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Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA Exame da Sensibilidade Pensando em esquema • O exame neurológico pode de forma simplificada ser dividido da seguinte maneira: Raciocínio neurológico • Da queixa principal -> Diagnóstico • Passando pela anamnese (sintomas) + exame neurológico (sinais) Diagnóstico sindrômico • Cognitiva: ▪ alteração da memória ▪ alteração da linguagem (afasia) ▪ distúrbio de cálculo (discalculia) • Motora: ▪ Neurônio motor superior (piramidal) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA ▪ Neurônio motor inferior ▪ Coordenação motora • Sensitivas: ▪ Superficial ▪ Profunda • Nervos cranianos: • Vestibulares • Oftalmológicas Diagnóstico topográfico • Utilização da neuroanatomia e neurofisiologia Diagnóstico etiológico • Causa da doença do indivíduo • V vascular (AVC) • I iatrogênico • T traumático • A autoimune • M metabólicas • I infecciosas • N neoplásicas • G genéticas • I idiopáticas • F Funcionais Sensibilidade • Sistema sensitivo é a interface do indivíduo com o meio (receptores finais) Classificação de Sherrington • Prática clínica • Divisão feita de acordo com a localização das terminações e tipos de estímulos que medeiam • Sensibilidade Exteroceptiva ▪ Relação com o meio ambiente • Sensibilidade proprioceptiva ▪ Relação de própria posição (tensão muscular e de tendões, articulações e força muscular) • Sensibilidade interoceptiva ▪ Visceroceptores transmitem eventos ocorridos no interior do organismo Fibras associadas ao sistema • Fibras do grupo A Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA ▪ Mais grossas ▪ Susceptíveis à anóxia (falta de O2) e pressão ▪ Subdivididas em alfa, gama e delta ❖ Alfa: mais espessa e mielinizada (maior rapidez na transmissão do impulso) ❖ Gama: intermediária ❖ Delta menos espessa e menos mielinizada (menor rapidez na transmissão do impulso). Responsáveis possivelmente pela dor rápida. • Fibras do grupo B ▪ Fibras mielinizadas pequenas ▪ Interoceptivas ▪ Compõem neurônios pré-sinápticos do SNA • Fibras do grupo C ▪ Finas e amielínicas (impulso lento) ▪ Responsáveis pela informação dolorosa tardia (dor em queimação) Modalidade gerais de sensações • Localiza a origem dos distúrbios sensitivos • Suprimento segmentar: face, tronco, abdome, membros • Avaliar simetricamente a sensibilidade, proximal e distal • Hemianestesias não obedecem a linha média: existem zonas de superposição (na face tem menos) Sensibilidade Exteroceptiva • Origina do estímulo de órgãos sensitivos (pele ou membrana mucosa) • Sensibilidade superficial • A aferição é crânio-caudal, esquerda-direita • Depois proximal distal (identificar nível sensitivo, indicando lesão medular), ou um padrão bota e luva (polineuropatia) Sensibilidade Tátil (protopática) • A tátil pode ser aferida pelo toque leva (chumaço de algodão, polpa digital, tira de papel). Não deve provocar pressão no tecido subcutâneo. dolorosa Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA • A dolorosa pela ponta de um palito de madeira • Paciente deve reconhecer a qualidade do estímulo (se em diferentes intensidade) e sua localização) Sensibilidade térmica • Geralmente testada com o diapasão (ferro frio) ou tubos de ensaio • Tronco e extremidades são mais sensíveis ao frio • TERMOANESTESIA (termo- hiper/hipoestesia): alterações na sensibilidade térmica • ISOTERMOGNOSIA: percepção de quente sempre Dermátomos • Áreas inervadas por segmentos específicos da medula, raízes, gânglios da raiz dorsal, nervos • C6 polegar • T4 mamilos • T10 umbigo • L1 inguinal • L5 hálx Sensibilidade proprioceptiva • Fusos intramusculares e órgão tendinoso de golgi (posição segmentar) e corpúsculos de Pacini (vibratória e barométrica) • Fibras tipo A • Formam o cordão posterior da medula: fascículo grácil (sacral lombar e torácica baixa) e cuneiforme (cervical, MMSS e torácica superior) • Sensibilidade profunda • A aferição é caudal-cranial Por que se a propriocepção e vibração distal estiverem OK, o restante está ok Noção de posição segmentar • BATIESTESIA: capacidade de reconhecer um seguimento do corpo em relação ao espaço • ARTRESTESIA: senso de movimento articular • Exame ▪ Olhos fechado ▪ Dedos relaxados ▪ Mobilização lenta e cautelosa dos dedos do paciente (está para cima ou para baixo?) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA ▪ Pode ser feita utilizando técnicas como • Sensos dos dedos abolidos, examinar articulações maiores Sensibilidade vibratória • PALESTESIA: percepção do estímulo vibratório • Método: Diapasão (128Hz) oscilante sobre proeminências ósseas ▪ Examinar dedos (falange distal/), maléolos tíbia, patela, crista ilíaca, processos espinhosos, externo, clavícula, estiloide do rádio e da ulna e dedos ▪ Pedir para o paciente avisar quando parar e conferir (pode colocar o dedo abaixo do local do diapasão) ▪ ▪ Verificar a intensidade e duração percebida • PALANESTESIA: perda do senso de vibração • Perda progressiva do senso de vibração em idosos é comum (extremidades) • Doenças das colunas posteriores: a perda do senso mais em MMII é mais precoce que MMSS Sensibilidade à pressão • BARESTESIA: impressão que envolve pressão ou peso • Pressão