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CARTOGRAFIA TEMÁTICA Marcos Esdras Leite Rachel Inêz de Castro Oliveira Montes Claros - MG, 2010 2010 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089 Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214 REITOR Paulo César Gonçalves de Almeida VICE-REITOR João dos Reis Canela DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Giulliano Vieira Mota Andréia Santos Dias Bárbara Cardoso Albuquerque Clésio Robert Almeida Caldeira Débora Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida Diego Wander Pereira Nobre Gisele Lopes Soares REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Jéssica Luiza de Albuquerque Maria Cristina Ruas Abreu Karina Carvalho de Almeida Rogério Santos Brant REVISÃO TÉCNICA Anete Marília Pereira Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTO Gráfica Yago PROJETO GRÁFICO E CAPA Alcino Franco de Moura Júnior Andréia Santos Dias EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO Alcino Franco de Moura Júnior - Coordenação CONSELHO EDITORIAL Maria Cleonice Souto de Freitas Rosivaldo Antônio Gonçalves Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho Wanderlino Arruda Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes Ficha Catalográfica: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil Celso José da Costa Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Paulo César Gonçalves de Almeida Vice-Reitor da Unimontes João dos Reis Canela Pró-Reitora de Ensino Maria Ivete Soares de Almeida Coordenadora da UAB/Unimontes Fábia Magali Santos Vieira Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH Mércio Coelho Antunes Chefe do Departamento de Geociências Coordenadora do Curso de Geografia a Distância Janete Aparecida Gomes Zuba Guilherme Augusto Guimarães de Oliveira AUTORES Marcos Esdras Leite Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Pesquisador do Departamento de Geociências Unimontes. Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: marcosesdras@ig.com.br Rachel Inêz de Castro Oliveira Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora e Pesquisadora do Departamento de Geociências Unimontes. Professor e SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 Unidade 1 - Comunicação e elaboração de cartas temáticas na geografia 09 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 1.1 A cartografia temática e suas relações com a geografia . . . . . . . 09 1.2 A comunicação visio-espacial e a semiologia gráfica. . . . . . . . . 14 1.3 Elaboração, leitura, análise e interpretação de mapas temáticos 23 1.4 Cartas topográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Unidade 2 - As geotecnologias, a cartografia turística e os gráficos . . . . 53 2 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2.1 Novas tecnologias aplicadas à cartografia. . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2.2 Cartografia turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 2.3 Gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 2.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . . . . 89 Atividades de aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 APRESENTAÇÃO 07 A necessidade de entender e racionalizar o espaço sempre foi o ponto de partida para o avanço das ciências que estudam as formas de ocupação do espaço (geografia, ciências cartográficas, engenharia e outras). O mapa é consequência dessa preocupação do homem de representar o espaço real de forma cartográfica, a fim de pensá-lo de maneira mais efetiva, além de ter registrado a forma de ocupação num dado momento histórico, o que no futuro permitirá estabelecer parâmetros. Os mapas são usados desde seu surgimento para várias finalidades – agricultura, descrição da paisagem, manifestações religiosas, ações militares – o que os tornam peças fundamentais para entender a complexidade da ocupação humana sobre a superfície terrestre. Por isso, Duarte (2002, p. 19) afirma que “a história dos mapas confunde-se com a própria história da humanidade, tornando-se, por essa razão, um tema inesgotável, bastante amplo e complexo, mas, sobretudo, apaixonante pelas surpresas que nos são reveladas a cada documento analisado.” Dada a importância dos mapas, sua elaboração e confecção evoluíram, a partir do momento em que se tornaram instrumentos mais científicos com a invenção da imprensa, bem como com as contribuições inigualáveis de Mercator. Esses avanços estão relacionados à utilidade dos mapas no período do Renascimento, pois eram instrumentos imprescindíveis na navegação. Como o mapa é um instrumento que facilita a visão geral de uma área, tendo em vista que expõe de forma didática os elementos de certo espaço num determinado momento, seu avanço é contínuo, ou seja, a humanidade reconhece a utilidade dos mapas. O fato de todos os países, principalmente os mais ricos terem órgãos de mapeamento de informações geográficas é um indicador da importância desse instrumento para o planejamento nacional. O uso de técnicas de mapeamentos serve para várias finalidades, na biologia para mapeamento de populações e incidência de espécies, na história para representar como era o espaço no passado, nas ciências agrárias para uso do solo e previsão de safra, etc. O uso militar também é muito grande, e vale destacar que os grandes avanços que ocorreram nas ciências cartográfica e geográfica estão intrinsecamente relacionados a sua aplicação militar. 08 Geografia Caderno Didático - 3º Período Entretanto, a geografia é uma das ciências que mais faz uso dos mapas em seus trabalhos. Isso se deve ao objeto de estudo da ciência geográfica ser o espaço e, portanto, tudo que é mapeado está em um espaço, isso torna a geografia e a cartografia complementares, principalmente a cartografia temática que trata especificamente do domínio de mapas temáticos. Com o intuito de tornar esse trabalho de ensino e aprendizagem mais significativo, buscamos elaborar um material didático que tratasse a cartografia temática dentro do contexto da ciência geográfica, pois é essa situação que será vivenciada por vocês durante o curso de graduação em geografia. 09 1UNIDADE 1COMUNICAÇÃO E ELABORAÇÃO DE CARTAS TEMÁTICAS NA GEOGRAFIA INTRODUÇÃO Nesta unidade trabalharemos com a essência da cartografia temática, haja vista que para dominar os mapas temáticos temos que pensar a forma de comunicação entre o autor do mapa e o leitor. Dessa forma, esta unidade se encontra estruturada para facilitar a compreensão do leitor sobre as formas de representação dos dados em cartas temáticas. Nesse sentido, estudaremos aqui a Cartografia Temática e suas relações com a Geografia; A comunicação visio-espacial e a semiologia gráfica; e laboração, leitura, análise e interpretação de cartas temáticas; cartas topográficas. O objetivo geral dessa unidade é capacitar o alunoa trabalhar com interpretação, leitura e produção de produtos cartográficos aplicados á geografia. De maneira especifica essa unidade permitirá, também, entender as formas de representação dos dados em mapas temáticos e os métodos de facilitar a comunicação entre o autor do mapa e o leitor. 1.1 A CARTOGRAFIA TEMÁTICA E SUAS RELAÇÕES COM A GEOGRAFIA Ao estudar a disciplina cartografia no período passado, podemos perceber o quanto é complexa essa disciplina. O tamanho dessa complexidade faz com que ela se divida em duas: Cartografia e Cartografia Temática. Vale lembrar que essa medida é adotada internacionalmente. Voltando ao conteúdo da disciplina Cartografia, estudada anteriormente, podemos perceber que sua definição a coloca como ciência que representa o espaço em mapas e ao mesmo tempo é compreendida como arte, pois confeccionar um mapa também é criar uma obra. No caso da cartografia temática, vamos compreender como deve ser elaborado um produto cartográfico, ou seja, quais são as normas para mapas, gráficos ou perfil topográfico. Isso significa que devemos conhecer as normas para empregar as cores e as formas dentro de um mapa, isso é importante por facilitar a leitura e a interpretação do material cartográfico. Dessa forma, podemos concluir que a cartografia trabalha com os elementos básicos para a elaboração de um mapa, como as projeções, coordenadas e fusos horários. Enquanto a cartografia temática está relacionada com as normas para elaboração de produtos cartográficos. Fazendo uma incursão histórica sobre a cartografia temática, o professor Marcelo Martinelli do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo – USP, um dos maiores especialistas nessa área escreveu 10 Geografia Caderno Didático - 3º Período A progressiva especialização e diversificação das realizações da cartografia científica, operadas desde os séculos XVII e XVIII e cristalizadas no século XIX, em atendimento às crescentes necessidades de aplicação confirmadas com o florescimento e sistematização dos diferentes ramos de estudos constituídos com a divisão do trabalho cientifico, no fim do século XVIII e início do século XIX, culminaram com a definição de outro tipo de cartografia, a cartografia temática – domínio dos mapas temáticos. (MARTINELLI, 2003, p.21) Com essa análise, podemos entender que a cartografia foi sobrecarregada por tratar de diversos temas que tangem a representação do espaço em um plano e, por isso, houve a fragmentação, surgindo uma área especializada na elaboração de mapas temáticos. Então, a cartografia temática surgiu de uma necessidade de dominar as técnicas para representação de temas que estão no espaço, embora Martinelli (2003) afirme que o mapa temático num primeiro momento representava o ponto de vista do autor do