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RESUMO - TEORIA GERAL DO PROCESSO

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TEORIA GERAL DOS PROCESSOS
1. CONCEITO DE PROCESSO
“Pode ser entendido como um conjunto de fatos jurídicos articulados para a produção de um ato final e com um feixe de situações jurídicas que decorrem desses fatos jurídicos. (Fredie Didier) ”
Teoria de Bullow: O fato jurídico adquire o qualificativo “processual” quando é tomado por suporte fático processual e se refira à algum processo.
Sob o enfoque da norma jurídica, processo é o método de produção de normas jurídicas, fontes normativas.
· O poder de criação de normas (poder normativo), só pode ser exercido processualmente.
Processo Legislativo (produção de normas pelo Poder Legislativo); 
Processo Administrativo: Produção de normas gerais e individualizadas pela Administração Pública;
Processo Jurisdicional: Produção de normas pela Jurisdição;
Processo Negocial: Produção de normas jurídicas pelo exercício da autonomia privada, entre os particulares.
2. PROCESSO E DIREITO MATERIAL
Instrumentalidade do Processo é o nexo de finalidade que une o instrumento (leis processuais) com o objeto sobre o qual labora (Direito Material)
Existe uma relação circular entre o Direito Material e o Processo. Ao Processo, cabe a realização do Direito Material.
EX: Arquiteto e Engenheiro: O primeiro sonha, projeta e, o segundo, realiza, dá forma ao desenho entregue pelo primeiro.
3. PARTE HISTÓRICA
3.1. Transformações da Metodologia Jurídica a partir da segunda metade do século XX
A). Reconhecimento da força normativa da Constituição, que passa a ser o principal veículo normativo do sistema jurídico, com eficácia imediata e independente. 
· Aqui é reconhecida a Escola do Constitucionalismo da Efetividade. Passa-se de um Estado fundado na Lei (Estado Legislativo) para um Estado fundado na Constituição (Estado Constitucional);
B) Desenvolvimento da Teoria dos Princípios: Reconhecimento da eficácia normativa dos Princípios. O princípio deixa de ser técnico de integração do Direito e passa a ser uma espécie de norma jurídica.
C) Transformação da Hermenêutica Jurídica: A função jurisdicional passa a ser essencial na adequação da norma jurídica ao caso concreto, pela interpretação dos textos normativos, definindo-se a norma geral que deles deve ser extraída e que deve ser aplicada a casos semelhantes.
3.2. Distinção entre texto e norma 
Norma é um produto da interpretação do texto
EX: Início do século XX: “ Proíbe-se a utilização de biquíni. ”
Trata-se de Norma sem texto.
Entendimento: Proibido o uso de roupas tão sumárias, vulgares;
Século XXI: “ Proíbe-se o uso de biquíni”
Texto sem norma.
Entendimento: Praia de nudismo.
Logo, a depender das circunstâncias históricas, o mesmo texto pode gerar normas opostas.
Consagração do princípio da proporcionalidade e razoabilidade na aplicação da norma.
3.3. Expansão e consagração dos Direitos Fundamentais 
Impõe ao direito positivo um conteúdo ético mínimo que respeite a Dignidade da Pessoa Humana.
3.4. Fases de evolução histórica do direito processual 
A) Fase do Praxismo ou Sincretismo: Não havia distinção entre o Direito Processual e Direito Material. O processo era estudado apenas em seus aspectos práticos, não havia preocupação científica: Fase Civilista.
B) Fase do Processualismo: 
C) Instrumentalismo: Embora se reconheça a diferença entre o direito processual e Direito Material, se estabelece, entre eles, uma relação circular de interpendência.
O Direito Processual concretiza e efetiva o Direito Material, que confere ao Direito Processual sua efetividade. O processo deve ser compreendido, estudado e estruturado, tendo em vista a situação jurídica material para qual serve esse instrumento.
Além disso, há grande preocupação com a efetividade do processo, tema que não havia até então e a tutela dos Direitos Coletivos. Nessa fase, a instrumentalista, o direito processual passa a ser objeto de estudo de outras ciências jurídicas.
EX: Sociologia do Processo, que concentrou seus estudos sobre o Acesso à Justiça, tema que será visto mais adiante.
D) Fase Atual – Neoprocessualismo: Costuma-se denominar essa fase do Direito Processual de Formalismo-Valorativo, destacando a importância que se deve dar aos valores constitucionalmente protegidos na pauta de Direitos Fundamentais na aplicação e construção do formalismo processual – A norma processual deve ser interpretada segundo os Princípios Fundamentais Constitucionais.
3.5. Constituição e processo 
· Constitucionalização do direito processual:
Incorporação dos textos constitucionais de normas processuais – dever de integridade. 
· Constituições ocidentais pós 2ª Guerra
Incorporação de tratados internacionais
Convenção europeia dos direitos dos homens
Art.6º: Ampla defesa e contraditório 
· Pacto de São José da Costa Rica
Art. 7º: Razoável duração do processo, competência, independência e imparcialidade 
· Doutrina: passa a incorporar normas infraconstitucionais com dispositivos constitucionais. 
· Diálogo entre processualistas e constitucionalistas
Art. 1º CPC/15: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado segundo valores fundamentais. 
OBS: O artigo enuncia normas jurídicas da CF e deve estar de acordo com ela. 
3.6. A tradição jurídica brasileira 
New Civil Law – New Common Law 
Paradigmas de lei – Civil Law: leis postas (positivas) – base greco-romana
 – Common Law: leis costumeiras – precedentes jurisdicionais. (Código de jurisprudência). 
· Direito constitucional: base EUA 
· Direito infraconstitucional: base germânica 
· Sistema de valorização dos precedentes judiciais:
Jurisprudência: criada pelos tribunais, mas provocada pelos advogados. 
· Brasil: mistura destes paradigmas – jurisprudência + leis postas 
4. CPC E OS MICROSSISTEMAS PROCESSUAIS CIVIS
Art. 926 CPC/15: Os tribunais devem decidir respeitando a integridade do Direito. 
Consequência do dever de integridade: Compreender o Direito como um sistema de Normas e não como um amontoado delas.
O Dever de integridade é uma concretização do postulado da unidade do Ordenamento Jurídico, exigindo do interprete, o relacionamento entre a parte e o todo, mediante o emprego das categorias de Ordem e Unidade. Por isso, é preciso conhecer os microssistemas normativos para, quando for o caso, decidir de acordo com eles.
4.1. Microssistemas surgidos no CC de 73
Repartição de leis em diferentes códigos para diferentes situações
Séc. XX: Proliferação dos microssistemas 
Brasil começa a acompanhar o fenômeno mundial da descodificação e alguns setores do processo civil passam a ser regulados por um conjunto de leis extravagantes ao CPC/73.
EX: Lei de ação civil pública (7.347/85); CDC (8.078/90); Juizados Especiais Cíveis e Criminais (9.099/95). 
OBS: Esses blocos normativos cuidavam de temas não regulados no CPC (Juizados Especiais), ou apenas citados timidamente (arbitragem).
4.2. CPC/2015
Passa a dialogar de outra maneira com os microssistemas processuais civis da legislação extravagante, os pressupondo expressamente ou incorporando a esses sistemas, novas normas jurídicas.
EX: Arbitragem: passa a ser reconhecida como espécie de Jurisdição e é expressamente mencionada no capítulo das normas fundamentais (art. 3 $ 1 do CPC).
Juizados Especiais: Trouxeram a possibilidade de desconsideração da Personalidade Jurídica.
5. NORMAS JURÍDICAS PROCESSUAIS
Segundo Fredie Diddier Jr, é fato jurídico processual que estrutura um procedimento ou um ato ou, ainda, tem poder para criar, alterar ou extinguir situações jurídicas processuais.
5.1. Fontes das Normas Jurídicas Processuais
As fontes das Normas Jurídicas Processuais se dividem entre:
I. Fontes Formais (ou fontes primárias) 
A) Constituição Federal: Normas jurídicas processuais fundamentais.
