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Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica APRESENTAÇÃO As diretrizes curriculares são de grande importância para nós, professores que atuamos na educação básica. Mas, por quê? Imaginem se todas as escolas existentes no nosso país, nos mais distantes e diferentes estados, resolvessem empreender seus projetos educacionais da forma como julgassem melhor. Conseguiríamos ter um projeto nacional de educação? As diretrizes são importantes porque traduzem, em suas linhas, as determinações federais do Ministério da Educação que irão regular o chamado projeto de educação nacional, o qual deve ser implantado e perseguido por todas as escolas do Brasil. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar alguns conhecimentos em torno das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as finalidades e os objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e sua articulação com o Plano Nacional de Educação. • Caracterizar as relações existentes entre as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e a qualidade na educação. • Analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e suas implicações no currículo escolar e nas propostas pedagógicas das escolas. • DESAFIO Mariana assumiu recentemente a supervisão pedagógica da escola e se deparou, logo que assumiu, com algumas situações interessantes: - Os professores desenvolviam suas aulas da forma como entendiam ser a melhor, sem o mínimo de troca ou planejamento prévio; - Os pais não frequentavam a escola e reclamavam de não ficar sabendo do que estava sendo realizado com os alunos em sala de aula; - Alguns professores chegados recentemente na escola e na vida docente haviam começado suas atividades e não sabiam como a escola funcionava e como deveriam planejar/executar suas aulas. Dentro deste cenário, imagine-se no lugar da Mariana, assumindo este novo desafio em sua carreira docente. Como você agiria para resolver estas questões? INFOGRÁFICO Acompanhe, no Infográfico a seguir, as etapas das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, as quais visam à qualidade na educação. CONTEÚDO DO LIVRO No material disponível para leitura, o autor destaca que os desafios para a busca por um projeto de nação deve ser construídos e articulados no interior das escolas, por intermédio da educação. Mas como equacionar, regular, sistematizar e unificar um projeto educacional dentro de um território tão amplo e tão diverso? Esse é o desafio das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica brasileira. Acompanhe a leitura do capítulo Bases legais da profissão, que serve como base de leitura desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. Conteúdo: POLÍTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA Pablo Bes As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica Introdução O Brasil é um país continental, sua extensão territorial se difere da grande maioria das nações de nosso planeta. Da mesma forma, apre- sentamos uma diversidade étnica muito grande, o que faz com que as várias culturas que permeiam estas etnias produzam um ambiente muito diverso e com grandes particularidades regionais nos estados que nos constituem. Dentro desta lógica, percebemos que os desafios para a busca por um projeto de nação devem ser construídos e articulados no inte- rior das escolas, por intermédio da educação. Mas como equacionar, regular, sistematizar e unificar um projeto educacional dentro de um território tão amplo e tão diverso? Esse é o desafio das Diretrizes Cur- riculares Nacionais Gerais da Educação Básica (DCNGEB) brasileira. 1. Finalidades e objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica Podemos entender a sociedade brasileira como altamente híbrida, mesclada, miscigenada, contexto em que a diversidade cultural deve ser respeitada e problematizada constantemente no âmbito social e, da mesma forma, no in- terior da escola. Essa contextualização inicial nos leva a pensar: como, dentro deste con- texto, uma nação poderá conseguir construir um projeto nacional de edu- cação? Como planejar e dimensionar que se ensine e sejam atendidos os mesmos critérios educacionais em locais e com alunos tão diferentes? A resposta para estes questionamentos encontra-se na própria existência das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, uma vez que estas vêm a atender o compromisso da União com a Educação Básica previsto no Art. 9, inciso IV, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que atribui à União: estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (LDB 9394/96, art.9). Dessa forma, as diretrizes foram elaboradas e instituídas como atribuição federal e têm caráter mandatório, ou seja, devem ser seguidas pelas escolas a nível nacional na elaboração de suas propostas pedagógicas e no desenvolvi- mento de suas propostas curriculares junto aos alunos. As DCNGEB (2013) têm como primeiro objetivo: I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, tradu- zindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola (DCNGEB, 2013, p.9). Em