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QUESTIONÁRIOS DE CIÊNCIA POLÍTICA Capítulo 2: HÁ VÍCIOS QUE SÃO VIRTUDES. 2.7. Perguntas para reflexão 1. Explique o sentido da expressão “há vícios que são virtudes”, analisan- do-a no contexto do pensamento maquiaveliano. R: Para ele a política é algo totalmente autônomo em relação à religião e aos valores. O objetivo dela é lutar para a conquista e manter no poder. Nessa luta, deve-se fazer algo que seja desprezível do ponto de vista religioso, mas na política, isso pode tornar a ação do sujeito muito eficaz. Coisas que não podem ser toleradas, um vício, são absolutamente vitais para manter-se no poder, como mentir. 2. Analise a relação de Maquiavel com os pensadores da Antiguidade, res- saltando continuidades e rupturas. R: A Maestra vitae, a história não como algo que transmite valores morais, mas que ensina, que dá suporte para as posturas do governante para que ele se mantenha no poder. É uma continuidade em relação a Maquiavel com os pensadores da antiguidade. Ele tem uma continuidade na medida em que ele recuperará uma certa tradição pedagógica, uma certa forma de ensinar e produzir um indivíduo sábio capaz de reconhece aquilo que está diante de seus olhos e tomar uma ação. Ele se mantém fiel a educação por exemplo. Entretanto, existe uma ruptura no que se refere à ideia de virtude, pois Maquiavel considera apenas duas, a astúcia e a coragem, sendo elas uma forma de manter a estabilidade do governo. Mas pensador da antiguidade como Aristóteles, por exemplo, considera a virtude como uma prática que inclina a pessoa para o bem, que é a busca pela felicidade. Outra ruptura é que Maquiavel entende que na política, diferente dos gregos e romanos que defendia a política na ética, tem as suas próprias regras e não tem nada haver com a ética. 3. Descreva a trajetória do conceito de fortuna, da Antiguidade até o pen- samento de Maquiavel. R: Na antiguidade a fortuna é uma forma às quais os homens recorrem para as suas aspirações e desejos. fortuna na antiguidade é concebida como uma deusa, feminina que possui caprichos e está sempre testando aquele que luta pelo poder se ele merece que ela esteja ao seu lado (mérito). No medievo, graças as influências católicas, a fortuna é uma mulher e deixa de ter uma vontade propria porque existe um deus soberano. Deus envia a fortuna para que ela realiza as ações em seu nome. Fortuna era definida como um símbolo da vontade de Deus, mas é aquilo que o Deus católico já decidiu. Em Maquiavel, a fortuna volta ter vontade propria como na antiguidade. 4. Explique o sentido de virtù no pensamento de Maquiavel. R:, Virtù, em Maquiavel, é dividido em duas grandes virtudes políticas: A astúcia: capacidade de entender como se joga o jogo da política, de entender o cenário, a correlação de forças. Astúcia é a inteligência. A coragem: a necessidade dela para tomar decisões e agir, pois as consequências das ações políticas são muito mais graves e por isso a necessidade da coragem. 5. Analise a noção de realismo político tendo como parâmetro o pensamen- to de Maquiavel. R: Para ele, a política possui suas regras e elas são descobertas na própria realidade do conflito político, essas regras não se confundem com a religião. Maquiavel era considerado realista porque rompia com a perspectiva idealista, ele inaugura a era do realismo político, desprovido dos mandamentos religiosos e voltado fortemente para os resultados das ações humanas. Realismo político é fugir do idealismo político, que é pensar a política a partir de uma perspectiva transcendente. 6. Analise as razões do choque entre o pensamento maquiaveliano e a dou- trina da Igreja no cenário renascentista. R: Para a igreja o poder é algo divino, tendo relação com Deus, algo transcendente. Mas para Maquiavel, o poder político não tem relação com Deus, é um mundo à parte, é totalmente humano. Além disso, a Igreja católica não gosta das idéias de Maquiavel porque este retira a força e a importância de qualquer referência a transcendência para se olhar para a política, e revela e difunde socialmente um saber mais capaz e capazes para jogar o jogo da política. 