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Resumo - Apresentação GAMBOA - A concepção de homem na pesquisa educativa


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SÁNCHEZ GAMBOA, Silvio. Pesquisa em Educação: Métodos e Epistemologias. 2ª ed., Chapecó: Argos, 2012.
A concepção de homem na pesquisa educativa: algumas constatações…
- A investigação filosófica contribui para o crescimento das ciências e uma melhor realização da prática investigativa. Os pesquisadores, conscientes dos pressupostos e das implicações dos métodos e das teorias que utilizam, sem dúvida, terão a oportunidade de exercer uma saudável autocrítica sobre seu trabalho investigativo e poderão ponderar melhor o resultado de suas pesquisas com as contribuições da filosofia.
- No campo específico da filosofia da educação, recentemente surgiram na América Latina os estudos interessados na análise e a compreensão da produção científica na educação. Estes estudos de caráter epistemológico e filosófico pretendem, entre outros aspectos, identificar as tendências da investigação, assim como revelar os pressupostos epistemológicos e filosóficos que implicitamente dão consistência lógica a tais tendências. (FELDENS, 1983; GOUVEIA, 1985; MELLO, 1983)
- Com essa preocupação realizamos alguns estudos sobre a investigação na educação produzida nos programas pós-graduação no Brasil com o objetivo de identificar as concepções epistemológicas que orientam a construção do objeto da investigação, os processos e estratégias, os critérios da cientificidade, as noções de causalidade e de ciência, assim como os pressupostos epistemológicos e filosóficos implícitos nessas opções epistemológicas.
- Com a ajuda de um“Esquema Paradigmático” (ver capítulo III) foi possível recuperar os nexos entre as técnicas de registro e análise dos dados, as abordagens metodológicas, as teorias, as concepções epistemológicas e os pressupostos filosóficos, permitindo identificar a matriz epistemológica na qual se situa cada investigação.
- Através de uma relação entre o lógico e o histórico foi possível identificar, as relações entre níveis de articulação (técnicas, métodos e teorias) e pressupostos (epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos) e recuperar as condições históricas dessas construções lógicas da elaboração da prática da pesquisa em educação.
- Nesse trabalho Gamboa explica os resultados destes estudos epistemológicos, no referente às concepções do homem em cada uma das correntes que transpassam cada investigação.
- Posteriormente, Gamboa destaca a importância que tem a crescente ampliação da concepção marxista de homem e alguns paradoxos planejados em torno da progressiva utilização das abordagens dialéticas no estudo da problemática educacional e finalmente, apresentar algumas reflexões, a modo de conclusão.
O HOMEM NAS TENDENCIAS EPISTEMOLÓGICAS
- Os pressupostos filosóficos foram divididos em duas dimensões: gnosiológicas, que se referem à maneira como são concebidos e relacionados, o objeto, e o sujeito no processo cognitivo e os pressupostos ontológicos que se referem às categorias mais amplas que fundamentam as diferentes opções epistemológicas tais como as concepções de homem, história e realidade.
- A partir de propostas encontradas na literatura (Habermas, 1983), as abordagens foram classificadas em três grandes matrizes ou paradigmas: as empírico-analíticas, as fenomenológico-hermenêuticas e as crítico-dialéticas.
Qual a concepção de homem em cada uma dessas matrizes?
- Nas pesquisas identificadas em abordagens empírico-analíticas: O homem é entendido como sujeito de experimento, identificado com dados numéricos e variáveis que podem ser representadas num perfil ou num esquema cartesiano, ou seja, o homem é um código, um sujeito de processos pedagógicos, sujeito que adquire hábitos e toma atitudes, é considerado como indivíduo que evolui e que é capaz de aprender e conhecer.
- Outro grupo de pesquisadores concebe o homem em relação a suas funções sociais tais como: cidadão que precisa de formação; trabalhador diversificado em categorias funcionais e níveis hierárquicos de ocupação, como por exemplo: professor, aluno, científico, profissional, etc. Também é concebido como recurso humano, o “input” num processo educativo ou produtivo, como funcionário que desempenha papéis ou cargos; como resultado de sistemas educacionais. 
- Em pesquisas identificadas com teorias funcionalistas, o homem é identificado como um ser que assume papéis entendidos como unidades culturais de conduta ou “matrizes de identidades” tais como professor, aluno, pai de família, administrador, líder, cliente etc. Também é apresentado como vítima de sistemas econômicos e políticos e preso a funções dentro de estruturas burocráticas. 
- O homem pode ter diversos papéis na história, seja como conquistador, poderoso senhor, ou, como conquistado, impotente e escravo. Estes papéis que o homem desempenha são de caráter social.
