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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Camilo Sobreira de Santana GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS Sandro Luciano Caron de Moraes SECRETÁRIO DA SSPDS ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE Antônio Clairton Alves de Abreu DIRETOR-GERAL DA AESP|CE Nartan da Costa Andrade SECRETÁRIO EXECUTIVO DA AESP|CE Humberto Rodrigues Dias COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE José Roberto Moura Correia COORDENADOR PEDAGÓGICO DA AESP|CE Francisca Adeirla Freitas da Silva SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE Alana Dutra do Carmo ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE CURSO DE CONDUTORES DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA - CCVE/2021 DISCIPLINA Relacionamento Interpessoal CONTEUDISTA Regina Elizabeth Teixeira Barreto de Azevedo REVISÃO Helana Paula Nascimento do Carmo FORMATAÇÃO Joelson Pimentel da Silva • 2021 • SUMÁRIO SUMÁRIO ........................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4 1. PECULIARIDADES DO TRABALHO POLICIAL MILITAR ....................................................... 4 2. AMBIENTE DE TRABALHO MILITAR ................................................................................. 7 3. ASPECTOS DO COMPORTAMENTO E DE SEGURANÇA NA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA. .................................................................................................................... 8 4. RESPEITO ÀS NORMAS ESTABELECIDAS PARA SEGURANÇA NO TRÂNSITO .................... 12 5. PAPEL DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO ................................................. 15 6. A IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO ATENDIMENTO À PESSOAS COM DIFERENÇAS E SUAS ESPECIFICIDADES NA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA. .................................................................................................................. 19 6.1 As Relações Interpessoais no Trabalho ..................................................................... 19 6.2. Como São As Relações Saudáveis ............................................................................ 20 6.3 Atendimentos Ao Público ......................................................................................... 21 7. ORIGENS DA CONDUTA ASSERTIVA .............................................................................. 22 8. PRESERVAR A AUTOESTIMA.......................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 25 4 INTRODUÇÃO A disciplina de relacionamento interpessoal apresenta à comunidade acadêmica e à sociedade civil sua contribuição com a formação de profissionais de segurança pública junto às políticas públicas de segurança. A formação do policial militar tem sido uma das melhores estratégias de impactar positivamente a política pública de segurança. O exercício laboral do trabalho policial especificamente o realizado pelo policial militar, tem sido questionado em sua eficácia e efetividade social, entretanto, há que se conhecerem os contextos em que são exercidas as funções policiais e o perfil dos sujeitos inserido nesse ofício para melhor avaliar os problemas sublinhados, pela mídia e população em geral, sobre o exercício do trabalho policial e a política de segurança pública. Neste sentido a disciplina relações interpessoais tem o objetivo de informar e discutir com a categoria militar os tópicos principais afeitos as condições e organização do trabalho. Esta disciplina, se propõe ainda, à apresentar e refletir com a categoria noções da relação do comportamento e da segurança na condução de veículos de emergência, além de como se relacionar com os passageiros e outros autores do trânsito, primando por uma conduta ética e legal do profissional de segurança pública. Pretende-se, com esse conteúdo, propiciar conhecimento básico e, ao mesmo tempo, suscitar curiosidade de aprofundamento dessas normas e conceitos aos discentes que saberão onde prosseguir aprofundando seus conhecimentos e discutindo com seus pares o conteúdo da disciplina. 1. PECULIARIDADES DO TRABALHO POLICIAL MILITAR Ao se consiDERAR A POLÍCIA COMO PROFISSÃO como uma especialização na divisão sociotécnica do trabalho, destaca-se que o policial é um sujeito que desenvolve um processo de trabalho. O trabalho do policial na sociedade produz um valor de uso (o serviço de segurança pública oferecido à sociedade) e um valor de troca (preço pago pelo 5 seu empregador, o Estado, pelo seu serviço). Tendo em vista as contribuições marxistas que indicam que um processo de trabalho é composto pelo trabalho em si, pelo objeto e meios pelos quais o trabalhador realiza a sua atividade, buscar-se-á, conforme já realizado em outro momento (Fraga, 2005), descrever os elementos constitutivos do processo de trabalho do policial militar: 1. O trabalho propriamente dito – a atividade policial desenvolvida com a finalidade de executar a política de segurança pública; são as ações da polícia (vão desde o policiamento ostensivo até controle de tumulto); é sempre, “em tese”, planejado. 2. A matéria-prima do trabalho policial – é a sensação de segurança social, a ordem pública, o policiamento ostensivo, a defesa pública, enfim, é a segurança pública na sociedade. O objeto de trabalho: é etéreo – é a segurança pública (prestação de serviço), tanto formal (variáveis do policiamento), como informal (ações que visam à sensação de segurança da Comunidade). 