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Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP GASTRULAÇÃO Princípios: Formação das 3 camadas germinativas primárias e dos eixos do corpo A linha primitiva se forma no início da 3° semana e marca os 3 eixos corporais ~15° dia ● Espessamento contendo um sulco na linha mediana, que se estende ao longo do plano sagital mediano do disco embrionário Espessamento→ LINHA PRIMITIVA. ● Alongamento da linha primitiva - ocupa cerca de ½ do disco embrionário. ● SULCO PRIMITIVO se torna + profundo e + definido. ● A extremidade cranial da LP se expande→ NÓ PRIMITIVO / HENSEN. ● O nó primitivo contém uma FOSSETA PRIMITIVA, que é continua caudalmente com o sulco primitivo. 1 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP A formação da LP define os eixos corporais: I. Eixo craniocaudal ou cefalocaudal II. Eixo mediolateral III. Eixo esquerdo-direito OBS.: no momento da formação da linha primitiva, o futuro eixo dorsoventral do disco embrionário é grosseiramente equivalente ao eixo ectoderma-endoderma. Mais tarde, com o dobramento do corpo e formação do plano tubo dentro do tubo, o eixo dorsoventral se torna mais bem definido. Formação da LP⇒ início da gastrulação Na gastrulação, as células do epiblasto movem-se em direção à linha primitiva, entram nela e então migram para fora dela como células individuais. INGRESSÃO→ movimento das células através da LP e para o interior do embrião. 2 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Estabelecimento do eixo esquerdo-direito ● Ocorre próximo à época de formação do nó primitivo, na extremidade cefálica da linha primitiva. Assimetria bilateral→ diferenças anatômicas dos lados esquerdo e direito ↳ estabelecida durante a gastrulação - interações celulares centradas no nó primitivo. O nó de Hensen e a notocorda expressam SONIC HEDGEHOG (shh) simétricamente logo após a sua formação. A expressão do receptor de ACTIVINA no lado direito restringe a expressão de shh apenas no lado esquerdo e possibilita a expressão dos genes nodal e lefty. Formação do endoderma de�nitivo No 16° dia ● Os epiblastos nas laterais da linha primitiva começam a se mover para dentro da LP e a sofrer uma Transformação Epitélio Mesenquimal (EMT)→ deslocam o hipoblasto e se inserem entre o epiblasto e hipoblasto. 3 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Epitélio: folhas com células de formato regular (cubóides em geral) interconectadas entre si por suas superfícies laterais. Mesênquima: células com formatos muito irregulares (estreladas em geral) e frouxamente conectadas. ● Durante o EMT as células do epiblasto se alongam e assumem forma de garrafa, soltando-se das suas vizinhas à medida que estendem. Esse movimento coletivo das células para formar os 3 folhetos germinativos primários constitui a gastrulação. ● Deslocamento do hipoblasto e substituição por uma nova camada celular→ ENDODERMA DEFINITIVO (originará o tubo digestivo e derivados). 4 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Formação do mesoderma intraembrionário As células do epiblasto migram bilateralmente a partir da LP e formam inicialmente uma camada de células frouxas entre o epiblasto e o endoderma. ● A camada se reorganiza para formar as 4 subdivisões principais do mesoderma intraembrionário: I. Mesoderma cardiogênico II. Mesoderma paraxial III. Mesoderma intermediário (nefrótomo) IV. Mesoderma da placa lateral ● 5° subdivisão - migração cranialmente do nó primitivo para formar um tubo de paredes espessas na linha média→ PROCESSO NOTOCORDAL. Durante a 3° semana, 2 depressões sutis se formam no ectoderma: 1. Membrana orofaríngea: na extremidade cranial do embrião, sobrejacente à placa pré cordal. 2. Membrana cloacal: na extremidade caudal, atrás da linha primitiva. 5 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Ao fim da 3° semana, o ectoderma dessa região se fusiona com o endoderma, formando membranas bilaminares. Essas membranas passam a ser extremidades cegas no tubo intestinal. A membrana orofaríngea se rompe na 4° semana para formar a abertura da cavidade oral e a cloacal se desintegra na 7° semana para formar as aberturas do ânus e tratos urogenitais. Formação do ectoderma Completada a formação do endoderma definitivo e do mesoderma intra embrionário, as células do epiblasto não se movimentam mais. ● ECTODERMA→ epiblasto remanescente. ● O ectoderma se diferencia em PLACA NEURAL na região central do disco embrionário e em ECTODERMA CUTÂNEO na região periférica. ● Desenvolvimento craniocaudal Epiblastos não estarão mais presentes na região cranial quando houver epiblastos na região caudal sofrendo ingressão. >>> Gastrulação se completa <<< Nesse momento, a formação das 3 camadas germinativas definitivas do disco embrionário trilaminar estará completa em todo o disco. Ectoderma: folheto embrionário + externo; gera epiderme, sistema nervoso central e derivados da crista neural. 