EX: Contraditório, Ampla Defesa, Devido Processo Legal, Motivação das Decisões Judiciais e proibição de provas ilícitas. Observem que, apesar de serem normas fundamentais da CF, estão repetidas no CPC, como normas orientadoras do processo como um todo;
B) Lei Federal: É fonte Principal do CPC, é o próprio Código.
Art. 22, I, CF/88: Compete privativamente à UniãoLegislar sobre o Direito Processual.
C) Precedentes: São verdadeiros atos do judiciário. São decisões judiciais que tem aplicação obrigatória para casos idênticos, por exemplo, súmulas. O artigo 927 do CPC fala sobre os precedentes judiciais.
D) Regimentos Internos: Os regimentos internos dos Tribunais são uma norma geral que dispõe sobre o funcionamento e a competência de seus órgãos internos, tratando de regras relativas à registro, distribuição, prevenção, conexão e outras regras também relacionadas ao funcionamento e à competência do Tribunal.
E) Leis Estaduais: Art. 24, CF, atribui competência suplementar e supletiva aos estados para legislar sobre procedimentos em matéria processual. 
EX: A C.E é que vai ter competência suplementar para legislar quanto à competência do julgamento contra ato do prefeito de tal cidade.
Aos Estados cabe suplementar e suprir omissões da legislação federal, com foco na disciplina do Processo perante as cortes estaduais, em atenção às suas peculiaridades locais.
EX: Edição de Leis que disciplinem o procedimento para edição, revisão e cancelamento de enunciados de súmulas do TJ; Edição de Leis que disciplinem as audiências públicas no âmbito do respectivo judiciário, em primeira instancia ou no TJ.
OBS: À União, cabe legislar sobre o Direito Processuais estabelecendo normas gerais que disciplinam os processos perante as cortes federais e as normas gerais que tratam do processo nas cortes estaduais.
F) Resoluções do CNJ: (atos administrativos). Os atos normativos do CNJ são importantes fontes de normas processuais (103-B, CF), cabe ao CNJ, por meio dos atos normativos, regulamentar aspectos da administração judiciária ou questões disciplinares dos juízes e dos auxiliares da justiça.
EX: Resolução 71 – CNJ: Dispõe sobre o plantão judiciário;
Resolução 244 – Regulamenta o recesso natalino, inclusive, a suspensão dos prazos processuais.
Resolução 82 – Regulamenta as declarações de suspeição por motivo de foro íntimo.
II. Fontes Materiais: (fontes subsidiárias ou secundárias da Lei)
A) Tratados Internacionais: Importantes fontes relativas ao Direito Processual fundamental, como, por exemplo, o Pacto de São José da Costa Rica, que nos traz importantes garantias fundamentais como o Contraditório, Ampla defesa e Proibição de provas Ilícitas.
B) Costumes: Para a configuração e reconhecimento do costume, a doutrina exige que se prove a existência do comportamento social reiterado e demonstre convicção social de que o comportamento é devido como jurídico.
EX: Pregões que anunciam o início das audiências, costumeiramente realizados por servidores das varas nas salas de espera dos fóruns. Não possuem previsão legal e são devidamente aceitos e reconhecidos como atos válidos.
C) Doutrina: Exerce importante papel na aceitação das normas, sendo os doutrinadores os estudiosos do Direito (no que nos interessa, o processual), fazendo com que os tribunais aceitem suas teorias para melhor aplicação do Direito Processual.
6. APLICAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO.
Art. 14 e 1046, CPC: As Normas Processuais novas, aplicam-se aos processos pendentes.
O processo é um ato complexo de formação sucessiva. Os vários atos que compõe o tipo normativo sucedem-se no tempo, porquanto seja um conjunto de atos jurídicos (atos processuais), relacionados entre si, que possuem como objetivo comum, nos casos do processo judicial, a prestação jurisdicional.
O Direito Processual é uma situação jurídica ativa. Uma vez adquirido pelo sujeito, ganha proteção constitucional e não pode ser prejudicado por Lei.
Art. 14, CPC: A norma processual não retroagirá e será aplicável, imediatamente, aos processos em curso, respeitados os atos processuais acabados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Cada ato processual é como uma caixinha que se fecha hermeticamente quando o ato é finalizado. Ninguém (nenhuma norma nova), consegue penetra-lo. 
Exemplos com as alterações do CPC/2015
· Extinção do Recurso Embargo Infringentes: Se, da decisão publicada ao tempo do código revogado, coubessem o referido recurso, a parte teria mantido o direito de embargar, mesmo que o novo CPC começasse a viger durante o prazo para a oposição dos embargos. PRESTEM ATENÇÃO: SE A VIGENCIA DO NOVO CÓDIGO PEGASSE O DIREITO DE EMBARGAR AINDA EM CURSO. Caso já estivesse encerrado o prazo para embargar, a lei não retroagiria.
· Extinção do Rito Sumário no CPC 2015: Nesse caso, todos os processos que correm no Rito sumário, serão julgados até a sentença, obedecendo os procedimentos do RITO SUMÁRIO. Após sentença, obedecer novas regras. Os novos processos, com a vigência no novo CPC, não contarão mais com o referido rito, a partir do dia da entrada em vigor do novo CPC.
· No CPC revogado, o Poder Público tinha o prazo em quadruplo para contestar ou recorrer. No Novo CPC, houve uma alteração quanto ao prazo e o PRAZO MUDOU PARA O DOBRO. Com a citação, surge o direito de defesa. Assim, mesmo que o novo CPC comece a viger durante a fluência do prazo da apresentação da contestação ou do recurso, será garantido o prazo em quadruplo.
Não há retroatividade da Lei. Somente os atos já iniciados é que correrão pelo modelo antigo. Quando o ato se exaure, o potinho hermético se fecha e não podemos mais nos socorrer dos direitos que tínhamos na lei antiga. A nova lei só atingirá o próximo ato isolado.
A aplicação imediata da nova norma processual não retroagirá para atingir o ato jurídico perfeito e nem o direito adquirido.
7. NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 
Art. 1, CPC: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na CF, observando-se as disposições desse Código.
A Norma fundamental estrutura o modelo do processo civil brasileiro e serve de norte para a compreensão de todas as demais normas jurídicas processuais civis. Essas normas processuais, ora são princípios (devido processo legal) ora são regras (proibição de provas ilícitas).
Uma parte dessas normas fundamentais decorrem diretamente da CF (Direito fundamental constitucional) e a outra parte decorre da legislação infraconstitucional, especificamente do CPC, artigo 1 ao 12 (rol não exaustivo)
Esse capítulo do CPC reproduz alguns enunciados normativos constitucionais EX: Art. 3, CPC/15 = Art. 5 CF. Nesses casos, em que há mera repetição do texto da CF, o conteúdo normativo será sempre constitucional.
8. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS E SUAS APLICABILIDADES
8.1. Devido Processo Legal (DPL) 
É um supra princípio, porque norteia os demais princípios. É um princípio base que está posto na CF:
Art. 5, LIV, CF/88: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
Corresponde a expressão inglesa: Due Process Of Law (Direito e não lei). O processo deve estar em acordo com o todo e não somente em consonância com a Lei.
OBS: Além do aspecto processual, também se aplica o Devido Processo Legal como fator limitador do poder do Estado, bem como para garantir os direitos fundamentais nas relações jurídicas privadas.
O Devido Processo Legal confere a todo sujeito de direito, no Brasil, o Direito a um processo justo e equitativo.
Função do DPL: Criar os elementos necessários à promoção do ideal de protetividade dos direitos, integrando o sistema jurídico eventualmente lacunoso.
Atributos: O Processo deve ser adequado (princípio da adequação), Leal (princípio da boa-fé processual) e efetivo (princípio da efetividade); O DPL é princípio estruturante, que prescreve o âmbito e a forma de atuação estatal.
	
8.1.1. DPL jurisdicional e suas repercussões no Direito Processual Civil
O DPL é um princípio fundamental de conteúdo complexo, pois dele decorrem princípios e regras que compõe seu conteúdo mínimo: Contraditório e Ampla Defesa, Tratamento Paritário às Partes, Proibição de provas ilícitas, Publicidade no Processo, Decisões Motivadas, Acesso à Justiça, Juiz Natural e Duração Razoável do Processo.
