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MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 1 ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL • Neste processo de identificação, exigem-se não só conhecimentos e técnicas médico- legais, como também entendimento de suas ciências acessórias • Sempre é feita por legistas • Pode ser efetuada quanto aos seguintes aspectos: espécie, raça, sexo, idade e estatura ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL: ESPÉCIE • Em relação a espécie, quando encontramos um animal vivo ou morto, com uma configuração normal, a identificação é uma tarefa fácil. Mas, às vezes, temos apenas fragmentos ou situações que envolvem carbonização, soterramento, etc., que dificultam a conclusão final. 1) OSSOS: o A distinção entre os ossos de animais e do homem: morfologicamente, pelo exame de suas dimensões e caracteres que os tornam diferentes o Microscopicamente, a diferença é dada pela análise da disposição do tamanho dos canais de Havers, que são em menor número e mais largos no homem, com até 8 por mm² o Nos animais, são mais estreitos, redondos e mais numerosos, chegando a 40 mm² o Finalmente, pelas reações biológicas, usando-se as provas de anafilaxia, fixação do complemento e soroprecipitação Canais de Havers 2) SANGUE MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 2 o A primeira providência é saber se o material mandado a exame é sangue o Técnica: procura dos Cristais de Teichmann o Coloca-se um pouco do material sobre a lâmina, deita-se uma gota de ácido acético glacial, levando-a ao calor para uma evaporação lenta. Em seguida, leva-se a lâmina ao microscópio e, nos casos positivos, observa-se a presença dos cristais (de forma rômbica, alongados, cor de chocolate, isolados ou em grupos ou em forma de charuto ou de roseta) o Outra técnica disponível é a Técnica de Addler, na qual é empregada uma solução saturada de benzidina em álcool a 96º ou em ácido acético o Nos casos positivos, aparece uma cor azul-esverdeada, a qual se transforma imediatamente em azul-intenso ✓ Se for sangue: faz-se a identificação específica: o Ou seja, terei que diferenciar se é uma hemácia do homem ou de outro vertebrado o Para isso, iremos analisar outros meios de identificação, como a forma e dimensão dos glóbulos sanguíneos e a presença ou não de núcleos: ▪ Mamíferos: hemácias anucleadas e circulares; ▪ Homem: medem, aproximadamente, 7 micra; ▪ Demais vertebrados: nucleados e elípticas o Porém, o método mais seguro é o da albuminorreação ou processo de Uhlenhuth (coloca-se o sangue pesquisado em contato com o soro preparado com diversos animais) o A consecução do soroprecipitante para o antígeno humano dá-se com o soro sanguíneo humano recente MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 3 o Então, o primeiro passo é definir se é sangue ou não. Depois disso, se realmente se tratar de sangue, devemos especificar, através das características da hemácia e do método de Uhlenhuth, se são hemácias de outros animais ou do próprio homem. ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL: RAÇA • Outra forma que proporciona a possibilidade de identificação é a partir de características que vão permitir reconhecer a raça • No Brasil não existe um tipo definido, mas já existem tipos étnicos fundamentais: 1) CAUCASIANO: o Pele branca; o Cabelos lisos ou crespos, castanhos ou loiros; o Íris azul ou castanha; o Contorno craniofacial anterior ovoide; o Perfil facial ortognata e ligeiramente prognata 2) MONGÓLICO: o Pele amarela; o Cabelos lisos; o Face achatada de diante para trás; o Fronte larga e baixa; o Espaço interorbital largo; o Maxilar pequeno; o Mento saliente; 3) NEGROIDE: o Pele negra; o Cabelos crespos em tufos; o Crânio pequeno; o Perfil facial prognata; MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 4 o Fronte alta e saliente; o Íris castanha; o Nariz pequeno, largo e achatado