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1 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 21/02/2022 – Aula 3 Definição Inflamação da mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas - congestão nasal, rinorreia, espirros em salva, prurido e hiposmia. Em 2 ou + dias consecutivos por mais de uma hora na maioria dos dias Estrutura nasal Septo Parede lateral → conhas ou cornetos com rica vascularização, muitos linfóciotos e monócitos no local, presença dos sinais cardinais da inflamação (edema, calor, rubor). Teto – mucosa olfatoria especializada Mucosa – linfócitos T e B, mastóciyos, monócitos, neutrófilos e eosinófilos. Células ciliadas e muco (imunoglobulinas) Guia ARIA - simpósio que marcou o tratamento da rinite alérgica. Simpósio ARIA – rinite alérgica e seu impacto na asma de 1999 (Guia principal, embora todo ano haja atualizações) A inciativa ARIA é uma diretriz por sistema de graduação, classificação de gravidade e sistematização de tratamento. O guia ARIA orienta o manejo da rinite alérgica, permite caracterizar a rinite e fazer um tratamento individualizado. Nem todo nariz “entupido” é uma rinite aérgica Temos que classificar o endótipo da rinite. Quando se identifica o mecanismo fisiopatológico, a célula que causa a doença, nós conseguimos fazer um tratamento mais direcionado. - Resposta imunológica tipo 1: caracteriza a rinite infecciosa, defesa do organismo, viral ou bacteriana. - Resposta imunológica tipo 2 - Rinite neurogênica: ocorre por estimulação por terminações nervosas, típica no idoso. - Disfunção epitelial: rinite irritativa (disfunção ciliar) Podem ter outras causas de rinite, como medicamentosas e hormonais. E na prática?? Como identificar cada endótipo? Medindo IgE total e específica, com a presença de eosinófilos. Na aula de hipersensibilidade tipo I, vimos que essa reação é a responsável pela rinite alérgica. Classificação das rinites quanto à ETIOLOGIA Elevada prevalência, impacto na vida e sintomas associados. As rinites podem ser classificadas como infecciosas (agudas autolimitadas, virais) induzidas por Th1 A rinite alérgica é induzida pelo alérgeno que estimula a ação de Th2 As rinites ocupacionais, como ocorre no padeiro que respira o trigo desencadeando uma rinite ocupacional do tipo IgE. A resposta imediata por látex no trabalhador de saúde também é comum. Rinite irritativa ocupacional em trabalhadores que manejam madeira pode ocorrer. Por isso, a história clinica é muito importante, porque indica a relação da rinite com o trabalho. As rinites irritantes ocorrem quando há inalação de poluentes (produtos químicos e gases), ou associado ao ar seco e frio (fator físico), como ocorre com trabalhadores de frigorífeco. Agentes irritantes atuam diretamente sobre as terminações nervosas da mucosa, provocando mecanismos reflexos, vasodilatação com transudação de líquidos pelo estímulo do sistema nervoso autônomo parassimpático. Existem rinites induzidas por drogas: antihipertensivos agonitas alfa adrenérgicos, beta bloqueadores. Rinite gestacional associada a progesterona. Associação da rinite com o uso de Anticoncepcionais (estrogeno oral) podem estar associados com fatores obstrutivos crônicos. Tadalafila (tratamento de disfunção erétil) e uso vasoconstritores oftalmológicos também podem estar associados à rinite (induzida por drogas). Sinais cardinais, IgE, eosinofilia → se não tem esse sinais temos que pesquisar outras causas de rinite. A fase tardia da reação de hipersensibilidade que faz recrutar eosinófilos, às vezes o paciente está assintomático e vai apresentar eosinófilos aumentados. Rinite obstrutiva de rebote associada ao uso crônico de vasoconstritores nasais – edema de mucosa, obstrução seca, sem secreção pela falta do vasoconstritor tópico. Uso prolongado de aspirina tambem pode desencadar, assim como o uso de drogas por aspiração, como a cocaína. Diagnósticos diferenciais Doenças com rinite associada como o hipotireoidismo, granulomatose de wegener, sarcoidose, fibrose cística, síndrome da motilidade ciliar. Rinite 2 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Rinite eosinofílica não alérgica (RENA) – acomete individuos jovens (20 a 30 anos). São rinites matinais que melhoram com o passar do tempo, sintomatologia é pior de manhã e melhora ao longo do dia, paciente tem eosinofila nasal, mas todos os outros