mapa, mostrando assim a visão de mundo de uma pessoa. Atualmente, a cartografia temática se fortaleceu e com isso foram estabelecidas normas para confeccionar mapas temáticos. Assim, as cores e símbolos usados em um mapa dependerão do tipo de mapa. No mapa hipsométrico, que mostra a altitude do relevo, as cores usadas não são as mesmas de um mapa de vegetação, pois trata de temas diferentes. Com o advento da informática, a cartografia temática, assim como toda a cartografia, evoluiu bastante, pois facilitou o trabalho de configuração dos mapas, além de trazer novidades que serão apresentadas no item sobre “novas tecnologias aplicadas à cartografia.” Um ponto a ser ressaltado nessa disciplina é que apesar desses avanços da cartografia temática, a mesma é tratada, na maioria das vezes, como apêndice da geografia. Temos que retomar uma discussão que foi iniciada na disciplina História do Pensamento Geográfico, ministrada no primeiro período, que tratou da relação entre o objeto de estudo da geografia: o espaço, e o objeto de estudo da Cartografia que também é o espaço. Naquele momento, apontamos que, apesar de ser o mesmo objeto de estudo os enfoques são diferentes, pois a geografia estuda a relação entre sociedade e natureza, logo, isso ocorre no espaço. Já a cartografia busca representar num plano, o espaço, com os seus elementos naturais e artificiais. Nesse sentido, a cartografia temática representa um tema especifico do espaço no mapa. Esse esclarecimento mostra que apesar de se tratar de duas ciências distintas, a geografia e a cartografia estão intensamente relacionadas. Por isso, a todo momento neste material didático aparece a cartografia integrada a geografia, pois para nós geógrafos essas são indissociáveis. DICAS Volte ao caderno didático 2, na disciplina Cartografia e leia o trecho que trata da relação entre a geografia e a cartografia. Isso vai permitir que você se lembre mais sobre esse assunto. 11 Cartografia Temática UAB/Unimontes Uma definição clássica de geografia, proposta por Yves Lacoste, que entende a geografia como saber pensar o espaço, reforça a necessidade de trabalharmos a cartografia temática dentro das mais variadas disciplinas que integram a geografia. Uma vez que para pensar o espaço é imprescindível conhecê-lo, mas se tratando de um espaço com grande dimensão essa tarefa se torna muito difícil, por isso, o mapa temático apresenta a distribuição e ocorrência de um determinado fenômeno nesse espaço, assim o mapa elimina os fenômenos que não interessam naquele momento. Essa síntese é importante para obter informações do espaço e, consequentemente, permite pensar com maior propriedade sobre o mesmo. Comungando com essa ideia, Martinelli (2003, p. 22) ressalva que “os mapas temáticos interessam à geografia na medida em que não só abordam conjuntamente um mesmo território, como também o consideram em diferentes escalas”. Com essa afirmação, o autor supracitado explica que com o auxilio da cartografia temática é possível analisar o espaço pela associação de vários temas, bem como pode se considerar um determinado tema em várias escalas. Para facilitar sua compreensão, vamos dar o seguinte exemplo: imaginem que vamos estudar o município de Montes Claros; podemos usar vários mapas temáticos, como de população, de hidrografia, de relevo e outros, para conhecer melhor esse território. Da mesma forma, podemos utilizar um desses temas, para estudar um território maior como, por exemplo, a hidrografia do norte de Minas Gerais. Outro ponto que torna importante essa integração entre geografia e cartografia temática é o fato da geografia ser dividida em várias disciplinas, como geomorfologia, biogeografia, geografia urbana, geografia da população, geografia agrária entre outras. Com isso, a cartografia temática é usada por essas disciplinas, haja vista que por tratar de temas específicos, os mapas representaram um tema determinado, ou seja, será um mapa temático. Como exemplo, podemos citar a distribuição da população pelos estados brasileiros que são usados nas aulas de geografia da população, assim como o mapa dos biomas brasileiros é referência na biogeografia. Essa relação da cartografia, ou melhor, dos mapas, com a geografia não é recente, pois como foi abordado na disciplina cartografia, a história dos mapas se confunde com a construção do conhecimento geográfico, uma vez, que mesmo antes da geografia ser sistematizada, os mapas já traziam informações sobre a organização de alguns territórios. Como escreveu Kish (1980) citado por Martinelli (2003, p.7) Nos albores de sua existência, o homem gravou em pedra ou em argila, pintou em pele de animais ou armou em estruturas diversas o seu lugar, seu ambiente e suas atividades. Ao fazer isso não só representava a prática de suas relações espaciais, em terra ou mar, como também expunha o conteúdo das relações sociais de sua comunidade. DICAS Volte ao caderno didático 2, na disciplina Cartografia e leia o trecho que trata da história dos mapas. 12 Geografia Caderno Didático - 3º PeríodoAs informações trazidas nos mapas foram fundamentais para a sistematização da geografia e, consequentemente, para seu reconhecimento enquanto ciências. Outro aspecto que associa a geografia à cartografia foi o questionamento sobre o uso do conhecimento para a dominação de territórios e povos. Esta dominação que tem origem com o homem se organizando em sociedade e, logo, ocupando um território, se desenvolveu, passando por dominação de áreas continentais, por conflitos entre nações até chegar a uma forma atual de dominação. Esse novo modelo também usa a cartografia, porém há uma subjetividade nos mapas em que se busca empregar uma nova visão e novas informações transformando as culturas local, regional e nacional. Essa ideia é confirmada por Harley (1988) citado por Martinelli (2003, p.8) ao afirmar que “os mapas, junto a qualquer cultura, sempre foram, são e serão formas de saber socialmente construído; portanto, uma forma manipulada de saber. São imagens carregadas de julgamentos de valor. Não há nada de inerte e passivo em seus registros.” Com isso, temos que ter muita atenção ao analisar um mapa, que, por mais inocente que possa parecer, o mesmo pode estar carregado de valores que podem induzir ao leitor a tirar informações equívocas. Um exemplo clássico dessa situação é o mapa que apresenta o continente Europeu no centro do mapa mundial, como na figura 1. Esse mapa passa a ideia do eurocentrismo, ou seja, a Europa como centro do mundo, tendo sido elaborado no período da expansão marítima comercial. Figura 1: Mapa mundial com a Europa no centro representando a ideia do eurocentrismo. Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/padrao-mapas-mundiais/imagens/mapa-mundi.jpg É devido a esse poder que o mapa tem é que devemos, enquanto profissionais, trabalhar constantemente com eles. Temos capacidade de elaboração, ler e analisar todos os elementos que integram um mapa. E, quando capacitado para elaborar um mapa, ter a preocupação de não inserir informações que possam ferir outras culturas. Essa responsabilidade se agrava quando trabalhamos com o ensino da cartografia no ensino básico e fundamental, pois a percepção da criança e do adolescente é diferente do adulto, principalmente da nossa enquanto profissionais. Logo, ao trabalharmos a leitura de mapas com os alunos, temos que respeitar suas limitações e sua cultura. Mesmo entre alunos de uma mesma turma, haverá disparidades culturais e sociais, isso exige do professor de geografia habilidade para trabalhar com diversas visões sobre um único produto. É nesse sentido que recomendamos que se trabalhe a cartografia temática com o aluno de forma gradativa. Assim, inicia-se com a cartografia de uma escala local, ou seja, um espaço familiar para o aluno, como a sua rua. Depois, avance para níveis de maior complexidade como a cidade, o município, a região, o estado e o país. Acreditamos que um dos motivos do alto índice de rejeição da cartografia está relacionado ao modo como é apresentado o estudo cartográfico ao iniciante. Para atrair o aluno e torná-lo mais interessado, temos que despertar nele o fascínio que os mapas provocam, principalmente, naqueles que têm afinidade com a geografia. Para isso, devemos nos apropriar das tecnologias em sala de aula, mesmo nas escolas que não têm disponíveis tanto recursos didáticos. Um simples globo terrestre provoca emoções no aluno, quando esse é observado pela primeira vez. Imaginem a sensação ao observar uma imagem de satélite ou uma animação da construção de um mapa, em que os próprios alunos podem ser autores. Caso seja possível contar com recursos mais sofisticados como o retroprojetor ou o projetor multimídia (datashow), o uso dos mapas podem ser potencializados, pois com esses recursos permitem potencializar a apresentação dos produtos cartográficos. Como exemplo, podemos usar mapas temáticos de crescimento de cidades ou de expansão da degradação ambiental de vários períodos diferentes e sobrepô-los e, em seguida, ir passando de um período para outro. Isso mostra a dinâmica da transformação do espaço, podendo ser usado nas aulas das diversas disciplinas da geografia. Sobre essa importância da comunicação visual do mapa no ensino, bem como os avanços causados nesse ramo, Taylor (1994), citado por Martinelli, corrobora (2003, p.23). A comunicação cartográfica também está se beneficiando enormemente das citadas novas tecnologias vinculadas à visualização e à multimídia. Assim, além da comunicação 13 Cartografia Temática UAB/Unimontes 14 Geografia Caderno Didático - 3º Período C F E A B G GLOSSÁRIO Semiologia gráfica: Estudo dos símbolos gráficos, suas propriedades e suas relações com os elementos da informação que eles revelam. http://www.geominas.mg.gov.b r/glossario/GLOSSAR.html visual tida como central, outras formas adicionais, como o som e o texto estão participando efetivamente. Obtemos, assim, uma comunicação integral completa. Com essa efetiva integração entre o usuário e os mapas podemos esperar grandes avanços no ensino e na comunicação geral. Diante dessas informações, percebemos que a cartografia temática é de fundamental importância para a geografia, tendo em vista que com os mapas temáticos, a geografia se torna mais precisa nos seus estudos e sem esses produtos a análise do espaço certamente seria mais difícil, o que causaria um desinteresse pela ciência geográfica. Com essa importância dos mapas na geografia, a cartografia temática usa de métodos para facilitar a interpretação dos mapas, isto é, a comunicação cartográfica. Como são os geógrafos os usuários do mapa, a comunicação entre o cartógrafo e o geógrafo é de suma importância para que o mapa atenda seu objetivo. 