7. Por que é possível dizer que Maquiavel foi um autor renascentista típico? Explique. R: Por que ele é antropocentrista. O homem está no centro. Maquiavel é um típico homem do renascimento e além dos mais as suas obras são manifestações desse período, como por exemplo o fato dele dizer que a política é humana e não de Deus. 8. Analise o papel que a História ocupa no pensamento de Maquiavel. R: A história, segundo Maquiavel, é a fonte mais eficaz dos ensinamentos políticos, é a Magistra Vitae do governante, é um estoque de leis. Para ele é um armazém onde está estocado todas as informações sobre a política. 9. Desenvolva a noção de natureza humana, ressaltando a sua importância para a política, segundo Maquiavel. R: Maquiavel possui uma visão pessimista quanto a natureza humana, sendo ele soberbo, pecador, etc, sendo essa noção um tema constante en todos os seus escritos. Para Maquiavel o homem podia conviver com suas próprias falhas. A natureza humana que estabelece o formato do Estado que se deseja construir. É com essa natureza humana que os governantes terão de lidar, não podendo esquecer jamais a incômoda situação em que estão inseridos, rodeados de homens ávidos por trair. Essa situação levará Maquiavel a defender claramente a ideia de que ao príncipe é melhor ser temido do que ser amado. 10. Por que, na visão maquiaveliana, é mais seguro para o príncipe ser temido do que ser amado? Príncipe é melhor ser temido do que ser amado, pois se o temor dos súditos é capaz de desestimular eventuais traições, o mesmo não acontecerá com o amor a eles devotado. Temor não passa, é estático, já o amor é algo volátil podendo se transformar em ódio muito rápido. 3.6. Perguntas para reflexão 1. Qual seria, segundo Thomas Hobbes, a relação entre a limitação cogniti- va dos homens e o surgimento das religiões? R: De acordo com ele, os seres humanos são limitados cognitivamente, eles não conseguem compreender a realidade com toda a sua capacidade racionalmente. Diante disso, a racionalidade não oferece algum tipo de resposta em razão do seu próprio limite e é a partir daí que a religião surge. Para Hobbes, os homens possuem uma tal natureza em que eles se fascinam e se impressionam com aquilo que não pode ser explicado pela racionalidade. A fculdade intelectiva da espécie humana é marcada pela limitação cognitiva que desencadeia a irracionalidade das crenças religiosas. É justamente a limitação dos sentidos, da imaginação, da memória, das paixões que cria uma inexorável dependência da religião e, portanto, de uma autoridade representativa do Estado que possa controlar suas crenças externas. 2. Aponte três características subjacentes à máxima Auctoritas, non veritas fa- cit legem (é a autoridade, e não a verdade, quem faz as leis). R:. A primeira é que isso significa dizer que a lei é produto de um ato da vontade de uma autoridade de alguém que foi autorizado a tomar decisões em nome de outros. A segunda é que significa que a autoridade tem poder para decidir, poder de fato, reconhecido como legítimo , para fazer com que a sua vontade seja posta. A Terceira é que a lei não é necessariamente derivada de uma verdade científica, ela não deriva da verdade. É a autoridade que dita a lei, não precisando necessariamente de uma verdade científica ou satisfazer critérios da cientificidade para determinar a lei. 3. Thomas Hobbes aduz duas soluções a fim de dar cabo à especiosa distinção entre o espiritual e o temporal que leva à ruína do Estado. Indique-as. R: Hobbes, ao se insurgir contra a distinção entre o poder espiritual e o poder temporal, o que equivale dizer contra a distinção entre religião e política, propõe a restauração da unidade pagã. Chega mesmo a proclamar que “a religião dos gentios fazia parte de sua política” Para eliminar a referida distinção que impede que haja um domínio estritamente secular, deve-se restituir a unidade dos gentiosem que “a política e as leis civis fazem parte da religião, não tendo, portanto, lugar a distinção entre a dominação temporal e a espiritual. As soluções são, ou o poder civil, que é poder do Estado, está submetido ao poder espiritual, situação em que não há nenhuma soberania exceto a espiritual; ou o poder espiritual está subordinado ao temporal, assim não existe outra supremacia senão a temporal. 