testes são negativos (testes cutâneos e IgE total normais), fisiopatologia não é tão clara. Rinites não alérgicas – desvio de septo/ hipertrofia óssea de conchal/ alterações da válvula nasal/ hipertrofia acentuada de adenóides.. As doenças não alergicas podem vir isoladas em um paciente não alérgico, mas nada impede que ele possa ser alérgico e também ter alterações nas estruturas anatômicas . RGE – pode trazer alterações respiratórias: garganta arranhando, entupido. Despertar noturno súbito com tosse e sensação de sufocamente. Rinite gustatória – acontece mais em idosos. Paciente com rinite gustatória não pode se alimentar de alimentos quentes, condimentos e bebida alcoólica, caso faça a ingesta desses alimentos terá um “descarga” nasal. Tratamento: brometo de ipratrópio por via tópica. Voltando ao ARIA... classificação da rinite associada à FREQUÊNCIA Intermitente vem em menos de 4 dias de semana/ está presente por menos de 4 semans consecutivas. Persistente por mais de 4 dias na semana/ por mais de 4 semanas. Leve paciente apresenta sono normal, atividades diárias normais e sem sintomas indesejáveis. Moderada/ grave paciente apresenta sono anormal, compromete as atividade diárias e com sintomas indesejáveis. A rinite alérgica no Brasil e no mundo tende muito a aumentar. São vários os fatores, tem o fator genético, mas a exposição muito grande à poluentes, o desmame mais precoce podem estar mais associados ao aumento do número de casos. Impacto na qualidade de vida do paciente - dificuldade de concentração, perda da produtividade da escola/trabalho, comprometimento do sono, limitação para exercícios ou atividades habituais. Existe uma estimativa que 30% da população mundial tem a rinite alérgica. E, houve um aumento da prevalência na última década, como já foi dito. A RINITE NÃO TRATADA É O FATOR PREDISPONENTE PARA O APARECIMENTO DA ASMA EM QUALQUER MOMENTO DA VIDA. CONCEITO DE VIA AEREA ÚNICA: PODE SE MANIFESTAR COMO RINITE, MAS PODE SE ESTENDER E CAUSAR BRONCOESPASMO; CAUSAR HIPERSENSIBILIDADE OFTÁLMICA, ETC. O MÉDICO DEVE FAZER A BUSCA ATIVA DA RINITE que está presente e não é valorizada pelo paciente. Alta prevalência, uma das principais patologias atendidas em unidades de Atenção Primária em Saúde. Problema de saúde pública. Não precisa ser alergista para tratar a rinite. Diagnóstico da rinite alérgica Sintomas clássicos de rinite: espirros em salva, (20/30 espirros em sequencia), prurido nasal, obstrução nasal, coriza Busca ativa de sintomas associados, por vezes não valorizados ou relatados *prurido olhos, lacrimejamento *tosse ao esforço/atividade *roncos noturnos Comorbidades *sinusites, asma, otites, IVAS, polipose, respirador bucal Classificação - intermitente / persistente Consequências relacionadas as outras comorbidades: asma, infecções respirtatórias recorrentes, polipose sinusal (sinusite muito frequente ou otite persistente levam a pensar em polipose), otite de efusão. Importência do diagnóstico precoce e terapeutica eficaz - Pessoa corre e tosse → hiperesponssibilidade brônquica Pesquisar antcedentes pessoais: idade de início, infecções, otites, sinusites, outras doenças alérgicas. Pesquisar sobre dermatite atópica, doenças de pele, história familiar de atopia. No ambiente de trabalho pode estar presentefatores agravantes que desencadeiam uma resposta reflexa 3 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 resultando em coriza e edema. No ambiente em que se vive podem ter fatores desencadeantes/ agravantes também. Fatores de risco para rinite alergica na infancia: genéticos, história familiar de atopia, IgEs elevados, sexo masculino, introdução precoce de LV, exposição a poluição e aeroalérgenos. Exame físico: quem é alérgico está na cara!!! Prega de Dannie Morgan → Duas ou tres pregas na região da olheira em paciente alérgico. Prega nasal → saudação do alérgico Olheira → alteração da drenagem venosa, há estase venosa. Hipertrofia de cornetos → pálidos e edemaciados, mucosa hipocorada. Corneto inferior aumentado → típico da rinite alérgica. Como avaliar??? Introduza o espéculo gentilmente no vestíbulo nasal. Observe a região do assoalho da fossa nasal, parede lateral (com córneo inferior) e parede septal. A seguir observe o andar superior da fossa nasal (corneto médio). Coloração da mucosa; rinorreia; sangramento; lesões. Sinal da madarose → queda do terço