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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE CÂMPUS PETROLINA POLO OURICURI-PE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ANA SOUZA ELANIA BARRETO FRANCISCA ROCHA MIRTES DE SOUZA NEUDILENE LEITE 1º WEBQUEST: RESUMO DAS IDEIAS DO LIVRO: AVALIAR: RESPEITAR PRIMEIRO, EDUCAR DEPOIS OURICURI-PE MAIO/2018 ANA SOUZA ELANIA BARRETO FRANCISCA ROCHA MIRTES DE SOUZA NEUDILENE LEITE FICHAMENTO COM COMENTÁRIO: DO LIVRO AVALIAR: RESPEITAR PRIMEIRO, EDUCAR DEPOIS OURICURI-PE MAIO/2018 FICHAMENTO COM COMENTÁRIOS: AVALIAR: RESPEITAR PRIMEIRO, EDUCAR DEPOIS REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: HOFFMANN, Jussara. Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. Porto Alegre: Mediação ,2008. Introdução Marcas de uma trajetória “40 anos como educadora… [...] Vivências são como tatuagens: marcas difíceis de se remover. Nasci em Bagé, cidade da campanha do Rio Grande do Sul. [...] Vim com nove anos para Porto Alegre. No Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, de religiosas franciscanas e só para meninas, tornei-me PROFESSORA e vivi papéis decisivos para a escolha de alguns rumos profissionais. [...] Minha experiência inicial no magistério foi maravilhosa, entre envolvente e inquietante. [...] Considerando o meu entusiasmo pela carreira que se iniciava, o curso de Letras foi decepcionante. Buscava a licenciatura e encontrava o bacharelado: o latim, a crítica literária, a filologia... Não constituíamos, (sic) como alunos, grupos capazes de reivindicações e calávamos (sic) diante de um curso estruturado para a formação de críticos literários, mas formado em sua maioria, por estudantes em busca de disciplinas que auxiliassem a ensinar a ortografia, a gramática, a literatura, além de uma consistente formação pedagógica. Natural a impressão qe me causou a passagem pela Faculdade de Educação da UFRGS. As disciplinas que ali cursei, principalmente as de psicologia e didática, interessaram-me (sic) muito pela ressonância com o que vivia já sendo professora, provocando-me novos olhares sobre a área da educação e fazendo-me buscar outros rumos. Formada em letras, casada e já mãe de dois meninos, passei a exercer múltiplas funções, não apenas no colégio particular, mas também em escola estadual de 1° e 2° graus (como eram denominados o ensino fundamental e médio), em busca, talvez, de contornos mais nítidos para minhas escolhas. [...] ” (p. 9-10) “Em 1978, completara dez anos de magisterio. Minhas experiências profissionais haviam sido fortemente direcionadas para a questão pedagógicas mais amplas e complexas. [...] Desde meu ingresso no Pós-Graduação, fiquei entusiasmada com a área de pesquisa em avaliação em que me inseri, por me parecer instigante e aberta a investigações sobre as concepções e práticas vividas nas escolas em que trabalhara. [...] A avaliação da aprendizagem, nos anos 90, representava um grande desafio aos educadores de todo o país pelas críticas severas sobre estas práticas nas escolas (uma ação controladora, autoritária). Na época, poucos estudiosos brasileiros se atreveram a desenvolver pesquisas nessa área. Hoje percebo que este passado é ainda presente, que avança em direção ao futuro que agora venho narrar. Em 1985 entrei por concurso na Faculdade de Educação. Curiosamente, o tema da prova foi “avaliação educacional”. Defendi então o princípio que vem “sendo a marca mais forte de toda a minha trajetória profissional”: o papel mediador do professor neste processo, recebendo a aprovação unânime dos examinadores quanto às concepções críticas defendidas em relação à avaliação classificatória. Como professora universitária, envolvi-me, em primeiro lugar, com a formação de professores em educação infantil, compartilhando com as estagiárias em creches públicas, assistenciais e particulares, experiências que elas realizavam com as crianças durante 12 anos. Percebi, a partir do trabalho com bebês de classes socialmente desprivilegiadas, o quanto a sociedade descrê de suas possibilidades e aposta precocemente em seu fracasso, e passei a contribuir com meus estudos para mudar essa realidade. [...] Não foram fáceis os primeiros tempos dessa discussão… [...] encontrei-me bastante solitária em sua defesa, o que exigiu persistência e tenacidade diante da crítica de muitos acadêmicos quanto a estudos e pesquisas na área. Por isso o nome do meu primeiro livro: Avaliação: mito&desafio. [...] Ao final dos anos 90, tornou-se mais e mais pungente a necessidade de se discutir a problemática da avaliação educacional nas escolas do país.[...] Escolas e professores passaram a buscar orientações para transformar esta prática, fato este que me levou a atender a muitos convites para seminários, encontros e cursos de formação de professores sobre esse tema em todo o país.” (p. 11-12) “ [...] Depois de 40 anos ouvindo que “não dá para mudar” o sistema de avaliação que se pratica porque “outros não deixam”, venho insistindo para que cada professor faça “ o jogo do contrário”: procure ver os alunos de outros jeitos, pense de jeito diferente sobre a escola que aí está… A energia e a emoção fazem toda a diferença! [...] No cruzamento de minhas vivências somadas à emoção por vivê-las, tornei-me, pois, educadora, escritora e editora. [...] Ser editora de livros para professores, há 12 anos, vem sendo uma tarefa muito envolvente que permeia e fortalece o meu trabalho de consultoria às escolas.” (p. 13-14) A autora, inicia seu livro com uma breve introdução de sua longa jornada como professora, até chegar a esse ponto, e creio que isto é de fundamental importância para que possamos conhecê-la melhor e entender mais sobre seu ponto de vista e o que a levou a fazer este livro, assim, teremos uma visão mais ampla e clara do processo de construção e da ideia que será formada no final por nós, identificando os pontos fortes e fracos, desenvolvendo um sentido crítico e mais reflexivo sobre a obra aqui citada, afinal entenderemos melhor a autora e o que ela quis passar, lógico que cada um de um modo peculiar. 