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(mai-2018) FICHAMENTO COM COMENTÁRIOS 8p.docx

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
CÂMPUS PETROLINA
POLO OURICURI-PE
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANA SOUZA
ELANIA BARRETO
FRANCISCA ROCHA
MIRTES DE SOUZA
NEUDILENE LEITE
1º WEBQUEST: RESUMO DAS IDEIAS DO LIVRO: AVALIAR:
RESPEITAR PRIMEIRO, EDUCAR DEPOIS
OURICURI-PE
MAIO/2018
ANA SOUZA
ELANIA BARRETO
FRANCISCA ROCHA
MIRTES DE SOUZA
NEUDILENE LEITE
FICHAMENTO COM COMENTÁRIO: DO LIVRO AVALIAR:
RESPEITAR PRIMEIRO, EDUCAR DEPOIS
OURICURI-PE
MAIO/2018
FICHAMENTO COM COMENTÁRIOS: AVALIAR: RESPEITAR PRIMEIRO,
EDUCAR DEPOIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
HOFFMANN, Jussara. Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. Porto Alegre:
Mediação ,2008.
Introdução
Marcas de uma trajetória
“40 anos como educadora… [...] Vivências são como tatuagens: marcas difíceis de se
remover. Nasci em Bagé, cidade da campanha do Rio Grande do Sul. [...] Vim com nove anos
para Porto Alegre. No Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, de religiosas franciscanas e
só para meninas, tornei-me PROFESSORA e vivi papéis decisivos para a escolha de alguns
rumos profissionais. [...] Minha experiência inicial no magistério foi maravilhosa, entre
envolvente e inquietante. [...] Considerando o meu entusiasmo pela carreira que se iniciava, o
curso de Letras foi decepcionante. Buscava a licenciatura e encontrava o bacharelado: o
latim, a crítica literária, a filologia... Não constituíamos, (sic) como alunos, grupos capazes
de reivindicações e calávamos (sic) diante de um curso estruturado para a formação de
críticos literários, mas formado em sua maioria, por estudantes em busca de disciplinas que
auxiliassem a ensinar a ortografia, a gramática, a literatura, além de uma consistente
formação pedagógica. Natural a impressão qe me causou a passagem pela Faculdade de
Educação da UFRGS. As disciplinas que ali cursei, principalmente as de psicologia e
didática, interessaram-me (sic) muito pela ressonância com o que vivia já sendo professora,
provocando-me novos olhares sobre a área da educação e fazendo-me buscar outros rumos.
Formada em letras, casada e já mãe de dois meninos, passei a exercer múltiplas funções, não
apenas no colégio particular, mas também em escola estadual de 1° e 2° graus (como eram
denominados o ensino fundamental e médio), em busca, talvez, de contornos mais nítidos
para minhas escolhas. [...] ” (p. 9-10)
“Em 1978, completara dez anos de magisterio. Minhas experiências profissionais haviam
sido fortemente direcionadas para a questão pedagógicas mais amplas e complexas. [...]
Desde meu ingresso no Pós-Graduação, fiquei entusiasmada com a área de pesquisa em
avaliação em que me inseri, por me parecer instigante e aberta a investigações sobre as
concepções e práticas vividas nas escolas em que trabalhara. [...] A avaliação da
aprendizagem, nos anos 90, representava um grande desafio aos educadores de todo o país
pelas críticas severas sobre estas práticas nas escolas (uma ação controladora, autoritária). Na
época, poucos estudiosos brasileiros se atreveram a desenvolver pesquisas nessa área. Hoje
percebo que este passado é ainda presente, que avança em direção ao futuro que agora venho
narrar. Em 1985 entrei por concurso na Faculdade de Educação. Curiosamente, o tema da
prova foi “avaliação educacional”. Defendi então o princípio que vem “sendo a marca mais
forte de toda a minha trajetória profissional”: o papel mediador do professor neste processo,
recebendo a aprovação unânime dos examinadores quanto às concepções críticas defendidas
em relação à avaliação classificatória. Como professora universitária, envolvi-me, em
primeiro lugar, com a formação de professores em educação infantil, compartilhando com as
estagiárias em creches públicas, assistenciais e particulares, experiências que elas realizavam
com as crianças durante 12 anos. Percebi, a partir do trabalho com bebês de classes
socialmente desprivilegiadas, o quanto a sociedade descrê de suas possibilidades e aposta
precocemente em seu fracasso, e passei a contribuir com meus estudos para mudar essa
realidade. [...] Não foram fáceis os primeiros tempos dessa discussão… [...] encontrei-me
bastante solitária em sua defesa, o que exigiu persistência e tenacidade diante da crítica de
muitos acadêmicos quanto a estudos e pesquisas na área. Por isso o nome do meu primeiro
livro: Avaliação: mito&desafio. [...] Ao final dos anos 90, tornou-se mais e mais pungente a
necessidade de se discutir a problemática da avaliação educacional nas escolas do país.[...]
Escolas e professores passaram a buscar orientações para transformar esta prática, fato este
que me levou a atender a muitos convites para seminários, encontros e cursos de formação de
professores sobre esse tema em todo o país.” (p. 11-12)
“ [...] Depois de 40 anos ouvindo que “não dá para mudar” o sistema de avaliação que se
pratica porque “outros não deixam”, venho insistindo para que cada professor faça “ o jogo
do contrário”: procure ver os alunos de outros jeitos, pense de jeito diferente sobre a escola
que aí está… A energia e a emoção fazem toda a diferença! [...] No cruzamento de minhas
vivências somadas à emoção por vivê-las, tornei-me, pois, educadora, escritora e editora. [...]
