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História da Língua Portuguesa no Brasil

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História da Língua Portuguesa: alguns 
apontamentos
APRESENTAÇÃO
Você já percebeu como a língua portuguesa vem se delineando em relação ao tempo e ao espaço 
no nosso território brasileiro?
Para entender sua perspectiva no ensino de língua materna, é preciso entender a pedagogia em 
uma sala de aula de língua materna, no caso, sala de aula do Português Brasileiro.
Nesta Unidade de Aprendizagem, serão apresentados os conceitos sobre preconceito linguístico 
e as diferenças entre a língua portuguesa e o português brasileiro. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a origem da língua portuguesa e a importância do seu estudo.•
Identificar as diferenças entre a língua portuguesa e o português brasileiro.•
Relacionar as variações da língua portuguesa de forma didática.•
DESAFIO
É comum em uma aula de língua portuguesa, como língua materna no Brasil, comentários 
preconceituosos em relação às variantes brasileiras faladas e ortográficas em cada Estado do 
nosso país. Esses comentários quase sempre se baseiam na variante portuguesa para 
comparações.
Como você lidaria com essa questão, entendendo a identidade linguística do português 
brasileiro?
Para resolver este desafio, aponte e explique a forma como o educador deve proceder nesta 
situação.
INFOGRÁFICO
Pela perspectiva saussuriana, entendemos que a língua é um sistema que pode ser alimentado 
pela fala. A fala é o momento de produção da língua, que pode movimentar-se em relação aos 
novos contatos que lhe é propiciado.
Desse modo, no desenho, você vai ver como a língua portuguesa surgiu e se modificou através 
da fala (vernáculo) até chegar ao português brasileiro. Além disso, vai perceber que há formas 
de ensinarmos a língua portuguesa em diferentes perspectivas da gramática. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A língua portuguesa tal como a conhecemos passou por um longo e complexo processo 
evolutivo que ainda hoje merece ser estudado. Nesse capítulo conheceremos o contexto 
histórico que possibilitou o desenvolvimento do português brasileiro e suas diferenças com o 
português europeu. 
Bons estudos!
METODOLOGIA 
DO ENSINO DA 
LINGUAGEM 
Roberta Spessato
História da língua 
portuguesa: alguns 
apontamentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a origem da língua portuguesa e a importância do seu 
estudo.
  Identificar as diferenças entre a língua portuguesa e o português 
brasileiro.
  Relacionar as variações da língua portuguesa de forma didática.
Introdução
Um dos maiores desafios das aulas de português diz respeito, sem dú-
vida, ao tratamento que o professor deve dar à variação linguística e aos 
saberes gramaticais. Para que os desafios não sejam tão perturbadores, 
é preciso conhecer não somente a origem da língua portuguesa, mas 
também contrastá-la com a sua história no Brasil.
Neste capítulo, você vai estudar a origem da língua portuguesa. Você 
também vai ver quais são as principais diferenças entre a língua portu-
guesa europeia e a brasileira. Além disso, vai conhecer alguns contrastes 
entre ambas.
1 A origem da língua portuguesa
Os estudos linguísticos representam uma das mais antigas ciências exis-
tentes na humanidade. Neves (2004) pontua que os primeiros estudos sobre 
a natureza da linguagem foram desenvolvidos pelos gregos por volta do 
século V a.C.
Nas primeiras manifestações investigativas, a língua era estudada em uma 
perspectiva filosófica, em que representava a expressão do pensamento. Aos 
poucos, questionamentos sobre flexão verbal, estruturas e outros elementos 
foram surgindo, juntamente às transformações linguísticas. De acordo com 
Silva (1996), foi com o latim clássico, em Roma, no século I d.C., que ocorre-
ram os primeiros estudos gramaticais de uma língua diferente do grego. Com 
os estudos atuais, sabe-se que a língua é um reflexo social e uma forma de 
imperialismo e unificação cultural.
O Império Romano e a sua dominação foram decisórios para a formação das 
línguas neolatinas atuais. Os romanos, além de estudiosos, desenvolveram o con-
ceito de civilização e deixaram várias construções como legado. A sua dominação 
não foi repentina; pelo contrário. Estudos alegam que os romanos chegaram à 
península por volta de 206 a.C. e, desde então, iniciaram um processo de dominação 
territorial. Com essa dominação, a língua latina foi imposta em todo o território. 
Assim, após séculos de plurilinguismos, diversos idiomas foram deixando de ser 
usados pelos habitantes, e o latim passou a ser a língua predominante.
Embora tenha existido uma imposição linguística, a sociedade compro-
vadamente se modifica, e a língua é um dos espelhos sociais; ou seja, se a 
sociedade não é uniforme, a língua tampouco o será. Portanto, assim como há 
variantes linguísticas nas línguas contemporâneas (como mostram os estudos 
sincrônicos atuais), o latim também possuía “subdivisões”: o latim clássico e 
o latim vulgar. O primeiro era usado pelas classes dominantes do Império e 
também por poetas, senadores, filósofos, etc. Ele se caracterizava por ser o latim 
correto, culto. O segundo, além de ter características de outros idiomas falados 
pelos povos dominados, era utilizado pelas classes consideradas mais baixas.