3. Os meios – tudo aquilo de que o policial militar se utiliza na realização de seu trabalho; podem ser subdivididos em instrumental e conhecimento técnico-operativo. Instrumentais – são os equipamentos utilizados e os aprestos. São as ferramentas que dão suporte ao PM na realização de suas ativiDADES, TAIS COMO O UNIFORME (A farda), e outros. Também é meio de locomoção (mais específicos e um pouco mais incomuns) no processo de trabalho do PM o policiamento com bicicleta (tem-se a bicicleta como meio); no caso de policiamento montado, tem-se o cavalo; no policiamento aéreo, o avião; em embarcação, o barco e a lancha. E ainda na condução de veículos de Emergência. Conhecimento técnico-operativo da profissão – é aquele adquirido no exercício profissional e o conjunto de conhecimento qualificatório que o PM adquire por meio dos cursos de formação e habilitação. Por exemplo, o aporte jurídico-legal acionado, quando chamado a intervir nas ocorrências. Este último, o aporte jurídico-legal ou os recursos técnicos, é que lhe darão o suporte de conhecimento necessário para orientá-lo na sua maneira de agir (por exemplo, quando poderá entrar numa residência, mesmo sem o 6 mandado judicial e sem a autorização de quem lá reside). São os recursos técnicos que o PM acionará no desempenho de sua atividade. Para tanto, conforme Muniz (1999), necessita de informações sobre a legislação criminal, civil e militar e suas formas de execução. Em relação aos recursos físicos, a autora ressalta que são exigidos do policial saberes relativos ao manuseio e ao emprego do armamento, do conhecimento, do ciclo completo de abordagem policial ostensiva e os processos de intervenção preventiva, dissuasiva e repressiva. O policial se utiliza ainda de outros recursos que podem contribuir para a efetividade de sua ação, tais como os diálogos com a comunidade, palestras e orientações. Assim, para que o policial possa realizar o seu trabalho com eficiência, é fundamental que aprenda a intervir nos mais distintos espaços,de modo que exerça sua autoridade como profissional dentro das prerrogativas que lhe conferem o poder de polícia, mas sem abusar desse poder, de maneira arbitrária ou autoritária. O trabalho dos PMs reveste-se de características muito peculiares: não possuem horários predeterminados, principalmente para o término do serviço, ou seja, não têm uma jornada fixa, como os outros trabalhadores. Além disso, depois que a escala de serviço acaba, os PMs estão sujeitos, ainda, ao atendimento de ocorrências. Significa dizer que eles têm de estar à disposição do Estado, ou melhor, da segurança da sociedade, por imposição legal, nas 24 horas do seu dia, conforme é estabelecido no artigo 31 do Estatuto dos Servidores Militares (1997), que versa sobre o compromisso dos policiais militares, abrangendo todos os níveis hierárquicos, determinando suas condutas a uma dedicação exclusiva para a manutenção da ordem pública e segurança da comunidade, mesmo estando sujeito ao sacrifício da própria vida. O policial militar, em sua atividade cotidiana, tem como ponto-chave um relacionamento mais próximo com a população, fortalecendo laços de cooperação, confiança e respeito entre polícia e sociedade. 7 2. AMBIENTE DE TRABALHO MILITAR Os ingredientes novos dos quais são constituídas as situações de trabalho policial exigem, além do aparato jurídico-legal, sensatez, iniciativa e capacidade de negociação nas situações adversas. É interessante destacar, ainda, que os estudos e pesquisas que dão vistas ao trabalho do pm restringem-se na maioria das vezes , às academias de polícia e estas enfatizam, prioritariamente , aspectos técnicos da profissão, carecendo, assim, de estudos e pesquisas que enfatizam as suas particularidades. Segundo Fraga( 2006,p.3), a polícia é uma profissão, na medida em que a atividade policial é exercida por um grupo social específico, que compartilha ideias, valores e crenças comuns baseados numa concepção do que é ser policial. dessa forma, ao assumir o compromisso da profissão, o policial não pode se omitir diante de fatos que exijam sua intervenção, precisa estar sempre preparado para servir à comunidade. Daí seu caráter de dedicação exclusiva: uma exigência permanente de continuidade da função para além do horário de serviço esteja usando farda ou não. Além dos aspectos críticos apontados em relação à rotina, à incerteza e ao compromisso de dedicação exclusiva, inclusive com o sacrifício da vida, pode-se citar a exposição às intempéries, ao realizar o trabalho de policiamento sob sol forte, chuva, vento e/ou frio. Conforme afirma pinto (2000), em nenhum outro trabalho o profissional se dedica tão intensamente como o faz o policial militar. Santos (1997, p. 162), ao abordar a questão do trabalho policial na sociedade, destaca que este é constituído por um limite que o diferencia: o direito à vida: A vida situa-se como limite, seja pelo risco de vida a que se sentem submetidos os policiais, civis e militares, nos campos e cidades brasileiras, devido ao aumento dos conflitos sociais-agrários e à criminalidade urbana violenta; seja pela ameaça à vida, ou no limite da norma social, exercendo um poder de modo próximo ao excesso. É no limite do direito à vida, descrito por santos (1997), que, não raras vezes, o policial a perde (uma tênue linha que precisa ser equilibrada no seu poder de repreender, de coibir, de orientar e de prevenir que caracteriza a vida cotidiana do policial). justamente, por se constituir de uma gama de atividades variadas, com ingredientes incertos e surpreendentes, talvez, Monjardet (2003) tenha afirmado que o trabalho policial não procede de uma adição de tarefas prescritas, mas da seleção, pelos próprios interessados (no caso a comunidade) de suas atividades. Por esse motivo, são os 8 mecanismos desse processo da seleção os principais determinantes da definição, da organização e da análise do trabalho policial. 