Buscar

Livro-Texto - Unidade III- ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

76
Unidade III
Unidade III
Neste momento, serão abordados outros instrumentais utilizados para o exercício profissional do 
assistente social. São eles: trabalho com grupo e em comunidades, educação popular, elaboração de 
planos, programas e projetos e a questão do orçamento público. Também serão vistos outros aspectos 
que são importantes ao profissional e que referem‑se à supervisão de estágio, algo que tem sido pouco 
falado nos cursos de serviço social. Após tais colocações, será estudada a relevância da dimensão 
investigativa que integra o fazer do assistente social.
7 TRABALHO COM GRUPO E EM COMUNIDADES E A EDUCAÇÃO POPULAR
7.1 O trabalho com grupo
Aqui existe um ponto de discussão sobre a utilização, pelo serviço social, de metodologias grupais. 
Atualmente, tal ação vem crescendo substancialmente por meio dos assistentes sociais. Via de regra, os 
procedimentos de ação grupal são aqueles que o assistente social agrega uma quantidade de pessoas 
que vivenciam situações comuns. As experiências partilhadas, as vivências e a similaridade de algumas 
situações são os motivadores para a junção das pessoas em um grupo em que o assistente social irá atuar.
Os procedimentos de caráter grupal são aqueles que envolvem o atendimento 
dos usuários em agrupamentos organizados pelos assistentes sociais, 
geralmente tomando como critério a existência de situações comuns, que 
implicam necessidades comuns. Os grupos assumem características bem 
diferenciadas e o seu desenvolvimento faz parte de um esforço profissional 
voltado à ampliação das possibilidades de compreensão e reflexão dos 
usuários, através da convivência entre pessoas que possuem necessidades 
e situações de vida semelhantes (BONFIM; TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 80).
Aliás, o que faz com que o grupo funcione e não se esvazie é justamente o fato de as pessoas 
inseridas nessa modalidade de ação se sentirem parte de algo. O vínculo é, portanto, uma condição basal 
para o desenvolvimento das atividades grupais pelo assistente social. Observe que o vínculo entre os 
pares é importante, bem como aquele estabelecido entre os integrantes do grupo e o assistente social. 
O técnico é um importante articulador, mediador dessa relação, mas também participa desse processo.
Bonfin, Teixeira e Albiero (2018) indicam que toda a ação do assistente social deve acontecer 
considerando‑se o grupo como uma expressão da sociedade em que vivemos e nos movimentamos. 
Os grupos são, portanto, representações da sociedade de classes em que vivemos. Entendê‑los requer a 
análise dos grupos seguindo esses parâmetros. Além disso, a compreensão histórica do grupo também 
é relevante, da mesma maneira que percebê‑lo como resultado do processo histórico pelo qual passou 
o gênero humano. Não é possível, por conseguinte, uma intervenção qualificada junto a grupos se o 
77
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
profissional não o compreende como resultado do processo histórico e circunscrito em uma sociedade 
capitalista, composta por classes sociais.
Veja a seguir as premissas de Bonfim, Teixeira e Albiero (2018, p. 81) sobre o tema:
• O significado da existência e da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva 
histórica que considere a sua inserção na sociedade, com suas determinações econômicas, 
institucionais e ideológicas.
• O próprio grupo só poderá ser conhecido enquanto um processo histórico, e neste sentido talvez 
fosse mais correto falarmos em processo grupal, em vez de grupo.
Dessas premissas decorre que todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou 
transformar as relações sociais desenvolvidas em decorrência das relações de produção, e, sob este 
aspecto, o grupo, tanto na sua forma de organização como nas suas ações, reproduz ideologia, que, sem 
um enfoque histórico, não é captada.
As ações desenvolvidas em grupo, por conseguinte, também provocam alterações na forma como a 
sociedade se compreende. Em tese, as mudanças mais significativas na vida de uma sociedade dependem 
da ação coletiva, grupal. “[...] toda ação transformadora da sociedade só pode ocorrer quando indivíduos 
se agrupam” (BONFIM; TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82), sendo que esse também deve ser um pressuposto 
a ser considerado sempre que pensamos sobre a ação grupal.
 Lembrete
Atuar com grupos pressupõe compreendê‑los em sua relação com a 
história e como decorrentes do movimento das classes sociais.
Assim, além de indicar a necessidade de compreender os grupos como reflexo de uma totalidade, de 
entendê‑los como circunscritos na história, como influentes no processo de desenvolvimento histórico, 
Bonfin, Teixeira e Albiero ainda oferecem uma série de pontos a serem considerados quando idealizamos 
o desenvolvimento de uma ação grupal, os quais estão assim representados:
• Apreensão do impacto da alienação capitalista na esfera objetiva e 
subjetiva do sujeito e sua conexão com as determinações concretas 
da realidade.
• Compreensão da inserção do grupo nas instituições, uma vez que 
“todo grupo ou agrupamento existe sempre dentro de instituições [...].
• Percepção da história de vida de cada participante, pois tem impacto 
no processo grupal.
78
Unidade III
• O nível de análise ocorre na ordem interna e externa, entretanto, é na 
realidade objetiva que a dialética se manifesta. Ao mesmo tempo, os 
sujeitos vão manifestando as relações de dominação existentes, bem 
como a possibilidade de seu enfrentamento, sempre atentando para 
não reforçar as relações capitalistas.
• Os papéis sociais são desempenhados não só objetivamente, mas 
subjetivamente, através de representação ideológicas (BONFIM; 
TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82).
Além da percepção da relação firmada entre o grupo e a sociedade capitalista, os autores 
indicam também a necessidade de contextualizar o grupo ante a instituição em que ele está 
inserido. No sentido da contextualização, é necessário também compreender e conhecer a história 
de vida de cada participante do grupo. Vejamos, o grupo congrega várias identidades, histórias, e 
isso trará influência no desenvolvimento da atividade em geral. No grupo, temos a reprodução e a 
representação de papéis sociais que estão presentes na sociedade.
Assim, quando o profissional for atuar com grupos, é basal compreender e observar todos esses 
aspectos e, sobretudo, considerar que: “Todos os fenômenos que abarcam a vida dos sujeitos têm 
seu caráter singular e universal e é através da percepção da particularidade que se pode entender a 
relação entre o singular e o universal” (BONFIM;TEIXEIRA; ALBIERO, 2018, p. 82).
Mas como organizar uma atividade dessa natureza? O primeiro quesito é definir ações socioeducativas, 
ou seja, intervenções que estejam orientadas para a socialização de informações e para o processo 
reflexivo. Todas as ações desenvolvidas em grupo são orientadas pelo diálogo, pela troca e pela 
problematização. Mas o que é uma ação voltada à problematização? É uma intervenção assentada na 
relação dialógica e na qual apresentam‑se aos atendidos situações específicas, situações‑problema, para 
as quais é preciso uma reflexão, a fim de encontrar uma alternativa, uma solução. Isso motiva as pessoas 
e deve ser utilizado como um catalizador para o grupo.
Bonfim, Teixeira e Albiero (2018) colocam que a intervenção por meio do grupo deve ainda considerar 
a organização prévia. Antes de organizar o grupo, é importantíssimo o planejamento, considerando‑se, 
para tanto, o número de participantes do grupo, a duração das atividades, quantos encontros serão 
realizados, quais serão os temas abordados e quais serão os recursos necessários. Para que exista adesão 
dos participantes, e para que o grupo cumpra de fato seu papel socioeducativo, é condição imprescindível 
que os temas abordados tenham relação com a vivência dos participantes do grupo. Caso contrário, o 
grupo não irá conseguir contemplar de forma plena os objetivos aos quais se orientou.
A título de exemplo, pode ser visto o relato de Silva e Silva (2015) sobrea intervenção como 
assistentes sociais em grupos de familiares de adolescentes atendidos no âmbito do SUS do Rio de 
Janeiro. Nessa intervenção, o assistente social foi integrado ao Grupo Operativo com Acompanhantes de 
Adolescentes Hospitalizados, no qual as abordagens buscavam estimular o papel protetivo da família em 
relação aos adolescentes em situação de internação. A ação em questão foi interdisciplinar e integrada 
na dinâmica do hospital. Como resultado dessa prática, há a consolidação do grupo como um espaço 
79
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
de escuta qualificada, de estímulo à autonomia das famílias, contemplando a chamada característica 
socioeducativa idealizada para essas ações. Já no âmbito da questão laboral, vemos que Silva entende 
o grupo como um espaço de troca e partilha entre os pares. A síntese da autora nos indica que a 
experiência grupal pode ser assim resumida:
O exercício da prática coletiva na enfermaria de Adolescente do NESA é 
entendido, na nossa concepção, como importante prática na formação 
profissional, de modo que possibilita um novo fazer profissional, viabilizando 
uma assistência para além da medicalização e tratamento clínico de forma 
integrada com diferentes categorias. Busca, por fim, estabelecer outro tipo de 
vínculo com os adolescentes e acompanhantes, de modo que sejam ofertadas 
ferramentas para que estes tenham autonomia nas suas escolhas, se entendam 
enquanto sujeitos de direito, informados e conhecedores destes, estabelecendo 
uma relação de pactuação e parceria entre equipe, acompanhantes e 
adolescentes, de modo que todos estejam implicados no atendimento e 
cuidados destes sujeitos, tendo como diretriz o compromisso ético‑político na 
atenção integral à saúde do adolescente (SILVA; SILVA, 2016, p. 10).