Por muitos séculos, Portugal passou por diferentes guerras e invasões; 
concomitantemente, a língua portuguesa foi se transformando até configurar 
o idioma que você conhece atualmente. Segundo Cardeira (2006), há quatro 
fases primordiais para a língua portuguesa: o português antigo ou arcaico, o 
português médio, o português clássico e o português moderno.
No século XIII, no reinado de D. Dinis, o português arcaico foi adotado 
como língua escrita. Esse idioma, de acordo com a autora, foi utilizado no 
pacto de Gomes Pais e Ramiro Pais (1173–1175) e no testamento de Afonso 
II (1214), entre outros documentos escritos em português antigo. No entanto, 
em função da diversidade linguística, ao lado do português antigo, com os 
trovadores, se originava a produção poética galego-portuguesa.
O português médio, não sendo ainda a língua escrita por Camões, floresceu 
no início do século XV. Essa época é fundamental para a autonomia da língua 
portuguesa, pois o seu uso passou a fazer parte da cultura de Portugal. Cardeira 
História da língua portuguesa: alguns apontamentos2
(2006, p. 64) afirma que “[...] um processo de grande expressão do português a 
partir do século XV é a relatinização do português [...]”, pois mesmo que a língua 
portuguesa tenha atingido a sua autonomia em estudos escolares e na universidade 
apenas no século XVII, o primeiro passo foi dado, pelo menos, 200 anos antes. 
Além disso, essa fase se caracterizou por separar o galego do português.
A expansão da língua portuguesa foi resultado da necessidade de afir-
mação nacional e de consolidação de uma nova monarquia, o que ocorreu 
juntamente às grandes navegações. Como você viu, no Império Romano, o 
latim se tornou a língua oficial por uma questão de imposição linguística, 
o que também ocorreu com o português. Somente com a queda do Império 
Romano, com a crise feudal e com a proclamação de independência pelo rei 
D. Afonso Henriques, o país renasceu para uma nova época: a época das 
grandes navegações e dos descobrimentos. A história se repetiu, pois os que 
antes foram dominados passaram a ser os desbravadores e dominadores, e a 
sua dominação incluía a imposição linguística.
A época das grandes navegações foi essencial para a formação do por-
tuguês clássico. Com o avanço das conquistas, os portugueses descobriram 
novas terras, novas línguas e novas realidades. A relação com o catolicismo 
e a necessidade de dominação cultural oficializaram não apenas a língua 
portuguesa, mas também a espanhola. Portugal e Espanha foram duas nações 
muito fortes na época do descobrimento do Brasil. O reino de Castela,que 
deu origem à língua espanhola, se viu diante do mesmo problema de Portugal: 
precisava dominar as novas nações conquistadas. Além disso, segundo Azeredo 
(2001), essa fase foi marcada pelo Renascimento Cultural e Urbano (séculos 
XV a XVIII), e nele surgiram as primeiras gramáticas das línguas vernáculas.
Portanto, a primeira gramática das línguas neolatinas ou românicas foi a 
gramática espanhola, nomeada Gramática de la lengua castellana e escrita por 
Elio Antonio de Nebrija em 1492. Portugal, após chegar ao Brasil, em 1500, 
percebeu a mesma necessidade, então a normatização da língua foi iniciada. 
A primeira gramática da linguagem portuguesa, de Fernão de Oliveira, data de 
1536, enquanto a gramática de João de Barros foi publicada em 1540. Ambas 
foram fortemente inspiradas nas gramáticas clássicas.
Essa fase foi substancial para o português. Junto com a primeira gramática 
do português, o último auto de Gil Vicente é representado e, ainda, nessa 
mesma época, se fundou o Santo Ofício da Inquisição. Gil Vicente estabelece 
a ponte linguística e cultural entre o português médio e o clássico. Além disso, 
a língua não é mais vista pelos portugueses somente como forma de comu-
nicação, mas como objeto em si. Ou seja, a noção da importância linguística 
para a consolidação de um império é estabelecida.
3História da língua portuguesa: alguns apontamentos
O interesse pela língua como objeto a ser estudado, organizado e planifi-
cado é reflexo do Humanismo. As gramáticas e os dicionários surgem de um 
movimento europeu que tinha o objetivo de unificar e defender as línguas 
nacionais. A partir disso, Cardeira (2006, p. 69) afirma que “[...] nacionalismo, 
ideal unificador e expansionista traduzem-se em preocupação com o ensino 
da língua portuguesa. Multiplicam-se as gramáticas, os vocabulários e as 
cartilhas [...]”.
No fim do século XVII, o português era uma língua em expansão, sendo 
disseminado por escritores renomados até os dias atuais. O racionalismo dos 
séculos XVII e XVIII, na óptica de Azeredo (2001), reforçou a ligação entre 
a linguagem e o pensamento, considerando “abusos” ou “imperfeições” tudo 
o que estivesse fora dessa concepção de língua.
