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Filosofia do Direito

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Filosofia do Direito
Avaliação 1 - 2020.2
A que serve a filosofia na atualidade do direito?
· Capacidade reflexiva + criticidade (pergunta infantil)
A filosofia é como a criança que está perplexa diante de algo. Ela é uma pergunta difícil de responder. O perguntador infantil é o ser que, diante daquilo que está posto diante do mundo, questiona esse mundo, desconcertando-o. A pergunta infantil é nos levar a um lugar de dúvidas, questionamento. Quando pensamos isso no direito, o que a filosofia faz, é justamente esse, criar um espaço para refletir. 
· Formação humanista
O direito é uma formação técnica, pois aprendemos a manusear essas leis. Tem um papel social, de relações sociais, etc. Sendo isto a formação humanística. 
· Competências intelectuais para além do estudo normativo
Estudar leis e normas é algo acessível a todo e qualquer cidadão.
O futuro do direito
Nós vivemos um momento de transformação forte no direito, pois a tecnologia chegou com toda a força. Mudança no trabalho, modo das relações e uma transformação no modo de atuação do profissional.
Isso tem a ver com a filosofia do direito, pois isso muda o nosso processo de formação. Cada vez mais é exigido do profissional que ele pense além da lei, capaz de formular e construir argumentos que subsidiem uma boa atuação profissional. 
Hoje o direito é muito argumentativo. Esforço argumentativo para extrair de conceitos que estão no ordenamento jurídico para as decisões judiciais. Cabe ao intérprete do direito elaborar argumentos que transcendam a mera aplicação da lei, a formação humanista se torna mais relevante. 
Plurivocidade do direito
O conceito de Direito de alguma forma vamos entender como dará o desenvolvimento do curso. Esse é um quadro que relaciona o sentido do direito com conceitos e escolas da filosofia do direito. O fato do que ser direito não ter uma resposta única está conectado ao ordenamento jurídico. 
Direito plurívoco porque não tem somente um conceito de direito. Conceitos:
· Direito como justiça: A primeira definição que o direito alcança é o direito como justiça. A nossa tradição é uma tradição ocidental. Direito é direito justo. Se eu digo que direito é justiça, direito justo, eu necessariamente associo o direito a um valor. Uma série de debates envolvem um grupo achando que tal conduta foi justa ou injusta. Precisa alguém dizer o que é justo - forma de exercício de poder (atuação e exercício de justiça ao longo da história). Na escola jusnaturalista vamos ver a mudança do conceito de justiça desde da idade média até a idade moderna, entretanto, durante todo esse período, os juristas sustentam que o direito é um direito justo. Há diferentes definições de justiça. 
· Se justiça é um valor, é necessário que alguém o diga. Há um exercício de poder por parte daquele a quem incumbe dizer o que é justo. 
· Direito como justiça associado ao divino. Definir justiça passa a representar um exercício de poder. Independente de qual seja sua religião, você é influenciado pela moral cristã, porque essa relação entre o cristianismo e o direito foi tão grande durante a baixa e a alta idade média que o direito é influenciado pela moral cristã. Ex: Culpa, autonomia da vontade. 
Esta primeira definição do direito foi extremamente importante a formação do pensamento jusnaturalista do direito e o próprio debate que vai desaguar no positivismo jurídico, que vai dizer que o significado de justo é variável e que não haveria segurança jurídica. 
Existe hoje uma definição para o que é justo? Não. O conceito de justo não é permanente. Mas há um esforço extremamente importante para que se coloque o que é injusto. 
· Direito como norma: Racionalização > Certeza Jurídica > Codificação. O primeiro passo para o positivismo jurídico é o momento de codificação do direito. Esse momento de racionalização do direito ganha uma parte prática quando é codificado. O iluminismo foi extremamente importante para essa definição de direito como norma, além do surgimento do estado moderno. Com a formação do estado moderno, você passa a ter o poder legislativo. 
Lembrem-se que norma não é o mesmo que lei. Norma é uma prescrição de conduta. 
Os positivistas vão dizer que é preciso dar ao direito esse caráter de ciência, ele precisa ter um objeto definido, no direito, seria a norma. Nesse momento o conceito de direito deixa de ser associado ao conceito de justiça e passa a ser norma.
· Direito como cultura: Não é possível pensar norma sem olhar a cultura. Compreende-se que a norma jurídica é consequência prática da existência da cultura. Para os culturalistas, o direito é objeto cultural. O direito é produto de uma sociedade e as normas jurídicas são consequências disso. O culturalismo dá uma visão de que o direito deve ter parte do decorrer da sociedade. Isso é possível quando observamos as normas de determinadas sociedades. Norma como decorrência de uma cultura/conjunto de valores da sociedade, que justifica a existência da premissa normativa. No momento em que se associa o direito à cultura, observa-se: (1) Não há a negação da norma, apenas ele entende que a norma é decorrente da sociedade e que a norma, por si, não explica o direito; (2) No culturalismo, passamos a ter uma perspectiva valorativa do direito.
Existe aí uma diferença que é: Você tem o direito como justiça (valor), direito como norma (positivistas buscam excluir a dimensão valorativa, porque acham que é isso que irá relativizar o direito), culturalismo (direito é cultura e traz de volta a dimensão valorativa). O culturalismo regata a dimensão valorativa, pois ao dizer que direito é cultura, voltamos a pensar na sociedade - O culturalismo vai dizer para o positivismo que ele não nega que a norma é importante para o direito, mas não dá para dizer que a norma nasce do nada, a norma é consequência daquilo que a sociedade valora como certo e errado.
O que compõe nossa cultura é aquilo que nós valoramos, por isso dizer que o culturalismo resgata a discussão de valores e, portanto, uma perspectiva valorativa do direito. O predomínio do pensamento positivista retirou do debate jurídico a discussão sobre valores jurídicos.
· Direito como linguagem: Normalmente se associa ao pós positivismo. A partir dessa segunda metade do século XX, com o fim das duas grandes guerras, nos trouxe uma reflexão sobre qual seria o papel do direito. Nenhum regime agiu como agiu fora da lei, eles agiram de acordo com a lei. Então, o fim da guerra coloca para a filosofia do direito essa questão, se seria: (1) Proteger o homem; (2) Garantir apenas a existência da norma. Necessidade que o direito coloque o homem como principal. 
Direito como linguagem porque na medida que o pós positivismo traz a revalorização humana como objeto de proteção do direito, associado a noção do princípio como norma e quando isso acontece, você passa a ter uma ampliação do espaço discursivo do direito. Ex: é proibido pisar na grama - O espaço da dimensão discursiva desse exemplo é pequena. Ex: Caso do aborto de feto anencefálico - A decisão para a existência disso, foi baseada em princípios. 
No momento que eu aplico uma norma-regra, a margem de discurso é mínima. Quando eu tenho uma norma-princípio, a extensão discursiva é muito maior, pois para sustentar um princípio, preciso demonstrar como aquele princípio está naquela situação.
O direito se efetiva no espaço discursivo, mesmo que eu esteja aplicando uma regra, o direito constrói um discurso de aplicação da regra, ou do princípio. Inclusive para construir relações que não estão necessariamente presente na norma, como por exemplo o caso do aborto de feto anencefálico, não tem uma norma sobre isso, mas o discurso da dignidade da pessoa humana. 
Jusnaturalismo
Corrente filosófica que permanece por muito tempo, aproximadamente 21 séculos. O que nós chamamos de jusnaturalismo se desenvolve em momentos bem diferentes da história. 
Embora nesse período tenhamos diferentes momentos/contextos, existem alguns elementos que são condutores ao longo desse tempo (fio condutores do pensamento jurídico), elementosque têm um efeito de permanência e que permite a gente abarcar todo o conceito de jusnaturalismo. Como por exemplo, o próprio conceito de direito natural. 
Por que direito natural?
O jusnaturalismo sustenta a ideia da existência de um direito natural, ou seja, um direito da natureza das coisas. Um direito que independe da vontade humana e advém da natureza das coisas. Vai ter um momento que essa natureza das coisas é Deus, por exemplo. Direito que é imanente à própria existência do mundo. Não é um direito que resulta da nossa inteligência, como o direito positivado. Ex: Para os jusnaturalistas o direito a vida é um direito natural, que é da natureza das coisas. A proteção do direito a vida é algo em que o homem não precisa dizer que está sendo defendido, pois já é um direito natural.
Isso é algo que atravessa os vários séculos do pensamento jusnaturalista. Direito natural que antecede a vontade humana. Santo Agostinho, por exemplo, diz que existe um direito criado pelos homens, mas há um direito que antecede os homem, que seria o direito natural.
Características do jusnaturalismo 
1. Defesa de um direito inato. Direito que já nasce conosco. No momento que venho ao mundo, já sou detentora de direitos. Sendo assim, não seria necessário o Estado. A partir do momento que se forma o Estado momento, é que essa ideia de direito inato começa a ser posta de lado, pois não é mais um direito existente da vida humana, mas um direito que o Estado nos põe.
2. Defende a ideia de perenidade do direito. Imutabilidade. Existe um direito natural que é imutável e indiscutível. Direito não seria suscetível a mudanças. Isso é importante para dar a vigência da norma, hoje em dia, trazida pelo positivismo. Antigamente eles não teriam a vigência da norma, mas somente a sua existência. Por exemplo, atualmente conseguimos dizer quando a norma começou a vigorar até que outro o substitua, no passo, essa data de início da norma, não seria possível. 
