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1 1 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 Problema 4 M1 – Tutoria III PROBLEMA 4 – “SEM NOÇÃO” J.F.K., 18 anos, depois de beber várias doses de vodka em um churrasco da faculdade, resolveu subir no telhado e pular de cabeça na piscina para impressionar os colegas. Ninguém havia comunicado que a piscina era rasa. Recebeu atendimento pelo SAMU, foi transportado com colar cervical e imobilização em bloco até o HUGO, onde foi avaliado pela equipe médica e realizou uma TC, que evidenciou traumatismo raquimedular, com necessidade de abordagem cirúrgica. Após o período de recuperação pós-operatória, evoluiu para a seguinte sequela permanente: tetraplegia, sem déficit cognitivo. TERMOS DESCONHECIDOS: → Imobilização em bloco: Imobilização do paciente traumatizado com suspeita de trauma de coluna, com o mesmo em decúbito dorsal, colocando talas imobilizadoras nas laterais do paciente, um coxim entre as pernas e realizar a manobra de rolamento 90º para acomodá-lo à prancha. Respeitando o conceito de imobilizar a fratura e as duas articulações mais próximas, podemos utilizar a prancha longa como uma grande tala, que tem condições para imobilizar o corpo da região cervical até os tornozelos. Quando desejamos imobilizar uma ou ambas as pernas, basta colocar o paciente sobre a prancha, com alguma técnica de rolamento conhecida, e em seguida posicionar um coxim entre as pernas do paciente, posteriormente coloca-se uma tala imobilizando a região ferida lateralmente. Para fixar o conjunto usamos bandagens triangulares dobradas em formato de tirantes (as melhores bandagens são as com maior lado medindo 1,80m), essas bandagens são fixadas nos passadores da prancha, após estarem nas posições corretas, apertadas e amarradas. Para imobilizar os braços basta trazê-los para a posição anatômica próximos ao corpo, posicionar uma tala lateralmente ao trauma e fixar com bandagens da mesma forma como se fixa o conjunto nas pernas. → Traumatismo Raquimedular: é a lesão da medula espinhal que provoca alterações, temporárias ou permanentes, na função motora, sensibilidade ou função autonômica. As lesões cervicais frequentemente causam diminuição permanente da qualidade de vida, sendo a principal causa de sequela seguida aos traumatismos. → Déficit Cognitivo: Caracteriza-se pela dificuldade de aprendizado que algumas pessoas têm e que acaba limitando suas vidas de diversas maneiras. É um problema diretamente relacionado à capacidade mental de assimilação de informações, o que faz com que o indivíduo desenvolva limitações intelectuais. A pessoa tanto pode nascer com o problema ou então desenvolvê-lo em decorrência de doenças ou acidentes que afetam seu sistema nervoso central. Deste modo, funções importantes como a comunicação, inteligência espacial, capacidade de raciocínio lógico, de manter a atenção, memorização, locomoção e linguagem oral são comprometidas pelo déficit cognitivo. Devido a isso, a pessoa possui dificuldade para falar, se mover, de se concentrar e aprender, desde coisas simples as mais complexas. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O desconhecimento da repercussão clínica do trauma raquimedular. CHUVA DE IDEIAS: → Trauma raquimedular: Deve-se investigar lesão cervical em vítimas de trauma. 2 2 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 → Uso do KED → Utilização do XABCDE: X- Segurança da cena A- Via aérea B- Ventilação C- Circulação com controle de hemorragia D- Avaliação do estado neurológico (Escala de Coma de Glasgow) E- Exposição → Proteção do paciente mesmo que só haja possibilidade de trauma. “Todo paciente pode ser vítima de trauma até que se prove o contrário” → Pode haver comprometimento de medula ou raiz nervosa. → O atendimento pré-hospitalar deve ser rápido, mas com segurança. REFERÊNCIAS: TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala- aula/5dab1f5e4340d20011fb3205/5dab1cb34340d20 011fb3202/video/5dab1c5f5008ea002696e42f (O2) RESOLUÇÃO DO PROBLEMA: DO1: Explicar o mecanismo de controle da contração muscular via Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico Sistema Nervoso Central Quatro componentes separados