6 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Endoderma: folheto + interno; gera revestimento interno do trato intestinal e participa de órgãos anexos, pulmão, fígado e pâncreas. Mesoderma: folheto intermediário; gera esqueleto cartilaginoso e ósseo, musculatura, tecidos conjuntivos, sistema cardiovascular e urogenital. ⇒ As 3 camadas derivam do epiblasto no processo de gastrulação. Especi�cidades da gastrulação: a movimentação de células para novos locais e a formação dos rudimentos dos órgãos com interações indutivas O destino das células do epiblasto depende do seu local de origem ● Mapas de destino esperado mostram que as células são parcialmente segregadas umas das outras no epiblasto e na linha primitiva, embora haja sobreposição entre grupos de células adjacentes. ● Maioria das células do epiblasto e da LP são pluripotentes e seus destinos são especificados por interações celulares (na migração ou no destino final). 7 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP A - endoderma e placa pré cordal ➔ Epiblasto do futuro endoderma do intestino se move da circunjacência da metade cranial da LP para dentro do hipoblasto e desloca-o, formando o endoderma definitivo. ➔ Futura placa pré cordal na extremidade cefálica da LP ingressa na linha média cranial para formar a PLACA PRECORDAL (contribui para a formação da membrana orofaríngea e é um centro de sinalização para os padrões da placa neural subjacente). Placa precordal formará derivados do mesoderma e do endoderma→ estrutura mesendodérmica. B - mesoderma cardiogênico e extraembrionário ➔ Futuro mesoderma cardiogênico se move do epiblasto para a porção mediana da LP e, depois, migra cefalicamente para formar o mesoderma cardiogênico, que apoia a membrana orofaríngea. ➔ Futuro mesoderma extraembrionário se move do epiblasto para a extremidade caudal da LP para formar o mesoderma extraembrionário do âmnio, do SV e do alantóide. C - mesoderma embrionário (somitos) ➔ Futura notocorda migra cranialmente na linha média para formar o PROCESSO NOTOCORDAL. ➔ Futuros somitos migram para e através da LP para formar os somitos. Futuro mesoderma da cabeça e os futuros somitos constituem o mesoderma paraxial. D - placa neural e epiderme ➔ Linha primitiva completamente alongada - maior parte do epiblasto já migrou e consiste agora em ectoderma. >>> movimentos altamente coreografados que ocorrem ao longo do tempo <<< 8 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Formação da notocorda ● Início com a extensão cranial na linha média a partir do nó primitivo, sob forma de um tubo oco - processo notocordal. ● O tubo cresce em comprimento na medida em que as células do nó são adicionadas à sua extremidade proximal, simultaneamente com a regressão da LP. ● Transformações morfogenéticas, por volta do 20° dia, para achatar o tubo oco. ➔ Assoalho ventral do tubo se funde com o endoderma subjacente e as 2 camadas se rompem, formando a placa notocordal achatada (A e B). 9 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP ➔ Na fosseta primitiva, a cavidade do saco vitelínico se comunica transitoriamente com a cavidade amniótica através de uma abertura denominada CANAL NEUROENTÉRICO (B). ➔ Placa notocordalse destaca completamente do endoderma e suas extremidades se dobram, formando um cordão sólido - NOTOCORDA (C). Notocorda: mesoderma axial que, após passagem pelo nó de Hensen, desloca-se anteriormente formando o “esqueleto” axial do embrião. Deriva do nó primitivo e termina na camada mesodérmica→ considerada derivado mesodérmico. 10 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP O mesoderma paraxial diverge na cabeça e no tronco ● Mesoderma paraxial = mesoderma da cabeça + somitos ● Mesoderma da cabeça forma faixas que não se segmentam. ● Futura região do tronco→ mesoderma paraxial origina feixes de células que se segmentam em SOMITOS (mesoderma condensado em blocos). 1° par de somitos: ~20° dia, no limite entre cabeça e tronco 42 - 44 pares: progressão cefalocaudal, finalizando no ~30° dia→ somitos caudais desaparecem, finalizando com ~37 pares. 11 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP O mesoderma intermediário e o mesoderma da placa lateral se forma somente no tronco Mesoderma intermediário ● Lateralmente a cada somito. ● Forma uma condensação cilíndrica e se segmenta. ● Gera o sistema urinário e partes do sistema genital. Mesoderma da placa lateral (mesoderma somático + mesoderma esplâncnico) ● Lateral ao mesoderma intermediário. ● Permanece não segmentado e forma uma camada achatada. ● ~17° dia, se divide em 2 camadas: mesoderma esplâncnico e mesoderma somático Esplancnopleura: endoderma + mesoderma esplâncnico Somatopleura: ectoderma + mesoderma somático 12