No sentido da contextualização, é necessário também compreender e conhecer a história de vida de cada participante do grupo. Vejamos, o grupo congrega várias identidades, histórias, e isso trará influência no desenvolvimento da atividade em geral. No grupo, temos a reprodução e a representação de papéis sociais que estão presentes na sociedade. Assim, quando o profissional for atuar com grupos, é basal compreender e observar todos esses aspectos e, sobretudo, considerar que: “Todos os fenômenos que abarcam a vida dos sujeitos têm seu caráter singular e universal e é através da percepção da particularidade que se pode entender a relação entre o singular e o universal” (BONFIM;TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82). Mas como organizar uma atividade dessa natureza? O primeiro quesito é definir ações socioeducativas, ou seja, intervenções que estejam orientadas para a socialização de informações e para o processo reflexivo. Todas as ações desenvolvidas em grupo são orientadas pelo diálogo, pela troca e pela problematização. Mas o que é uma ação voltada à problematização? É uma intervenção assentada na relação dialógica e na qual apresentam‑se aos atendidos situações específicas, situações‑problema, para as quais é preciso uma reflexão, a fim de encontrar uma alternativa, uma solução. Isso motiva as pessoas e deve ser utilizado como um catalizador para o grupo. Bonfim, Teixeira e Albiero (2018) colocam que a intervenção por meio do grupo deve ainda considerar a organização prévia. Antes de organizar o grupo, é importantíssimo o planejamento, considerando‑se, para tanto, o número de participantes do grupo, a duração das atividades, quantos encontros serão realizados, quais serão os temas abordados e quais serão os recursos necessários. Para que exista adesão dos participantes, e para que o grupo cumpra de fato seu papel socioeducativo, é condição imprescindível que os temas abordados tenham relação com a vivência dos participantes do grupo. Caso contrário, o grupo não irá conseguir contemplar de forma plena os objetivos aos quais se orientou. A título de exemplo, pode ser visto o relato de Silva e Silva (2015) sobrea intervenção como assistentes sociais em grupos de familiares de adolescentes atendidos no âmbito do SUS do Rio de Janeiro. Nessa intervenção, o assistente social foi integrado ao Grupo Operativo com Acompanhantes de Adolescentes Hospitalizados, no qual as abordagens buscavam estimular o papel protetivo da família em relação aos adolescentes em situação de internação. A ação em questão foi interdisciplinar e integrada na dinâmica do hospital. Como resultado dessa prática, há a consolidação do grupo como um espaço 79 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL de escuta qualificada, de estímulo à autonomia das famílias, contemplando a chamada característica socioeducativa idealizada para essas ações. Já no âmbito da questão laboral, vemos que Silva entende o grupo como um espaço de troca e partilha entre os pares. A síntese da autora nos indica que a experiência grupal pode ser assim resumida: O exercício da prática coletiva na enfermaria de Adolescente do NESA é entendido, na nossa concepção, como importante prática na formação profissional, de modo que possibilita um novo fazer profissional, viabilizando uma assistência para além da medicalização e tratamento clínico de forma integrada com diferentes categorias. Busca, por fim, estabelecer outro tipo de vínculo com os adolescentes e acompanhantes, de modo que sejam ofertadas ferramentas para que estes tenham autonomia nas suas escolhas, se entendam enquanto sujeitos de direito, informados e conhecedores destes, estabelecendo uma relação de pactuação e parceria entre equipe, acompanhantes e adolescentes, de modo que todos estejam implicados no atendimento e cuidados destes sujeitos, tendo como diretriz o compromisso ético‑político na atenção integral à saúde do adolescente (SILVA; SILVA, 2016, p. 10). 7.2 O trabalho em comunidades e a intervenção em educação popular Em tese, o trabalho de comunidade e a educação popular são conceitos análogos e buscam designar práticas que o assistente social realiza em prol da conscientização de grupos específicos. Em tese, esse conceito deve orientar e nortear todas as práticas sociais desenvolvidas pela categoria, as quais devem estar voltadas à emancipação dos seres humanos, ao fortalecimento de seu protagonismo. O conceito de educação popular foi cunhado por Paulo Freire no Brasil em meados dos anos 1970 e buscava destacar práticas educativas que buscassem potencializar o ser humano. Freire acreditava que o ser humano só poderia perceber a situação de subordinação vivenciada por meio do processo educativo. O serviço social, após o movimento de reconceituação, se apropriou da fundamentação freireana, incorporando seus conceitos, porém, aplicando‑os à prática profissional. Nesse sentido, o serviço social passou a ser compreendido como uma profissão que poderia, por sua vinculação aos espaços coletivos, viabilizar a conscientização da população com a qual atua (MACHADO, 2013). Para tanto, esse tipo de atuação mais voltada à comunidade, à população vulnerável, surgiu na categoria com as intervenções do governo de Juscelino Kubitschek no contexto de 1956 a 1961. Nesse período, observa‑se que os assistentes sociais foram estimulados a integrar as equipes do governo, visando a sua educação nos formatos estatais. Acreditava‑se que os assistentes sociais poderiam estimular as populações mais pobres na superação das situações de subdesenvolvimento. A ótica das ações esteve orientada ao entendimento de que cada brasileiro deveria colaborar com o desenvolvimento econômico do país. As ações foram organizadas no espaço urbano e rural, e esse foi um grande período de expansão dos postos de trabalho para os assistentes sociais. No período em pauta, os profissionais desenvolviam intervenções voltadas ao estímulo à alfabetização, à educação de base e à cultura popular. Agora, o indivíduo passa a ser responsabilizado 80 Unidade III pelo desenvolvimento econômico do país. Sua falta de escolarização, má educação e incapacidade de colaborar com a nação passam a ser objeto de intervenção do assistente social. Machado (2013) coloca que somente a partir do movimento de reconceituação do serviço social brasileiro é que tivemos a unificação dos métodos de ação. Assim sendo, observa‑se que a atuação em comunidade foi sendo substituída pelo chamado método único. Juntamente a essa mudança de instrumentais, houve um rompimento da categoria com práticas que buscassem induzir comportamentos ou então responsabilizar o ser humano pelo subdesenvolvimento do país. Assim, os assistentes sociais passaram a se aproximar dos conceitos de Paulo Freire, atuando em prol da educação popular. Essa abordagem voltada à educação popular passou a ser usada por profissionais que atendem indivíduos, grupos, famílias, movimentos sociais, organizações não governamentais e todas as demais demandas geradas. Atualmente, a educação popular “[...] aposta em metodologias que estimulam a luta coletiva pela emancipação humana” (MACHADO, 2013, p. 129). Lembrando uma vez mais que somente as abordagens coletivas, que englobam vários indivíduos, é que conseguem, de fato, provocar mudanças significativas na sociedade. O primeiro elemento dessa prática seria a conscientização dos atendidos de sua situação, algo que não é imposto, mas sim construído. A partir disso, busca‑se fortalecer espaços de luta e de protagonismo dos segmentos mais vulnerabilizados, visando colaborar com a equidade e a justiça social e com os demais parâmetros que orientam o exercício profissional. Assim, todas as intervenções são assentadas na noção de educação popular. Quadro 9 – Síntese dos conteúdos Intervenção com Grupo Intervenção com comunidade e em educação popular Compreendido no processo histórico e relacionado às classes sociais Surgiu no serviço social brasileiro no contexto desenvolvimentista Necessidade de vínculos sociais estabelecidos Atua em prol da conscientização e da educação da população O grupo precisa ter planejamento prévio e cumprir uma função socioeducativa Hoje, requer metodologias específicas para desenvolver o caráter socioeducativo 7.3 Elaboração de planos, programas e projetos e a questão do orçamento público Agora será abordado outro aspecto da ação do assistente social, o qual está vinculado à elaboração de planos, programas, projetos e orçamento. Serão vistos alguns conceitos que permitem compreender e diferenciar planos de programas e projetos. Boschetti (2000) coloca que a elaboração de planos, programas e projetos, assim como a sua execução, sua avaliação e demais aspectos vinculados estão relacionados à questão de planejamento. Em tese, o planejamento, segundo a autora, não refere‑se apenas à antecipação de uma ação, mas a sua organização prévia, execução e mensuração de resultados alcançados. Os planos, programas e os projetos são documentos que sistematizam o processo de planejamento desde o momento da reflexão até o da execução. Os assistentes sociais são chamados para elaborar e executar essas e outras ações ligadas ao planejamento. 