do sistema nervoso central controlam juntos os músculos esqueléticos dos membros e músculos do tronco para postura: (1) vias motoras descendentes, junto com suas associadas origens no córtex cerebral e no tronco encefálico, (2) circuitos motores espinais, incluindo neurônios motores anteriores e interneurônios, (3) núcleos da base (amarelo) e (4) o cerebelo. As vias motoras do tronco encefálico encarregam- se do controle relativamente automático, como rápidos ajustes posturais e correção de movimentos mal direcionados durante a execução. Em contrapartida, as vias corticais motoras participam de um controle mais refinado, flexível e adaptativo, como alcançar objetos, preensão e uso de ferramentas. A maioria dos movimentos “voluntários” iniciados pelo córtex cerebral é produzida quando o córtex ativa “padrões” funcionais armazenados nas áreas cerebrais inferiores — medula, tronco cerebral, núcleos da base e cerebelo. Esses centros inferiores, por sua vez, enviam sinais de controle específicos para os músculos. Para alguns tipos de movimentos, contudo, o córtex tem quase uma via direta, dirigida para os neurônios motores anteriores da medula, sobrepondose a alguns centros no caminho. Isso é especialmente verdade para o controle dos movimentos finos e com a destreza das mãos e dos dedos. O córtex motor é dividido em três subáreas, cada uma das quais com sua própria representação topográfica de grupos musculares e de funções motoras específicas: (1) o córtex motor primário; (2) a área pré-motora; e (3) a área motora suplementar. ❖ Área pré-motora Os sinais neurais gerados na área pré-motora causam “padrões” muito mais complexos de movimento do que os discretos padrões gerados no córtex motor primário. Por exemplo, o padrão pode ser a posição dos ombros e braços, de modo que as mãos fiquem orientadas apropriadamente para realizar tarefas específicas. Para obter esses resultados, a parte mais anterior da área pré-motora desenvolve primeiro uma “imagem motora” do movimento muscular total que deve ser realizado. Depois, no https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5dab1f5e4340d20011fb3205/5dab1cb34340d20011fb3202/video/5dab1c5f5008ea002696e42f https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5dab1f5e4340d20011fb3205/5dab1cb34340d20011fb3202/video/5dab1c5f5008ea002696e42f https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5dab1f5e4340d20011fb3205/5dab1cb34340d20011fb3202/video/5dab1c5f5008ea002696e42f 3 3 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 córtex pré-motor posterior, essa imagem excita cada padrão de atividade muscular sucessivo, necessário para atender à imagem. Essa parte posterior do córtex pré-motor envia seus sinais diretamente para o córtex motor primário, a fim de excitar músculos específicos ou, mais frequentemente, por meio dos núcleos da base e do tálamo de volta ao córtex motor primário. Há uma classe especial de neurônios chamada neurônios-espelho; estes ficam ativos quando a pessoa executa tarefa motora específica ou quando ela observa a mesma tarefa executada por outros. Assim, a atividade desses neurônios “espelha” o comportamento de outra pessoa, como se o observador estivesse executando a tarefa motora específica. Os estudos de imageamento cerebral indicam que esses neurônios transformam representações sensoriais de ações que são ouvidas ou sentidas em representações motoras dessasações. ❖ Área motora suplementar A área motora suplementar é a região do encéfalo responsável pela manutenção da postura e produção de movimentos bilaterais (como o de agarrar com as duas mãos). Em geral, essa área funciona em conjunto com a área pré-motora para gerar movimentos responsáveis pela postura geral de todo o corpo, movimentos de fixação de diferentes segmentos do corpo, movimentos de posição da cabeça e dos olhos e assim por diante, como base para o controle motor mais fino dos braços e das mãos, pela área pré-motora e pelo córtex motor primário. ❖ Córtex motor primário Algumas regiões motoras altamente especializadas, do córtex cerebral humano, controlam funções específicas: → Área de Broca (Área Motora da Fala): Essa região é chamada área de Broca. A sua lesão não impede a