3. Defendiam o direito natural como algo universal. O direito natural era válido em qualquer lugar do mundo. Cabe a nós perceber que estamos falando de um contexto histórico que estava centrado na Europa. Noção eurocêntrica do direito. É essa defesa de um direito universal decorre do fato que estamos falando de pensadores europeu e tinha como universal a sua própria condição de existência. // Foi possível por conta dessa concepção eurocêntrica. No momento em que a Europa rompe esse momento fronteiristico e os europeus começam a dominar outros continentes, esse universalismo começa a ser usado como mecanismo de poder. O modelo colonizador era de imposição, pois na cabeça deles o direito natural era universal. // O discurso de direitos humanos, com essa formação de discurso de direitos humanos, essa discussão em torno do universalização volta a ter uma importância, pois a declaração universal dos direitos humanos traz esses como universal. Debate muito forte: declaração universal x respeitar cada individualidade das sociedades. Ex: Tribo indígena que tem o sacrifício de um dos bebês gêmeos. Isso é uma regra cultural, à luz dos direitos humanos, o infanticídio é crime. Se colocamos um olhar culturalista, talvez a noção visão seja outra. Ex: Prática de castração de mulheres. Para mulher ser pura precisa ser submetida a um ritual de castração do clitóris. Muitas crianças morrem, etc. Será que um órgão internacional não poderia intervir x olhar da perspectiva cultural.
4. Existência de fundamento metafísico. Quando pegamos as diversas fases do jusnaturalismo a premissa é que é algo que não há existência material, por exemplo: cosmos e lei de Deus. A razão. O ponto de partida do direito natural não está em algo materializado, a lei está materializada, está escrita. Quando eu digo que o direito é o direito natural (do cosmos ou de Deus), eu coloco o fundamento em algo metafísico. Há uma impossibilidade de discutir de discutir com o legislador.
5. Direito baseado em valores. A definição do direito é justiça. Direito justo e justiça é valor. Atitude valorativa. Isso traz toda a problemática de como definir essa justiça.
Fases do jusnaturalismo (em todos esses momentos tem-se a definição do direito como direito natural, agora existem aí as variações que são associadas a cada período do jusnaturalismo)
· Cosmológico - Pois o direito natural estava associado com essa ideia de cosmos, então costuma-se relacionar esse naturalismo cosmológicos com o apogeu da grécia sócrates até a queda do império romano. Leis eternas e imutáveis que regem o funcionamento dos cosmos. 
· Teológico - Jusnaturalismo teológico pois está associado ao momento de domínio do cristianismo. A igreja passa a exercer domínio sobre a Europa, repercutindo sobre o direito. Séc. XV por conta da obra de Nicolau De Cusa “Doctia Ignorantia”, onde ele questiona diversos dogmas da igreja, primeira vez que tem-se uma publicação que faz esses questionamentos. 
· Racionalista - Assim chamado pois passa a tratar o direito natural como sendo razão humana. Direito natural baseado no reconhecimento de nós como seres dotados de razão. Tenho capacidade de fazer escolhas. Debate essencial para a formação do Estado moderno. Direito natural baseado na razão humana.
· Moderno - Tentativa de resgate da concepção jusnaturalista, pois há pensadores que dizem que para combater o que aconteceu com os regimes totalitaristas, seria necessário fazer isso. Tentativa de resgate da concepção jusnaturalista após a Segunda Guerra Mundial, resgate da ideia de direito imanente.
Não se confunde o pós-positivismo com o jusnaturalismo moderno. Eles têm semelhanças pois os dois questionam a separação entre direito e moral. São coisas diferentes, embora haja algo em comum. 
Jusnaturalismo Cosmológico
· Grécia - Berço da filosofia ocidental
Embora a Grécia esteja muito distante da gente, no sentido histórico, é notável as influências que os pensadores/filósofos desse período exercer nas correntes filosóficas ao decorrer do tempo. Se você for para a filosofia moderna, ou da idade média, por exemplo, você consegue encontrar pensadores da Grécia. Quando tentamos encontrar um marco zero da filosofia ocidental, é só olhar pra Grécia. Sócrates, Platão, Aristóteles... Tiveram a capacidade de atravessar conhecimentos: sociedade, moral, ética, física, matemática, natureza, etc. 
Ela é o berço da filosofia ocidental, pois pouco se tem registro de elementos filosóficos anteriores a tradição grega. Quando traçamos uma linha do tempo, a Grécia é a fonte primeira. Ocidental - Nós não temos o hábito de estudar a corrente filosófica oriental. 
· Noção de justiça baseada no cosmos 
Ideia de uma força criadora do universo. Para os filósofos desse tempo, de certa forma, essa relação entre estado e religião era uma relação necessária. O Estado tomava decisões de acordo com a vontade de Deus/Deuses. Isso influencia a formação filosófica. Os filósofos que vamos estudar se caracterizam por trazerem essa questão filosófica para a questão social.
Conceitos importantes 
· Pólis - É um conceito tipicamente do jusnaturalismo cosmológicos, pois pólis estava associado ao espaço político-jurídico da convivência do sujeito. A pólis era o centro da vida do grego. Toda essa reflexão que se desenvolve com Sócrates, Platão e Aristóteles se desenvolve na pólis. Quando eles pensam na questão moral, ética e justiça, estão pensando na vida na polis. Pólis não reaparece ao longo da história, outros conceitos são criados. Esse conceito de pólis é localizado na história desse período grego. Entender que é uma filosofia pensada a partir da vida na pólis. 
· Liberdade - Conceito extremamente político (se transforma na história). Existia na pólis a classe dos homens livres, essa ideia de que Atenas é o berço da democracia, temos que situar que havia uma democracia direta (mulheres, escravos e estrangeiros não participavam). Somente quem era livre e poderia atuar nessa democracia direta eram os homens livres. Liberdade - associado aos quais são os direitos da sociedade que você vive. A liberdade é uma condiçãopolítica de existência na socidade/vida da pólis na capacidade de participação. 
· Virtude - Conceito muito peculiar e particular desse momento. Se hoje eu disser que X é uma pessoa virtuosa, a ideia que nos vem à cabeça é de uma pessoa leal, boa, etc. Hoje, temos a noção influenciada pela religião cristã (que acabou permanecendo nas entranhas da nossa sociedade). Na Grécia, virtude era o modo que a pessoa se comportava diante da sociedade, então X era um bom cidadão, partícipe da sociedade, cumpria seus direitos na sociedade, etc. - Ser um cidadão participativo e que cumpre sua função de cidadão. Os gregos entendiam que virtude estava associado a “quem é você” diante da sociedade. Virtude tem a ver com ação. O que a igreja faz? Tiro isso da ação exteriorizada e transforma isso em dimensão interiorizada (relacionada a fé).
Havia uma separação muito grande entre vida pública e privada. Quando se fala em virtude, do homem livre, ele tem participação na vida pública. Já a mulher, por exemplo, teria participação na vida privada (à vida doméstica). Relação de cidadão associada a tanto vida pública quanto privada. Hoje, não existe mais nenhuma separação entre vida pública e vida privada (ex: aulas online - estou no espaço público dando aula, mas estou no meu espaço privado, que é minha casa).
· Felicidade - Hoje, a noção de felicidade está associada à alegria. Na antiguidade, essa noção estava associada a sua dimensão interior, a relação que você estabelece com as outras pessoas, seria uma espécie de ápice da relação. Platão, Aristóteles… colocam a felicidade como objetivo único do sujeito. 
FASES DO JUSNATURALISMO COSMOLÓGICO
· Pré-socráticos - O que marca? É só o nascimento de Sócrates? Não, o que nos chamamos de filosofia pré-socrática é que o se desenvolve e tem como característica ser uma filosofia pensada a partir da natureza. Os elementos da natureza é que subsidiaram o pensamento desses autores.
· Período socrático (sistemático) - Filosofia que passa a pensar o homem na sociedade. Homem como ser social. Homem como ser cidadão. Sócrates traz essa reflexão do homem como ser social.
· Período helenístico 
SÓCRATES
· Legado não escrito;
· A eterna busca do conhecimento;
· Dúvida como método.
O que nós sabemos de Sócrates é o que Platão escreveu sobre Sócrates. O que vai marcar o pensamento Socrático é a noção de que o conhecimento era algo essencial. Sócrates se dedica a busca do conhecimento. Ele tinha a forma de exercer seu ofício de filósofo através de questionamentos suscetíveis para tirar ou retirar a pessoa do seu possível estado de pensamento. Leva a um desconstrução do conhecimento. A partir dessa metodologia ele começa a ter jovens seguidores da sua filosofia e chama atenção do governo de Atenas, ele é acusado de desafiar o governo e acaba sendo levado a julgamento e morto. O próprio Platão diz que a morte de Sócrates tinha uma dimensão filosófica - pois, a partir do momento que ele aceitou a lei, já teria sido um legado filosófico. 
A morte de Sócrates é importante para entendermos Platão, que vai ter um desevolvimento de justiça, ética, etc. 
PLATÃO
· Contextualização;
Platão era de uma família de políticos de Atenas e havia uma certa tradição de que, se sua família participa do governo da pólis, os filhos também participaram. Só que Platão é muito marcado pela morte de Sócrates, assistir a sua morte, que foi considerada injusta, foi uma marca tão forte que ele desistiu de se envolver na política. 
Ele entende que seu papel é ser filósofo para preparar outros filósofos para mudar o que está no governo, se dedicando a ensinar filosofia. Ele criou uma escola de filosofia que se chama “Akademia”. Platão tira a Akademia da pólis ateniense para fugir das influências da vida na pólis, por isso ele cria no entorno da pólis (numa região de campo). Platão se dedica a isso, a ensinar as pessoas, a servir a formação de um pensamento filosófico, a fim de superar os maus governos. 
Conceito de Rei Filósofo atravessa o pensamento de Platão. Ou seja, um governante que seja formado em filosofia. Platão não consegue criar o Rei Filósofo, mas Aristóteles, que foi seu aluno, consegue. 