81 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL Observação Os assistentes sociais podem atuar na execução e no planejamento das políticas sociais, podendo também desenvolver uma prática de planejamento em empresas privadas e junto ao terceiro setor. Segundo Paulo Netto (2001) e Boschetti (2000), os assistentes sociais atuam junto às políticas sociais, quer seja no seu planejamento ou em sua execução. Nesse sentido, é preciso compreender que as intervenções, com relação à questão do planejamento, estão relacionadas aos trabalhos realizados em serviços públicos prioritariamente e também junto de instituições privadas e organizações não governamentais. Inicialmente, a categoria era reconhecida somente como mera executora de políticas sociais, porém, nos últimos anos, pode‑se observar a ampliação das possibilidades de atuação na gestão e na elaboração de políticas e serviços sociais. Iamamoto (2001) nos coloca que é preciso se apropriar desses espaçoslaborais, pois, caso contrário, outros profissionais o farão. Mas para que exista essa apropriação de fato, é importantíssimo saber elaborar cada um dos documentos em questão. O plano é o documento maior, mais amplo e define as linhas gerais de uma ação sobre um tema específico. Por exemplo, um plano de ação junto à criança e ao adolescente precisa ser compreendido como um documento que irá oferecer parâmetros genéricos de intervenção em relação à criança e ao adolescente em um determinado local, espaço e tempo. No plano deve haver a apresentação dos aspectos gerais que definem a demanda sob a qual haverá a ação. No caso do exemplo apresentado, o plano demandaria indicar uma caracterização da população alvo da ação. Além dessa apresentação e caracterização da demanda, é necessária a distribuição de tarefas e funções para os mais diversos órgãos, como, por exemplo, departamentos, secretarias e ministérios. Afinal, o plano traça aspectos gerais, mas é necessário delimitar como esses aspectos gerais serão executados no cotidiano das práticas sociais, distribuindo competências e responsabilidades para cada setor. Essa distribuição faz com que os objetivos postos no plano sejam contemplados. De acordo com Teixeira (2000a, p. 4), o plano pode ser assim caracterizado: É o documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem atacados, dos programas e projetos necessários, dos objetivos, estratégias e metas de um governo, de um Ministério, de uma Secretaria ou de uma Unidade. A elaboração desse documento, no entanto, exige capacidade técnica do profissional, que engloba tanto domínio da língua culta quanto apropriação dos parâmetros legais das políticas sociais. Outrossim, não é possível elaborar um plano de ação para a criança e para o adolescente em que não é vista a forma correta de escrever. Assim como, para elaborá‑lo, é preciso também ter pleno conhecimento da legislação que orienta tanto os serviços destinados a essa faixa etária quanto os demais aspectos relacionados à infância e à adolescência. No caso do assistente social, este deve propor ações e intervenções que coadunem com os parâmetros da categoria. 82 Unidade III Saiba mais Que tal conhecer um exemplo de um plano? A seguir, o plano elaborado para delimitar as ações em políticas sociais para mulheres do município de Porto Alegre. PORTO ALEGRE (Município). Plano municipal de políticas públicas para as mulheres. Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://lproweb.procempa. com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/plano_municipal_de_ politicas_publicas_para_as_mulheres.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2019. Nele, é possível observar vários aspectos, como, por exemplo, a questão da distribuição das atividades, a apresentação da demanda e outros afins, os quais nos permitirão conhecer melhor esse instrumental. O plano oferece as linhas gerais, destinadas à ação sob um tema específico. Elas são orientadas para abordar aspectos mais específicos, pontuais. O plano confere uma linha geral, a qual se transforma em várias linhas de ação específicas. Estas são os programas, sendo que de um plano podem surgir vários programas. O programa pode ser expresso por meio de um documento que trabalha um eixo do plano. Está mais próximo da população usuária, mas se estrutura buscando alcançar determinados objetivos que foram apresentados no plano. Ele pode ser compreendido como “ o documento que indica um conjunto de projetos cujos resultados permitem alcançar o objetivo maior de uma política pública” (TEIXEIRA, 2000a, p. 4). Saiba mais Para conferir maior materialidade às discussões empreendidas, que tal conhecer um outro exemplo de um programa de ação? No caso, o programa a seguir é desenvolvido no estado de Pernambuco. PERNAMBUCO (Estado). Secretaria Estadual de Saúde. Programa horta em todo canto. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.saude.pe.gov.br/programa/ secretaria/programa‑horta‑em‑todo‑canto>. Acesso em: 20 ago. 2019. Tanto o plano quanto o programa estão distantes da execução, portanto, longe da população usuária dos serviços. Assim, para implementar as ações que foram planejadas antecipadamente, se faz necessária a elaboração de um projeto, que é o documento que sistematiza a ação de uma maneira mais específica. O projeto é o documento que indica como a ação será executada no cotidiano das práticas sociais, ou, como indica Teixeira (2000a, p. 4), o projeto pode ser compreendido como: 83 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL É a menor unidade do processo de planejamento. Trata‑se de um instrumento técnico‑administrativo de execução de empreendimentos específicos, direcionados para as mais variadas atividades interventivas e de pesquisa no espaço público e no espaço privado. No projeto, temos a indicação das atividades mais específicas, segmentadas, que serão realizadas. O projeto é o instrumental que detalha ações e intervenções a serem desenvolvidas. Para tanto, todos os documentos estão relacionados ao objetivo geral traçado no plano. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre planos, programas e projetos, acesse o link a seguir: ORIENTAÇÕES para elaboração de projeto de intervenção. [s.d.]. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/7499051/4203013/ MODELOPROJETOINTERVENCAO.pdf>. Acesso em: 1º jul. 2019. Couto (2000) dá algumas dicas de como elaborar um projeto de trabalho em serviço social, ou seja, quais itens devem compor um documento dessa natureza. [...] identificação institucional é fundamental para o projeto de trabalho. Que tipo de instituição é? Pública ou privada? Qual é a sua finalidade? Como se organiza? Que recursos usa na sua manutenção? Como se estabelecem as relações de poder? Por que requisitou o assistente social? Em que medida presta serviços à população? Como absorve os demandatários na órbita institucional? Quais são as necessidades sociais da população que se propõe a atender e de que forma? Há espaço institucional para alterações nessa organização? A resposta a esses questionamentos fornece ao assistente social a identificação mínima necessária para construir uma proposta que seja exequível (COUTO, 2000, p. 4). Ou seja, o primeiro passo é apresentar e caracterizar, com muita clareza, o espaço onde a ação se desenvolve. Nesse sentido, todas as informações obtidas sobre o espaço em que a ação será desenvolvida devem ser apresentadas no início do projeto. Esse é o elemento inicial, que dá início a esses documentos. Feita essa apresentação, é preciso ainda identificar e apresentar o público‑alvo. Afinal, a quem se destina a ação? Quais são as especificidades desse público para o qual essa intervenção tem sido planejada, idealizada e será executada? Segundo Couto (2000, p. 4): “[...] é necessário reconhecer quem são os cidadãos usuários desse serviço, quais são suas características, quais refrações da questão social estão sendo objeto de atendimento, como eles organizam seu modo de vida e de resistência” . Somente esse conhecimento permitirá ao assistente social ter clareza de que a ação proposta de fato irá contemplar os interesse do público‑alvo. Isso é vital também para propor ações que despertem o interesse dos usuários. Não há como desenvolver uma ação eficaz se o público‑alvo não se perceber nela. 84 Unidade III Outro item que deve ser considerado na elaboração de um projeto de ação são os parceiros que poderão auxiliar no alcance dos objetivos profissionais. O assistente social deve ter clareza de quais são os seus facilitadores, os quais devem ser profissionais com valores similares ao da categoria. Por exemplo, se um profissional é contrário ao trabalho infantil e é proposto um projeto para minimizar esse tipo de conduta, este pode vincular‑se a outros profissionais que porventura defendam essa prática? Obviamente que não, pois isso fere o projeto ético‑político. De igual maneira, Couto (2000) ressalta que é necessário ainda conheceros possíveis entraves para a execução das ações e propor intervenções condizentes com a realidade constatada. Para a autora: A identificação de projetos solidários ou antagônicos que partilham o mesmo espaço faz com que a escolha de estratégias seja