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PARCELAMENTO DO SOLO URBANO E RURAL

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PARCELAMENTO DO SOLO
URBANO E RURAL
Caro(a) aluno(a),
A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em
proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.
Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional
para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.
Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,
totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.
Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o
equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 
SUMÁRIO 
 
PARCELAMENTO DO SOLO: SURGIMENTO, DEFINIÇÕES, LEGISLAÇÃO E TIPOS ........... 4 
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO .............................................................................................................. 4 
LOTEAMENTO URBANO E RURAL ................................................................................................... 7 
DESMEMBRAMENTO RURAL ............................................................................................................ 8 
TIPOS DE PARCELAMENTO ................................................................................................................ 8 
ÁREAS DE RECREIO E RESERVA FLORESTAL ............................................................................. 11 
CONTRATO-PADRÃO DE PARCELAMENTO DO SOLO ............................................................... 14 
LOTEAMENTO URBANO ................................................................................................................... 15 
DESMEMBRAMENTOS: URBANO E RURAL .................................................................................. 19 
DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS URBANOS ......................................................................... 20 
DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS ............................................................................. 22 
LEGISLAÇÃO SOBRE A RETIFICAÇÃO DE ASSENTO IMOBILIÁRIO .................................... 26 
CLASSIFICAÇÃO DE ERROS DE REGISTROS ............................................................................... 31 
A IMPORTÂNCIA DA ABERTURA DA MATRÍCULA .................................................................... 37 
LEGITIMIDADE E NATUREZA JURÍDICA ...................................................................................... 44 
LEGITIMIDADE PARA PROPOR RETIFICAÇÃO DO TÍTULO ...................................................... 44 
NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO DE RETIFICAR ......................................................................... 46 
O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO DO REGISTRO IMOBILIÁRIO .............................................. 49 
EFEITOS E IMPORTÂNCIA DA RETIFICAÇÃO ............................................................................. 57 
EFEITOS DA RETIFICAÇÃO .............................................................................................................. 57 
IMPORTÂNCIA DA RETIFICAÇÃO DO REGISTRO IMOBILIÁRIO ............................................. 58 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 61 
 
 
 
 
 
 
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PARCELAMENTO DO SOLO: 
SURGIMENTO, DEFINIÇÕES, LEGISLAÇÃO E TIPOS 
 
O crescimento urbano desenfreado durante todo o século XX, principalmente a partir de 
meados da década de 40, tem propiciado inúmeros problemas territoriais, socioeconômicos e 
ambientais à sociedade brasileira. Os processos de exclusão social e segregação espacial são 
resultados dessa urbanização rápida, que representa um dos maiores fenômenos globais do 
século XX (HORN, 2008). 
Nessa linha de constatação é que veremos como a questão do parcelamento do solo se 
faz importante no direito registral imobiliário, principalmente devido aos inúmeros reflexos em 
igualmente inúmeros setores da sociedade. No mais, são vários os ramos do direito, tanto público 
como privado que influenciam e são influenciados pela questão do parcelamento do solo. 
 
SURGIMENTO E DEFINIÇÃO 
Como principais problemas ou questões pontuais que levaram o direito a se preocupar 
com o disciplinamento do parcelamento do solo, podem ser citados: a urbanização desorganizada 
e acelerada gerando processos de exclusão social, de crise habitacional, segregação espacial, 
violência e degradação ambiental. 
De um modo geral, Letícia Marques Osório (2003, p. 97) resume o reflexo da 
lamentável falta de sistematização legal durante o processo intensivo de urbanização, o que 
prejudicou consideravelmente a ordenação das cidades: 
Assim mesmo as leis vigentes sobre o desenvolvimento urbano tiveram impactos no 
processo de crescimento das cidades, tanto sob a ótica da inclusão quanto da exclusão, 
uma vez que elas têm influência nas condições prevalecentes de acesso à terra e à 
habitação e de provisão de bens e serviços, no estabelecimento dos direitos e deveres 
urbanos dos cidadãos, na orientação da ação dos agentes que constroem e produzem a 
cidade, na definição da abrangência e intensidade da ação estatal na produção 
socioeconômica do espaço urbano, e na imposição de limites ao direito de propriedade 
privada. No processo brasileiro de expansão urbana, o qual segregou seriamente a 
população pobre na periferia, prevalecem os interesses privados de reprodução do 
capital imobiliário, que continuam a sustentar a sobrevivência da noção de direito de 
propriedade exclusivamente privada prevista no Código Civil. E a legislação 
urbanística, durante os 60 anos de sua existência, não foi instrumento qualificado para 
reconhecer e legitimar as formas múltiplas e diversificadas de ocupação da cidade, 
mantendo o paradigma da “cidade ideal” que, traduzido em padrões urbanísticos, 
provoca o aumento do preço da terra e dificulta seu acesso para a população de baixa 
renda. A dimensão social desta legislação sempre foi marginal. 
 