· O idealismo platônico (mundo das idéias x mundo do sensível);
Esse elemento vai caracterizar o pensamento de Platão. Ele era idealista. Cria uma esfera ideal, um plano ideal que deve ser uma espécie de finalidade do indivíduo. A ideia essencial do pensamento dele é que todos nós somos marcados por uma distorção de mundo, e é através da filosofia que nos levaria a superar essa visão distorcida e alcançar uma espécie de mundo ideal e mundo inteligível. O papel da filosofia seria educar o indivíduo para que ele alcançasse um plano ideal de mundo. Ele tem uma visão baseada em opostos - antagonismo - (bem, errado, ideal, sensível, etc.). Essa busca pelo mundo ideal e inteligível seria uma forma de alcançar a ideia primeira das coisas ou a essência das coisas (eidos). Nós temos que ser capazes para além daquilo que nos é apresentado no mundo. Esse antagonismo não está presente somente em Platão, mas em Kant, Agostinho, etc. Essa estrutura de pensamento vai se repetir em várias passagens da filosofia. A noção de Platão é que a filosofia é o caminho para a educação dos indivíduos, a filosofia não faria deixar a distorção das coisas e alcançar a ideia primeira das coisas. Se educar para superar o que o mundo te oferece de maneira distorcida. Ele se vale do mundo das idéias e do mundo sensível.
· A filosofia como educação para a política.
Platão circunscreve a filosofia como forma de educação para a política, a fim de chegar a uma sociedade justa e um bom governo. O conceito dele de mundo sensível e inteligível, está associado à dimensão política do seu pensamento. O pensamento dele está todo interligado. Ele não tem bem dividido os conceitos. Platão mistura tudo! 
Quando Platão fala na educação para política, para ter um bom governo, etc, uma coisa interessante é que a concepção de Platão não é de que todos devessem estudar filosofia. Hoje, é muito comum pegar alguém do século tal e dizer que, por exemplo, Platão é “elitista”. Para ele, só as pessoas da classe alta e que tem capacidade intelectual poderiam estudar filosofia. Só que isso tem também um outro elemento no pensamento de Platão, ele entende que existem outras funções na sociedade que precisam ser realizadas, por exemplo a necessidade de se formar guerreiros. Reconhece outros papéis sociais. 
Atenas era um lugar riquíssimo em tudo, menos no sistema de defesa. 
· O idealismo platônico e o Mito da Caverna
Platão traz com isso a noção de que ao romper a escuridão da caverna, você encontra a luz capaz de enxergar a luz e conhecer o próprio mundo exterior, e que esse sujeito retornaria à caverna para encontrar a luz, assim como ele. Relacionado ao idealismo platônico, pois Platão coloca aí uma noção para tratar do mundo sensível (caverna) e o mundo inteligível (luz). O papel da filosofia faz você sair da escuridão da caverna e encontrar a luz. Essa descoberta foi produzida por quem conduz a luz. E por que o retorno? pela necessidade da filosofia contribuir para que outros também alcancem essa luz,
“Só se pode ser racional na realidade prática mediante o domínio do outro.”
Domínio do outro = Não no sentido de impor uma vontade, mas quanto a capacidade de percepção sobre quem é o outro. Sendo esta uma leitura super plausível para a modernidade. 
O mito da caverna, portanto, é possível ser relacionado com a modernidade. 
· O sentido de justiça em Platão (estado, ação coletiva, bem-estar)
Existe um conceito de justiça em Platão? Existe, mas o que vamos perceber é que não há na leitura de Platão uma definição recortada de justiça (um conceito fixo). Os conhecimentos de Platão estão misturados, não há nada fixo. Platão fala de educação, política, justiça, etc. Ao mesmo tempo que ele fala do tipo de governo que ele esperava da pólis, ele fala da ética, por exemplo. 
É um sentido de justiça como um estado de bem-estar. Ou seja, se alcançaria a justiça quando se passa pelo bem-estar.Para ele, seria preciso um estado que assegurasse uma ação coletiva e a partir daí se alcançaria o bem-estar da sociedade. 
A ação coletiva era algo basilar para pensar na sociedade numa concepção de justiça. 
· República ideal (governo ideal):
· Unidade e fins: Unidade no sentido de não haver fragmentação nesse estado e depois a existência de finalidades. Um bom governo é onde você sabe onde vai chegar. Governo que mantenha a unidade do estado e a existência de fins. 
· Proteção do estado pelas leis e pela força: As leis como instrumento de proteção/defesa do estado e a força. Isso é importante para a alma de ouro, bronze e alma de prata (Platão). Athenas acaba sendo atacada e o governo da pólis ateniense acaba sendo destruído por não ter um bom sistema de defesa e nem força. É importante um governo que pensa na filosofia, mas também tem força. 
· Uso de recursos para manutenção da unidade da pólis: Noção incipiente de direito tributário. É essa estrutura tributária que mantém o estado. O estado deve ter um sistema de recursos públicos que garanta a sua unidade. 
ARISTÓTELES
· Contextualiazação 
Aristóteles é discípulo de Platão. Ele é o único dos nossos pensadores que não é ateniense e vai morar em Atenas e ser aluno de Platão devido a fama da Akademia. Aristóteles dedica o resto da sua vida à filosofia, embora tenha um pensamento diferente de Platão na base. Enquanto Platão é idealista, Aristóteles é empiricista, voltado para a realidade prática. 
Depois que Platão morre, ele retorna a sua cidade (Macedônia). Justamente, Aristóteles é quem concretizará a ideia do rei filósofo (Alexandre, o Grande). Alexandre, entretanto, se torna um tirano. 
Aristóteles escreve sobre física, questões da natureza, etc. É um filósofo muito pluri, na quantidade de temas que ele estuda e reflete. 
Uma das diferenças principais entre Platão e Aristóteles é que, Platão é idealista e Aristóteles é empiricista. Aristóteles se preocupa com o conhecimento voltado para a prática, ele tem a característica de criar conceitos. Ou seja, ao falar de algo, ele explica o que é esse algo. Essa estrutura conceitual é bem isso. Primeiro ele divide o saber teorético e o saber prático, depois práxis e técnica e por fim, política e ética (ele faz essa diferenciação, pois essas são formas de conhecimento da práxis). 
Saber teorético - Formas de saberes que independem da vontade humana. Não é o conhecimento sobre, mas é a existência daquele conhecimento. Por exemplo, a natureza. São objetos de conhecimentos que independem da vontade humana, onde a relação de causa e efeito não passam pelo controle do homem.
Saber prático - Formas de saberes que dependem da vontade humana, só existe porque o homem produz esse conhecimento. Formas de conhecimento onde a relação de ação, reação e consequência passa pela existência. Porque o homem assim desenvolveu e assim disse. Ex: O direito é um direito prático.
Práxis - Tudo aquilo que é resultado da inteligência humana e que não se distingue dela. É produto do meu conhecimento e não se distingue de mim. Por exemplo, o discurso verdade. A fala da verdade continua atrelada a mim. Assim como a desonestidade. É produzida pelo homem e não possui vida própria. Mesmo quando exteriorizadas, não se separam de quem produziu. 
Técnica - Toda forma de conhecimento produzida pelo homem e que ganha vida própria. Por exemplo, fazer uma mesa - é uma técnica, é resultado de uma técnica. A máquina existe porque alguém criou. O conhecimento humano criou a sua existência, quem criou pouco importa, o importante é que foi criado.
Política - A política diz respeito ao indivíduo com sua comunidade. A relação do indivíduo com a sociedade em que ele está inserido. Ação do indivíduo na comunidade. Indivíduo x comunidade. Não se separa do indivíduo.
Ética - A ação do sujeito daquilo que se reflete no próprio sujeito. O adjetivo “ético” diz respeito principalmente ao indivíduo. Não se separa do indivíduo.
· A questão da experiência em Aristóteles
Aristóteles, diferentemente de Platão, está preocupado com a realidade e quais são as consequências do sujeito com a sua ação. Preocupado com o que realmente acontece na pólis. E, a partir disso, discutir a ética, política e justiça. Por isso Aristóteles é um filósofo sempre atual. Platão é um filósofo idealista, que se preocupa com a dimensão ideal, que seria a expectativa da sociedade. Enquanto Aristóteles é um filósofo empirista, que se preocupa com o que realmente acontece na prática (do modo que o homem age no mundo), com aquilo que pauta a pólis. A proposta de Platão era retirar o homem da sua condição humana, embora que para Aristóteles ele quer ver o homem na sociedade e como ele age. Indivíduo como ser social, homem como ser político, feito para a vida em sociedade e é preciso pensar esse ser a partir do modo que ele interage na sociedade. O pensamento de Aristóteles é todo voltado para o indivíduo que age na sociedade.
· Existência humana é teleológica;
Teleológica vem do radical “telos” que significa fins, finalidade. Ideia de que o homem age para chegar a algo. Noção que agimos voltados à busca da concretização de algum objetivo a ser alcançado. A partir disso, é possível, segundo Aristóteles, decidir o que é bom e mau. 
· Fim do homem é viver em sociedade;
Durante muito tempo a tradição Aristóteles de que o homem nasceu para viver em sociedade permanece na história, só na chegada de Hobbes que isso deixa de ser pensado, pois ele vai começar a mostrar que o homem é o lobo do homem e a guerra de todos contra todos (séc. XVII. 
Mesmo depois de Hobbes, se mantém essa análise a partir de uma divisão, de um lado os que partem da premissa Aristotélica e do outro quem segue a premissa Hobbesiana. 
· Dialética da potencialidade;
Indivíduo é um ser em potencial, com potencialidades a serem concretizados. Essas potencialidades depende do ambiente que se encontra para desenvolvê-las. Desenvolver esses certos dons. Percepção de que se não fosse aquela oportunidade, aquela potencialidade não se desenvolveria. 
Dialética pois é uma troca entre a potência que você traz consigo e as condições do mundo, para que eu possa agir ou não desenvolvendo a potencialidade. 
A partir disso, Aristóteles vai reconhecer na sociedade diferentes classificações. Em Platão, ele fala das almas de Ouro, Prata, etc. Aqui, Aristóteles também vai fazer uma classificação entre Alma Vegetativa, Alma Sensível e Alma Racional. 