distal da sombrancelha. Na rinite infecciosa o corneto está vermelho. Se o paciente faz uso de vasoconstritor também pode apresentar o corneto vermelho. A rintie é inofensiva??? Já sabemos que ela é fator predispondenete para asma em paciente que não é tratado. Lembrar da via aérea única! Pode levar a deformidades cranianas nos ossos face. Maxila retrusa, rosto alongada. Fácie adenoidiana. A ligação do nariz com o ouvido é horizontal, principalmente em paciente pediátrico, assim a paciente pode apresentar otite com efusão. Fatores desencadeantes Principalmente mediados por IgE na rinite alérgica, o que desencadeia a rinite são as fezes dos ácaros. Aeroalérgicos – elementos proteicos solúveis de baixo peso molecular. dispersos no ar - penetram no epitélio respiratório alérgenos de ácaros da poeira, de barata, fungos, oriundo de pelos, saliva de animais domésticos, restos de insetos, alimentos Baratas deixam restos celulares que desencadeiam hipersensibilidade também. Pólens podem causar polinose, no sul do Brasil Ocupacionais – trigo e látex. Ácaros da poeira domiciliar – os principais ácaros causadores da rinite são essas três espécies, segundo estudos brasileiros: Dermatophagoides pteronyssinus, D. farinae e Blomia tropicalis. Os ácaros da poeira domiciliar têm mais de 20 componentes alergênicos identificados. A fonte mais importante de aero alérgenos deles liberados são as partículas fecais. Sensibilização a animais- direta ou indireta (transporte passivo do aero alérgeno) Alérgeno do gato - produzido pelas glândulas sebáceas. Proteínas de animais roedores (hamster) são altamente alergênicas. Alérgenos ocupacionais- trigo (rinite do padeiro), látex (trabalhadores da área de saúde), do trabalho com madeira. Existem evidências recentes que a exposição a animais domésticos como cães e gatos em uma fase precoce da vida, como lactentes, antes da sensibilização, pode ter efeito protetor. Fatores gatilhos irritantes – agressão direta na mucosa, inflamação, agravamento da rinite alérgica (resposta exagerada a estímulos). Perfumes, ar seco do ar condicionado, fumaça, produtos oriundos da poluição do ar atmosférico Exames complementares TESTE CUTÂNEO DE HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA - TESTE DE PUNTURA → alta especificidade e sensibilidade Além dos testes pelo exame de sangue – pode- se fazer os testes cutâneos (aglutinação de histamina). DOSAGEM SÉRICA DE IgEs ESPECÍFICAS PARA ALÉRGENOS (técnicas atuais com Ag padronizados especificidade e sensibilidade semelhantes ao teste de puntura). Para achar o endótipo deve-se medir o IgE. Total Específica EOSINOFILIA - comum 4 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 O objetivo é orientar o paciente para o controle do ambiente e na rinite moderada ou persistente fazer a imunoterapia. O tratamento não farmacológico é extremamente importante! O médico deve orientar o paciente a reduzir a exposição dos fatores desencadeantes ou agravantes, afastamento dos alérgenos. Quando os fatores desencadeantes são afastados, essas medidas de controle devem ser mantidas por no mínimo 3 a 6 meses. Demora de 3 a 6 meses para que o “efeito” seja percebido pelo paciente. Fatores alergênicos: bichos de pelúcia, tapetes, ventiladores, cortinas de tecidos, gato, almofadas. Evitar o uso de vassouras porque suspende a poeira. É recomendado o uso de capas nos travesseiros e colchões. Tratamento farmacológico Lembrar da fase imediata: mediadores pré formados - histamina, triptase, serotonina, leucotrienos, prostaglandinas. Fase tardia ocorre em pelo menos 50% dos pacientes com rinite alérgica e é caracterizada pela congestão nasal, resposta inflamatória propriamente dita. Ocorre de 4 a 8 horas após a exposição ao alérgeno. Os eosinófilos tem papel principal nesta fase. O uso de anti-histamínicos melhora os fatores da fase imediata, espirros e prurido. Os anti-histamínicos são sempre a primeira linha de tratamento da rinite alérgica. Atuam nos receptores H1. Aliviam os sintomas da fase imediata, como o prurido nasal, os espirros, a rinorreia e os sintomas oculares associados. Podem ser classificados como clássicos ou de primeira geração (sedantes) e não clássicos ou de segunda geração (não sedantes) Anti histamínicos sedantes – clássicos. Penetram da BHE tendo muito mais efeito colateral, tem sonolência. É complicado tratar a rinite interferindo