- O segundo grupo de investigações classificado como fenomenológico-hermenêuticos se identifica com noções de homem relacionado com o interesse dialógico e de comunicação. As concepções mais freqüentes definem o homem como “ser-no-mundo”, “ser-com-outros” e “ser-inacabado”. O homem “ser-no-mundo” significa que ele está relacionado essencialmente com sua terra, é um indivíduo em contínua interação com seu meio. O homem é visto como um ser de relações.
- O homem também é concebido como encarnação do “fenômeno humano” inacabado, o homem é pura possibilidade, é um ser aberto à própria experiência.
- O terceiro grupo de investigações classificadas como crítico-dialécticos apresenta entre seus pressupostos filosóficos, diversas concepções do homem que em resumo: 
O homem é considerado como um ser social, incluído no conjunto das relações sociais. Dependendo da formação social dele e da correlação de forças existente, o homem se converte em força de trabalho, mão de obra qualificada , capital humano, sujeito capaz de transformar a realidade, etc.
- Outras investigações reafirmam a concepção do homem como agente ativo, capaz de participar, afirmar sua palavra, criar, assumir seus projetos num contexto histórico-social. Nesse sentido, o homem não só é objeto determinado pelas situações – sócio-econômicas, históricas..., ele é sujeito a quem cabe modificar e transformar a realidade.
- Como podemos deduzir, a concepção de homem predominante nas pesquisas empírico-analíticos, que identifica um homem funcional, organizado dentro de esquemas cartesianos, ou reduzido a uma matriz de variáveis, é diferente da concepção do homem dialógico e comunicativo e fundador de sentidos e significados, que está presente nas investigações fenomenológico-hermenêuticas, e igualmente, é diferente do homem ao mesmo tempo resultado dos processos sociais e transformador da sociedade e construtor da história, identificado predominantemente nas investigações crítico-dialéticas
- As abordagens empírico-analíticas predominaram na primeira fase do período analisado (1970-1980). Esse predomínio se deve à formação dos docentes e orientadores dentro dessa tradição e a aprendizagem da investigação dentro dos parâmetros do método positivista;
- Essa importação foi sendo criticada com o passar dos tempos, e, novos modelos foram sendo adaptados ou foram surgindo segundo as necessidades teóricas e metodológicas da problemática estudada. As abordagens fenomenológico-hermenêuticas e crítico-dialéticas surgem como alternativas, porque questionam a relativa hegemonia da ciência analítica.
A CONCEPÇÃO MARXISTA DO HOMEM: ALGUNS PARADOXOS
- A concepção marxista do homem é uma tendência crescente das investigações dialéticas;
- Na concepção marxista se conceitua uma educação crítica, formadora de um homem novo capaz de construir uma sociedade mais justa e livre;
- Mas por ser uma concepção nova e pelos problemas de censura enfrentados na américa do sul, seu desenvolvimento apresenta algumas dificuldades em relação à definição e aplicação dos pressupostos epistemológicos e filosóficos, como podemos constatar na descrição relacionada com os conceitos de homem, presente nas investigações classificadas como crítico-dialéticas. 
- Existem leituras positivistas, estruturalistase fenomenológicas do marxismo. Os investigadores dificilmente vão às fontes e costumam, utilizar como referência de seus estudos a versão que está na moda.
- Alguns investigadores anunciam a importância do método dialético e manifestam sua intenção de utilizá-lo, mas, no trajeto da investigação, desenvolvem análises, que, a não ser por algumas citações de Marx ou de autores tidos como críticos, não diferem em nada dos modelos positivistas ou funcionalistas predominantes nas fases anteriores.
CONCLUSÕES
- A existência de várias abordagens da investigação, assim como de diferentes e contraditórias concepções de homem, sinaliza que os modelos tradicionais estão sendo questionados e os pesquisadores estão assumindo atitudes que refletem as várias concepções de mundo;
- O interesse crescente dos pesquisadores por compreender e explicar a ação educativa, as relações da escola com o todo social e as contradições sociais que se manifestam nas lutas por erradicar a marginalidade, a exclusão e as estruturas de exploração, e em consequências, por conquistar novos patamares de igualdade e de justiça social e por construir uma escola democrática e de qualidade para todos, tem exigido a busca de novas referências teóricas e novas abordagens metodológicas que permitam a elaboração dos conhecimentos que darão suporte para que as transformações aconteçam.
- O marxismo e a dialética se afirmam como a teoria e método, dada sua proximidade com o interesse transformador. Falta, entretanto, maior profundidade teórica, pois as pesquisas analisadas que revelam a utilização de algumas categorias do marxismo são questionadas, na maioria das vezes, por falta de rigor metodológico e de compreensão dos pressupostos epistemológicos e filosóficos nos quais pretendem se fundamentar;

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