Embora os séculos XVII e XVIII sejam momentos importantes para a 
consolidação da língua portuguesa, eles fazem parte de um período transitório. 
O século XVIII simboliza a nova fase do português: o português moderno.
Em 1759, a Companhia de Jesus é expulsa de Portugal e o monopólio educa-
cional jesuítico se acaba. Com isso, constitui-se a Escola dos Nobres e a Academia 
Real da Ciência e reforma-se a universidade. O ensino de língua portuguesa 
e línguas modernas passa a integrar o currículo escolar e pesquisas de cunho 
linguístico começam a fazer parte da educação portuguesa. Uma consequência 
desse ensino foi a fixação da norma culta, o que se reflete até os dias atuais.
Todavia, embora o século XVIII tenha sido substancial para o português 
moderno, Portugal viveu uma história paradoxal em sua existência. Veja:
Quando se inicia o português moderno, no século XVIII, Portugal encontra-se 
dividido entre Europa e Brasil e entre um pensamento conservador e uma nova 
mentalidade. Na Europa, as inovações tecnológicas “iluminavam” o conhe-
cimento; no Brasil, as riquezas agrícolas e minerais atraíam a emigração e 
alimentavam, em Portugal, um trono absolutista e uma aristocracia nobiliária 
e clerical (CARDEIRA, 2006, p. 74).
Essa situação perdurou boa parte do século XVIII, mas a coroa não ima-
ginava que o Brasil, no século XIX, seria oficialmente a sua nova casa. Em 
1808, após a invasão francesa, enquanto a Inglaterra combatia os franceses 
em Portugal, a corte portuguesa se instalou no Brasil.
A história da língua portuguesa, a partir dessa data, é demarcada por uma 
nova fase, da qual fez parte a expansão oficial do português culto de Portugal, 
mas também a identidade nacional do português brasileiro como outra língua. 
Conhecer a história da língua portuguesa europeia e a imposição linguística no 
Brasil é fundamental para a compreensão do português brasileiro falado hoje.
História da língua portuguesa: alguns apontamentos4
As grandes navegações se caracterizam pela sua importância em relação à expansão 
territorial portuguesa. Nessa época (entre os séculos XV e XVI), o português atingiu 
todos os continentes; contudo, mesmo após essa visita, a língua portuguesa se “instalou” 
apenas em alguns locais. O português, em decorrência da colonização, é a língua 
oficial no Brasil, na Angola, na República Democrática de São Tomé e Príncipe, em 
Moçambique, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde.
2 Português lusitano e português brasileiro
A língua é um refl exo da sua comunidade falante. Para Calvet (2002, p. 12), 
“[...] as línguas não existem sem as pessoas que as falam, e a história de uma 
língua é a história de seus falantes [...]”. Embora exista uma suposta unifi cação 
da língua portuguesa, é necessário explicitar que a língua portuguesa lusitana 
e a língua portuguesa brasileira são duas línguas com duas histórias diferentes.
Anteriormente, você conheceu a origem da língua portuguesa lusitana. 
Como você viu, ela se constituiu, oficialmente, há quase 900 anos, ou seja, 
tem praticamente o dobro da idade da língua portuguesa brasileira. Por isso, 
para que você compreenda as diferenças existentes entre as duas vertentes 
do português, é necessário que reflita sobre a história da língua portuguesa 
no Brasil.
A origem do português brasileiro
A história do Brasil, após as grandes navegações e a chegada do homem branco, 
é marcada pelo plurilinguismo, em função de todos os contatos linguísticos 
que aconteceram desde o século XVI. Mello (2011, p. 175) declara que “[...] 
o contato inicial entre os portugueses e os povos indígenas de línguas tupis-
-guaranis levou à formação da língua brasílica, que chegou a ser falada como 
língua materna por parte da população da área que hoje é a cidade de São Paulo 
[...]”. Na óptica de Battisti (2014), na época do Brasil colonial (1530–1815), 
o português teve contato com as línguas indígenas faladas pelos nativos 
brasileiros e as línguas africanas dos mais de quatro milhões de escravos.
Desde 1500, mesmo que a língua oficial do Brasil tenha sido o português, 
o País nunca foi monolíngue. Como você viu, desde a imposição inicial do 
português, a comunidade já falava línguas indígenas, e o contato não se deu 
5História da língua portuguesa: alguns apontamentos
“apenas” com línguas africanas, mas também com outras nações europeias, 
por exemplo, com os espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. E isso se 
refere apenas aos primeiros 300 anos desde o descobrimento. Inclusive, Mello, 
Altenhofen e Raso (2011, p. 13) afirmam que, “[...] ao longo dos mais de 
cinco séculos depois do descobrimento, no território brasileiro, conviveram, 
comunicaram e se misturaram populações ameríndias, europeias, africanas e 
asiáticas. Se a língua-teto foi o português, essa língua conviveu e ainda convive 
em lugares e domínios do repertório com muitas outras [...]”.
