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1 Maria Isabel Ramos - MEDFASA Maria Isabel Ramos – MEDFASA Turma X O exame neurológico deve ser cuidadoso e completo, sempre que possível, não havendo um roteiro ideal, principalmente na criança. Como nos outros sistemas, é um exame de oportunidades, fazendo-se o que for possível e, em muitas vezes, a maioria dos dados é obtida a partir da observação da criança. Propõe-se a avaliação da seguinte ordem → Estado mental, motricidade voluntária, força muscular, tônus muscular, coordenação motora, equilíbrios estático e dinâmico, reflexos superficiais e profundos e nervos cranianos. Nível de consciência / estado mental O exame neurológico começa sempre pela avaliação do nível de consciência e do estado mental do paciente. Na criança é realizado por meio da observação e conversa. Alerta: Paciente encontra-se consciente e interage de maneira adequada com o examinador e o ambiente. Letárgico: Quando o paciente tende a adormecer na ausência de estímulos. Torporoso: Quando o paciente só permanece acordado mediante estímulo físico contínuo (p.ex. voz). Comatoso: Quando não responde mediante a nenhum estímulo. Avaliação do estado mental → Deve se verificar se o paciente está orientado no tempo e espaço. Pergunta-se onde ele está (local, cidade, estado e país), o dia da semana, o mês, ano e a hora do dia (manhã, tarde e noite). Deve ser levado em conta nessa fase do exame o nível educacional e mental da criança. As alterações do estado mental e da consciência podem decorrer de processos infecciosos, inflamatórios, traumáticos, expansivos ou degenerativos do SN. 2 Maria Isabel Ramos - MEDFASA Motricidade Fasciculações: Contrações involuntárias de grupos de fibras musculares, visíveis durante o repouso. Traduzem lesões de neurônio motor inferior, ocorrendo principalmente na esclerose lateral amiotrófica. Movimentos anormais ou involuntários: Na inspeção, procurar por transtornos do movimento como tremor, distonia, tiques, monoclonais. Cãibras, crises convulsivas são facilmente identificadas à inspeção. Movimentos voluntários → O exame é feito pela observação da criança e solicitado a ela que execute os movimentos com os diversos segmentos corporais como: ➢ Flexão, extensão, abdução e adução dos membros superiores e inferiores, inclinação, rotação, flexão e extensão da cabeça e do tronco. ➢ Pedir que a criança se sente e levante-se sem apoio, ou deite-se e levante-se. ➢ Essa parte do exame pode ser realizada em conjunto com a avaliação da compreensão da linguagem falada. Tônus muscular A avaliação do tônus muscular é feita pela palpação do músculo, em que se deve pegar toda a massa muscular, e não só o subcutâneo, avaliando a consistência muscular, pela movimentação. ► Avaliar amplitude e limitações: → Exame da movimentação passiva das articulações para avaliação da resistência (passividade) e extensibilidade. → Normalmente, encontra-se leve resistência à movimentação passiva, nota-se semicontração à palpação. → Nas doenças neurológicas, o tônus muscular, quando alterado, está aumentado ou diminuído. Hipotonia: Os músculos estão flácidos à palpação, com a consistência diminuída. Hipertonia: Quando aumentado, ocorre espasticidade ou rigidez. Força muscular Para avaliação da força muscular da força muscular, tenta-se desfazer uma postura contra resistência do paciente, ou impedindo que ele execute determinado movimento, ou por meio de algumas manobras deficitárias. Manobras de sensibilização do déficit (para déficits motores mínimos): Utilizadas somente nos casos de discreta ou duvidosa deficiência motora dos membros. Manobra dos braços estendidos: Mingazzini de membros superiores. 