7.2 O trabalho em comunidades e a intervenção em educação popular
Em tese, o trabalho de comunidade e a educação popular são conceitos análogos e buscam designar 
práticas que o assistente social realiza em prol da conscientização de grupos específicos. Em tese, esse 
conceito deve orientar e nortear todas as práticas sociais desenvolvidas pela categoria, as quais devem 
estar voltadas à emancipação dos seres humanos, ao fortalecimento de seu protagonismo.
O conceito de educação popular foi cunhado por Paulo Freire no Brasil em meados dos anos 1970 e 
buscava destacar práticas educativas que buscassem potencializar o ser humano. Freire acreditava que o 
ser humano só poderia perceber a situação de subordinação vivenciada por meio do processo educativo. 
O serviço social, após o movimento de reconceituação, se apropriou da fundamentação freireana, 
incorporando seus conceitos, porém, aplicando‑os à prática profissional. Nesse sentido, o serviço social 
passou a ser compreendido como uma profissão que poderia, por sua vinculação aos espaços coletivos, 
viabilizar a conscientização da população com a qual atua (MACHADO, 2013).
Para tanto, esse tipo de atuação mais voltada à comunidade, à população vulnerável, surgiu na 
categoria com as intervenções do governo de Juscelino Kubitschek no contexto de 1956 a 1961. Nesse 
período, observa‑se que os assistentes sociais foram estimulados a integrar as equipes do governo, visando 
a sua educação nos formatos estatais. Acreditava‑se que os assistentes sociais poderiam estimular as 
populações mais pobres na superação das situações de subdesenvolvimento. A ótica das ações esteve 
orientada ao entendimento de que cada brasileiro deveria colaborar com o desenvolvimento econômico 
do país. As ações foram organizadas no espaço urbano e rural, e esse foi um grande período de expansão 
dos postos de trabalho para os assistentes sociais.
No período em pauta, os profissionais desenvolviam intervenções voltadas ao estímulo à 
alfabetização, à educação de base e à cultura popular. Agora, o indivíduo passa a ser responsabilizado 
80
Unidade III
pelo desenvolvimento econômico do país. Sua falta de escolarização, má educação e incapacidade de 
colaborar com a nação passam a ser objeto de intervenção do assistente social.
Machado (2013) coloca que somente a partir do movimento de reconceituação do serviço social brasileiro 
é que tivemos a unificação dos métodos de ação. Assim sendo, observa‑se que a atuação em comunidade foi 
sendo substituída pelo chamado método único. Juntamente a essa mudança de instrumentais, houve um 
rompimento da categoria com práticas que buscassem induzir comportamentos ou então responsabilizar 
o ser humano pelo subdesenvolvimento do país. Assim, os assistentes sociais passaram a se aproximar 
dos conceitos de Paulo Freire, atuando em prol da educação popular. Essa abordagem voltada à educação 
popular passou a ser usada por profissionais que atendem indivíduos, grupos, famílias, movimentos sociais, 
organizações não governamentais e todas as demais demandas geradas.
Atualmente, a educação popular “[...] aposta em metodologias que estimulam a luta coletiva pela 
emancipação humana” (MACHADO, 2013, p. 129). Lembrando uma vez mais que somente as abordagens 
coletivas, que englobam vários indivíduos, é que conseguem, de fato, provocar mudanças significativas 
na sociedade. O primeiro elemento dessa prática seria a conscientização dos atendidos de sua situação, 
algo que não é imposto, mas sim construído. A partir disso, busca‑se fortalecer espaços de luta e de 
protagonismo dos segmentos mais vulnerabilizados, visando colaborar com a equidade e a justiça social 
e com os demais parâmetros que orientam o exercício profissional. Assim, todas as intervenções são 
assentadas na noção de educação popular.
Quadro 9 – Síntese dos conteúdos
Intervenção com Grupo Intervenção com comunidade e em educação popular
Compreendido no processo histórico e 
relacionado às classes sociais
Surgiu no serviço social brasileiro no 
contexto desenvolvimentista
Necessidade de vínculos 
sociais estabelecidos
Atua em prol da conscientização e da 
educação da população
O grupo precisa ter planejamento prévio 
e cumprir uma função socioeducativa
Hoje, requer metodologias específicas para 
desenvolver o caráter socioeducativo
7.3 Elaboração de planos, programas e projetos e a questão do orçamento público
Agora será abordado outro aspecto da ação do assistente social, o qual está vinculado à elaboração 
de planos, programas, projetos e orçamento. Serão vistos alguns conceitos que permitem compreender 
e diferenciar planos de programas e projetos.
Boschetti (2000) coloca que a elaboração de planos, programas e projetos, assim como a sua 
execução, sua avaliação e demais aspectos vinculados estão relacionados à questão de planejamento. 
Em tese, o planejamento, segundo a autora, não refere‑se apenas à antecipação de uma ação, mas a 
sua organização prévia, execução e mensuração de resultados alcançados. Os planos, programas e os 
projetos são documentos que sistematizam o processo de planejamento desde o momento da reflexão 
até o da execução. Os assistentes sociais são chamados para elaborar e executar essas e outras ações 
ligadas ao planejamento.
81
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
 Observação
Os assistentes sociais podem atuar na execução e no planejamento 
das políticas sociais, podendo também desenvolver uma prática de 
planejamento em empresas privadas e junto ao terceiro setor.
Segundo Paulo Netto (2001) e Boschetti (2000), os assistentes sociais atuam junto às políticas 
sociais, quer seja no seu planejamento ou em sua execução. Nesse sentido, é preciso compreender que 
as intervenções, com relação à questão do planejamento, estão relacionadas aos trabalhos realizados 
em serviços públicos prioritariamente e também junto de instituições privadas e organizações não 
governamentais. Inicialmente, a categoria era reconhecida somente como mera executora de políticas 
sociais, porém, nos últimos anos, pode‑se observar a ampliação das possibilidades de atuação na gestão 
e na elaboração de políticas e serviços sociais. Iamamoto (2001) nos coloca que é preciso se apropriar 
desses espaçoslaborais, pois, caso contrário, outros profissionais o farão. Mas para que exista essa 
apropriação de fato, é importantíssimo saber elaborar cada um dos documentos em questão.
O plano é o documento maior, mais amplo e define as linhas gerais de uma ação sobre um tema 
específico. Por exemplo, um plano de ação junto à criança e ao adolescente precisa ser compreendido 
como um documento que irá oferecer parâmetros genéricos de intervenção em relação à criança e 
ao adolescente em um determinado local, espaço e tempo. No plano deve haver a apresentação dos 
aspectos gerais que definem a demanda sob a qual haverá a ação. No caso do exemplo apresentado, o 
plano demandaria indicar uma caracterização da população alvo da ação.
Além dessa apresentação e caracterização da demanda, é necessária a distribuição de tarefas e 
funções para os mais diversos órgãos, como, por exemplo, departamentos, secretarias e ministérios. 
Afinal, o plano traça aspectos gerais, mas é necessário delimitar como esses aspectos gerais serão 
executados no cotidiano das práticas sociais, distribuindo competências e responsabilidades para cada 
setor. Essa distribuição faz com que os objetivos postos no plano sejam contemplados. De acordo com 
Teixeira (2000a, p. 4), o plano pode ser assim caracterizado:
É o documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises 
situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem 
atacados, dos programas e projetos necessários, dos objetivos, estratégias e 
metas de um governo, de um Ministério, de uma Secretaria ou de uma Unidade.
A elaboração desse documento, no entanto, exige capacidade técnica do profissional, que engloba 
tanto domínio da língua culta quanto apropriação dos parâmetros legais das políticas sociais. Outrossim, 
não é possível elaborar um plano de ação para a criança e para o adolescente em que não é vista a forma 
correta de escrever. Assim como, para elaborá‑lo, é preciso também ter pleno conhecimento da legislação 
que orienta tanto os serviços destinados a essa faixa etária quanto os demais aspectos relacionados à 
infância e à adolescência. No caso do assistente social, este deve propor ações e intervenções que 
coadunem com os parâmetros da categoria.
82
Unidade III
 Saiba mais
Que tal conhecer um exemplo de um plano? A seguir, o plano elaborado 
para delimitar as ações em políticas sociais para mulheres do município de 
Porto Alegre.
PORTO ALEGRE (Município). Plano municipal de políticas públicas para 
as mulheres. Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://lproweb.procempa.
com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/plano_municipal_de_
politicas_publicas_para_as_mulheres.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2019.
Nele, é possível observar vários aspectos, como, por exemplo, a questão 
da distribuição das atividades, a apresentação da demanda e outros afins, 
os quais nos permitirão conhecer melhor esse instrumental.
O plano oferece as linhas gerais, destinadas à ação sob um tema específico. Elas são orientadas para 
abordar aspectos mais específicos, pontuais. O plano confere uma linha geral, a qual se transforma em 
várias linhas de ação específicas. Estas são os programas, sendo que de um plano podem surgir vários 
programas.
O programa pode ser expresso por meio de um documento que trabalha um eixo do plano. Está 
mais próximo da população usuária, mas se estrutura buscando alcançar determinados objetivos 
que foram apresentados no plano. Ele pode ser compreendido como “ o documento que indica um 
conjunto de projetos cujos resultados permitem alcançar o objetivo maior de uma política pública” 
(TEIXEIRA, 2000a, p. 4).
 Saiba mais
Para conferir maior materialidade às discussões empreendidas, que tal 
conhecer um outro exemplo de um programa de ação? No caso, o programa 
a seguir é desenvolvido no estado de Pernambuco.