3. ASPECTOS DO COMPORTAMENTO E DE SEGURANÇA NA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA. No momento em surgem os clamores sociais pelo aumento das condições de segurança da sociedade em geral, volvem-se os olhos da população em geral e os assuntos de mídia em particular, para as instituições de segurança pública como forma de apresentar as fragilidades do sistema protetivo estatal. A função policial seja de natureza civil ou militar envolve diversas atividades, dentre elas, a condução de veículos automotores, o que nem sempre se dá de forma adequada por seus integrantes em razão da ausência de uma especial capacitação exigida por força da legislação. Esse É O OBJETIVO DO PRESENTE MATERIAL que busca apresentar os principais componentes normativos que tratam da exigência legal para a condução de veículos de emergência seja por Policiais Federais, Policiais Rodoviários (Federais ou Estaduais), Policiais Civis, Policiais Militares, ou ainda, por Bombeiros (Militares ou Civis), Guardas Municipais, Motoristas de Ambulâncias dentre outros guiadores responsável pela condução de veículos oficiais ou particulares, desde que destinados ao uso em situações de emergência. Os servidores públicos notadamente os integrantes das forças policiais são instados diuturnamente a cumprir a lei em obediência ao Principio da Legalidade – estrita - insculpido no art. 37 da Carta Constitucional vigente, sob pena, de responder nas esferas civil, penal e administrativa. Quando se fala em veículos de emergência no âmbito da atividade policial, primeiramente nos vem a mente a condução de viaturas ostensivas, devidamente caracterizadas com brasão institucional e equipamento luminoso e sonoro. Tais veículos, via de regra, são utilizados no patrulhamento ostensivo de vias públicas, na condução de presos para audiências ou recolhimento à unidades penitenciárias, na realização de escolta de valores institucionais, na segurança de dignitários, ou na interdição de vias em decorrências de eventos ou desastres. 9 Entretanto, nossa visão deve seguir além ao verificar que existe a possibilidade de haver unidades policiais dotadas de veículos de emergência tipo ambulância, as quais são utilizadas na condução de custodiados para o socorro médico ou tratamento hospitalar eletivo. Deve-se observar, ainda, a possibilidade de se “transformar” um simples veiculo velado ou descaracterizado em viatura ostensiva ao se por no teto um dispositivo intermitente luminoso, utilizar sirene interna e apor na lataria brasões institucionais imantados, deixando “ostensivo”, para os demais condutores que o veículo que circula possui prioridade no transito sob os demais que circulam na via. Sem descuidar de tais veículos, temos ainda, as viaturas dos Corpos de Bombeiros Militares e Brigadas de Incêndio que geralmente circulam em condições de emergência e que necessitam de cuidados especiais em sua condução nas vias públicas em razão da atividade desempenhada por esses valorosos servidores. Nesse contexto, há de se observar a existência de veículos utilizados pelas guardas municipais pelos órgãos de fiscalização e controle de tráfego (autarquias de trânsito) que em razão da peculiar atividade desenvolvida também possuem natureza especial. Para a condução desses veículos alhures mencionados e denominados “veículos de emergência” a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, em seu Capítulo III, ao tratar sobre as normas gerais de circulação e conduta, estabelece no art. 29 um conjunto de normas que o trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação deverá obedecer, destacando no inciso VII que “os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de POLÍCIA, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgênciae devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, (...)” (destacamos). Verifica-se de forma nítida que o dispositivo em destaque faz referencia aos veículos já apresentados (policia, bombeiros, ambulância, etc.) e que portanto, possuem prioridade no trânsito, gozando de livre circulação, estacionamento e parada em razão do serviço de urgência, desde que devidamente identificados, conforme determinado pelo Código de Trânsito Brasileiro. 10 A Resolução nº 168, de 14 de dezembro de 2004, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), ao estabelecer normas e procedimentos para a formação de condutores de veículos automotores, para a realização dos exames, a expedição de documentos de habilitação, os cursos de formação, estabelece no art. 33 a necessidade de realização de Cursos especializados para os condutores já habilitados e que pretendam conduzir veículo de emergência, se enquadrando na hipótese as viaturas policiais. A respectiva norma esclarece ainda nos parágrafos §3º e 4º do art. 33 os conteúdos mínimos e a regulamentação dos cursos especializados a ser ministrados, bem como, a exigência do registro no Registro Nacional de Carteira de Habilitação (RENACH) do condutor por meio de averbação, em campo específico da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a aprovação nos cursos especializados, pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal. Dessa forma, tem-se que após a realização do curso específico para a condução do veículo de emergência, deverá o condutor ter o mesmo averbado junto ao seu respectivo prontuário, fazendo constar ainda em sua Carteira Nacional de Habilitação a informação. O art. 1º, §3º da Resolução nº. 268, de 15 de fevereiro de 2008, do CONTRAN, com objetividade estabelece que “entende-se por veículos de emergência aqueles já tipificados no inciso VII do art. 29 do Código de Trânsito Brasileiro (...)”, o que por simples hermenêutica, e para fins específicos do presente artigo, se chega a conclusão de serem os veículos de polícia classificados como veículos de emergência. Na mesma esteira de raciocínio chega-se a conclusão da obrigatoriedade de realização de curso especial para a condução de veículos de emergência por parte de Policiais Federais, Rodoviários , Civis, Policiais, Bombeiros, Guardas Municipais, Motoristas de Ambulâncias com a devida anotação junto ao documento oficial de permissão de dirigir. Em que pese o art. 7º da Resolução n.º 493, de 5 de junho de 2014, ter incluído o art. 43-A no texto da Resolução n.º 358-CONTRAN de 13 de agosto de 2010, concedendo o prazo até o dia 28 de fevereiro de 2015 para que os condutores de veículos pertencentes a órgãos de segurança pública, forças armadas e auxiliares, realizem os respectivos cursos previstos no art. 145, inc. IV da Lei n.