com narinas afastadas e circulares; 4) INDIANO o Pele amarelo trigueira (tende ao avermelhado); o Estatura alta; o Cabelos pretos, lisos, espessos e luzidios; o Íris castanha o Crânio mesocéfalo; o Supercílios espessos; o Nariz saliente, estreito e longo; 5) AUSTRALÓIDE o Pele trigueira; o Prognatismo maxilar e alveolar; o Mento retraído; o Crânio dolicocéfalo; o Nariz curto e largo ▪ Elementos de caracterização racial: 1) Forma do crânio: o Visto de cima para baixo: dolicocrânio (1-longo), braquicrânio (2-curto) e mesocrânio (3-médio) o Visto de diante para trás: esternocrânio (alto e estreiro), tapinocrânio (baixo e largo), metriocrânio (intermediário) o Visto lateralmente: hipsicrânio (alto), platicrânio (baixo), mediocrânio (médio) MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 5 2) Índice cefálico: Fórmula de Retzius = Largura.100/Comp. Crânio ▪ Dolicocéfalo: ≤ 75 ▪ Mesaticéfalo: ≥ 75, ≤ 80 ▪ Braquicéfalo: ≥ 80 3) Índice tibiofemoral = comprimento da tíbia x100 / comprimento do fêmur ▪ Brancos: ≤ 83 ▪ Negros: ≥ 83 4) Índice radioumeral = comprimento do rádio x100 / comp. Úmero ▪ Negros: ≥ 80 ▪ Brancos: ≤ 75 ❖ Melhor resultado no processo de identificação se utilizar os métodos de forma conjunta, e não isolada. ❖ OBS.: Usados para saber se ossos pertencem ao mesmo esqueleto MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 6 5) Ângulo facial ▪ Segundo Jacquart: o ângulo é dado por uma linha que passa pelo ponto mais saliente da fronte e pela linha nasal anterior, e por outra linha que vai da espinha nasal anterior ao meio da linha medioauricular. ▪ Ângulo de Curvier: uma linha que passa pela parte mais saliente da fronte até o ângulo dentário superior, e por outra linha que vai do ângulo dentário superior até o conduto auditivo externo. ▪ Ângulo de Cloquet: uma linha que vai da parte mais saliente da fronte até o ponto alveolar, e outra linha que vai do ponto alveolar até o conduto auditivo externo. 6) Anatomia dentária do primeiro molar inferior: 76,5º MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 7 ▪ 1. Mamelonada (raça branca) ▪ 2. Estrelada (raça negra) ▪ 3. Intermediária (raça amarela) Obs.: Mulatos – nas cúspides intermediárias podem ter combinação da pele. ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL: SEXO A partir dos seguintes aspectos: • Morfológico: configuração fenotípica • Cromossomial: avaliação do cariótipo (48 XY, 46 XX) • Gonodal: testículos e ovários • Cromatínico: presença de corpúsculo de barr ✓ Se Corpúsculos de Barr positivos: feminino ✓ Se Corpúsculos de Barr negativo: (masculino) 1. Sexo de identificação ou psíquico ou comportamental ou moral o Quando usamos dados a partir de como o indivíduo se identifica o Identificação que o indivíduo faz de si próprio e reflete no comportamento 2. Sexo da genitália externa: o Homens: pênis e escroto o Mulheres: vulva, vagina e mamas o Existem situações em que é preciso identificar características internas: ✓ Homem: Ducto de Wolff ✓ Mulher: Ducto de Muller ✓ Muitas vezes não é necessário, pois se consegue fazer a identificação a partir de outros aspectos MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 8 3. Sexo Jurídico: o O que consta no registro civil 4. Sexo médico legal: o É fácil realizar a identificação em um ente normal, já que você tem os achados e características bem definidas, sem grandes alterações o No entanto, há casos que é necessário um exame mais apurado, constatado por perícia médica ▪ Genitália externa dúbia ▪ Em caso de cadáver mutilado ou em fase de putrefação pesquisa-se o sexo gonadal o Usa-se de pesquisa de cromatina sexual ou corpúsculo de Barr nas situações abaixo: ▪ Avançado estado de putrefação (um dos mais comuns) ▪ Destruição da genitália externa ▪ Preservação apenas do esqueleto ▪ Estados intersexuais ▪ Pseudo-hemafroditismoMATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 9 5. Esqueleto do homem: • Outra