Se não houver a garantia de um desses princípios não haverá o Devido Processo Legal.
OPrincípio do DPL é renovável em seu conteúdo mínimo, na medida dos anseios da sociedade, das transformações sociais.
8.1.2. DPL Substancial ou Material 
É uma forma de controle de conteúdo das decisões. Se o processo tem seu tramite até a sentença final, só haverá DPL se a decisão for devida, adequada.
O DPL substancial diz respeito ao campo da elaboração e interpretação das Normas Jurídicas, evitando-se a atividade legislativa abusiva e irregular e dita uma interpretação razoável quando da aplicação concreta das normas jurídicas, funcionando sempre como controle das arbitrariedades do Poder Público.
· DPL substancial nas relações privadas:
Tem fundamento na vinculação dos particulares aos Direitos Fundamentais, ainda que tal vinculação deva ser ponderada, no caso concreto, com o princípio da autonomia da vontade. O que se previne é o abuso de direito.
EX: Caso Uniban – Geisy Arruda.
8.1.3. DPL Formal ou Processual
Definição do Princípio, dirigido ao Processo em si, obrigando o juiz, no caso concreto, observar os princípios processuais na condução do instrumento estatal oferecido aos jurisdicionados para a tutela de seus direitos materiais.
O processo deve ser justo, permitindo a ampla participação das partes e a efetiva proteção dos seus direitos (exige-se respeito a um conjunto de garantias processuais mínimas).
8.2. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
(Art. 1, III, CF c/c Art. 8, CPC) 
Art.8, CPC: Impõe que o órgão julgador, resguarde e promova a Dignidade da Pessoa Humana. Trata-se de princípio fundamental de aplicação geral e força cogente.
Dignidade da Pessoa Humana: Direito fundamental de conteúdo complexo, formado pelo conjunto de todos os direitos fundamentais.
“Resguardar”: Significa aplicar corretamente a norma jurídica (proteção da dignidade da pessoa humana), e “não violar” a dignidade. 
EX: Na condução de depoimento da parte, o juiz deve ter todo o cuidado para não exceder em seus questionamentos, expondo quaisquer das partes a perguntas vexatórias, extensível às testemunhas.
“Promover”: Exigência de comportamento mais ativo do magistrado. Em algumas situações, o juiz poderá tomar, até mesmo de ofício, medidas para efetivar a Dignidade da Pessoa Humana (DPH). 
EX: Art. 12 CPC: Respeito à ordem cronológica de conclusão.
No caso de grave violação à dignidade da pessoa humana, que não se encaixe em um dos incisos que excepcionam a regra de observância da cronologia da conclusão, pode o juiz “furar a fila”, para promover a dignidade da pessoa humana. Exemplos de acidentes graves, infarto, derrame, enfim, qualquer evento grave que traga o risco de a parte não ver satisfeita a sua pretensão.
Art. 1048, CPC: Prioridade na tramitação processual, pessoa com doença grave, que não esteja no rol do citado artigo, inciso I, para promover a Dignidade da Pessoa Humana, o juiz poderá determinar o processamento prioritário.
A argumentação em torno da DPH, tem o condão de humanizar o processo, ou seja, na construção de um processo atento aos problemas reais que afetem a dignidade do indivíduo.
· Construção de normas jurídicas processuais que visem mais diretamente a dignidade das pessoas.
EX: Art., 162, III, CPC – Direito dos deficientes auditivos de se comunicar, em audiência, por meio de libras.
Proibição de perguntas vexatórias às testemunhas e às vítimas
Art. 751, $ # e art. 755, II, CPC – Humanização do Processo de Interdição 
· Reconstrução do sentido de alguns artigos do CPC, que podem ser interpretados extensivamente:
EX: Impenhorabilidade de bens cuja a penhora viole a dignidade da pessoa humana. – Além do bem de família, a interpretação extensiva alcança: Próteses, Jazigos ocupados e Cão Guia de cego, entre outros bens que são fundamentais para trazer dignidade à pessoa.
Para o processo, a DPH deve ser estendida a todo aquele que pode ser parte. Além das pessoas naturais, as pessoas jurídicas, os condomínios e aos nascituros.
8.3. Princípio da Legalidade
Art. 8, CPC/15: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Impõe ao Juiz o dever de observar o princípio da Legalidade, que pode funcionar como uma norma processual ou uma norma de decisão. 
Norma Processual: Aplicação do DPL em sua dimensão formal (direito de processar e ser processado de acordo com as normas e princípios, devendo aquelas serem válidas), conteúdo composto por garantias processuais (contraditório, ampla defesa, juiz natural etc.), enfim, normas produzidas de forma válida.
Norma Material: Impõe ao Juiz que decida os casos de acordo com o direito, com o ordenamento jurídico e não apenas com base na Lei.
O Direito não é apenas legal (lei), não é apenas escrito (há normas implícitas, que não decorrem de textos normativos e há os costumes) e o Direito não é apenas Estatal, um negócio jurídico também é fonte do Direito.
O juiz tem ainda o dever de observância dos precedentes judiciais e da Jurisprudência dos Tribunais, previstos em vários dispositivos no CPC (EX: Art. 926 e 927, CPC).
8.4. Princípio da ampla defesa e contraditório (Art. 5º, LV, CF/88)
Art. 5, LV, CF: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa.
8.4.1. Conceito tradicional: Informação + possibilidade de reação
Informação ou Participação: A garantia da Informação ou Participação é a dimensão formal do Princípio do Contraditório. Garantia de ser ouvido, de participar do processo, de ser comunicado de todos os atos processuais. Fere o contraditório, qualquer previsão legal que exija um comportamento da parte sem instrumentalizar formas para que tome conhecimento da situação processual.
Ao decidir de ofício, o juiz deverá comunicar ás partes a sua decisão. 
· Formas de comunicação dos atos processuais no CPC:
A) Citação: Serve para integrar o demandado à relação jurídica processual e a informa-lo da existência de demanda judicial contra ele, proposta pelo demandante. (Art. 238, CPC) - correios, oficial de justiça, edital, e-mail.
B) Intimação: Serve para dar ciência a alguém dos atos e termos do processo para que faça ou deixe de fazer alguma coisa (Art. 269, CPC) – geralmente por meio do advogado.
8.4.2. Possibilidade de reação ou de influência no processo
É a dimensão substancial do princípio do contraditório. O poder de influência é o poder de interferir, com argumentos, ideias, alegando fatos, podendo influenciar no conteúdo da decisão, apresentando provas, etc. exercendo um contraditório participativo, que se consubstancia no direito de as partes não serem surpreendidas com as decisões. 
Obrigatoriedade da intimação.
Para a formação dos pronunciamentos judiciais é imprescindível que seja observado o Princípio do Contraditório. 
Art. 10, CPC: Regra geral do contraditório – Ouvir as partes em todos os atos processuais.
O juiz, antes de se pronunciar, deve examinar as questões de fato e de direito. Se, após a propositura da ação, algum fato novo, constitutivo, modificativo ou extintivo de direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz leva-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença (art. 493, $ u, CPC). Porém, para efetivar o contraditório, deverá, antes, ouvir as partes, sobre esse fato superveniente.
EXCEÇÕES:
Art. 9, II e III, CPC (inaudita altera partes – antes de ouvir as partes).
Decisão que concede tutela provisória liminar de urgência (art. 300 $ 2, CPC) (provar o fumus boni iuris e o pericullum in mora).
Decisão que concede tutela provisória liminar de evidência (art. 3411, II e III, CPC) (não precisa provar o perigo. Basta demonstrar a alta probabilidade de êxito na demanda (Art. 701, CPC), demonstrar a evidencia do direito.
Não há violação do contraditório na concessão justificada pelo perigo, de tutela provisória liminar. Há uma ponderação legislativa entre a efetividade e o contraditório, preservando-seo contraditório para o momento posterior ao da concessão da providencia de urgência.