1 Respeitar primeiro, educar depois “Em 30 de julho de 1906, nasceu Mario de Miranda Quintana¹, em Alegrete, Rio Grande do Sul. Estudou no Colégio Militar (Porto Alegre) e só gostava de português, francês e história. [...] Este aluno rebelde, tradutor por profissão, um bom caixeiro que gostava de livros, farmacêutico por obrigação, tornou-se muito mais que um poeta - foi sempre um grande educador. [...] Do seu jeito Quintana (in IEL, 2006), o poeta educador escreveu: “Cada um pensa como pode…” Concordo com ele: nós só podemos compreender as coisas a partir do que somos, sabemos e sentimos. Olhar os outros, as pessoas que nos cercam, nada mais é que fazer uma sensível leitura do mundo. É aprender a conviver com palavras, textos e contextos diferentes, a buscar consensos. [...] “Quem não compreende um olhar, também escreveu Quintana, tampouco compreenderá uma longa explicação”... Há pontos&contrapontos tecidos em torno da educação/escolarização. As divergências sobre o papel da escolarização vêm contribuindo para um clima de tensão entre educadores, pais e vários setores da sociedade. A lição do poeta é que não há apenas um saber em jogo, mas múltiplos saberes (cada um pensa “a escola” como pode. Assim, diferentes leituras entram em jogo, cujas dissonâncias nem sempre favorecem as tomadas de decisão. [...] ¹ O poeta faleceu em 05/05/1994, em Porto Alegre, RS. Que este texto sirva como homenagem ao poeta, cujos textos e poemas me ajudam tanto a gostar de ler.” (p. 17-18) “ Dados de pesquisas nacionais e internacionais revelam há vários anos que os estudantes brasileiros não aprendem como deveriam. Que nossos professores não têm o respeito que merecem da sociedade. Que experiências educativas de sucesso são pautadas pela ética da inclusão, do respeito, da solidariedade, em lugar da competição e da seleção. Que nações democráticas asseguram o direito à escola de todas as suas crianças… [...] É urgente a revisão dos posicionamento dos educadores, dos pais e de toda a sociedade brasileira sobre os objetivos da escola, o que significa, sobretudo, a celebração dadiversidade: respeitar primeiro, educar depois… Finalizando com Quintana: “Ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras…”” (p. 19-20) A autora, referencia um grande poeta para dar respaldo às suas ideias e destaca a importância de estudar, pesquisar e rever a maneira para chegar a uma educação que seja eficaz e garanta o direito a todos, com respeito e participação de todos que fazem a escola, pois isto se torna essencial para, assim, se descobrir uma forma de avaliação realmente significativa e eficiente. 2 Procuram-se professores “Em outubro de 1991, o Jornal El País, de Madrid, dedicou o Caderno Educación ao professor. [...] A matéria principal das seis páginas do caderno, com depoimentos de órgãos oficiais, sindicatos, teóricos e professores referia-se às campanhas publicitárias de revalorização do magistério diante do sério alarme dos países europeus frente à deterioração da imagem do professor e à decorrente deserção dos jovens dos cursos de magistério. A crise estava tão séria que os órgãos oficiais estariam utilizando, pela primeira vez na história, agências de publicidade, outdoors e anúncios de televisão. [...] Desde a leitura dessa reportagem, venho imaginando quando surgirão cartazes semelhantes em nossas cidades, diante do descrédito, das críticas aos professores e da escassez de candidatos a cursos de pedagogia e licenciaturas em universidades do país. [...] Os professores brasileiros têm muita garra e ousadia em continuar a ser professores. [...] Em algumas ocasiões, falta-me o fôlego diante dos problemas que fazem parte do dia-a-dia. Para os professores, todo dia. [...] É urgente recuperar-lhe a imagem, devolver-lhe o orgulho de uma profissão imprescindível a qualquer sociedade culta e democrática. Não estou falando apenas de maiores salários ou de melhor formação. Revalorização da imagem é questão de respeito e de dignidade ( Demo, 2004b;2007). O desânimo começa a tomar conta de muitos. Em pouco tempo de nada valerão, até mesmo, campanhas, melhores salários, prêmios de incentivos a esta profissão. Nossos netos já correm um sério risco de não ter escolas. Um risco ainda mais sério de não contar com bons professores. Ninguém se surpreenda ao cruzar, em breve, por algum outdoor com os dizeres: “Procuram-se professores desesperadamente!