PERNAMBUCO (Estado). Secretaria Estadual de Saúde. Programa horta 
em todo canto. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.saude.pe.gov.br/programa/
secretaria/programa‑horta‑em‑todo‑canto>. Acesso em: 20 ago. 2019.
Tanto o plano quanto o programa estão distantes da execução, portanto, longe da população 
usuária dos serviços. Assim, para implementar as ações que foram planejadas antecipadamente, se faz 
necessária a elaboração de um projeto, que é o documento que sistematiza a ação de uma maneira mais 
específica. O projeto é o documento que indica como a ação será executada no cotidiano das práticas 
sociais, ou, como indica Teixeira (2000a, p. 4), o projeto pode ser compreendido como:
83
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
É a menor unidade do processo de planejamento. Trata‑se de um instrumento técnico‑administrativo 
de execução de empreendimentos específicos, direcionados para as mais variadas atividades interventivas 
e de pesquisa no espaço público e no espaço privado.
No projeto, temos a indicação das atividades mais específicas, segmentadas, que serão realizadas. 
O projeto é o instrumental que detalha ações e intervenções a serem desenvolvidas. Para tanto, todos 
os documentos estão relacionados ao objetivo geral traçado no plano.
 Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre planos, programas e projetos, 
acesse o link a seguir:
ORIENTAÇÕES para elaboração de projeto de intervenção. [s.d.]. 
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/7499051/4203013/
MODELOPROJETOINTERVENCAO.pdf>. Acesso em: 1º jul. 2019.
Couto (2000) dá algumas dicas de como elaborar um projeto de trabalho em serviço social, ou seja, 
quais itens devem compor um documento dessa natureza.
[...] identificação institucional é fundamental para o projeto de trabalho. 
Que tipo de instituição é? Pública ou privada? Qual é a sua finalidade? Como 
se organiza? Que recursos usa na sua manutenção? Como se estabelecem 
as relações de poder? Por que requisitou o assistente social? Em que medida 
presta serviços à população? Como absorve os demandatários na órbita 
institucional? Quais são as necessidades sociais da população que se propõe 
a atender e de que forma? Há espaço institucional para alterações nessa 
organização? A resposta a esses questionamentos fornece ao assistente 
social a identificação mínima necessária para construir uma proposta que 
seja exequível (COUTO, 2000, p. 4).
Ou seja, o primeiro passo é apresentar e caracterizar, com muita clareza, o espaço onde a ação se 
desenvolve. Nesse sentido, todas as informações obtidas sobre o espaço em que a ação será desenvolvida 
devem ser apresentadas no início do projeto. Esse é o elemento inicial, que dá início a esses documentos. 
Feita essa apresentação, é preciso ainda identificar e apresentar o público‑alvo. Afinal, a quem se destina a 
ação? Quais são as especificidades desse público para o qual essa intervenção tem sido planejada, idealizada 
e será executada? Segundo Couto (2000, p. 4): “[...] é necessário reconhecer quem são os cidadãos usuários 
desse serviço, quais são suas características, quais refrações da questão social estão sendo objeto de 
atendimento, como eles organizam seu modo de vida e de resistência” . Somente esse conhecimento 
permitirá ao assistente social ter clareza de que a ação proposta de fato irá contemplar os interesse do 
público‑alvo. Isso é vital também para propor ações que despertem o interesse dos usuários. Não há como 
desenvolver uma ação eficaz se o público‑alvo não se perceber nela.
84
Unidade III
Outro item que deve ser considerado na elaboração de um projeto de ação são os parceiros que 
poderão auxiliar no alcance dos objetivos profissionais. O assistente social deve ter clareza de quais 
são os seus facilitadores, os quais devem ser profissionais com valores similares ao da categoria. Por 
exemplo, se um profissional é contrário ao trabalho infantil e é proposto um projeto para minimizar esse 
tipo de conduta, este pode vincular‑se a outros profissionais que porventura defendam essa prática? 
Obviamente que não, pois isso fere o projeto ético‑político. De igual maneira, Couto (2000) ressalta 
que é necessário ainda conheceros possíveis entraves para a execução das ações e propor intervenções 
condizentes com a realidade constatada. Para a autora:
A identificação de projetos solidários ou antagônicos que partilham o mesmo 
espaço faz com que a escolha de estratégias seja mais pertinente. Esse 
reconhecimento poderá fornecer elementos para a conjugação de esforços, 
a identificação de parcerias e também de resistências, o que é fundamental 
para a proposta de intervenção (COUTO, 2000, p. 5).
Para além disso, é igualmente importante o entendimento e caracterização do contexto sob o qual 
a intervenção é desenvolvida. Não apenas uma apresentação que permita compreender o contexto, mas 
que torne possível relacionar o objeto da ação à totalidade, entendendo‑o como resultado de fatores 
múltiplos que estão além do controle do profissional.
[...] é preciso identificar esse espaço dentro da realidade social onde o 
trabalho se inscreve, reiterando a compreensão de que é necessário ter 
clareza dos impactos que o modo de organização da sociedade causa sobre 
a realidade do espaço onde se desenvolve o trabalho (COUTO, 2000, p. 5).
É preciso ter muita clareza da matriz teórico‑metodológica em que a categoria está vinculada e 
elaborar um documento condizente com esses parâmetros.
Couto (2000, p. 7‑8) apresenta um modelo que pode ser adotado quando for necessário elaborar um 
projeto de intervenção do serviço social. Esse modelo é composto pelos itens:
a) a identificação, a delimitação e a justificativa, claras, do objeto da ação: 
o que o assistente social, com seu trabalho, se propõe a atender, que 
refrações da questão social serão objetos de sua intervenção. Nessa 
identificação, o assistente social deve estabelecer prioridades, que, por 
sua vez, devem responder de forma efetiva às demandas colocadas;
b) a definição de seus objetivos com esse trabalho: o que pretende 
fazer, quais objetivos pretende alcançar. Os objetivos devem ser claros 
e exequíveis. A definição de objetivos dá a clareza necessária para 
compreender a proposta de intervenção profissional;
c) a identificação das metas: é preciso quantificar e qualificar o trabalho 
proposto. Essas metas devem estar relacionadas com os objetivos. 
85
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
É necessária a explicitação de indicadores, que serão os medidores 
da efetividade do trabalho. Todo o trabalho social pressupõe, ao ser 
executado, uma transformação sobre a realidade; para avaliar isso, é 
fundamental, na formulação do projeto, que se anunciem os resultados 
a que se pretende chegar e como, principalmente, o trabalho será 
monitorado, a fim de que se possam avaliar os resultados;
d) o apontamento dos recursos: o projeto deve deixar muito claro quais 
recursos serão necessários para a sua execução. Neste item, é preciso 
atentar para os recursos financeiros que serão despendidos. Cada vez mais, 
os assistentes sociais devem procurar entender de orçamento, seja público, 
seja privado, dos mecanismos de formulação de propostas orçamentárias 
e de desembolso financeiro, para não só propor um projeto de trabalho 
exequível, mas também para buscar, nesse entendimento, estratégias de 
alargamento de recursos para atender às demandas dos cidadãos usuários;
e) por fim, é necessário que o projeto indique os mecanismos de controle 
social de seu trabalho, como os registros serão efetuados e como o 
conhecimento produzido no trabalho será potencializado. Um projeto de 
trabalho deve preocupar‑se com que todo o conhecimento produzido 
seja um elemento que realimente novos projetos e que ofereça elementos 
de reforço à população usuária, na sua organização por ampliação de 
direitos sociais.
A proposta pode ser alterada, mudada várias vezes, a depender da necessidade, mas é uma apresentação 
interessante e que pode ser seguida pelo autor do projeto. Nela, é possível ver que a autora indica cinco 
itens que, de forma articulada, podem compor um excelente projeto de ação do assistente social.
Um ponto crucial se refere aos recursos. Podemos elaborar planos, programas e projetos da melhor 
forma quanto possível, mas se não houver recursos (financeiros, humanos, pessoais), não é possível 
desenvolver nenhuma ação. Assim sendo, um dos conceitos propostos neste livro‑texto é o de orçamento. 
Apesar de o assistente social não atuar especificamente na elaboração de um orçamento, é preciso 
conhecer esse elemento que, em tese, pode dificultar em muito a execução das ações.
O orçamento é um documento que deve ser elaborado pelo governo federal, pelo governo estadual e pelo 
governo municipal. Em cada um dos orçamentos, os órgãos em questão devem apresentar os valores usados 
em cada ação. Por exemplo, qual será o valor orçado pelo governo federal para uma ação junto ao Bolsa 
Família e assim sucessivamente. Órgãos públicos e empresas privadas elaboram orçamentos, no entanto, aos 
órgãos públicos é obrigatória a apresentação do orçamento. O valor orçado para cada ação deve anteceder a 
sua realização. Em municípios, os orçamentos são elaborados um ano antes da execução. Assim, se é proposta 
uma ação para a criança e o adolescente que tenha o seu início no ano de 2020, esta deve ser inserida no 
orçamento de 2019. O orçamento é a alocação do recurso para finalidades específicas, permitindo assim o 
desenvolvimento de ações propostas em planos, programas e projetos. “O orçamento é um dos toques de 
realidade que transforma os sonhos em cenários desejados, porém possíveis” (TEIXEIRA, 2000b, p.18).
86
Unidade III
O orçamento, portanto, integra as ações de planejamento que antecedem a execução dos serviços. 
O orçamento público, por outro lado, é planejado sob influência de uma série de questões, como a 
situação política do país, as ações do Estado em relação às despesas a serem executadas. Aliás, o 
orçamento do governo federal dispõe os valores destinados para estados, municípios e para o Distrito 
Federal. Com base nesses valores e na arrecadação de outros recursos, esses entes também elaboram 
seus próprios orçamentos.