1. Alma vegetativa = Apenas existem, e portanto, não encontram nenhum espaço para desenvolver suas potencialidades. 
2. Alma sensível = Existe e sente. Alma que de alguma maneira consegue dar um passo adiante nas suas condições de desenvolvimento de potencialidade
3. Alma racional = Existem, sentem e pensam. Vai adiante, pois além de desenvolver a capacidade de existir e pensar. Elas completam o ciclo. Que põem em ação a sua capacidade racional, de pensar.
Aristóteles queria dizer que numa sociedade nem todos indivíduos conseguem alcançar a sociabilidade. Tudo depende das condições que você encontra para desenvolver as potencialidades. 
A questão da experiência é o que vai ser o centro do pensamento de Aristóteles. O que move a ação humana é a felicidade (contexto diferente do atual).
finalidade última é a felicidade = ação virtuosa = experiência sem excessos
Noção de felicidade voltada para o espiritual. A finalidade última do homem é a felicidade. Para Aristóteles só alcançamos a felicidade com a ação virtuosa. Essa noção de virtude é o que nos leva a entender justiça. Ação virtuosa = Ação sem excessos. Homem que age de maneira equilibrada. A noção aristotélica está nessa percepção de que o indivíduo tem que pensar na experiência equilibrada, que conseguisse controlar os extremos, nem tanto a coragem, nem tanto o medo, sempre procurando a metade do caminho.
· Justiça como virtude em Aristóteles
Aristóteles é um filósofo empirista. A principal das virtudes é a justiça, pois a justiça é a materialização do equilíbrio. 
· Sintetiza o justo meio
A balança simboliza a busca do equilíbrio,que melhor caracteriza o justo meio. Equilibrar os extremos. A virtude que melhor personifica essa ideia de equilíbrio é a justiça. Não se volta a excessos. 
· Alteridade + Equidade
Justiça é alteridade + equidade. Alteridade porque a justiça é a expressão do olhar sobre o outro; radical “alter” que significa outro. Ex: Discurso de ódio. Capacidade de olhar o diferente e transcender a minha condição existencial e entender o outro, respeitando essa diferença. Equidade é a justiça em concreto, é a concretização do equilíbrio. Equidade é um dos meios de integração do direito. Noção do justo em concreto. Na ausência da norma, aplica-se o equilíbrio nos casos concretos. 
· Classificação da Justiça
· Total ou geral: Justiça para todos. 
Noção de justiça pensada para a sociedade como um todo. Para os indivíduos como seres sociais. Está relacionada a própria observância e obediência da norma, como instrumento da política. Essa noção tem a ver com o bem estar da comunidade. Sujeito - sociedade. Noção de justiça como cumprimento da lei. Dever ser cidadão.
· Particular: Justiça pensada na relação de sujeito - sujeito. 
· Distribuição: Noção de proporcionalidade. Distribuir proporcionalmente a cada indivíduo aquilo que lhe cabe. Na época era comum entrar prêmios/honrarias de acordo com o que você fizesse. 
· Corretiva (por ações involuntárias e por ações voluntárias): Aquela realização da justiça voltada ao restabelecimento de questões que foram alteradas. Corrigir/recompor/compensar por algo que se fez. Aqui ele vai dizer há dois tipos:
1. Ações involuntárias: Um dos particulares não queria estar na relação. Ex: Crime, pois são particulares numa relação, mas uma das partes está ali involuntariamente (a pessoa que está sendo furtada). A justiça vem e tenta corrigir isso, aplicando uma pena para aquele que furtou.
2. Ações voluntárias: Duas partes desejavam estar nas relações: Ex: empréstimo de dinheiro. Faz-se um contrato. Se eu deixo de cumprir e não pago, aquele que me emprestou pode pedir para que haja uma correção dessa situação. Uma das partes está sendo prejudicada.
Não é só pelo pensamento dele e desse certo cuidado de classificar, Aristóteles tem essa capacidade de se reconfigurar de acordo com diversos períodos históricos. Com a virada linguística, o pensamento aristotélico voltou com força. Ele voltou à prática. O fato dele não ser um filósofo descolado do mundo, sempre trazendo o sujeito e a sociedade, o fez um filósofo sempre atual.
EPICURISMO 
· Contextualização
Athenas floresceu em muita coisa, mas não era uma cidade preocupada com a força e a defesa. O apogeu ateniense caiu em declínio. Essa escola recebe esse nome devido ao seu principal filósofo, Èpicuro. Essa escola se caracteriza por uma visão de que o modo que vivemos é pautado pelo prazer espiritual (não tem nada a ver com o prazer carnal). Nós agíamos para buscar a êxtase, a plenitude. Tanto que ele diz que a amizade é o principal gozo da alma.
· O prazer como dimensões a pautar as ações humanas 
O prazer servirá como norte das ações humanas. Ou seja, o homem vive entre o prazer e dor, tentando evitar a dor e buscar o prazer. 
Ele sai completamente de Platão e Aristóteles. E isso já é consequência do processo de declínio ateniense. Ele não pensava mais na política, na polis, no governo, mas sim o que move os seres. 
· Da dimensão individual de justiça a dimensão coletiva de justiça
Como ele associa isso a dimensão de justiça? Porque, para Èpicuro, da dimensão individual dessa ação pautada pelo prazer virá uma ação coletiva. Ex: Se eu eu busco o prazer e evitar a dor, se ele alcança esse prazer, ele irá repercutir/reproduzir isso no outro. 
Reflexão atual: Argumento da criminalidade - se você vive num ambiente onde dorme e acorda com essa violência, há uma grande possibilidade de você crescer com essa violência.
ESTOICISMO
· Contextualização histórica
Do declínio ateniense até a queda de Roma (8 séc. de história). Toda decadência de uma sociedade, de um período de apogeu, traz essa capacidade de refletir sobre o próprio pensamento. Não há uma característica do estoicismo, devido a sua divisão, ele não segue somente uma linha, mas sim três: ético, eclético, religioso.
· Estoicismo
· Antigo ou ético: Aquele que está imediatamente depois do apogeu ateniense, A.C.. É uma parte da filosofia estóica que ainda estava voltada a pensar na questão do homem em sociedade, refletindo as consequências em torno do que acontecia em atenas. 
· Médio ou eclético: Período onde há uma mistura de correntes filosóficas. Não se identifica uma característica específica. Tem-se o surgimento de vários filósofos, mas não há uma linha que os conecte.
· Novo ou religioso: Desenvolvido no período romano, D.C. e que leva esse nome pois a influência cristã na filosofia. 
No final do império romano, o cristianismo começa a influenciar roma. Então já começa a existir uma penetração da moral cristã. Com a queda da Roma do Ocidente, já há ali o cristianismo.
· Marco Túlio Cícero - lei universal ou reta razão. Formulou conceitos como o de direito das gentes, direito civil e lex naturale.
Ele foi um grande intelectual romano, orador, legislador de roma e era um sujeito que tinha uma inteligência privilegiada. Nesses discursos se extraem conceitos importantes do direito. Então a ideia de lei universal (essencial para o jusnaturalismo). Roma dominou muitos povos, praticamente a europa toda. Então era, geograficamente, muito grande. Quando ele fala da universalidade da lei, ele já está falando de outra dimensão. A ideia de lei universal dele é diferente da dos gregos.
Depois ele traz um conceito muito importante, que é o de reta razão. Ou seja, é a razão do homem ser uma razão reta, no sentido de correção. Nós nascemos detentores da reta razão de dirigir nossa vida para o correto. Definição de um direito natural que será reabilitado pelos modernos (Hegel, Rousseau, Kant, etc.)
O cristianismo tira esse nome de “reta razão” e coloca Deus. De ser imagem e semelhança de Deus. Esse conceito só vai reaparecer com o Jusnaturalista racionalista. 
Uma das coisas que caracteriza o período romano é pensar o direito voltado à prática. Cícero é importante pois ele traz conceitos jurídicos. Vejam como a contribuição de roma é uma definição definitiva. Ex: 1) Direito das gentes = Direito Internacional; 2) Direito Civil; 3)Lex naturale = Lei natural
· Justiniano - Corpus Juris Civilis
Era imperador do império bizantino. Ele decide organizar e sistematizar o direito romano e dar a ele a sua marca, e com isso, vai sepultar roma. Então ele pega contratos principais e pede para eles organizarem o direito romano em livros (surgindo o corpus juris civilis). O corpus juris civilis será redescoberto no séc. XII. 
O cristianismo começa a influenciar ainda no império romano. Então, tem-se o registro de que imperadores romanos foram influenciados pelo cristianismo. 
Quando há a queda do império romano, o que acontece. Roma tinha um vasto território. Quando esse império se desintegra e cai, um poder desse tamanho, quando é desestruturado, os territórios não são mantidos. E com essa desintegração, há uma série de motivos: chegada dos povos bárbaros, populações fogem para as propriedades rurais. Há uma desintegração territorial do império romano, uma desintegração política (não tinham os reinos), e não tinha nenhum modelo econômico que imediatamente substituísse.
O cristianismo, além de ser um movimento religioso que dialogava com o poder presente, ele irá aparecer como a única força reguladora. Diante da inexistência de um referencial, a igreja ganha espaço. A igreja se estabelece como principal poder da Europa e principal forma de agregação de pessoas em torno de um mesmo propósito e ideal. 
Jusnaturalismo Teológico (fundamento metafísico)
· A contribuição da moral cristã para o direito ocidental
A identificação da igreja como a grande referência de centralização de poder na Europa. No momento que há a ruptura do Império Romano, de fragmentação do mapa europeu, leva a igreja como sendo a principal referência.Tem-se um continente fragmentado (transição para o mundo feudal). A chegada dessas populações (ex: bárbaros) gerou uma instabilidade aos povos que se sentiam incorporados ao império romano. 
O jusnaturalismo teológico será resultado desses processos que acontecem na Europa (queda do império, surgimento dos feudos, invasões, etc) e que conduz a igreja a se tornar um centro de permanência. A igreja então se estabelece como principal poder. 