Ser editora de livros para professores, há 12 anos, vem sendo uma tarefa muito envolvente
que permeia e fortalece o meu trabalho de consultoria às escolas.” (p. 13-14)
A autora, inicia seu livro com uma breve introdução de sua longa jornada como professora,
até chegar a esse ponto, e creio que isto é de fundamental importância para que possamos
conhecê-la melhor e entender mais sobre seu ponto de vista e o que a levou a fazer este livro,
assim, teremos uma visão mais ampla e clara do processo de construção e da ideia que será
formada no final por nós, identificando os pontos fortes e fracos, desenvolvendo um sentido
crítico e mais reflexivo sobre a obra aqui citada, afinal entenderemos melhor a autora e o que
ela quis passar, lógico que cada um de um modo peculiar.
1 Respeitar primeiro, educar depois
“Em 30 de julho de 1906, nasceu Mario de Miranda Quintana¹, em Alegrete, Rio Grande do
Sul. Estudou no Colégio Militar (Porto Alegre) e só gostava de português, francês e história.
[...] Este aluno rebelde, tradutor por profissão, um bom caixeiro que gostava de livros,
farmacêutico por obrigação, tornou-se muito mais que um poeta - foi sempre um grande
educador. [...] Do seu jeito Quintana (in IEL, 2006), o poeta educador escreveu: “Cada um
pensa como pode…” Concordo com ele: nós só podemos compreender as coisas a partir do
que somos, sabemos e sentimos. Olhar os outros, as pessoas que nos cercam, nada mais é que
fazer uma sensível leitura do mundo. É aprender a conviver com palavras, textos e contextos
diferentes, a buscar consensos. [...] “Quem não compreende um olhar, também escreveu
Quintana, tampouco compreenderá uma longa explicação”... Há pontos&contrapontos tecidos
em torno da educação/escolarização. As divergências sobre o papel da escolarização vêm
contribuindo para um clima de tensão entre educadores, pais e vários setores da sociedade. A
lição do poeta é que não há apenas um saber em jogo, mas múltiplos saberes (cada um pensa
“a escola” como pode. Assim, diferentes leituras entram em jogo, cujas dissonâncias nem
sempre favorecem as tomadas de decisão. [...] ¹ O poeta faleceu em 05/05/1994, em Porto
Alegre, RS. Que este texto sirva como homenagem ao poeta, cujos textos e poemas me
ajudam tanto a gostar de ler.” (p. 17-18)
“ Dados de pesquisas nacionais e internacionais revelam há vários anos que os estudantes
brasileiros não aprendem como deveriam. Que nossos professores não têm o respeito que
merecem da sociedade. Que experiências educativas de sucesso são pautadas pela ética da
inclusão, do respeito, da solidariedade, em lugar da competição e da seleção. Que nações
democráticas asseguram o direito à escola de todas as suas crianças… [...] É urgente a revisão
dos posicionamento dos educadores, dos pais e de toda a sociedade brasileira sobre os
objetivos da escola, o que significa, sobretudo, a celebração dadiversidade: respeitar
primeiro, educar depois… Finalizando com Quintana: “Ou nos conformamos com a falta de
algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras…”” (p.
19-20)
A autora, referencia um grande poeta para dar respaldo às suas ideias e destaca a importância
de estudar, pesquisar e rever a maneira para chegar a uma educação que seja eficaz e garanta
o direito a todos, com respeito e participação de todos que fazem a escola, pois isto se torna
essencial para, assim, se descobrir uma forma de avaliação realmente significativa e eficiente.
2 Procuram-se professores
“Em outubro de 1991, o Jornal El País, de Madrid, dedicou o Caderno Educación ao
professor. [...] A matéria principal das seis páginas do caderno, com depoimentos de órgãos
oficiais, sindicatos, teóricos e professores referia-se às campanhas publicitárias de
revalorização do magistério diante do sério alarme dos países europeus frente à deterioração
da imagem do professor e à decorrente deserção dos jovens dos cursos de magistério. A crise
estava tão séria que os órgãos oficiais estariam utilizando, pela primeira vez na história,
agências de publicidade, outdoors e anúncios de televisão. [...] Desde a leitura dessa
reportagem, venho imaginando quando surgirão cartazes semelhantes em nossas cidades,
diante do descrédito, das críticas aos professores e da escassez de candidatos a cursos de
pedagogia e licenciaturas em universidades do país. [...] Os professores brasileiros têm muita
garra e ousadia em continuar a ser professores. [...] Em algumas ocasiões, falta-me o fôlego
diante dos problemas que fazem parte do dia-a-dia. Para os professores, todo dia. [...] É
urgente recuperar-lhe a imagem, devolver-lhe o orgulho de uma profissão imprescindível a
qualquer sociedade culta e democrática. Não estou falando apenas de maiores salários ou de
melhor formação. Revalorização da imagem é questão de respeito e de dignidade ( Demo,
2004b;2007). O desânimo começa a tomar conta de muitos. Em pouco tempo de nada
valerão, até mesmo, campanhas, melhores salários, prêmios de incentivos a esta profissão.