Com relação ao governo federal, o orçamento é elaborado com base no valor destinado a cada 
ministério. Dentro desse ministério há necessidade de definir qual valor será usado para cada uma das 
ações desenvolvidas. Depois dessa definição inicial, o orçamento segue para aprovação do Congresso 
Nacional. Sendo aprovado, deverá, essencialmente, ser executado. Nos municípios e nos estados, assim 
como no Distrito Federal, o orçamento segue o mesmo caminho em sua elaboração, mudando apenas 
os responsáveis pela apreciação.
O orçamento do governo federal, assim como de estados e municípios e do Distrito Federal, é 
assentado em três documentos básicos, sendo estes: o Plano Plurianual (PPA), que apresenta o orçamento 
estimado para quatro anos de gestão; a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que indica metas para 
o ano subsequente, exibindo também algumas observações sobre a transparência da utilização dos 
recursos; e a Lei Orçamentária Anual (LOA), que detalha os valores a serem gastos em cada esfera de 
governo. Na LOA, temos o detalhamento do orçamento anual que, via de regra, vem estruturado em 
três eixos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e orçamento de investimento das estatais. 
Estados, municípios e o Distrito Federal também precisam seguir os mesmos parâmetros para elaboração 
dos respectivos orçamentos.
 Saiba mais
Para ter uma noção mais específica do documento vinculado a um 
orçamento, acesse a Lei Orçamentária de 2019 no link a seguir:
BRASIL. Lei n. 13.808, de 15 de janeiro de 2018. Estima a receita e fixa 
a despesa da União para o exercício financeiro de 2019. Brasília, 2019. 
Disponível em: <https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/
orca/orcamento/or2019/Lei/Lei13808‑2019.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2019.
Após a aprovação do orçamento, que só acontece quando elaborados os documentos, ele deverá ser 
executado. Para que sejam realizadas alterações no orçamento, é necessária justificativa e nova análise. No 
casode municípios, a Câmara Municipal analisa possíveis alterações, ao passo que, no governo federal, a 
análise advém do Congresso. Para a execução do orçamento, é necessário registrar créditos e dotações que 
seriam os gastos autorizados para cada área de atuação. Assim, se há uma ação junto ao idoso com valor 
orçado de R$ 50 mil e vinculado à pasta da assistência social, esta deverá aparecer na LOA. Para executar 
a ação, é preciso haver o crédito do valor correspondente, e à medida que a ação junto ao idoso for sendo 
desenvolvida, os débitos irão ocorrendo desse valor. Segundo Teixeira (2000a, p. 19): “O primeiro passo da 
87
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
execução orçamentária trata de registrar os créditos e dotações, de forma a possibilitar o acompanhamento 
da evolução dos saldos e programação do orçamento”. Mas e se o valor orçado para uma ação em questão 
não se mostrar suficiente, é possível uma alteração? Sim, mas é necessário novo trâmite para a mudança.
O assistente social precisa entender o processo, conhecê‑lo, mas deve sempre estar atento ao fato de 
não poder ter prejudicadas as suas atribuições privativas. Figura que elaboração e execução de orçamentos 
públicos não é uma de suas atribuições. Porém, o profissional precisa compreender como esse processo se 
desenvolve, pois isso traz influências diretas na execução dos serviços e políticas sociais.
 Lembrete
O orçamento é expresso por meio de três documentos: Plano Plurianual 
(PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).
Ao assistente social cabe o estímulo à participação popular e ao controle social do orçamento público. 
A participação popular deve ser estimulada no momento de analisar o orçamento, de planejá‑lo e depois 
em sua execução. No contexto do planejamento, é importante a população estar presente nos espaços 
que viabilizam a discussão orçamentária. Mesmo que seja um assunto específico e de difícil entendimento, 
a população saberá quais são as áreas que demandam maior investimento financeiro. No aspecto da 
execução, é fundamental acompanhar como o recurso público tem sido utilizado. A participação popular e 
o controle social devem ser estimulados junto aos orçamentos federais, estaduais e municipais.
Veja o texto a seguir, no qual há um exemplo do Orçamento Participativo de Imbituba.
Ciclo de audiências públicas do Orçamento Participativo inicia nesta quinta‑feira, 
na região Sul de Imbituba
Imbituba se prepara para cinco audiências públicas do Orçamento Participativo. 
A intenção do ciclo de encontros é criar a consciência de governo na população e, 
ao mesmo tempo, organizar as necessidades, debater as demandas e fortalecer a 
organização social. As reuniões serão, sempre, às 19 horas.
O primeiro encontro será nesta quinta‑feira (18), no salão paroquial do bairro de Roça Grande. 
A reunião é destinada aos moradores de Itapirubá, Boa Vista, Roça Grande, Guaiuba e São Tomaz.
No dia 23 de julho, terça‑feira da próxima semana, a equipe do Orçamento Participativo 
estará no salão paroquial do bairro Sagrada Família. Este encontro abrangerá as comunidades 
de Campo da Aviação, Porto da Vila, Sagrada Família, Vila Nova e Vila Santo Antônio.
No dia 24 de julho, será a vez da região leste do município. Esta reunião é voltada 
aos moradores dos bairros Paes Leme, Centro, Vila Alvorada, Village, Ribanceira, Vila Nova 
Alvorada e Vila Esperança.
88
Unidade III
No dia 30 de julho, o debate será realizado no Centro Comunitário de Nova Brasília para 
os moradores dos bairros do Morro do Mirim, Campestre, Nova Brasília e Sambaqui.
E, encerrando o ciclo de audiências públicas, os representantes do Orçamento Participativo 
visitarão a região Norte de Imbituba no dia 1º de agosto. No salão paroquial de Araçatuba, 
eles estarão reunidos com os moradores de Barra da Ibiraquera, Arroio, Arroio do Rosa, Alto 
Arroio, Ibiraquera, Araçatuba, Campo D’Una e Penha.
“As Audiências Públicas do Orçamento Participativo têm a finalidade de encontrar 
os cidadãos para debater sobre as necessidades das pessoas e dos bairros e sobre o 
que a prefeitura já conseguiu realizar”, disse Davi Schmidt, diretor do Orçamento 
Participativo de Imbituba.
Fonte: Imbituba (2019).
Exemplo de aplicação
No texto anterior, foram vistas as orientações sobre as audiências que foram sendo desenvolvidas 
para viabilizar a participação da população na elaboração do orçamento público. E você? Já participou 
desse tipo de atividade? Considera essas intervenções positivas? Em que medida o serviço social pode 
colaborar com a democratização da elaboração do orçamento público?
Pense um pouco sobre isso.
Além dessas possibilidades de participação da população no orçamento público, há ainda a chance 
de a população acompanhar os gastos públicos por meio do Portal da Transparência. No portal, há 
uma série de informações sobre a execução financeira do governo federal, de estados, municípios e do 
Distrito Federal.
 Saiba mais
O portal pode ser acessado por meio do link a seguir:
<http://www.portaltransparencia.gov.br/>.
No site, constam dados detalhados sobre o orçamento da União, mas 
também a respeito de despesas e receitas, órgãos, estados e municípios, 
licitações e contratos, convênios, cartões de pagamento, recursos transferidos, 
benefícios ao cidadão, servidores, viagens a serviço e emenda parlamentar. 
Para o acesso aos dados, basta clicar no link que mais desperte o seu interesse.
89
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
A seguir, há a síntese dos conteúdos abordados.
Quadro 10 – Síntese dos conteúdos
Planos Programas Projetos Orçamento
Dimensão ampla Detalhamento inicial do plano
Indicação de intervenções 
mais específicas
Recursos que sustentam as 
ações propostas nos planos, 
programas e projetos
Apresentam linhas 
genéricas, gerais
Apresentam linhas 
mais específicas
Estão mais próximos da 
realidade
Sempre deve ser elaborado de 
forma participativa
Ligados a temas e 
assuntos amplos
Estão mais próximo 
da execução
Maior nível de 
detalhamento das 
intervenções
Pressupõe o controle por 
parte da população
Orçamento público demanda 
PPA, LDO e LOA
8 A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL, A PRÁTICA 
PROFISSIONAL E A DIMENSÃO INVESTIGATIVA
Antes de adentrar no conteúdo, reflita sobre o texto a seguir.
Formação qualificada é raiz do bom atendimento à população – I Jornada 
Paranaense sobre Estágio
Estudantes, professoras/es e assistentes sociais reuniram‑se para um debate urgente: a 
formação e o trabalho em serviço social em diferentes níveis. O tema foi abordado na I Jornada 
Paranaense sobre Estágio, Extensão e Residência Multiprofissional em Serviço Social, que 
aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto, e contou com palestras, mesas redondas e atividades 
culturais. Participaram da organização do evento, além do Conselho Regional de Serviço Social 
(Cress‑PR), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss) e a Coordenação 
Regional do Paraná da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso).
De acordo com uma das organizadoras do evento, e vice‑presidenta do Cress‑PR, Elza 
Campos, o objetivo foi discutir a atual caracterização da formação profissional para uma 
boa qualidade nos serviços prestados à população usuária. Elza reiterou que os temas do 
cotidiano do trabalho são preocupações do projeto ético‑político da Comissão de Trabalho 
e Formação Profissional (da qual participa) e assegurou a importância desses dois dias 
de evento: “Discutimos uma gama de informações com participantes que pesquisam 
e aprofundam o debate sobre a formação profissional, numa conjuntura adversa: a de 
precarização do ensino e desmonte dos serviços públicos”.