¹”” (p. 23-24-25) A autora, retrata e expõe como é critica a situação da educação, dos professores, 3 Um passo pra frente, dois pra trás “ Vivemos em tempo de mudanças, de ressignificações, de contestações acerca de modelos e posturas de todas as ordens. [...] Não há mudança sem o sofrimento da transição. Do próprio esforço implicado que exige, muitas vezes, renúncia, disciplina, dedicação. [...] O que se vê no Brasil afora é que se dá um passo à frente e dois pra trás em termos de questões essenciais tais como a universalização do ensino, a melhoria dos índices de alfabetização, o privilégio ao desenvolvimento moral e intelectual de crianças e jovens, etc. Ninguém muda porque o outro assim o deseja ou impõe.” (p. 29-30-31) “ Efetivar mudanças significativas em educação exige um duplo compromisso de gestores e formadores: o de mobilizar os docentes à discussão de suas práticas e concepções bem como o de mediar à construção de novos saberes. [...] Mas é preciso lembrar que buscar o novo não deve significar uma batalha contra o velho, negando a experiência e os valores cultivados por uma instituição e seus educadore. [...] ” (p. 32) Pois, o ato de avaliar é mais que medir ou testar conhecimentos. 4 Um apagão na educação “ Vivemos nos últimos anos um sério caos na aviação brasileira, resultando em trágicos acidentes. [...] Um experiente comandante de vôos (sic) internacionais, em entrevista à televisão, afirmou que são três os fatores responsáveis por acidentes aéreos: falha humana, falha de equipamentos e más condições ambientais. [...] Em geral, os acidentes ocorrem porque os três fatores se fazem presentes em determinadas circunstâncias. Numa triste, mas pertinente associação, refiro-me a caos semelhante em que vive a escola pública, um verdadeiro “apagão na educação” Pergunto-me a que nível de degradação das escolas precisamos chegar para que os governantes e políticos acionem as devidas providências. [...] Há muitos anos, os três fatores citados acima se fazem presentes na escolarização pública provocando o caos: falta de professores, desvalorização e má qualificação docente ( falha humana); falta de escolas e/ ou escolas sucateadas com precários os recursos materiais ( falha de equipamento); salas de aula superlotadas de alunos, e onde impera um ambiente de indisciplina, dispersão e violência entre estudantes ( más condições ambientais). [...] Político é de uma escola inclusiva, a realidade mostra o abandono dos alunos nas escolas, em uma escola do anonimato, onde “ todos” são sempre “ todos”, pois não há possibilidade de acompanhamento da aprendizagem de cada um. mostra também o descaso com a qualificação e a formação do corpo docente, ausência de reuniões pedagógicas, a falta de ações de fomento à recursos tecnológicos nas escolas.” (p. 35-36-37) Enfim, este é um livro muito interessante, divertido e que nos ajuda a entender melhor a avaliação em seu contexto histórico. Trata de um assunto antigo, que não deixa de ser atual, polêmico e muito discutido, afinal a avaliação pode mudar nossas vidas, melhorar nossa visão e comportamento com relação à aprendizagem, a nossa participação no mundo real, sabendo avaliar e ser avaliado... 5 Os pais na escola: participar ou decide? “ Há alguns dias ouvi de professores, em seminário, comentários acerca da interferência dos Pais nas escolas: “Por vezes, não temos nenhum poder de decisão, os pais têm toda a preferência!” [...] Na mesma semana li uma matéria em revista para professores, trazendo a opinião de alguns especialistas sobre isto. Defendia a matéria “ que quanto mais os pais se envolverem (com a escola) e cobrassem isto (qualidade), maior a possibilidade de garantir um estudo de qualidade para suas crianças”. Faço aqui um contraponto a este argumento, presente em matérias jornalísticas, programas e novelas da televisão brasileira, se encontram eco em muitas camadas sociais da população brasileira: a qualidade do ensino nas escolas não depende dos pais ou de sua “cobrança”, mas da atuação competente dos profissionais que ali atuam, somada à adequada infra-estrutura das instituições; quaisquer reformulações pedagógicas devem ser decisões de profissionais da educação, embasada em fundamentos teóricos consistentes. [...] Faço, entretanto, a esse respeito, um segundo contraponto, questionando se algumas atitudes dos educadores não estariam dando origem a tamanho “controle ou cobrança” dos pais.” (p. 41-42-43) “ Quem revela autoria e competência no exercício de sua profissão alcança credibilidade da sociedade e poder de decisão no que lhe compete. Quem demonstra insegurança, ao contrário, está sujeito a que outros interfiram em suas decisões. [...] Pais e professores devem redefinir o papel que de fato lhes cabe na luta por uma educação de qualidade para milhares de crianças e jovens deste país. [...] ” (p.44) 6 Professor sem stress? “De 26 de outubro a 11 de novembro de 2007, acompanhei a exposição e venda de livros da Editora Mediação na 53ª Feira do Livro de Porto Alegre. [...] Nessa ocasião posso ver quais os livros mais manuseados, os temas mais procurados, de que forma os leitores analisam os livros antes de comprá-los, entre muitas outras “ aprendizagens”. Dentes livros mais “olhados” por quem visitou o nosso estande, cito a obra “Professor sem stress: realização e bem-estar profissional”, de um educador português: Saul Neves de Jesus, lançada em 2007. [...] “ Professor sem stress?” - disse uma professora, “ este deve estar morto, só morrendo para não ter mais stress!” [...] Os professores andam mesmo estressados? desde