pessoa de vocalizar, mas torna impossível para o indivíduo pronunciar palavras inteiras e expressões vocais isoladas sem coordenação ou palavra simples ocasional, como “não” ou “sim”. Área cortical estreitamente associada também causa função respiratória apropriada; assim, a ativação respiratória das cordas vocais pode ocorrer simultaneamente com os movimentos da boca e da língua durante a fala. Por isso, as atividades neuronais pré-motoras relacionadas à fala são altamente complexas. → Campo dos Movimentos Oculares “Voluntários”: Na área prémotora, imediatamente acima da área de Broca, fica o local para o controle dos movimentos oculares voluntários. A lesão dessa área impede o indivíduo de movimentar voluntariamente os olhos em direção aos diferentes objetos. Em lugar disso, os olhos tendem a travar involuntariamente sobre objetos específicos, efeito controlado por sinais do córtex visual occipital. Essa área também controla os movimentos palpebrais, como o de piscar. → Área de Rotação da Cabeça: Essa área se associa estreitamente ao campo de movimentos oculares; ela direciona a cabeça em direção a diferentes objetos. → Área para Habilidades Manuais: Na área pré- motora, imediatamente anterior à área do córtex motor primário, relacionada às mãos e dedos, fica a região que é importante para “habilidades manuais”. Isso significa que, quando tumores ou outras lesões causam destruição dessa área, os movimentos manuais ficam sem coordenação e sem propósito, patologia chamada apraxia motora. ❖ Transmissão dos sinais do córtex cerebral para a medula espinhal Os sinais motores são transmitidos diretamente do córtex para a medula espinal pelo trato corticoespinal e, de modo indireto, por múltiplas vias acessórias, que envolvem os núcleos da base, o cerebelo e vários núcleos do tronco cerebral. Em geral, as vias diretas estão mais relacionadas aos movimentos discretos e detalhados, em especial dos segmentos distais das extremidades, particularmente das mãos e dos dedos. Depois de sair do córtex, suas fibras passam pelo ramo posterior da cápsula interna (entre o núcleo caudado e o putâmen dos núcleos da base) e, depois, desce pelo tronco cerebral, formando as pirâmides bulbares. A maior parte das fibras piramidais, então, cruza na parte inferior do bulbo, para o lado oposto, e desce pelos tratos corticoespinais laterais da medula espinal, para, finalmente, terminarem, em sua maioria nos interneurônios das regiões intermediárias da substância cinzenta da medula; algumas fibras terminam em neurônios sensoriais de segunda ordem no corno dorsal, e pouquíssimas terminam diretamente, nos neurônios motores anteriores que causam a contração muscular. 4 4 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 O terceiro e o quarto componentes dos sistemas motores, o cerebelo e os núcleos da base não contêm neurônios que projetam diretamente aos circuitos motores espinais. Apesar disso, essas estruturas têm uma poderosa influência regulatória sobre o comportamento motor. Elas agem indiretamente em controlar o comportamento motor por meio de seus efeitos nas vias descendentes do tronco encefálico e, via tálamo, nas vias corticais. O cerebelo é parte de um conjunto de circuitos neurais que garantem que os movimentos sejam precisos e acurado. Sistema nervoso periférico A substância cinzenta da medula espinal é a área integrativa para os reflexos espinais. Os sinais sensoriais entram na medula pelas raízes sensoriais, também conhecidas por raízes posteriores ou dorsais. Após entrar na medula, cada sinal sensorial trafega por duas vias separadas: um ramo do nervo sensorial termina quase imediatamente na substância cinzenta da medula e provoca os reflexos espinais segmentares locais e outros efeitos locais; outro ramo transmite sinais para níveis superiores do sistema nervoso, isto é, para zonas superiores da própria medula, para o tronco cerebral, ou mesmo para o córtex cerebral. Cada segmento da medula espinal (no nível de cada nervo espinal) contém muitos milhões de neurônios em sua substância cinzenta. Exceto os neurônios-relé sensoriais os outros neurônios são de dois tipos: (1) neurônios motores anteriores; e (2) interneurônios. 