A igreja vem com a ideia de que somos todos iguais. Era um discurso que desconstrói qualquer suposta desigualdade social, e isso transforma uma revolução. O pensamento cristão foi revolucionário para aquele momento da história. O discurso da igreja não se confunde com a ação da igreja. O outro discurso é que somente a fé os faria alcançar o céu. 
Com todas as contestações, crises, reformas e dificuldades que a igreja teve, ela tem 2.000 anos de história. Ainda hoje há uma potência da igreja. 
Por um lado há o surgimento dos feudos, invasões, etc. No campo do poder a igreja começa a se estabelecer como novo poder. Ela passará a determinar os governos das populações locais. Quando começaram a surgir os reinos, os reis era representantes de Deus na terra. A ideia de poder político está associada ao poder religioso. 
A igreja começa a tratar as questões econômicas como questões religiosas, pois “se não é de ninguém, é de Deus”. A igreja acumula vários poderes. O celibato, por exemplo, é porque o homem solteiro e de posses, a igreja herdaria todo o seu patrimônio. 
A igreja tinha essa ascensão sobre os reinos, então tudo aquilo que a igreja dissesse, ela teria. A igreja acumulou riquezas e ostenta riquezas. A igreja acumulou poder político, econômico e social. Social porque ela passou a influenciar os costumes, como por exemplo a culpa, o conceito de família, etc. 
Ciência - A igreja foi muito importante para a formação do conhecimento. A igreja também teve essa sacada de formar o conhecimento. A igreja era onde estava o conhecimento. Funda as universidades e forma gerações de pensadores. 
O jusnaturalismo teológico é formado pelo poder da igreja, sendo um poder religioso, econômico, político, social e na ciência. 
· A verticalização da justiça
A noção de justiça deixa de ser pensada na relação entre homem na sociedade e passa a se pensar na relação entre homem e Deus. O sentido de justo está no modo que eu me relaciono com Deus. Há uma captura de um discurso. 
A igreja se torna uma potência também por isso, por definir qual seria o conceito de justo. Ao mesmo tempo que a igreja diz que somos irmãos e filhos de Deus, ela tirava a diferença de classes e criava um instrumento muito potente de subjugar, de manutenção desse poder sobre os indivíduos, pois ela remetia a Deus que é uma esfera inacessível. 
Na prática, como se sabia o que era justiça?
Consequências? Moralização dos conceitos. O jusnaturalismo teológico despolitiza os conceitos e os moraliza.
· Conceitos
1. Virtude - Deixa de ser o modo que você age perante a sociedade e passa a ser o modo como você age perante a Deus. 
2. Livre-arbítrio - Somos todos iguais e livres. Temos a possibilidade de agir ou não de acordo com a lei de Deus. A igreja é igual, mas essa liberdade tem que ser utilizada de acordo com a lei de Deus - responsabilidade de responder por suas ações. 
Muitos conceitos desses foram capturados pelo direito. Hoje, no direito, temos noção semelhante a essa quando falamos de responsabilidade civil (indenização) e penal (pena). Em ambos está a noção de que há liberdade, mas que você tem um limite, se há um excesso nessa liberdade, você responde seja por pena ou por indenização.
3. Dever - Cumprimento da lei de Deus.
4. Intenção - Ideia de que existe algo no campo do seu intelecto e que é passível de julgamento aos olhos de Deus. O fato de você pensar já era pecado, pois eu não estava vendo, mas Deus estava.
Essa noção de intenção foi capturada pelo Direito. O Direito pega o conceito de intenção e usa no direito penal. Ou seja, se você tinha intenção e agiu, responde por crime doloso, se você não tinha intenção, mas agiu, responde por crime culposo. 
· Giordano Bruno
· Movimentos filosóficos: Patrística e Escolástica
PATRÍSTICA
· Movimento de padres: Formado por padres, pois era onde se encontrava o conhecimento, pessoas que estavam reclusas.
· Fase de afirmação dos dogmas da igreja: Fase de afirmação dos dogmas da igreja, igreja preocupada em criar e sustentar verdades - os dogmas são as verdades irrecusáveis. Importante para o processo de dominação da igreja. 
· Confusão entre Igreja x Estado: Campo da política. Nesse período o representante do Estado será o representante de Deus na terra. Não havia uma noção de representação política. O rei não era representação do povo, mas sim de Deus.
· Pleno poder da igreja: Momento em que a igreja vivenciou um poder incontestável, depois disso esse pensamento muda, pois começam a discutir esse poder da igreja. Percepção de que até o séc. XII não tinha nenhuma contestação à igreja, aos dogmas da igreja. Ou seja, é o auge do poder da igreja, pois não houve nenhum tipo de contestação.
· Igreja recorre ao temor: Tem-se, nesse período, o momento em que a igreja mais recorre ao temor. Os pensadores anteriores à escolástica tinham muito a ideia do pecado. Por isso que é associado a idade das trevas. Momento em que a igreja recorre ao mecanismo do terror para manter o sujeito na religião. 
ESCOLÁSTICA - Segundo movimento desse período teológico.
· Cisma do Ocidente: Acontece no séc. XII, quando há a ruptura da igreja, onde a igreja se divide em igreja apostólica romana e a igreja apostólica ortodoxa. Isso acende um sinal de alerta na igreja, no sentido de que ela está recebendo questionamentos, etc. A igreja percebeu que o discurso de temor já não estava funcionando. A igreja começa a perceber que é preciso renovar seu pensamento. Papa com discurso aberto e latino-americano. 
· Fé + razão: Renovação de pensamento. Marcado pela fé e pela religião, mas que trouxesse uma realidade (razão). Fé racionalizada, com fundamentos mais racionais. 
· Tribunal da Santa Inquisição: Da mesma maneira que a igreja desperta para a renovação de pensamento, a igreja criará a sua página mais triste (Tribunal da Santa Inquisição). Sendo este um Tribunal para aqueles que não respondiam por Deus. Foi um instrumento de muita perseguição aos não católicos. Esse Tribunal era tipo um batismo, mas que você não tinha escolha - ou você se convertia ou morria. 
Esses movimentos da patrística e da escolástica serão representados por dois filósofos, que serão os principais filósofos do jusnaturalismo teleológico.
SANTO AGOSTINHO (séc. VIII) - Patrística
· Contextualização 
A expectativa de vida era baixa, e os jovens entravam para a vida religiosa muito cedo. Santo Agostinho permanece até os 30 anos, na vida mundana.Ele vivia fora da religião e avessa a toda religião discursiva. Ele conta que num certo momento ele é tocado por uma força divina e decide se converter. 
Santo Agostinho passa a viver definitivamente na vida religiosa. Suas obras trazem muitas concepções do mundo de quem não é religioso. Por conta da sua vida mundana, Santo Agostinho se torna um filósofo maniqueísta (que observa o mundo pelos contrários). A sua filosofia acaba sendo marcada por essa ideia binária de mundo.
· Neoplastia
Espécie de releitura da filosofia de Platão. Ele pega a ideia de mundo das idéias e mundo sensível e dá uma interpretação teleológica. Portanto, ele nos trará uma concepção filosófica de base religiosa, mas que bebe da fonte de Platão. Mas tudo isso baseado na vida dele e na existência de dois mundos. 
Ele adapta a filosofia de Platão para uma realidade religiosa. Ele vai dar uma feição teológica a concepção platônica. 
Lembra-se que a igreja tinha um receio de que leituras externas fossem prejudiciais para manter a moral cristã, por isso foi importante Santo Agostinho trazer a ideia de Platão para o mundo religioso.
· Cidade de Deux x Cidade dos homens
Ele transfere a noção de mundo sensível e inteligívelpara cidade de deus e cidade dos homens. Ele diz que existe a cidade de deus, que seria o local da salvação e existiria a cidade dos homem, que seria esse mundo pagão, que estaríamos diante dos erros. 
Santo Agostinho cria essa ideia de duas cidades e traz uma noção semelhante à de platão. A cidade de Deus seria o que nos almejamos, através da fé, e a cidade dos homens onde estamos suscetíveis a erros. 
· Conceito de justiça
Conceito associado à prática do bem. Uma sociedade justa é uma sociedade onde os indivíduos agem pensando no outro, de maneira virtuosa, caridosa. Ele fala muito da ideia do amor, que até então era o conceito que nenhum outro filósofo tinha discutido antes - o que nos move é essa capacidade de amar. 
Essa noção de justiça está longe da política. O conceito de justiça tem a ver com a lei de Deus, em estar de acordo com a lei de Deus. 
Amor como algo que nos dá humanidade, capacidade de enxergar o outro como semelhante, etc. 
· Lex aeterna x Lex naturale
Diferenciação entre a lei eterna e a lei natural. Ele não fala de lei humana. Não é que não houvesse a lei humana, mas que para as visões filosóficas desse período, essa lei humana não é objeto de reflexão, pois era um jusnaturalismo, voltado a pensar o direito natural. Por conta de estarmos falando do período mais desestruturado da Europa, que ainda estava consolidando a fragmentação do império romano. 
A lei eterna seria a lei de Deus que rege o universo, noção de que foi Deus quem criou o mundo, a existência do mundo é uma obra de Deus. A lei natural seria a manifestação da lei que nos rege, nós somos imagem e semelhança de Deus, espécie de personificação da ideia divina. Por conta disso, o homem (rei), poderia ser um representante de Deus na terra. 
SANTO TOMÁS DE AQUINO - Escolástica
· Contextualização 
A escolástica será um movimento de tentativa de retomada da igreja por conta de um resistência. Entre as medidas que a igreja toma é revigorar seu pensamento. 
Santo Tomás, diferente de Agostinho, era filho de uma família rica. Quando ele está com 14 anos, a família tira ele do mosteiro para assumir a posse da família. Ele tinha uma relação muito grande com o padre, que era seu professor. Ele não conseguiu se manter com a família e um dia ele fugiu e quando ele foge, abrindo mão de todos os bens e toda riqueza dela, decidindo se dedicar a vida religiosa. 