· Estrutura básica do contraditório:
 I – Pedido
II – Informação
III – Reação Possível
IV- Decisão
· Estrutura no Processo de Conhecimento:
 I – Petição Inicial
II – Citação
III- Resposta do réu
IV – Sentença
· Estrutura nas tutelas de urgência inaudita altera partes
I – Pedido
II – Decisão
III – Informação da Parte Contrária
IV – Resposta do réu
V – Decisão.
8.4.3. Dever do Juiz de zelar pelo Contraditório:
A parte final do artigo 7 do CPC, impõe ao juiz o dever de zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 139, I, CPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste código, incumbindo-lhe:
I – Assegurar a igualdade de tratamento;
O órgão julgador pode intervir no processo para promover o efetivo contraditório e, por consequência, a igualdade processual.
O juiz deve atuar para neutralizar as desigualdades que possam apetar a atuação das partes e promover uma equivalência de oportunidades a todos os sujeitos.
EX: Art. 139, I: Poder de dilatar prazos processuais
Réu anexa um número grande de documentos na contestação, de forma que os 15 dias sejam insuficientes para a análise dos documentos. O juiz pode dilatar esse prazo, para assegurar o contraditório.
Falta de advogado na audiência de instrução: Juiz pode nomear um defensor público, presente no fórum, para ser curador especial, nos casos do artigo 72, CPC, como forma de zelar pelo contraditório nos casos de pessoas consideradas em situação de vulnerabilidade.
Ampla Defesa
Art. 5, LV, CF, juntamente com o contraditório. São figuras conexas, sendo que a ampla defesa qualifica o contraditório. A Ampla Defesa corresponde ao aspecto substancial do contraditório, sendo o desdobramento do contraditório. Um não existe sem o outro.
8.5. Princípio da Publicidade (Art. 5, LX, CF e 8 e 11, CPC)
Os atos processuais devem ser públicos. 
8.5.1. Funções do Princípio da Publicidade:
A) Proteger as partes contra juízos secretos e arbitrários;
B) Permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente sobre o exercício da atividade jurisdicional.
8.5.2. As funções revelam duas dimensões do princípio:
A) Dimensão interna: Publicidade para as partes, bem ampla, em razão do DPL;
B) Dimensão externa: Publicidade para terceiros, que pode ser restrita em alguns casos.
Art. 5, LX, CF: A Lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social os exigirem.
Art. 189 CPC: Determina que alguns processos devem tramitar em segredo de justiça:
I – Que exija o interesse público ou social;
II – Que versem sobre casamento, divórcios, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III – Que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV – Que versem sobre arbitragem.
O artigo 189, promove a densidade ao princípio.
8.5.3. Direito de consultar os autos do processo
Restrito às partes e aos procuradores.
· Terceiro: Deve demonstrar interesse jurídico e pode requerer ao juiz, certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante de divórcio ou separação
EX: filho prova paternidade após abertura de inventário ou divórcio.
Arbitragem: Pode ser sigiloso, desde que, a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada em juízo.
Há uma intima relação entre o princípio da publicidade e a regra da motivação das decisões judiciais, sendo aquela é instrumento de eficácia e garantia dessa.
8.5.4 Publicidade televisiva
No Brasil há a transmissão, ao vivo, pela televisão, dos julgamentos do STF. Trata-se de técnica de concretização da dimensão externa do princípio da publicidade.
a) Aspectos Positivos: Disseminação da informação jurídica, sobretudo, o posicionamento do STF, trazendo a sociedade para o campo do debate de temas muito importantes.
EX: Pesquisas com células tronco, racismo, garantia de terras à população indígena.
(Hoje o STF é um fórum de discussão democrática mais relevante que o
Congresso Nacional)
b) Aspectos Negativos: Espetacularização e decisões individualizadas que enfraquecem a colegialidade do julgamento. Os Ministros se atentam mais à opinião pública e discursam mais a fim de atingir o público externo que entre os membros do colegiado.
8.5.5. Publicidade e meio eletrônico: Resolução 121, 2010 – CNJ
Consulta aos dados básicos dos processos judiciais será disponibilizada via internet.
O Advogado cadastrado e habilitado nos autos, as partes cadastradas e os Membros do MP cadastrados, terão acesso a todo o conteúdo do processo eletrônico.
Os Advogados, Procuradores e Membros do MP cadastrados, mas não vinculados ao processo, podem acessar automaticamente todos os atos e documentos processuais armazenados em meios eletrônicos, desde que, demonstrado interesse, para fins apenas de registro, salvo nos casos de processo em segredo de justiça. Os acessos, nesse caso, serão registrados.
8.6. Princípio da razoável duração do processo (Art. 5, LXXVIII, CF e Art. 139, II, CPC)
A Corte Europeia dos Direitos do Homem firmou entendimento que, respeitadas as circunstâncias de cada caso, devem ser observados três critérios para que se determine se a duração é ou não razoável:
I. A complexidade do assunto;
II. O comportamento de seus litigantes ou das partes e seus procuradores
III. A atuação do órgão jurisdicional 
e mais um critério no Brasil:
IV. Análise da estrutura do órgão judiciário.
Parâmetro: Art. 97-A da Lei 9.504/97, diz que se reputa razoável o prazo de 1 ano, incluindo a tramitação em todas as instancias, para a duração do processo de perda de mantado eletivo. (Lei Eleitoral)
8.6.1. Instrumentos concretizadores do princípio
A) Representação por excesso de prazo, com a possível perda de competência do juízo, em razão da demora.
Art. 233, CPC: Os autos serão remetidos para o substituto do juiz ou para o relator;
B) Mandado de segurança contra a omissão judicial, caracterizada pela não prolação da decisão em tempo razoável, cujo pedido será a ordem para que se profira a decisão;
C) 	Se a demora for injusta, ação de responsabilidade civil contra o Estado, que poderá mover ação regressiva contra o juiz omisso;
D) 	Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder, além do prazo legal, não podendo devolver o processo ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
E) 	O proferimento da sentença além do prazo estabelecido, privará o juiz de:
I. Inclusão em lista de merecimento para promoção por dois anos;
II. Perda, para efeito de promoção por antiguidade, de quantos dias tanto forem os do retardamento;
O processo não tem de ser somente rápido. Ele deve demorar tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao órgão jurisdicional, sob pena da celeridade trazer graves prejuízos à ampla defesa e contraditório.
A exigência do contraditório, a produção de provas, pericias e os recursos, certamente, atravancam a celeridade, porém, são garantias que não podem ser minimizadas.
8.7. Princípio da igualdade processual (Art. 5, caput, CF e Art. 7, CPC)
Art. 7, CPC/15: É assegurado as partes, igualdade de tratamento em relação aos exercícios de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Paridade de armas = Igualdade de forças
8.7.1. Aspectos:
A) Imparcialidade do juiz (equidistância das partes) – não pode tomar parte.
B) Igualdade no acesso à Justiça sem discriminação (gênero, orientação sexual, raça, nacionalidade etc.)
C) Redução de desigualdades que dificultem o acesso à justiça como:
Financeira: Concessão do benefício da gratuidade;
Geográfica: Possibilidade de sustentação oral por vídeo conferencia (art. 937, $ 4, CPC);
Comunicação: Garantir a comunicação por libras, nos casos de partes ou testemunhas deficientes auditivas (art. 162, III, CPC);
D) Igualdade de acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório;
OBS: O princípio da igualdade, no processo,costuma ser mais claro nos casos em que se criam regras para tratamento diferenciado, ou seja, promovendo a Igualdade Material ou Substancial, desigualando para igualar.