mais pertinente. Esse reconhecimento poderá fornecer elementos para a conjugação de esforços, a identificação de parcerias e também de resistências, o que é fundamental para a proposta de intervenção (COUTO, 2000, p. 5). Para além disso, é igualmente importante o entendimento e caracterização do contexto sob o qual a intervenção é desenvolvida. Não apenas uma apresentação que permita compreender o contexto, mas que torne possível relacionar o objeto da ação à totalidade, entendendo‑o como resultado de fatores múltiplos que estão além do controle do profissional. [...] é preciso identificar esse espaço dentro da realidade social onde o trabalho se inscreve, reiterando a compreensão de que é necessário ter clareza dos impactos que o modo de organização da sociedade causa sobre a realidade do espaço onde se desenvolve o trabalho (COUTO, 2000, p. 5). É preciso ter muita clareza da matriz teórico‑metodológica em que a categoria está vinculada e elaborar um documento condizente com esses parâmetros. Couto (2000, p. 7‑8) apresenta um modelo que pode ser adotado quando for necessário elaborar um projeto de intervenção do serviço social. Esse modelo é composto pelos itens: a) a identificação, a delimitação e a justificativa, claras, do objeto da ação: o que o assistente social, com seu trabalho, se propõe a atender, que refrações da questão social serão objetos de sua intervenção. Nessa identificação, o assistente social deve estabelecer prioridades, que, por sua vez, devem responder de forma efetiva às demandas colocadas; b) a definição de seus objetivos com esse trabalho: o que pretende fazer, quais objetivos pretende alcançar. Os objetivos devem ser claros e exequíveis. A definição de objetivos dá a clareza necessária para compreender a proposta de intervenção profissional; c) a identificação das metas: é preciso quantificar e qualificar o trabalho proposto. Essas metas devem estar relacionadas com os objetivos. 85 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL É necessária a explicitação de indicadores, que serão os medidores da efetividade do trabalho. Todo o trabalho social pressupõe, ao ser executado, uma transformação sobre a realidade; para avaliar isso, é fundamental, na formulação do projeto, que se anunciem os resultados a que se pretende chegar e como, principalmente, o trabalho será monitorado, a fim de que se possam avaliar os resultados; d) o apontamento dos recursos: o projeto deve deixar muito claro quais recursos serão necessários para a sua execução. Neste item, é preciso atentar para os recursos financeiros que serão despendidos. Cada vez mais, os assistentes sociais devem procurar entender de orçamento, seja público, seja privado, dos mecanismos de formulação de propostas orçamentárias e de desembolso financeiro, para não só propor um projeto de trabalho exequível, mas também para buscar, nesse entendimento, estratégias de alargamento de recursos para atender às demandas dos cidadãos usuários; e) por fim, é necessário que o projeto indique os mecanismos de controle social de seu trabalho, como os registros serão efetuados e como o conhecimento produzido no trabalho será potencializado. Um projeto de trabalho deve preocupar‑se com que todo o conhecimento produzido seja um elemento que realimente novos projetos e que ofereça elementos de reforço à população usuária, na sua organização por ampliação de direitos sociais. A proposta pode ser alterada, mudada várias vezes, a depender da necessidade, mas é uma apresentação interessante e que pode ser seguida pelo autor do projeto. Nela, é possível ver que a autora indica cinco itens que, de forma articulada, podem compor um excelente projeto de ação do assistente social. Um ponto crucial se refere aos recursos. Podemos elaborar planos, programas e projetos da melhor forma quanto possível, mas se não houver recursos (financeiros, humanos, pessoais), não é possível desenvolver nenhuma ação. Assim sendo, um dos conceitos propostos neste livro‑texto é o de orçamento. Apesar de o assistente social não atuar especificamente na elaboração de um orçamento, é preciso conhecer esse elemento que, em tese, pode dificultar em muito a execução das ações. O orçamento é um documento que deve ser elaborado pelo governo federal, pelo governo estadual e pelo governo municipal. Em cada um dos orçamentos, os órgãos em questão devem apresentar os valores usados em cada ação. Por exemplo, qual será o valor orçado pelo governo federal para uma ação junto ao Bolsa Família e assim sucessivamente. Órgãos públicos e empresas privadas elaboram orçamentos, no entanto, aos órgãos públicos é obrigatória a apresentação do orçamento. O valor orçado para cada ação deve anteceder a sua realização. Em municípios, os orçamentos são elaborados um ano antes da execução. Assim, se é proposta uma ação para a criança e o adolescente que tenha o seu início no ano de 2020, esta deve ser inserida no orçamento de 2019. O orçamento é a alocação do recurso para finalidades específicas, permitindo assim o desenvolvimento de ações propostas em planos, programas e projetos. “O orçamento é um dos toques de realidade que transforma os sonhos em cenários desejados, porém possíveis” (TEIXEIRA, 2000b, p.18). 86 Unidade III O orçamento, portanto, integra as ações de planejamento que antecedem a execução dos serviços. O orçamento público, por outro lado, é planejado sob influência de uma série de questões, como a situação política do país, as ações do Estado em relação às despesas a serem executadas. Aliás, o orçamento do governo federal dispõe os valores destinados para estados, municípios e para o Distrito Federal. Com base nesses valores e na arrecadação de outros recursos, esses entes também elaboram seus próprios orçamentos. Com relação ao governo federal, o orçamento é elaborado com base no valor destinado a cada ministério. Dentro desse ministério há necessidade de definir qual valor será usado para cada uma das ações desenvolvidas. Depois dessa definição inicial, o orçamento segue para aprovação do Congresso Nacional. Sendo aprovado, deverá, essencialmente, ser executado. Nos municípios e nos estados, assim como no Distrito Federal, o orçamento segue o mesmo caminho em sua elaboração, mudando apenas os responsáveis pela apreciação. O orçamento do governo federal, assim como de estados e municípios e do Distrito Federal, é assentado em três documentos básicos, sendo estes: o Plano Plurianual (PPA), que apresenta o orçamento estimado para quatro anos de gestão; a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que indica metas para o ano subsequente, exibindo também algumas observações sobre a transparência da utilização dos recursos; e a Lei Orçamentária Anual (LOA), que detalha os valores a serem gastos em cada esfera de governo. Na LOA, temos o detalhamento do orçamento anual que, via de regra, vem estruturado em três eixos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e orçamento de investimento das estatais. Estados, municípios e o Distrito Federal também precisam seguir os mesmos parâmetros para elaboração dos respectivos orçamentos. Saiba mais Para ter uma noção mais específica do documento vinculado a um orçamento, acesse a Lei Orçamentária de 2019 no link a seguir: BRASIL. Lei n. 13.808, de 15 de janeiro de 2018. Estima a receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 2019. Brasília, 2019. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/ orca/orcamento/or2019/Lei/Lei13808‑2019.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2019. Após a aprovação do orçamento, que só acontece quando elaborados os documentos, ele deverá ser executado. Para que sejam realizadas alterações no orçamento, é necessária justificativa e nova análise. No casode municípios, a Câmara Municipal analisa possíveis alterações, ao passo que, no governo federal, a análise advém do Congresso. Para a execução do orçamento, é necessário registrar créditos e dotações que seriam os gastos autorizados para cada área de atuação. Assim, se há uma ação junto ao idoso com valor orçado de R$ 50 mil e vinculado à pasta da assistência social, esta deverá aparecer na LOA. Para executar a ação, é preciso haver o crédito do valor correspondente, e à medida que a ação junto ao idoso for sendo desenvolvida, os débitos irão ocorrendo desse valor. Segundo Teixeira (2000a, p. 19): “O primeiro passo da 87 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL execução orçamentária trata de registrar os créditos e dotações, de forma a possibilitar o acompanhamento da evolução dos saldos e programação do orçamento”. Mas e se o valor orçado para uma ação em questão não se mostrar suficiente, é possível uma alteração? Sim, mas é necessário novo trâmite para a mudança. O assistente social precisa entender o processo, conhecê‑lo, mas deve sempre estar atento ao fato de não poder ter prejudicadas as suas atribuições privativas. Figura que elaboração e execução de orçamentos públicos não é uma de suas atribuições. Porém, o profissional precisa compreender como esse processo se desenvolve, pois isso traz influências diretas na execução dos serviços e políticas sociais. Lembrete O orçamento é expresso por meio de três