· Neoaristotélico
É voltado para a filosofia de Aristóteles, que, para esse contexto, era algo revolucionário. A leitura de Aristóteles era proibido, e com isso, Aristóteles tinha sumido. A igreja vê nisso para reler determinados dogmas da igreja.
· Fé + razão - Releitura dos dogmas cristãos
O discurso católico nesse momento era muito fantasioso. Santo Tomás de Aquino vem com a ideia de Aristóteles sobre um indivíduo que age no mundo. Pensar na fé como algo que é praticado, não somente que você concretiza com o mundo ideal. 
· Homem virtuoso é aquele que age de acordo com a fé (virtudes teologais)
· Classificação das leis
1. Eterna - A expressão da existência de Deus na terra. Existência do mundo como manifestação de Deus. Mundo criado por Deus. Não somos nós quem dirigimos e fixamos a lei eterna.
2. Divina - As sagradas escrituras. Espécie de tradução acessível ao homem. Lei de Deus acessível aos homens.
3. Natural - Expressão da lei de Deus na nossa existência. Nós somos a manifestação da lei de Deus, a imagem e semelhança. 
4. Humana - Lei dos homens, lei positivada. Tese fundamental do jusnaturalismos teleológico, de que a lei humana só vale se tiver de acordo com a lei natural. Forma de assegurar um controle sobre os Estados. 
PONTOS POSITIVOS NO PERÍODO TEOLÓGICO
· Noção de fraternidade; 
· Questão da dignidade humana; 
· Conceitos jurídicos.
PONTOS NEGATIVOS NO PERÍODO TEOLÓGICO
· Marca deixada na questão da violência (Tribunal da Santa Inquisição)
AVALIAÇÃO 2
(Exceto KANT e HEGEL que foi da atividade pontuada)
Jusnaturalismo racionalista
Embora Descartes não seja um autor do direito, ele é um simbolismo muito forte do jusnaturalismo racionalista. Ele se propõe a se recolher do convívio entre pessoas pra voltar o seu pensamento a filosofia, e nessa passagem sai a sua obra, que possui como ideia que tudo é produto da nossa razão. Foi um bum ter uma obra que questionasse o antigo pensamento teológico. 
Nós, do direito, só vamos considerar que passamos para o jusnaturalismo racionalista posteriormente com Kant. Mas é importante trazer esses primeiros autores que começaram a pensar o fundamento humano com base racional. 
· O pensamento jurídico moderno/a secularização do direito 
Tem-se o primeiro movimento que mostra uma superação da igreja que é esse secularização do direito. Que seria a separação entre o Estado e a Igreja. Os Estados deixam de ser pensados a partir de uma premissa religiosa e passam a ser pensados como uma premissa jurídica. Laicização do Estado - Estados vão abandonando o pensamento religioso. 
A medida que os Estados despertavam para que o que era a Santa Inquisição, vai havendo um processo de resistência desses Estados. O direito deixa de ser pautado por uma lógica teológica e teológica e passar a ser pautado por uma lógica racional. 
Esse processo de secularização também será viável por conta do Corpus Juris Civilis. Com essa descoberta, passam a se formar as faculdades de direitos voltadas para os estudos do Corpus Juris Civilis. Não bastava o Estado romper com a Igreja, ela teria que ter algo a apresentar como uma solução, e aí a redescoberta e os estudos do Corpus Juris Civilis são essenciais para esse processo. Era um conjunto de normas e regras que propiciavam tocar as questões sociais e entre indivíduo-estado sem passar pela igreja. 
· Avanço das ciências humanas/antropocentrismo + reta razão
Ao mesmo tempo que temos, no campo da política, a ruptura com a igreja, no campo das ciências tem o desenvolvimento desse avanço (desejo de mostrar que haveria uma lógica científica). 
Antropocentrismo = O homem volta a ser o centro da preocupação das ciências humanas. Durante o jusnaturalismo teológico tudo era voltado para Deus, com o jusnaturalismo racionalista, há uma espécie de ruptura e esse pensamento volta se a central preocupação do direito. 
Reta razão = Filósofo Cícero. Noção de que nós, como indivíduos, nascemos como uma racionalidade dirigida à produção do bem. Resgate de um conceito romano. 
Tudo isso está associado a um mesmo contexto histórico político e social de um dado momento onde as coisas se desdobram dessa maneira.
A psiquiatria surge nesse contexto. Ela é importante porque trabalha com a noção e percepção que existem patologias da razão, essa percepção de que todos nascemos com racionalidade, e essa racionalidade pode ter uma patologia posteriormente. Além de desconstruir toda uma linha teológica (ideia de castigo divino). Toda a leitura da Igreja em relação às doenças mentais é como se fosse uma marca de castigo de Deus ao homem. 
· Justificativa jusnaturalista de cunho humanitário
No momento em que o jusnaturalismo racionalista tira esse foco de Deus e coloca no homem, faz isso para afirmar a proteção desse homem. Havia um cunho humanitários nessa corrente filosófica e isso também vai derivar para consequências relevantes do período que é o pensamento liberal. 
· Contratualismo Social
Contrato social = Estado original fictício no qual indivíduos estabelecem livre acordo sobre seus direitos e deveres. Voltada a pensar a origem do Estado. 
Ideia de um Estado original fictício, pois não existe um marco zero para a constituição de um Estado, onde os indivíduos, por razões diversas, ajustam entre si a livre (não deve ser pela imposição) formulação de direitos e deveres recíprocos. O cerne desses pensadores está em entender por que o Estado surge. 
Dentro desse conceito tem uma série de discussões, como por exemplo, em que medida esse seria um consenso. Porque muita gente diz que essa ideia de livre acordo é mentirosa. 
O conceito de contrato social pressupõe a existência de um consenso. Então, aparentemente nós todos aceitamosa vontade do Estado. Ausência de coerção para haver consenso, pois senão o acordo não será por livre e espontânea vontade, mas sim por pressão. Percepção desse consenso como coisa temporária. 
O que nos diferencia de um modelo desordenado de sujeitos é a nossa capacidade de nos despirmos de uma parcela das nossas vontades e depositar no Estado a função de reger nossa vida. É preciso uma razão humana para essa passagem de Estado de natureza para a sociedade civil. 
De certa forma, nós depositamos no Estado uma expectativa. Por isso nos temos essa noção crítica em relação ao Estado, pois esperamos que o Estado cuide da educação, da saúde, etc. 
O nosso contrato social é a Constituição de forma material. A Constituição funciona como um pacto social em que nós, cidadãos, passamos a aceitar e ser regidos por elas. 
Estado da natureza é algo utópico. 
LOCKE (natureza genuinamente social): 1632-1704
· Contextualização
Locke é inglês e a obra dele é muito voltada para uma classe dominante. Fica nítido uma posição de defesa de noções de direito que não eram compatíveis com o sistema monárquico. Locke é considerado uma das bases do pensamento liberal. Escrita que dialogava com as classes insurgentes e dominante, principalmente com a classe que era insatisfeita com o sistema monárquico. O pensamento de Locke vai repercutir na França e nos EUA. 
· Natureza social do homem
A base do seu pensamento era entender o homem pela sua natureza social. Ideia de que o homem é um ser social. Ele é liberal - esse conceito de liberal está relacionado ao liberalismo político. Locke considera que o poder político, que está a frente do Estado, está ali para materializar a vontade coletiva - tentava mostrar que está no poder era algo para ser voltado a vontade coletiva e não para benefício próprio. 
· Direito natural é inato (cidadãos-proprietários)
Locke procura colocar a todo momento que o fato de um Estado deter autoridade não significa que não haja direitos para o cidadão de se voltar contra o Estado. Ele diz que ao nascermos já somos detentores desse direito natural, nos tornando propriedade deste direito natural, o Estado não pode nos impor algo contra a vontade coletiva.
O direito natural vem da nossa razão, que nos torna capazes de assimilar nossos direitos naturais. O direito natural, na sua concepção, é apreendido pela razão (capacidade de aprender esse direito). Nós somos proprietários desse direito. Ele diz que nos delegamos o Estado a possibilidade de reger nossas vidas em razão da coletividade, mas se o Estado impor algo contra a vontade coletiva, podemos nos voltar contra o Estado e ter um direito de resistência. 
Direito natural = Razão humana
· Defesa do direito de resistência
Ao mesmo tempo que somos cidadãos-proprietários, ao mesmo tempo somos os donos originários desses direitos e uma vez que o Estado ultrapasse o limite do que é possível, nasce para o cidadão um direito de resistência. 
O discurso de Locke é voltado para uma classe específica, classes insurgentes, que já se mostrava dominante por ter capacidade financeira, classes que queriam ter um discurso possível frente a monarquia.
Esse conceito é importante porque por trás desse conceito está a ideia de cidadão proprietário.
Para Locke nos somos os detentores primeiros desse direito natural. Se a gestão do Estado contraria o benefício coletivo, o cidadão tem direito de resistir ao Estado. Esse conceito vai ser importante porque ele se torna um conceito definitivo. A ideia do cidadão se opor a autoridade, existe até na modernidade. Noção de desobediência civil, abuso de autoridade, etc. - possibilidade do cidadão resistir a autoridade do Estado. É possível que o proprietário possa impedir certas invasões em nome do direito da propriedade. O não resistir seria perder a propriedade. Desforço incontinente. Cidadão frente ao cidadão.
· Defesa do direito de propriedade
Aqui está um dos pontos importantes da filosofia de Locke, porque ajuda na formação do pensamento liberal. Locke nos traz a defesa do direito de propriedade como sendo aquilo que origina do trabalho. Locke diz que a propriedade não decorre da ocupação nem da existência de contrato, mas seria decorrência do trabalho (aquisição da propriedade), sendo inovadora nesse sentido. A posse é resultado do trabalho. 