º 9.503/97, entendemos que em momento algum, a respectiva norma autorizou expressa ou tacitamente a condução de veículos especiais por condutores sem a devida capacitação. 11 Dessa forma, uma das interpretações a ser dada aos termos do dispositivo acima é que o processo de fiscalização por parte dos órgãos competentes aos condutores de veículos especiais, somente deve ocorrer, após o termo do prazo estabelecido caso o mesmo não sofra prorrogação. Partindo-se da premissa que ao servidor público em geral e ao servidor policial em especial cabe a condução de tais veículos, questiona-se: dentro do universo de policiais federais, civis, militares, bombeiros e guardas municipais ativos, quantos efetivamente possuem a devida capacitação por meio de curso específico para “Condutores de Veículos de Emergência”, a fim de guiar com segurança sem por em risco a sua própria vida, dos demais integrantes da guarnição embarcada e da sociedade? Questiona-se ainda: Estaria o servidor Policial, Bombeiro, Guarda etc., a cometer alguma infração administrativa ou disciplinar, caso conduza uma viatura oficial sem a respectiva capacitação, uma vez que a baliza da legalidade deve ser observada em todas as suas ações? Em caso afirmativo, haveria responsabilidade civil objetiva da Administração ou dos administradores ao permitir que os subordinados conduzam veículo oficias de forma irregular? Outro ponto forte a ser refletido: o fato de conduzir veículo policial sem a observância da referida legislação, em tese, pode constituir um ato de improbidade administrativa definida nos termos do art. 11 da Lei n.º 8.429, de 2 de junho de 1992, em razão de atentar contra os princípios da administração pública por qualquer ação ou omissão que viole os deveres da legalidade? Acreditamos que os questionamentos acima devem ser observados como instrumento de reflexão, não somente para os profissionais da segurança pública, mas também é destinado aos gestores públicos e à sociedade em geral, uma vez que o direito é uma via de mão dupla e deve ser observado tanto pelos servidores quanto pela Administração, podendo ocorrer a existência de uma conduta omissiva e comissiva de forma recíproca, devendo ambos cumprir suas parcelas de responsabilidade, sob pena, ter que arcar com os ônus pelo descumprimento. Por derradeiro, sugere-se ao profissional responsável pela condução de veículos de emergência que não possua a respectiva capacitação a formulação junto a sua repartição de origem requerendo anotação junto aos seus assentos funcionais, com vistas a preservar direitos e prevenir responsabilidades. 12 4. RESPEITO ÀS NORMAS ESTABELECIDAS PARA SEGURANÇA NO TRÂNSITO Art. 29 - circulação de veículos de emergência (regras e exceções), por julyver Modesto de Araújo as regras especiais para a circulação de veículos de “emergência” são estabelecidas no artigo 29, inciso vii, do código de trânsito brasileiro, e resolução do conselho nacional de trânsito n. 268/08, abrangendo os seguintes veículos: i) destinados a socorro de incêndio e salvamento (corpo de bombeiros) e os de salvamento difuso destinados a serviço de emergência decorrente de acidentes ambientais - os veículos da defesa civil (incluído pelo artigo 1º, § 3º, da resolução n. 268/08); ii) os de polícia (em sentido estrito, são as viaturas de órgãos de segurança pública, estabelecidos nos incisos do artigo 144 da constituição federal: polícia federal, polícia ferroviária federal, polícia rodoviária federal, polícias civis e polícias militares; em sentido amplo, são os veículos operacionais destinados à proteção das cidades, ou seja, serviço de polícia, o que engloba também as viaturas das Guardas Municipais, destinadas à proteção dos bens, serviços e instalações dos municípios, conforme § 8º do artigo 144 da CF); III) os de fiscalização e operação de trânsito; e as ambulâncias (independentemente de pertencerem à Administração pública ou à iniciativa privada). Por serem veículos que estão expostos a situações diferenciadas de qualquer outro veículo comum, pela prestação de um serviço público que depende, ocasionalmente, de circulação rápida na via pública, em detrimento aos demais usuários da via, o Código prevê determinadas regras e exceções que lhes são aplicáveis. Suas prerrogativas são, basicamente, duas: a 1ª é a prioridade de trânsito (devendo os outros condutores deter a marcha e cederem a passagem, para sua rápida locomoção) e a 2ª é a liberdade de deslocamento e imobilização (ou seja, podem circular, parar e estacionar onde a regra seria a proibição, como avançar o sinal vermelho do semáforo, exceder o limite de velocidade, transitar na contramão, estacionar na esquina ou sobre o passeio etc). Obviamente, que tais liberdades legais não podem ser exercidas a qualquer momento e de qualquer forma, sem cuidados quanto à segurança viária, existindo duas condições essenciais, para que tais veículos se enquadrem nesta situação excepcional. 13 Aprimeira condição é que se verifique a situação de URGÊNCIA, que se difere da nomenclatura “de EMERGÊNCIA”, isto é, veículos de emergência são estes dos quais ora tratamos, que podem ou não se encontrar em serviço de urgência, definição que se encontra no artigo 1º, § 2º da Resolução n. 268/08: “Entende-se por prestação de serviço de urgência os deslocamentos realizados pelos veículos de emergência, em circunstâncias que necessitem de brevidade para o atendimento, sem a qual haverá grande prejuízo à incolumidade pública”; em outras palavras: o veículo de emergência, circunstancialmente, precisa estar o mais rápido possível em algum lugar, porque alguém está com a sua vida em risco iminente. A segunda exigência é que, além de estar diante de uma situação de urgência, o veículo esteja devidamente identificado, para que os demais usuários da via possam reconhecer a condição especial em que se encontra; tal identificação é composta pelo sistema luminoso (iluminação vermelha intermitente) e alarme sonoro (sirene característica de tais