1. Neurônios Motores Anteriores 5 5 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 Milhares de neurônios, 50% a 100% maiores que a maioria dos outros neurônios, estão localizados em cada segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta medular e são chamados neurônios motores anteriores. Eles dão origem às fibras nervosas que deixam a medula pelas raízes ventrais e inervam, diretamente, as fibras musculares esqueléticas. Esses neurônios são divididos nos tipos alfa e gama e serão melhor detalhados no próximo objetivo, pois se relacionam diretamente com o controle muscular. 2. Interneurônios São os neurônios responsáveis pela conexão entre os neurônios motores anteriores e os neurônios motores superiores. Portanto fazem uma ponte entre os neurônios motores superiores e inferiores. Resumindo: Se os receptores sensitivos da pele detectarem dor ou uma mudança de temperatura, transmitem um impulso (sinal) em direção ao cérebro. 1. O impulso viaja, ao longo de um nervo sensitivo, até a medula espinhal. 2. O impulso cruza uma sinapse (a junção entre duas células nervosas) entre o nervo sensitivo e a célula nervosa, localizado na medula espinhal. 3. impulso cruza desde a célula nervosa na medula espinhal até o lado oposto. 4. impulso é enviado à medula espinhal e pelo tronco cerebral até o tálamo, que é um centro de processamento de informações sensoriais localizado profundamente no cérebro. 5. O impulso cruza uma sinapse no tálamo até as fibras nervosas que transportam o impulso até o córtex sensitivo do telencéfalo (a área que recebe e interpreta as informações dos receptores sensitivos). 6. O córtex sensitivo percebe o impulso. Uma pessoa pode então decidir iniciar o movimento, que aciona o córtex motor (a área que planeja, controla e executa os movimentos voluntários) até gerar um impulso. 7. O nervo que conduz o impulso cruza para o lado oposto, na base do cérebro. 8. impulso é enviado para baixo até a medula espinhal. 6 6 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 9. O impulso cruza uma sinapse entre as fibras nervosas na medula espinhal e um nervo motor, localizado na medula espinhal. 10. O impulso se desloca para fora da medula espinhal pelo comprimento do nervo motor. 11. Na junção neuromuscular (onde nervos se conectam com os músculos), o impulso passa do nervo motor para receptores na placa motora terminal do músculo, onde o impulso estimula o movimento do músculo. DO2: Reconhecer a relação entre neurônio motor e músculo A função motora se refere à relação entre o sistema nervoso e o sistema locomotor (músculos, articulações, ligamentos, tendões e ossos) na contração muscular e produçãode movimento do corpo. Ela possui como componentes: a medula espinhal, tronco encefálico, córtex cerebral, cerebelo e os gânglios da base (corpo estriado, tronco pálido e substância negra). Conceitos: ❖ Unidade motora: motoneurônio + fibras musculares → Quanto menos fibras, mais fino é o neurônio motor. → Quanto menor o motoneurônio, menos fibras inervam, menor força de contração e menor limiar de disparo do potencial de ação (regra do tudo ou nada) → Lembrar da relação “quanto menos gente pra cuidar, menos gente necessária para tomar conta.” Portanto em um neurônio motor responsável pela condução da movimentação ocular, será um neurônio motor fino, pois são necessárias poucas fibras nervosas para inervar poucas fibras musculares. ❖ Neurônios motores alfa: neurônios motores que inervam as fibras extrafusais (fora do fuso muscular). Esses neurônios representam a maioria das fibras nervosas e fazem parte da unidade motora. Essas fibras nervosas são responsáveis pela geração de força. ❖ Neurônios motores gama = neurônios motores que inervam as fibras intrafusais (não faz parte da unidade motora). Esses neurônios são sensíveis ao estiramento, ou seja, detectam mudanças de comprimento da fibra muscular. Essas fibras nervosas são especializadas para cada fuso muscular. ❖ Fuso muscular: estrutura receptora dos neurônios, que ficam paralelos às fibras extrafusais. O fuso é composto por fibras musculares intrafusais e possui inervação tanto motora quanto sensorial. As fibras fusais são divididas em Bolsas nucleares (Bag1 e Bag2) e Cadeia nuclear. 