Battisti (2014) afirma que foi no Brasil colonial que se consagrou a iden-
tidade nacional, sustentada pela tríade branco, índio e negro. Além disso, 
para a autora, foi também no plano linguístico que surgiram características 
definidoras do português brasileiro, como a colocação de pronomes antes do 
verbo em início de sentença (“Me viu” em lugar de “Viu-me”).
Na visão de Mello (2011), a língua portuguesa se consolidou no Brasil após 
a vinda da família Real, em 1808, e a ampliação da escolarização no século 
XIX. Além disso, para Andreazza e Nadalin (2011), a descoberta do ouro no
século XVIII atraiu a vinda espontânea de outros colonos portugueses sedu-
zidos pela possibilidade de enriquecer com a mineração, o que favoreceu a
ocupação em lugares até então não colonizados, como Goiás e Mato Grosso.
E, obviamente, se fez necessária uma nova leva de importação de africanos.
A situação inicial de plurilinguismo foi gradualmentedesaparecendo, e 
o português, paulatinamente, passou de língua oficial a língua efetivamente
falada por uma população mestiça, na qual o branco sempre ocupou o topo
da hierarquia social. Calvet (2002) afirma que existe um conjunto de atitudes
e sentimentos dos falantes para com as suas línguas, para com as variedades
de línguas e para com aqueles que as utilizam. Ou seja, se o homem branco,
português, ocupa o topo da hierarquia social, a tendência é que a sua língua
seja instaurada paulatinamente na sociedade.
A perspectiva linguística desde 
a independência do Brasil
A família real, que vivia no Brasil desde 1808, após a Revolução Liberal do 
Porto, em 1820, teve de voltar à sua terra de origem. O rei, D. João I, havia 
deixado seu fi lho D. Pedro II como governante representante da corte por-
tuguesa; no entanto, em 1822, o príncipe declara a independência do Brasil, 
tornando-se imperador dessa nação.
O português brasileiro se formou a partir de uma língua base portuguesa, 
trazida pelos colonizadores, adquirida como segunda língua por milhões de 
História da língua portuguesa: alguns apontamentos6
africanos e por povos indígenas. Tal língua foi alterada pela influência de outras 
nações europeias desde o início da colonização e continuou em permanente 
evolução por meio de outros contatos linguísticos que ocorreram após 1822.
A partir da independência, segundo Andreazza e Nadalin (2011), construía-
-se uma nova sociedade, em que o objetivo era povoar e branquear a nação, 
ou seja, o imigrante passou a ser extremamente necessário para “trazer o pro-
gresso” e “domar o interior selvagem”. O desenrolar desse propósito permitiu 
que, desde o final do século XIX e em grande parte do século XX, entrassem 
mais de cinco milhões de estrangeiros no Brasil. Ou seja, entre meados de 
1820 e 1970, houve a entrada de imigrantes italianos, alemães, espanhóis, 
ucranianos, poloneses e japoneses para ocupar pequenas propriedades em 
colônias, principalmente no Sul do País.
No entanto, a entrada dos imigrantes, embora tivesse o objetivo de bran-
quear a nação, nem sempre foi vista com bons olhos. Segundo Croci (2011), a 
abolição da escravidão, em 1888, ocorreu devido a um significativo movimento 
de desobediência dos escravizados, resultando na fuga em massa dos afro-
descendentes. Os negros estavam montando suas comunidades quilombolas 
e a mão de obra ficava cada vez mais escassa. Por questões de necessidade e 
por pressão social de parte da sociedade intelectual abolicionista, a Lei Áurea 
foi assinada.
Em função disso, o País viveu numa contradição entre os que detinham 
o poder: enquanto os latifundiários apenas buscavam substituir o trabalho 
escravo, a burocracia imperial e a intelectualidade estavam preocupadas com 
o mapa social e cultural do País. Estas tinham como meta transformar a imi-
gração em um processo civilizatório, com o objetivo de construir a identidade 
nacional. Elas se inspiravam em teorias sobre o branqueamento populacional 
e almejavam a “melhora” da raça brasileira.
Croci (2011) afirma que a entrada de imigrantes europeus foi estratégica 
para a operação de branqueamento da sociedade que estava em formação. 
Mesmo que os imigrantes tivessem “ganhado terras”, as suas condições eram 
subalternas; além disso, quando a sua cultura passou a ser inserida de maneira 
efetiva na sociedade, mesmo brancos, antes desejados, passaram a ser indese-
jáveis. Em função das promessas não cumpridas e das péssimas condições de 
trabalho, o fluxo de saída dos imigrantes europeus foi superior ao de entrada. 
Dessa forma, em 1902, foi expedido, pelo governo italiano, o decreto Prinetti, 
no qual o governo italiano afirmou que o governo brasileiro tratava seus 
imigrantes como “escravos brancos”, proibindo a emigração subvencionada.