4. Por que o monopólio da decisão política tira partido da religião, isto é, da tendência do gênero humano à irracionalidade das crenças nos poderes invisíveis? R: Porque usufrui da religião, ele sabe que o seres humanos possui uma natureza que são influenciados pelas crenças religiosas, a religião possui essa capacidade de mobilização e de impacto emocional sobre os seres humanos em razão dessa capacidade do ser humano não entender tudo produz medo. A esperança e a fé que existe um paraíso, um deus que zela pelo bem estar e recompensa os justos e atua de modo a salvar aqueles que se conduziram a seguir de acordo com a sua palavra, essas crenças têm uma forte capacidade de mobilização das ações humanas e o poder político deve se aproveitar disso para fazer com que a sua autoridade seja reforçado fazendo com que seus governados obedeçam e tenham mais aceitação e reconhecimento que o poder político é digno de respeito e obediência. 5. Explique o conceito antropológico introduzido por Hobbes, sem deixar de aludir à miséria cognitiva dos homens. R: autor continua a desenvolver sua antropologia política retratando o funcionamento das forças cognitivas do homem e suas paixões. A psicologia humana revelada na primeira parte do Leviatã ressalta a miséria cognitiva, o hedonismo e a concupiscência provenientes, respectivamente, das sensações, dos apetites e das aversões do homem. para Hobbes as ações humanas são determinadas por paixões e não pela racionalidade. Porque o que mobiliza a vontade são as paixões humanas, oamor, medo, esperança,etc.A racionalidade não tem condição de responder todas perguntas existentes e é aí que entra religião que procura dar respostas para aquilo que a racionalidade não tem como responder. A miséria cognitiva é a limitação que temos para responder racionalmente às questões. 6. O que se entende pela restauração da unidade original dos povos pagãos e qual sua relação com o Leviatã de Hobbes? R: Hobbes não deixa de restaurar um princípio pagão no qual os gentios não separavam a religião da política, pois a união dos poderes invisíveis aos poderes visíveis garantia a estabilidade e previsibilidade dos governos de domínios temporais. O significado desse mito secular de batalha representado sob a figura do Leviatã seria o da restauração da unidade original dos povos pagãos. Restauração em que o secular e o espiritual constituem a alma de um único poder soberano, no qual a religião não fosse estranha à política. A luta contra a divisão de um poder indireto (espiritual) e um poder direto (temporal), visando a restauração da unidade pagã original, seria o significado da teoria política de Hobbes. O significado do Leviatã seria a tentativa de restaurar a unidade pagã que não separava a política da religião. 7. No Leviatã de Hobbes a palavra Leviatã aparece três vezes sob quatro formas, compondo uma unidade mítica: Deus-homem-animal-máquina. Mencione o sentido que Hobbes teria atribuído a cada um dos elementos da referida composição mítica. R: Leviatã se assemelha a deus enquanto poder, a soberania. Porque seus constituiu a ordem do mundo a partir da vontade dele e o estado constitui a ordem civil, entre os seres humanos. Homem, porque o Estado é um homem artificial, criado pela vontade de homens artificiais, que tem o poder de utilizar suas próprias vontades e decisões para tomar decisões em nome de outras pessoas. Animal porque destrói a separação entre poder político e religioso. Animal que sufoca a anarquia, a guerra civil e restaura a estabilidade pública e reforça as normas jurídicas e garante o funcionamento das instituições. Unidade entre poder político e religioso e a submissão do poder religioso pelo político. O leviatã é uma máquina, mecanismo de precisão, porque ele funciona tal como um relógio de precisão, funciona com base da lei e da ordem. E isso está definido na legalidade jurídica e cria uma sensação de segurança no homem. 8. Por que seria possível interpretar o conceito político de soberania abso- luta do Leviatã, ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil (título completo do Leviatã de Hobbes) como um conceito teológico secularizado? R: Porque o conceito político de soberania absoluta de Hobbes é um conceito teo- lógico secularizado, revelando uma afinidade estrutural entre os conceitos do reino espiritual e temporal. Demonstrando que o significado do conceito de secularização no Leviatã pode ser pensado como a conversão de um Deus Todo- poderoso na figura de um soberano intramundano onipotente cujas mãos detêm o bastão espiritual do controle da manifestação externa das crenças e o poder coercitivo da espada. 