documentos: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Ao assistente social cabe o estímulo à participação popular e ao controle social do orçamento público. A participação popular deve ser estimulada no momento de analisar o orçamento, de planejá‑lo e depois em sua execução. No contexto do planejamento, é importante a população estar presente nos espaços que viabilizam a discussão orçamentária. Mesmo que seja um assunto específico e de difícil entendimento, a população saberá quais são as áreas que demandam maior investimento financeiro. No aspecto da execução, é fundamental acompanhar como o recurso público tem sido utilizado. A participação popular e o controle social devem ser estimulados junto aos orçamentos federais, estaduais e municipais. Veja o texto a seguir, no qual há um exemplo do Orçamento Participativo de Imbituba. Ciclo de audiências públicas do Orçamento Participativo inicia nesta quinta‑feira, na região Sul de Imbituba Imbituba se prepara para cinco audiências públicas do Orçamento Participativo. A intenção do ciclo de encontros é criar a consciência de governo na população e, ao mesmo tempo, organizar as necessidades, debater as demandas e fortalecer a organização social. As reuniões serão, sempre, às 19 horas. O primeiro encontro será nesta quinta‑feira (18), no salão paroquial do bairro de Roça Grande. A reunião é destinada aos moradores de Itapirubá, Boa Vista, Roça Grande, Guaiuba e São Tomaz. No dia 23 de julho, terça‑feira da próxima semana, a equipe do Orçamento Participativo estará no salão paroquial do bairro Sagrada Família. Este encontro abrangerá as comunidades de Campo da Aviação, Porto da Vila, Sagrada Família, Vila Nova e Vila Santo Antônio. No dia 24 de julho, será a vez da região leste do município. Esta reunião é voltada aos moradores dos bairros Paes Leme, Centro, Vila Alvorada, Village, Ribanceira, Vila Nova Alvorada e Vila Esperança. 88 Unidade III No dia 30 de julho, o debate será realizado no Centro Comunitário de Nova Brasília para os moradores dos bairros do Morro do Mirim, Campestre, Nova Brasília e Sambaqui. E, encerrando o ciclo de audiências públicas, os representantes do Orçamento Participativo visitarão a região Norte de Imbituba no dia 1º de agosto. No salão paroquial de Araçatuba, eles estarão reunidos com os moradores de Barra da Ibiraquera, Arroio, Arroio do Rosa, Alto Arroio, Ibiraquera, Araçatuba, Campo D’Una e Penha. “As Audiências Públicas do Orçamento Participativo têm a finalidade de encontrar os cidadãos para debater sobre as necessidades das pessoas e dos bairros e sobre o que a prefeitura já conseguiu realizar”, disse Davi Schmidt, diretor do Orçamento Participativo de Imbituba. Fonte: Imbituba (2019). Exemplo de aplicação No texto anterior, foram vistas as orientações sobre as audiências que foram sendo desenvolvidas para viabilizar a participação da população na elaboração do orçamento público. E você? Já participou desse tipo de atividade? Considera essas intervenções positivas? Em que medida o serviço social pode colaborar com a democratização da elaboração do orçamento público? Pense um pouco sobre isso. Além dessas possibilidades de participação da população no orçamento público, há ainda a chance de a população acompanhar os gastos públicos por meio do Portal da Transparência. No portal, há uma série de informações sobre a execução financeira do governo federal, de estados, municípios e do Distrito Federal. Saiba mais O portal pode ser acessado por meio do link a seguir: <http://www.portaltransparencia.gov.br/>. No site, constam dados detalhados sobre o orçamento da União, mas também a respeito de despesas e receitas, órgãos, estados e municípios, licitações e contratos, convênios, cartões de pagamento, recursos transferidos, benefícios ao cidadão, servidores, viagens a serviço e emenda parlamentar. Para o acesso aos dados, basta clicar no link que mais desperte o seu interesse. 89 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL A seguir, há a síntese dos conteúdos abordados. Quadro 10 – Síntese dos conteúdos Planos Programas Projetos Orçamento Dimensão ampla Detalhamento inicial do plano Indicação de intervenções mais específicas Recursos que sustentam as ações propostas nos planos, programas e projetos Apresentam linhas genéricas, gerais Apresentam linhas mais específicas Estão mais próximos da realidade Sempre deve ser elaborado de forma participativa Ligados a temas e assuntos amplos Estão mais próximo da execução Maior nível de detalhamento das intervenções Pressupõe o controle por parte da população Orçamento público demanda PPA, LDO e LOA 8 A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL, A PRÁTICA PROFISSIONAL E A DIMENSÃO INVESTIGATIVA Antes de adentrar no conteúdo, reflita sobre o texto a seguir. Formação qualificada é raiz do bom atendimento à população – I Jornada Paranaense sobre Estágio Estudantes, professoras/es e assistentes sociais reuniram‑se para um debate urgente: a formação e o trabalho em serviço social em diferentes níveis. O tema foi abordado na I Jornada Paranaense sobre Estágio, Extensão e Residência Multiprofissional em Serviço Social, que aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto, e contou com palestras, mesas redondas e atividades culturais. Participaram da organização do evento, além do Conselho Regional de Serviço Social (Cress‑PR), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss) e a Coordenação Regional do Paraná da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso). De acordo com uma das organizadoras do evento, e vice‑presidenta do Cress‑PR, Elza Campos, o objetivo foi discutir a atual caracterização da formação profissional para uma boa qualidade nos serviços prestados à população usuária. Elza reiterou que os temas do cotidiano do trabalho são preocupações do projeto ético‑político da Comissão de Trabalho e Formação Profissional (da qual participa) e assegurou a importância desses dois dias de evento: “Discutimos uma gama de informações com participantes que pesquisam e aprofundam o debate sobre a formação profissional, numa conjuntura adversa: a de precarização do ensino e desmonte dos serviços públicos”. Júlia Nogueira Michelotto, representante da Enesso, está cursando o 6º período de Serviço Social, no Centro Universitário Unibrasil, e participou da organização da Jornada, por meio da Comissão. A estudante explicou que o evento foi importante para “se aprofundar, compreender e socializar questões sobre condiçõesdo trabalho, porque, às vezes, a sala de aula não dá conta”. 90 Unidade III Samuel Salézio dos Santos, responsável pela supervisão de campo da Regional Sul 1 da Abepss, chamou atenção para a discussão do projeto coletivo profissional, proporcionada pelo evento, especialmente sobre estágio e residência. “Isso é um desafio presente em várias regiões, pois todas sofrem com a precarização do trabalho do assistente social. No caso da residência, assistimos instituições substituírem profissionais da assistência por residentes, além de criarem relações de trabalho autoritárias”, explica. Participaram do evento, também, residentes que atuam no estado. Foi o caso de Larissa Bastos, assistente social e residente no Programa Saúda da Mulher, do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que participou de uma discussão coletiva acerca do trabalho. “A conjuntura atual, o estágio, a extensão e a residência são temas importantes, que foram discutidos no contexto dos cortes nas políticas públicas e dos ataques à educação, pois respinga em todos os níveis”, avalia. Contexto do trabalho em serviço social A conjuntura atual foi uma das preocupações do evento, a fim de compreender o universo atual no qual o serviço social está inserido. Roberto Baggio, coordenador do MST, numa análise, abordou, na mesa de abertura, o cunho político de algumas estratégias mercadológicas que respigam diretamente na formação e no exercício do serviço social. Nesse cenário, o contexto do estágio no Paraná é bem diverso, mesmo com o marco regulatório de 2000, conforme pesquisa realizada e apresentada por Melissa Portes, doutora em Serviço Social e professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), “A partir da tese, verificamos uma diversidade de práticas e organizações do estágio no Paraná, pouco acúmulo de pesquisa na área, além de diferentes interpretações do marco regulatório”, explicou a professora, que compôs uma das mesas redondas. Para ela, o evento marca a socialização e aproximação das experiências sobre o cotidiano do trabalho. A residência é um dos níveis que acaba absorvendo muitas/os profissionais da área, ante a diminuição de vagas no mercado, em instituições diversas e dentro do funcionalismo público. Nesse sentido, Thaisa Closs, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trouxe para a Jornada a discussão de um mapeamento de residências no Rio Grande do Sul que absorvem estes profissionais para além do mercado e do Sistema Único de Saúde (SUS). “O evento é fundamental para construir coletivamente alternativas, repensar a organização e qualificar o atendimento da população usuária, criando possibilidades de educação permanente e atualizada”, avaliou. De acordo com a professora doutora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Lenir Mainardes, a discussão da formação profissional é uma preocupação elementar para a área do serviço social. “A Jornada traz para o debate temas que têm dimensão coletiva e que relacionam o serviço social às questões econômicas, políticas e sociais”, defende Lenir, que é uma das coordenadoras da Especialização em Gestão Pública (estruturada de forma multiprofissional, em diversas ênfases, por meio de Instituições Públicas de Ensino Superior do Paraná). 