7 7 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 ❖ Inervação sensorial das fibras intrafusais: As fibras sensoriais dos fusos musculares são divididas em IA e II. As fibras IA inervam todas as fibras musculares (Bag1 e Bag2 e cadeia nuclear) com terminações primárias (em forma de espiral). As fibras II inervam apenas Bag2 e cadeia nuclear, apresentando terminações secundárias. Os neurônios motores gama podem ser divididos em estáticos e dinâmicos, sendo os dinâmicos sensíveis à velocidade de estiramento do músculo, enquanto que o estatíco detecta o comprimento inicial e o comprimento final. Portanto, o grupo IA, inerva todas as fibras musculares intrafusais (tanto Bag1 e Bag2 quanto cadeia nuclear), detecta velocidade de contração das fibras e, portanto, apresenta neurônios motores gama dinâmicos. O grupo II inerva apenas Bag2 e cadeia nuclear, detecta o comprimento inicial e final das fibras e, portanto, apresenta neurônios motores dinâmicos. Entre o tendão e o músculo existe o órgão tendíneo de Golghi e funciona como mecanoreceptor de força muscular. Logo, o fuso muscular faz detecção de comprimento das fibras e o órgão tendíneo de Golghi faz a detecção de força. O órgão tendíneio de Golghi se encontra em série com o músculo e tendão. Os órgãos tendíneos de Golghi possuem os neurônios aferentes IB, que são responsáveis pela detecção de força. Mecanismo de controle da contração Quando o músculo está em repouso, o neurônio motor gama está enviando sinalizações de tensão constantemente. A esse estado, damos o nome de estiramento sustentado. Com a ativação do neurônio motor alfa, ocorre a contração da fibra extra-fusal, aumentando sua tensão e diminuindo a tensão da fibra intra-fusal. Nesse momento, a fibra extra-fusal encontra-se afrouxada e para de emitir sinalizações. Essas sinalizações só retomam quando o músculo retorna ao estado de estiramento sustentado. Um outro cenário é a estimulação conjunta das fibras intra e extra-fusal. Dessa vez ocorre a estimulação dos dois neurônios motores (alfa e gama) e o nível de tensão de ambos se sobrepõe. DO3: Diferenciar síndromes do primeiro neurônio motor e do segundo neurônio motor Os neurônios motores são às células nervosas responsáveis pela propagação e distribuição dos impulsos que dão origem aos movimentos. Esses neurônios podem ser do tipo superior (ou primeiro neurônio motor) ou inferior (ou segundo neurônio motor). O primeiro neurônio motor é aquele que sai do córtex cerebral e encaminha a mensagem para os interneurônios ou para os neurônios inferiores (que conhecemos como neurônios anteriores, que são aqueles que encaminham a mensagem. 8 8 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 Neurônios motores inferiores (NMI) → Originam-se na medula espinhal e inervam direta ou indiretamente os alvos efetores. O alvo desses neurônios varia, mas no sistema nervoso somático o alvo será algum tipo de fibra muscular. → Caracterizam-se pela distribuição na região anterior da medula e tronco cerebral desempenhando papel de integração de impulsos de origem do sistema nervoso central e atividade muscular. → O acometimento direto da unidade motora gera sinais de diminuição ou ausência de atividade dos segmentos medulares. Portanto, no exame físico, observa-se sinais como: ▪ Hipotonia ou atonia muscular, ▪ Hipotrofia ou atrofia muscular por desnervação (amiotrofia), ▪ Reflexos profundos diminuídos ou ausentes (hiporreflexia ou arreflexia), ▪ Ausência de reflexos patológicos, ▪ Presença de fasciculações. Em relação às lesões do NMI, tem-se: → Lesão no corno anterior da medula: pode combinar sinais de NMS e NMI (como ocorre na esclerose lateral amiotrófica); dor pode estar presente (relacionadas a cãibras e rigidez); fasciculações; fraqueza bulbar (alteração da fala, dificuldade em deglutir). → Lesão da raiz nervosa: dor local e/ou irradiada (geralmente por compressão); alterações sensitivas relacionada a um dermátomo (faixa de pele inervada por um segmento medular); dificilmente causa fraqueza acentuada (compensado por segmentos medulares adjacentes). → Lesão de plexo nervoso: pode envolver um ou mais nervos periféricos, poupando outros; fraqueza