Nossos netos já correm um sério risco de não ter escolas. Um risco ainda mais sério de não
contar com bons professores. Ninguém se surpreenda ao cruzar, em breve, por algum outdoor
com os dizeres: “Procuram-se professores desesperadamente!¹”” (p. 23-24-25)
A autora, retrata e expõe como é critica a situação da educação, dos professores,
3 Um passo pra frente, dois pra trás
“ Vivemos em tempo de mudanças, de ressignificações, de contestações acerca de modelos e
posturas de todas as ordens. [...] Não há mudança sem o sofrimento da transição. Do próprio
esforço implicado que exige, muitas vezes, renúncia, disciplina, dedicação. [...] O que se vê
no Brasil afora é que se dá um passo à frente e dois pra trás em termos de questões essenciais
tais como a universalização do ensino, a melhoria dos índices de alfabetização, o privilégio
ao desenvolvimento moral e intelectual de crianças e jovens, etc. Ninguém muda porque o
outro assim o deseja ou impõe.” (p. 29-30-31)
“ Efetivar mudanças significativas em educação exige um duplo compromisso de gestores e
formadores: o de mobilizar os docentes à discussão de suas práticas e concepções bem como
o de mediar à construção de novos saberes. [...] Mas é preciso lembrar que buscar o novo não
deve significar uma batalha contra o velho, negando a experiência e os valores cultivados por
uma instituição e seus educadore. [...] ” (p. 32)
Pois, o ato de avaliar é mais que medir ou testar conhecimentos.
4 Um apagão na educação
“ Vivemos nos últimos anos um sério caos na aviação brasileira, resultando em trágicos
acidentes. [...] Um experiente comandante de vôos (sic) internacionais, em entrevista à
televisão, afirmou que são três os fatores responsáveis por acidentes aéreos: falha humana,
falha de equipamentos e más condições ambientais. [...] Em geral, os acidentes ocorrem
porque os três fatores se fazem presentes em determinadas circunstâncias. Numa triste, mas
pertinente associação, refiro-me a caos semelhante em que vive a escola pública, um
verdadeiro “apagão na educação” Pergunto-me a que nível de degradação das escolas
precisamos chegar para que os governantes e políticos acionem as devidas providências. [...]
Há muitos anos, os três fatores citados acima se fazem presentes na escolarização pública
provocando o caos: falta de professores, desvalorização e má qualificação docente ( falha
humana); falta de escolas e/ ou escolas sucateadas com precários os recursos materiais (
falha de equipamento); salas de aula superlotadas de alunos, e onde impera um ambiente de
indisciplina, dispersão e violência entre estudantes ( más condições ambientais). [...] Político
é de uma escola inclusiva, a realidade mostra o abandono dos alunos nas escolas, em uma
escola do anonimato, onde “ todos” são sempre “ todos”, pois não há possibilidade de
acompanhamento da aprendizagem de cada um. mostra também o descaso com a
qualificação e a formação do corpo docente, ausência de reuniões pedagógicas, a falta de
ações de fomento à recursos tecnológicos nas escolas.” (p. 35-36-37)
Enfim, este é um livro muito interessante, divertido e que nos ajuda a entender melhor a
avaliação em seu contexto histórico. Trata de um assunto antigo, que não deixa de ser atual,
polêmico e muito discutido, afinal a avaliação pode mudar nossas vidas, melhorar nossa
visão e comportamento com relação à aprendizagem, a nossa participação no mundo real,
sabendo avaliar e ser avaliado...
5 Os pais na escola: participar ou decide?
“ Há alguns dias ouvi de professores, em seminário, comentários acerca da interferência dos
Pais nas escolas: “Por vezes, não temos nenhum poder de decisão, os pais têm toda a
preferência!” [...] Na mesma semana li uma matéria em revista para professores, trazendo a
opinião de alguns especialistas sobre isto. Defendia a matéria “ que quanto mais os pais se
envolverem (com a escola) e cobrassem isto (qualidade), maior a possibilidade de garantir um
estudo de qualidade para suas crianças”. Faço aqui um contraponto a este argumento,
presente em matérias jornalísticas, programas e novelas da televisão brasileira, se
encontram eco em muitas camadas sociais da população brasileira: a qualidade do ensino nas
escolas não depende dos pais ou de sua “cobrança”, mas da atuação competente dos
profissionais que ali atuam, somada à adequada infra-estrutura das instituições; quaisquer
reformulações pedagógicas devem ser decisões de profissionais da educação, embasada em
fundamentos teóricos consistentes. [...] Faço, entretanto, a esse respeito, um segundo
contraponto, questionando se algumas atitudes dos educadores não estariam dando origem a
tamanho “controle ou cobrança” dos pais.” (p. 41-42-43)
“ Quem revela autoria e competência no exercício de sua profissão alcança credibilidade da
sociedade e poder de decisão no que lhe compete. Quem demonstra insegurança, ao
contrário, está sujeito a que outros interfiram em suas decisões. [...] Pais e professores devem
redefinir o papel que de fato lhes cabe na luta por uma educação de qualidade para milhares
de crianças e jovens deste país. [...] ” (p.44)
6 Professor sem stress?
“De 26 de outubro a 11 de novembro de 2007, acompanhei a exposição e venda de livros da
Editora Mediação na 53ª Feira do Livro de Porto Alegre. [...] Nessa ocasião posso ver quais
os livros mais manuseados, os temas mais procurados, de que forma os leitores analisam os
livros antes de comprá-los, entre muitas outras “ aprendizagens”. Dentes livros mais
“olhados” por quem visitou o nosso estande, cito a obra “Professor sem stress: realização e
bem-estar profissional”, de um educador português: Saul Neves de Jesus, lançada em 2007.
[...] “ Professor sem stress?” - disse uma professora, “ este deve estar morto, só morrendo
para não ter mais stress!” [...] Os professores andam mesmo estressados? desde o século XX,
luta-se pela escola inclusiva, por uma escola para todas as crianças e jovensbrasileiros.
