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Aula 5 – Esforços Internos ESTABILIDADE 48 Aula 5: Esforços Internos Foi visto, nas aulas anteriores, como um sistema de forças encontra seu equilíbrio, através das reações de apoio, quando solicitado por carregamentos que as provocam. Agora serão conhecidos os efeitos que essas cargas e reações imprimem em cada seção da estrutura solicitada. 1. Introdução Dado um corpo rígido sujeito a carregamentos combinados, as forças externas são convertidas em ações a exemplos de: compressão, tração, cisalhamento, flexão dentre outras. Ao tentar romper uma estrutura, existem forças contrárias, já descritas pela 3ª lei de Newton. Para estrutura estar em equilíbrio as forças internas também deverão obrigatoriamente estar em equilíbrio. Os esforços internos encontrados nas estruturas, são caracterizados por ligações internas de tensões, ao longo de uma seção transversal. Aula 5 – Esforços Internos UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS 49 Em uma seção qualquer, para se manter o equilíbrio, as forças atuantes no lado esquerdo devem ser iguais às forças atuantes no lado direito: Uma seção S de uma estrutura em equilíbrio está submetida a um par de forças F e – F e um par de momentos M e – M aplicados no seu centro de gravidade, resultantes dos esforços atuantes à direita e à esquerda da seção. Decompondo a força resultante e o momento em duas componentes, uma perpendicular e a outra paralela à seção, teremos: Assim, têm-se os seguintes esforços solicitantes: • N = força normal (força perpendicular à seção S); • Q = esforço cortante (força pertencente à seção S); • T = momento torçor (momento perpendicular à seção S); • M = momento fletor (momento pertencente à seção S). Aula 5 – Esforços Internos ESTABILIDADE 50 1.1. Esforço Normal (N) É a soma algébrica de todas as componentes, na direção normal à seção, de todas as forças atuantes de um dos lados da seção. Por convenção, o esforço normal é positivo quando determina tração e negativo quando determina compressão. 1.2. Esforço Cortante (Q) É a soma vetorial das componentes sobre o plano da seção das forças situadas de um mesmo lado da seção. Por convenção, as projeções que se orientarem no sentido dos eixos serão positivas e nos sentidos opostos, negativas. 1.3. Momento Fletor (M) É a soma vetorial das componentes dos momentos atuantes sobre a seção, situados de um mesmo lado da seção em relação ao seu centro de gravidade. Aula 5 – Esforços Internos UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS 51 No caso de momento fletor, o sinal positivo ou negativo é irrelevante, importante é determinar o seu módulo e verificar onde ocorre compressão e tração. O momento torçor não será estudado neste curso. 2. Método das Seções Imagine-se uma estrutura qualquer com forças aplicadas; considerando que as partes do corpo têm de estar em equilíbrio quando o corpo o está, e fazendo-se um corte imaginário perpendicular ao eixo da viga, qualquer parte da viga poderá ser considerada como um corpo livre. Cada um dos segmentos da viga está em equilíbrio, cujas condições exigem a existência de um sistema de forças na seção de corte da viga. Em geral, na seção de uma viga, são necessários uma força vertical, uma horizontal e um momento para manter a parte da viga em equilíbrio. A representação gráfica dos esforços internos em qualquer ponto da viga, representados em função de uma distância x a partir de uma das extremidades da mesma, se dá através dos chamados diagramas de estado ou diagramas de esforços internos. Por meio desses diagramas é possível a determinação dos valores máximos absolutos do esforço cortante, do momento fletor e do esforço normal. Aula 5 – Esforços Internos ESTABILIDADE 52 O Cálculo dos Esforços Solicitantes (Solicitações Internas) é o cerne do curso de Estabilidade, pois através de um bom entendimento do conceito de esforços solicitantes é que se pode garantir subsídios para o estudo da Introdução à Resistência dos Materiais, que terá conceitos envolvidos em 2 aulas nesta disciplina. 2.1. Definições Inicialmente, imagina-se que uma barra rígida AB qualquer está sendo seccionada. Neste exemplo a barra possui 6m e a secção ocorre a 2m de A, entretanto, a secção poderia ser feita em qualquer ponto da barra. O corte será chamado de α. As intensidades das reações nos apoios já são conhecidas e indicam que o corpo está em equilíbrio. Porém, ao se efetuar um corte qualquer, para que as partes isoladas pelo corte permaneçam em equilíbrio, devem aparecer alguns esforços internos, que são desconhecidos. Aula 5 – Esforços Internos UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS 53 Pode-se dizer, portanto, que no centro de gravidade desta seção devem aparecer esforços internos resultantes de força e de momento, que mantém o corpo isolado em equilíbrio. Analogamente ao cálculo das reações nos vínculos, onde são somadas forças em x e y, e também são calculados momentos, os esforços internos devem ocorrer em x e y, e gerar um momento. As resultantes nas seções de corte de ambos os lados devem ser tais que reproduzam a situação original quando as duas partes forem ligadas novamente, ou seja, pelo princípio da ação e reação, devem ser de mesmo módulo, mesma direção e sentidos opostos. 