Júlia Nogueira Michelotto, representante da Enesso, está cursando o 6º período de 
Serviço Social, no Centro Universitário Unibrasil, e participou da organização da Jornada, por 
meio da Comissão. A estudante explicou que o evento foi importante para “se aprofundar, 
compreender e socializar questões sobre condiçõesdo trabalho, porque, às vezes, a sala de 
aula não dá conta”.
90
Unidade III
Samuel Salézio dos Santos, responsável pela supervisão de campo da Regional Sul 1 da 
Abepss, chamou atenção para a discussão do projeto coletivo profissional, proporcionada 
pelo evento, especialmente sobre estágio e residência. “Isso é um desafio presente em várias 
regiões, pois todas sofrem com a precarização do trabalho do assistente social. No caso da 
residência, assistimos instituições substituírem profissionais da assistência por residentes, 
além de criarem relações de trabalho autoritárias”, explica.
Participaram do evento, também, residentes que atuam no estado. Foi o caso de Larissa 
Bastos, assistente social e residente no Programa Saúda da Mulher, do Complexo Hospital 
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que participou de uma discussão 
coletiva acerca do trabalho. “A conjuntura atual, o estágio, a extensão e a residência são 
temas importantes, que foram discutidos no contexto dos cortes nas políticas públicas e dos 
ataques à educação, pois respinga em todos os níveis”, avalia.
Contexto do trabalho em serviço social
A conjuntura atual foi uma das preocupações do evento, a fim de compreender o 
universo atual no qual o serviço social está inserido. Roberto Baggio, coordenador do MST, 
numa análise, abordou, na mesa de abertura, o cunho político de algumas estratégias 
mercadológicas que respigam diretamente na formação e no exercício do serviço social.
Nesse cenário, o contexto do estágio no Paraná é bem diverso, mesmo com o marco 
regulatório de 2000, conforme pesquisa realizada e apresentada por Melissa Portes, doutora 
em Serviço Social e professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), 
“A partir da tese, verificamos uma diversidade de práticas e organizações do estágio no 
Paraná, pouco acúmulo de pesquisa na área, além de diferentes interpretações do marco 
regulatório”, explicou a professora, que compôs uma das mesas redondas. Para ela, o evento 
marca a socialização e aproximação das experiências sobre o cotidiano do trabalho.
A residência é um dos níveis que acaba absorvendo muitas/os profissionais da área, ante 
a diminuição de vagas no mercado, em instituições diversas e dentro do funcionalismo 
público. Nesse sentido, Thaisa Closs, docente da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul, trouxe para a Jornada a discussão de um mapeamento de residências no Rio Grande 
do Sul que absorvem estes profissionais para além do mercado e do Sistema Único de 
Saúde (SUS). “O evento é fundamental para construir coletivamente alternativas, repensar 
a organização e qualificar o atendimento da população usuária, criando possibilidades de 
educação permanente e atualizada”, avaliou.
De acordo com a professora doutora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), 
Lenir Mainardes, a discussão da formação profissional é uma preocupação elementar para a 
área do serviço social. “A Jornada traz para o debate temas que têm dimensão coletiva e que 
relacionam o serviço social às questões econômicas, políticas e sociais”, defende Lenir, que é uma 
das coordenadoras da Especialização em Gestão Pública (estruturada de forma multiprofissional, 
em diversas ênfases, por meio de Instituições Públicas de Ensino Superior do Paraná).
91
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
Silvana Escorsim, docente da Universidade Federal do Paraná, defende que esses eventos 
“são essenciais para problematizar a realidade, haja vista que as/os profissionais do serviço 
social têm preocupação basilar com a formação do ser social. O trabalho, portanto, deve ser 
debatido constantemente pela nossa categoria”.
Fonte: Formação... (2018).
No texto anterior vimos que há vários atores envolvidos na organização de um evento no qual o 
tema esteve orientado para a formação oferecida e para o papel que o estágio tem nesse processo.
Exemplo de aplicação
E você, como percebe o estágio? Acredita também que uma formação rudimentar no estágio poderia 
comprometer a sua formação futura como assistente social e poderia, ainda, comprometer de forma 
negativa a qualidade dos serviços prestados à população?
Reflita sobre isso!
Neste momento serão apresentados os parâmetros e orientações do estágio curricular obrigatório 
em serviço social. Para isso, é importante indicar as informações relacionadas ao estágio contidas 
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando ainda pela Lei Federal de Estágio, pelas 
diretrizes curriculares do curso de Serviço Social segundo a Abepss, pelas resoluções do Conselho 
Nacional de Educação e por demais documentos da categoria que orientam a realização do estágio 
curricular obrigatório.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) oferece parâmetros mínimos em relação ao estágio 
curricular, indicando aspectos que devem ser observados em instituições de nível superior e que oferecem 
estágio curricular obrigatório em sua formação. No sentido em pauta, a LDB destaca que as instituições 
de ensino superior possuem autonomia universitária e que por isso também possuem responsabilidade 
em oferecer normativas para o estágio. Também figura que o estágio é um momento de formação, e não 
um momento de trabalho (CFESS, 2010).
Temos ainda as resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) que orientam as questões 
do estágio. São elas: Resoluções n. 492/2001; n. 1.363/2001; e a n. 15/2002. Estas já não são tão 
genéricas e buscam orientar sobre o estágio curricular em serviço social, algo que as instituições de 
ensino superior precisam observar. Nessas resoluções indica‑se a necessidade de estágio e trabalho 
de conclusão de curso como itens necessários para a conclusão da graduação. Fortalece ainda a 
necessidade do supervisor (de campo e pedagógico). O texto em questão indica:
O estágio supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se 
configura a partir da inserção do aluno no espaço socioinstitucional, 
objetivando capacitá‑lo para o exercício profissional, o que pressupõe 
supervisão sistemática. Esta supervisão será feita, conjuntamente, por 
92
Unidade III
professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de 
estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações 
que oferecem estágio (CFESS, 2010, p. 12).
Tanto o supervisor acadêmico quanto o de campo são fundamentais no processo de mediação e de 
formação dos futuros assistentes sociais. A ausência dessas figuras, ou então uma supervisão que não 
seja de qualidade, pode comprometer de forma negativa o processo formativo do estagiário.
As orientações sobre o estágio provêm da Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhecida 
como Lei do Estágio. Nessa legislação, temos orientações específicas sobre o estágio obrigatório em 
geral, ou seja, a Lei do Estágio se destina a regulamentar o estágio em geral, e não apenas o estágio 
em serviço social. Na lei em questão, vemos que nos é apresentado o estágio curricular obrigatório e o 
não obrigatório. No entanto, a legislação especifica como jornada máxima diária a carga horária de seis 
horas e define ainda que o estagiário tem direito a recesso de 30 dias após o cumprimento de um ano 
de estágio.
A Lei de Estágio fortalece ainda a noção de que as instituições que firmam convênios visando ao 
estágio (obrigatório ou não obrigatório) devem oferecer condições físicas mínimas para que o estagiário 
possa, de fato, passar por esse processo e que este seja educativo. Além das condições físicas, de 
qualidade, destaca‑se que é papel da instituição responsável pelo estágio oferecer um supervisor que 
possua formação na área que o aluno estagia. Dessa forma, a legislação busca fortalecer o caráter 
educativo, garantindo que o estagiário realmente aprenda com o estágio.
 Saiba mais
A Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhecida como Lei 
de Estágio, pode ser vista no link a seguir:
BRASIL. Lei Federal n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre 
o estágio de estudantes; altera aredação do art. 428 da Consolidação das 
Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto‑Lei n. 5.452, de 1o de maio de 
1943, e a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis n. 6.494, 
de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo 
único do art. 82 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o 
da Medida Provisória n. 2.164‑41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras 
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007‑2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 1º jul. 2019.
Aqui cabe um parêntese. Por que essa lei é tão importante? Porque ela tenta evitar que os 
estagiários trabalhem acima da carga horária indicada, visando não comprometer de forma negativa a 
sua formação acadêmica. Também porque busca evitar que o estagiário desempenhe funções que não 
possuem relação com a sua formação. Infelizmente, ainda era muito comum que os alunos contratados 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm
93
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
para estágio acabassem desenvolvendo atividades que não tinham qualquer relação com sua prática 
profissional, o que é muito incorreto. De certa forma, a lei em questão busca garantir melhorias junto 
à formação oferecida no estágio, o que é um avanço, uma vez que o estagiário sempre foi tratado 
como um subprofissional, desempenhando praticamente todas as funções do profissional, porém, com 
salário bem mais baixo e carga horária elevada. No âmbito das atividades, também era comum que os 
estagiários realizassem intervenções que não tinham caráter educativo. A Lei do Estágio é construída 
sob essas bases, conforme podemos ver:
Além de oferecer condições físicas adequadas ao processo de aprendizagem, 
as instituições concedentes têm, conforme estabelecido na lei, obrigação de 
definir o/a profissional da mesma área de formação do/a estagiário/a para 
a supervisão, assegurando, desse modo, o desempenho da supervisão como 
atribuição privativa daquela área profissional (CFESS, 2010, p. 10).
De certa forma, as prerrogativas em questão têm vinculação com o que nossa categoria defende, 
ou seja, de relações mais humanas e que possam, de fato, colaborar com um processo formativo de 
qualidade. Se observarmos o que é posto nas diretrizes curriculares do curso de serviço social, aprovadas 
pela Abepss em 1996, podemos observar que já temos ali o entendimento de que o estágio é o momento 
de formação privilegiada em que o aluno deve realizar a junção teórica e prática.