91 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL Silvana Escorsim, docente da Universidade Federal do Paraná, defende que esses eventos “são essenciais para problematizar a realidade, haja vista que as/os profissionais do serviço social têm preocupação basilar com a formação do ser social. O trabalho, portanto, deve ser debatido constantemente pela nossa categoria”. Fonte: Formação... (2018). No texto anterior vimos que há vários atores envolvidos na organização de um evento no qual o tema esteve orientado para a formação oferecida e para o papel que o estágio tem nesse processo. Exemplo de aplicação E você, como percebe o estágio? Acredita também que uma formação rudimentar no estágio poderia comprometer a sua formação futura como assistente social e poderia, ainda, comprometer de forma negativa a qualidade dos serviços prestados à população? Reflita sobre isso! Neste momento serão apresentados os parâmetros e orientações do estágio curricular obrigatório em serviço social. Para isso, é importante indicar as informações relacionadas ao estágio contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando ainda pela Lei Federal de Estágio, pelas diretrizes curriculares do curso de Serviço Social segundo a Abepss, pelas resoluções do Conselho Nacional de Educação e por demais documentos da categoria que orientam a realização do estágio curricular obrigatório. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) oferece parâmetros mínimos em relação ao estágio curricular, indicando aspectos que devem ser observados em instituições de nível superior e que oferecem estágio curricular obrigatório em sua formação. No sentido em pauta, a LDB destaca que as instituições de ensino superior possuem autonomia universitária e que por isso também possuem responsabilidade em oferecer normativas para o estágio. Também figura que o estágio é um momento de formação, e não um momento de trabalho (CFESS, 2010). Temos ainda as resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) que orientam as questões do estágio. São elas: Resoluções n. 492/2001; n. 1.363/2001; e a n. 15/2002. Estas já não são tão genéricas e buscam orientar sobre o estágio curricular em serviço social, algo que as instituições de ensino superior precisam observar. Nessas resoluções indica‑se a necessidade de estágio e trabalho de conclusão de curso como itens necessários para a conclusão da graduação. Fortalece ainda a necessidade do supervisor (de campo e pedagógico). O texto em questão indica: O estágio supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço socioinstitucional, objetivando capacitá‑lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita, conjuntamente, por 92 Unidade III professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio (CFESS, 2010, p. 12). Tanto o supervisor acadêmico quanto o de campo são fundamentais no processo de mediação e de formação dos futuros assistentes sociais. A ausência dessas figuras, ou então uma supervisão que não seja de qualidade, pode comprometer de forma negativa o processo formativo do estagiário. As orientações sobre o estágio provêm da Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhecida como Lei do Estágio. Nessa legislação, temos orientações específicas sobre o estágio obrigatório em geral, ou seja, a Lei do Estágio se destina a regulamentar o estágio em geral, e não apenas o estágio em serviço social. Na lei em questão, vemos que nos é apresentado o estágio curricular obrigatório e o não obrigatório. No entanto, a legislação especifica como jornada máxima diária a carga horária de seis horas e define ainda que o estagiário tem direito a recesso de 30 dias após o cumprimento de um ano de estágio. A Lei de Estágio fortalece ainda a noção de que as instituições que firmam convênios visando ao estágio (obrigatório ou não obrigatório) devem oferecer condições físicas mínimas para que o estagiário possa, de fato, passar por esse processo e que este seja educativo. Além das condições físicas, de qualidade, destaca‑se que é papel da instituição responsável pelo estágio oferecer um supervisor que possua formação na área que o aluno estagia. Dessa forma, a legislação busca fortalecer o caráter educativo, garantindo que o estagiário realmente aprenda com o estágio. Saiba mais A Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhecida como Lei de Estágio, pode ser vista no link a seguir: BRASIL. Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera aredação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto‑Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis n. 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória n. 2.164‑41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007‑2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 1º jul. 2019. Aqui cabe um parêntese. Por que essa lei é tão importante? Porque ela tenta evitar que os estagiários trabalhem acima da carga horária indicada, visando não comprometer de forma negativa a sua formação acadêmica. Também porque busca evitar que o estagiário desempenhe funções que não possuem relação com a sua formação. Infelizmente, ainda era muito comum que os alunos contratados http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm 93 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL para estágio acabassem desenvolvendo atividades que não tinham qualquer relação com sua prática profissional, o que é muito incorreto. De certa forma, a lei em questão busca garantir melhorias junto à formação oferecida no estágio, o que é um avanço, uma vez que o estagiário sempre foi tratado como um subprofissional, desempenhando praticamente todas as funções do profissional, porém, com salário bem mais baixo e carga horária elevada. No âmbito das atividades, também era comum que os estagiários realizassem intervenções que não tinham caráter educativo. A Lei do Estágio é construída sob essas bases, conforme podemos ver: Além de oferecer condições físicas adequadas ao processo de aprendizagem, as instituições concedentes têm, conforme estabelecido na lei, obrigação de definir o/a profissional da mesma área de formação do/a estagiário/a para a supervisão, assegurando, desse modo, o desempenho da supervisão como atribuição privativa daquela área profissional (CFESS, 2010, p. 10). De certa forma, as prerrogativas em questão têm vinculação com o que nossa categoria defende, ou seja, de relações mais humanas e que possam, de fato, colaborar com um processo formativo de qualidade. Se observarmos o que é posto nas diretrizes curriculares do curso de serviço social, aprovadas pela Abepss em 1996, podemos observar que já temos ali o entendimento de que o estágio é o momento de formação privilegiada em que o aluno deve realizar a junção teórica e prática. O estágio supervisionado objetiva capacitar o/a aluno/a para o exercício profissional, por meio da realização das mediações entre o conhecimento apreendido na formação acadêmica e a realidade social. No estágio, exercita‑se o conhecimento da realidade institucional, a problematização teórico‑metodológica, a elaboração e implementação do plano de intervenção do/a estagiário/a, articulado à discussão teórico‑metodológica e à utilização do instrumental técnico‑operativo do serviço social, pertinente ao campo específico da ação (CFESS, 2010, p. 12). Assim, a Lei de Estágio vem de encontro ao que a categoria já defendia. Além disso, as resoluções em questão destacam a necessidade do supervisor, acadêmico e de campo. Mas um dos documentos mais importantes da categoria no sentido de disciplinar a questão do estágio em serviço social, conforme o CFESS (2010), é a Política Nacional de Estágio da Abepss que foi aprovada em 2009. Esse documento é importante porque ali há muitas indicações a respeito do estágio curricular em serviço social. Esse documento também se destaca pelo fato de que representa as lutas e posturas da categoria como um todo e sistematiza discussões realizadas por longos anos. Enfim, conforme a Política Nacional de Estágio, o estágio curricular obrigatório e não obrigatório devem fortalecer a possiblidade de o aluno realizar as junções das dimensões teórico‑metodológicas, ético‑políticas e técnico‑operativas, reforçando, uma vez mais, a necessidade de vinculação entre a fundamentação teórica, a intervenção prática e também vincular‑se aos parâmetros ético‑políticos de nossa categoria. Isso quer dizer que o estágio também é o momento de fazermos valer nosso projeto ético‑político, além de viabilizar outros tipos de articulação que são vitais para aqueles que estão em processo de formação. Ou seja: 94 Unidade III Numa leitura atenta e crítica da realidade, a PNE enfatiza, ainda, que o estágio no Serviço Social deve também se nortear por princípios que são preservadores desta lógica, quais sejam, indissociabilidade entre as dimensões teórico‑metodológicas, ético‑políticas e técnico‑operativas; articulação entre formação e exercício profissional; indissociabilidade entre estágio, supervisão acadêmica e de campo; articulação entre universidade e sociedade; unidade entre teoria e prática; articulação entre ensino, pesquisa e extensão (PNE, 2009, p. 12‑14 apud CFESS, 2010, p. 14). Saiba mais Para se aprofundar no assunto, acesse o link a seguir: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Resolução CFESS n. 533, de 29 de setembro de 2008. Ementa: Regulamenta a supervisão direta de estágio no serviço social. Disponível em: <http://www.cfess.org. br/arquivos/Resolucao533.