veículos). Estando tais veículos em serviço de urgência e devidamente identificados, as regras a serem atendidas pelas demais pessoas são as seguintes: I) os outros condutores devem deixar livre a passagem pela faixa do lado esquerdo, deslocando-se para a direita e imobilizando, se necessário; e II) os pedestres devem aguardar no passeio e aguardar a passagem do veículo de emergência, para, somente após, efetuar a travessia da via. O condutor que desobedece à regra acima explicada, deixando de dar passagem aos veículos de emergência, comete a infração de trânsito do artigo 189 do CTB, de natureza gravíssima, sujeito à multa de R$ 191,54 e 7 pontos no prontuário. Se, por outro lado, ele conceder a passagem, mas quiser se aproveitar do espaço deixado pelo veículo de emergência, para seguir atrás dele, terá cometido outra infração, do artigo 190, de natureza grave (multa de R$ 127,69 e 5 pontos). Com o objetivo de se fixar a associação entre a utilização dos dispositivos do veículo de emergência, com a efetiva necessidade, prevê a alínea ‘c’ do inciso VII do artigo 29, que “o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de serviço de urgência”; não sendo correto, portanto, utilizar a sirene ou a iluminação vermelha para deslocamentos cotidianos, em que não se verifique a necessidade de brevidade no atendimento (tal regra ocasionou a adoção, por alguns órgãos, de cores diferentes no sistema de iluminação do veículo de 14 emergência, como a cor azul, a ser utilizado na circulação rotineira, o que, entretanto, não tem base legal para implantação). Assim como não se pode acionar os dispositivos em circulação não urgente, também prevê o Código a infração de trânsito, de natureza média, cometida exclusivamente por veículos de emergência, por “Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento de emergência, o sistema de iluminação vermelha intermitente dos veículos de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados” (artigo 222). Como mencionado anteriormente, outra necessidade, durante o deslocamento destes veículos, é a constante preocupação com a segurança viária, pois o exercício destas prerrogativas legais não pode se sobrepuser à proteção necessária a todos os que utilizam o espaço público por onde circulem os veículos de emergência. Desta forma, a alínea ‘d’ do inciso VII do artigo 29 ainda prescreve que “a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se der com velocidade reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecida as demais normas deste Código”; isto significa que, embora tenham as prerrogativas legais que lhe garantem a prioridade de trânsito e a livre circulação, estacionamento e parada, os condutores de veículos de emergência são responsáveis por garantir a segurança por onde passam não lhes sendo lícito colocar outros em risco, ou, pior, se envolver em ocorrências de trânsito. Por conta dessas especificidades de tais veículos, ainda prevê o Código de Trânsito determinadas exigências para os condutores de veículos de emergência, conforme artigo 145: Ser maior de vinte e um anos de idade; Não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima ou ser reincidente em infrações médias durante os últimos doze meses; e Ser aprovado em curso especializado e em curso de treinamento de prática veicular em situação de risco, nos termos da normatização do Contran. O curso especializado para veículos de emergência encontra-se regulado pelas Resoluções do Contran n. 168/04 e 358/10. Entretanto, em 2014, com as alterações promovidas pela Resolução n. 493/14, estabeleceu-se que “A regulamentação do funcionamento e os conteúdos didático-pedagógico dos cursos especializados ministrados 15 pelos órgãos ou entidades públicas de segurança, de saúde e forças armadas e auxiliares serão definidos internamente por esses órgãos e entidades, não sendo exigível o cumprimento das disposições previstas no item 6 do Anexo II desta Resolução”. No caso específico dos condutores de veículos pertencentes a órgãos de Segurança pública e Forças Armadas e auxiliares, concedeu-se o prazo até 28/02/15, para a realização do curso exigido. 5. PAPEL DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO A prorrogação mais recente estabelece, como prazo para a realização dos cursos obrigatórios de capacitação aos agentes públicos, o dia 31 de dezembro deste ano de 2017, é o teor da resolução contran 653/2017, em seu artigo 2º: alterar o art. 43-a da resolução contran nº 358, de 13 de agosto de 2010, com redação dada pela resolução contran nº 522, de 25 de março de 2015, que passa a vigorar com a seguinte redação: “art. 43-a. fica concedido prazo até 31 de dezembro de 2017 para os condutores de veículos pertencentes a órgãos de segurança pública e forças armadas e auxiliares realizarem os cursos especializados previstos no inciso iv do art. 145 do ctb”. A prática de direção dos veículos de emergência sem a necessária capacitação pode gerar reflexos negativos ao erário, com dispêndio de dinheiro público em razão dos acidentes de trânsito causados pela deficiência técnica dos condutores despreparados, além de potencial insegurança no trânsito. Peres & silva (2011), o alto índice de acidentes de trânsito no Brasil tem sido pauta de reportagens da maioria dos meios de comunicação, mas não surpreendem mais os especialistas em trânsito. estudos do instituto de pesquisas econômicas aplicadas (ipea), apontam que no Brasil anualmente são gastos mais de R$ 10 bilhões de reais com vítimas de acidentes de trânsito, sendo 25% dos acidentes envolvem ciclistas, 70% das vítimas estão na faixa etária dos 20 aos 39 anos e 74% das vítimas são homens. No meio dessa guerra no trânsito, não poderia deixar de citar que os condutores de veículos de emergência também fazem parte da sociedade e que também são vítimas e muitas vezes vão a óbito em consequência dos acidentes. 