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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Propriedades Químicas e Biológicas dos Materiais Dentários Propriedades Químicas - Cada material tem suas propriedades químicas bem definidas, com bastante especificidade, assim como as biológicas, mas existem alguns pontos mais genéticos; → Degradação de Materiais - A cavidade oral é um ambiente inóspito para qualquer tipo de material restaurador, sendo um ambiente que apresenta umidade, acidez – variante, dependendo da alimentação, condições sistêmicas, hábitos de higiene – e gradientes de concentração; !!! Umidade: Predispõe a dissolução, com ela há uma liberação de componentes solúveis – isso pode modificar a biocompatibilidade do material – e a corrosão dos materiais; !!! Acidez: Na presença da acidez pode-se ter uma erosão, não só dos tecidos dentários, mas também dos materiais; !!! Gradiente de Concentração: Predispõe descoloração, degradação química e manchamento dos materiais; !!! Degradação de Polímeros - Resinas compostas, ao serem inseridas e polimerizadas irão sofrer sorpção de água, essa presença das moléculas de água dentro do material vai favorecer a ruptura de união – não só no encontro dente-restauração, mas também dos componentes que formam o material; - Além da presença de água, o calor e o ataque químico – ácidos bacterianos ou de origem endógena – também irão favorecer o rompimento das cadeias poliméricas, essa ruptura irá repercutir em uma série de propriedades do material restaurador: diminuindo a rigidez e, consequentemente, a resistência dele, gerando descoloração, degradação hidrolítica, liberando produtos citotóxicos, que reduzirão a biocompatibilidade; !!! Manchamento e Corrosão de Metais - Os materiais metálicos sofrerão um fenômeno diferente, sendo os principais o manchamento e a corrosão; - Fatores Predisponentes: Umidade da cavidade bucal, diferenças de temperatura, ingestão de alimentos e líquidos com extrema variação de pH – desafiam quimicamente a estabilidade dos materiais – e ácidos digestivos – pacientes com refluxo, transtornos alimentares geram formação de ilhas mais elevadas do metal frente a erosão química do dente; - Corrosão: Processo químico ou eletroquímico – se houver a presença de um eletrólito – através do qual um metal é atacado por agentes naturais, como água e ar, resultando em dissolução, deterioração, ou enfraquecimento parcial ou completo de qualquer substância sólida de origem metálica. Existem alguns tipos de corrosão: !!! Oxidação Seca (Química): O metal, na presença do oxigênio forma um óxido – metal + oxigênio → óxido do metal. Essa oxidação não se constitui como uma corrosão eletroquímica, pois não há eletrólitos – solução aquosa que permitir o movimento dos íons. Esse tipo de oxidação não ocorre na cavidade bucal; !!! Oxidação Úmida (Eletroquímica): Envolve transferência de elétrons, portanto são reações anódicas e catódicas, ou seja, vão haver reações de oxidação e redução gradativamente, na presença de uma solução que permita o movimento dos íons. Resumidamente, o meio aquoso favorece a saída dos elétrons do metal para o meio, eles, estando no meio, o carregam negativamente e atraindo novos íons do material para o meio, cria-se então um ciclo vicioso. Essa é a oxidação que ocorre na cavidade oral; !!! Oxidação Galvânica: Dois metais diferentes são combinados, resultando na corrosão. Esta, é significativamente mais elevada em um dos metais. Ex.: Uma peça de cobre e outra de ferro em contato com a água salgada, por ter maior tendência a se oxidar, o Fe sofrerá corrosão mais intensa do que a que sofreria se estivesse sozinho no meio; !!! Oxidação por Célula de Concentração: Quando há uma fenda acentuada ou um espaço preenchido por fluido, o material metálico é perdido de maneira mais intensa na base da fenda – tem-se um ataque mais concrentrado nessa área; - Manchamento: Não ocorre uma destruição ou deterioração do metal, assim como na corrosão, mas pode ser um precursor desse processo. No manchamento, conhecido também como deslustre – áreas mais opacas – há a formação de uma camada superficial de sulfeto de prata não relacionado à integridade estrutural do metal – no amálgama. Nesses casos, basta realizar um novo acabamento e um polimento que a camada superficial de óxido será removida. Propriedades Biológicas → Biocompatibilidade - A biocompatibilidade refere-se à qualidade do que é harmonioso com a vida, aquilo que não possui efeitos tóxicos ou prejudiciais às funções biológicas; - Os materiais devem passar por protocolos específicos antes de serem aceitos para a comercialização e utilização. A depender do país, da região, da legislação