1.2 A COMUNICAÇÃO VISIO-ESPACIAL E A SEMIOLOGIA GRÁFICA Vários autores comentam que o mapa é um modelo de comunicação visual usado cotidianamente por leigos para vários fins e por diversos profissionais e de forma específica pelos geógrafos. Para Andrade (2008), os modelos de comunicação na cartografia abrangem os elementos: o cartógrafo, o usuário e o mapa. O uso do mapa pode ser considerado como um processo de comunicação visual com o objetivo de obter informação do mundo real. Andrade (2008, p.39) menciona que para o processo de comunicação cartográfica tornar-se eficiente, é necessário considerar os fatores que influenciam no projeto cartográfico, tais como: a necessidade do usuário, seu nível de entendimento, o meio de apresentação, o uso do mapa e a percepção do usuário em relação aos mapas. Assim, para assimilar as informações encontradas num mapa, é necessário conhecer o significado de cada símbolo nele implantado. Veremos, a seguir, que existem mapas que utilizam símbolos que não são pré-estabelecidos, ou seja, o cartógrafo utiliza o símbolo que considera ser mais adequado para aquele mapa em estudo. Isso veremos em mapas temáticos. Já nos mapas topográficos (cartas topográficas), utilizaremos símbolos convencionais, ou seja, já estabelecidos, como por exemplo a altitude, que é representada por curvas de nível. Segundo Martinelli (1998) e Le Sann (1983) a semiologia gráfica é uma teoria que é baseada nas propriedades da percepção visual. Assim, o mapa gerado é uma imagem lógica, pois não se fundamenta em convenções, mas sim na percepção do ser humano em relação ao significado natural das cores, tamanhos, tonalidades e formas diferentes. Conforme Le Sann(1983), a elaboração de um documento cartográfico constitui um processo complexo e nem sempre, quem tem a intenção de elaborar um documento percebe várias etapas que deve percorrer para chegar a esse fim. Então, vamos perceber que o processo de construção de um mapa pode ser resumido nas seguintes etapas: escolha do tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala, análise da informação e a tradução. Escolha do tema: a escolhado tema está vinculada à finalidade do documento, ao tipo de usuário a que se destina, uma apresentação em congresso, uma publicação científica e também as fontes de informações disponíveis. Le Sann (1983, p.4) ressalta que, por exemplo, o tema “População de Minas Gerais” pode ser interpretado de vários modos, a critério do autor, como também em função das fontes existentes, de suas pertinências e atualização. Os aspectos, quantidades absolutas, relativa, densidade, crescimento, migração, estrutura etária e outros, são os modos de tratar o tema “População”. O autor deve escolher o aspecto mais relevante para ser cartógrafo a fim de completar o texto pretendido. A escolha do tema também é dependente das informações disponíveis, portanto das fontes. Seleção das informações relevantes: após ter escolhido o tema, é necessário escolhermos as informações mais significativas. É importante tratar as informações antes de serem utilizadas. O tratamento pode ser simples (porcentagens, agrupamentos em classes, etc.). Outra etapa importante de acordo com Le Sann (1983) é a definição do formato de apresentação definitiva que deve ser pensado paralelamente à escolha da escala. O formato deve incluir a identificação completa do documento, título (e subtítulo, se necessário), legenda, escala, orientação, data de dados, fonte, autor, órgão divulgador e data de publicação. Então, durante a fase de escolha da escala, devemos pensar, no fundo do mapa, pensar na base cartográfica. É bom sermos cautelosos na seleção das informações que irão compor nosso mapa, para não sobrecarregarmos desnecessariamente o nosso documento. Le Sann (1983) ressalta que a escolha do fundo do mapa é uma etapa delicada. O fundo do mapa é o conjunto de traços, específicos ou não, que servem de suporte para as informações que compõem a legenda. Podem ser: limites, rios, estradas, etc. Também é importante nesse momento o autor do mapa elaborar um rascunho do mesmo. Os principais problemas que podem ser encontrados no momento da análise do rascunho são: � escolha inadequada do fundo do mapa. Este fundo talvez torne complexo, ou seja, forme a chamada imagem parasita(ou melhor imagem inútil, ou inadequada à informação. 15 Cartografia Temática UAB/Unimontes 16 Geografia Caderno Didático - 3º Período � o desajuste entre o fundo do mapa e o tamanho dos símbolos utilizados. As vezes colocamos símbolos completamente desproporcionais, ou grande demais ou muito pequeno, isto dificulta a leitura e interpretação do documento cartográfico. � a superposição de símbolos torna a leitura difícil ou mesmo impede-a de ser realizada Após termos escolhido o nosso tema, selecionado as informações significativas, escolhido a escala, nosso próximo passo é a analise das informações a serem traduzidas. Conforme Bertin( 1967 apud LE SANN, 1983), o conteúdo de uma informação é subdividido em partes que recebe o nome de componente da informação. Mas, para representar uma informação não basta identificar os seus componentes, é necessário também conhecer as suas características. A primeira característica é o comprimento (número de elementos, de classes, ou de categorias). Outra característica importante é o nível de organização do componente. O nível de organização é o significado do componente, que podem ser três: nível quantitativo, nível ordenado e qualitativo. O nível qualitativo: o componente é constituído de uma série de dados que expressam quantidades. Por exemplo, o número de alunos por série, o número de dias de chuva por mês, etc. O nível ordenado: todo componente que expressa uma ordem universal apresenta este nível. Por exemplo, dias da semana, meses do ano, hierarquias militares, etc. O nível qualitativo: se o componente não é naturalmente ordenado, ele é ordenável. Podemos fazer a comparação ou a diferenciação entre os seus elementos. O nível qualitativo é subdividido entre o associativo (que associa) e o seletivo (que diferencia). Por exemplo, industrias, culturas, etc. Mais adiante, veremos como utilizar essa característica, nível de organização. De acordo com Martinelli (2003), a cartografia temática ilustra o fato de que não se podem expressar todos os fenômenos num mesmo mapa e que a solução para esse problema é multiplicá-los, diversificando-os. Diante disso, o objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com a ajuda de símbolos qualitativos, ordenados ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência geralmente extraídos das cartas topográficas, as informações referentes a um determinado tema ou fenômeno que está presente no território mapeado. Outra característica do componente é a maneira como ele é representado no plano de uma folha de papel, ou seja, o seu modo de implantação. O modo de implantação pode ser pontual, dizem respeito àqueles elementos que a representação simbólica pode ser reduzida a forma de um ponto, como cidades, casas, portos, etc. Se for uma estrada linear e ser for em categorias de uso do solo, zonal ou areal. Percebemos então que o modo de implantação de um componente pode variar em função da escala considerada. Por exemplo, uma indústria: a princípio o modo de implantação é pontual, isso se a escala for pequena, mas poderá ser representada por uma zona se a escala for maior. 