9. Por que o Estado de Hobbes passa a representar uma “mútua relação de proteção e obediência”? R: porque ao transformar o Leviatã em arma política voltada para a seculari- zação do Estado, Hobbes busca a salvação dos homens neste mundo no interior de um corpo político. Assim, o Estado passa a representar uma “mútua relação de proteção e obediência” necessária à condição existencial da natureza humana. Se fora do Estado “o homem é lobo do homem”, no seu interior, adquire status de cidadão e “o homem é um deus para o homem”. Além disso, O contrato social hobbesiano consiste em que se eu tenho que te proteger e estou encarregado dessa tarefa, logo tenho direito de estabelecer regras e limites de vocês exercerem a sua liberdade, assim deveram me obedecer ou eu não te protejo. 10. Por que se poderia afirmar que Hobbes é o precursor do positivismo jurí- dico? R: Porque a sua obra leviatã inaugura uma antropologia política do homem,o positivismo jurídico. A construção de um Estado neutro, acima de qualquer partido político ou seitas religiosas, levou ao positivismo jurídico. No seu conceito de lei formal não importa o conteúdo, isto é, o valor da lei. Exige que a lei seja proveniente de autoridade competente dotada de poder coercitivo. Perguntas para reflexão 1. Por que o estado de natureza de Locke não é um estado de licenciosidade? R: Oestado de natureza é uma condição na qual não existe um poder político dotado de força coercitiva e capaz de impor regras gerais e pessoais para todos os seres humanos. O Estado de natureza é governado por uma lei da natureza. Cada um está obrigado a preservar-se e, quando sua preservação não estiver em risco, preservar o resto da humanidade, destruindo,quando necessário, aquilo que é nocivo a ela. Locke considera o estado em que os homens vivem naturalmente como um estado de perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de suas posses dentro dos limites da lei da natureza. Este estado de natureza não é sinônimo de licenciosidade, o homem não tem liberdade para destruir-se ou a qualquer criatura em sua posse, a menos que em uso mais nobre que a mera conservação desta o exija . Estão sujeitos aos ditames da lei natural que define a condição humana caracterizada pela família e a propriedade. Para Locke, o estado de liberdade em que cada um apenas conta consigo mesmo não é um estado de licenciosidade; os homens sentem-se solicitados a obedecer à lei natural, porque são seres racionais 2. Discorra sobre as diferenças e aproximações entre noção de estado de natureza de Locke e estado de guerra. R: A diferença é que no estado de natureza a paz, assistência mútua, a preservação e boa vontade estão presentes. Os homens vivem juntos conforme a razão e não tem um superior com autoridade para julgar. Enquanto no estado de guerra é totalmente oposto, existe a violência, destruição mútua e a inimizade. Quanto à semelhança, pode ser encontrada no fato de ambos poderem destruir outra criatura, no estadode natureza com o objetivo de preservação diante de riscos, no estado de guerra, incentivados pela inimizade. 3. Discorra sobre a relação que Locke estabelece entre lei e direito. R: A lei existe a fim de garantir a liberdade, esta é concebida pela lei da natureza ou pela lei positivada, ou seja, divinas ou naturais. Além disso, a lei se manifesta em proibição. Já o direito é natural, antecede ao ser humano, ou seja, não necessita do reconhecimento do Estado. O direito é uma proibição generalizada. 4. Explique por que, para Locke, a propriedade é um direito natural. R: Porque para ele, a propriedade já existe no estado de natureza e, portanto, constitui uma instituição anterior à sociedade, um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado. A propriedade, para Locke, é um direito natural que envolve não apenas os bens, mas também a vida e a liberdade individual. Ao fazer dela um direito natural, ele tornou sua existência independe da criação da sociedade civil. É propriedade privada do indivíduo tudo aquilo que ele obteve por intermédio do seu trabalho ou adquiriu mediante a troca por dinheiro oriundo do seu trabalho. 