O estágio supervisionado objetiva capacitar o/a aluno/a para o exercício 
profissional, por meio da realização das mediações entre o conhecimento 
apreendido na formação acadêmica e a realidade social. No estágio, 
exercita‑se o conhecimento da realidade institucional, a problematização 
teórico‑metodológica, a elaboração e implementação do plano de 
intervenção do/a estagiário/a, articulado à discussão teórico‑metodológica 
e à utilização do instrumental técnico‑operativo do serviço social, pertinente 
ao campo específico da ação (CFESS, 2010, p. 12).
Assim, a Lei de Estágio vem de encontro ao que a categoria já defendia. Além disso, as resoluções em 
questão destacam a necessidade do supervisor, acadêmico e de campo. Mas um dos documentos mais 
importantes da categoria no sentido de disciplinar a questão do estágio em serviço social, conforme o 
CFESS (2010), é a Política Nacional de Estágio da Abepss que foi aprovada em 2009. Esse documento 
é importante porque ali há muitas indicações a respeito do estágio curricular em serviço social. Esse 
documento também se destaca pelo fato de que representa as lutas e posturas da categoria como um 
todo e sistematiza discussões realizadas por longos anos.
Enfim, conforme a Política Nacional de Estágio, o estágio curricular obrigatório e não obrigatório 
devem fortalecer a possiblidade de o aluno realizar as junções das dimensões teórico‑metodológicas, 
ético‑políticas e técnico‑operativas, reforçando, uma vez mais, a necessidade de vinculação entre a 
fundamentação teórica, a intervenção prática e também vincular‑se aos parâmetros ético‑políticos de 
nossa categoria. Isso quer dizer que o estágio também é o momento de fazermos valer nosso projeto 
ético‑político, além de viabilizar outros tipos de articulação que são vitais para aqueles que estão em 
processo de formação. Ou seja:
94
Unidade III
Numa leitura atenta e crítica da realidade, a PNE enfatiza, ainda, que o 
estágio no Serviço Social deve também se nortear por princípios que são 
preservadores desta lógica, quais sejam, indissociabilidade entre as dimensões 
teórico‑metodológicas, ético‑políticas e técnico‑operativas; articulação entre 
formação e exercício profissional; indissociabilidade entre estágio, supervisão 
acadêmica e de campo; articulação entre universidade e sociedade; unidade 
entre teoria e prática; articulação entre ensino, pesquisa e extensão (PNE, 
2009, p. 12‑14 apud CFESS, 2010, p. 14).
 Saiba mais
Para se aprofundar no assunto, acesse o link a seguir:
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Resolução CFESS 
n. 533, de 29 de setembro de 2008. Ementa: Regulamenta a supervisão 
direta de estágio no serviço social. Disponível em: <http://www.cfess.org.
br/arquivos/Resolucao533.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2019.
Ou seja, não há estágio sem a vinculação com a teoria e com os valores que norteiam a profissão. 
No texto da Política Nacional de Estágio há ainda o fortalecimento do papel dos supervisores, os quais 
devem estar articulados. Assim, temos um supervisor de campo e um supervisor acadêmico. Via de regra, 
o supervisor de campo é aquele que atua no espaço onde o estágio é desenvolvido. Já o supervisor 
acadêmico seria aquele que está vinculado à universidade. Ambos são responsáveis pelo estágio e, por 
isso, sua vinculação, sua relação é extremamente relevante e importante. A supervisão deve acontecer 
de forma:
[...] articulada entre o/a docente da unidade de formação e o/a assistente 
social de campo, reafirmando em toda sua processualidade o estabelecido 
na Resolução CFESS n. 533/2008. Por isso, define os sujeitos envolvidos, 
incluindo ainda os/as estudantes e a coordenação de estágio, assim como os 
papéis a eles/as atribuídos (CFESS, 2010, p. 18‑26).
O supervisor deve estar com seus direitos profissionais ativos e deve possuir vínculo com a instituição, 
ou seja, deve ser contratado em um processo formal de trabalho. Esses parâmetros, assim como todos 
os demais do documento de estágio em questão, devem ser seguidos tanto para o estágio obrigatório 
como para o não obrigatório. Assim, é sempre necessário que se considere que todas as indicações e 
orientações para o obrigatório também sejam observadas no caso do não obrigatório.
Mas dentre as informações mais importantes do documento, podemos destacar as exigências postas 
para a realização do estágio em serviço social, ou seja, o que deve acontecer em um processo de estágio. 
Veja a síntese a seguir:
95
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
a) inserção discente em atividades atinentes ao exercício da profissão; 
b) garantia de supervisão acadêmica e de campo; c) exigência de relatórios 
semestrais; d) documento comprobatório da carga horária cumprida no 
campo de estágio; e) pré‑requisitos ou correquisitos de disciplinas que 
abordem conteúdos relacionados à ética profissional e fundamentos 
histórico‑teórico‑metodológicos do serviço social para a inserção nesta 
atividade; f) o/a docente responsável pela supervisão destes estágios deverá 
acompanhar o(a) estagiário/a por meio de encontros com os/as estudantes; 
avaliação das condições éticas e técnicas do campo de estágio e da 
vinculação das atividades discentes previstas no Termo de Compromisso de 
Estágio (TCE) ao exercício da profissão serviço social; acompanhamento do 
instrumento comprobatório da frequência no campo; orientação e avaliação 
dos relatórios elaborados pelo/a estagiário/a; g) ser necessariamenteofertado como disciplina (CFESS, 2010, p. 15).
Isso significa que todos os alunos de serviço social em estágio curricular obrigatório e não obrigatório 
devem participar de atividades que colaborem com sua formação, tendo direito à supervisão acadêmica 
e de campo. Além disso, é necessário um rol de documentos que atestem o cumprimento do estágio, 
como, por exemplo, os termos de compromisso, as fichas de frequência e demais atividades de avaliação.
Por fim, será discutido como o estágio é apresentado na Lei que Regulamenta a Profissão e no 
Código Profissional de Ética do Assistente Social. De acordo com essa legislação, no artigo 5º, consta que 
a supervisão de estágio em serviço social é uma atribuição privativa aos profissionais habilitados. Já no 
artigo 14 é indicado que é competência das instituições de ensino superior, com alunos em situação de 
estágio, informar aos conselhos sobre os alunos que estão em supervisão. Compete ainda às unidades de 
ensino designar os assistentes sociais que serão os supervisores de estágio. E reforça que o profissional 
não pode apresentar pendências, ou seja, precisa estar com seus direitos ativos.
Artigo 5º
Constituem atribuições privativas do assistente social:
[...]
VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social;
Artigo 14
[...]
Cabe às Unidades de Ensino credenciar e comunicar aos Conselhos 
Regionais de sua jurisdição os campos de estágio de seus alunos e designar 
os assistentes sociais responsáveis por sua supervisão [...].
96
Unidade III
Parágrafo único. Somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão 
direta do assistente social em pleno gozo de seus direitos profissionais, 
poderão realizar estágio em serviço social (CFESS, 2010, p.17).
Já o Código Profissional de Ética do Assistente Social indica vedações e também deveres do assistente 
social no que diz respeito ao estágio em serviço social. No sentido em pauta, é importante destacar que, 
conforme o artigo 4º, constituem vedações à atuação do assistente social junto ao estágio as seguintes:
É vedado ao assistente social:
[...]
d) compactuar com o exercício ilegal da profissão, inclusive nos casos 
de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos 
profissionais;
e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em instituições 
públicas e/ou privadas que não tenham em seu quadro assistente social que 
realize acompanhamento direto ao aluno estagiário (CFESS, 2010, p.18).
É proibido ao assistente social, em sua relação laboral, quando na supervisão de estágio, aceitar 
o exercício ilegal da profissão, incluindo nesse rol estagiários que desenvolvem atividades que são 
dos profissionais. Mas sempre que isso acontece, deve ser imediatamente interrompido. Também 
é destacado que o estágio demanda supervisor, assistente social, em seu quadro de funcionários. 
Aliás, essa indicação também é muito pertinente, afinal, também é comum instituições desejarem o 
estagiário de serviço social, mas não optarem por contratar o profissional. Infelizmente, nem todos 
conhecem as prerrogativas da profissão, mas aqueles que conhecem não podem compactuar com 
esse tipo de conduta ou postura.
Antes de darmos seguimento aos nossos estudos, leia o texto a seguir:
Denúncia de infração profissional
Compete aos Cress fiscalizar o exercício da profissão do assistente social, em seu âmbito 
de jurisdição, assegurando a defesa do espaço profissional e a melhoria da qualidade de 
atendimento aos usuários do serviço social.
A ação fiscalizadora dos Cress deve articular as dimensões: afirmativa de princípios e 
compromissos conquistados; político‑pedagógica; normativo e disciplinadora.
A seguir, descrevemos alguns tipos de denúncias e respectivas infrações, passíveis de fiscalização:
• Uso indevido da expressão “serviço social”.
97
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
• Estágio sem supervisão direta de assistente social.
• Leigo assumindo atribuições do assistente social.
• Bacharel em serviço social exercendo a profissão sem estar inscrito no Cress/BA.
• Assistente social exercendo a profissão com registro cancelado, transferido ou interrompido.
• Inadimplência.
• Não utilização do n. de Cress.
• Compactuar com exercício ilegal.
• Compactuar e/ou realizar desvio de função.
• Compactuar e/ou realizar estágio sem supervisão.