outros termos, lembramos que possuímos um direito à educação de qualidade e que nos forneça uma formação humana, cidadã e profissional as- segurada pela Constituição Federal e também pela própria LDB. As diretrizes irão sistematizar, organizar, como esta formação irá ocorrer no interior das escolas do nosso país. Como segundo objetivo, as DCNGEB apresentam o seguinte texto: II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a for- mulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica (DCNGEB, 2013, p.10). Todos aqueles que já se envolveram de forma direta ou indireta na cons- trução de um projeto político-pedagógico (PPP) de uma escola sabem que essa não é uma tarefa simples, pois envolve uma série de passos importantes, visando assegurar a construção, de fato, de um documento que tenha a iden- tidade daquela escola e de sua comunidade. Dessa forma, também é função destas diretrizes gerais problematizar e propor reflexões sobre a importância dessa construção dos PPPs por parte das escolas da educação básica. E, como terceiro objetivo, as DCNGEB determinam: III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profis- sionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam (DCNGEB, 2013, p.10). Este terceiro objetivo relaciona-se com a preocupação voltada para os cursos que se empenham na formação dos professores, bem como na conti- nuidade destas formações iniciais no interior das escolas, garantindo que as discussões e as reflexões sobre a teoria e a práxis se estabeleçam continua- mente no ambiente escolar. Desta forma, para efeito didático, podemos definir resumidamente os objetivos das DCNGEB dentro do seguinte esquema: Fonte: Do autor. 2. As Diretrizes Nacionais Básicas da Educação Básica e a qualidade na educação Quando falamos em qualidade, a primeira coisa que nos vêm à mente é que ela é subjetiva, ou seja, as pessoas pensam, sentem a qualidade de forma dife- rente, com padrões e olhares que destoam entre si. Mas, nem por isso devemos deixar de perseguir a qualidade no que desenvolvemos em termos educacio- nais. Ao invés disso, devemos estabelecer padrões, regras que possam fazer com quea educação se manifeste em todos os cantos e recantos de nosso país, buscando uma qualidade comum. Inclusive, essa garantia de padrão de quali- dade é evidenciada na LDB, em seu Art. 3, inciso IX. As DCNGEB (2013) entendem que: O conceito de qualidade na escola, numa perspectiva ampla e ba- silar, remete a uma determinada ideia de qualidade de vida na so- ciedade e no planeta Terra. Inclui tanto a qualidade pedagógica quanto a qualidade política, uma vez que requer compromisso com a permanência do estudante na escola, com sucesso e valorização dos profissionais da educação. Trata-se da exigência de se conceber a qualidade na escola como qualidade social, que se conquista por meio de acordo coletivo. Ambas as qualidades – pedagógica e po- lítica – abrangem diversos modos avaliativos comprometidos com a aprendizagem do estudante, interpretados como indicações que se interpenetram ao longo do processo didático-pedagógico, o qual tem como alvo o desenvolvimento do conhecimento e dos saberes construídos histórica e socialmente (DCNGEB, 2013, p.23). Destacamos que a qualidade proposta e perseguida pelas diretrizes tem a ver com a busca por uma qualidade social e planetária, na qual os alunos e os professores sintam-se contemplados em termos de aprendizagem e de valori- zação de forma igualitária em âmbito nacional. 3. As DCNEB e suas articulações com o currículo e as propostas pedagógicas nas escolas. Para que se consiga operacionalizar e sistematizar os processos de ensino e aprendizagem que irão ocorrer dentro das escolas brasileiras, buscando uma ideia de qualidade social, aliada e explícita nas formulações dos PPPs esco- lares, é imprescindível que se discuta sobre os currículos escolares. A discussão sobre o currículo escolar se faz importante devido ao con- ceito da multiplicidade de culturas que envolvem a escola e os nossos alunos. Cultura esta entendida como produção social, como o conjunto de práticas e discursos que constituem a identidade e participam da formação das subjeti- vidades humanas. (...) toda política curricular é uma política cultural, pois o currículo é fruto de uma seleção e produção de saberes: campo conflituoso de produção de cultura, de embate entre pessoas concretas, con- cepções de conhecimento e aprendizagem, formas de imaginar e perceber o mundo. Assim, as políticas curriculares não se resumem apenas a propostas e práticas enquanto documentos escritos, mas incluem os processos de planejamento, vivenciados e reconstruídos em múltiplos espaços e por múltiplas singularidades no corpo social da educação (DCNGEB, 2013, p.24). Dessa forma, entendendo o currículo como política cultural, tendo em vista que propõe e articula os saberes que serão desenvolvidos em sala de aula, as diretrizes estimulam sua discussão e problematização, uma vez que contemplem as inúmeras culturas envolvidas e possam atingir aquilo que está sendo proposto nos projetos político-pedagógicos das escolas. Estes