Tem a ver com o liberalismo econômico porque uma das suas bases é que deve proteger a autonomia da vontade e aquilo que ocorre dessa autonomia deve ser protegido pelo direito. 
THOMAS HOBBES (natureza humana individualista): 1588-1679
· Rompimento com herança de Aristóteles
Desde de Aristóteles trabalha com a noção de homem social, que o destino do homem é a sociedade. hobbes contraria essa noção e nos traz a ideia de que o homem é um ser egoísta. 
Hobbes é realmente uma ruptura, pois vinha toda a ideia do pensamento do ser social e aí vem hobbes e diz que a tendência é a guerra e a destruição (guerra de todos contra todo) se não houver algo para limitá-lo. Tem que ter um poder para controlar os conflitos. 
Os homens são potências movidas por desejos. 
· Estado por convenção 
Nós temos que ter uma autoridade que atue sobre as nossas vidas. O Estado surge de uma necessidade existencial. Forma de assegurar a ordem. O Estado não surge por uma escolha, mas por uma necessidade. Os homens convencionam a existência do Estado, para manter a paz e garantir um bem comum.
· Justiça = Fidelidade
Não basta convencionar a existência do Estado, é preciso obedecer ao Estado. Respeitar as leis do Estado. 
OBS: Na obra Leviatã, Hobbes diz que essa fidelidade é fundamental, mas que na hipótese deste Leviatã desrespeitar a sua função, ele deve morrer e ser substituído. 
· Positivismo e soberanismo
Para alguns, Hobbes seria o pai do positivismo. Ele defende que as leis devem ser fixadas pelo Estado. Noção de positivismo porque nesse contexto, que ele escreve, a ideia de lei não estava necessariamente voltada para o Estado (tinha as igrejas, os reinos, etc.). Hobbes defende que o Estado é quem deve criar as leis, defesa do monismo.
Soberano porque defende o poder absoluto do Estado Leviatã. Concentraria em suas mãos o poder de criação das leis. Não há uma divisão de poder. 
ROUSSEAU (natureza humana individualista): 1778
· Contextualização
Autor que passeia por diversas questões. Ele não falou só sobre o direito natural e filosofia do direito, ele passa por outros estilos literários.
· Natureza humana é movida por sentimentos e não pela razão
Direito natural seria a razão humana. Ele não está na mesma linha de Hobbes, o que Rousseau vai dizer é que o homem, no seu estado de natureza, é movido por sentimentos e isso o levaria a corrupção (porque a tendência é que essa paixão mova o homem por impulsos). Se você não tiver um poder exercido sobre essa razão, a paixão toma espaço. 
Ideia do bom selvagem. Se você largar esse homem sem nada que o oriente, ele será levado à corrupção. 
Assim como Hobbes, Rousseau vê o Estado como um mecanismo de controle necessário. Só que Rousseau traz uma ideia mais organizada de que maneira funciona o Estado.
· Cessão da liberdade natural para a formação do contrato social 
No direito natural, que nos é inato,que é universal, estão as liberdades naturais (absolutas, pois no seu Estado de natureza não há nada que limite). 
O homem entra na liberdade natural para em troca receber a liberdade civil. Para Rousseau a existência de um Estado é decorrência da nossa vontade. Nós somos os detentores primeiros desses direitos. A fonte primeira está em nós. 
· Conceito de “vontade geral” e lei
A vontade geral seria a expressão do princípio da maioria. Esse conceito de vontade geral também estará diretamente relacionado à ideia de funcionamento do direito ainda na contemporaneidade. 
KANT
Noção do direito natural permanece na filosofia kantiana. Ele constitui um sistema filosófico baseado na razão. A estrutura do pensamento de Kant é bem elaborada. Ele é um jusnaturalista racionalista. Kant cria um sistema (conjunto de conceitos) filosófico baseado na razão. Kant constrói esse sistema filosóficoque nos permite pensar no sujeito em sua completude. 
· Contextualização 
Conhecido como filósofo de Konigsberg (cidade Alemã). A filosofia kantiana reflete em quem era Kant. Ele era um sujeito de hábitos metódicos, que diariamente fazia aquela rotina. Kant se dedicou a vida acadêmica em Konigsberg, sem nunca sair dessa cidade. Se dedica a ser um pensador. 
Na filosofia de Kant encontramos uma filosofia formalista, visto que Kant procura fixar formas específicas, dar forma ao modo que ele pensa o indivíduo, a moral. O imperativo categórico é uma demonstração disso, que é uma espécie de conceito formal que serve para explicar aquilo que Kant entendia do que deveria ser a razão.
· Criticismo alemão
O pensamento kantiano recebe o nome de “criticismo alemão”, que é um pensamento voltado a fazer críticas a correntes filosóficas dominantes. A Alemanha, tradicionalmente, é um país forte na filosofia, principalmente na filosofia do direito. Kant vai criticar dois filósofos:
· Dogmatismo de Wolf
Wolf constrói um sistema filosófico baseado na manutenção de dogmas. Lembra-se que a filosofia nesse momento, século XVIII, estava tentando superar a igreja. Wolf tem um pensamento racionalista, não religioso, mas reafirmava o papel dos dogmas na filosofia (verdades fixas). Kant se coloca contrário a isso, já que Kant traz um mecanismo de pensar e filosofar diferente dos dogmáticos. Kant critica a ideia de que a filosofia se desenvolve a partir de verdades inabaláveis.
· Ceticismo de David Hume
David Hume é um filósofo inglês. Kant chega a dizer que foi Hume quem mobilizou ele para filosofia. Ele rende uma homenagem a Hume. Hume traz uma afirmação de que a filosofia da volta, ou seja, a filosofia tende a fazer eternos retornos. Há uma espécie de revisitação de filósofos. Kant é movido por isso, tocado para desfazer isso. Kant acredita que a filosofia é um instrumento fundamental para mudança, transformação e superação da teologia. Kant faz uma crítica a partir do momento em que ele forma um pensamento diferente do de Hume.
· Kant e o “império da razão”
Kant pensa que o indivíduo é dotado de razão. Se faz essa referência em Kant como império da razão porque a ideia principal de Kant é que o homem é dotado de razão. Toda ideia de Kant sai da premissa que somos seres racionais, se afastando da ideia da igreja. 
O que diferencia Kant dos demais pensadores é a capacidade de constituir um pensamento filosófico baseado no homem como sujeito racional. Todas as ideias construídas no pensamento de Kant tem essa premissa de império da razão. 
Kant abandona um conjunto de tradições filosóficas existentes até então. Ele supera a questão da cosmologia, a questão do sujeito como ser social, ele vai pensar o sujeito como ser racional, supera a igreja, porque ele desloca o pensamento jurídico de Deus para o ser racional. 
· Ética kantiana - Razão pura prática
Essa razão pura prática seria a razão que nós temos e que antecede a nossa experiência que nós vivemos. Ela é pura porque é ausente das impressões da experiência e é nessa razão que deve-se discutir se um sujeito é moral ou não. 
Quando ele procura tratar a existência de uma razão pura prática ele quer trabalhar que somos seres racionais e para discutir o caráter ético dos indivíduos, deve ser analisado antes da experiência. 
Ex: Uma pessoa se levanta e o dinheiro cai no chão, você vê o dinheiro pega e devolve para a pessoa. Essa pessoa seria honesta. Quando pegamos um retrato desse momento e pensamos Kant, o que Kant quer dizer é que a moral do indivíduo será medida não pelo ato de pegar o dinheiro e devolver, mas a honestidade é determinada pelo que antecede a ação de pegar o dinheiro. Ou seja, o momento em que você vê o dinheiro e pensa em devolver. 
A moralidade não está na ação, ela é medida na razão anterior a ação. A experiência é consequência da razão pura. 
A razão que antecede a sensibilidade e a experiência. 
A moralidade está no foro íntimo, numa lei aprioristicamente definida, inerente à racionalidade humana universal. 
Kant fala da razão como uma premissa do pensamento e define essa racionalidade como universal. 
· Imperativo categórico - Como pensar ou como efetivar a moral. Seria uma lei moral universal. A pretensão de Kant seria garantir a absoluta igualdade aos seres racionais ante a lei moral universal.
Kant dá uma forma específica ao modo de como o homem deve dirigir a sua ação. Ele cria uma espécie de obrigatoriedade, de lei da razão. Ele quer dizer que nós, nas nossas escolhas e reflexões, temos que ter uma máxima individual (uma lei interna), que seria o imperativo categórico. O que nos divide entre sujeitos morais e não morais é a nossa capacidade de assimilar ou não o imperativo categórico como lei individual interior. 
Eu só posso pensar na racionalidade como algo que se dirige de maneira ética, se está racionalidade é fruto da sua própria racionalidade, não sendo influenciado por terceiros. A razão pura é uma escolha minha.
Para Kant, o imperativo categórico é uma lei moral universal, que valeria para todos os indivíduos. Kant, com isso, teria a pretensão de garantir a igualdade entre os seres racionais, pois o que nos iguala quanto seres humanos é a racionalidade. Cada um escolhe ou não aplicar o imperativo categórico. 
ASSISTIR FILME: Força Maior - Como nossas escolhas podem gerar consequências futuras.
“Age só, segundo uma máxima tal, que possas querer, ao mesmo tempo, que se torne lei universal.”
O imperativo categórico é definido por esse trecho acima. Se nós fossemos traduzir esse trecho é, de maneira simplificada, que “não faça com o outro aquilo que você não quer que seja feito com você”.
A ideia de livre arbítrio vem do jusnaturalismo teológico. O jusnaturalismo teológico trabalha usando o peso de Deus, que as suas escolhas estariam entre agir ou não de acordo com a lei de Deus. No momento que isso sai do jusnaturalismo teológico, entra Kant dizendo que você é um ser racional e as suas escolhas vão definir se você é ético. 
· Imperativo categórico: A ação é boa em si - É o dever pelo dever. Ou seja, o que vai ser consequência da minha ação já não é definidora da minha moral, mas sim o que acontece antes da minha ação.
