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DIREITO PROCESSUAL CIVIL NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL - Novo CPC (Lei 13.105/2015) entrou em vigor em 18/03/2016 CPC – “Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.” - Processo Civil constitucional: ao interpretar o CPC, dar a interpretação de acordo com os princípios e garantias fundamentais da CF - Se uma norma processual fere a CF, pode ser afastada por meio do controle de constitucionalidade - Se uma norma processual fere uma norma supralegal (abaixo da CF, mas acima das normas infraconstitucionais – convenções e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário), pode ser afastada por meio do controle de convencionalidade CPC – “Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” - A inércia é uma característica da jurisdição - O processo caminha de forma autônoma após o primeiro passo a ser dado: a jurisdição é inerte, mas os demais atos são automáticos e ocorrem por impulso oficial - Sistema misto: dispositivo (depende da conduta de uma das partes) e inquisitivo (o juiz pode atuar de ofício em certos casos) DEVIDO PROCESSO LEGAL - Supra-princípio (princípio base) - Princípio processual constitucional - Se subdivide em: • Formal/processual/judicial (procedural due process) -> todo o processo deve se desenvolver seguindo rigorosamente os ditames legais (conjunto de garantias mínimas: contraditório; motivação das decisões; publicidade; isonomia) • Substancial/substantivo/legal/material (substantive due process) -> aplicação do princípio da razoabilidade e proporcionalidade INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO - Também chamado de princípio do acesso à justiça ou da ubiquidade CPC – “Art. 3º CPC Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.” - Princípio processual constitucional - Ameaça -> tutela preventiva. Lesão -> tutela repressiva CPC – “Art. 3º, § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.” - Arbitragem é jurisdição - Sentença arbitral é um título executivo JUDICIAL PRINCÍPIO DA PROMOÇÃO, PELO ESTADO, DA AUTOCOMPOSIÇÃO CPC – “Art. 3º, § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. Art. 3º, § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.” PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO E DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO CPC – “Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.” - Princípio processual constitucional - Celeridade: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação - Se houver vícios formais, o juiz abre prazo para sanar DIREITO PROCESSUAL CIVIL - Direito à solução integral do mérito E atividade satisfativa (execução/cumprimento de sentença) BOA-FÉ E LEALDADE PROCESSUAL CPC – “Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa- fé.” - Não apenas as partes, mas também o juiz, promotor, QUALQUER SUJEITO! - A boa-fé adotada pelo CC é a boa-fé objetiva (padrão de conduta ética esperado dos sujeitos do processo) - Enunciado 376 FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional. - Enunciado 01 da I JDPC: A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do animus do sujeito processual. COOPERAÇÃO CPC – “Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.” - Juiz: dever de consulta/prevenção/esclarecimento/auxílio. Exemplo: quando pedir para emendar a petição inicial, deve descrever pormenorizadamente o que deve ser emendado ISONOMIA - Também chamado de princípio da igualdade no processo e de paridade de armas CPC – “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.” - Princípio processual constitucional - Igualdade material DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E PRINCÍPIOS VOLTADOS AO JUIZ CPC – “Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.” - O juiz é também um gestor, por isso a ele se aplicam os princípios da administração pública (LIMPE – não estão expressamente previstos no CPC os princípios da impessoalidade e moralidade) - Eficiência é diferente de efetividade. Eficiência = economia do processo. Efetividade = resultados, atividade satisfativa, cumprimento de sentença/execução CPC – “Art. 10 O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” - Ex: utilizar prova emprestada - Mesmo que não tenha seguido a forma pré-definida, se o ato atingiu seu objetivo ele deve ser mantido. - Para invalidar um ato processual é necessário demonstrar prejuízo - Os atos do processo são públicos, exceto aqueles que estão em segredo de justiça - O juiz deve julgar os processos, preferencialmente, de acordo com a ordem cronológica - EXCEÇÕES: caso em que essa “fila” pode ser furada: • Sentenças proferidas em audiência • Sentenças homologatórias de acordo • Sentenças de improcedência liminar do pedido • Julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Julgamento de recursos repetitivos ou de incidentes de resolução de demandas repetitivas (IRDR) • Decisões proferidas sem resolução do mérito • Decisões proferidas pelo relator • Julgamento de embargos de declaração • Julgamento de Agravo Interno • Preferências legais e metas estabelecidas pelo CNJ • Processos criminais • Causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada - Situações que fazem com que o processo ocupe o primeiro lugar na “fila”: • Novo julgamento de sentença ou acórdão anulado, EXCETO se for necessária a realização de diligência ou complementação da instrução • Julgamento de recursos especiais e extraordinários sobrestados, quando publicado o acórdão paradigma CONTRADITÓRIO CPC – “Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.” - REGRA: citar a outra parte para que tenha conhecimento do processo e para que possa se manifestar e interferir no conhecimento motivado do juiz - Princípio processual constitucional - Dois aspectos: • Formal: informação + possibilidade de reação (cita e permite responder) • Substancial/material: poder de influência das partes na formação do convencimento do juiz – é aqui que o contraditório se desdobra em AMPLA DEFESA) - Informativo de jurisprudência 539 do STJ: “A nulidade da decisão do relator que julgara agravo de instrumento do art. 522 do CPC sem prévia intimação do agravado para resposta não deve ser declarada quando suscitada apenas em embargos de declaração opostos em face de acórdão que, após a intimação para contrarrazões, julgou agravo regimental interposto pela outra parte.” (ou seja, se não alegar a nulidade na primeira oportunidade, deixando para alegarposteriormente em recurso, caracteriza má-fé – nulidade de algibeira/de bolso: quando deixa para alegar a nulidade em momento oportuno) - Contraditório inútil: casos em que o juiz dá a decisão sem citar o réu pois a citação é inútil – exemplo: quando o juiz dá uma sentença de improcedência liminar (é uma decisão que favorece o réu) - Casos em que o contraditório é dispensado ou postergado (diferido ou postecipado) CPC – “Art. 9º, Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; III - à decisão prevista no art. 701 .” - Na tutela provisória de urgência, é dada uma liminar inaudita autera pars (independente de prévia oitiva do réu) - Os casos de tutela de evidência em que é dispensado/postergado o contraditório: Art. 311 CPC: II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; - O art. 701 trata da ação monitória, quando é evidente o direito do autor VEDAÇÃO DA DECISÃO SURPRESA - Mesmo quando deva agir de ofício, o juiz deve garantir o contraditório. Pode atuar sem provocação, mas deve haver o contraditório. - A atuação de ofício do juiz se dá em caso de matérias de ordem pública (decadência, pressupostos processuais de existência, requisitos de validade processual, condições da ação, etc). OBS: prescrição o juiz pode conhecer de ofício, mas não é matéria de ordem pública porque pode ser renunciada pela parte http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art311ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art311ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art701 DIREITO PROCESSUAL CIVIL - TU QUOQUE: subprincípio da boa-fé objetiva, não permite conduta surpresa - EXCEÇÃO: o juiz pode se manifestar de ofício e sem ouvir as partes no caso de julgamento de improcedência liminar do pedido PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS E CONVENCIMENTO MOTIVADO/FUNDAMENTAÇÃO CPC – “Art. 11 Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.” - Princípio processual constitucional - Lei 13.793/2019 melhora a acessibilidade do advogado aos processos (pode examinar, mesmo sem procuração, atos e documentos de processo e procedimentos, bem como obtenção de cópias, SALVO hipóteses de sigilo ou segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído tem acesso) - MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM/ALIUNDE: É POSSÍVEL que o juiz, na sentença, faça referência a um fundamento dado pelo MP, uma parte...., ou seja, é possível uma fundamentação que faz remissão ou referência às alegações de uma das partes, a precedente ou a decisão anterior. EXCETO no julgamento de Agravo Interno, que não se admite motivação per relationem. CPC –“Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.” - NÃO é possível estabelecer pacto de sigilo processual/segredo de justiça de origem negocial. Sabe-se que o art. 190 do CPC traz a cláusula geral de negociação processual. No entanto, existem limitações à criação de cláusulas de negócio jurídico processual, não sendo possível que as partes combinem entre si o estabelecimento de sigilo no processo