1.2.1 Elementos de representação no espaço Para Martinelli(1998), o ponto não tem dimensão, representa apenas posição(localidade ou localização). Por exemplo, localização de uma cidade,de uma indústria, etc. A linha é unidimensional: representa apenas uma direção, por exemplo, o percurso de um rio, uma estrada, etc. A área é bidimensional: representa largura e comprimento, Por exemplo, densidade de população, cultivos, áreas de cidades, etc. O volume é tridimensional: representa largura, comprimento e altura, por exemplo, quantidade de precipitação, de produção, etc. Nas palavras de Le Sann (1983), a linguagem gráfica é formada por variáveis da retina. Martinelli (1998, p. 8) comenta que ao cair um pingo de tinta sobre um folha de papel branco, formando um borrão, imediatamente percebemos que o borrão está em determinado lugar em relação às duas dimensões do plano( à direita e no alto). Essa mancha visível, além de ter uma posição, pode assumir modulações visuais sensíveis. Assim, as duas dimensões do plano, mais seis modulações visuais possíveis que a mancha visual pode assumir constituem as variáveis visuais. Segundo Rosa ( 2004, p. 49) as variáveis da retina ou visuais são: Tamanho: nas palavras de Rosa (2004, p. 49) essa variável é usada para representar dados quantitativos, traduzindo a proporção entre as classes dos diversos elementos cartográficos. Para a sua representação, usaremos formas básicas (círculos, quadrados, retângulos, triângulos), conferindo-lhe tamanhos proporcionais ao valor dos dados. Varia do grande, médio, pequeno (figura 2). Ex. total de população do Estado de Minas Gerais por município. Para Cardoso (1984, p.8), a propriedade fundamental desta variável é que somente ela pode transcrever inequivocamente quantidades. Ainda que seja possível observar diferenças e ordenação quando se aplica a variação de tamanho (por exemplo, uma barra de um centímetro é menor que outra de dois centímetros e maior que outra de meio centímetro; ou então, que uma é diferente da outra), esta variável transmite acima de tudo a ideia de quantidade. Na escolha de diferentes tamanhos a aplicar (por exemplo, tamanho de círculos, de barras, ou espessuras de linhas) é importante ressaltar que a distância entre eles seja suficientemente grande para que possa revelar de imediato as diferenças entre os elementos. 17 Cartografia Temática UAB/Unimontes 18 Geografia Caderno Didático - 3º Período Figura 2: Variável Tamanho Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+ cores+em+cartografia+tematica&meta Valor: ParaRosa(2004,p.49) o valor é usado para representar dados ordenativos, através da variação de tonalidade da branco ao preto, passando pelos tons cinza ou vermelho, ou de verde, ou de azul. O branco representa ausência (0%) e o preto a totalidade (100%), e os outros níveis representam valores intermediários, indo do claro (percentagens menores) ao escuro (percentagens maiores) (figura 3). Ex. profundidades do mar, altitudes, etc. Figura 3: Variável Valor Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+ cores+em+cartografia+tematica&meta Granulação: Conforme Cardoso (1984,p.10) a variação de grão, ou granulação, é a redução fotográfica de uma textura dada; é quando a dimensão dos elementos constitutivos de uma textura pode variar sem que mude a relação branco/preto, ou melhor, onde a proporção de preto e branco permanece. Para o autor supracitado esta variável tem sua aplicação melhor em implantação zonal, mas desde que se sirva de um reduzido número de classes. É preciso observar que para duas áreas de iguais dimensões não há variação de tamanho de linhas ou de pontos (nesta, o número de linhas e de pontos é sempre o mesmo, variando sim o seu tamanho) valor da percepção seletiva ordenada quantitativa valor da percepção seletiva ordenada A variação de grão pode ser ordenada e associativa, mas acima de tudo é seletiva, ou seja, há diferenças. Na percepção ordenada é possível transcrever um número maior de classes do que na percepção seletiva (figura 4). Figura 4: Variável Granulação Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+ cores+em+cartografia+tematica&meta Orientação: Segundo Cardoso (1984,p.11) essa variável tem aplicação bastante restrita, na implantação pontual que é mais eficiente, e sempre para transcrever componentes diferenciais (seletivos) em substituição à cor. É bom lembrar que a orientação são as variações de posição entre o vertical, o oblíquo e o horizontal(figura 5). Figura 5: Variável Orientação Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+ cores+em+cartografia+tematica&meta Forma: Segundo Rosa (2004, p.49) é usada para representar dados qualitativos (associativos). Agrupa todas as variações geométricas ou não. Elas são múltiplas e diversas, podem ser geométricas (círculo, quadrado, triângulo, etc.) ou pictóricas. As formas não devem ser muito variadas, se possível, devem ser limitadas a no máximo seis (figura 6). 19 Cartografia Temática UAB/Unimontes valor da percepção seletiva associativa valor da percepção seletiva associativa ordenada 20 Geografia Caderno Didático - 3º Período Figura 6: Variável Forma Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+cores +em+cartografia+tematica&meta= Cor: Conforme Rosa (2004,p. 49) é usada para representar dados qualitativos (seletivos). Consiste na variação das cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo às cores a mesma intensidade. Por exemplo: usar o azul, o vermelho e o verde é usar a variável da retina "cor". O uso do azul claro, do azul médio e do azul escuro, corresponde a variável da retina "valor" . (figura 7). Figura 7: Variável Cor Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=teoria+das+cores +em+cartografia+tematica&meta= É bom ressaltar algumas considerações em relação as cores e seu uso em mapas. Conforme Martinelli (2003), a cor é uma variável seletiva, apenas separa um elemento cartográfico do outro e jamais devemos confundir cor (azul, vermelho, verde, alaranjada, violeta, púrpura) com valor (tonalidade da cor variando do branco ao preto, vermelho escuro, vermelho, vermelho claro). Conforme Duarte (2002), todas as cores são vistas como combinação da vermelha, amarela e azul, que são cores primárias. Elas não podem ser obtidas por mistura e, por isso, diz-se que são encontradas puras na natureza. Quando elas são misturadas em quantidades iguais, duas a duas, dão origem às cores secundárias (laranja, verde e violeta). DICAS Nos monitores de computador e nos televisores as cores primarias são: azul, verde e vermelha. valor da percepção associativa Da mistura das cores primárias com as secundárias, também em partes iguais duas a duas, surgem as cores terciárias (abóbora, púrpura, anil ,limão e ouro). Cores frias: São aquelas que vão do violeta ao verde na Rosa Cromática (figura 8). Verde: lembra umidade e frescura. Veja em um mapa de vegetação, quando o verde é mais escuro demonstra maiores densidades. No mapa de relevo, o verde representa altimetria do relevo. Azul: é uma cor que lembra o ar e água. Temos a sensação de brandura, simplicidade, calma, etc. Violeta: nos dá a sensação de delicadeza e silêncio. Cores quentes: São aquelas que vão do amarelo ao vermelho na Rosa Cromática. Simbolizam calor, fogo, seca. Nos mapas, o amarelo aparece associado a temperaturas quentes, climas áridos, baixa densidade, baixa altitude. Em mapas, o vermelho aparece muito na representação da temperatura, zonas térmicas e fortes densidades populacionais. Figura 8: Rosa Cromática Fonte: http://www.ufrr.br/component/option,com_docman/Itemid,5/task,doc_ view/gid,531/ Harmonia monocromática: refere-se a valorização de uma única cor, variando somente sua tonalidade. A variação dessa cor demonstrará a intensidade de um fenômeno. Por exemplo, cores fracas demonstram valores fracos e cores mais escuras valores forte. Harmonia pelas cores vizinhas: é uma maneira de harmonizar as cores vizinhas da Rosa Cromática, estabelecendo um sentido, que deve ser anti-horário, segundo Duarte (2002). É interessante ressaltar que a harmonia das cores indica no mapa hierarquia ou sequência. Harmonia pelas cores opostas: é utilizada com o objetivo de mostrar a diferença entre um fenômeno e outro. É importante notar que cor 21 Cartografia Temática UAB/Unimontes 22 Geografia Caderno Didático - 3º Período oposta é aquela que fica diametralmente contraria uma a outra na Rosa Cromática, a verde e a vermelha, por exemplo. Vamos, agora, mostrar um exemplo prático da importância da Semiologia Gráfica na aprendizagem da Geografia. Vimos que o processo de construção de um mapa pode ser resumido em várias etapas: escolha do tema, seleção das informações relevantes, escolha da escala, análise da informação e a tradução. O tema a ser estudado, no nosso exemplo, consiste na distribuição espacial de algumas das principais reservas minerais de alguns minerais do Brasil, já que estudamos minerais em Fundamentos de Geologia I. Para isso, utilizaremos um texto qualquer que fale sobre os Principais minerais do Brasil: por exemplo você poderá acessar o site http://www.slideshare.net/cristinaramos/recursos-minerais-do-brasil e ler sobre o assunto, ou mesmo procurar textos sobre o assunto em livros didáticos. Após termos lido sobre o assunto, vamos agora selecionar as informações e organizá-las. Podemos construir um quadro, onde de um lado colocamos os diversos minerais e do outro lado, as principais reservas. Muito bem, agora percebemos que a informação a ser representada foi organizada, o passo seguinte é traduzi-la para a forma de mapa. Vimos, sua anteriormente que a base de qualquer mapa é importante na elaboração, e, por isso, deve ser feita com muito critério para que não comprometa a visualização da informação. O fundo do mapa deve ser simples. Para o nosso exemplo, a escala de representação regional é satisfatória para a localização de cada um dos recursos minerais em suas respectivas reservas. Agora, vamos fazer a análise da informação a ser traduzida, já que dela depende a correta simbolização. Vamos identificar as partes que a compõe, os componentes, o nível de organização e o modo de implantação. Muito bem,a informação a ser traduzida é a localização das principais reservas de alguns recursos minerais no Brasil. Num texto sobre os Principais Minerais do Brasil, você verá que estainformação possui como componentes: as principais reservas nacionais e os recursos minerais. Verificando cada um separadamente, temos: Principais reservas nacionais, (Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Piauí, Maranhão); nível de organização – seletivo (os elementos expressam uma relação de diferença entre si); modo de implantação – pontual (as reservas serão representadas sob a forma de pontos). Outro componente: recursos minerais (Manganês, Cassiterita, Bauxita, Níquel, Ouro, Cobre, Zinco, Chumbo, Ferro); nível de organização-seletiva e modo de implantação pontual. Agora, veremos qual é a variável visual mais adequada para o nosso exemplo. Como o nível de organização é seletivo, mais se ajusta ao nosso exemplo a variável forma. Observe o mapa de recursos minerais do seu geoatlas (figura 9). Figura 9: Recursos minerais do Brasil,1993 Fonte: MARTINELLI, 1998, p.74. 