• Compactuar com condições éticas e técnicas de trabalho insuficientes à garantia do 
sigilo profissional.
• Realizar práticas terapêuticas.
Fonte: Conselho... [s.d.].
O texto anterior, divulgado no site do Cress da Bahia, indica situações que podem motivar a 
realização de denúncia de processo ético. Dentre elas, podemos observar: estágio sem supervisão direta 
de assistente social; compactuar com exercício ilegal; compactuar e/ou realizar estágio sem supervisão. 
Estas seriam situações que estariam diretamente ligadas ao estágio curricular. Assim, caso se depare 
com esse tipo de conduta, é basal procurar o Cress para denúncia.
 Saiba mais
Para que possa conhecer ainda mais sobre as questões do estágio 
em serviço social, é recomendada a leitura do material disponível no 
link a seguir:
O ESTÁGIO e suas implicações na formação e no exercício profissional. 
In: VI SEMINÁRIO NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DAS COFIS, 2011, Brasília. 
Brasília: Abepss, 2011. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/
Apresentacao‑cofi‑abepss.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019.
98
Unidade III
Não há como realizar uma intervenção, como assistente social, relacionada ao estágio curricular 
obrigatório sem que sejam observadas as indicações sobre a prática profissional que são postas pelo 
conjunto CFESS/Cress. É preciso ressaltar que todas as ações, sobretudo a supervisão de estágio, 
demandam a observação dos parâmetros apresentados.
Para além dos documentos difundidos pela categoria, há ainda autores que estudam e produzem 
conhecimento sobre essa temática. A exemplo disso, temos a produção da assistente social Marta 
Buriola. As obras da autora são direcionadas para a questão do estágio. No livro Supervisão em Serviço 
Social: o Supervisor, sua Relação e seus Papéis, a autora nos oferece indicações sobre a postura do 
supervisor de estágio em serviço social e nos leva a refletir sobre a relação firmada dessa figura com os 
estagiários, além de nos motivar a pensar sobre esse processo de formação extremamente importante 
para o desenvolvimento do futuro profissional.
Buriola (1996) compreende que a supervisão de estágio em serviço social possui três especificidades, 
ou, ao menos, deveria possuir:
• processo de formação da identidade profissional; 
• processo de ensino e aprendizagem; 
• processo de terapia profissional. 
Mas o que quer dizer isso tudo?
A supervisão como processo de formação de uma identidade profissional faz menção ao fato 
de que, a partir da inserção do estagiário no campo de estágio, há um processo de construção de 
uma identidade profissional. Na verdade, o estagiário não está pronto, preparado, quando ingressa 
no estágio. Esse preparo, essa formação, começa a se desenvolver quando ele é inserido no campo 
de estágio. Nessa inserção, por meio da relação supervisor e aluno, é que temos a consolidação da 
identidade desse futuro profissional.
Outro aspecto importante e destacado por Buriola (1996) se refere ao processo de ensino 
e de aprendizagem. A autora também entende o estágio como um momento privilegiado de 
ensino‑aprendizagem. Nesse sentido, para que ocorra, de fato, o ensino‑aprendizagem, é necessário 
que o aluno‑estagiário possa transpor a dicotomia teoria‑prática. O estágio é o momento em que o 
supervisor estimula a leitura da realidade observada com o aporte teórico. É necessário também que 
esse processo venha balizado pelos parâmetros que são conferidos pela profissão ao estágio.
E, por fim, o último aspecto indicado pela autora refere‑se ao estágio como terapia. Inicialmente, o termo 
causa um estranhamento. Afinal, qual seria a conotação terapêutica possível em relaçãoao estágio? Buriola 
(1996) coloca que todo processo de aprendizagem, educativo, é um processo de mudança. A partir da inserção do 
aluno em campo de estágio, tanto ele irá aprender, se desenvolver, mudar, quanto o supervisor também. Afinal, 
quantas vezes nós ouvimos os supervisores dizendo que o estagiário dá um novo ânimo a sua intervenção? 
Aprendizagem, nesse sentido, sempre deve gerar mudança, assim como um processo terapêutico viabiliza.
99
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
Após essas colocações, a autora passa então a apresentar aspectos que seriam necessários ao 
assistente social supervisor, ou seja, quais são os fatores que seriam importantes ao bom supervisor de 
estágio em serviço social, ou quais seriam os fatores preponderantes para a supervisão de estágio em 
serviço social. Para ela, os fatores influentes junto ao perfil do supervisor seriam a competência, a pessoa 
do supervisor, as condições de trabalho do supervisor, a sua concepção de mundo e a sua capacidade de 
selecionar ações prioritárias junto ao estágio.
Portanto, o supervisor precisa ter competência técnica e ético política para desempenhar suas 
funções. Observando a conduta desse profissional, o aluno irá desenvolver essa capacidade. A questão 
pessoal também. A pessoa do supervisor mostrar‑se empática e receptiva é importante, pois facilita o 
estabelecimento de vínculo entre esses dois atores.
Outro ponto relevante é a questão da visão de mundo. Veja, não há como as pessoas, sobretudo 
alunos e estagiários, apresentarem a mesma perspectiva de mundo. Mas, como estamos falando de um 
processo de estágio, obviamente a visão de mundo do supervisor interfira na formação do estagiário. 
Ambas as figuras presentes nesse processo de supervisão, estagiário e supervisor, precisam apresentar 
ou desenvolver visões de mundo relacionadas aos postulados da categoria profissional. E, por fim, o 
supervisor precisa definir quais são as ações prioritárias em que o estagiário deve ser inserido. Ora, em 
meio a tantas intervenções, quais delas irão colaborar para o desenvolvimento da aprendizagem do 
aluno‑estagiário? E mais, quais funções ele não deve desempenhar, uma vez que não agregariam nada 
em sua formação?
Buriola (1996) ainda atribui possíveis papéis ao supervisor de campo, como educador, transmissor de 
conhecimentos, experiências e informações, facilitador, autoridade e avaliador.
Para reforçar tais conceitos, o estágio deve ser um processo educativo e de partilha de conhecimento 
e vivências. Assim, por analogia, o supervisor também precisa ser esse profissional. Aquele que estimula 
a aprendizagem do aluno, portanto, apresenta um perfil de educador, de transmissor do conhecimento e 
de facilitador. O termo facilitador remete às práticas educacionais em que o professor estimula o aluno 
a aprender, recorrendo a condutas que o incentivem a ir se desenvolvendo. Nesse formato, o aluno não 
recebe conhecimentos, mas o constrói pela mediação. O supervisor é, nesse sentido, aquele que estimula, 
que media, mas que não impõe o conhecimento.
E apesar de uma perspectiva bastante emancipatória, democrática, a autora destaca ainda que o 
supervisor assume um caráter de autoridade, uma vez que avalia o aluno. No entanto, essa autoridade 
não coaduna com autoritarismo e posturas antidemocráticas, mas destaca que, nessa relação aluno e 
supervisor, a avaliação é algo inerente. Portanto, o supervisor também aparece como autoridade e tem 
a potencialidade de atuar como avaliador. Ou seja, o supervisor pode assumir esses papéis e mesmo os 
outros apresentados anteriormente.
Neste momento, serão apresentados três relatos de experiência de estágio.
No primeiro exemplo, narrado por Paiva, Moreira e Cardoso (2015), o estágio foi realizado por uma aluna 
que cursava Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina. O estágio aconteceu no Ministério 
100
Unidade III
Público. As atividades do estagiário foram desenvolvidas no Grupo de Apoio e Reflexão, um equipamento 
de extensão da Vara de Família. A ação do estagiário era viabilizar reflexões junto às famílias atendidas pela 
comarca. Na experiência, é narrado que a estagiária realizou, a pedido da supervisão acadêmica, um projeto 
de intervenção para discutir questões relacionadas à família e ainda analisar as intervenções do Grupo de 
Apoio e Reflexão. A estagiária observou que houve participação ativa das famílias, e os pontos indicados 
pelas famílias como necessários de alteração foram mudados com a anuência dos profissionais. Ao final, é 
indicado que todo o processo de estágio provocou alterações importantes não apenas no estagiário, mas 
também nas supervisoras, no Grupo de Reflexão e na própria instituição.
A experiência de estágio supervisionado em serviço social revelou‑se 
importante para o processo de formação e aprimoramento profissional, 
tanto para a estagiária quanto para as supervisoras. Para a instituição, 
sua importância está na medida em que promove a interface entre troca 
de saberes pautada em teoria e realidade acerca dos assuntos abordados 
(PAIVA; CARDOSO; MOREIRA, 2015, p. 72).
Já a segunda experiência, mais recente, narrada por Junqueira, Reidel e Cunha (2014), nos 
apresenta também uma experiência desenvolvida no Judiciário. Nesse caso, o estágio foi firmado 
entre o curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o serviço social 
do Fórum da Comarca de Guaíba/RS. O estagiário foi inserido em todas as atividades desenvolvidas 
pelos assistentes sociais, mas houve um enfoque para o fortalecimento da dimensão investigativa, 
algo que o estagiário indica como positivo, posto que o estágio não se manteve apenas com práticas 
cotidianas, mas sim com o estímulo à pesquisa. No caso, o texto indica que houve grande troca 
entre supervisores e aluno‑estagiário, além de fortalecer a importância da pesquisa e dos parâmetros 
contidos na profissão. Vejamos um pedaço da conclusão dos autores do artigo sobre o processos de 
estágio em questão:
A experiência de estágio obrigatório relatada neste artigo possibilitou um 
rico processo de trocas e aprendizagem a todas as pessoas envolvidas – 
estagiária, supervisoras e usuários. Buscou‑se, no cotidiano profissional, 
efetivar os princípios éticos e políticos do serviço social, tendo‑se como 
norte a luta pela afirmação dos direitos dos prestadores de serviços. 