o século XX, luta-se pela escola inclusiva, por uma escola para todas as crianças e jovensbrasileiros. Alcançou-se, felizmente, um aumento considerável da oferta de vagas em escolas públicas. [...] O que se observa, como decorrência, é o aumento considerável de alunos por sala de aula, oriundos de diferentes camadas sociais, exigindo mais e mais professores, escolas sucateadas, com escassez de recursos de toda a natureza, sem biblioteca, laboratórios ou equipamentos de informática, etc., etc., etc.” (p. 47-48) “Saul Neves de Jesus escreve que o mal-estar docente é diretamente decorrente desta deterioração do contexto social dos professores e de suas condições de trabalho que os impede de promover uma aprendizagem de qualidade dos alunos. A chave do seu mal estar está na impossibilidade de dar conta da tarefa docente com a competência desejada. não haveria estresse se o professor, pelo contrário, conseguisse fazer frente às exigências profissionais e alcançar se a aprendizagem e o bem-estar dos seus alunos. O stress é energia que move, dinamiza a ação. Torna-se problema quando muita energia é desperdiçada, em nada resulta.” (p. 49) 7 Volta às aulas: alunos ou pessoas, professor? “ Estávamos em final de outubro. Como professora da faculdade de educação da UFRGS, coordenava a disciplina de ação educativa com crianças de zero a quatro anos em instituições de educação infantil. Tratava-se de uma disciplina de 20 horas semanais e que possibilitava (sic) extenso convívio com as alunas. [...] Dentre os princípios do trabalho desenvolvido, insistia com as estagiárias que procurassem conhecer cada uma e não se referissem (sic) a elas no plural: crianças, quando relatassem (sic) suas observações. Lembrem-se, dizia, elas têm nome, idade, jeitos de ser, de brincar, histórias de vida… São pessoas e únicas! É preciso tentar entender suas diferenças. Dêem muito colo, conversem com elas, chamem-nas pelos nomes… [...] Diz Madalena Freire (1995) que admirar o aluno pressupõe a escuta dos silêncios e ruídos na comunicação; a escuta do aprendiz em sua própria história; um olhar, curioso, pesquisador. Para Edgar Morin et. al. (2002), precisa-se distinguir explicação de compreensão. [...] Formar pessoas (não apenas instruir) pressupõe resgatar suas histórias de vida, conversando com educadores em sala de aula e fora dela, sobre suas vidas e suas aprendizagens (Hoffmann, 2005): [...] O desenvolvimento humano, como processo de significação de mundo, é sempre dinâmico e, portanto, as reações individuais são inesperadas, inusitadas. Mas conviver/sensibilizar-se é o compromisso do educador, por um lado, e, por outro, a grande magia da tarefa educativa. Pressupõe manter-se permanentemente atento a cada aluno, olhando para o atrás e para o agora, ou seja, procurando captar-lhe as experiências vividas para poder cuidar mais de quem precisa mais. [...] O educador não pode mudar as condições de vida de seus educandos e isto lhe causa muito sofrimento. Por isto prefere, muitas vezes, negá-las. Mas não se devem confundir as duas questões: condições de vida e potencialidades de aprendizagem. [...] É necessário se pensar em espaços, tempo e maneiras de se estabelecer vínculos significativos com os alunos nas escolas para que se possa estar cuidando deles como pessoas todos os dias, sem deixar para “depois”!” (p.53-54-55) 8 Tempo de Administração e não de reprovação “ Final de ano nas escolas, mas não final de caminho. Os caminhos da aprendizagem não são lineares com início, meio e fim. As crianças e jovens surpreendem a cada momento. Avaliar em educação significa acompanhar esta sofrendo mudanças, “ admirando” Aluno por aluno em seu jeito especiais de viver, de aprender a ler e a escrever, na sua para ajudar a conseguir, a superar seus anseios, dúvidas e obstáculos naturais ao desenvolvimento. [...] Para favorecer, de fato, o melhor desenvolvimento possível, é necessário conhecê-los muito bem, conversar com eles, estar junto deles (Hoffmann, 2001;2005).” (p. 59) “ Não há caminhos prontos, metodologias definidas para se aproximar dos alunos e compreendê-los melhor. Esta é uma tarefa que se inicia sem saber por onde continuar ou se teremos coragem de interromper.” (62) 9 Acesso ou permanência? Há uma grande preocupação dos governantes em apresentar índices de acesso de alunos à escola pública. Sustenta-se, pelos dados de pesquisas, o atendimento escolar à grande maioria da população brasileira que demanda o ensino fundamental e médio. [...] Qualidade em educação não significa apenas propiciar-lhes a escolarização, mas acesso, de fato, aos bens culturais da sociedade, acesso à cidadania, acesso à universalidade, acesso a uma profissão, enfim, acesso à aprendizagem, que propiciará tudo isto. [...] Percebo, por depoimentos de professores, que em agosto/setembro vários alunos já são considerados “casos perdidos”, “casos de reprovação”. [...] Alguns perguntam-me sobre o significado dos estudos de recuperação. Recuperar é sinônimo de mediar. Não significa repetir, retomar, ensinar de novo uma lista de conteúdos programáticos, refazer tarefas às pressas e coletivamente ao final de períodos letivos. Tais estudos destinam-se a oferecer oportunidades de um atendimento diferenciado aos estudantes que apresentam dificuldades e/ou maior necessidade de orientação em alguma área. Sem acompanhamento