forma que permite a identificação do sexo é a análise de características do esqueleto • No homem, geralmente é maior, mais resistente e com extremidades articulares maiores • Tórax: aspecto de cone invertido no homem e ovóide na mulher • Cintura pélvica: predominância na mulher (enquanto predomina no homem a cintura escapular) • Predomínio de dimensões verticais no homem • Ângulo sacrovertebral mais saliente na mulher (Não consegui achar a imagem em alta qualidade) 6. Crânio masculino • Espessura maior • Processo mastóide mais saliente • Glabela mais pronunciada • Arcos superciliares mais salientes • Mandíbula mais robusta • Articulação fronto-nasal angulosa • Rebordo supraorbitário rombo ✓ Características anatômicas: MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 10 7. Craniômetro: material muito usado • Aparelho que permite a estabilização do crânio, podendo aferir medidas com precisão • Se a somatória de todas as medidas for menor do que 1000 mm o crânio é feminino 8. Dimorfismo sexual: • Ângulo da mandíbula (M=127’’, H=124’’) • Distância entre os forames infraorbitários (M=58mm, H=61mm) • Índice de Baldoin: resultado duvidoso o (ela não explicou essa parte) 9. Mandíbula: medidas mais específicas para a diferenciação do que as do crânio MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 11 10. Sexagem fetal: • Quando há a necessidade de determinar o sexo do feto, durante a gestação • Realiza-se a partir da oitava semana • Busca cromossomo Y no sangue da mãe ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL: IDADE 1) Vida intrauterina • Verificação por estatura e Raio X • 1º ao 3º mês: crescimento de 6 cm ao mês • 4º em diante: crescimento de 5,5 cm ao mês • Crianças nascidas a termo: possuem ponto de ossificação de Blecard (4- 5mm), arroxeado e localizado na extremidade distal do fêmur, em cima da cartilagem • Tabela de Told – calcula a possibilidade de idade fetal (não precisa decorar) 2) Outros critérios: também auxiliam na suposição da idade • Aparência; MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 12 • Pele: rugas a partir dos 25-30 anos, localizadas, principalmente em comissuras • Pelos: ▪ Meninas – pelos pubianos surgem em torno de 12-13 anos, já os axilares surgem 2 anos após pubianos ▪ Meninos – pelos pubianos surgem em torno de 12-15 anos • Olho: ▪ Arco senil: faixa periférica e acinzentada na córnea, presente em 20% em quadragenários e 100% em octogenários. Algumas doenças podem ocasionar o aparecimento do arco senil de forma mais precoce. ▪ Arcus córnea/arcus senilis: composição – colesterol, triglicerídeos, fosfolipídeos, mais presente em homens, diabéticos, hipertensos e carências vitamínicas • Dentes: a partir de 5 meses ▪ Fórmula dentária: 16 superior/16 inferior > 18 anos ▪ 14 superior/14 inferior 14-18 anos ▪ 12 superior /12 inferior < 14 anos • Radiografia dos ossos: epífise radial surge em torno do 18º-24º mês da vida, na ulna dos 5-8 anos, no escafóide 8-9 anos, pisiforme 10-13 anos, semilunar e piramidal 4-7 anos, trapézio e trapezóide 5-8 anos, capitato e hamato 4-5 anos • Determinação radiológica da idade óssea (só para saber que existe, posteriormente poderá ser consultado) MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 13 • Estudo comparativo da mineralização dos ossos do carpo com radiografias padronizadas (melhor segurança: trapezoide) • Resultado por avaliação de áreas em milímetros quadrados e pela maturidade de ossificação obtida em ossos do carpo ▪ Em mulheres: soldadura do rádio entre 18-19 anos ▪ Homens: entre 20-21 ▪ Mulheres: soldadura da ulna entre 17-18 anos ▪ Homens: entre 19-20 • Perda dos dentes e reabsorção óssea senil: implica na redução do tamanho da mandíbula e maxila ✓ Portanto, o ângulo mandibular é reduzido ao passar do tempo: ▪ 150º feto ▪ 135º recém nascido ▪ 130º de 0-10 anos MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 14 ▪ 123º 20-30 anos ▪ 125º 