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Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 Nervos cranianos: Os nervos cranianos são 12 e têm origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros – que, por sinal, não têm características morfológicas de nervo, e sim de tecido cerebral – e do ramo externo do XI, que se origina na medula cervical. Nervo olfatório: I As impressões olfatórias são recolhidas pelos receptores da mucosa pituitária na cavidade nasal e conduzidas aos centros corticais da olfação situados nos hipocampos, após atravessarem os dois lobos frontais. Os centros corticais, por sua vez, intercomunicam- se pelas fibras associativas comissurais. No exame da olfação, empregam-se substâncias com odores conhecidos: café, canela, cravo, tabaco, álcool etc. O paciente, de olhos fechados, deve reconhecer o aroma que o examinador coloca diante de cada narina. Afastadas as condições que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado comum, atrofia da mucosa), as alterações deficitárias (hiposmia e anosmia) ganham maior significado clínico porque dependem de distúrbios neurológicos, como fratura do andar anterior da base do crânio e tumor da goteira olfatória. Existem alterações da olfação por lesões corticais que compreendem os seguintes tipos: Parosmia, que consiste na perversão do olfato; Alucinações olfatórias; Cacosmia, que é uma sensação olfatória desagradável na ausência de qualquer substância capaz de originar odor. Nervo óptico: II As imagens são recolhidas na retina por meio dos cones e bastonetes e conduzidas ao centro da visão no lobo occipital, atravessando o nervo, o quiasma e o trato óptico, o corpo geniculado lateral e as radiações ópticas. O nervo óptico é examinado da seguinte maneira: Acuidade visual: pede-se ao paciente para dizer o que vê na sala de exame (na parede, Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 na mesa) ou para ler algo. Examina-se cada olho separadamente. Campo visual: sentado, o paciente fixa um ponto na face do examinador, postado à sua frente. O examinador coloca suas mãos na periferia do seu campo visual e as move enquanto pergunta ao paciente se ele está vendo os movimentos. Essa conduta deve ser realizada em cada olho separadamente e, depois, com os dois olhos abertos simultaneamente. Esse procedimento se denomina avaliação do campo visual ou campimetria. Fundoscopia (ou exame de fundo de olho): com o oftalmoscópio, o fundo de olho torna-se perfeitamente visível. O neurologista não pode prescindir deste exame, que constitui verdadeira biopsia incruenta. Podem ser reconhecidos o tecido nervoso (retina e papila óptica) e os vasos (artérias, veias e capilares), que evidenciam fielmente o que se passa com as estruturas análogas na cavidade craniana. Entre as alterações que podem ser encontradas destacam-se a palidez da papila, que significa atrofia do nervo óptico, o edema uni ou bilateral da papila, que traduz hipertensão intracraniana, e as modificações das arteríolas que surgem na hipertensão arterial. Nervos oculomotor (III), troclear (IV) e abducente - abdu “seis” (VI): Estes três nervos são examinados em conjunto, pois inervam os vários músculos que têm por função a motilidade dos globos oculares; Tais músculos compreendem: o reto medial, o reto superior, o reto inferior, o oblíquo inferior (inervados pelo oculomotor), o oblíquo superior (inervado pelo troclear) e o reto lateral (inervado pelo abducente); O nervo III inerva também a musculatura elevadora da pálpebra. Investigação semiológica: Motilidade extrínseca: A posição do globo ocular é dada pelo funcionamento harmônico dos vários músculos. Quando há o predomínio de um deles ocorre o que se chama estrabismo. O exame se faz em cada olho separadamente, e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: com a cabeça imóvel, o paciente é solicitado pelo examinador que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. No exame simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular, que se faz aproximando gradativamente um objeto dos olhos do paciente. As causas mais frequentes de lesões dos nervos oculomotores são os traumatismos, diabetes melitos, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e tumores da região selar. Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 Motilidade intrínseca: O exame da pupila é feito em seguida ao estudo da motilidade extrínseca dos globos oculares. A pupila é normalmente circular, bem centrada e tem diâmetro de 2 a 4 mm. O diâmetro pupilar é o resultado do funcionamento equilibrado entre os dois sistemas autônomos – simpático e parassimpático. A irregularidade do contorno pupilar é chamada discoria. Quando o diâmetro se acha aumentado: midríase. O contrário: miose. A igualdade de diâmetro denomina-se isocoria; e a desigualdade, anisocoria. Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso (lanterna de bolso) e pela convergência ocular. Chama-se reflexo foto motor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo foto motor consensual a contração da pupila oposta. Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto e as pupilas se contrairão normalmente – é o reflexo da acomodação. Nervo trigêmeo: V O trigêmeo é nervo misto, sendo constituído pelas raízes motora e sensitivas. Raiz motora: É representada pelo nervo mastigador, que inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, masseter e pterigoideos). Avalia-se a lesão unilateral da raiz motora pela observação dos seguintes aspectos: Atrofia das regiões temporais e masseterinas; Desvio da mandíbula para o lado da lesão com a abertura da boca; Debilidade do lado paralisado ao trincar os dentes; Dificuldade do movimento de lateralização da mandíbula. Raízes sensitivas: Compreendem os nervos oftálmico, maxilar e mandibular. As raízes sensitivas responsabilizam-se pela sensibilidade geral da metade anterior do segmento cefálico. Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 Nervo facial: VII Motor da mímica: inerva os músculos da mímica, o estilohioideo e o digástrico; Sensitivo no 2/3 anterior da língua (nervo intermédio, que se convencionou que faz parte do facial); Do ponto de vista semiológico, interessa a parte motora do nervo facial, que se divide anatomoclinicamente em dois ramos – temporofacial e cervicofacial –, os quais se distribuempara a musculatura da mímica facial. Para se fazer o exame do nervo facial, solicita-se ao paciente que enrugue a testa, franza os supercílios, cerre as pálpebras, mostre os dentes, abra a boca, assobie, infle a boca e contraia o platisma ou músculo cutilar do pescoço. Resta fazer algumas considerações sobre o nervo intermédio ou nervo intermediário de Wrisberg, que tem curto trajeto junto ao nervo facial. Por um de seus ramos principais (corda do tímpano), o nervo intermédio recolhe as impressões gustativas dos dois terços anteriores da língua. Convencionou- se que faz parte do facial. Às vezes, na vigência de paralisia facial periférica, é possível caracterizar alguma anormalidade da gustação, seja por informação do paciente, seja mediante exame deste sensório. Para tal, empregam-se soluções saturadas com os sabores doce, amargo, salgado e ácido, as quais são colocadas na língua para serem identificadas pelo paciente. Não se deve esquecer de que, entre uma e outra prova, a boca deve ser lavada convenientemente. Nervo vestibulococlear: VIII Sensitivo – Equilíbrio e audição; Não sai do crânio; Este nervo é constituído por duas raízes: coclear, incumbida da audição, e vestibular, responsável pelo equilíbrio. O nervo VIII é objeto de investigação da neurootologia, a quem compete seu exame, por requerer aparelhagem especializada. No exame neurológico de rotina faz-se apenas uma exploração mais ou menos simplificada das duas raízes deste nervo. A raiz coclear é avaliada por meio dos seguintes dados e manobras: Diminuição gradativa da intensidade da voz natural; Voz cochichada; Atrito suave das polpas digitais próximo ao ouvido; Audiometria; Prova de Rinne, que consiste em aplicar o diapasão na região mastoide. Quando o paciente deixa de ouvir a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (Rinne positivo). Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução nervosa. As alterações auditivas são representadas por sintomas deficitários (hipoacusia) ou de estimulação (zumbido, hiperacusia e alucinações); Já os sintomas irritativos (zumbidos) podem estar ou não associados a déficit de audição, ou depender de focos epilépticos corticais (alucinações) ou, ainda, acompanhar a paralisia facial periférica (hiperacusia). Raiz vestibular: O acometimento da raiz vestibular é reconhecível pela anamnese quando as queixas do paciente incluem vertigens, náuseas, vômitos e desequilíbrio. Teste de Romberg: andar em linha reta, etc. Sinal de Romberg positivo, com desequilíbrio do corpo para o lado lesionado. Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 Provas calórica e rotatória: são realizadas em gabinete de neurootologia, pois requerem equipamento especializado. Pelo estímulo dos labirintos com água quente e fria (prova calórica) e uma cadeira giratória (prova rotatória), é possível diagnosticar comprometimento deste nervo e de suas vias. Nervo glossofaríngeo: IX (“nono” faríngeo) e Nervo vago (X): Pelas estreitas ligações quanto à origem, ao trajeto e à distribuição, estes nervos são examinados em conjunto. Algumas funções estão imbricadas entre si, outras, porém, correspondem a um ou a outro nervo especificamente. Glossofaríngeo: sensitiva da língua e motor da faringe; SENSITIVO: Sensibilidade pavilhão e meato acústico; Sensibilidade gustativa (especial): 1/3 médio e posterior da língua. Sensibilidade geral (grossa): 1/3 médio e posterior da língua, úvula, tonsila, tuba auditiva, etc. MOTOR: Músculo estilo faríngeo e constritor superior da faringe. Vago: parte do parassimpático Dá ramos para a laringe e faringe: mas o vago carrega fibras do acessório. Inerva vísceras do tórax e do abdome; Motricidade das vísceras; Sensibilidade das vísceras. EXAME: O exame do nervo X inclui o ramo interno do XI, que é motor, tem origem bulbar e se une em curto trajeto ao nervo vago. A lesão unilateral do glossofaríngeo pode exteriorizar-se por distúrbios da gustação do terço posterior da língua (hipogeusia e ageusia), porém este exame não é habitualmente realizado. Pode aparecer disfagia. Na lesão unilateral dos nervos IX e X, observa-se desvio do véu palatino para o lado normal (não lesionado), quando o paciente pronuncia as vogais “a” ou “e”, desvio da parede posterior da faringe para o lado normal (sinal da cortina) por meio de cuidadosa estimulação, disfagia com regurgitação de líquidos pelo nariz e diminuição ou abolição do reflexo velo palatino. A lesão isolada do X nervo e que envolve apenas o ramo laríngeo determina disfonia. A porção autonômica (nervo vago) não é examinada de rotina. As causas mais frequentes de lesão dos nervos IX e X, ou de seus ramos, são: neuropatia diftérica, tumor do mediastino, esclerose lateral amiotrófica, siringobulbia e traumatismo. GLOSSOFARÍNGEO: Habilidades Médicas – Sistema Nervoso Emilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 VAGO: Nervo acessório: XI Motor para: esternocleido, trapézio e outros - através do vago (mas as fibras são do acessório); Raiz espinhal (Esternocleido e trapézio) Raiz bulbar (laringe e faringe): Ramo interno: junta-se ao vago Ramo externo: esternocleido e trapézio Inerva 1/3 superior do esôfago (através do vago) - mas as fibras são do acessório. Essencialmente motor, interessa aqui o exame do ramo externo, de origem medular cervical, de trajeto ascendente, penetrando na cavidade craniana pelo forame occipital e dela saindo pelo forame jugular, juntamente com os nervos IX e X. Inerva os músculos esternocleidomastóideos e a porção superior do trapézio. A lesão do acessório tem como consequência atrofia desses músculos, deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o lado oposto (esternocleidomastóideo) do músculo comprometido. Nervo hipoglosso: XII É um nervo exclusivamente motor. Origina-se no bulbo e se dirige para os músculos da língua. Inerva todos os músculos da língua exceto 1. Músculos intrínsecos e extrínsecos da língua. Investiga-se o hipoglosso pela inspeção da língua que deve ser movimentada para todos os lados, no interior da boca ou exteriorizada, forçando-a de encontro à bochecha e, por fim, palpando-a, para avaliação de sua consistência. Nas lesões unilaterais do hipoglosso observam-se atrofia e fasciculação na metade comprometida. Ao ser exteriorizada, a ponta da língua se desvia para o lado da lesão; às vezes, ocorre disartria para as consoantes linguais. Nas lesões bilaterais, as manifestações compreendem atrofia, fasciculação, paralisia, acentuada disartria e dificuldade para mastigar e deglutir (a língua auxilia esses atos). As causas da lesão do hipoglosso são praticamente as mesmas já assinaladas para os nervos IX, X e XI. Habilidades Médicas – Sistema NervosoEmilly Eleutério Silva UNIVAÇO/ 2º período/ 2021-01 REFERÊNCIAS: PORTO, C. C.; PORTO, A. L. Exame clínico. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Aula de Habilidades e Atitudes Médicas (HAM) ministrada pelo professor João Bosco Dupin em março de 2021 sobre os seis últimos pares cranianos (do 7 ao 12).
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