e compreensão da trajetória de conhecimento percorrida por cada um, esta oportunidade se esvai.” (p. 65-66-67) 10 Enturmação “A prática de enturmação dos alunos por grau de aprendizagem persiste em muitas escolas públicas e particulares do país, contrapondo-se aos princípios de uma escola inclusiva e aos princípios de uma pedagogia diferenciada. [...] Dois problemas originam-se de uma suposta homogeneização das turmas. O primeiro é o sério prejuízo à auto-estima e ao desenvolvimento de crianças e jovens decorrentes de expectativas rígidas da escola em relação a atitudes e ritmos de aprendizagem. Surgem daí os preconceitos de alunos “lentos”, “agitados”, “atrasados”, “casos perdidos”, porque não correspondem aos padrões instituídos (Baptista et, al.,2008). [...] O problema se agrava quando algum desses estudantes enturmado” em classes definidas como lentas ou atrasadas é inserido em outra turma, passando a sofrer uma exclusão ainda mais séria na sala de aula (os excluídos nas escolas). [...] O segundo perigo que se corre com a enturmação é torná-los competitivos, individualistas, limitados e inseguros fora de seus “feudos” ou “grupos de iguais” - o que em nada contribui para sua cidadania e sociabilidade. [...] Para Edler Carvalho (2008, p.98), uma “proposta inclusiva diz respeito a uma escola de qualidade para todos, uma escola que não segregue, não rotule e não expulse alunos com problemas, uma escola que enfrente, sem adiantamentos, a grave questão do fracasso escolar e que atenda à diversidade de características do seu alunado”.” (p. 71-72-73) 11 A escola quer alunos diferentes? “Qualquer pessoa, sejam crianças, jovens ou adultos, aprende sempre, a cada minuto de sua vida. aprender é como respirar. Cada suspiro ou nova vivência representa sempre novas aprendizagens (sentimos, percebemos, pensamos sobre nós mesmos, sobre as coisas da vida de outra forma). [...] Por certo, o espectro do “ fracasso” em termos de aprendizagem surge e se amplia com a invenção da escola na modernidade que passa a julgar e a classificar “ o que aprende/não-aprende, o que é capaz de/não é capaz de” baseando-se em parâmetros questionáveis. [...] A evolução intelectual não acontece sem tentar, errar, falhar, fazer/ refazer. Avaliar “ aprendizagens” exige ultrapassar tais leituras preconcebidas e negativas sobre as manifestações dos alunos, buscando-se leituras positivas e multidimensionais.”(p. 77-78) 12 Mãe, passa pela minha escola? Novo ano, tempo de terminar de de recomeçar, uma inexplicável nostalgia em todos e, ao mesmo tempo, sentimentos de esperança, de renovação. Jovens pais, entre parentes e amigos, costumam me consultar nesta época sobre boas escolas onde matricular seus filhos: “a escolha certa da escola certa”. Nessas ocasiões, alémde educadora, baseio-me na experiência de mãe/ professora para dizer-lhes que esta não é uma decisão tão fácil, e que não podemos pensar em escolhas definitivas. [...] Como e quando saber se escolhemos para nossos filhos? Em suas reações encontramos esta resposta, não nas teorias, nos especialistas, nos rankings de vestibular, no conforto com as expectativas que criamos para eles. A melhor escola para cada criança ou jovem é aquela onde revelam estar felizes, que os torna confiantes em sua capacidade de aprender, que favorece, principalmente, a sua socialização, amizade profunda com colega, onde os professores são seus amigos “ Sem perder o respeito e autoridade”. A melhor escola é aqui se constitui um espaço de aprendizagem com muita liberdade prazer tem estigma da obrigação, da competição e do fracasso (Parolin, 2006). [...] Pais educam, formam hábitos e valores. Escolas, para além disto, “ensinam a aprender e a aprender a conviver socialmente” (talvez o principal critério de escolha). ” (p. 83-84-85) “ Há muitos dados sobre os excluídos das escolas. [...] Por preconceito, abandonos, deficiências pedagógicas, relações de poder e de saber ocorre um processo de exclusão ainda mais estigmatizante. [...] O que é muito sério para o seu desenvolvimento moral e intelectual. [...] Crianças tristes, controladas, pressionadas não aprendem, não interagem, não se desenvolvem. São crianças e jovens dentro dentro da escola esperando pela vida “lá fora”. (p. 85-86) “Boas escolas são espaços sociais de convivência, de brincadeira, onde educadores estão disponíveis para descobrirem o melhor do talento e da boa índole e cada estudante. Atentos sempre a cada um, não para diminuir sua confiança e auto-estima, mas, ao contrário, para fomentar o desenvolvimento de suas potencialidades.” 