3 Maria Isabel Ramos - MEDFASA ► Manobras dos braços estendidos e manobra de Mingazzini e Barré. Graus de força muscular → Escala graduada de 0 a 5. ➢ 0: Ausência de contração; ➢ 1: Contração sem deslocamento do segmento; contração fraca, insuficiente para levar a um deslocamento. ➢ 2: Contração com deslocamento do segmento a favor da gravidade; movimento possível, se a ação da gravidade é compensada. ➢ 3: Movimentação ativo contra a gravidade, movimento possível contra a gravidade, mas sem vencer a resistência. ➢ 4: Movimento ativo que vence alguma resistência; movimento possível contra a gravidade e contra resistências variáveis (-4/+4). ➢ 5: Movimento ativo normal, força muscular normal. Equilíbrio Equilíbrio estático: Permanece em pé com ou sem apoio. Equilíbrio dinâmico: Marcha de olhos fechados e abertos; deambula com ou sem auxílio; marcha normal com os olhos abertos e fechados; marcha pé-ante-pé sem auxílio visual e marcha em calcanhar e ponta dos pés. Reflexos Reflexos superficiais: Cutâneo-plantar: Se extensor (sinal de Babinski), pois a resposta normal é representada pela flexão dos dedos. → Indica lesão de via piramidal ou corticoespinhal. → A presença do reflexo (extensão do hálux) é uma reação normal em crianças de até 1 ano. Reflexos profundos: Usualmente pesquisam-se: Reflexos bicipital, tricipital e estilorradial nos membros superiores. Os reflexos patelar e Aquileu nos membros inferiores. → Esses reflexos, também chamados osteotendinosos (ROT), são obtidos pela percussão do tendão distal dos músculos, tendo como resposta a contração destes e deslocamentos do segmento examinado. 4 Maria Isabel Ramos - MEDFASA Escala: 0: Abolido / arreflexia. 1 ou - : Presente hipoativo / hiporreflexia / reflexo diminuído. 2 ou +: Normal / normorreflexia 3 ou ++: Presente exaltado / reflexo vivo. A assimetria denota alteração. 4 ou +++: Hiperreflexia, clônus, aumento de área reflexógira, plicinético, / automatismo ou defess (testar os seguintes: biciptal, estilorradial ou braquiorradial, tricipital, patelar e aquileu). Nervos cranianos 5 Maria Isabel Ramos - MEDFASA Desenvolvimento neuropsicomotor Reflexos primitivos A criança nasce com o SN incompletamente desenvolvido pois o processo de mielinização (maturação) ocorre gradativamente após o nascimento. Devido a essa imaturidade o RN apresenta uma série de reflexos transitórios. A presença desses reflexos é sinal de normalidade e a falta indica alguma possível patologia. A persistência desses reflexo além de certa época pode representar um atraso no desenvolvimento ou lesão cerebral. Reflexo de Moro → Durante o reflexo de Moro, observa-se uma abdução e extensão dos membros superiores com abertura das mãos seguida de uma adução e flexão cruzada de membros. ➢ Como se a criança se assustasse. ➢ O teste desse reflexo é realizado ao segurar a cabeça e o corpo da criança de maneira firme e abaixar os braços de maneira “brusca”. ➢ Esse reflexo desaparece até o 5º mês de vida. Reflexo tônico-cervical (assimétrico) → O ser colocada em posição supina, a cabeça da criança deve ser rotacionada em 90 graus para um dos lados e permanecer assim durante 15 segundos. ➢ O reflexo tônico-cervical assimétrico será perceptível pela extensão ipsilateral (à rotação) dos membros superiores e inferiores e flexão contralateral dos membros superior e inferior. ➢ A criança adota a posição de esgrimista. ➢ Esse reflexo desaparece em torno do 4º mês de vida. Reflexo de preensão palmar e plantar → O examinador deve posicionar o dedo index na palma da mão da criança, obtendo como resposta a flexão dos dedos. Já o reflexo de prensão plantar é