Alcançou-se, felizmente, um aumento considerável da oferta de vagas em escolas públicas.
[...] O que se observa, como decorrência, é o aumento considerável de alunos por sala de
aula, oriundos de diferentes camadas sociais, exigindo mais e mais professores, escolas
sucateadas, com escassez de recursos de toda a natureza, sem biblioteca, laboratórios ou
equipamentos de informática, etc., etc., etc.” (p. 47-48)
“Saul Neves de Jesus escreve que o mal-estar docente é diretamente decorrente desta
deterioração do contexto social dos professores e de suas condições de trabalho que os
impede de promover uma aprendizagem de qualidade dos alunos. A chave do seu mal estar
está na impossibilidade de dar conta da tarefa docente com a competência desejada. não
haveria estresse se o professor, pelo contrário, conseguisse fazer frente às exigências
profissionais e alcançar se a aprendizagem e o bem-estar dos seus alunos. O stress é energia
que move, dinamiza a ação. Torna-se problema quando muita energia é desperdiçada, em
nada resulta.” (p. 49)
7 Volta às aulas: alunos ou pessoas, professor?
“ Estávamos em final de outubro. Como professora da faculdade de educação da UFRGS,
coordenava a disciplina de ação educativa com crianças de zero a quatro anos em instituições
de educação infantil. Tratava-se de uma disciplina de 20 horas semanais e que possibilitava
(sic) extenso convívio com as alunas. [...] Dentre os princípios do trabalho desenvolvido,
insistia com as estagiárias que procurassem conhecer cada uma e não se referissem (sic) a
elas no plural: crianças, quando relatassem (sic) suas observações. Lembrem-se, dizia, elas
têm nome, idade, jeitos de ser, de brincar, histórias de vida… São pessoas e únicas! É preciso
tentar entender suas diferenças. Dêem muito colo, conversem com elas, chamem-nas pelos
nomes… [...] Diz Madalena Freire (1995) que admirar o aluno pressupõe a escuta dos
silêncios e ruídos na comunicação; a escuta do aprendiz em sua própria história; um olhar,
curioso, pesquisador. Para Edgar Morin et. al. (2002), precisa-se distinguir explicação de
compreensão. [...] Formar pessoas (não apenas instruir) pressupõe resgatar suas histórias de
vida, conversando com educadores em sala de aula e fora dela, sobre suas vidas e suas
aprendizagens (Hoffmann, 2005): [...] O desenvolvimento humano, como processo de
significação de mundo, é sempre dinâmico e, portanto, as reações individuais são
inesperadas, inusitadas. Mas conviver/sensibilizar-se é o compromisso do educador, por um
lado, e, por outro, a grande magia da tarefa educativa. Pressupõe manter-se permanentemente
atento a cada aluno, olhando para o atrás e para o agora, ou seja, procurando captar-lhe as
experiências vividas para poder cuidar mais de quem precisa mais. [...] O educador não pode
mudar as condições de vida de seus educandos e isto lhe causa muito sofrimento. Por isto
prefere, muitas vezes, negá-las. Mas não se devem confundir as duas questões: condições de
vida e potencialidades de aprendizagem. [...] É necessário se pensar em espaços, tempo e
maneiras de se estabelecer vínculos significativos com os alunos nas escolas para que se
possa estar cuidando deles como pessoas todos os dias, sem deixar para “depois”!”
(p.53-54-55)
8 Tempo de Administração e não de reprovação
“ Final de ano nas escolas, mas não final de caminho. Os caminhos da aprendizagem não são
lineares com início, meio e fim. As crianças e jovens surpreendem a cada momento. Avaliar
em educação significa acompanhar esta sofrendo mudanças, “ admirando” Aluno por aluno
em seu jeito especiais de viver, de aprender a ler e a escrever, na sua para ajudar a conseguir,
a superar seus anseios, dúvidas e obstáculos naturais ao desenvolvimento. [...] Para favorecer,
de fato, o melhor desenvolvimento possível, é necessário conhecê-los muito bem, conversar
com eles, estar junto deles (Hoffmann, 2001;2005).” (p. 59)
“ Não há caminhos prontos, metodologias definidas para se aproximar dos alunos e
compreendê-los melhor. Esta é uma tarefa que se inicia sem saber por onde continuar ou se
teremos coragem de interromper.” (62)
9 Acesso ou permanência?
Há uma grande preocupação dos governantes em apresentar índices de acesso de alunos à
escola pública. Sustenta-se, pelos dados de pesquisas, o atendimento escolar à grande maioria
da população brasileira que demanda o ensino fundamental e médio. [...] Qualidade em
educação não significa apenas propiciar-lhes a escolarização, mas acesso, de fato, aos bens
culturais da sociedade, acesso à cidadania, acesso à universalidade, acesso a uma profissão,
enfim, acesso à aprendizagem, que propiciará tudo isto. [...] Percebo, por depoimentos de
professores, que em agosto/setembro vários alunos já são considerados “casos perdidos”,
“casos de reprovação”. [...] Alguns perguntam-me sobre o significado dos estudos de
recuperação. Recuperar é sinônimo de mediar. Não significa repetir, retomar, ensinar de novo
uma lista de conteúdos programáticos, refazer tarefas às pressas e coletivamente ao final de
períodos letivos. Tais estudos destinam-se a oferecer oportunidades de um atendimento
diferenciado aos estudantes que apresentam dificuldades e/ou maior necessidade de
orientação em alguma área. Sem acompanhamento e compreensão da trajetória de
conhecimento percorrida por cada um, esta oportunidade se esvai.” (p. 65-66-67)
10 Enturmação
“A prática de enturmação dos alunos por grau de aprendizagem persiste em muitas escolas
públicas e particulares do país, contrapondo-se aos princípios de uma escola inclusiva e aos
princípios de uma pedagogia diferenciada. [...] Dois problemas originam-se de uma suposta
homogeneização das turmas. O primeiro é o sério prejuízo à auto-estima e ao
desenvolvimento de crianças e jovens decorrentes de expectativas rígidas da escola em
relação a atitudes e ritmos de aprendizagem. Surgem daí os preconceitos de alunos “lentos”,
“agitados”, “atrasados”, “casos perdidos”, porque não correspondem aos padrões instituídos
(Baptista et, al.,2008). [...] O problema se agrava quando algum desses estudantes
enturmado” em classes definidas como lentas ou atrasadas é inserido em outra turma,
passando a sofrer uma exclusão ainda mais séria na sala de aula (os excluídos nas escolas).