1.3 ELABORAÇÃO, LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS Quando estudamos a cartografia temática, estamos nos qualificando para realizar trabalhos com mapas temáticos, por isso, é importante conhecer bem o que na verdade é o mapa temático e qual a diferença desses para outro tipo de mapa. O mapa temático é um mapa que representa cartograficamente um determinado fenômeno, podendo ser esse fenômeno de ordem social, econômica ou natural. São exemplos de mapas temáticos os mapas de recursos naturais, da vegetação, da distribuição da população, da concentração de atividades econômicas e outros mapas que tenha como objetivo representar algo no espaço. Na geografia, como as atividades tanto naturais, como humanas a interessam e estas ocorrem em um determinado espaço, o mapa temático é um instrumento para conhecer melhor o espaço e suas transformações. Nesse sentido, a ciência geográfica valoriza o mapa temático como suporte imprescindível para as análises geográficas. A primeira regra ao planejar a elaboração de um mapa é pensar em quem o lerá. Por isso, é preciso fazer um modelo que seja compreendido por uma pessoa leiga, já que os mapas são instrumentos universais. Atenção às normas de uso das variáveis visuais e da formatação do mapa permitirá que o leitor faça uma leitura rápida e precisa do mesmo. 23 Cartografia Temática UAB/Unimontes 24 Geografia Caderno Didático - 3º Período A elaboração do mapa temático está pautada em uma necessidade existente, logo o mapa é um subsídio para a busca pela solução de tal problema. Para essa elaboração o autor necessitará de dois elementos essenciais, os dados e o mapa base. Os dados são responsáveis por definir o tema do mapa exemplo: se os dados são sobre o gênero da população, o mapa temático será exatamente sobre esse tema. Esse fato eleva a preocupação com a qualidade e confiabilidade dos mapas. Quando trabalhamos com dados de uma grande área, como de país, estado, ou de uma grande região, temos que conseguir esses dados de outras fontes (fontes secundárias). No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – é um dos principais órgãos no fornecimento de dados, notadamente sobre aspectos demográficos. A coleta de dados não é uma tarefa fácil, pois a confiabilidade desses está associada à maneira com que foram coletados, isso significa que é necessária uma metodologia eficaz para que os dados tenham valor. É na metodologia da coleta de dados que será definida a amostra, o tipo de roteiro de entrevista, se será questionário ou formulário. Assim essa etapa é decisiva no processo de obtenção de dados. A base cartográfica ou mapa base consiste na representação do território em que os dados serão especializados. Caso seja um mapa da distribuição da população brasileira, a base será o mapa do Brasil. A base cartográfica é o pano de fundo na construção do mapa temático, pois esta agrupa os dados em limites (polígonos), constituindo assim o mapa temático. Para a construção da base cartografia é imprescindível ter pleno domínio de técnicas da cartografia básica, como projeção, escala, rede geográfica etc. Esse trabalho de elaboração dos mapas temáticos foi facilitado significativamente com a aplicação de novas tecnologias à cartografia, com essas tecnologias o trabalho cartográfico ganhou maior precisão e facilitou o trabalho dos cartógrafos. Os dados e a base cartográfica quando são integrados formam o mapa temático, mas para elaborar um mapa há certas convenções que têm que ser respeitadas. Essas normas são padronizadas internacionalmente com o intuito de facilitar a leitura de um mapa, independentemente, de onde este foi elaborado. Os dados no mapa temático podem ser representados por métodos diferentes, sendo eles: � Método para representações qualitativas; � Métodos para representações ordenadas; � Métodos para representações quantitativas; � Método para representações dinâmicas. Isso mostra que o mapa temático pode ser construído de acordo com esses métodos, esses se encaixam de acordo com as características e a forma de manifestação (em pontos, em linhas, em áreas) dos fenômenos considerados em cada tema. Em cada um desses métodos serão exploradas as variáveis visuais que são mostradas no quadro abaixo. Martinelli (2003, p.34) afirma que o “mapa temático exporá, assim, um tema, que deverá ser declarado no título. Portanto, este além de dizer do que se trata, deve especificar onde se dá o acontecimento e em que data.” (figura 10). Figura 10: Aspecto qualitativo, ordenado e quantitativo. Fonte: Martinelli,1998, p.71 Os mapas temáticos respondem mais do que apenas a localização, eles vão além do “onde?”. Dessa forma, o tema pode ser representado no aspecto qualitativo, respondendo à questão “o quê?”. No aspecto ordenado, respondendo à pergunta “em que ordem?”. No aspecto quantitativo, respondendo à questão “quanto?”. 1.3.1 Representações Qualitativas O mapeamento no aspecto qualitativo é usado para expressar algumas informações sobre a existência, a localização e a extensão de um determinado fenômeno em uma área. E como esse fenômeno se manifesta em linhas, pontos ou áreas, isso será representado cartograficamente através de linhas, pontos e áreas. (MARTINELLI, 2003). Como os mapas com representações qualitativas trabalham com informações espaciais básicas, eles são os mais utilizados pelos geógrafos. Esse método de representação usa as variáveis visuais seletivas: forma, orientação e cor. Além de fazer uso constante dos modos de implantação: pontual, linear e zonal (área). Com a associação dessas variáveis visuais e modos de implantação podemos obter mapas de símbolos nominais pontuais, mapas de símbolos lineares nominais e mapa corocromáticos. O mapa de símbolo nominal pontual usa os pontos para mostrar a existência e a localização de um determinado fenômeno. Nesse caso, 25 Cartografia Temática UAB/Unimontes 26 Geografia Caderno Didático - 3º Período podemos fazer uso das variações de formas, nesse caso são utilizadas as formas geométricas variadas. A figura 11 traz informações sobre a ocorrência de shopping centers no Brasil. Com um mapa que podemos notar a localização dos shoppings e verificar a concentração no sudeste. Observe que o ponto isolado no norte de Minas refere-se à cidade de Montes Claros. Figura 11: Shopping Center. Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-2-small6 40.png&titlepos=up As representações em símbolos lineares nominais usam linhas para mostrar o fenômeno desejado. Esses fenômenos são feições que estão presentes no espaço e apresentam uma forma linear, como, por exemplo, redes hidrográficas e viárias, com isso as variáveis visuais usadas são cor e forma. Veja que na figura 12 que mostra a rede de transporte no Brasil, a representação é realizada com linhas que mudam a forma (espessura) e a cor. A concentração de linhas na região sudeste denuncia a importância econômica dessaregião. Figura 12: Rede de transporte. Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-3.png&titlepos=up Nos mapas que usam a representação corocromática há o uso de zonas (áreas) e essas são diferenciadas através de cores, como mostra na figura 13 que representa a ocorrência de favelas no Brasil. C F E A B G GLOSSÁRIO Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e utilizam diferenças de cor na implantação zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar diferenças nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. 27 Cartografia Temática UAB/Unimontes 28 Geografia Caderno Didático - 3º Período Figura 13: Favelas no Brasil Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-4-small640. png&titlepos=up Com esses exemplos podemos notar que a representação de fenômenos qualitativos é variada e pode usar algumas variáveis visuais para representar um fenômeno. 1.3.2 Representações Ordenadas Os mapas que buscam uma representação ordenada mostram uma ordem, ou seja, uma hierarquia. Essa ordem varia bastante, pois diversos fenômenos podem ser representados numa ordem de valor. Além da ordem de valor há a ordem cronológica, ou seja, de tempo de ocorrência de um fenômeno, como por exemplo, a expansão de uma cidade. Martinelli (2003) cita como exemplos clássicos da representação ordenada a hierarquia urbana pelo critério de tamanho populacional. Com isso, temos uma ordem visual, em que as áreas com as formas maiores representam as cidades mais populosas. Esse autor ainda relata que há também a ordem visual entre as cores, organizada das mais claras para as mais escuras, isso será usado no mapa coroplético. Além das cores, a granulação é outra forma de representar um fenômeno. Na figura 14 o mapa representado traz o crescimento das capitais e, para isso, usa além das cores, o tamanho para mostrar a intensidade do valor de crescimento populacional. C F E A B G GLOSSÁRIO os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos e apresentam sua legenda ordenada em classes conforme as regras próprias de utilização da variável visual valor por meio de tonalidades de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores que aumenta de intensidade conforme a sequência de valores apresentados nas classes estabelecidas. Figura 14: Crescimento das capitais. Fonte: confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-7.png&titlepos=up Portanto, as representações ordenadas são importantes para realizar comparações entre um mesmo fenômeno que ocorre em uma área. Diante disso, temos que ressaltar a importância desses mapas para a geografia, pois com eles podemos criar representações complexas sobre a dinâmica do espaço. 