EX:
Regras especiais de competência territorial de proteção de vulnerável –
Pensão alimentícia = Domicílio do menor (art. 53, I, II, III, CPC);
Intimação obrigatória ao MP nos casos que envolvam interesses de incapaz (art. 178, II, CPC)
Tramitação prioritária de processos que envolvam interesses de idosos ou pessoas com doenças graves (art. 1048, CPC);
Inversão do Ônus da Prova no CDC;
8.8. Princípio da Eficiência (Art. 37, caput, CF e art. 8 CPC)
O princípio atua no Poder Judiciário em duas dimensões:
I. Administração judiciária: conjunto de órgãos administrativos que compõe o Poder Judiciário e deve ser eficiente.
Criação do CNJ, pela E/C 45/2004, corrobora com essa dimensão do princípio de eficiência administrativa.
II. Gestão de processo determinado: Princípio da Eficiência aplicado ao processo jurisdicional, impõe a condução eficiente de um determinado processo, impondo ao órgão jurisdicional o dever e arquitetar regras processuais com o fim de atingir a eficiência.
8.8.1. Aplicações do Princípio: Alguns Exemplos:
A) Escolha do meio a ser utilizado na execução da sentença: medidas coercitivas, indutivas, mandamentais ou sub-rogatórias, necessárias para assegurar o cumprimento da ordem judicial. (Art. 139, IV, CPC)
 O juiz escolhe as medidas que achar adequadas para a efetivação da tutela provisória. (Art. 297, CPC)
Para dar efetividade ao cumprimento de sentença na obrigação de dar/fazer/não fazer, o juiz poderá determinar, entre outras coisas, a aplicação de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas ou coisas, o desfazimento de obras e, caso necessário, o uso da força policial (art. 536, CPC).
B). Permissão do órgão jurisdicional estabelecer uma conexão probatória entre causas pendentes, de modo a unificar a atividade instrutória, como forma de redução de custo e celeridade.
EX: Nocividade de determinado produto, cujos processos não podem ser reunidos em julgamento simultâneo em razão de diferentes realidades fáticas. Pode o magistrado, nesse caso, determinar uma única perícia, cujos custos serão divididos entre os sujeitos do processo.
8.9. Princípio da boa-fé e lealdade processual (Art. 3, CF e Art. 5, 79 a 81, CPC)
Princípio que norteia o processo civil.
Sujeitos processuais devem comportar-se de acordo com a boa fé, que, nesse caso, deve ser entendido como norma de conduta (boa-fé objetiva).
OBS: Boa-fé subjetiva diz respeito a um estado psicológico, que não é considerado no processo civil. 
São normas de condutas que as impõem ou as proíbem, além de criar situações jurídicas ativas (autor) e passivas (réu).
Art. 77, CPC – descreve deveres de condutas para as partes e para quaisquer pessoas que, de alguma forma, participe do processo, o que inclui os promotores, defensores, juízes, advogados, serventuários etc.
A Boa Fé objetiva traz deveres de conduta que deverá ser entendida no padrão do homem médio, com entendimento mínimo de regras de comportamentos aceitáveis no meio social:
I. Expor os fatos conforme a verdade;
II. Não apresentar defesa ou formular pretensão que sabe destituídas de fundamento;
III. Não produzir provas e/ou atos inúteis, falsos ou desnecessários à defesa do direito;
IV. Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais e não produzir embaraços de qualquer natureza;
V. Não criar direitos que não tenha, não praticar inovação ilegal do estado de fato, de bem ou de direito;
VI. Enfim, ser leal e honesto em seus comportamentos em todos os atos do processo até a decisão final, com transito em julgado da sentença.
Aquele que deixa de cumprir, com exatidão, as ordens judiciais ou cria qualquer obstáculo a sua efetivação, seja em tutela antecipada ou definitiva, desrespeita o Estado Juiz, cometendo “ato atentatório” à dignidade da Jurisdição.
· Litigante de má fé – sujeito processual que age de má fé.
· Sanção: Multa de até 20% do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta;
· Não sendo paga a multa: Inscrição do nome do multado na dívida ativa e execução nos moldes fiscais;
· Exclusos: Advogados Públicos e Privados, membros da DP, do MP. Nesse caso, o juiz oficiará a OAB e as corregedorias para que sejam aplicadas as devidas medidas disciplinares.
· Quando o valor da causa for irrisório, a multa poderá ser fixada em até 10 vezes o valor do salário mínimo vigente; (dadas circunstâncias, o valor pode aumentar, dado o caráter pedagógico da multa).
· Reconhecida a prática de inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso, o juiz determinará o estabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação de multa.
OBS: A aplicação da multa não exclui a responsabilidade Civil ou Penal.
IMPORTANTE: É proibido a todos os envolvidos no processo, o uso de expressões ofensivas, nos escritos apresentados ou manifestadas oral ou presencialmente. Nesse caso, o juiz advertirá o ofensor e poderá cassar sua palavra. A requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão de inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada (Art. 78, CPC) – Uso em processo apartado. EX: Calunia ou Danos morais.
Atos que contrariam a boa-fé, configuram a litigância de má fé, descritos no artigo 80, CPC.
· O dolo processual é conduta ilícita por ferir o princípio da boa-fé. EX: Art. 258, CPC: Requerimento doloso da citação por edital: Multa 5 vezes o valor do salário mínimo, revertida em favor do citando.
· Ação dolosa do órgão jurisdicional: O juiz responderá civil e regressivamente por perdas e danos; 
· Os deveres de proceder com boa fé e lealdade, presentes em vários artigos do CPC, prestam-se a evitar os exageros no exercício da ampla defesa, prevendo condutas que violam a boa fé e a lealdade processual. Deve haver uma linha de equilíbrio entre os deveres éticos e a ampla defesa.
Proibição de uma situação jurídica contrária à anterior para evitar exageros na ampla defesa
· Parte autoriza uso de documentos 
· Recorrer contra decisão já aceita 
· Pedir invalidação de ato cujo efeito já deu causa
8.10. Princípio da Efetividade (Art. 4, CPC)
Dar efetividade ao processo, a sentença.
Garante o direito fundamental à tutela executiva, no qual existem meios executivos capazes de proporcionar pronta e integral satisfação a qualquer direito de tutela executiva.
8.11. Princípio da Adequação 
Descrição dos fatos adequados ao direito material
8.11.1. Dimensões:
I. Legislativa: O legislador deve se atentar à adequação do processo e do procedimento ao Direito Material, sob pena de negação da tutela jurisdicional;
II. Jurisdicional: Permite ao Juiz, no caso concreto, adaptar o procedimento às peculiaridades da causa, que lhe é submetida;
III. Negocial: O procedimento é negociado pelas próprias partes (arbitragem).
8.11.2. Critérios de Adequação:
A) Adequação Subjetiva: o Processo deve ser adequado aos sujeitos processuais;
EX: Atuação do MP quando houver interesses de incapaz; Prazos especiais para entes públicos; Prioridade de tramitação por idade
B) Adequação Teleológica: Faz-se de acordo com os vários objetivos que se deva alcançar:
Processo de conhecimento: Visa à definição do direito;
Processo de execução: Realização coativa do direito declarado; 
Processo cautelar: Busca a segurança do interesse em lide.
C) Critérios objetivos: Visa a natureza do direito litigioso: A relevância impõe uma tutela diferenciada, com procedimentos especiais, criados para determinadas situações litigiosas. Adequação do processo ao caso específico.
EX: Ações Possessórias; Alimentos; Busca e apreensão; Tutela de urgência/emergência.
8.12. Princípio da adstrição ou congruência 
O juiz tem o dever de se ater ao pedido. Não pode conceder mais do que foi pedido (extra petita), nem julgar o que não foi pedido (extra petita). 
OBS: Caso tenham sido pedidos danos morais, o juiz pode arbitrar o valor para menos, jáque o dano moral é subjetivo. 
8.13. Princípio do Juiz Natural
Estabelece previamente qual é o juiz competente para julgar determinado caso. A parte não escolhe o juiz e nem ao contrário. Sistema automático de distribuição, respeitando sua competência. 
9. PROCESSO NA FASE ADVERSARIAL E COOPERATIVA
A doutrina costuma identificar dois modelos de processo na civilização ocidental: O modelo dispositivo e o modelo Inquisitorial. Mais recentemente, a doutrina trabalha com o modelo cooperativo, como veremos a seguir. 