[...] O segundo perigo que se corre com a enturmação é torná-los competitivos,
individualistas, limitados e inseguros fora de seus “feudos” ou “grupos de iguais” - o que em
nada contribui para sua cidadania e sociabilidade. [...] Para Edler Carvalho (2008, p.98), uma
“proposta inclusiva diz respeito a uma escola de qualidade para todos, uma escola que não
segregue, não rotule e não expulse alunos com problemas, uma escola que enfrente, sem
adiantamentos, a grave questão do fracasso escolar e que atenda à diversidade de
características do seu alunado”.” (p. 71-72-73)
11 A escola quer alunos diferentes?
“Qualquer pessoa, sejam crianças, jovens ou adultos, aprende sempre, a cada minuto de
sua vida. aprender é como respirar. Cada suspiro ou nova vivência representa sempre novas
aprendizagens (sentimos, percebemos, pensamos sobre nós mesmos, sobre as coisas da vida
de outra forma). [...] Por certo, o espectro do “ fracasso” em termos de aprendizagem surge e
se amplia com a invenção da escola na modernidade que passa a julgar e a classificar “ o que
aprende/não-aprende, o que é capaz de/não é capaz de” baseando-se em parâmetros
questionáveis. [...] A evolução intelectual não acontece sem tentar, errar, falhar, fazer/
refazer. Avaliar “ aprendizagens” exige ultrapassar tais leituras preconcebidas e negativas
sobre as manifestações dos alunos, buscando-se leituras positivas e multidimensionais.”(p.
77-78)
12 Mãe, passa pela minha escola?
Novo ano, tempo de terminar de de recomeçar, uma inexplicável nostalgia em todos e, ao
mesmo tempo, sentimentos de esperança, de renovação. Jovens pais, entre parentes e
amigos, costumam me consultar nesta época sobre boas escolas onde matricular seus filhos:
“a escolha certa da escola certa”. Nessas ocasiões, alémde educadora, baseio-me na
experiência de mãe/ professora para dizer-lhes que esta não é uma decisão tão fácil, e que
não podemos pensar em escolhas definitivas. [...] Como e quando saber se escolhemos para
nossos filhos? Em suas reações encontramos esta resposta, não nas teorias, nos
especialistas, nos rankings de vestibular, no conforto com as expectativas que criamos para
eles. A melhor escola para cada criança ou jovem é aquela onde revelam estar felizes, que os
torna confiantes em sua capacidade de aprender, que favorece, principalmente, a sua
socialização, amizade profunda com colega, onde os professores são seus amigos “ Sem
perder o respeito e autoridade”. A melhor escola é aqui se constitui um espaço de
aprendizagem com muita liberdade prazer tem estigma da obrigação, da competição e do
fracasso (Parolin, 2006). [...] Pais educam, formam hábitos e valores. Escolas, para além
disto, “ensinam a aprender e a aprender a conviver socialmente” (talvez o principal critério de
escolha). ” (p. 83-84-85)
“ Há muitos dados sobre os excluídos das escolas. [...] Por preconceito, abandonos,
deficiências pedagógicas, relações de poder e de saber ocorre um processo de exclusão ainda
mais estigmatizante. [...] O que é muito sério para o seu desenvolvimento moral e intelectual.
[...] Crianças tristes, controladas, pressionadas não aprendem, não interagem, não se
desenvolvem. São crianças e jovens dentro dentro da escola esperando pela vida “lá fora”. (p.
85-86)
“Boas escolas são espaços sociais de convivência, de brincadeira, onde educadores estão
disponíveis para descobrirem o melhor do talento e da boa índole e cada estudante. Atentos
sempre a cada um, não para diminuir sua confiança e auto-estima, mas, ao contrário, para
fomentar o desenvolvimento de suas potencialidades.”