16 Acerca das responsabilidades pela inobservância a essas normas: Carvalho (2014) estaria o servidor policial, bombeiro, guarda etc, a cometer alguma infração administrativa ou disciplinar? Caso conduza uma viatura oficial sem a respectiva capacitação, uma vez que a baliza da legalidade deve ser observada em todas as suas ações? Em caso afirmativo haveria responsabilidade civil objetiva da administração ou dos administradores ao permitir que os subordinados conduzam veículos oficiais de forma irregular? Interessante reflexão. Temos que é de extrema importância a capacitação daqueles que atuam na condução dos veículos de emergência. Em certa medida, acaba sendo inconcebível que um condutor não conheça regras de direção defensiva, primeiros socorros e demaisinformações que possam auxiliar na prestação do serviço com segurança e conforto para as pessoas. O domínio de técnicas e conhecimentos apropriados pelos condutores, comprovadamente, reduz o risco e o número concreto de acidentes envolvendo veículos de emergência. Assim, o profissional em questão deve conhecer além de regras do trânsito e ter prática de direção condizente com o exercício de importante atividade, saber a respeito de primeiros socorros, noções de salvamento, para que o modo que adote para a condução do veículo seja seguro para os demais usuários da via, observe as regras de trânsito e não agrave as condições da vítima em atendimento. Trata-se de uma atividade, em certa medida, complexa, pois exige conhecimento multidisciplinar por parte do profissional. A capacitação do agente público para a condução de veículos de emergência e a segurança no trânsito conforme mencionado é primordial uma capacitação técnica específica para o bom desempenho das atividades na condução dos veículos de emergência. Embora exigência normativa, trata-se de medidas que objetivam a prestação de um serviço apropriado, adequado a determinados tipos de situação, os serviços de urgência. Trabalhar na prestação de serviços de urgência, por todas as circunstâncias que envolvem os atendimentos, gera reflexos de ordem psicológica no profissional que ali se encontra. São diversos detalhes que demandam maturidade e equilíbrio emocional. Peres & Silva (2011), a condução de veículos de emergência é uma atividade que exige um 17 determinado número de requisitos biofísicos, que se insere num contexto cultural e social e que tem um forte componente psicológico, tanto ao nível cognitivo como afetivo e emocional. O efeito emocional do toque da sirene também tem influência no comportamento do condutor. O condutor do veículo de emergência, quando está com a sirene ligada, aumenta seu ritmo cardíaco e, consequentemente, tende a reagir aumentando a velocidade do veículo. Isso pode ocorrer, também, com os demais condutores. Esse é um dos fatores que limitam o acionamento da sirene apenas para situações de emergência. Ainda, e igualmente importante, devemos levar em conta a observância ao direito dos cidadãos a um trânsito seguro. São determinações expressas insculpidas no §2º do artigo 1º do CTB: o trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do sistema nacional de trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotarem as medidas destinadas a assegurar esse direito. As disposições deste parágrafo 2º parecem ser a origem de todo arcabouço normativo acerca da capacitação específica aos condutores de veículos de emergência, pois visando propiciar condições seguras ao trânsito e às pessoas de forma geral, os órgãos do sistema nacional, mais precisamente o Contran, editaram várias resoluções que têm por finalidade a efetivação desse direito. Naturalmente que o ideal é alcançado, quando se analisam dados que envolvem a prestação do serviço de urgência, e percebe-se que estão ocorrendo menos acidentes, o que reflete em economia financeira aos cofres públicos, menos tragédias nas famílias brasileiras, que perdem menos seus entes queridos em acidentes fatais, e pela satisfação daqueles que se utilizam destes serviços e são adequadamente atendidos em função do grau de preparação dos profissionais. A capacitação dos cidadãos-condutores e a segurança no trânsito tendo como fator preponderante a educação para o trânsito como dito alhures, observamos a prática de condutas demasiadamente egocêntricas por inúmeros condutores nas vias brasileiras. Esses comportamentos não raras vezes causam acidentes graves e aumentam os trágicos números que afligem toda uma sociedade. Por via da formação dos condutores, mas, sobretudo da formação do cidadão, é que se deve sedimentar certos conceitos nos indivíduos que os façam pensarem e agir de modo mais humanista no trânsito e na vida. É importante que os condutores tenham 18 consciência e solidariedade quando, na via, se aproximar um veículo de emergência com prioridade de passagem. Um dos objetivos da política nacional do trânsito esculpido no artigo 4º da resolução Contran 514/2014 é: Art. 4º. A política nacional de trânsito tem por objetivos: ii – Aprimorar a educação para a cidadania no trânsito; Os condutores precisam estar imbuídos de um espírito de irmandade, compaixão, proteção e amor ao próximo. Agindo assim, a atmosfera que se vivenciará no trânsito será de um ambiente seguro onde a cidadania será observada em sua plenitude. Todos ganham com isso. Podemos perceber que os diferentes traços culturais no Brasil geram diferentes necessidades para a sociedade e para o estado, que se amolda aos contornos locais para bem atender a finalidade precípua presente em qualquer governo, melhorar a qualidade de vida de seu povo, progredir nas questões que estejam diretamente ligadas ao desenvolvimento para, enfim, atingir o bem comum, que pode ser traduzido em tornar as pessoas mais felizes, ou que tragam uma maior sensação de felicidade e satisfação com as ações do poder público. 