1.3.3 Representações quantitativas De acordo com Martinelli (2003, p.49), as representações quantitativas em mapas “são empregadas para evidenciar a relação de proporcionalidade entre objetos (B é quatro vezes maior que A), junto a realidade senso entendida por uma relação de quantidades”. 29 Cartografia Temática UAB/Unimontes 30 Geografia Caderno Didático - 3º Período O tamanho é a única variação visual que consegue cumprir o papel de representar a ideia de proporcionalidade. O modo de implantação (pontos, linhas e zona) é usado com valores diferentes para atender o objetivo do mapa. Archela e Théry (2008) afirmam que nos mapas de representação quantitativa a implantação pontual é a mais empregada nos mapas de símbolos proporcionais. Nesse tipo de mapas são usados pontos (círculos) proporcionais a cada classe de valor que a mesma representa. Como exemplo, vamos ver a figura 15 que mostra a distribuição da população brasileira por municípios. Neste exemplo, verificamos na legenda os valores proporcionais para cada ponto do mapa. Figura 15: Distribuição da população em 2000. Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-6-small640. png&titlepos=up Archela e Théry (2008) alertam para o fato de que a variação do símbolo dependerá da quantidade que se pretende representar e recomendam um número máximo de classes (grupos de valores) de tamanho de cinco. Outra recomendação, trata do uso de dois símbolos (círculo e quadrado) proporcionais em um mesmo mapa. Na representação quantitativa, para mostrar quantidade em zonas usamos os pontos. Para cada ponto é atribuído um valor, como no exemplo da figura 16, em que cada ponto corresponde a 223 asininos (jumentos). Veja como o número desse animal é extremamente concentrado no nordeste brasileiro. Figura 16: Distribuição da população de jumentos no Brasil. Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/img-9-small640. png&titlepos=up Outro tipo de mapa que se caracteriza como representação quantitativa são os mapas isopléticos (isolinhas). Esse tipo de mapa é construído ligando pontos de mesmo valor, formando assim linhas com valor padrão. Esse processo é muito comum nos mapas de altitude de relevo,tecnicamente denominados de mapas hipsométricos. 1.3.4 Representações dinâmicas O grande problema da cartografia está na dificuldade de representar processos, ou seja, fenômenos dinâmicos, pois como o mapa é uma representação de um fenômeno em determinado espaço em um período fica difícil mostrar situações de movimento. A primeira busca de solução para esse problema foi proposto em 1840, por Minard. Este propôs uma cartografia econômica, na qual 31 Cartografia Temática UAB/Unimontes representava através de fluxos, a dinâmica espacial e temporal dos fenômenos. Essa proposta teve origem com os gráficos e resultou em um mapa de fluxo. (MARTINELLI, 2003). Na geografia, especificamente, essa alternativa se desenvolveu e ganhou notoriedade, pois os fenômenos geográficos dinâmicos são variados, como a migração, as epidemias, a comercialização, o trânsito entre outros. Para a construção de um mapa de fluxo são necessários os mesmos elementos básicos para qualquer mapa: a base cartográfica e os dados. A base cartografia é a área na qual ocorre o fenômeno dinâmico e os dados tratam do ponto de origem e destino do fenômeno a ser mapeado. Além desses, deve constar o percurso e a intensidade desse fluxo. A intensidade desse fluxo será representada pela espessura das linhas. Como exemplo, temos a figura 17 que traz um mapa de fluxo de passageiros entre os aeroportos brasileiros. Para a construção desse mapa, o autor identificou os aeroportos representados pelos pontos e os fluxos são criados através dos dados sobre o número de passageiros que fazem a viagem entre um aeroporto e outro. A espessura das linhas tem um determinado valor que é representado na legenda. Figura 17: Mapa de fluxo de passageiros. Fonte: http://confins.revues.org/image.php?source=docannexe/image/3483/ img-10.png&titlepos=up Dessa forma, o mapa de fluxo, por trabalhar com a variável visual de tamanho possibilita uma resposta fácil e rápida para o leitor. Além de responder às seguintes questões: “qual a intensidade do fluxo?”, “onde estão 32 Geografia Caderno Didático - 3º Período os maiores fluxos?”, “como se agrupam os fluxos?” e “como os fluxos se articulam no espaço.” (MARTINELLI, 2003). A partir dessas respostas do mapa de fluxo, podemos fazer várias inferências, como a identificação dos pontos de concentração (estrangulamento) de determinado fluxo o que pode provocar dificuldades na dinâmica do fluxo, exigindo assim alguma alternativa que pode ser encontrada no mesmo mapa, ou seja, uma rota alternativa. Os mapas de fluxos podem ter outros usos, como por exemplo, finalidade econômica para identificar o ponto de maior fluxo de veiculo para instalação de posto de combustível, ou no caso de políticas publicas o trecho de maior fluxo terá a preferência na implantação de políticas públicas. O mapa de passageiros deônibus interestaduais, mostrado na figura 18, revela a necessidade de maior investimento em infraestrutura e fiscalização nos estados de Minas Gerais e São Paulo, pois são os estados com maior concentração de fluxo de passageiros. Figura 18: Fluxo de passageiros de ônibus interestaduais no Brasil. Fonte: IBGE, 2003. Martinelli (2003) destaca os mapas isocrônicos como exemplos de mapas de fluxo. Nesse tipo de mapa é aplicado o método isarítmico que constrói as isócronas. Exemplificando, o referido autor menciona a construção de um mapa para identificar o tempo de deslocamento dos trabalhadores da periferia para atingir uma área industrial. Esse mapa revela as possibilidades de deslocamento dos trabalhadores e isso pode subsidiar a construção de conjuntos habitacionais para esses trabalhadores, levando em consideração a logística, ou seja, a facilidade de se deslocar no menor tempo possível. Outro aspecto revelado pelos mapas isocrônicos é a acessibilidade, isto é, o grau de facilidade para se atingir determinado espaço. C F E A B G GLOSSÁRIO Isarítmico: é o método de definição de linhas de mesmo valor. Isócronas: são linhas de mesma cor e espessura, isto é, possuem o mesmo valor. 33 Cartografia Temática UAB/Unimontes Com essa explicação sobre os tipos de representações, percebemos que sempre temos que planejar a construção de um mapa, pois não é uma tarefa simplória e exige domínio dessa teoria para que o resultado atenda as normas cartográficas. 1.3.5 A cartografia de síntese Ao explicar a cartografia de síntese, Martinelli (2003) tem grande preocupação em diferenciar o mapa temático analítico do mapa de síntese, pois para esse autor há grande confusão e equívoco na definição do mapa de síntese. O mapa analítico, como os que foram apresentados até aqui, são mapas temáticos que representam um determinado fenômeno que ocorre no espaço, às vezes podemos representar mais de um elemento em um mapa temático, como os mapas de fluxos que mostram a localização dos aeroportos, através dos pontos e o fluxo de passageiros com as linhas. Porém o mapa de síntese é mais complexo, pois não se trata de apenas representar um elemento no mapa, haja vista que isso seria considerado um mapa analítico. O mapa de síntese, também, não é uma sobreposição de elementos no mapa, apesar de muitos entenderem assim. Quando realizamos uma sobreposição de elementos no mapa, estamos mostrando uma diversidade de fenômenos que ocorrem naquele espaço e que estão integrados. Esse mapa, na maioria dos casos, será de difícil leitura, uma vez que acumula informações diversas. Portanto, não se trata de um mapa síntese. Então, o que é um mapa síntese? Essa inquietação já nos começa a perturbar. O mapa síntese apresenta não uma sobreposição de elementos, mas sim uma fusão, isto é, temos que definir alguns elementos que irão compor o mapa síntese, e esses, elementos aparecerão reunidos em um só grupo. Na verdade, esses elementos são variáveis, consideradas para elaborar o mapa de síntese e a associação dessas variáveis vai definir a legenda do mapa de síntese. Vamos usar exemplos para mostrar na prática o que é um mapa de síntese. O trabalho de Donha et al (2006) traz um bom exemplo de mapa de síntese, pois, foram definidos os elementos fundidos, que deram origem ao mapa de síntese. Primeiro os autores selecionaram os elementos ou variáveis para identificar as áreas de maior fragilidade ambiental. As variáveis estão expostas nesse conjunto de mapas da figura 19. 34 Geografia Caderno Didático - 3º Período Figura 19: variáveis para o mapa síntese de fragilidade ambiental. Fonte: DONHA, A. et al (2006, p.177). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v10n1/ v10n1a26.pdf Depois de selecionar as variáveis, cada uma dessas recebeu um valor e as mesmas foram fundidas, com isso, foi gerado um mapa que apresenta as áreas de maior fragilidade. O resultado está na legenda da figura 20, em que aparecem as classes de fragilidade classificadas como muito alta, alta, média, baixa e muito baixa. Figura 20: Mapa síntese de fragilidade ambiental. Fonte: DONHA, A. et al (2006, p.177). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v10n1/ v10n1a26.pdf Com esse exemplo, podemos perceber que o mapa síntese não traz um conjunto de elementos sobrepostos, mas mostra um elemento síntese da associação de vários elementos. 35 Cartografia Temática UAB/Unimontes Esse tipo de mapa é muito utilizado em trabalhos de pesquisa, no qual o pesquisador quer criar uma ordem de intensidade de um fenômeno, como no caso aqui aplicado, na intensidade ou da potencialidade de fragilidade ambiental. Nesse sentido, esse exemplo mostra também uma representação ordenada, pois expõe uma determinada ordem no fenômeno mapeado. 1.3.6 Interpretação do mapa Outro ponto a ser destacado é o fato de que iniciante em geografia precisa dominar as técnicas de leitura de mapas, bem como as técnicas de mapeamento, haja vista que na ciência geográfica moderna os mapas são representações espaciais que subsidiam a análise geográfica. Antes de sabermos elaborar um mapa, é preciso entender o mesmo, isto é, dominar as técnicas de leitura e interpretação dos mapas. O mapa é um produto de leitura rápida, com ele o leitor obtém o máximo de informação com uma simples visualização, mas a eficácia dessa leitura depende do conhecimento prévio que o leitor já possui. Por isso, ao pegar um mapa para ler é preciso identificar que tipo de mapa se trata. Na maioria dos casos, certamente, será um mapa temático. Depois, a tarefa será identificar qual tipo de representação há no mapa (qualitativa, ordenada e quantitativa), com essa identificação encontraremos o objetivo do mapa, ou seja, qual é a pergunta que o mapa responde. Lembremos que cada mapa, com um tipo de representação, responderá uma pergunta, como mostra o quadro abaixo: Representação Questão a ser respondida Qualitativa O quê? Ordenada Em que ordem? Quantitativa Quanto? Dinâmica (fluxos) Qual a intensidade do fluxo?, Onde estão os maiores fluxos?, Como se agrupam? e Como se articulam no espaço? A partir da resposta para essas questões o leitor alcançará a mensagem que o autor do mapa buscou transmitir. Mesmo respondendo essas questões-chave, a interpretação do leitor pode ir além dessas constatações e, com isso, obter maiores informações. Na verdade, o conhecimento que temos acumulado com a nossa experiência e útil no momento de lermos um mapa. Isso ocorre devido ao fato de interpretarmos mais informações que o mapa apresenta, assim o nosso raciocínio integra informações, que temos, armazenadas em nossa memória com os novos fornecidos pelo mapa, resultando, portanto, em novas informações. 36 Geografia Caderno Didático - 3º Período Quadro 1 Como já mencionado anteriormente, é válido salientar dentro desse contexto, que temos que nos preocupar com o uso dos mapas para estudantes de ensino fundamental e médio, bem como para os alunos de graduação. Isso se deve a pouca experiência desses estudantes com mapas, o que causa certa dificuldade na leitura complexa de cartas temáticas. Quando trabalhamos com os mapas nas séries iniciais, temos que valorizar o espaço geográfico conhecido do aluno, pois assim ele consegue compreender a representação no mapa. Se apresentarmos um mapa da Europa para uma criança, dificilmente ela conseguirá entender esse mapa. Mas se for um mapa da rua dessa mesma criança, em que são representados os espaços mais conhecidos, como igreja, supermercado e praça, essa criança conseguirá associar essa representação com o espaço real. Ainda, em se tratando da alfabetização cartográfica, desde os primeiros mapas que usamos para ensinar as crianças, temos que nos atentar para o uso correto da semiologia cartográfica e as normas para elaboração dos mapas, com isso os alunos irão se familiarizar com as formascorretas da cartografia temática. 1.4 CARTAS TOPOGRÁFICAS As cartas topográficas, também chamadas cartas base, são denominados documentos de informações oficiais e, para isso, elas são elaboradas em sistemas organizados que permitem a cobertura completa do território nacional em folhas isoladas, mas articuladas entre si, como vocês viram em Cartografia I. Atualmente, o sistema de projeção cartográfica mais usado com a finalidade de elaboração de carta topográfica tanto no mundo como no Brasil, é o UTM (Universal Transversa de Mercator). O Brasil possui um sistema cartográfico nacional apoiado na carta topográfica derivada da Carta Internacional ao Milinésimo. Como foi estudado em Cartografia I, a apresentação das folhas topográficas obedecem um esquema de articulação normalmente apoiado na projeção UTM e a partir da escala 1:1000.000, a menor escala do sistema. Esta compreende exatamente a unidade territorial delimitada por dois meridianos com intervalo de 6º de longitude e dois paralelos com 4º de latitude, todos pré-estabelecidos pelo sistema de fusos nos quais, nessa projeção, o mundo todo foi dividido em 60 fusos de 6º de longitude cada um , a partir do meridiano de Greenwich. Na representação dos elementos componentes da planimetria e da altimetria, as cartas topográficas adotam símbolos convencionais apropriados a suas escalas. Vejamos agora, os principais componentes que compõem um mapa. 37 Cartografia Temática UAB/Unimontes Os principais componentes que compõem um mapa são a planimetria e altimetria. A representação desses elementos está baseada no principio de coordenadas tridimensionais, onde a planimetria corresponde a todos os eventos definidos no plano (coordenadas x,y) e a altimetria, a altitude do relevo terrestre( coordenada z). Observem a figura 21. Figura 21: Localização teórica de um ponto qualquer de coordenadas tridimensionais Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9e/Plano_coord.svg/ 309px-Plano_coord.svg.png Conforme o IBGE (1999), a representação da planimetria sobre os mapas abrange todos os elementos da superfície terrestre, exceto o relevo. 1.4.1 Os principais componentes da planimetria Tanto o IBGE (1999), como Oliveira (1988) e Granel-Peréz (2004) dizem que os elementos naturais e antrópicos da paisagem correspondem, nas cartas topográficas, às representações planas, ou seja, referenciadas por duas dimensões (X,Y) do plano: hidrografia (águas continentais e marinhas), vegetação (florestas, mangue, brejo ou pântano, cerrado, etc.), uso do solo (plantação, arrozal, área urbana, etc.), vias de comunicação( rodovias, estrada de ferro), linhas transmissoras de energia, limites estaduais e internacionais, igrejas, escolas, minas, cemitérios, moinhos, etc. É importante frisar que cada elemento planimétrico é representado por um símbolo cujo significado vem recolhido na legenda do rodapé de cada carta. Segundo a categoria e o tipo de elemento de que se trate, a implantação dos símbolos pode ser pontual como vimos anteriormente em 38 Geografia Caderno Didático - 3º Período semiologia gráfica (representando uma escola, igreja, mina, etc.), linear (representando uma rodovia, um curso de água, etc.) ou de área (representando uma floresta, um arrozal, etc.). A partir destas implantações, podemos realizar medições e estabelecer relações espaciais entre os elementos da mesma categoria, entre elementos de categorias diferentes, entre categorias de elementos e o relevo. Conforme Granel-Peréz (2004, p.101) na análise da informação planimétrica é importante considerar que as cartas de escala 1.:50.000 apresentam limitações derivadas da própria escala e da dinâmica que caracteriza a paisagem. Assim, por exemplo, a separação das grandes categorias de uso do solo (agrícola, pecuário, urbana, industrial, etc.) fica prejudicada pela falta de detalhamento, por utilizar uma legenda única, que, não se preocupa com a especificação das diferentes regiões do Brasil, e pela impossibilidade de reconhecer contínuas mudanças da paisagem. Em curtos períodos de tempo, terras agrícolas são abandonadas e novas terras são incorporadas à produção. Florestas são desmatadas e novas áreas são reflorestadas, perímetros urbanos incorporam seu entorno rural, estadas são abertas enquanto outras alteram seus traçados, surgem novas vilas e cidades, etc. Essas limitações obrigam a procurar o apoio de outros documentos cartográficos, de fotografias áreas e de imagens de satélites quando se aborda à analise espacial. Esse assunto é muito interessante, veremos mais sobre esse tema na unidade II. É importante estudarmos os principais componentes da planimetria Hidrografia: a representação dos elementos hidrográficos é obtida sempre que possível por meio de símbolos que nos lembram a água, utilizando a cor azul para representar a hidrografia (rios, lagos, brejo, etc.) (figura 22). Figura 22: Elementos de hidrografia Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/nocoes cartografia.pdf 39 Cartografia Temática UAB/Unimontes Vegetação: De acordo com Granel-Peréz(2004, p.102), através de implantação de área, a vegetação é representada por manchas de cor verde(florestas) e por desenhos figurativos repetidos (cerrado, mangue, pântano) (figura 23) que não diferenciam espécies vegetais. No caso das florestas, as formas mais ou menos sinuosas ou retilíneas dos contornos das manchas que identificam os fragmentos, podem nos ajudar a diferenciar os remanescentes de florestas nativas (contorno irregular e sinuoso), das florestas implantadas ou reflorestamentos com espécies homogêneas (contornos regulares e retilíneos). Então, ao observamos uma carta, veremos como os fragmentos se encontram para podermos diferenciá-los. Geralmente com relação à localização espacial dos fragmentos (margens fluvias) combinada com formas alongadas e sinuosas, nos permite identificar as florestas de galeria ou matas