PPPs, por sua vez, quando bem elaborados, seguindo as orientações da própria diretriz, irão traduzir o que a comunidade escolar pensa quanto ao tipo de aluno e de escola que se pretende naquele local. Os currículos escolares deverão permitir, ainda, segundo as DC- NGEB (2013), que sejam garantidos o pluralismo de ideias e concepções peda- gógicas, assim como a valorização da experiência extraescolar e a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Considerações finais A busca por um padrão de qualidade, por um caminho que se disponibi- lize a resolver a questão da procura por um projeto nacional de educação, no qual todos possam aprender, desenvolver-se, tornarem-se cidadãos em igual- dade de condições escolares, é estimulada e perseguida por meio da imple- mentação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Por meio dela, garante-se o respeito à diversidade cultural e se esti- mulam a reflexão e a prática comum em busca do melhor fazer na área peda- gógica que possa se estender a todos dentro do país. Referência BRASIL, Constituição Federal; SEB, DICEI. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do professor a seguir, você vai ver os três principais objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica e seu alinhamento com a Constituição Federal e com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Assista e acompanhe! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica foram elaboradas e instituídas por atribuição federal e têm caráter _____________. A) Facultativo. B) Disciplinar. C) Mandatório. D) Urgente. E) Interdisciplinar. 2) As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica apresentam três objetivos descritos em seu texto. Assinale a alternativa que contém um desses objetivos. A) Regular a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais na escola. B) Estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto político-pedagógico (PPP) da escola de educação básica. C) Promover o acesso das populações indígenas e regular o seu ensino nas escolas indígenas e nas não indígenas. D) Desenvolver a educação intercultural e das relações étnico-raciais. E) Assegurar o direito à saúde, segurança e dignidade da pessoa humana. 3) Quando pensamos sobre o conceito da qualidade relacionado à educação, conforme proposto no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, nos referimos a qual tipo de qualidade? A) Qualidade total. B) Qualidade associada a zero defeitos. C) Qualidade social. D) Qualidade conceitual. E) Qualidade estrutural. Analise a imagem, reflita sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica e escolha a alternativa que atende melhor aos conceitos estudados. 4) A) A imagem não tem nenhuma relação com a diretriz e com seus conceitos. B) A imagem ilustra como as escolas podem escolher optar ou não pelo uso das diretrizes. C) A imagem traduz o caráter confuso do documento. D) A imagem pode ser relacionada com o esforço da diretriz em servir como norteador e bússola para projetar os caminhos que a educação deve seguir. E) A imagem evidencia que podemos escolher estudar ou não, tal como a diretriz o faz. 5) Ao tratar do currículo escolar, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica o consideram de que maneira? A) O currículo é visto como fruto de uma seleção e produção de saberes. B) O currículo não tem implicações políticas. C) O currículo se caracteriza pela inexistência das pessoas. D) O currículo não produz cultura alguma. E) O currículo não se associa à leitura de mundo. NA PRÁTICA Joana assumiu recentemente a supervisão escolar em uma escola de ensino fundamental da rede pública de seu município. Logo após ter sido nomeada para esta escola, já ficou sabendo dos comentários negativos relativos à não participação dos pais na escola, bem como ao distanciamento da comunidade em relação à escola. Sobre isto, as pessoas comentavam que a escola parecia desencaixada do bairro, não fazendo parte de sua identidade. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O ensino médio e as novas diretrizes curriculares nacionais: entre recorrências e novas inquietações Diante dos múltiplos olhares e perspectivas a partir das quais é possível analisar as atuais políticas para o ensino médio, pretende-se, neste ensaio, identificar o que as novas diretrizes curriculares trazem de novo para a organização do ensino médio no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! D-28 - Gestão e diretrizes curriculares Entrevista com os educadores Francisco Cordão (CNE), que trata das Diretrizes Federais e Parâmetros CurricularesNacionais, e Guiomar Mello (CEE-SP), que fala sobre gestão do currículo escolar. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A “era das diretrizes”: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres Este texto analisa, criticamente, a proposta de atualização das diretrizes curriculares nacionais da educação profissional técnica de nível médio relatada no Conselho Nacional de Educação Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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