19 6. A IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO ATENDIMENTO À PESSOAS COM DIFERENÇAS E SUAS ESPECIFICIDADES NA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA. 6.1 As Relações Interpessoais no Trabalho Já conhecemos a dinâmica da maioria das relações que se formam em nossa vida pessoal. Mas quais são, e como são, as relações interpessoais no ambiente de trabalho? Vale lembrar que no trabalho, não somos nós que escolhemos com quem trabalhar. Há as relações que se formam entre quaisquer dois profissionais que trabalham em departamentos diferentes, entre os quais há pouco contato. É o caso, talvez, da relação entre um colaborador da manutenção e um colaborador da logística. Depois, há as relações entre dois colaboradores de departamentos diferentes, entre os quais há bastante contato. É o caso da relação entre um colaborador de vendas e um colaborador de marketing. Existem, ainda, os vínculos entre dois colaboradores do mesmo departamento e as ligações entre um funcionário e seu gestor. É importante entender que cada uma dessas relações interpessoais possui uma dinâmica diferente e, consequentemente, apresenta também desafios diferentes, uma vez que a relação interpessoal é capaz de gerar consequências para o futuro na relação. No caso da relação entre um gestor e sua equipe, há o desafio da liderança — demonstrar autoridade sem precisar do poder. Entre funcionários de departamentos diferentes, há o desafio do conflito de interesses — cada um possui suas prioridades no trabalho e pode, inadvertidamente, prejudicar o trabalho do colega. Entre funcionários do mesmo departamento, por sua vez, há o desafio de balancear competitividade e colaboração — ambos querem se destacar, mas precisam trabalhar juntos para alcançar as metas da equipe. 20 6.2. Como São As Relações Saudáveis As relações de trabalho mais saudáveis são aquelas que apresentam equilíbrio. Mesmo que haja um atrito, a equipe possui uma “liga” forte o suficiente entre si para avaliar o atrito de maneira objetiva, resolvê-lo e retornar a um estado de harmonia. Um dos segredos é não misturar as relações pessoais com as profissionais. Mas como atingir esse equilíbrio? Existem alguns fatores que permitem levar a instituição e a equipe até o status desejado. Quais são esses fatores? Alinhamento Todos os colaboradores precisam estar conscientes dos objetivos da Instituição, trabalhar com um mesmo norte e alinhar seu comportamento e suas ações de acordo com esses objetivos. Os funcionários precisam entender que os objetivos da empresa vêm acima dos próprios — pois atingi-los beneficiaráa todos, e não apenas a alguns. Valores Existem valores básicos como transparência, respeito e responsabilidade, que a empresa deve propagar entre seus funcionários e exigir deles, em todos os momentos e situações. É importante que a instituição entenda que um profissional com uma excelente capacidade técnica, mas sem respeito pelos valores humanos, é um risco para a empresa. É exatamente o respeito e a prática dos valores que favorece as relações internas. Políticas de Relacionamento Enquanto os valores são conceitos mais absolutos, as políticas podem variar de acordo com o perfil da empresa. Algumas políticas envolvem, por exemplo, a proibição de relacionamentos amorosos entre funcionários. Como essa política pode ser considerada muito rigorosa, é preciso ter bom senso e sensibilidade na sua aplicação. 21 6.3 Atendimentos Ao Público Entende-se que a Atividade Policial seja a de um trabalhador que desenvolve um processo de trabalho peculiar. Nesse contexto precisamos conhecer algumas características indispensáveis para trabalhar com o outro. Precisamos ter. Conduta Assertiva O termo assertividade origina-se da palavra asserção, que quer dizer afirmar. É um comportamento que se aprende, permitindo-se agir de acordo com nossos interesses, expressar nossos sentimentos de forma honesta e adequada, fazendo valer nossos direitos sem negar o direito dos outros. Esse comportamento é cada vez mais valorizado no ambiente organizacional, onde são exigidas decisões objetivas e focadas em resultado; espera-se que os funcionários apresentem comportamento maduro e honesto. De acordo com Martins (2005, p. 21), algumas atitudes são fundamentais para a assertividade. Autoestima: é o que você pensa sobre si mesmo. A qualidade da autoestima depende da aceitação, da confiança e do respeito que você tem por si mesmo. Determinação: é o que faz você não desistir perante os obstáculos, ter foco e clareza sobre onde quer chegar. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida no Trabalho Empatia: é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Somente as pessoas maduras conseguem estabelecer a empatia. Adaptabilidade: é adequar seu estilo de comunicação, seja sua interlocutora uma criança, um idoso, com nível cultural alto ou baixo. Autocontrole: usar a racionalidade para gerenciar as emoções, não perdendo o controle das situações. Tolerância a frustração: aceitar a diversidade humana, não se ouve apenas “sins”, mas também “nãos”. Sociabilidade: é se preocupar com o bem-estar do outro e com o seu próprio. É tratar as pessoas com naturalidade, sem ideias preconcebidas. O importante é que a habilidade de ser assertivo pode ser aprendida. Uma das estratégias que nos ajudam a tornar-nos mais assertivos é observarmos o comportamento de pessoas que admiramos, e que têm facilidade de agir de forma como 22 gostaríamos. Saber que nossos comportamentos são aprendidos e que podem ser modificados, desde que queiramos, é o grande facilitador. 7. ORIGENS DA CONDUTA ASSERTIVA Se nos primeiros anos de vida a criança recebe mensagens positivas e convive com adultos capazes de respeitar as diferenças, temos aí um bom início para a assertividade. Quem não viveu essa realidade pode posteriormente aprender a se comportar assertivamente, através da reflexão, e estar sempre atento ao seu comportamento e ao do outro. Isso facilita a percepção e descoberta de atitudes pessoais que facilitam ou dificultam as relações interpessoais. A pessoa assertiva tem consciência de seus deveres e responsabilidades, e é capaz de reconhecer que os outros também possuem direitos e responsabilidades. Ao assumir responsabilidades, aprende-se a valorizar e respeitar seus desejos, uma vez que a consciência de seus sentimentos aumenta. As instituições buscam um ambiente voltado ao diálogo, o que exige uma mudança de postura, mais pautada em aceitar diferentes pontos de vista, na boa convivência e no respeito às diferenças. 