Por necessidade de mão de obra, o Brasil conseguiu firmar com o Japão 
uma solução imediata. Portanto, em 1907, Brasil e Japão firmaram um acordo 
7História da língua portuguesa: alguns apontamentos
migratório. No entanto, o governo japonês, além de possuir uma cultura com-
pletamente diferente da brasileira, era mais imperialista do que os governos 
europeus. Por isso, tal acordo não agradou aos governantes, tampouco à elite 
brasileira.
Com o aumento vegetativo e o aumento de imigrantes, em 1900, segundo 
Andreazza e Nadalin (2011), havia 17.318.556 habitantes no território brasileiro; 
em 1960, já eram 70.967.185 habitantes. As metrópoles brasileiras foram se 
formando e se consagrando multiétnicas, assim como configurando a sua 
cultura e a sua variedade linguística. Mello, Altenhofen e Raso (2011, p. 19) 
afirmam que, “[...] apesar de o Brasil parecer um país monolíngue, é um dos 
territórios com maior densidade linguística do mundo [...]”.
Além disso, com os processos de globalização, a internet e o turismo, por 
exemplo, o Brasil, por ser um país ainda muito jovem e pluricultural, absorve 
constantemente novas características na sua fala. Mello (2011) é contra a visão 
de que o português do Brasil é uma evolução linguística do português lusitano. 
Para a autora, não existiu um processo de crioulização e descrioulização, ou 
seja, o português falado no Brasil não se formou apenas a partir da imposição 
do português falado em Portugal, mas também foi composto por inúmeras 
línguas indígenas, africanas, europeias, etc.
A relação atual entre a língua portuguesa brasileira 
e a lusitana
A relação entre a língua do colonizador e a língua do colonizado é um tema 
bastante discutido. Questiona-se, por exemplo, qual é a relação existente entre 
o português brasileiro e o português europeu, ou entre o espanhol europeu 
e o espanhol americano. Trata-se de uma mesma língua, ou estão em jogo 
dois idiomas?
Essa pergunta está continuamente presente na relação entre o espanhol e 
o castelhano, mas não na relação entre o português do Brasil e o português 
de Portugal. Por incrível que pareça, o desconhecimento é algo extremamente 
relevante para tal questionamento. Isso porque existe uma unidade muito maior 
no espanhol, que tem oficialmente 22 países falantes, do que no português, 
que possui cinco.
A unidade presente na língua espanhola e a identidade contrastante entre a 
língua portuguesa brasileira e a lusitana se relacionam diretamente a aspectos 
históricos. Na época do Renascimento e do descobrimento, publicaram-se 
muitas gramáticas latinas inspiradas na literatura greco-romana. Foi nesse 
História da língua portuguesa: alguns apontamentos8
momento, mais especificamente em 1492 (ano de descobrimento da América), 
que o latinista Elio Antonio de Nebrija foi convidado pela coroa de Castela 
(que deu origem à Espanha) para escrever a primeira gramática da língua 
castelhana. Essa publicação é um marco na história das gramáticas das lín-
guas românicas, pois na Europa não havia nenhuma gramática de qualquer 
língua vulgar. O italiano teve sua primeira gramática em 1529, o português, 
em 1536, e o francês, em 1550. A Espanha foi a precursora na normatização 
das línguas latinas vernáculas.
Com a normatização linguística, seria possível não somente criar uma 
unidade linguística para propagar o idioma perpetuamente, mas, principal-
mente, usar a língua como ferramenta na manutenção da unidade dos países 
conquistados. A partir disso, era possível criar material pedagógico para 
ensinar uma língua nacional aos povos colonizados.
O uso de material pedagógico como objeto unificador de um povo foi 
fundamental para todos os países que fizeram parte das grandes navegações, 
inclusive para o Brasil. No entanto, a Espanha, além de vanguardista em relação 
à primeira gramática, em 1713, pela necessidade de manter o controle nas suas 
colônias, inaugurou a Real Academia Española, uma academia linguística 
existente até hoje e que normatiza, aceita as variantes da língua espanhola 
de diferentes países e unifica o idioma. Ela é a referência mundial do que se 
pode ou não aceitar no espanhol.
Não há diferença — nem na prática, nem na teoria — entre o espanhole o castelhano, já que se trata de um mesmo idioma. Assim, a comunicação 
entre um argentino, um espanhol e um chileno, mesmo com sotaques dis-
tintos, é fluida, como no caso de um amazonense e um gaúcho dialogando. 
No entanto, a comunicação entre um português e um brasileiro não obtém 
o mesmo sucesso, pois, mesmo que Portugal tenha se inspirado na Espanha 
para a confecção de sua primeira gramática, a unificação oficial da língua 
portuguesa aconteceu apenas em 2009, com a última reforma ortográfica. 
Essa unidade linguística do português é ilusória, pois não se unifica algo 
artificialmente. Além disso, se não existisse a fala, a gramática nunca nas-
ceria. Em contraste, há uma unidade na língua espanhola que foi imposta e 
construída ao longo de séculos.