Cada sujeito processual exerce um papel mais ou menos relevante, na instauração, no desenvolvimento e na conclusão do processo.
9.1. Modelos de estruturação do processo:
· Modelo adversarial ou dispositivo:
O juiz passa a ter uma atuação condicionada à vontade das partes, que definem não só a existência e extensão do processo – cabendo ao interessado a sua propositura e definição dos elementos objetivos e subjetivos, como também o seu desenvolvimento, que dependerá de provocação para que prossiga.
Assume a forma de competição ou disputa, desenvolvendo-se como um conflito entre dois adversários, diante de um órgão jurisdicional, relativamente passivo, cuja principal função é decidir o caso.
Nesse caso, a maior parte da atividade processual é desenvolvida pelas partes.
· Modelo Inquisitorial:
O juiz tem a ampla direção do processo. No sistema inquisitivo puro, o juiz é colocado como a figura central do processo, cabendo a ele a sua instauração e condução sem a necessidade de qualquer provocação das partes. A liberdade da atuação do juiz é ampla e irrestrita. 
Organiza-se uma pesquisa oficial, sendo o órgão jurisdicional o grande protagonista do processo.
Prepondera o fundamento inquisitivo.
OBS: Sempre que o legislador atribuir um poder ao magistrado, independente da vontade das partes, vê-se a manifestação da inquisitividade.
No Processo Civil Brasileiro, a Dispositividade e a Inquisitoriedade não predominam individualmente sobre o processo. Dentro de um mesmo processo vão haver atos dispositivos e atos inquisitivos.
EX: Iniciativa da parte para dar início ao processo: Dispositividade
Determinação ex oficio, pelo juiz, de produção de provas: Inquisitoriedade
9.2. Processo Cooperativo (Art. 6, CPC)
O princípio da cooperação define o modo como o processo civil deve estruturar-se no Direito Brasileiro
Art. 6, CPC: Todos os sujeitos do processo devem COOPERAR entre si, para que se obtenha em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Os deveres de cooperação são conteúdo de todas as relações jurídicas processuais que compõe o processo:
Autor – réu
Autor – juiz
Juiz – réu
Autor – réu – juiz
Juiz – perito
Perito – autor
Perito – réu.
Atuação direta, imputando deveres aos sujeitos do processo, e torna devidos os comportamentos necessários à obtenção de um processo leal e cooperativo. 
EX: Não praticar atos de deslealdade processual (boa-fé objetiva);
Contribuir para uma solução mais rápida, justa e efetiva para com o processo.
9.2.1. Divisão dos deveres de cooperação:
A) Dever de esclarecimento: Os demandantes devem redigir a sua demanda com clareza e coerência, sob pena de ser julgada a inépcia da inicial
B) Dever de lealdade: As partes é proibido litigar de má fé.
C) Dever de proteção: Uma parte não pode causar dano à outra parte adversária (art. 77, VI, CPC). O Exequente será responsabilizado em caso de execução injusta.
· Em relação ao órgão jurisdicional: 
A) Dever de esclarecimento: Dever do Tribunal de esclarecer junto às partes, quanto às dúvidas que tenham sobre suas alegações ou pedidos, para evitar decisões tomadas em percepções equivocadas ou apressadas.
EX: Dúvida do magistrado sobre um requisito processual de validade – Deverá pedir esclarecimentos à parte envolvida.
B) Dever de Informar: O juiz, decidindo a questão de fato ou de direito, deve intimar as partes para que se manifestem no prazo processual, para dar o direito aos litigantes de participarem e influenciarem no convencimento do juiz.
C) Dever de Prevenção: O magistrado tem o dever de apontar as deficiências das postulações da parte para que seja suprida.
O dever de prevenção vale genericamente para todas as situações em que o êxito da ação ou da defesa possa ser frustrado pelo uso inadequado do processo.
9.2.2. Área de aplicação:
A) Explicitação de pedidos pouco claros, esclarecimento das lacunas contidas nas exposições de fatos relevantes;
B) Adequação de pedido formulado à situação concreta;
C) Sugestão de certa atuação da parte.
EX: Esclarecer se a parte desistiu de uma determinada testemunha ou esqueceu de chama-la a testemunhar.
9.3. Princípio ao respeito ao auto regramento na vontade do processo: 
O modelo cooperativo do processo caracteriza-se por articular os papeis processuais das partes e juiz com a intensão de aliviar a tensão entre a liberdade de expressão e o exercício do poder do Estado.
O auto regramento vem da autonomia da vontade, que é um dos pilares da liberdade e dignidade da pessoa humana.
· Exemplos no CPC:
Mediação e Conciliação (art. 165 a 175 CPC);
Auto composição antes da apresentação da defesa: (Art. 334 e 695, CPC); Homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (art. 515, CPC);
Arbitragem (Lei 9307/96);
· Regras: O artigo 2 do CPC consagra duas regras tradicionais no Direito Processual Brasileiro:
I. Princípio da inércia jurisdicional: Instauração do processo por iniciativa da parte.
EX: A execução de sentença para pagamento de quantia certa, depende da provocação da parte. (Art. 513, § 1, CPC/15).
EXCEÇÃO: O juiz pode instaurar a execução de sentença que impõe prestação de fazer, não fazer ou dar coisa que não seja dinheiro (Art. 536 e 538, CPC)
OBS: A execução de sentença trabalhista pode ser promovida ex oficio nos casos em que a parte não estiver representada por advogado;
II. Desenvolvimento do processo por impulso oficial: O processo desenvolve-se por impulso oficial, independente de novas provocações das partes.
OBSERVAÇÕES:
I- O autor pode desistir da demanda e, com isso, o processo é extinto sem julgamento do mérito (art. 485, VIII, CPC);
II – Ressalvados os casos de remessa necessária, o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal, cuja instauração depende de provocação do interessado.
Ação contra órgão público, que é mandada automaticamente para a instância superior após decisão.
9.3.1. Regra de obediência à ordem cronológica de conclusão: 
Conclusão do processo é ato em que o escrivão ou chefe de secretaria (ou qualquer servidor), certifica que o processo está pronto para a decisão judicial, pois nada mais há que ser feito.
Por isso, os autos (eletrônicos ou não), são entregues ao gabinete do juiz, para que ele profira a decisão.
Pela regra, o juiz deve julgar de acordo com a ordem cronológica da conclusão: O processo que primeiro ficar concluso, deve ser o primeiro a ser julgado.
OBS: A regra aplica-se a juízes e Tribunais de qualquer instancia, mas somente se refere às decisões finais, sentenças ou acórdãos finais. (Art. 21, caput, CPC).
Motivadamente poderá o juiz decidir em desconformidade com a ordem cronológica de conclusão. (Exemplos já vistos. Idoso, doença grave, preferencias legais.)
Deferida a prioridade (que deverá ser pedida pelo advogado, nos autos do processo), os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
OBS: A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se ao cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável.
· Extensão da regra ao escrivão ou chefe da secretaria:
Art. 153, CPC: O escrivão ou chefe de secretaria deverá obedecer a ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais, do mesmo modo, as listas de processos recebidos devem ser disponibilizadas para consulta pública.
EXCEÇÃO:
Atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado;
Preferencias legais;
Deverão ser formadas listas próprias de decisão a cumprir, em ordem cronológica, em situações de urgência e nas preferenciaslegais (art. 153 $ 3, CPC)
A parte que se considerar preterida na ordem cronológica, poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz da causa, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de dois dias (art. 153, § 4, CPC)
Constatada a preterição sem justificativa, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor.
10. JURISDIÇÃO
É a função atribuída a um terceiro imparcial, para que realize o direito de maneira imperativa e criativa, reconhecendo, protegendo e efetivando situações jurídicas concretamente deduzidas, por meio de decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível.
A jurisdição é técnica de resolução de conflito por heterocomposição: um terceiro substitui a vontade das partes e determina a solução do problema apresentado
FUNÇÃO ATRIBUÍDA: Chiovenda – Exercendo a jurisdição, o Estado substitui, com uma atividade sua, as atividades daqueles que estão envolvidos no conflito trazido à apreciação do judiciário; Desempenho da atividade heterocompositiva. 