13 Relatórios de avaliação 1: compreender e compartilhar histórias
“Dentre as diretrizes legais do ensino fundamental de nove anos, insere-se o sistema de
progressão continuada nos dois primeiros anos e o acompanhamento dos alunos por meio de
relatórios descritivos do acompanhamento escolar. [...] Relatórios de avaliação, ao contrário
do sistema de notas e conceitos, permitem a todos conhecer e refletir sobre caminhos
diferentes e singulares percorrido pelos estudantes de todas as idades. Ao mesmo tempo,
retratam-o interior das salas de aulas, revelam concepções e juízos de valor dos professores
(que as notas escondem), favorecendo a melhoria da ação educativa nas escolas e a melhor
aprendizagem dos alunos. Na perspectiva mediadora da avaliação, ao contrário,
acompanha-se para “entender, observar a evolução, refazer o processo junto ao aluno,
propor-lhe novos desafios (mediação)”.” (p. 89-90-91)
“ O que está em jogo, portanto, em termos dos registros em avaliação, é a consistência da
“memória” do professor sobre cada aluno, que irá possibilitar-lhe ou não uma ação
intencional e diferenciada sobre suas manifestações singulares de aprendizagem. [...] De
posse destas, “memórias construídas” estabelece-se o diálogo efetivo entre professor e alunos
entre os próprios professores e com as famílias, compartilhando-se histórias significativas de
aprendizagem.” (p. 92)
14 Relatório de avaliação 2: do agir ao pensar na formação docente
“A elaboração de registros e relatórios descritivos em avaliação não favorece apenas o
acompanhamento dos alunos. [...] Ao elaborar relatórios parciais e/ou gerais, estagiários e
professores superam a visão comparativa/classificatória da avaliação, evoluindo em termos
de uma postura investigativa e mediadora das aprendizagens.[...] Quando os registros de
avaliação são de caráter classificatório/burocrático, a tarefa do professor pode se resumir: a)
em corrigir tarefas dos alunos, calcular notas e atribuir-lhes pontos por atitudes: ou b)
observar os alunos de tempos em tempos e responder a um rol preestabelecido de indicadores
de desempenho que lhe são solicitados pelas escolas/secretarias (fichas de avaliação ou
relatório roteirizados).” (p. 95-96)
“Ao ter por compromisso a elaboração de relatórios individuais, em primeiro lugar, cada
educador passa a ter de observar continuamente todos os alunos. [...] O conjunto desses
registros revela, assim, a dimensão qualitativa do seu agir e do seu pensar --
possibilitando-lhe e aos seus orientadores/supervisores a análise teórico-prática para a
continuidade da ação pedagógica.” (p. 97)
15 Avaliação mediadora é formativa?
“ Em 1991, quando publiquei meu primeiro livro -- “ Avaliação mito & desafio: uma
perspectiva construtivista”, “mediação” não era expressão de uso corrente entre os
educadores. [...] Uma dúvida freqüente dos professores é sobre a diferença entre a avaliação
formativa e a mediadora. [...] a denominação “formativa” vem muitas vezes atrelada a
processos que são, na verdade, classificatórios e somativos (caráter terminal/sentencivo). [...]
Mediação é a interpretação, diálogo, interpretação.” (p. 100-102)
“ A finalidade da avaliação não é a de descrever, justificar, explicar o que o aluno “alcançou”
em termos de aprendizagem, mas a de desafiá-los todo tempo a ir adiante, a avançar
confiando em suas possibilidades e oferecendo-lhes, sobretudo, o apoio pedagógico a cada
um.” (p. 103).
16 Educar primeiro para não aprisionar depois!
“Talvez eu seja mais uma a apontar indignações, medo e tristeza, pelos episódios de violência
em nosso país. Mas escrevo para também falar de esperança, de soluções a que chegam
outros países e que não envolvem grades, mas dignidade, justiça e educação. [...] É na escola
que crianças e jovens encontram arrimo, segurança em um mundo caótico. Ela é
imprescindível para a formação moral e intelectual das futuras gerações, mas precisa
adequar-se aos novos tempos, está em ebulição, como uma bomba, pronta a explodir.” (p.
108)
“O respeito pela infância e juventude e a formação de valores morais foram pilares de sua
reforma educacional. Em seu relato à UNESCO, disse o prof. Ibrahim Ahmad Bajunid (in
Werthein & Cunha, 2004, p.177):” (p. 109)
17 Infância atropelada
“Conforme Relatório do Programa de Ampliação do SEB/MEC¹, “a ampliação em mais um
ano de estudo deve produzir um salto na qualidade da educação: inclusão de todas as crianças
de seis anos, menor vulnerabilidade a situações de risco, permanência na escola, sucesso no
aprendizado e aumento da escolaridade dos alunos”.” (p. 114)
“É grave, gravíssimo, o problema de qualificação dos alfabetizadores em cursos de
magistério ou pedagogia em todo o país. [...] A formação continuada nas escolas encontra
obstáculos de tempo, falta de mediadores e de recursos de todas as naturezas.” (p. 115)
"A proposta do MEC sugere ênfase ao lúdico e o brincar nas metodologias; consideração do
processo contínuo de aprendizado, com progressão continuada nos dois primeiros anos do
ensino fundamental -- o que é exige professores atentos a cada um dos alunos, uma prática
avaliativa diferenciada, o acompanhamento por meio de relatórios descritivos, sem
reprovação. Esta determinação vale para escolas públicas e particulares." (p. 116)
“A justificativas das escolas ao adotar a pluridocência nas primeiras séries, é de um "ensino
mais eficiente", e de as crianças se "acostumarem" desde cedo a vários professores para não
sofrerem depois. [...] a fragmentação do currículo, os diferentes professores a quem essas
crianças deve ter "obedecer", dentre outros aspectos, formam um conjunto perigoso de
obstáculos a sua alfabetização.
Em primeiro lugar, então, é preciso pensar na infância brasileira. A forma como se irá
construir o novo cenário educativo interferirá significamente em suas aprendizagens. Uma
alfabetização plena extrapola os limites da leitura e da escrita, diz respeito ao desenhar,
pintar, modelar, recortar, colar, cantar, dançar ouvir e contar histórias (Rangel, 2008). [...]
escola é lugar da criança. Não se deve atropelar a infância, pois o perigo vai atropelar o
futuro dessa geração.” (p. 116-117)
18 Dizer não ou educar para o não?
"O tema desta página é "limites", questão semprepresente em debatate com professores. [...]