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2019. Ou seja, não há estágio sem a vinculação com a teoria e com os valores que norteiam a profissão. No texto da Política Nacional de Estágio há ainda o fortalecimento do papel dos supervisores, os quais devem estar articulados. Assim, temos um supervisor de campo e um supervisor acadêmico. Via de regra, o supervisor de campo é aquele que atua no espaço onde o estágio é desenvolvido. Já o supervisor acadêmico seria aquele que está vinculado à universidade. Ambos são responsáveis pelo estágio e, por isso, sua vinculação, sua relação é extremamente relevante e importante. A supervisão deve acontecer de forma: [...] articulada entre o/a docente da unidade de formação e o/a assistente social de campo, reafirmando em toda sua processualidade o estabelecido na Resolução CFESS n. 533/2008. Por isso, define os sujeitos envolvidos, incluindo ainda os/as estudantes e a coordenação de estágio, assim como os papéis a eles/as atribuídos (CFESS, 2010, p. 18‑26). O supervisor deve estar com seus direitos profissionais ativos e deve possuir vínculo com a instituição, ou seja, deve ser contratado em um processo formal de trabalho. Esses parâmetros, assim como todos os demais do documento de estágio em questão, devem ser seguidos tanto para o estágio obrigatório como para o não obrigatório. Assim, é sempre necessário que se considere que todas as indicações e orientações para o obrigatório também sejam observadas no caso do não obrigatório. Mas dentre as informações mais importantes do documento, podemos destacar as exigências postas para a realização do estágio em serviço social, ou seja, o que deve acontecer em um processo de estágio. Veja a síntese a seguir: 95 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL a) inserção discente em atividades atinentes ao exercício da profissão; b) garantia de supervisão acadêmica e de campo; c) exigência de relatórios semestrais; d) documento comprobatório da carga horária cumprida no campo de estágio; e) pré‑requisitos ou correquisitos de disciplinas que abordem conteúdos relacionados à ética profissional e fundamentos histórico‑teórico‑metodológicos do serviço social para a inserção nesta atividade; f) o/a docente responsável pela supervisão destes estágios deverá acompanhar o(a) estagiário/a por meio de encontros com os/as estudantes; avaliação das condições éticas e técnicas do campo de estágio e da vinculação das atividades discentes previstas no Termo de Compromisso de Estágio (TCE) ao exercício da profissão serviço social; acompanhamento do instrumento comprobatório da frequência no campo; orientação e avaliação dos relatórios elaborados pelo/a estagiário/a; g) ser necessariamenteofertado como disciplina (CFESS, 2010, p. 15). Isso significa que todos os alunos de serviço social em estágio curricular obrigatório e não obrigatório devem participar de atividades que colaborem com sua formação, tendo direito à supervisão acadêmica e de campo. Além disso, é necessário um rol de documentos que atestem o cumprimento do estágio, como, por exemplo, os termos de compromisso, as fichas de frequência e demais atividades de avaliação. Por fim, será discutido como o estágio é apresentado na Lei que Regulamenta a Profissão e no Código Profissional de Ética do Assistente Social. De acordo com essa legislação, no artigo 5º, consta que a supervisão de estágio em serviço social é uma atribuição privativa aos profissionais habilitados. Já no artigo 14 é indicado que é competência das instituições de ensino superior, com alunos em situação de estágio, informar aos conselhos sobre os alunos que estão em supervisão. Compete ainda às unidades de ensino designar os assistentes sociais que serão os supervisores de estágio. E reforça que o profissional não pode apresentar pendências, ou seja, precisa estar com seus direitos ativos. Artigo 5º Constituem atribuições privativas do assistente social: [...] VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social; Artigo 14 [...] Cabe às Unidades de Ensino credenciar e comunicar aos Conselhos Regionais de sua jurisdição os campos de estágio de seus alunos e designar os assistentes sociais responsáveis por sua supervisão [...]. 96 Unidade III Parágrafo único. Somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta do assistente social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio em serviço social (CFESS, 2010, p.17). Já o Código Profissional de Ética do Assistente Social indica vedações e também deveres do assistente social no que diz respeito ao estágio em serviço social. No sentido em pauta, é importante destacar que, conforme o artigo 4º, constituem vedações à atuação do assistente social junto ao estágio as seguintes: É vedado ao assistente social: [...] d) compactuar com o exercício ilegal da profissão, inclusive nos casos de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos profissionais; e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em instituições públicas e/ou privadas que não tenham em seu quadro assistente social que realize acompanhamento direto ao aluno estagiário (CFESS, 2010, p.18). É proibido ao assistente social, em sua relação laboral, quando na supervisão de estágio, aceitar o exercício ilegal da profissão, incluindo nesse rol estagiários que desenvolvem atividades que são dos profissionais. Mas sempre que isso acontece, deve ser imediatamente interrompido. Também é destacado que o estágio demanda supervisor, assistente social, em seu quadro de funcionários. Aliás, essa indicação também é muito pertinente, afinal, também é comum instituições desejarem o estagiário de serviço social, mas não optarem por contratar o profissional. Infelizmente, nem todos conhecem as prerrogativas da profissão, mas aqueles que conhecem não podem compactuar com esse tipo de conduta ou postura. Antes de darmos seguimento aos nossos estudos, leia o texto a seguir: Denúncia de infração profissional Compete aos Cress fiscalizar o exercício da profissão do assistente social, em seu âmbito de jurisdição, assegurando a defesa do espaço profissional e a melhoria da qualidade de atendimento aos usuários do serviço social. A ação fiscalizadora dos Cress deve articular as dimensões: afirmativa de princípios e compromissos conquistados; político‑pedagógica; normativo e disciplinadora. A seguir, descrevemos alguns tipos de denúncias e respectivas infrações, passíveis de fiscalização: • Uso indevido da expressão “serviço social”. 97 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL • Estágio sem supervisão direta de assistente social. • Leigo assumindo atribuições do assistente social. • Bacharel em serviço social exercendo a profissão sem estar inscrito no Cress/BA. • Assistente social exercendo a profissão com registro cancelado, transferido ou interrompido. • Inadimplência. • Não utilização do n. de Cress. • Compactuar com exercício ilegal. • Compactuar e/ou realizar desvio de função. • Compactuar e/ou realizar estágio sem supervisão. • Compactuar com condições éticas e técnicas de trabalho insuficientes à garantia do sigilo profissional. • Realizar práticas terapêuticas. Fonte: Conselho... [s.d.]. O texto anterior, divulgado no site do Cress da Bahia, indica situações que podem motivar a realização de denúncia de processo ético. Dentre elas, podemos observar: estágio sem supervisão direta de assistente social; compactuar com exercício ilegal; compactuar e/ou realizar estágio sem supervisão. Estas seriam situações que estariam diretamente ligadas ao estágio curricular. Assim, caso se depare com esse tipo de conduta, é basal procurar o Cress para denúncia. Saiba mais Para que possa conhecer ainda mais sobre as questões do estágio em serviço social, é recomendada a leitura do material disponível no link a seguir: O ESTÁGIO e suas implicações na formação e no exercício profissional. In: VI SEMINÁRIO NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DAS COFIS, 2011, Brasília. Brasília: Abepss, 2011. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/ Apresentacao‑cofi‑abepss.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019. 