13 Relatórios de avaliação 1: compreender e compartilhar histórias “Dentre as diretrizes legais do ensino fundamental de nove anos, insere-se o sistema de progressão continuada nos dois primeiros anos e o acompanhamento dos alunos por meio de relatórios descritivos do acompanhamento escolar. [...] Relatórios de avaliação, ao contrário do sistema de notas e conceitos, permitem a todos conhecer e refletir sobre caminhos diferentes e singulares percorrido pelos estudantes de todas as idades. Ao mesmo tempo, retratam-o interior das salas de aulas, revelam concepções e juízos de valor dos professores (que as notas escondem), favorecendo a melhoria da ação educativa nas escolas e a melhor aprendizagem dos alunos. Na perspectiva mediadora da avaliação, ao contrário, acompanha-se para “entender, observar a evolução, refazer o processo junto ao aluno, propor-lhe novos desafios (mediação)”.” (p. 89-90-91) “ O que está em jogo, portanto, em termos dos registros em avaliação, é a consistência da “memória” do professor sobre cada aluno, que irá possibilitar-lhe ou não uma ação intencional e diferenciada sobre suas manifestações singulares de aprendizagem. [...] De posse destas, “memórias construídas” estabelece-se o diálogo efetivo entre professor e alunos entre os próprios professores e com as famílias, compartilhando-se histórias significativas de aprendizagem.” (p. 92) 14 Relatório de avaliação 2: do agir ao pensar na formação docente “A elaboração de registros e relatórios descritivos em avaliação não favorece apenas o acompanhamento dos alunos. [...] Ao elaborar relatórios parciais e/ou gerais, estagiários e professores superam a visão comparativa/classificatória da avaliação, evoluindo em termos de uma postura investigativa e mediadora das aprendizagens.[...] Quando os registros de avaliação são de caráter classificatório/burocrático, a tarefa do professor pode se resumir: a) em corrigir tarefas dos alunos, calcular notas e atribuir-lhes pontos por atitudes: ou b) observar os alunos de tempos em tempos e responder a um rol preestabelecido de indicadores de desempenho que lhe são solicitados pelas escolas/secretarias (fichas de avaliação ou relatório roteirizados).” (p. 95-96) “Ao ter por compromisso a elaboração de relatórios individuais, em primeiro lugar, cada educador passa a ter de observar continuamente todos os alunos. [...] O conjunto desses registros revela, assim, a dimensão qualitativa do seu agir e do seu pensar -- possibilitando-lhe e aos seus orientadores/supervisores a análise teórico-prática para a continuidade da ação pedagógica.” (p. 97) 15 Avaliação mediadora é formativa? “ Em 1991, quando publiquei meu primeiro livro -- “ Avaliação mito & desafio: uma perspectiva construtivista”, “mediação” não era expressão de uso corrente entre os educadores. [...] Uma dúvida freqüente dos professores é sobre a diferença entre a avaliação formativa e a mediadora. [...] a denominação “formativa” vem muitas vezes atrelada a processos que são, na verdade, classificatórios e somativos (caráter terminal/sentencivo). [...] Mediação é a interpretação, diálogo, interpretação.” (p. 100-102) “ A finalidade da avaliação não é a de descrever, justificar, explicar o que o aluno “alcançou” em termos de aprendizagem, mas a de desafiá-los todo tempo a ir adiante, a avançar confiando em suas possibilidades e oferecendo-lhes, sobretudo, o apoio pedagógico a cada um.” (p. 103). 16 Educar primeiro para não aprisionar depois! “Talvez eu seja mais uma a apontar indignações, medo e tristeza, pelos episódios de violência em nosso país. Mas escrevo para também falar de esperança, de soluções a que chegam outros países e que não envolvem grades, mas dignidade, justiça e educação. [...] É na escola que crianças e jovens encontram arrimo, segurança em um mundo caótico. Ela é imprescindível para a formação moral e intelectual das futuras gerações, mas precisa adequar-se aos novos tempos, está em ebulição, como uma bomba, pronta a explodir.” (p. 108) “O respeito pela infância e juventude e a formação de valores morais foram pilares de sua reforma educacional. Em seu relato à UNESCO, disse o prof. Ibrahim Ahmad Bajunid (in Werthein & Cunha, 2004, p.177):” (p. 109) 17 Infância atropelada “Conforme Relatório do Programa de Ampliação do SEB/MEC¹, “a ampliação em mais um ano de estudo deve produzir um salto na qualidade da educação: inclusão de todas as crianças de seis anos, menor vulnerabilidade a situações de risco, permanência na escola, sucesso no aprendizado e aumento da escolaridade dos alunos”.” (p. 114) “É grave, gravíssimo, o problema de qualificação dos alfabetizadores em cursos de magistério ou pedagogia em todo o país. [...] A formação continuada nas escolas encontra obstáculos de tempo, falta de mediadores e de recursos de todas as naturezas.” (p. 115) "A proposta do MEC sugere ênfase ao lúdico e o brincar nas metodologias; consideração do processo contínuo de aprendizado, com progressão continuada nos dois primeiros anos do ensino fundamental -- o que é exige professores atentos a cada um dos alunos, uma prática avaliativa diferenciada, o acompanhamento por meio de relatórios descritivos, sem reprovação. Esta determinação vale para escolas públicas e particulares." (p. 116) “A justificativas das escolas ao adotar a pluridocência nas primeiras séries, é de um "ensino mais eficiente", e de as crianças se "acostumarem" desde cedo a vários professores para não sofrerem depois. [...] a fragmentação do currículo, os diferentes professores a quem essas crianças deve ter "obedecer", dentre outros aspectos, formam um conjunto perigoso de obstáculos a sua alfabetização. Em primeiro lugar, então, é preciso pensar na infância brasileira. A forma como se irá construir o novo cenário educativo interferirá significamente em suas aprendizagens. Uma alfabetização plena extrapola os limites da leitura e da escrita, diz respeito ao desenhar, pintar, modelar, recortar, colar, cantar, dançar ouvir e contar histórias (Rangel, 2008). [...] escola é lugar da criança. Não se deve atropelar a infância, pois o perigo vai atropelar o futuro dessa geração.” (p. 