se terá uma sequência de exigências até que os materiais sejam aceitos e interpretados como biocompatíveis e seguros para o uso; 1° Desenvolvimento do produto; 2° Testes laboratoriais; 3° Compatibilidade tecidual; - Em relação a biocompatibilidade dos materiais dentários, é importante entender que: a relação entre material e organismo é bastante dinâmica, para ser considerado biocompatível, eles devem se relacionar de tal forma que ambos não produzam efeitos indesejáveis; - Um outro conceito para biocompatibilidade é o que entende ela como a capacidade de um material desencadear uma resposta biológica apropriada em uma certa aplicação no organismo; !!! O que se espera do material? É importante pensar não só a biocompatibilidade, mas também o que se espera que o material faça. Ex.: Cimento de hidróxido de cálcio, espera-se que ele estimule a formação de uma barreira dentinária e mantenha a saúde pulpar; !!! Que reações os materiais dentários podem estimular no organismo? - Resposta Inflamatória: Aguda ou crônica; - Respostas Alérgicas: Elas não são dose dependentes e o que se tem é uma resposta exacerbada a um estímulo que normalmente não traria prejuízos. Dentre os materiais que tem amplo poder de desencadear essas respostas estão as resinas acrílicas – usadas em restaurações provisórias de cobertura total, elas perdem bastante componentes monoméricos, favorecendo a reação alérgica – resinas compostas, metais e látex; - Respostas de Toxicidade: Potencial de um material, relacionado à dose, causar morte de células ou de tecido. Ex.: Ácido fosfórico – usado na preparação dos dentes para restaurações com resina composta – gel clareador – se em contato com a gengiva; - Respostas Mutagênicas: Materiais que tem o potencial de alterar a sequência de pares de bases do DNA celular – é diferente de carcinogenicidade, que é a capacidade de causar tumores, o material em si não tem capacidade para isso, mas pode ser um fator predisponente, um exemplo é o gel clareador – que normalmente o organismo consegue corrigir ou são “irrelevantes”; !!! Material Biocompatível: Não prejudica à polpa ou tecidos moles, não contém substânias tóxicas dispersíveis, é livre de agentes sensibilizantes e não tem potencial carcinogênico; - Outro conceito ligado a biocompatibilidade, mas que é um conceito mais profundo é o biomaterial: qualquer material, exceto medicamentos, que possa ser utilizado durante um período de tempo indeterminado, como parte de um tratamento, estimulando a reparação tecidual, funcional ou orgânica; OBS.: Nem todo material biocompatível é um biomaterial. !!! Mensuração da Biocompatibilidade: Existe uma sequência de testes que os fabricantes devem fazer até que se chega à conclusão – se é ou não biocompatível. Eles são divididos em três grupos: - Grupo I: Testes in vitro, requerem o contato do material com células – uma cultura de células – enzimas ou qualquer sistema biológico fora do organismo vivo. Após ser colocado o material em contato com esses sistemas, irão ser escolhidos os melhores parâmetros, para definir a citotoxicidade, sendo eles, crescimento celular, metabolismo celular, mutagenicidade; - Grupo II: Testes in vivo.Nesses testes avalia-se a irritação mucosa, a sensibilização da pele, a mutagenicidade e a implantação, geralmente usando-se cobaias ou outras metodologias que substituem. Ex.: Teste de implantação – avalia-se uma resposta do tecido, por meio de preparações histológicas do tecido no qual se implantou o material; - Grupo III: Testes de uso – teste na população. Utilizados na avaliação do desempenho e reações locais/sistêmicas em condições clínicas normais – utilizando cobaias maiores ou voluntários humanos; - Deve-se fazer uma avaliação global, levando em consideração os resultados obtidos nos três grupos; !!! Comercialização dos Produtos: Cada país tem regras específicas, nos EUA, os materiais, ainda na indústria, devem passar por testes primários e secundários, dependendo dos resultados dos testes a comercialização será liberada ou não, o fabricante tem então 7 anos para comprovar a segurança e eficácia biológica, laboratorial e clínica do material, após isso, se comprovado tudo isso, é que obtém a aprovação; → Biocompatibilidade de Materiais Restauradores - O fator profundidade da cavidade é fundamental para modular a biocompatibilidade do material – por exemplo, a resina composta numa cavidade mais rasa, ela terá um tipo de biocompatibilidade, e numa cavidade mais profunda ela terá outra – e a permeabilidade – quanto mais profundo, mais numerosos são os túbulos dentinários (na dentina), aumentando a permeabilidade da dentina ao material.
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