98 Unidade III Não há como realizar uma intervenção, como assistente social, relacionada ao estágio curricular obrigatório sem que sejam observadas as indicações sobre a prática profissional que são postas pelo conjunto CFESS/Cress. É preciso ressaltar que todas as ações, sobretudo a supervisão de estágio, demandam a observação dos parâmetros apresentados. Para além dos documentos difundidos pela categoria, há ainda autores que estudam e produzem conhecimento sobre essa temática. A exemplo disso, temos a produção da assistente social Marta Buriola. As obras da autora são direcionadas para a questão do estágio. No livro Supervisão em Serviço Social: o Supervisor, sua Relação e seus Papéis, a autora nos oferece indicações sobre a postura do supervisor de estágio em serviço social e nos leva a refletir sobre a relação firmada dessa figura com os estagiários, além de nos motivar a pensar sobre esse processo de formação extremamente importante para o desenvolvimento do futuro profissional. Buriola (1996) compreende que a supervisão de estágio em serviço social possui três especificidades, ou, ao menos, deveria possuir: • processo de formação da identidade profissional; • processo de ensino e aprendizagem; • processo de terapia profissional. Mas o que quer dizer isso tudo? A supervisão como processo de formação de uma identidade profissional faz menção ao fato de que, a partir da inserção do estagiário no campo de estágio, há um processo de construção de uma identidade profissional. Na verdade, o estagiário não está pronto, preparado, quando ingressa no estágio. Esse preparo, essa formação, começa a se desenvolver quando ele é inserido no campo de estágio. Nessa inserção, por meio da relação supervisor e aluno, é que temos a consolidação da identidade desse futuro profissional. Outro aspecto importante e destacado por Buriola (1996) se refere ao processo de ensino e de aprendizagem. A autora também entende o estágio como um momento privilegiado de ensino‑aprendizagem. Nesse sentido, para que ocorra, de fato, o ensino‑aprendizagem, é necessário que o aluno‑estagiário possa transpor a dicotomia teoria‑prática. O estágio é o momento em que o supervisor estimula a leitura da realidade observada com o aporte teórico. É necessário também que esse processo venha balizado pelos parâmetros que são conferidos pela profissão ao estágio. E, por fim, o último aspecto indicado pela autora refere‑se ao estágio como terapia. Inicialmente, o termo causa um estranhamento. Afinal, qual seria a conotação terapêutica possível em relaçãoao estágio? Buriola (1996) coloca que todo processo de aprendizagem, educativo, é um processo de mudança. A partir da inserção do aluno em campo de estágio, tanto ele irá aprender, se desenvolver, mudar, quanto o supervisor também. Afinal, quantas vezes nós ouvimos os supervisores dizendo que o estagiário dá um novo ânimo a sua intervenção? Aprendizagem, nesse sentido, sempre deve gerar mudança, assim como um processo terapêutico viabiliza. 99 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL Após essas colocações, a autora passa então a apresentar aspectos que seriam necessários ao assistente social supervisor, ou seja, quais são os fatores que seriam importantes ao bom supervisor de estágio em serviço social, ou quais seriam os fatores preponderantes para a supervisão de estágio em serviço social. Para ela, os fatores influentes junto ao perfil do supervisor seriam a competência, a pessoa do supervisor, as condições de trabalho do supervisor, a sua concepção de mundo e a sua capacidade de selecionar ações prioritárias junto ao estágio. Portanto, o supervisor precisa ter competência técnica e ético política para desempenhar suas funções. Observando a conduta desse profissional, o aluno irá desenvolver essa capacidade. A questão pessoal também. A pessoa do supervisor mostrar‑se empática e receptiva é importante, pois facilita o estabelecimento de vínculo entre esses dois atores. Outro ponto relevante é a questão da visão de mundo. Veja, não há como as pessoas, sobretudo alunos e estagiários, apresentarem a mesma perspectiva de mundo. Mas, como estamos falando de um processo de estágio, obviamente a visão de mundo do supervisor interfira na formação do estagiário. Ambas as figuras presentes nesse processo de supervisão, estagiário e supervisor, precisam apresentar ou desenvolver visões de mundo relacionadas aos postulados da categoria profissional. E, por fim, o supervisor precisa definir quais são as ações prioritárias em que o estagiário deve ser inserido. Ora, em meio a tantas intervenções, quais delas irão colaborar para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno‑estagiário? E mais, quais funções ele não deve desempenhar, uma vez que não agregariam nada em sua formação? Buriola (1996) ainda atribui possíveis papéis ao supervisor de campo, como educador, transmissor de conhecimentos, experiências e informações, facilitador, autoridade e avaliador. Para reforçar tais conceitos, o estágio deve ser um processo educativo e de partilha de conhecimento e vivências. Assim, por analogia, o supervisor também precisa ser esse profissional. Aquele que estimula a aprendizagem do aluno, portanto, apresenta um perfil de educador, de transmissor do conhecimento e de facilitador. O termo facilitador remete às práticas educacionais em que o professor estimula o aluno a aprender, recorrendo a condutas que o incentivem a ir se desenvolvendo. Nesse formato, o aluno não recebe conhecimentos, mas o constrói pela mediação. O supervisor é, nesse sentido, aquele que estimula, que media, mas que não impõe o conhecimento. E apesar de uma perspectiva bastante emancipatória, democrática, a autora destaca ainda que o supervisor assume um caráter de autoridade, uma vez que avalia o aluno. No entanto, essa autoridade não coaduna com autoritarismo e posturas antidemocráticas, mas destaca que, nessa relação aluno e supervisor, a avaliação é algo inerente. Portanto, o supervisor também aparece como autoridade e tem a potencialidade de atuar como avaliador. Ou seja, o supervisor pode assumir esses papéis e mesmo os outros apresentados anteriormente. Neste momento, serão apresentados três relatos de experiência de estágio. No primeiro exemplo, narrado por Paiva, Moreira e Cardoso (2015), o estágio foi realizado por uma aluna que cursava Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina. O estágio aconteceu no Ministério 100 Unidade III Público. As atividades do estagiário foram desenvolvidas no Grupo de Apoio e Reflexão, um equipamento de extensão da Vara de Família. A ação do estagiário era viabilizar reflexões junto às famílias atendidas pela comarca. Na experiência, é narrado que a estagiária realizou, a pedido da supervisão acadêmica, um projeto de intervenção para discutir questões relacionadas à família e ainda analisar as intervenções do Grupo de Apoio e Reflexão. A estagiária observou que houve participação ativa das famílias, e os pontos indicados pelas famílias como necessários de alteração foram mudados com a anuência dos profissionais. Ao final, é indicado que todo o processo de estágio provocou alterações importantes não apenas no estagiário, mas também nas supervisoras, no Grupo de Reflexão e na própria instituição. A experiência de estágio supervisionado em serviço social revelou‑se importante para o processo de formação e aprimoramento profissional, tanto para a estagiária quanto para as supervisoras. Para a instituição, sua importância está na medida em que promove a interface entre troca de saberes pautada em teoria e realidade acerca dos assuntos abordados (PAIVA; CARDOSO; MOREIRA, 2015, p. 72). Já a segunda experiência, mais recente, narrada por Junqueira, Reidel e Cunha (2014), nos apresenta também uma experiência desenvolvida no Judiciário. Nesse caso, o estágio foi firmado entre o curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o serviço social do Fórum da Comarca de Guaíba/RS. O estagiário foi inserido em todas as atividades desenvolvidas pelos assistentes sociais, mas houve um enfoque para o fortalecimento da dimensão investigativa, algo que o estagiário indica como positivo, posto que o estágio não se manteve apenas com práticas cotidianas, mas sim com o estímulo à pesquisa. No caso, o texto indica que houve grande troca entre supervisores e aluno‑estagiário, além de fortalecer a importância da pesquisa e dos parâmetros contidos na profissão. Vejamos um pedaço da conclusão dos autores do artigo sobre o processos de estágio em questão: A experiência de estágio obrigatório relatada neste artigo possibilitou um rico processo de trocas e aprendizagem a todas as pessoas envolvidas – estagiária, supervisoras e usuários. Buscou‑se, no cotidiano profissional, efetivar os princípios éticos e políticos do serviço social, tendo‑se como norte a luta pela afirmação dos direitos dos prestadores de serviços. A efetivação da tríade no processo de supervisão e a adoção de uma postura investigativa foram decisivas para o enriquecimento do processo de formação profissional. Em um contexto em que a educação vem sendo transformada em objeto mercantil, tal experiência representa um esforço de resistência, mediante a busca pela efetivação do projeto pedagógico que a profissão vem construindo para a formação de seus quadros (JUNQUEIRA; REIDEL; CUNHA, 2014, p. 312). Por fim, no último relato de experiência de