Nunca foram tão frequentes em cursos de professores perguntas sobre a violência na sala de
aula, sobre o papel dos pais no estabelecimento de limites e sobre a enorme dificuldade de
dar andamento às atividades escolares em razão desses aspectos -- preocupação que resultam
em discussões como exemplifico acima. [...] É preciso estabelecer a diferença entre exercer a
autoridade na formação de limites e ser autoritário, entre "dizer não" e "educar para o não".
Não há educação sem respeito mútuo entre educador e educando, muito menos sem diálogo e
confiança. Desenvolvem-se condutas morais e éticas pela convivência -- muito mais pelo
modelo do que por ditames verbais. [...] Educar para o não é muito mais difícil do que
simplesmente dizer não, pois exige persistência e paciência -- duas qualidades importantes a
pais e educadores (Parolin,2006). Existe, por outro lado, pensar na lógica dos porquês que
anunciamos, nos modelos que oferecemos, no tom do Diálogo estabelecido -- desde as
crianças bem pequenas e ao longo de todo o desenvolvimento da pessoa. Exige não desistir
nunca de explicar as razões para não agir daquele modo." (p. 122-123)
19 Leitura e avaliação: nas entrelinhas dos textos e contextos
" A coordenação pedagógica de um centro universitário solicitou-me conversar com
professores de Direito, da Filosofia e da Informática sobre avaliação no ensino superior. Uma
das razões para esse foi a dificuldade dos alunos com algumas tarefas propostas. [...] cerca de
80% dos alunos de 200 que acompanhamos nos últimos revelam, ao conhecer os mais de
perto, não saber ler -- crianças e jovens de oito anos a 18 anos. Seus professores, em geral,
não sabia um disto. Eles vinham sendo reprovados em várias disciplinas, é claro, porque sem
saber ler um texto, compreendê-lo, sem saber escrever com coerência, nenhum estudante
avança em seus estudos. [...] ao avaliar nos transformamos em leitores de sujeitos, de seus
textos e contextos, o que nos remete a leitura de nós mesmos, construindo e reconstruindo os
sentidos nessa interlocução. [...] A educação se dá pelo diálogo. As palavras são elementos
mediadores deste diálogo. Se não lemos o que o aluno fala e escreve como leitores atentos e
curiosos pelas mensagens que este construiu, não estabeleceremos uma relação de saber
como este indivíduo." (P. 127-128-129)
20 Brasil: um país de leitore?
"O que precisamos fazer, como pais e educadores, para formar "leitores para sempre" (Demo,
2006), considerando que a leitura essencial a cultura de um povo? [...] não se pode esperar
que a criança se torna eleitora se pais e educadores não forem leitores, se a sociedade não lhes
oportunizar o prazer da leitura. [...] uma leitura mecânica obrigatório em nada contribui para
despertar o encantamento. [...] É urgente "ensinar a gostar de ler". Ler para brincar com as
palavras, ler para imaginar e imaginar-se, ler para sonhar, ler por gostar de ler. Adultos que
são Apaixonados por Livros contagiam as crianças com a mesma paixão ( Elias José, 2007).”
(p. 134-135)
21 Aprender a ler ou a gostar de ler?
" Ler envolve, mais do que o saber ler, como já escrevi antes, significa aprender a gostar de
ler. [...] Para gostar de ler é preciso entender que metáforas, ler para viver e reviver o que
somos e sentimos. [...] Ler é compreender os múltiplos sentidos da palavra nos textos,
atribuir-lhes novos significados. [...] Entre o escritor e o leitor há um espaço de magia
absoluta, que se cria no trajeto entre a mensagem que o escritor pensou enviar e o que foi
recebida pelo leitor. [...] Mas a verdade é que ler metáforas não é assim tão simples. É preciso
ir além das palavras, além das imagens, das cores -- ir além dos textos, buscando os vários
sentidos pelos quais esses textos são "lidos" por cada leitor a partir de sua experiência de
vida, de seu contexto social. [...] Para gostar de ler é preciso ler Para ler! Ler para ser ouvido!