na vida do paciente. Ao dobrar a dose aumenta a sonolência e o paciente pode começar a reter urina. Contém baixa seletividade para receptor de histamina Anti-histamínicos não sedantes – não clássicos. Tem baixíssima passagem pela BHE, tem a vantagem de ter meia vida maior. Pode dobrar a dose, sem causar efeitos colaterais. São altamente seletivos. Pouco ou nenhum efeito anticolinérgico (retenção urinária). E, elevado perfil de segurança. A rupatadina não é mais comercializada no Brasil. Bilastina só era liberada para adulto em forma de comprimido, agora já é liberada para criança na forma d xarope. Descongestionantes Podem ser orais ou tópicos. Não pode ser usado por tempo prolongado. São sempre vendidos em associação com anti- histamínicos. Atenção quanto ao uso de descongestionantes tópicos, porque se o paciente usa de forma crônica pode causar efeito rebote. Não são liberados para crianças pequenas. Cautela: potenciais efeitos colaterais cardiovasculares. O corticoide tópico nasal é o tratamento de escolha para a rinite alérgica. Melhoram a inflamação da mucosa, ajudam a diminuir a inflamação dos cornetos, e por essa razão também devemos saber orientar o paciente usar o spray nasal com corticoide. 5 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 São estimulantes adrenérgicos - vasoconstrição produzindo alívio rápido do bloqueio nasal na RA. Oral e tópico nasal. Descongestionantes sistêmicos A pseudoefedrina e a fenilefrina. No Brasil, só estão disponíveis em combinação com anti-histamínicos. Não é recomendado para pacientes menores de quatro anos de idade, e as formulações de liberação prolongada não são recomendadas para menores de 12 anos de idade. Descongestionantes tópicos nasais devem ser utilizados no máximo por até 7 dias, uma vez que o risco de rinite medicamentosa de rebote, são contraindicados em crianças menores de seis anos de idade. Também devem ser evitados em idosos, em função da maior incidência de hipertensão e retenção urinária com seu uso nesta faixa etária. Corticoides nasais (CN) melhoram todos os sintomas de RA, em especial a congestão nasal, a alteração do olfato, a coriza, osespirros, o prurido nasal e os sintomas oculares associados. O tratamento com CN reduz também o risco de complicações como a rinossinusite, a otite secretora e asma. Orientar o paciente que o tratamento demora algumas horas para começar a fazer efeito, tem efeito máximo no decorrer dos dias, frisar isso para o paciente não abandonar o tratamento porque o alivio não será imediato (ação 7 a 14 horas após o uso). o efeito terapêutico final pode demorar até 14 dias para ser atingido. Orientar o paciente a inclinar a cabeça para frente e aplicar o spray voltado para a parede lateral, uma vez que o alvo é corneto, ele que está inflamado. O corticoide tópico nasal é importante para o tratamento da fase tardia. A lipofilia leva a maior tempo de permanência no tecido nasal. A droga ideal deveria apresentar alta lipofilia, baixa disponibilidade sistêmica. Cromoglicato de sódio → não é primeira linha para o tratamento de rinite alérgica. A função dele é estabilizar a membrana de mastócitos. Ele tem que ser usado preventivamente, antes que haja sintoma. Meia vida curta: 6/6hrs. Não é tão utilizado assim. Antagonistas de receptores de leucotrienos para rinite alérgica praticamente também não são utilizadas. Tratamento por imunoterapia alérgeno específica é o padrão ouro. Faz a história do alérgeno. Aplicação subcutânea aumentando a dose dos alérgenos com o passar do tempo. Aumentando a concentração de IgG4 contra os alérgenos que atuam como anticorpos bloqueadores e reduzindo a IgE (ocorre mais à frente de tratamento). Os níveis de IgE específica contra o(s) alérgeno(s) aumentam inicialmente e decrescem aos níveis pré tratamento durante a fase de manutenção. Induz anticorpos específicos da classe IgG4 contra o(s) alérgeno(s), que atuam como anticorpos bloqueadores. O uso de corticoide é durante um ciclo, não é por pouco tempo. Lembrar que a rinite alérgica normalmente melhora no verão e piora no inverno. Paciente com rinite alérgica em março – ciclo previsto de 7 meses para o uso de corticoide nasal. Paciente com rinite alérgica em outubro – ciclo previsto de 2/3 meses para o uso de corticoide nasal. Tratamento da rinite alérgica (ARIA)
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