exercida pelos dedos • ESTESIÔMETRO: presta-se para avaliar quantitativamente a pressão exercida • Exame comparativo: onde pressiono mais Sensibilidade combinada (funções corticais) Sensibilidade tátil epicrítica (noção de distância entre dois pontos) • Reconhecer estímulos cutâneos simultâneos • Método: ▪ Testa estimulando 2 pontos e 1 ponto na ponta dos dedos do paciente (ampla representação no córtex sensitivo) • Estimular a pele em dois pontos distantes, realizando estímulos únicos e duplos. A distância vai sendo reduzida até que o paciente cometa erros • 2 pontos importantes ▪ A acurácia de percepção varia a depender da região ▪ A acurácia de percepção varia a depender da disposição do aparelho em relação ao local • Distância de 1mm na lingua, 2 a 8 na polpa digital, 4 a 6 no dorso dos dedos, 20 a 30 mm no dorso das mãos • A discriminação tátil é carreada pelas colunas posteriores da medula Esse comportamento está relacionado aos campos receptivos (pequenos descriminam bem) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA Sensibilidade grafoestésica • Relacionado com as percepções tátil, distinção e localização cutânea • Método: ▪ Pede para o paciente reconhecer letras ou números escritos sobre a pele • Perda dessa sensação associado à sensibilidade periférica preservada, pode ser lesão cortical Sensibilidade estereognósica • Capacidade de reconhecer tamanho e forma dos objetos pela palpação • DISESTEREOGNOSIA (AESTEREROGNOSIA): dificuldade de reconhecer objetos. Possuem como substrato lesões do córtex parietal • AGNOSIA TÁTIL: incapacidade de reconhecer o próprio objeto (como uma chave por exemplo) • Uma dificuldade dessa sensibilidade indica lesão parietal contralateral Sensibilidade interoceptiva • Proveniente de órgãos internos • Visceral, geralmente difusa, mal localizada • Peritônio parietal, pleura parietal, pericárdio são sensíveis à dor • O estímulo direto da víscera causa pouca dor • Espasmo, inflamação, trauma, pressão, distensão, podem produzir dor forte Alterações sensitivas • Parestesia: sensação se formigamento ou queimação • Alterações verificadas no exame neurológico (objetivas) ▪ Hipoestesia: redução de determinada modalidade sensitiva ▪ Anestesia: perda de determinada modalidade sensitiva ▪ Hiperestesia: aumento de determinadamodalidade sensitiva Alterações gerais da sensibilidade • Déficits no território de um único nervo ou dermátomo: lesão daquele nervo ou raiz (mononeuropatia, radiculopatia). Lesão de plexo braquial, artrite reumatoide • Delimita o membro em padrão meia e luva: polineuropatia. (diabetes) • Déficit envolve noção de posição segmentar e palestesia, com queixa de dormência: comprometimento de fibras grossas • Déficit Acomete nocicepção e termestesia, com queixa de dor ou queimação: comprometimento de fibras finas Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA • Déficit envolve todas as modalidades sensitivas e acomete os dermátomos abaixo de um ponto (nível sensitivo): transecção medular (lesão medular), paraplegia • Se o nível sensitivo é exclusivo ou dominante de termoanalgesia com preservação da propriocepção (dissociação siringomiélica): acometimento da metade anterior da medula ou central (porção que decursa). • Nível apenas proprioceptivo com preservação da dor e temperatura (dissociação tabética): comprometimento cordonal posterior . esclerose múltipla • Termoanalgesia (cruza) de um hemicorpo e perda da propriocepção e palestesia (não cruza) do outro: hemissecção medular (brown- sequard), com lesão ipsilateral à perda da propriocepção • Sensibilidade da face envolvida de forma cruzada (hemifacial de um lado e corpo do outro): lesão de tronco cerebral (síndrome de walenberg, dorsal do bulbo) • Todas sensibilidade diminuídas, mas não abolidas, incluindo face: comprometimento talâmico. OBS: nesse caso, é comum que o limiar sensitivo (intensidade do estímulo) possa estar aumentado pode haver dor dimidiada • Comprometimento de hemicorpo, intenso para modalidades sensitivas corticais, com preservação das formas elementares: lesão cortical OBS: estímulo individual em cada hemicorpo é percebido, porém estímulos simultâneos em áreas homólogas resultam na percepção apenas de um hemicorpo (lesão parietal) Déficits resultantes de disfunções na integração sensorial no lobo parietal • O lobo parietal direito é dominante para informações visuo-espaciais • Toma conhecimento do hemi-mundo esquerdo e hemi-mundo direito • O lobo parietal esquerdo presta atenção apenas no hemi-mundo direito • Lesões no lobo direito podem evoluir com Heminegligência ou extinção tátil Heminegligência • Paciente não reconhece o hemi-mundo esquerdo, incluindo seu hemi-corpo • Em geral apresentam ANOSOGNOSIA: não reconhecem que estão doentes • O paciente simplesmente não conhece metade do corpo, mesmo que esteja vendo Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA extinção tátil • Paciente reconhece seu corpo inteiro e identifica o toque em cada lado • Ao realizar estimulação simultânea, o paciente só recebe o estímulo à direita Referências: • Tratado de neurologia da academia brasileira de neurologia 2ª ed, cap 4 • Dejong 7ª edição
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