TERCEIRO IMPARCIAL: Juiz togado, investido de jurisdição por meio de concurso público de provas e títulos, devidamente empossado na função de juiz. Nesse caso, este juiz estará exercendo a função típica, de julgar pelo Poder Judiciário.
· IMPARCIALIDADE
É a essência da atividade jurisdicional, ser ela exercida por quem seja estranho ao conflito (terceiro, aspecto objetivo) e desinteressados (imparcial, aspecto subjetivo).
O juiz deve ser terceiro desinteressado.
Antônio do Passo Cabral: Prefere usar o termo Impartialidade, sendo seguido por parte importante da doutrina, exemplo, Fredie Diddier Junior.
Imparcialidade: Subjetividade
Impartialidade: Aspecto Objetivo – o juiz não pode SER PARTE.
Neutralidade: A neutralidade funda-se na possibilidade de o juiz ser desprovido de vontade inconsciente. Ninguém é neutro. Todos temos medos, traumas, preferencias, experiências etc.
OBS: Funções atípicas
Senado julgando o impeachment do presidente da república.
Executivo julgando processos administrativos
	
IMPERATIVIDADE: As partes se sujeitam à decisão do juiz. Não é uma prerrogativa, mas uma obrigação de cumprimento da decisão, quando esgotados os recursos e transitado em julgado. A Jurisdição é manifestação de poder e, portanto, impõe-se imperativamente, reconstruindo e aplicando o direito às situações concretas, que são submetidas ao órgão jurisdicional.
	Inevitabilidade: As partes devem submeter-se ao quanto decidido pelo órgão jurisdicional.
A situação de ambas as partes perante o Estado Juiz (particularmente a do réu), é de sujeição, que independe de sua vontade e consiste na impossibilidade de evitar que sobre elas e sobre sua esfera de direitos, se exerça a atividade estatal.
A condenação é imperativa até que sejam julgados os recursos. Depois disso, a imperatividade/inevitabilidade segue conforme a nova decisão. 
CRIATIVIDADE: A criatividade é ilimitada. Até Montesquieu, o Juiz era a boca da lei. Ou seja, era mero aplicador da lei seca. Hoje, o juiz tem o dever de interpretar a Lei de acordo com o caso concreto, conjugando-a com os princípios de Direito e Direitos Fundamentais. Nesse caso, o juiz pode criar precedentes, que poderão tornar-se jurisprudência e ser aplicado diretamente aos casos idênticos.
Aos tribunais, cabe interpretar, testar e confirmar ou não os textos normativos. Ao decidir, o tribunal cria.
Art. 5, XXXV, CR, Art. 3, CPC: Princípio da inafastabilidade da jurisdição. 
O juiz não pode se afastar de julgar. A NÃO DECISÃO NÃO É PERMITIDA
Art. 140, CPC: O juiz não se exime de decidir sob alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Ainda que a situação concreta não esteja prevista, expressamente na legislação, caberá ao magistrado dar uma resposta ao problema, classificando-o como lícito ou llícito, acolhendo ou negando a pretensão do demandante.
· Limites da criatividade jurisdicional:
I. Enunciados normativos do direito objetivo – CF, Leis, Regulamentos, tratados, etc. 
II. O juiz não pode decidir fora do pedido ou dar uma decisão que seja contrária ao Direito.
RECONHECENDO: Processo de conhecimento.
PROTEGENDO: Por meio de Tutelas liminares.
EFETIVANDO: Por meio do processo de execução.
SITUAÇÃO JURÍDICA CONCRETAMENTE DEDUZIDA: O juiz atua sobre uma situação jurídica concreta, não abstrata (essa é da atividade legislativa).
DECISÃO INSUSCETÍVEL DE CONTROLE EXTERNO: De acordo com o sistema de freios e contra freios, o Judiciário controla atos dos demais poderes, mas esses não controlam os atos do Judiciário.
Judiciário controla ao julgar o ato ilegal.
EX: Declaração de inconstitucionalidade de Lei ou artigo de Lei. Judiciário controlando ato do Legislativo.
Decisão Judicial: Não é passível de controle pelos demais órgãos.
EX: Controle de ato administrativo ilegal, expedido pelo Poder Executivo.
10.1. Tipos de Jurisdição
a) Jurisdição Contenciosa
Conflito de interesses, qualificado por pretensão resistida. (Lide)
Uma parte postula um direito, a outra resiste. 
b) Jurisdição Voluntária 
Ausência de lide. Atende à interesses diversos: alterar nome, divórcio consensual, por exemplo. 
Possui maior número de interessados do que partes.
10.2. Equivalentes de Jurisdição
Formas não jurisdicionais de solução de conflitos.
São equivalentes porque, não sendo jurisdição, funcionam como técnica de tutela dos Direitos, resolvendo conflitos ou certificando situações jurídicas.
OBS: Todas as formas equivalentes de jurisdição não são definitivas, podendo ser submetidas ao controle jurisdicional.
O CPC/15 adotou um sistema de justiça multiportas. A tutela dos direitos pode ser alcançada por diversos meios, sendo a Justiça Estatal a ultima ratio nos litígios que admitem composição. 
Têm-se os meios alternativos de resolução de conflitos como melhor forma para solucionar os litígios por prezarem a paz social, o que, geralmente, não há no processo jurisdicional. 
I. AUTOTUTELA: Remete a sociedades antigas.
Solução do conflito de interesse se dá pela imposição da vontade de uma das partes, com o sacrifício de interesses do outro. Solução egoísta e parcial, em regra vedada.
Autotutela tipificada como crime: Exercício arbitrário das próprias razões (particular) Exercício arbitrário ou abuso de poder (estatal).
· Exceção: Autotutela que ainda vige em nosso ordenamento e é considerada lícita:
a) Desforço incontinenti do possuidor (Art. 1210, § 1)
b) Legítima Defesa/Estado de Necessidade (Art. 24 e 25, CP) Direito de Greve (Art. 9, CF)
c) Direito de retenção (Art. 1467, CC) 
d) Guerra (Art. 84, XIX, CF)
II. AUTOCOMPOSIÇÃO (Art. 3, § 2 e § 3, CPC/15)
Forma de solução de conflitos pelo consentimento espontâneo de um dos contendores em sacrificar um interesse próprio, no todo ou em parte, em favor de interesse alheio.
Considerada solução altruísta do conflito, devendo ser prioritária para atingir a pacificação social.
Pode ocorrer dentro ou fora do Processo Jurisdicional.
A) ESPÉCIES DE AUTOCOMPOSIÇÃO
a) Transação: Os conflitantes fazem concessões mútuas e solucionam o conflito. Ambas as partes abrem mão de seus direitos.
EX: Transação MP
b) Submissão: Um dos conflitantes se submete à pretensão do outro, voluntariamente, abdicando dos seus interesses.
EX: Irmão abre mão de cobrança de uma dívida em detrimento do outro.
Quando feita em juízo, no curso do processo, tem o nome de Renúncia (Art. 487, III, c, CPC).
Se a submissão for do réu, no curso do processo: Chama-se Reconhecimento do pedido (Art. 487, III, a, CPC).
c) Mediação: Não é centrada no conflito em si, mas em suas causas.
Não existe decisão impositiva.
O mediador não propõe soluções para o conflito, apenas conduz às partes a descobrirem suas causas, removendo-as e chegando à uma solução, por si só, sentindo-se capazes de resolverem seus conflitos.
Preza pela sensibilidade.
d) Conciliação: Nesse caso, o conciliador propõe solução do conflito, mediando as negociações.
Estrutura procedimento de modo a pôr a tentativa de auto composição comoato anterior ao oferecimento de defesa pelo réu (Art. 334 e 695, CPC.)
Permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (Art. 515, III e 725 VIII, CPC).
Pode ser realizado a qualquer momento no curso do processo, e caso ocorra, esse será interrompido e se tornará jurisdição voluntária. 
B) MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO
Métodos auto compositivos para resolução de conflitos. Equivalente jurisdicional que ganha força no CPC/15, o qual dedica um capítulo inteiro para regular a mediação e a conciliação. (Art. 165 a 175, CPC).
I. Normas que regem a Mediação e a Conciliação: 
Princípio da Independência: O Conciliador ou Mediador tem o dever de atuar com liberdade, sem se abater por pressão externa ou interna, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão, se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo obrigação de redigir acordo ilegal ou inexequível.
Princípio da Imparcialidade: Mediador ou Conciliador não podem ter qualquer interesse no conflito, obedecendo o princípio da impessoalidade, próprio da administração pública.
OBS: A pessoa designada para atuar como mediador, tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstâncias que possam suscitar dúvidas justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade que poderá ser recusado por qualquer das partes.
Auto regramento da Vontade: Tudo é pensado para que as partes definam a melhor solução para seu conflito. O respeito à vontade das partes é absolutamente fundamental. O Mediador ou Conciliador estão proibidos de constranger os interessados à autocomposição. A vontade das partes pode direcionar-se, inclusive, nas definições das regras procedimentais da mediação ou conciliação, até mesmo, a extinção do procedimento negocial. A parte pode, a qualquer momento sair do procedimento da mediação.
Confidencialidade: Estendem-se a todas as informações produzidas ao logo do procedimento, cujo teor não poderá ser usado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. Mediador e Conciliador tem sigilo profissional.
Impedimentos: Mediadores e conciliadores, assim como membros de suas equipes não poderão depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou mediação, caso o litígio não se resolva e torne-se um processo judicial. 
EXCEÇÕES:
Se as partes decidirem de forma diversa;
Se sua divulgação for exigida por Lei ou necessária para o cumprimento do acordo de
Mediação;
Não está obrigada à regra de confidencialidade, crime contra a administração pública;
Os mediadores e conciliadores devem informar à Administração tributária, após termo da mediação, aplicando aos seus servidores o termo de confidencialidade.
OBS: É facultado a presença de advogado ou defensor público. Caso uma das partes compareça com um dos dois, o mediador suspenderá o procedimento, até que todas as partes estejam devidamente assistidas.
II. Diferenças e semelhanças entre mediação e conciliação:
São formas de solução de conflitos, pelas quais um terceiro intervém em um processo negocial, com a função de auxiliar as partes a chegar à uma autocomposição;
Ambas são técnicas que costumam ser apresentadas como principais exemplos de solução alternativa de conflito;
A mediação e a conciliação podem ocorrer judicial ou extrajudicialmente; no primeiro caso, Mediador e Conciliador são auxiliares da Justiça;
Ambas podem ocorrer perante Câmaras Públicas, institucionais, vinculadas a um Tribunal ou Câmaras Privadas em Escolas, Associação de Moradores, OAB ou Câmaras Administrativas, vinculadas à Administração Pública;
O Mediador e o Conciliador poder ser funcionários públicos ou profissionais liberais. É importante que se encare esse tipo de atuação como uma atividade remunerada, com tabela fixada pelo Tribunal, conforme parâmetros do CNJ;
Os interessados podem escolher consensualmente, o mediador, o conciliador e a Câmara privada para a realização da mediação ou conciliação; 	
O cadastro é importante, pois os mediadores e conciliadores devem passar por um curso de capacitação, cujo programa é definido pelo CNJ em conjunto com o Ministério da Justiça, além de se submeterem às reciclagens periódicas;
DIFERENÇAS:
Conciliador: Tem atuação mais ativa no processo de negociação, podendo sugerir solução para o conflito. A técnica para a conciliação é mais indicada para os casos em que não haja vínculo anterior entre os envolvidos;
Mediação: Cabe ao Mediador servir como veículo de comunicação entre os interessados, um facilitador de diálogo entre as partes, auxiliando-as a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam identificar, por si mesmos, soluções consensuais, que gerem benefício mútuos. O mediador não propõe soluções aos interessados e é mais indicada para casos em que haja vinculo anterior, como questões de família ou conflitos entre sócios.
III. Centro de Solução de Conflitos:
Art. 165, caput, CPC: Os tribunais deverão criar, obrigatoriamente, centros de resoluções de conflitos
Esses centros serão, preferencialmente, responsáveis pela realização das sessões e audiências de mediação ou conciliação, que ficarão a cargo de mediadores e conciliadores.
Os centros contam com um juiz coordenador e, se necessário, com um adjunto, aos quais caberá a administração do centro, bem como a supervisão dos servidores e mediadores;
As sessões de conciliação e mediação pré-processuais devem ser realizadas nesses centros.
IV. Câmaras privadas de conciliação e mediação:
A Mediação e a Conciliação podem realizar-se perante câmaras privadas, que possuirão regras procedimentais, além de um quadro de mediadores e conciliadores cadastrados.
Tanto podem caracterizar-se como atividade lucrativa, como pode ser câmara de caráter comunitário, gerida por associação de bairro ou outras entidades não governamentais, como, por exemplo, sindicatos, com suas comissões de conciliação prévia para questões trabalhistas.
Regulamento: Art. 12, c a f da Resolução 125 do CNJ.	
Art. 176. CPC/15: As câmaras privadas de mediação e conciliação e conciliação ou órgãos semelhantes, bem como seus mediadores e conciliadores, devem ser cadastrados no Tribunal respectivo ou no Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores.
OBS: O cadastramento é facultativo para realização de sessões de mediação ou conciliação extrajudiciais.
Os Tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pela Câmara privada, com o fim de atender os processos que tenham sido deferidos o pedido de justiça gratuita, como contrapartida do credenciamento.
As câmaras privadas, bem como os mediadores e conciliadores cadastrados, ficarão sujeitos à avaliação do Comitê de Gestor da Conciliação, no que se refere às estatísticas, incluindo os mediadores e conciliadores voluntários.
V. Conflitos no âmbito do poder executivo:
A solução negocial é estimulada com criação de regras que permitem a autocomposição administrativa.
EX: Acordos e parcelamentos de débitos fiscais.
a) Câmaras Administrativas:
Instalação de câmaras administrativas de conciliação e mediação (art. 104, CPC e Lei 13.140/15, art. 32) 
· Competência das Câmaras:
Dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública
 EX: conflito de competência entre órgãos de fiscalização;
Avaliar admissibilidade do pedido de resolução de conflitos por meio de conciliação, no âmbito da administração pública.
EX: pedidos de parcelamentos de débitos fiscais.
Realização da conciliação, no âmbito administrativo, de conflitos judiciais e extrajudiciais.
Prevenção e resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico/financeiro de contratos celebrados pela administração com particulares.
Promover, quando couber, a celebração do TAC, instrumento para resolução de conflito coletivo.
· Regras gerais de funcionamento das Câmaras:
Modo de composição e funcionamento: cada ente federado estabelece o regulamento;
A submissão do conflito às câmaras é facultativa e será cabível apenasnos casos previstos no regulamento dos entes federados;
Se houver acordo entre as partes, será reduzido a termo e valerá como título executivo extrajudicial;
A DPU, dos Estados e DF e dos Municípios, onde houver, poderá instaurar, de oficio ou mediante provocação, procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços públicos.
OBSERVAÇÕES CRÍTICAS:
A autocomposição não pode ser entendida como técnica de aceleração do processo;
É perigosa e ilícita a postura de alguns juízes que constrangem as partes à realização de acordos judiciais;
Não é recomendável que o juiz da causa exerça função de conciliador ou mediador;
É preciso atenção, em processo de mediação e conciliação, ao desequilíbrio de forças entre os envolvidos (disparidade de poder e/ou recursos econômicos/financeiros envolvidos).
VI. Quem pode ser mediador/conciliador judicial:
Pessoa capaz, graduada há pelo menos 2 anos em curso reconhecido pelo MEC e que tenha recebido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores/conciliadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM), ou pelos Tribunais, observados os requisitos mínimos pelo CNJ e Ministério da Justiça.
FIM DA PRIMEIRA UNIDADE – TGP

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