avaliado com o examinador colocando o polegar na planta do é do bebê, logo abaixo dos dedos, observando também a flexão deles. ➢ Ambos os reflexos são substituídos por ações voluntárias. ➢ No entanto, o reflexo de preensão palmar desaparece entre 4 e 6 meses, enquanto o reflexo de preensão plantar desaparece por volta dos 15 meses. Reflexo da marcha → Para verificação da marcha reflexa, o avaliador deve segurar e suspender a criança pelo tronco,mas permitindo que ela toque os pés em uma superfície. ➢ O reflexo será obtido com a inclinação do corpo da criança após obter o apoio plantar, estando presente já nos primeiros dias de vida e desaparecendo entre a 4ª e 8ª semana de vida da criança. Reflexo da voracidade (ou procura) → O examinador deve tocar a região perioral da criança, o que fará com que ela vire a cabeça em direção ao estímulo, abrindo a boca e realizando uma tentativa de sucção com protusão da língua. ➢ Por anteceder a pega correta, este reflexo é extremamente importante para a amamentação. ➢ Ainda assim, espera-se que ele desapareça por volta dos 4 meses de vida. 6 Maria Isabel Ramos - MEDFASA Reflexo de sucção → Está intimamente relacionado com o reflexo da voracidade, mas pode ser avaliado individualmente com a presença de um estímulo tátil nos lábios ou a inserção de um objeto na boca da criança, como uma chupeta ou o próprio dedo do examinador. ➢ Seu desaparecimento se dá por volta dos dois meses de vida e, ainda que sua ausência possa indicar uma lesão neurológica grave, alterações no reflexo de sucção são muito inespecíficas, Marcos do desenvolvimento 1º mês → Pernas mais estendidas, cabeça se alinha momentaneamente com o corpo durante a suspensão ventral. ➢ Segue um objeto em movimento. ➢ Começa a sorrir. ➢ Emite sons além do choro. 2º mês → Levanta a cabeça rapidamente. ➢ Sorri ao contato social. ➢ Presta atenção em vozes. ➢ Abre as mãos, emite sons, movimenta ativamente os membros. 3º mês → Eleva a cabeça e tórax com os braços estendidos quando em posição de prona. ➢ O reflexo de Moro já desapareceu. ➢ Ouve música. ➢ Emite arrulhos sonoros (“aah”, “ngah”). 4º mês → Alcança objetos e os leva até a boca. ➢ A cabeça não pende para trás quando puxado para se sentar. ➢ Vê a bola, mas não se movimenta para alcançá-la. ➢ Ri alto, excita-se ao ver comida. ➢ De bruços levanta a cabeça apoiando-se nos antebraços. 6º mês → Busca ativa de objetos. ➢ Leva objetos a boca. ➢ Localiza o som. ➢ Muda de posição ativamente (rola). 7º mês → Rola, rasteja-se e engatinha. ➢ Levanta a cabeça, senta-se com apoio, inclina-se com as mãos a frente. ➢ Vê grandes objetos e inclina-se para pegá-los. ➢ Transfere objetos de uma mão para outra. 9º mês → Até os 9 meses já deve sentar sem apoio. ➢ Duplicar sílabas. ➢ Brincar de esconde achou, ➢ Transferir objetos de uma mão para a outra. 10º mês → Senta-se sozinho e sem apoio com coluna ereta por tempo indefinido. ➢ Engatinha. ➢ Inicia a pega de objetos com o polegar e indicador (pinça assistida). ➢ Descobre os brinquedos escondidos. ➢ Responde ao som do nome, dá “tchau”. ➢ Brinca de esconde-esconde e achou. ➢ Demonstra ansiedade com estranhos. ➢ Emite sons de consoantes repetidas (mama, papa). 12º mês → Anda com uma das mãos apoiadas. ➢ Faz o movimento de pinça entre o polegar e indicador precisamente (pinça completa). ➢ Ajuda a vestir-se (faz ajustes posturais). ➢ Fala outras palavras além de “mama” e “papa”. 15º mês → Anda sozinho, escala escadas. ➢ Faz torres de três cubos. ➢ Faz uma linha com lápis. ➢ Aponta o que deseja, abraça os pais. ➢ Obedece a comandos simples 7 Maria Isabel Ramos - MEDFASA
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