8. PRESERVAR A AUTOESTIMA A autoestima caracteriza-se pela aceitação de si, pela confiança, pelo reconhecimento do seu potencial e de sentimentos positivos em relação a si mesmo. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho A partir do nascimento, começamos a desenvolver a autoestima, através do reconhecimento que recebemos durante os primeiros anos de vida. Elogios e reforço positivo ajudam nesse desenvolvimento. As baixas autoestimas manifestam-se pela falta de confiança em si, desvalorização das próprias possibilidades, pelo medo do fracasso, sendo observadas por depreciações e reforços negativos ocorridos na infância. Para mantermos o bom nível de nossa autoestima, temos que nos manter permanentemente atentos às situações no dia a dia. 23 Caso ocorram comentários de desvalorização, é preciso estar atento e estabelecendo limites com o outro, e mostrando a ele sua insatisfação. Quando o comportamento é assertivo, a tendência é mantermos a autoestima elevada, ao contrário de comportamentos agressivos, que fazem de tudo para subestimar o outro. Baixar a autoestima é uma das condutas mais complicadoras que se observa nas relações de trabalho. Embora ocorra com certa frequência, vemos que seus resultados são o sofrimento, a descrença e a vergonha. Preservar a qualidade de vida no trabalho, e o bom relacionamento interpessoal, dá-se através da atenção de olhar aquele com quem se fala, de agradecer, pedir desculpas, cumprimentar, despedir-se. Responder ao que é solicitado, retornar as ligações, são atitudes de quem valoriza o outro. 1.º ouvir 2.º clarear as dúvidas 3.º checar oposições 4.º atenção ao comportamento não verbal 5.º desenvolver a autoestima 6.º reconhecer e valorizar o outro 7.º dar e receber opinião 8.º estimular o outro à conduta assertiva Você sabia? A hostilidade e as condutas agressivas nas instituições têm sua origem na raiva, emoção frequente e nem sempre expressa de forma clara no ambiente de trabalho. A raiva pode manifestar-se de maneira camuflada, sob a forma de queixa, ausência de cortesia, postura competitiva, ironia e inveja. Por fim, mudanças efetivas na área da Segurança Pública têm relação com a prática do respeito aos direitos humanos e o exercício da cidadania, sendo essencial o protagonismo policial nesse assunto. 24 Texto Complementar Ouvir: Atitude Ética (Matos, 2008, p. 105) De modo geral, não somos bons ouvintes. Desde a mais tenra idade, fomos educados para falar e continuamos sendo treinados para a oratória. E, porque ouvimos pouco, os problemas de comunicação são apontados como um dos mais graves nas organizações. Como artifício para a falta de diálogo interpessoal – a comunicação autêntica faz-se de pessoa a pessoa – usa-se e abusa-se de meios tecnológicos – em si, benéficos à agilidade nas informações. Antes, os intermináveis telefonemas, hoje os e- mails compulsivos – uma verdadeira legião de “e-mailpatas”. Em relação à comunicação eletrônica, existe um paradoxo: emite-se a mensagem – muitas vezes para passar o “macaquinho” adiante – sem a preocupação com a resposta. O ato encerra-se na emissão do e-mail. A ausência de feedback é uma tragédia nas comunicações. Mas há outro fenômeno grave: e-mails que não são abertos ou o são tardiamente, quando a informação já é obsoleta. Um executivo confessou, em reunião, que estava com 120 e-mails fechados (!?), por falta de tempo. Não ter tempo disponível, sentir-se sempre sobrecarregado, além de revelar deficiências de planejamento pessoal e organizacional, é fatal para as comunicações e para o relacionamento. É preciso “reaprender” – ou aprender – a ouvir. Há pessoas extremamente preocupadas em oferecer respostas, sem ouvirem as perguntas. Quando não há diálogo, não há comprometimento. Estão aí as guerras para confirmar, tanto no âmbitodoméstico, como empresarial e entre nações. Todavia, ouvir não é calar-se – a mudez pode até ser ofensiva. Ouvir é mostrar interesse, acompanhar o raciocínio do outro e manifestar-se no momento oportuno. Simples, não é? Mas como isso se mostra difícil no relacionamento diário! Iniciemos, portanto, imediatamente, nossa reaprendizagem como ouvintes atentos, interativos e inteligentes. Na arte de ouvir e falar, com propriedade e oportunidade, está o segredo da convivência harmoniosa e produtiva. Ouvir é uma atitude ética, ao significar respeito pela opinião do outro. 25 REFERÊNCIAS Revista virtual textos & contextos, nº 6, dez. 2006 Julyver Modesto de Araujo, mestre em direito do estado pela PUC/SP e especialista em direito público pela Escola Superior do Ministério Público de SP; Capitão da Polícia Militar de SP, atual chefe do Gabinete de Treinamento do Comando de Policiamento de Trânsito; Coordenador e Professor dos Cursos de pós-graduação do CEAT (www.ceatt.com.br São Paulo, 10 de janeiro de 2015. Nadler; Lawler, 1983, apud Fernandes, 1996, p. 43) este material é parte integrante do acervo do iesde Brasil s.a., mais informações www.iesde.com.br Bock, Ana M. B.; Furtado, Odair; Teixeira, Maria de lourdes trassi. Psicologias. São Paulo: Saraiva, 2002. Bom Sucesso, Edina de Paula. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: qualitymark, 2002. Davis, Keith; Newstrom, John W. Comportamento Humano no Trabalho. São Paulo: Thomson, 1992. v. 1. Fernandes, e da. Qualidade de Vida no Trabalho. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. França, a. c. l.; Rodrigues, a. l. Stress e Trabalho. São Paulo: Atlas. 2002. Mackay, Ian. Como Ouvir Pessoas. São Paulo: abril, 2002. Martins, Vera. Seja Assertivo. São Paulo: Campus, 2005. Matos, Francisco Gomes de. Ética na Gestão Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2008. Moscovici, Fela. Equipes dão Certo.
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