Sabendo que a língua é o reflexo da sociedade, ao comparar a história 
do português lusitano à história do português brasileiro, é possível perceber 
que se tratam de duas línguas. E, por mais que exista uma forma padrão no 
português brasileiro, há diferentes variantes que constituem essa unidade 
linguística repleta de identidade.
9História da língua portuguesa: alguns apontamentos
O português do Brasil é uma língua que tem uma unidade dentro da sua 
variedade territorial, mas não tem tal unidade em relação ao seu antigo colo-
nizador. O contato do português no Brasil com diferentes línguas e culturas 
resultou na identidade cultural e linguística desse idioma. Portanto, mesmo que 
existam diferentes sotaques e variações no português brasileiro, a comunicação 
é fluida entre um baiano, um carioca e um mineiro; entretanto, é possível e 
provável que todos tenham dificuldade de se comunicar com os portugueses. 
Ou seja, estão em jogo duas línguas diferentes que carregam a sua história, a 
sua unidade e a sua identidade.
A seguir, veja a linha do tempo da história da língua portuguesa desde o descobrimento 
do Brasil.
  1500 — Ocorre a chegada dos portugueses no Brasil. É o primeiro momento de 
contato linguístico entre as nações.
  1536 — É publicada a primeira gramática da língua portuguesa, escrita por D. Fernão.
  1580 — Começa a ser registrada a língua brasílica ou língua geral paulista. “Tucuriuri” 
significava “gafanhotos verdes”.
  1580 a 1640 — Período de dominação espanhola.
  1759 — Marquês de Pombal promulga lei impondo o uso da língua portuguesa; no 
entanto, no território brasileiro, coexistem diversos idiomas indígenas e africanos.
  1808 — A chegada da família real é decisiva para a difusão da língua: são criadas 
bibliotecas, escolas e gráficas (e, com elas, jornais e revistas).
  1819 — A chegada de imigrantes europeus incentiva o branqueamento e as trans-
formações do idioma, com a introdução de diversos estrangeirismos.
  1907 — Inicia-se a imigração japonesa.
  1922 — A Semana de Arte Moderna carrega o português informal para as artes. 
A crescente urbanização e o surgimento do rádio ajudam a misturar variedades 
linguísticas.
  1988 — A Constituição garante a preservação dos dialetos de grupos indígenas e 
remanescentes de quilombos.
  1990 — Com a televisão presente em mais de 90% dos lares, não se constata 
isolamento linguístico.
  2000 — Com a evolução tecnológica, a internet começa a fazer parte da cultura 
brasileira. Devido à globalização, há uma aproximação bastante significativa da 
sociedade brasileira com outras culturas.
História da língua portuguesa: alguns apontamentos10
3 O contraste estrutural entre o português 
do Brasil e o português europeu
Como você pôde perceber, existem dois idiomas, e um deles pode ser con-
siderado a língua materna de outro; ou seja, há o português de Portugal e 
o português brasileiro. Para Câmara Jr. (1976), as diferenças entre a língua 
portuguesa brasileira padrão e a língua portuguesa padrão resultam em dois 
sistemas linguísticos distintos, ou seja, dois diferentes idiomas, como você 
pode ver a seguir:
[...] as discrepâncias de língua padrão entre Brasil e Portugal não devem 
ser explicadas por um suposto substrato tupi ou por uma suposta influência 
africana, como se tem feito às vezes. Resultam essencialmente de se achar 
a língua em dois territórios nacionais distintos e separados (CÂMARA JR., 
1976, p. 30–31).
As evidências linguísticas que organizam as oposições entre o português 
brasileiro e o europeu representam a identidade linguística nacional de cada 
comunidade. Na óptica de Souza (2011), com o avanço da linguística, o centro 
das discussões sobre o português do Brasil ganha outros delineamentos. 
Afinal, busca-se explicar como as línguas, embora aparentadas, funcionam 
em sua estrutura de forma diferente, dando lugar a sistemas ou até mesmo 
idiomas distintos.
Na visão de Perini (2011), hoje, no Brasil, a população urbana e escola-
rizada fala uma variedade do português que pode ser considerada padrão, 
pois se trata da língua falada pela população culta brasileira. O autor afirma 
que concomitantemente há também certo número de variedades não padrão 
(normalmente estigmatizadas), utilizadas nas zonas rurais e por pessoas com 
pouca escolaridade em centros urbanos. E, por fim, há uma língua padrão 
escrita que se diferencia de todas as variedades faladas e que ainda se espelha 
no modelo do português escrito baseado nas gramáticas da língua portuguesa 
europeia.
Assim como há a forma padrão falada pelos brasileiros, há também a forma 
padrão falada pelos portugueses. Contudo, segundo Perini (2011, p. 140), 
“[...] o padrão falado brasileiro difere em muitos pontos importantes do padrão 
falado europeu, de modo que não é ficção falar num português americano, 
em bloco, em face do bloco do português europeu [...]”.
A seguir, veja algumas diferenças sintáticas existentes entre o português 
lusitano e o brasileiro.