30-50 anos ▪ 130º acima de 70 anos • Suturas cranianas ▪ Se a gente for fazer uma análise das suturas, percebemos a presença das suturas na face interna e na face externa. A sua observação com o passar do tempo, vai auxiliar na determinação da idade. ➢ IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL: ESTATURA • Dispondo de ossos longos dos membros, podemos diferenciar sexo feminino do masculino: baseada na tábua osteométrica de Broca • Pode-se utilizar também as Tabelas de Étienne-Rollet: ▪ Permite presumir a estatura do indivíduo, de acordo com o comprimento dos principais ossos MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 15 • Classificação de Berto Freire: utiliza como base para estimativa de estatura as medidas do úmero, rádio, fêmur e tíbia ▪ Pode estar associado com outras tabelas, para dar maior segurança em termos de análise ➢ OUTRAS FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO MÉDICO LEGAL • Além dos critérios de espécie, raça, sexo, idade e estatura, podemos analisar por outros meios • Sinais individuais • Malformações • Sinais profissionais - ex.: calos em pessoas que trabalham muito com as mãos • Biotipo: ultimamente não tem oferecido tantos dados mais na identificação forense • Tatuagem • Cicatrizes: interesse não só na identificação, mas também na análise de fatos que possam ter ocorridos. MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 16 • Identificação pelos dentes: ajuda, principalmente, na situação de situação de carbonizados. • Todo e qualquer sinal apresentado será útil na avaliação, mas não de forma isolada, e sim, junto de outros aspectos ➢ IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA Composta por: • Processos antigos • Fotografia simples • Retrato falado • Sistema antropométrico de Bertillon • Sistema datiloscópico de Vucetich ➢ IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA – PROCESSOS ANTIGOS • Ferrete: talvez o primeiro processo de identificação usado pelo homem. Muitas vezes, a pessoa cometia um crime e recebia a marca, que já era pré- determinada de acordo com o motivo • Mutilação – por exemplo, na época do Código de Hamurabi, a pessoa que cometia um roubo tinha a mão amputada. Assim, era possível realizar uma identificação ❖ IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA – SISTEMA ANTROPOMÉTRICO DE BERTILLON • Alphonso Bertillon – polícia de Paris MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 17 • Bertilhonagem: processo de identificação, o qual utiliza medições antropométricas, fotos padronizadas, sinais, cor, defeitos físicos, envergadura, altura do busto, comprimento do antebraço, etc. • É um sistema já ultrapassado, mas contribuiu muito com esses achados. ❖ IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA – SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH • O sistema datiloscópico de Vucetich foi desenvolvido em 1891 • No Brasil, começou a ser utilizado em 1903 • A datiloscopia é a ciência que trata do exame das impressões digitais • Base da classificação do sistema: impressão do polegar da mão direita. A partir disso, existe toda uma organização em relação aos demais dedos. • Existem características, como a porção delta e o núcleo • Dois delta formarão um verticilo • Presilha externa é quando temos um delta à esquerda do observador e um núcleo no sentido contrário ao delta • Presilha externa é quando o delta está à direita do observador e o núcleo no sentido contrário • O arco não apresenta o delta MATÉRIA: PATOLOGIA AULA: ANTROPOLOGIA PT. 2 DATA: 02/06 18 • É um método de grande valia • Apresenta os requisitos essenciais de um bom método: unicidade, praticabilidade, classificabilidade e imutabilidade • Não possui perenidade,ou seja, capacidade de resistir a ação do tempo. Já que fenômenos putrefativos eliminam as características que podem ser identificadas na datiloscopia
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