Ler em voz alta com emoção, compaixão! Não a leitura chata de textos chatos para aprender
alguma coisa. Mas a leitura bela, a poesia, a letra de música..." (p. 139-140-141)
22 Entrevista: por uma mudança efetiva da avaliação
"As dificuldades só aumentaram. O número de alunos aumentou, porque se resolveram em
parte ( e mal resolvidos, porque com a aprendizagem mínima) os índices de reprovação. As
escolas empobreceram em termos de recursos humanos e materiais para atender a demanda
dos alunos. As famílias ficaram mais pobres, mas eu culpadas, a vida em sociedade mais
violenta e agitada. Os professores tiveram de ser em número muito maior para dar da
população estudantil. [...] Ninguém percebe toda a infraestrutura necessária a escola de nosso
tempo, a questão referente à vida e as famílias de crianças e jovens de hoje, as questões
socioeconômicas e culturais que interferem violentamente na educação.[...] no que se refere à
governos, a técnicos de secretaria, a direção, ainda há muita preocupação em mudar a
avaliação apenas burocraticamente, como uma bandeira política, sem se aprofundar no que
tais mudanças representam realmente em termos de qualidade da educação. Ou seja, tornando
o "sistema" uma colcha de retalhos de muitas normas e resoluções para nada e os professores
tremendamente ansiosos com tudo isso." (p.146-147-148)
“ O melhor ambiente de aprendizagem, portanto, é rico em oportunidades de convivência, de
diálogo, de desafios, de recursos de todas as ordens.” (p. 148)
"Os alunos são diferentes. Portanto, é natural que alguns escrevam melhor, joguei melhor,
desenho melhor que os outros. Mas não é tarefa da escola fazer tal julgamento. O papel do
professor é cuidar para que os que não escrevem tão bem sejam mais cuidadosos do que
aqueles que já escrevem bem." (p. 150)
" [...] penso que se deve ajudar o aluno em suas dificuldades durante o próprio transcorrer das
atividades escolares, seja por meio de breves intervenções do professor na própria sala de
aula, por meio de colegas( mais próximos ou que dominem melhor aquela área e que possam
auxiliá-lo), seja utilizado o recurso de leitura para casa e tarefas individuais, acompanhadas
dia a dia pelo professor, ou outras formas." (p. 151)
"Avaliar envolve um conjunto de procedimentos didáticos cuja finalidade é acompanhar o
aluno em seu percurso de aprendizagem, durante o qual ocorre avanços e/ou retrocessos em
múltiplas dimensões. Avaliar e acompanhar o processo de construção do conhecimento.
Nessa frase, relativamente curta, encontram-se expressões de significados amplos." (p. 152)
"A teoria de Piaget referencial teórico para os preceitos aqui definidos. Sem tais fundamentos
e de outros teóricos, não se avança, de fato, em um processo de avaliação contínua nas
escolas." (p. 153)
" As escolas não precisam se esforçar em "apresentar" isto ou aquilo. Basta ser!" (p. 156)
23 Entrevista: práticas avaliativas e instrumentos de avaliação
“As "provas" prevalecem porque são instrumentos avaliativos muito importante no processo
de investigação do desempenho do aluno. [...] Neste sentido, o termo "prova" representa o
aluno "provar" ao professor que sabe o que ele ensinou -- e aí está a razão para não
concordarmos com isto. [...] acompanhar o processo de ensino-aprendizagem através de
muitas tarefas avaliativas é essencial no sentido de se ter elementos consistentes para orientar
os alunos a prosseguir, para desafiá-los avançar em seus conceitos em suas aprendizagens. É
preciso atentar, contudo, para o diferente propósito das tarefas avaliativas. [...] o professor
(mais do que o estudante) que deverá refletir sobre o que o aluno aprendeu até aquele
momento -- Esta é a finalidade das tarefas avaliativas, essenciais em uma perspectiva
mediadora." (p. 160-161)
“O aprender na escola de hoje é mais complexo do que "tirar boas notas ou ser aprovado no
vestibular" -- os estudantes precisam de sua auto-estima preservada, identificar-se como
cidadãos, aprender a conviver com as diferenças, construir valores morais, sobretudo confiar
no apoio dos adultos que formam ocorpo docente dessa escola.” (p. 162)
"A grande dificuldade do professor realizar tarefas orais reside na sua insegurança de
interpretar as manifestações dos alunos -- justamente A análise qualitativa. [...] Não vejo,
entretanto, como acompanhar um alfabetizando, por exemplo, sem ouvir sua leitura oral. [...]
É imprescindível que se façam anotações significativas sobre o desenvolvimento dos alunos
em termos da expressão oral em todas as disciplinas e/ou cursos." (p. 163-164)
"Em todas as situações. Considerar, por outro lado, não significa "tomar como certo,
esperado, razoável, possível para a idade e outros..." considerar significa levar em
consideração, prestar atenção, refletir sobre o pensamento do aluno: [...] Considerar, no meu
entender, representa valorizar as diferentes respostas dos alunos e intervir pedagogicamente,
levar em conta para promover avanços em termos de sua aprendizagem. [...] Eles aprendem
muitas coisas todo o tempo, mas aprendem muito mais com melhores e exigentes
oportunidades de aprendizagem. Oferecê-las é o sentido maior da avaliação mediadora --
exercitar uma rigorosidade amorosa, como diria Paulo Freire." (p. 165-166)
" avaliar e também fruto da interação professor/ aluno. [...] A missão do avaliador é de
interpretar o momento de aprendizagem em que se encontra o aluno (buscar entender cada
aprendiz, relacionar-se com cada um, preocupar-se com os jeitos de cada um interagir e
descobriu o mundo)." (p. 166)
" É preciso apostar, principalmente, na valorização das diferenças existentes no grupo. "
Enturmar" alunos por níveis de conhecimento em sala de aula, pressupondo a formação de
um grupo homogêneo, é um pecado capital em educação. É preciso apostar na diversidade. É
preciso criar espaços e tempos para que se dê a "discriminação positiva", no dizer de
Perrenoud -- mais tempo e mais atenção para os alunos que mais precisam." (p. 167-168)
"As notas são formas de registros de resultados da avaliação adotada pelas escolas tradicionais. [...] As
escolas que continuam atribuindo notas e ainda por cima cálculo médias aritméticas, acaba um pouco com
meter dois equívocos: um deles é o de desconsiderar a questão altamente objetiva desses valores atribuídos
que são arbitrários e podem ser injustos e genéricos. O segundo de não responder, efetivamente, sobre
processos de aprendizagem, por que as médias anulam a visão sequencial, gradativa e de Conjunto das
aprendizagens construídas pelos educadores/ educandos ao longo de um período ou ano letivo." (p.
169-170)

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