ciliares. É importante observar nos mapas que a vegetação deve ser analisada levando em consideração a topografia (altitude, orientação e declividade). É interessante, estabelecermos relações entre a vegetação, a hidrografia, o relevo, as aglomerações urbanas, as matas próximas que podem contribuir para a qualidade ambiental do local em estudo. Você já percebeu isso num mapa?! Através de procedimentos planimétricos, podemos estimar a superfície florestada de um município ou de uma região, estabelecer a relação entre margens fluviais protegidas por mata ciliar, etc. Uso do solo: Conforme Granel-Peréz (2004, p.103), nas cartas topográficas 1:50.000, a diferenciação dos usos do solo fica muito dificultada pelas limitações já mencionadas anteriormente. Inicialmente é preciso determinar as grandes categorias de uso do solo (agrícola, florestal, urbana, pecuária etc.) levando sempre em consideração que todos esses usos são muito dinâmicos e estão sempre sujeitos tanto às mudanças de categoria de uso, quanto à superfície do terreno ocupada por cada categoria. É bom lembrarmos que na análise do uso urbano, há de se considerar que o espaço urbano vai além da própria cidade, é só analisarmos as nossas cidades.Então, o uso urbano inclui o entorno onde se localizam serviços a ele vinculados (cemitérios, aeroportos, áreas comerciais, espaços de recreação etc.) Assim, para cada uso do solo podemos conhecer: limites ou contornos, extensão superficial, relação com o meio físico. Em Geografia é importante também conhecer as semelhanças e diferenças que os usos do solo apresentam em várias unidades espaciais diferentes, como por exemplo, em municípios, distritos, regiões etc. A efeito de comparação pode interessar saber qual é o distrito municipal com maior superfície agrícola ou o mais florestado, ou aquele em que o uso urbano predomina sobre as outras categorias de uso. Você que é daregião de Itacambira, Janaúba e Pompéu, observe o que estão acontecendo na sua região em relação ao uso do solo. DICAS Procure um mapa e veja a diferença dos contornos sinuosos e contornos regulares da vegetação. 40 Geografia Caderno Didático - 3º Período As cidades, construções civis, vias de comunicação, cultura, limites administrativos, etc, geralmente em áreas urbanizadas são representadas na carta topográfica pela cor rosa, porém em outras escalas podem ser representadas pela cor cinza.Utilizamos pontos pretos diferenciados pela forma para representar área edificada, como: prefeitura, escolas, igrejas, hospitais. As rodovias são diferenciadas pela cores preta, vermelha e pela granulação das linhas, enquanto as ferrovias pela cor preta (figura 23). Figura 23: Vias de circulação Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/elementos_ representacao.html 1.4.2 Altimetria De acordo com Oliveira (1988), a representação do relevo sempre foi um dos maiores problemas na cartografia. Por muitos séculos os mapas omitiram essa informação. As primeiras tentativas em mostrar o relevo como é observado do espaço, foram através do método lagartas, com o objetivo de mostrar as grandes cadeias de montanhas do continente europeu. O cartógrafo responsável por este método, desenhou um padrão na forma de um lagarto. Na segunda metade do século XVIII, começou na Europa a discussão da representação cartográfica do modelo terrestre, até que, finalmente, surgiu o modelo hachuras, que chegou ao seu máximo acabamento nos mapas do século XIX. Mas, o problema não consistia apenas em representar a forma através do claro-escuro apresentado pelas hachuras, faltava a resolução do problema das altitudes. Além, de não tirar resolvido o problema da altitude, o método de hachuras, era muito oneroso e demorado. (Oliveira, 1988, p. 112).(figura 24). 41 Cartografia Temática UAB/Unimontes Figura 24: Representação do relevo mediante hachuras Fonte: Oliveira, 1988, p. 112 Das várias tentativas de representar o relevo, desde o início do século XIX, nenhum dos métodos foi mais eficiente do que as curvas de nível. Para Oliveira (1988), o melhor método de representação do relevo terrestre é o das curvas de nível, pois fornece ao usuário, em qualquer parte da carta, um valor aproximado da altitude que ele precisa. A curva de nível, também denominada isoípsas ou linhas hipsométricas, são, portanto, uma convenção cartográfica para representar as variações da superfície topográfica. Constitui uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos da referida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar. Conforme Granel-Peréz (2004, p. 55 e 56), nas cartas topográficas 1:50.000 as curvas de nível são representadas por linhas de traço fino e cor marrom, equidistantes 20m, denominadas curvas normais. A cada cinco normais contíguas são desenhadas as curvas mestras, de traço mais grosso e com indicação gráfica da altitude, que representam equidistância de 100m. As cotas altímetricas mais significativas, tais com cumes de morros, depressões topográficas, podem ser representadas nas cartas topográficas por pontos cotados, com indicação do valor da altitude absoluta do ponto. 42 Geografia Caderno Didático - 3º Período Granel-Peréz (2004) e Oliveira(1988) mencionam também que há regras no traçado das curvas de nível: cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma; nunca se cruzam nem se bifurcam. Nos terrenos planos ou pouco acidentados, as curvas são poucas e aparecem muito espaçadas, já nos terrenos acidentados e escarpados ocorre o inverso. As curvas de nível tendem a ser quase que paralelas entre si. Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma elevação (figura 25 e 26). Figura 25: Compare: (a) um pequeno trecho com um rio e seus afluentes, bem como alguns pontos cotados e, ainda, três curvas (as de 200, 300 e 400); (b) segundo o método descrito, estão traçadas as curvas intermediárias. Fonte: Oliveira, 1988, p. 115. Figura 26: Curvas de nível Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/ elementos_representacao.html De acordo com o IBGE (1999, p.81), geralmente, as curvas de nível cruzam os cursos d’água em forma de “V” com o vértice assinalando para a nascente (figura 28). 43 Cartografia Temática UAB/Unimontes Figura 27: Curvas de nível, cruzam os cursos-d’água em forma de “V” Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS% 20-%20RJ/nocoescartografia.pdf As curvas de nível formam um “M” acima das confluências fluviais (figura 28). Figura 28: As curvas de nível formam um “M” Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS% 20-%20RJ/nocoescartografia.pdf Geralmente, formam um “U” nas elevações, cuja base aponta para o pé da elevação (figura 29). Figura 29: As curvas de nível formam um “U” Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS% 20-%20RJ/nocoescartografia.pdf 44 Geografia Caderno Didático - 3º Período Conforme Granel-Peréz (2004), as curvas de nível indicam se o terreno é plano, ondulado, montanhoso, íngreme ou de declive suave. Elas são equidistantes, ou seja, a distância vertical – o desnível entre as curvas é constante e varia de acordo com a escala da carta topográfica. Vejamos a tabela 1 com as equidistâncias das curvas de nível. Tabela 1: Equidistâncias das curvas de nível. ESCALA EQÜIDISTÂNCIA CURVAS MESTRAS 1:25.000 10 m 50 m 1:50.000 20 m 100 m 1:100.000 50 m 250 m 1:250.000 100 m 500 m 1:500.000 100 m 500 m 1:1.000.000 100 m 500 m Fonte: Rosa,2004, p.54. Não se preocupe, essa informação da eqüidistância aparece na legenda das cartas. As curvas de nível nos permite determinar as partes mais elevadas e mais baixas do relevo. No processo de analise do relevo, é importante reconhecer a fisionomia dos diferentes elementos e formas que configuram a topografia e como estes ficam representados, nas cartas topográficas, por curvas de nível e pontos cotados. Diante do exposto, é importante relacionarmos, a seguir, as definições descritivas de elementos e formas topográficas simples que aparecem nas cartas topográficas, conforme IBGE (1999, p.84) e Granel- Peréz (2004,p.42). Cume, pico, ponto culminante: elemento topográfico que constitui o ponto mais alto de um maciço, uma serra, um morro etc. Nas cartas topográficas, os cumes são identificados por curvas de nível de configuração arredondada e fechada, que se aproxima em direção a um topo pontiagudo, cuja altitude costuma estar indicada por um ponto cotado. Colo, garganta, desfiladeiro: forma topográfica constituída por uma depressão acentuada, mais ou menos estreita ou larga e posicionada transversalmente a uma linha de crista, que possibilita a comunicação entre vertentes montanhosas opostas. Identifica-se nas cartas por dois conjuntos de curvas de nível divergentes entre si e transversais à linha da crista (figura 30). 45 Cartografia Temática UAB/Unimontes Figura 30: Garganta Fonte: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=o+terreno+e+sua+representa%C3 %A7%C3%A3o&meta Montanha: Forma topográfica constituída por uma grande elevação natural do terreno, com altitude superior a 300m, no geral formada por um agrupamento de elevações com altitudes diferentes. Nas cartas, as montanhas são representadas por agrupamentos complexos de curvas de nível, próximas entre si, que definem vertentes fortemente inclinadas e enquadram vales com diferentes orientações. Morro: Forma topográfica constituída por uma elevação natural e individualizada do terreno, com altitude inferior a da montanha. Identifica- se nas cartas por curvas de nível fechadas, grosseiramente concêntricas e com altitudes crescentes para o interior, onde costuma aparecer
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