associada a distúrbios da sensibilidade (dormência, formigamento); dor pode estar presente; fraqueza geralmente em um membro. → Lesão de nervo periférico: sinais e sintomas associados à distribuição do nervo (partes isoladas de um membro); dor associada (compressão); alteração sensitiva significativa (polineuropatias, ex: diabetes mellitus); úlceras neurotróficas podem estar presentes (nos casos crônicos); apresentação pode ser em vários nervos (como em algumas vasculites). → Lesão da junção neuromuscular: fraqueza proximal; curso flutuante ao longo do dia; fadiga muscular relacionada ao movimento; fraqueza bulbar pode estar associada (alteração da fala, dificuldade em deglutir). → Lesão muscular: é uma patologia dentro do próprio músculo, que entra na lista de diagnósticos diferenciais para déficit de NMI. Os sinais são: fraqueza proximal, simétrica e progressiva; dor muscular (principalmente nas etiologias inflamatórias); sensibilidade normal; geralmente associado a causas inflamatórias, metabólicas ou congênitas (ex: distrofia muscular de Duchenne). Neurônio motor superior (NMS) → Uma das funções do NMS é a modulação da atividade do NMI. → Portanto, numa lesão do NMS, com diminuição ou perda das conexões com a unidade motora (NMI + músculos), surge uma atividade excessiva dos segmentos medulares por desinibição. Logo, observa-se: ▪ Hipertonia muscular (embora possa haver hipotonia na fase aguda), ▪ Normotrofia muscular (embora possa haver hipotrofia por desuso numa fase tardia), ▪ Reflexos profundos aumentados (hiperreflexia), ▪ Presença de reflexos patológicos (babinski, hoffmann, horner, entre outros) 9 9 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 ▪ Ausência de fasciculações. No caso de uma síndrome de NMS, a lesão pode estar no córtex, em alguma região subcortical, no tronco cerebral ou na medula: → Lesão cortical ou subcortical:monoparesia/hemiparesia sem atrofia (fraqueza em um membro); monoplegia/hemiplegia; distúrbios da fala (compreensão ou expressão); dor de cabeça; quadros convulsivos; alterações de comportamento. → Lesão de tronco: sintomas de nervos cranianos (diplopia, ptose, fraqueza ou paralisia facial, distúrbios visuais e auditivos, dificuldade de deglutição) associados a sintomas motores/sensitivos/cerebelares contralaterais; incoordenação em um lado do corpo (envolvimento de fibras cerebelares); sintomas autonômicos (sudorese, taquicardia, hipotensão). → Lesão nos tratos medulares: fraqueza bilateral ou localizada em um dos membros; dor nas costas; distúrbios da função intestinal e da bexiga; alterações de sensibilidade (dormência, formigamento, alodinia, queimação). As patologias que afetam o neurônio motor caracterizam-se por causarem apoptose neuronal, isto é dano na estrutura funcional celular, seja por alterações do DNA ou por stress funcional, ou necrose com agressão direta ao neurônio motor como na poliomielite, além disto, nota-se que as patologias diferem-se na variabilidade de acometimento anatômico, com seletividade por locais e organelas especificas, reforçando as várias possibilidades etiológicas. A doença do neurônio motor é um termo que se aplica a síndromes clínicas com características próprias como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Atrofia Muscular Progressiva (AMP), Esclerose Lateral Primária (ELP), Paralisia Bulbar Progressiva (PBP) e Síndrome da Pós-poliomielite. Desse grupo de doenças, a mais comum é a Esclerose Lateral Amiotrófica. A ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) se caracteriza pelo endurecimento da porção lateral da medula espinhal, resutando em atrofia muscular. É uma doença crônico-degenerativa, idiopática, que acomete os motoneurônios das vias descendentes. Ela apresenta manifestações clínicas características da via piramidal e da ponta anterior da medula espinhal, ou seja, segundo neurônio motor. Ela é, então, caracterizada, também, pela degeneração progressiva do neurônio motor superior (NMS) e inferior (NMI) no encéfalo ou medula. Ele causa paralisia motor progressiva e irreversível. A etiologia se relaciona com o fator genético e é desencadeada por um fator externo. Esses fatores podem ser: inflamação, exposição a agentes