11História da língua portuguesa: alguns apontamentos
A morfologia verbal
Em Portugal, segundo Holm (2011), o pronome de tratamento “tu” é informal, 
enquanto “você” é formal. No Brasil, os lugares que usam “tu” o conjugam 
na terceira pessoa do singular, e os lugares que usam “você” o utilizam em 
situações formais e informais. Além disso, os falantes brasileiros não utilizam 
o pronome de sujeito “vós”. De acordo com Perini (2011), o pronome “vos” 
está completamente extinto no Brasil. De maneira geral, há uma redução na 
conjugação verbal no português brasileiro. Por exemplo:
Eu parto
Tu/você/ele parte
Nós partimos
Mello (1997) afirma que os falantes brasileiros utilizam mais os pronomes 
de sujeito do que os falantes portugueses, pois os pronomes são necessários 
para todas as pessoas, menos para as primeiras, uma vez que elas mantêm a 
sua marca flexional distinta.
Na óptica de Perini (2011), a simplificação também é retratada pela subs-
tituição do pronome de primeira pessoa do plural (“nós”) por “a gente”, que 
se conjuga na terceira pessoa do singular. Portanto, o quadro do português 
falado no Brasil, segundo o autor, é o seguinte:
Eu faço
Tu/você/ele/a gente faz
Vocês/eles fazem
O uso dos pronomes em relação à substituição de 
oblíquo por reto
Uma das características mais marcantes do português brasileiro é o uso de 
formas pronominais plenas como objeto direto, em substituição aos clíticos 
esperados pela norma padrão. Por exemplo:
Vi uma calça linda e quero muito comprar ela.
No lugar de:
Vi uma calça linda e quero muito comprá-la.
História da língua portuguesa: alguns apontamentos12
O uso dos pronomes em relação à ordem
O brasileiro tem o hábito de usar o pronome oblíquo para iniciar a oração. 
Por exemplo:
Maria, te comprei um presente.
No lugar de:
Maria, comprei-te um presente.
Tempos verbais
O futuro do presente (“chegarei”), o mais-que-perfeito (“chegara”) e o futuro 
do pretérito (“chegaria”), para Perini (2011), são praticamente inexistentes. 
O autor afi rma que a noção de futuro se expressa pelo presente do indicativo. 
Por exemplo:
Amanhã João vai a Porto Alegre. 
No lugar de:
Amanhã João irá a Porto Alegre.
Também se utiliza a construção “ir” + infinitivo:
Eu vouvender meu carro.
No lugar de:
Eu venderei meu carro.
Os estudos que investigam se o português brasileiro é ou não uma nova 
língua ultrapassam a questão linguística e cultural, pois está em jogo, principal-
mente, uma discussão política. Perini (2011) afirma que há uma nova língua em 
formação no Brasil e em Portugal, já que o processo de afastamento é mútuo.
Ou seja, as diferenças linguísticas abarcam todas as áreas da gramática — 
não só a sintaxe, mas também a fonologia, a morfologia e a semântica. Com 
a evolução da linguística e com o avanço dos estudos linguísticos, há uma 
13História da língua portuguesa: alguns apontamentos
tendência paulatina de separação. No entanto, a ciência, embora com estudos 
e provas cabíveis para a separação dos idiomas, depende do Estado para que 
os estudos saiam das academias e cheguem à comunidade.
Espera-se, portanto, que a história se repita. Isto é, que a autonomia do Brasil 
(não apenas econômica, mas também cultural e linguística) tenha como reflexo 
uma língua chamada não “português brasileiro”, mas apenas “brasileiro”, a 
qual não negará a relação com a sua língua materna, o português.
ANDREAZZA, M. L.; NADALIN, S. O. História da ocupação do Brasil. In: MELLO, H. R.; 
ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: 
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AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BATTISTI, E. O português falado no Rio Grande do Sul: história e variação linguística. 
In: BISOL, L.; BATTISTI, E. (org.). O português falado no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 
EdiPUCRS, 2014. p. 9–17.
CALVET, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
CÂMARA JR., J. M. História e estrutura da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 
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CARDEIRA, E. O essencial sobre a história do português. Lisboa: Editorial Caminho, 2006.
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HOLM, J. O português do Brasil e o português europeu. In: MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. 
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NEVES, M. H. M. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua portuguesa. 
São Paulo: Contexto, 2004.
História da língua portuguesa: alguns apontamentos14
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PERINI, M.A. Quadro geral do português do Brasil hoje. In: MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. 
V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 139–155.
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SOUZA, T. C. Língua nacional e materialidade discursiva. In: MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. 
V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 241–253.
15História da língua portuguesa: alguns apontamentos
DICA DO PROFESSOR
Acompanhe o vídeo sobre as formas de caracterizar o conceito de língua e de linguagem em 
diferentes abordagens de ensino gramaticalização.
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EXERCÍCIOS
1) Em Orlandi 2002, há uma anedota: um motorista de táxi português estava com seu 
carro em Lisboa. Nesse momento, dois turistas brasileiros conversavam 
animadamente. Em certo momento, o motorista português voltou-se para os dois 
brasileiros e disparou: "mas que raios estão a falar que eu compreendo tudo?" 