A efetivação da tríade no processo de supervisão e a adoção de uma 
postura investigativa foram decisivas para o enriquecimento do processo 
de formação profissional. Em um contexto em que a educação vem sendo 
transformada em objeto mercantil, tal experiência representa um esforço de 
resistência, mediante a busca pela efetivação do projeto pedagógico que a 
profissão vem construindo para a formação de seus quadros (JUNQUEIRA; 
REIDEL; CUNHA, 2014, p. 312).
Por fim, no último relato de experiência de estágio, Queiroz, Bade e Silva (2014) descrevem uma 
intervenção de estágio em serviço social desenvolvida na área da saúde em Crissiumal, no Rio Grande 
do Sul. No caso, o estagiário também foi inserido nas atividades do assistente social. Por meio dessa 
inserção, ele foi estimulado a fazer a junção da teoria e da prática. O estagiário ainda precisou preparar 
101
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
um projeto de intervenção que foi executado no espaço do estágio e que colaborou com a qualidade 
dos serviços prestados no âmbito do SUS, estimulando e fortalecendo a rede de serviços e a articulação 
entre os pares.
Quadro 11 – Síntese dos conteúdos
Estágio (características) Estágio (legislação)
Associação teórica e prática Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
Condicionado pelos aspectos que regem a nossa categoria Lei Federal de Estágio
Demanda supervisor pedagógico e supervisor de campo Resoluções do Conselho Nacional de Educação
Momento de consolidação da identidade profissional
Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social
Lei que Regulamenta a Profissão do Assistente Social/
Código Profissional deÉtica do Assistente Social
Política Nacional de Estágio
8.1 A prática profissional e a dimensão investigativa
Para situar a discussão sobre a prática profissional, recorre‑se a Iamamoto (2001), uma vez que a 
autora nos apresenta premissas, postulados e um rol de conteúdos relacionados à análise do serviço social 
em sua prática profissional. O livro, escrito em 2001, ainda figura como um dos mais lidos pela categoria, 
sendo, aliás, exigido como bibliografia de vários concursos e processos seletivos para assistentes sociais.
 Observação
Um dos maiores contributos de Iamamoto foi a difusão do entendimento 
do serviço social como partícipe de um processo de trabalho.
Iamamoto (2001) coloca que toda vez que pensamos no serviço social, compreendendo‑o como trabalho 
circunscrito em um processo de trabalho, temos que considerar três premissas básicas. A primeira premissa 
corresponde a compreender que existem relações sociais que são fundamentais para a delimitação da vida 
em sociedade. Iamamoto (2001) coloca que a sociedade resulta do modo de produção capitalista e da 
delimitação por esse modo de classes sociais. Para ela, as classes sociais são antagônicas, possuem projetos 
sociais distintos, diferenciados, e dessa diferenciação nascerá sempre uma tensão. Essa tensão acaba sendo 
mediada pelo Estado, que é apresentado como um órgão que, via de regra, irá defender a burguesia. Assim, 
como pensar a prática profissional sem refletir sobre essa contradição que influencia a sociedade, as relações 
sociais e nossa categoria? Para a autora, não dá para apreender a prática fora dessa análise conjuntural. 
Iamamoto (2001, p. 150), descreve esse pressuposto de entendimento das relações sociais presentes em uma 
sociedade como algo que os assistentes sociais precisam desenvolver, ou seja: “[...] entendê‑la no jogo tenso 
das relações entre as classes sociais, suas fracções, e das relações destas com o Estado brasileiro”.
O segundo pressuposto apresentado pela autora faz menção ao entendimento necessário dos 
assistentes sociais em relação ao primado da produção social no sentido de organizar a vida em 
sociedade. Assim, a autora coloca que o trabalho é a atividade fundante do homem. É o trabalho que 
permitiu o desenvolvimento do gênero humano e é o trabalho que condiciona e influencia a organização 
102
Unidade III
das relações sociais. Em uma sociedade capitalista, o trabalho, a venda da força de mão de obra define 
e condiciona uma classe social, a classe proletária. A forma com que a sociedade organiza seu processo 
produtivo e o trabalho também influenciam a nossa prática profissional.
Enfim, o último pressuposto seria compreender o privilégio da história em determinar a vida em 
sociedade, influenciando também, substancialmente, o exercício profissional. Conhecer a história 
da sociedade e da categoria profissional são elementos fundamentais para uma intervenção qualificada. 
De acordo com Iamamoto (2001, p. 150), devemos considerar que a história é basal “[...] por ser ela a 
fonte de nossos problemas e a chave de suas soluções”.
Após apresentar esses pressupostos, Iamamoto coloca também que deve‑se olhar mais para a 
sociedade e menos para o Estado, mesmo sendo ele o maior empregador. No entanto, não existirá uma 
prática social coerente e de qualidade se não houver uma aproximação às classes sociais, aos movimentos 
das classes na sociedade contemporânea. É preciso dar voz para aqueles que são apresentados como 
segmentos inferiores.
Conhecer as classes sociais evoca ainda a necessidade de saber também as demandas profissionais 
que são geradas pelos segmentos. Conhecer as demandas, porém, requer também a adoção de respostas 
para as demandas. Ora, se há conhecimento das demandas apresentadas pelo público, obviamente que 
há de existir o atendimento a tais situações, algo que Iamamoto (2001) chama de respostas criativas; 
afinal, como atuar ante a ampliação da demanda e da diminuição dos recursos?
Além disso, realizar uma análise das demandas, das respostas profissionais, também requer um estudo 
da situação política e econômica. Compreender os meandros da organização política e da situação 
econômica também são condições fundamentais, como “[...] uma análise da política, que, muitas vezes 
se descola das determinações econômicas” (IAMAMOTO, 2001, p. 152). Ou seja, o estudo, a análise, deve 
comportar esses dois aspectos de maneira conjunta.
Em tese, a autora indica que pode‑se, hoje, compreender que vivenciamos um momento de restrição 
dos direitos sociais, de perda de gastos públicos. Isso acaba impondo a seleção de famílias, tornando o 
assistente social um “[...] juiz rigoroso da pobreza” (IAMAMOTO, 2001, p. 160). Como atuar diante disso? 
Como conferir respostas criativas a essa situação? Iamamoto apresenta como alternativa o profissional 
propositivo, aquele preocupado com a pesquisa e com a atualização permanente.
 Lembrete
A dimensão investigativa deve integrar as práticas profissionais do 
assistente social.
Quando falamos em investigação, postura investigativa, qual é a primeira imagem que vem a sua 
mente? Via de regra, a noção de investigação acaba sendo associada à averiguação, à checagem, à 
inquisição. No entanto, aqui, quando se fala de investigação, nomeia‑se a condição de realização de 
pesquisas por parte do assistente social.
103
ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
Sabe‑se, conforme Moraes (2015), que por longos anos a produção de conhecimento e a pesquisa 
foram apresentadas como algo relacionado apenas ao conhecimento laboratorial. Essa realidade 
perdurou até meados do século XX, quando houve a ampliação das chamadas ciências humanas e da 
produção de conhecimento relacionada a essas áreas do saber. O longo processo de desenvolvimento 
da produção de conhecimento e da sistematização de dados obtidos por meio da pesquisa resultou 
no fato de compreendermos que as profissões ligadas às ciências humanas também produzem 
conhecimento, motivo pelo qual a investigação torna‑se importante na categoria.
Para tanto, a questão da investigação ainda não é largamente explorada pelos assistentes sociais. 
Ou, se é explorada, ainda não tem sido sistematizada pelos profissionais, uma vez que ainda temos 
um número pequeno de assistentes sociais autores, por exemplo. Em grande medida, isso advém do 
fato de os profissionais, enquanto estudantes, não terem sido acostumados e preparados à produção 
de conhecimento desde o seu processo formativo. A formação universitária deve ser assentada 
no tripé firmado entre ensino, pesquisa e extensão. O ensino seria a própria formação, a oferta de 
conteúdos e saberes que devem ser construídos em uma relação dialógica. A extensão seria a oferta 
do conhecimento produzido na universidade para a comunidade. A exemplo disso, podemos citar os 
hospitais, clínicas universitárias, escritórios jurídicos que são construídos pelas universidades e que 
oferecem serviços gratuitos à comunidade. A pesquisa, por fim, elemento basal nesse tripé, refere‑se 
à produção de conhecimento científico. Fato é: se o assistente social, no seu processo formativo, em 
sua graduação, não foi estimulado a realizar pesquisa, como o fará após a conclusão de seu curso, 
em sua prática cotidiana?
Moraes (2015), no entanto, assevera que a categoria passou a identificar a pesquisa como algo 
interessante e necessário somente a partir de meados dos anos 1990. Antes desse período, a produção 
de conhecimento científico no serviço social era pontual e desenvolvida apenas por aqueles segmentos 
que estavam envolvidos com universidades ou então pelos poucos profissionais vinculados aos cursos 
de pós‑graduação existentes no país. Atualmente, contudo, temos uma ênfase maior em relação à 
questão da produção de conhecimento, ressaltando, assim, a importância da investigação como algo 
que é inerente à prática profissional do assistente social.
Entretanto, há aspectos basais com os quais o assistente social tem que se relacionar sempre que 
reflete sobre a dimensão investigativa

Outros materiais