· Imperativo hipotético (não é objeto da nossa discussão): A ação é boa como meio para alguma coisa. 
O imperativo categórico se desdobra em 3 outras máximas:
a) Age como se a máxima da tua ação devesse ser erigida em lei universal; Reitera a noção de imperativo categórico, de universalidade, a noção de que a escolha da razão deve ser pensada de acordo com o que é necessário para si próprio.
b) Age de forma que trate a humanidade, tanto na tua pessoa como na de outrem, sempre como um fim e não como um meio; Princípio/fórmula da humanidade. Quando Kant fala dessa forma ele fala que não se pode tratar uma pessoa como meio para algo, como algo a ser manuseado, a ser utilizado como mecanismo para alcançar outra coisa. 
Essa fórmula nos traz, nesse contexto do jusnaturalismo racionalista, a centralidade da pessoa humana (antropocentrismo). Além disso, essa fórmula será resgatada no contexto pós-guerra - o indivíduo passou a ser tratado como meio para algo, não se tinha uma noção de proteção humana. 
c) Age como se a máxima da tua ação devesse servir de lei para todos os seres racionais. Reitera a noção de imperativo categórico, de universalidade, a noção de que a escolha da razão deve ser pensada de acordo com o que é necessário para si próprio.
O sujeito moral em Kant faz o bem porque o toma como o seu princípio moral interior, e não porque motivado a um fim. Eu não ajo motivada a uma finalidade de retribuição, por exemplo. Você age porque você acha que é o certo.
Kant fala ainda do conceito de boa vontade. Assim compreendido como algo que não é para um fim, mas é por si mesmo. A boa vontade também é um termo que utilizamos na nossa rotina e usamos ainda marcada pela tradição cristão. Kant vai dizer que a boa vontade é boa na sua essência, em si. 
· Liberdade para Kant
Está diretamente ligado à autonomia da vontade. O sujeitoque é livre pode usar para seguir ou não conforme o imperativo categórico. Ser livre é escolher autonomamente aquilo que se faz.No campo da moral, o ser é livre quando ele faz as suas próprias escolhas, capacidade de escolher. A liberdade no campo moral tem a ver com a autonomia da vontade (eu com a minha razão de fazer escolhas). Essa escolha entre fazer ou não fazer seria a escolha entre agir ou não conforma o imperativo categórico.
LIBERDADE = AUTONOMIA = SER ÉTICO DA VONTADE PARA
AGIR CONFORME IMPERATIVO CATEGÓRICO
Ao mesmo tempo que Kant elege a autonomia da vontade como o que define como ser livre e liberdade, ele diz que haveria um compromisso entre si mesmo que seria o imperativo categórico. 
Primeira vez que não se tem referência a Deus. O imperativo categórico nos permite fazer uma relação com Deus. Visto que, a verdadeira liberdade é produto da autonomia da vontade. Essa autonomia tem que ser exercida de acordo com o imperativo categórico. 
· Direito e Moral
O agir moral é o agir do dever pelo dever. Faço a escolha porque eu entendo que está certa. Enquanto no agir jurídico é motivado pela existência de uma lei, pelo temor da consequência.
Contratualistas - Direito estabelece uma ordem que torna possível coexistir na sociedade (transcende barreiras). Tem que ter uma norma.
Nem sempre esse limite entre autonomia e heteronomia é evidente. Como eu posso distinguir se “o parar no sinal” é autônomo e heterônimo? Essa diferenciação muitas vezes não funciona. Não é possível que tudo que façamos seja consequência da heteronomia. Não andamos pensando no direito todo dia. Muito das nossas ações são fruto da autonomia, que está de acordo com o direito. 
Kelsen traz diretamente esse pensamento de Kant para a Teoria Pura do Direito. Noção de que moral é autônoma e o direito é heterônomo. Na moral, se discute aquilo que é fruto da autonomia do indivíduo. No campo do direito, se discute um fator externo, que é o agir motivado pela lei.
Hoje, nós reconhecemos que existem comportamentos que acabam ficando numa zona cinzenta entre zona e moral (círculos concêntricos). Hoje, existem comportamentos que são conforme uma norma jurídica, mas eu não faço pensando na lei. Por exemplo: Não fumar em lugar fechado - o meu imperativo categórico me fala para não agir dessa forma e o direito traz essa norma. Com isso, a ideia Kantiana da separação de direito e moral não serve mais? Serve sim e continua sendo um conceito útil no direito. 
O papel do direito é garantir a convivência entre indivíduos, como instrumento que, ao limitar liberdades, assegure o ser livre. Coexistência equilibrada entre os sujeitos. [
Ex: Discurso de ódio. Virou um problema potencializado pelas redes sociais. Ao discutir o discurso de ódio, estamos discutindo a liberdade de expressão.
· Direito natural e direito positivo
Kant traz a noção de direito natural não mais a partir da definição da razão. Mas ele vai dizer que o direito natural é tudo aquilo que é obrigatório, independente da lei (antes da existência de uma norma). Ex: Liberdade, vida, propriedade, etc. Existia direito positivo, mas a compreensão dele é que antes do direito positivo, isso já era direito da pessoa humana. 
O direito positivo à concepção kantiana é resultado da vontade do legislador. É expressão de um poder que se materializa na figura do legislador. Em Kant começa a aparecer a ideia de um poder legislativo. Durante todo o tempo que prevaleceu o jusnaturalismo teológico, essa ideia de legislador era dividida em várias formas de expressão. Quando se supera essa etapa, a ideia de legislador passa a ser representada por um poder. 
Papel do direito positivo de garantir a paz, de assegurar o bem estar coletivo. O papel do Estado seria assegurar os direitos. Kant não é um positivista, mas ele traz uma concepção mais próxima do estado moderno. Kant é um jusnaturalista. Mas, no pensamento dele, o Estado é um instrumento para a realização de direitos. Kant identifica no Estado a produção da norma e a concretização do direito. Esse conceito dialoga com as visões do positivismo jurídico, que sepultam uma normatização fora do Estado. 
· Direito internacional
A paz era um tema da filosofia do direito. Kant traz a paz como um imperativo universal, a busca pela paz universal, tentativa de convivência pacífica entre indivíduos. Tinha, nessa época, uma série de pequenos conflitos na Europa. O conceito de paz traz a ideia de paz na Europa.
Cosmopolitismo - Inovação Kantiana em pensar um Estado cosmopolita nessa época. Kant antecipa debates que são debates até hoje possíveis e necessários no direito internacional. Kant traz o cosmopolitismo como imperativo da razão da ordem internacional. Imperativo categórico de cada Estado - Cada Estado deveria assumir como espécie de objetivo próprio, se constituir um Estado cosmopolita. Esse conceito nos traz a noção da convivência entre pessoas de realidades diferentes. Kant traz a ideia de pensar o direito voltado para a coexistência entre Estados e povos - Já havia um direito das nações (tratados), contudo, não havia um direito voltado para os povos desses diferentes países. 
FRIEDRICH HEGEL (1770-1832)
Hegel servirá de premissa filosófica para Karl Marx, por exemplo. 
· Biografia
Hegel nasce no momento em que Kant estava publicando suas obras. O contexto de Hegel é um pouco diferente do de Kant.
Hegel é filho de classe média que mora no interior da Alemanha. Começa a lecionar aulas de filosofia. Hegel começou a se tornar famoso quando dava aula. Ele trazia uma filosofia que, naquele momento, era revolucionária. Só depois desse momento de sucesso da vida acadêmica, Hegel publica a “Fenomenologia do Espírito” que é fruto das suas aulas. 
Hegel é convidado a dar aulas em Berlim. Ao final de sua vida, ele morre como reitor da universidade de Berlim.
Não é possível encaixar Hegel no jusnaturalismo. Hegel seria uma filosofia em transição do jusnaturalismo para o positivismo. Não posso situar Hegel como filósofo positivista.
· Contexto histórico
· Pós-revolução francesa - Tem a ver com Hegel, pois a Europa como um todo sofreu os impactos da Revolução Francesa. Ele vivia nesse contexto. 
· Alemanha não unificada - Isso é uma peculiaridade da história da Alemanha. O processo de unificação foi tardio. É importante saber disso, pois conseguimos entender porque a filosofia da Alemanha se desenvolve tanto. A filosofia foi por onde a Alemanha nunca esteve aquém do pensamento da Europa. Kant e Hegel são demonstrações disso. Kant superando a teologia e Hegele revolucionando com o pensamento da dialética.
· Consciência moderna - O pensamento de Hegel parte da premissa da consciência da modernidade. 
Se pegarmos Rousseau e Kant, podemos ver que há indícios nesses autores da consciência da modernidade. Mas ainda muito inicial. O pensamento de Hegel é todo firmado na ideia de que a modernidade chegou. Hegel, desde o princípio, tem toda a ideia da modernidade como algo presente na sua convivência e que existe. Hegel busca romper com toda tradição filosófica desde a antiguidade clássica. 
· Unidade entre pena/existir, sujeito/objeto (diferente na Grécia) - Há uma ruptura com a tradição filosofia que entendia que pensamento e existência eram distintos. 
Aristóteles (existência) e Platão (pensamento) - filosofia voltada ao pensamento e outra coisa é a existência. Há uma separação do pensamento e da existência. Hegel, portanto, rompe com toda essa tradição dizendo que não é essa separação entre pensar/existir e sujeito/objeto. 
Kant, ao centralizar sua filosofia na razão, de certo modo, mantinha pé firme nessa separação entre pensar e existir. 
· Racionalismo Hegeliano - Racionalismo dialético. Ele entende que entre pensamento e existência há uma constante troca. A dialética é um movimento entre contrários. 
Para Hegel o conhecimento é processual. O conhecimento é um processo: sento, leio, absorvo leitura, mudando minha forma de pensar e novamente serei submetido a outro conhecimento. Essa unidade entre pensamento e experiência é traduzida para consciência e experiência.

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