5. Tendo Locke considerado a propriedade um direito natural, que implica- ções isso tem para o exercício do poder político? R: A propriedade enquanto um direito natural, é inviolável, de maneira que nem o Estado poderá violá-lo. Este é o limite do poder político. Ele necessariamente tem que respeitar os limites colocado pelo direito de propriedade, se ele desrespeita ele pede a legitimidade e não tem a obrigação de obedecer. As implicações é que os direitos naturais individuais são os limites para o poder político, ele deve respeitar e atuar nesse limite. 6. Comente sobre a divisão de poder estabelecida por Locke. R: São os três poderes: legislativo, executivo e federativo. Para ele o primeiro deve elaborar as leis, o segundo deve implementá-las, ser um poder permanente e ambos devem estar em mãos diferentes. O terceiro tem a função de fazer guerra, firmar paz e manter relação com outros estados. 7. Relacione as limitações estabelecidas por Locke ao poder político e as causas da degeneração do governo. R: São quatro os limites: oprimeiro limite se dirige aos direitos do legislativo, em que o poder legislativo deve garantir o bem público da sociedade, preservar seus súditos e as leis positivas concordem com as leis da natureza. O segundo diz respeito às leis positivas, onde as normas devem ser genéricas e abstratas, com o objetivo de assegurar igualdade de todos ante a lei e limitar os governantes para que esses não abusem do poder que têm. O terceiro limite é quando a proteção da propriedade privada. Locke defende que o legislador jamais poderá se apropriar da propriedade/bens de seus súditos. Ele Também se posiciona contra à criação de impostos sem a prerrogativa do povo. Partindo da ideia, do legislativo como um poder fiduciário, Locke acredita que a comunidade pode dissolver esse poder quando este se corromper, violar o que foi confiado a ele e isso pode gerar a degeneração, que podem ter quatro causas diferentes – a conquista, a usurpação, a tirania e a dissolução do governo – que ele discorre no texto. 8.. Explique a relação que há entre o pensamento político de Locke e a dou- trina liberal. R: O pensamento político de Locke defende a separação de poderes com o objetivo delimitar o poder e evitar o abuso de poder dos governantes que poderiam colocar em risco os direitos de seus súditos. Ele faz uma exposição aos limites do poder político,sendo essa a característica fundamental de um Estado liberal. 9. Em que aspectos os contratos de Locke e de Hobbes são diferentes? R: Locke, “não é qualquer pacto que faz cessar o estado de natureza entre os homens, mas apenas o de concordar, mutuamente ou em conjunto, em formar uma comunidade, fundando um corpo político; outras promessas e pactos podem os homens fazer entre si, conservando, entretanto, o estado de natureza”. Aqui há uma diferença importante entre Locke e Hobbes. O fim do estado de natureza e,consequentemente, a criação da sociedade civil ocorre por meio de um pacto“original” que obriga a todos a renunciarem aos poderes que tinham no estado de natureza, transferindo-o para a maioria da comunidade, e a se submeterem à resolução dessa maioria. O objetivo do pacto, para Locke, é a preservação da propriedade (istoé, da vida, da liberdade e dos bens e possessões) e de impedir que os direitos naturais sejam desrespeitados. Ao contrário de Hobbes, para Locke, a fundação da sociedade civil não exige que os homens renunciem à quase totalidade de seus Direitos naturais. 10. Explique por que, no estado de natureza, as leis de natureza não são efetivas e, contrastando com Hobbes, explique como Locke resolve este problema. R: Locke, a ausência de um poder comum não exime os homens do cumprimento às da natureza, sendo todos responsáveis por mantê-la em zelo. Logo, ele reconhece a necessidade de se estabelecer uma instituição que possua poder coercitivo, uma vez que ele percebe que as leis de natureza também são ineficazes porque os juízes podem se eximir de se julgar, ou se julgar parcialmente. 