A partir dessa anedota, podemos entender que: 
A) O português de Portugal é o mesmo que o português brasileiro.
B) O taxista sabe falar as duas línguas: o português de Portugal e o português brasileiro.
C) O taxista reconhece o mesmo e o diferente. A familiaridade e o estranhamento são parte 
das duas línguas, perpassando pela história e pela memória do falante.
D) Tudo se explica porque são línguas oriundas do latim vulgar.
E) As estruturas faladas pelos turistas brasileiros eram bastante simples, deixando qualquer 
falante estrangeiro bem confortável.
2) Para Meillet (1905 apud Orlandi 2002), "é preciso criar uma unidade linguística, 
uma nação que sinta sua unidade". Sobre a afirmativa anterior, podemos entender 
que: 
A) Ter uma unidade linguística mostra a existência de uma nação brasileira.
B) Ainda que tenhamos algumas palavras diferentes, nossa unidade linguística se dá em 
função da variante portuguesa.
C) Cada região do país é autônoma sobre as regras linguísticas e, por isso, não temos uma 
unidade linguística brasileira.
D) Unidade linguística diz respeito às variantes analógicas que a língua produz anualmente.
E) A criação de unidade linguística só pode ser estabelecida por um estado-nação.
3) Em Orlandi (200, em vários momentos de nossa história política, cogitou-se nomear a 
língua que falamos: portuguesa? brasileira? portuguesa brasileira? portuguesa do 
Brasil? Como poderíamos responder a essas indagações? 
A) A construção nacional da língua é que se impõe chamá-la brasileira. Porque desde que se 
tem um país, uma nação, um Estado com uma língua nacional, há uma demanda por 
nomeá-la. Em nosso caso, uma vez que há uma homogeneidade imaginária produzida pela 
colonização, se direciona para nomeá-la brasileira.
B) A construção nacional da língua é que se impõe chamá-la portuguesa. Porque desde que se 
tem um país, uma nação, um Estado com uma língua nacional, há uma demanda por 
nomeá-la. Em nosso caso, uma vez que há uma homogeneidade imaginária produzida pela 
colonização, se direciona para nomeá-la portuguesa brasileira.
C) A construção nacional da língua é que se impõe chamá-la brasileira. No entanto, desde que 
se tenha um país, uma nação, um Estado com uma língua nacional, há uma demanda por 
nomeá-la ainda que não haja uma homogeneidade imaginária produzida pela colonização, 
se direciona para nomeá-la brasileira.
D) A construção nacional da língua é que se impõe chamá-la brasileira. Mesmo que não 
tenhamos uma unidade linguística no país, na nação ou um Estado com uma língua 
nacional, há uma demanda por nomeá-la. Tendo essa unidade linguística somente no 
imaginário da população brasileira, convém-se nomeá-la brasileira.
E) A construção nacional da língua é que se impõe chamá-la portuguesa porque não temos 
uma unidade linguística no país, na nação ou um Estado com uma língua nacional, há uma 
demanda por nomeá-la. Ainda que essa unidade linguística exista somente no imaginário 
da população brasileira, convém-se nomeá-la português brasileiro.
4) Por que é importante que um professor saiba os diferentes conceitos sobre 
transformação das línguas para uma aula de português: 
A) Porque o professor poderá se basear somente na gramática normativa para entender o 
sistema língua.
B) Porque a língua é entendida como massa amorfa e a língua como homogênea.
C) Porque a língua é a parte social da fala e o professor consegue entender as diferentes 
formas linguísticas.
D) Porque deste modo o professor pode entender a língua como um sistema e a fala como 
parte social variável.
E) Porque o professor deve explicartodas as regras da língua pelo viés da sociolinguística.
5) Por que é importante que o professor de português, como língua materna, domine os 
diferentes tipos de gramática da língua? 
A) Porque são estudos gerativos baseados nas teorias mentalistas.
B) São estudos saussureanos e nos ajudam a compreender as formas analógicas.
C) Porque são estudos recentes e se restringem ao meio acadêmico.
D) Porque defendem variantes homogêneas para a eficiência do ensino padrão.
E) Nos ajuda a compreender a (des)varolização das formas linguísticas na sociedade, sua 
estrutura profunda e de superfície.
NA PRÁTICA
É possível ensinar um conteúdo de diferentes perspectivas? Sim! E é recomendável!
Com base no objetivo 'Elucidar as noções gerais de linguística ao ensino de língua materna', 
pense:
Como você assumiria e explicaria o "SUMIÇO" do vós em uma aula de português brasileiro?
Segundo Possenti (2004): as segundas pessoas do plural, que são encontradas nas gramáticas, 
desapareceram.
Assumir essa explicação é dar voz à língua falada e à descrevê-la como tal, assumindo suas 
inovações na escrita.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Português, a Língua do Brasil - Documentário
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conhecendo Museus - Episódio 33: Museu da Língua Portuguesa
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Museu da Língua Portuguesa
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