tóxicos, traumas físicos (mecânico, elétrico ou cirúrgico) e atividade física (era bem presente nos estágios iniciais em atletas de alto rendimento). A ELA pode ser dividida em familiar ou esporádica. Na ELA familiar, se apresenta aos 46 anos, enquanto que a esporádica, aos 56. A ELA esporádica representa cerca de 90% dos casos de ELA. A ATROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA é causada pela degeneração progressiva dos neurônios motores inferiores. A atrofia muscular progressiva (AMP) é um tipo raro de doença do neurônio motor (DNM) com acometimento exclusivo do neurônio motor inferior (NMI) e com características clínicas bem definidas. A AMP, considerada a forma de apresentação mais rara das DNMs, é pouco estudada como entidade isolada. Dentre as justificativas destacam- se: dificuldade diagnóstica e ausência de um marcador diagnóstico específico; dificuldade de distinção, baseando-se em critérios eletrofisiológicos, entre a AMP e a neuropatia puramente axonal e confusão de nomenclatura com a amiotrofia espinhal progressiva (AEP). Diferentemente da AMP, a AEP é doença hereditária, com herança autossômica recessiva, de início, em geral, na infância, caracterizada por degeneração das células do corno anterior da medula espinhal e associada com mutações no gene SMN (5q). O quadro clínico, a faixa etária de acometimento e o prognóstico são quase sempre suficientes para diferenciar a AMP da AEP. No entanto, naqueles casos de AEP de início na vida adulta (AEP tipo IV) a diferenciação é mais difícil. ESCLEROSE LATERAL PRIMÁRIA (ELP) é uma doença-neuro-degenerativa rara de origem desconhecida caracterizada por envolvimento do trato cortiço-espinhal, que comumente se manifesta por espasticidade progressiva, porém sem lesão do segundo neurônio motor. Geralmente seu acometimento se inicia nas extremidades inferiores, 10 10 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 evoluindo para o tronco, extremidades superiores e, finalmente, para os músculos bulbares. Ela se enquadra no grupo de doenças do neurônio motor que ocorrem quando há degeneração das células neurais que controlam o movimento, causando fraqueza muscular. É uma doença esporádica e tem sua preferência por adultos. Porém, uma mutação rara mapeada no gene ALS2 é responsável pelo aparecimento em crianças, sendo nessa fase denominada Esclerose Lateral Primária Juvenil (JPLS). Seus diagnósticos diferenciais se baseiam sobretudo na semelhança clínica com a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), a forma mais comum de acometimento do neurônio motor e paraparesia espástica hereditária. O diagnóstico de ELP é feito baseado em critérios clínicos e laboratoriais estabelecidos em 1992 por Pringle et al. Enquanto a ELP se caracteriza como uma doença neuro degenerativa, idiopática, que afeta o neurônio motor superior, não tendo relação com antecedentes familiares, com progressão lenta, a ELA é uma doença-neuro-degerativa fatal, de progressão mais rápida que afeta o também o neurônio motor inferior. A PARALISIA BULBAR PROGRESSIVA, também denominada doença de Fazio-Londe, caracteriza-se pelo acometimento degenerativo progressivo de nervos cranianos bulbares em crianças. Ela é uma variante da esclerose lateral amiotrófica. É patologia rara, com ocorrência em ambos os sexos e com dois padrões de herança genética. A maioria dos casos é esporádica com padrão autossômico recessivo; entretanto, alguns relatos sugerem a ocorrência de herança autossômica dominante. Existem até o momento cerca de 30 casos descritos na literatura, sendo o primeiro publicado em 1892. A afecção costuma ter início por volta dos três anos de idade. Estridor é a característica inicial nos casos de início precoce (de 1 a 5 anos), mas também pode iniciar-se com paresia facial, disfagia ou disartria. O diagnóstico apoia-se na presença de uma neuropatia motora pura, com ou sem o envolvimento dos tractos motores longos. Deve-se excluir tumores do sistema nervoso central, assim como miastenia gravis. Até a presente data não existe tratamento curativo. 11 11 Tutoria III | Débora Sousa | 3º semestre 31/03/2021 MAPA CONCEITUAL:
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