estágio, Queiroz, Bade e Silva (2014) descrevem uma intervenção de estágio em serviço social desenvolvida na área da saúde em Crissiumal, no Rio Grande do Sul. No caso, o estagiário também foi inserido nas atividades do assistente social. Por meio dessa inserção, ele foi estimulado a fazer a junção da teoria e da prática. O estagiário ainda precisou preparar 101 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL um projeto de intervenção que foi executado no espaço do estágio e que colaborou com a qualidade dos serviços prestados no âmbito do SUS, estimulando e fortalecendo a rede de serviços e a articulação entre os pares. Quadro 11 – Síntese dos conteúdos Estágio (características) Estágio (legislação) Associação teórica e prática Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Condicionado pelos aspectos que regem a nossa categoria Lei Federal de Estágio Demanda supervisor pedagógico e supervisor de campo Resoluções do Conselho Nacional de Educação Momento de consolidação da identidade profissional Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social Lei que Regulamenta a Profissão do Assistente Social/ Código Profissional deÉtica do Assistente Social Política Nacional de Estágio 8.1 A prática profissional e a dimensão investigativa Para situar a discussão sobre a prática profissional, recorre‑se a Iamamoto (2001), uma vez que a autora nos apresenta premissas, postulados e um rol de conteúdos relacionados à análise do serviço social em sua prática profissional. O livro, escrito em 2001, ainda figura como um dos mais lidos pela categoria, sendo, aliás, exigido como bibliografia de vários concursos e processos seletivos para assistentes sociais. Observação Um dos maiores contributos de Iamamoto foi a difusão do entendimento do serviço social como partícipe de um processo de trabalho. Iamamoto (2001) coloca que toda vez que pensamos no serviço social, compreendendo‑o como trabalho circunscrito em um processo de trabalho, temos que considerar três premissas básicas. A primeira premissa corresponde a compreender que existem relações sociais que são fundamentais para a delimitação da vida em sociedade. Iamamoto (2001) coloca que a sociedade resulta do modo de produção capitalista e da delimitação por esse modo de classes sociais. Para ela, as classes sociais são antagônicas, possuem projetos sociais distintos, diferenciados, e dessa diferenciação nascerá sempre uma tensão. Essa tensão acaba sendo mediada pelo Estado, que é apresentado como um órgão que, via de regra, irá defender a burguesia. Assim, como pensar a prática profissional sem refletir sobre essa contradição que influencia a sociedade, as relações sociais e nossa categoria? Para a autora, não dá para apreender a prática fora dessa análise conjuntural. Iamamoto (2001, p. 150), descreve esse pressuposto de entendimento das relações sociais presentes em uma sociedade como algo que os assistentes sociais precisam desenvolver, ou seja: “[...] entendê‑la no jogo tenso das relações entre as classes sociais, suas fracções, e das relações destas com o Estado brasileiro”. O segundo pressuposto apresentado pela autora faz menção ao entendimento necessário dos assistentes sociais em relação ao primado da produção social no sentido de organizar a vida em sociedade. Assim, a autora coloca que o trabalho é a atividade fundante do homem. É o trabalho que permitiu o desenvolvimento do gênero humano e é o trabalho que condiciona e influencia a organização 102 Unidade III das relações sociais. Em uma sociedade capitalista, o trabalho, a venda da força de mão de obra define e condiciona uma classe social, a classe proletária. A forma com que a sociedade organiza seu processo produtivo e o trabalho também influenciam a nossa prática profissional. Enfim, o último pressuposto seria compreender o privilégio da história em determinar a vida em sociedade, influenciando também, substancialmente, o exercício profissional. Conhecer a história da sociedade e da categoria profissional são elementos fundamentais para uma intervenção qualificada. De acordo com Iamamoto (2001, p. 150), devemos considerar que a história é basal “[...] por ser ela a fonte de nossos problemas e a chave de suas soluções”. Após apresentar esses pressupostos, Iamamoto coloca também que deve‑se olhar mais para a sociedade e menos para o Estado, mesmo sendo ele o maior empregador. No entanto, não existirá uma prática social coerente e de qualidade se não houver uma aproximação às classes sociais, aos movimentos das classes na sociedade contemporânea. É preciso dar voz para aqueles que são apresentados como segmentos inferiores. Conhecer as classes sociais evoca ainda a necessidade de saber também as demandas profissionais que são geradas pelos segmentos. Conhecer as demandas, porém, requer também a adoção de respostas para as demandas. Ora, se há conhecimento das demandas apresentadas pelo público, obviamente que há de existir o atendimento a tais situações, algo que Iamamoto (2001) chama de respostas criativas; afinal, como atuar ante a ampliação da demanda e da diminuição dos recursos? Além disso, realizar uma análise das demandas, das respostas profissionais, também requer um estudo da situação política e econômica. Compreender os meandros da organização política e da situação econômica também são condições fundamentais, como “[...] uma análise da política, que, muitas vezes se descola das determinações econômicas” (IAMAMOTO, 2001, p. 152). Ou seja, o estudo, a análise, deve comportar esses dois aspectos de maneira conjunta. Em tese, a autora indica que pode‑se, hoje, compreender que vivenciamos um momento de restrição dos direitos sociais, de perda de gastos públicos. Isso acaba impondo a seleção de famílias, tornando o assistente social um “[...] juiz rigoroso da pobreza” (IAMAMOTO, 2001, p. 160). Como atuar diante disso? Como conferir respostas criativas a essa situação? Iamamoto apresenta como alternativa o profissional propositivo, aquele preocupado com a pesquisa e com a atualização permanente. Lembrete A dimensão investigativa deve integrar as práticas profissionais do assistente social. Quando falamos em investigação, postura investigativa, qual é a primeira imagem que vem a sua mente? Via de regra, a noção de investigação acaba sendo associada à averiguação, à checagem, à inquisição. No entanto, aqui, quando se fala de investigação, nomeia‑se a condição de realização de pesquisas por parte do assistente social. 103 ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL Sabe‑se, conforme Moraes (2015), que por longos anos a produção de conhecimento e a pesquisa foram apresentadas como algo relacionado apenas ao conhecimento laboratorial. Essa realidade perdurou até meados do século XX, quando houve a ampliação das chamadas ciências humanas e da produção de conhecimento relacionada a essas áreas do saber. O longo processo de desenvolvimento da produção de conhecimento e da sistematização de dados obtidos por meio da pesquisa resultou no fato de compreendermos que as profissões ligadas às ciências humanas também produzem conhecimento, motivo pelo qual a investigação torna‑se importante na categoria. Para tanto, a questão da investigação ainda não é largamente explorada pelos assistentes sociais. Ou, se é explorada, ainda não tem sido sistematizada pelos profissionais, uma vez que ainda temos um número pequeno de assistentes sociais autores, por exemplo. Em grande medida, isso advém do fato de os profissionais, enquanto estudantes, não terem sido acostumados e preparados à produção de conhecimento desde o seu processo formativo. A formação universitária deve ser assentada no tripé firmado entre ensino, pesquisa e extensão. O ensino seria a própria formação, a oferta de conteúdos e saberes que devem ser construídos em uma relação dialógica. A extensão seria a oferta do conhecimento produzido na universidade para a comunidade. A exemplo disso, podemos citar os hospitais, clínicas universitárias, escritórios jurídicos que são construídos pelas universidades e que oferecem serviços gratuitos à comunidade. A pesquisa, por fim, elemento basal nesse tripé, refere‑se à produção de conhecimento científico. Fato é: se o assistente social, no seu processo formativo, em sua graduação, não foi estimulado a realizar pesquisa, como o fará após a conclusão de seu curso, em sua prática cotidiana? Moraes (2015), no entanto, assevera que a categoria passou a identificar a pesquisa como algo interessante e necessário somente a partir de meados dos anos 1990. Antes desse período, a produção de conhecimento científico no serviço social era pontual e desenvolvida apenas por aqueles segmentos que estavam envolvidos com universidades ou então pelos poucos profissionais vinculados aos cursos de pós‑graduação existentes no país. Atualmente, contudo, temos uma ênfase maior em relação à questão da produção de conhecimento, ressaltando, assim, a importância da investigação como algo que é inerente à prática profissional do assistente social. Entretanto, há aspectos basais com os quais o assistente social tem que se relacionar sempre que reflete sobre a dimensão investigativa
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