116-117) 18 Dizer não ou educar para o não? "O tema desta página é "limites", questão semprepresente em debatate com professores. [...] Nunca foram tão frequentes em cursos de professores perguntas sobre a violência na sala de aula, sobre o papel dos pais no estabelecimento de limites e sobre a enorme dificuldade de dar andamento às atividades escolares em razão desses aspectos -- preocupação que resultam em discussões como exemplifico acima. [...] É preciso estabelecer a diferença entre exercer a autoridade na formação de limites e ser autoritário, entre "dizer não" e "educar para o não". Não há educação sem respeito mútuo entre educador e educando, muito menos sem diálogo e confiança. Desenvolvem-se condutas morais e éticas pela convivência -- muito mais pelo modelo do que por ditames verbais. [...] Educar para o não é muito mais difícil do que simplesmente dizer não, pois exige persistência e paciência -- duas qualidades importantes a pais e educadores (Parolin,2006). Existe, por outro lado, pensar na lógica dos porquês que anunciamos, nos modelos que oferecemos, no tom do Diálogo estabelecido -- desde as crianças bem pequenas e ao longo de todo o desenvolvimento da pessoa. Exige não desistir nunca de explicar as razões para não agir daquele modo." (p. 122-123) 19 Leitura e avaliação: nas entrelinhas dos textos e contextos " A coordenação pedagógica de um centro universitário solicitou-me conversar com professores de Direito, da Filosofia e da Informática sobre avaliação no ensino superior. Uma das razões para esse foi a dificuldade dos alunos com algumas tarefas propostas. [...] cerca de 80% dos alunos de 200 que acompanhamos nos últimos revelam, ao conhecer os mais de perto, não saber ler -- crianças e jovens de oito anos a 18 anos. Seus professores, em geral, não sabia um disto. Eles vinham sendo reprovados em várias disciplinas, é claro, porque sem saber ler um texto, compreendê-lo, sem saber escrever com coerência, nenhum estudante avança em seus estudos. [...] ao avaliar nos transformamos em leitores de sujeitos, de seus textos e contextos, o que nos remete a leitura de nós mesmos, construindo e reconstruindo os sentidos nessa interlocução. [...] A educação se dá pelo diálogo. As palavras são elementos mediadores deste diálogo. Se não lemos o que o aluno fala e escreve como leitores atentos e curiosos pelas mensagens que este construiu, não estabeleceremos uma relação de saber como este indivíduo." (P. 127-128-129) 20 Brasil: um país de leitore? "O que precisamos fazer, como pais e educadores, para formar "leitores para sempre" (Demo, 2006), considerando que a leitura essencial a cultura de um povo? [...] não se pode esperar que a criança se torna eleitora se pais e educadores não forem leitores, se a sociedade não lhes oportunizar o prazer da leitura. [...] uma leitura mecânica obrigatório em nada contribui para despertar o encantamento. [...] É urgente "ensinar a gostar de ler". Ler para brincar com as palavras, ler para imaginar e imaginar-se, ler para sonhar, ler por gostar de ler. Adultos que são Apaixonados por Livros contagiam as crianças com a mesma paixão ( Elias José, 2007).” (p. 134-135) 21 Aprender a ler ou a gostar de ler? " Ler envolve, mais do que o saber ler, como já escrevi antes, significa aprender a gostar de ler. [...] Para gostar de ler é preciso entender que metáforas, ler para viver e reviver o que somos e sentimos. [...] Ler é compreender os múltiplos sentidos da palavra nos textos, atribuir-lhes novos significados. [...] Entre o escritor e o leitor há um espaço de magia absoluta, que se cria no trajeto entre a mensagem que o escritor pensou enviar e o que foi recebida pelo leitor. [...] Mas a verdade é que ler metáforas não é assim tão simples. É preciso ir além das palavras, além das imagens, das cores -- ir além dos textos, buscando os vários sentidos pelos quais esses textos são "lidos" por cada leitor a partir de sua experiência de vida, de seu contexto social. [...] Para gostar de ler é preciso ler Para ler! Ler para ser ouvido! Ler em voz alta com emoção, compaixão! Não a leitura chata de textos chatos para aprender alguma coisa. Mas a leitura bela, a poesia, a letra de música..." (p. 139-140-141) 22 Entrevista: por uma mudança efetiva da avaliação "As dificuldades só aumentaram. O número de alunos aumentou, porque se resolveram em parte ( e mal resolvidos, porque com a aprendizagem mínima) os índices de reprovação. As escolas empobreceram em termos de recursos humanos e materiais para atender a demanda dos alunos. As famílias ficaram mais pobres, mas eu culpadas, a vida em sociedade mais violenta e agitada. Os professores tiveram de ser em número muito maior para dar da população estudantil. [...] Ninguém percebe toda a infraestrutura necessária a escola de nosso tempo, a questão referente à vida e as famílias de crianças e jovens de hoje, as questões socioeconômicas e culturais que interferem violentamente na educação.