6.9. Perguntas para reflexão 1. O Estado de Natureza, descrito no Discurso sobre a Desigualdade divide-se em dois momentos. Quais são eles e como se caracterizam? R: O primeiro é o original, nele os indivíduos são direcionados à autopreservação e à piedade. No segundo momento, os homens passam a viver em sociedade, ainda no estado de natureza. Aqui, eles são livres de vínculos de sociedade, porém, mantém relações com o objetivo de reprodução (que não ferem a ausência desses vínculos) e ainda possuem a autopreservação. Também há a perfectibilidade, que é o que os difere dos animais, e os conduzem às paixões que cultivam as desigualdades sociais. A linguagem, a propriedade e a sociabilidade seriam, portanto, o fundamento da sociedade, organizada sobre o poder de um Estado que aumentaria a diferença entre os indivíduos. 2. O homem natural é dotado de duas paixões. Quais são elas e que efeito geram sobre o comportamento do “bom selvagem”? R: A primeira paixão é a autopreservação, quando os seres humanos estão integrados na natureza sem necessidade de manter relações com os demais, por vezes terão algum tipo de relação, sexual, por exemplo, mas que não resultará em vínculo social. 3. Para Rousseau, além da racionalidade, a natureza humana tem uma ou- tra característica. Qual é ela e qual o seu impacto na teoria do autor? R: Além da racionalidade, outra característica da natureza humana é a perfectibilidade, que é a capacidade humana de se aprender por meio de suas experiências. Entretanto a perfectibilidade deveria ter conduzido os homens a se dedicarem ao bem geral, e não às paixões que cultivam as desigualdades sociais. 4. Qual é a importância da linguagem e da propriedade no pensamento de Rousseau? R: A importância é que a llinguagem permitiu, segundo Rousseau, a aproximação entre os homens. E da proximidade surgiu a necessidade de delimitar os espaços. A noção de propriedade deriva, portanto, da linguagem e como a delimitação de espaços importa na obediência a fatores exógenos à natureza, surgem também as convenções. A propriedade privada resultou na desigualdade entre os homens, que formou uma hierarquia social, que trouxe novas expressões da linguagem. 5. Como Rousseau conceitua a natureza humana? R: A natureza humana pode ser definida como os traços fundamentais que todo homem é portador, independentemente do tipo de cultura ou de sociedade em que esteja inserido. Na natureza, o homem seria livre, virtuoso, piedoso, amoral, sem sociedade, sem Estado, dinheiro e propriedade. 6. O que é desnaturação? R: A desnaturação significa a reforma do homem natural privado e mutável, de maneira a bloquear nele a influência do amor-próprio. É a passagem de um estado original, pré-social para o estado de sociedade. 7. Explique a relação cidadão, povo, Estado e Soberano na teoria de Rous- seau. R: cidadão é considerado“participante da autoridade soberana”, como condição estabelecida pelo pacto, onde o corpo coletivo, povo, é composto por todos aqueles que nele têm vez e voz. O Estado estado excita as leis,obedecendo a vontade do povo, e por fim, por soberano, pode-se conceituar o própriopovo, que expressa vontade geral. 8. Para que o Contrato aconteça, quais são as reformas necessárias? Por quê? R: é necessário, destruir a desigualdade social, e promover a distribuição do poder político, a fim de obter uma assembleia popular, para trazer a igualdade e os indivíduos poderão escolhe as leis que vão governá-los. 9. Governo e Soberano são sinônimos? Por quê? R: não são sinônimos. O governo tem a função de executar a vontade do corpo político e aplicar as leis aos casos concretos e particulares. Ele não surge do contrato,mas da obediência de todos do corpo político. Já o soberano é responsável pelaaceitação da lei elaborada pelo legislador baseada na vontade geral. É dele aprerrogativa de sufragar o trabalho do legislador. E ele nasce de um contrato. 10. Vontade geral é a mesma coisa que vontade de todos? Por quê? R: A vontade geral é a supressão da desigualdade política uma vez que garantiria não haver distinção entre quem manda e quem obedece, já que ela emana do corpopolítico ao qual é aplicada sob a forma de lei. Mas a vontade geral não ésimplesmente a vontade de todos, nem a soma ou maioria das vontades particulares
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