2.1.1. Definição do Esforço Normal Como visto em tópico anterior, Esforço Normal é a força atuante no sentido da peça, a qual pode ser calculada a partir da tensão normal na seção. O efeito do Esforço Normal será de provocar alongamentos ou encurtamentos na peça, mantendo suas seções transversais planas e paralelas. É indicado pela letra “N”. O exemplo abaixo ilustra a grosso modo como o Esforço Normal atua em uma barra qualquer. As linhas pontilhadas representam as dimensões da barra antes do esforço: Aula 5 – Esforços Internos ESTABILIDADE 54 Em posse da ideia de Esforço Normal, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em um exemplo de aplicação. Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e sendo solicitada por uma força de intensidade F: Reação no vínculo: ∑ Fx = 0 → F – RHA = 0 → RHA = F Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se: Somando forças em x, obtém-se o valor do esforço interno, neste caso, o Esforço Normal: ∑ Fx = 0 → N - F = 0 → N = F 2.1.2. Definição de Esforço Cortante Esforço Cortante, como visto, é a força perpendicular à peça, calculada a partir da tensão cisalhante na mesma. O efeito do Esforço Cortante é o de provocar o deslizamento linear, no sentido do esforço, de uma seção sobre a outra infinitamente próxima, acarretando o corte ou cisalhamento da mesma. É indicado pela letra “Q”. O exemplo abaixo ilustra a grosso modo como o Esforço Cortante atua em uma barra qualquer. (Q = esforço cortante; ∆x e ∆y = deformações da barra devido à ação do esforço cortante). Aula 5 – Esforços Internos UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS 55 Em posse da ideia de Esforço Cortante, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em um exemplo de aplicação. Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e sendo solicitada por uma força de intensidade P: Reação no vínculo: ∑ Fy = 0 → RVA – P = 0 → RVA = P Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se: Aula 5 – Esforços Internos ESTABILIDADE 56 Somando forças em y, obtém-se o valor do esforço interno, nestecaso, o Esforço Cortante: ∑ Fy = 0 → - Q + P = 0 → Q = P 2.1.3. Definição de Momento Fletor O Momento Fletor é definido como a soma vetorial dos momentos provocados pelas forças externas de um dos lados da seção tomada como referência, em relação a um eixo nela contido, no caso, o eixo z. O Momento Fletor tende a flexionar a peça, como resultado de tensões normais de sinais contrários na mesma seção, ou seja, tende fazer a seção girar sobre um eixo localizado no seu próprio plano, comprimindo uma parte e distendendo a outra. É indicado pela letra “M”. O exemplo abaixo ilustra de forma grosseira como o Momento Fletor atua em uma barra qualquer. As linhas pontilhadas representam as dimensões da barra antes do esforço: A deformação máxima ou parecela Δy da imagem é a chamada Flecha Máxima, e será importante nas aulas futuras de dimensionamento de estruturas.Em posse da ideia de Momento Fletor, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em um exemplo de aplicação. Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e sendo solicitada por um momento de intensidade MF: Aula 5 – Esforços Internos UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS 57 Reação no vínculo: ∑ M = 0 → MA – MF = 0 → MA = MF Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se: Somando momentos em relação ao corte α, obtém-se o valor do esforço interno, neste caso, o Momento Fletor: ∑ Mα = 0 → - M + MF = 0 → M = MF 2.2. Convenções de sinais para “N”, “Q” e “M” A convenção dos sinais é um conceito de extrema importância para o estudo dos esforços solicitantes, pois é a partir da referência destes dados que se inicia todo o processo de cálculo. Deve-se ter muita atenção quanto a estas convenções. Para facilitar os cálculos, recomenda-se adotar as seguintes convenções: • Esforço Normal: É positivo quando de tração (distendendo a barra) ou negativo quando de compressão (comprimindo a barra). Lembrar de Treliças. • Esforço Cortante: É positivo quando as projeções se orientam nos sentidos dos eixos (sentido horário), ou negativo, caso contrário. • Momento Fletor: É positivo se tracionar as fibras inferiores da barra ou negativo, caso contrário. Baseado e adaptado de M árcio Varela, André Christoforo, Cássio Simioni, Rodrigo M ero Sarmento da Silva. Edições sem prejuízo de conteúdo.
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