[...] no que se refere à governos, a técnicos de secretaria, a direção, ainda há muita preocupação em mudar a avaliação apenas burocraticamente, como uma bandeira política, sem se aprofundar no que tais mudanças representam realmente em termos de qualidade da educação. Ou seja, tornando o "sistema" uma colcha de retalhos de muitas normas e resoluções para nada e os professores tremendamente ansiosos com tudo isso." (p.146-147-148) “ O melhor ambiente de aprendizagem, portanto, é rico em oportunidades de convivência, de diálogo, de desafios, de recursos de todas as ordens.” (p. 148) "Os alunos são diferentes. Portanto, é natural que alguns escrevam melhor, joguei melhor, desenho melhor que os outros. Mas não é tarefa da escola fazer tal julgamento. O papel do professor é cuidar para que os que não escrevem tão bem sejam mais cuidadosos do que aqueles que já escrevem bem." (p. 150) " [...] penso que se deve ajudar o aluno em suas dificuldades durante o próprio transcorrer das atividades escolares, seja por meio de breves intervenções do professor na própria sala de aula, por meio de colegas( mais próximos ou que dominem melhor aquela área e que possam auxiliá-lo), seja utilizado o recurso de leitura para casa e tarefas individuais, acompanhadas dia a dia pelo professor, ou outras formas." (p. 151) "Avaliar envolve um conjunto de procedimentos didáticos cuja finalidade é acompanhar o aluno em seu percurso de aprendizagem, durante o qual ocorre avanços e/ou retrocessos em múltiplas dimensões. Avaliar e acompanhar o processo de construção do conhecimento. Nessa frase, relativamente curta, encontram-se expressões de significados amplos." (p. 152) "A teoria de Piaget referencial teórico para os preceitos aqui definidos. Sem tais fundamentos e de outros teóricos, não se avança, de fato, em um processo de avaliação contínua nas escolas." (p. 153) " As escolas não precisam se esforçar em "apresentar" isto ou aquilo. Basta ser!" (p. 156) 23 Entrevista: práticas avaliativas e instrumentos de avaliação “As "provas" prevalecem porque são instrumentos avaliativos muito importante no processo de investigação do desempenho do aluno. [...] Neste sentido, o termo "prova" representa o aluno "provar" ao professor que sabe o que ele ensinou -- e aí está a razão para não concordarmos com isto. [...] acompanhar o processo de ensino-aprendizagem através de muitas tarefas avaliativas é essencial no sentido de se ter elementos consistentes para orientar os alunos a prosseguir, para desafiá-los avançar em seus conceitos em suas aprendizagens. É preciso atentar, contudo, para o diferente propósito das tarefas avaliativas. [...] o professor (mais do que o estudante) que deverá refletir sobre o que o aluno aprendeu até aquele momento -- Esta é a finalidade das tarefas avaliativas, essenciais em uma perspectiva mediadora." (p. 160-161) “O aprender na escola de hoje é mais complexo do que "tirar boas notas ou ser aprovado no vestibular" -- os estudantes precisam de sua auto-estima preservada, identificar-se como cidadãos, aprender a conviver com as diferenças, construir valores morais, sobretudo confiar no apoio dos adultos que formam ocorpo docente dessa escola.” (p. 162) "A grande dificuldade do professor realizar tarefas orais reside na sua insegurança de interpretar as manifestações dos alunos -- justamente A análise qualitativa. [...] Não vejo, entretanto, como acompanhar um alfabetizando, por exemplo, sem ouvir sua leitura oral. [...] É imprescindível que se façam anotações significativas sobre o desenvolvimento dos alunos em termos da expressão oral em todas as disciplinas e/ou cursos." (p. 163-164) "Em todas as situações. Considerar, por outro lado, não significa "tomar como certo, esperado, razoável, possível para a idade e outros..." considerar significa levar em consideração, prestar atenção, refletir sobre o pensamento do aluno: [...] Considerar, no meu entender, representa valorizar as diferentes respostas dos alunos e intervir pedagogicamente, levar em conta para promover avanços em termos de sua aprendizagem. [...] Eles aprendem muitas coisas todo o tempo, mas aprendem muito mais com melhores e exigentes oportunidades de aprendizagem. Oferecê-las é o sentido maior da avaliação mediadora -- exercitar uma rigorosidade amorosa, como diria Paulo Freire." (p. 165-166) " avaliar e também fruto da interação professor/ aluno. [...] A missão do avaliador é de interpretar o momento de aprendizagem em que se encontra o aluno (buscar entender cada aprendiz, relacionar-se com cada um, preocupar-se com os jeitos de cada um interagir e descobriu o mundo)." (p. 166) " É preciso apostar, principalmente, na valorização das diferenças existentes no grupo. " Enturmar" alunos por níveis de conhecimento em sala de aula, pressupondo a formação de um grupo homogêneo, é um pecado capital em educação. É preciso apostar na diversidade. É preciso criar espaços e tempos para que se dê a "discriminação positiva", no dizer de Perrenoud -- mais tempo e mais atenção para os alunos que mais precisam." (p. 167-168) "As notas são formas de registros de resultados da avaliação adotada pelas escolas tradicionais. [...] As escolas que continuam atribuindo notas e ainda por cima cálculo médias aritméticas, acaba um pouco com meter dois equívocos: um deles é o de desconsiderar a questão altamente objetiva desses valores atribuídos que são arbitrários e podem ser injustos e genéricos. O segundo de não responder, efetivamente, sobre processos de aprendizagem, por que as médias anulam a visão sequencial, gradativa e de Conjunto das aprendizagens construídas pelos educadores/ educandos ao longo de um período ou ano letivo." (p. 169-170)
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