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As palavras acima são nosso mote para introduzir a questão do parcelamento do solo, 
mas que no foco do curso, será dada ênfase aos seus aspectos voltados ao direito registral. 
Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles (2006, p. 557-8): 
 
o parcelamento do solo urbano tem por finalidade distribuir o espaço urbano destinado à 
habitação. O loteamento e o desmembramento constituem modalidades de parcelamento 
do solo, sendo o loteamento a divisão voluntária em unidades edificáveis, com abertura 
de vias públicas, e o desmembramento constitui a simples divisão de área urbana com 
aproveitamento das vias públicas já existentes. 
 
O parcelamento do solo tem como escopo o desenvolvimentode atividades urbanas, 
orientando o desenvolvimento urbano, sendo que a planta e o projeto devem ser antecipadamente 
aprovados. Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2003, p. 260) assevera que o parcelamento do solo, 
sob o aspecto urbanístico, “tem por finalidade efetivar o cumprimento das funções sociais da 
cidade, estabelecendo regramentos para o melhor aproveitamento do espaço urbano”. 
O parágrafo único do art. 3º da Lei nº 6.766 determina onde não será possível o 
parcelamento do solo: 
Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas 
urbanas ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal. 
Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo: 
I - Em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências 
para assegurar o escoamento das águas. 
Il - Em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem 
que sejam previamente saneados. 
III - Em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se 
atendidas exigências específicas das autoridades competentes. 
IV - Em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação. 
V - Em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições 
sanitárias suportáveis, até a sua correção. 
A expressão “definidas por lei municipal”, contida no caput do art. 3º, ora comentado, 
não exprime a indicação de que ao Município caiba estabelecer critérios de definição de zonas 
urbanas ou de expressão urbana, e sim a competência para definir os seus contornos, ou seja, 
 
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para delimitá-las de modo específico e concreto no âmbito de seu território (MUKAI; ALVES; 
LOMAR, 1987, p. 18). 
Para que o parcelamento do solo urbano seja considerado regular, deve o projeto de sua 
constituição ser aprovado pelo Poder Público e haver o respectivo registro no Cartório de 
Registro de Imóveis competente (no caso de não ser respeitado um dos requisitos citados, este 
será considerado irregular), pois, como assevera Carlos Alberto Dabus Maluf (2005, p. 183) era 
muito comum a empresa loteadora adquirir uma gleba bruta de terra, sem qualquer infraestrutura, 
e vendê-la como se já houvesse um loteamento aprovado pelo Poder Público. O terceiro de boa-
fé adquiria um lote através da propaganda enganosa feita pela empresa em questão, a partir daí 
não conseguia obter a escritura definitiva do terreno nem o desdobro do imposto individual na 
municipalidade, que lançava o tributo sobre a área bruta. 
Em princípios de 1999, depois de percuciente análise visando-se mais harmonia social, 
a Lei nº 6.766/79 sofreu importantes alterações via Lei nº 9.785, de 29 de janeiro, patente se 
tornando a seriedade com que o legislador pátrio ainda enfrenta a questão. Deixou-a mais 
completa e abrangente, retirando ou acrescentando vários tópicos, dilatando prazo, que já não era 
minguado, claramente continuando a prestigiar o lado social da nação, e, principalmente, as 
camadas mais carentes da sociedade. E não poderia ser de maneira diversa. Dos seus 55 artigos, 
18 foram afetados pelo novo preceito, num total de 28 modificações, atingindo, assim, quase 1/3 
da sua estrutura, inclusive uma delas dispensando até mesmo “título de propriedade quando se 
tratar de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, em imóvel declarado de 
utilidade pública, com processo de desapropriação judicial em curso e imissão provisória na 
posse, desde que promovido pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas entidades 
delegadas, autorizadas por lei a implantar projetos de habitação” (art. 18,§ 4º). Nota-se que o 
legislador está atento às mudanças, às solicitações da sociedade, às vezes veladas, ou em 
demonstrações públicas de assenhoreamento forçado (REZENDE, 2004). 
Como diz Washington Carlos De Almeida (2013), por meio da aplicação da legislação 
sobre parcelamento do solo, que é possível o desenvolvimento urbano com aproveitamento do 
uso do solo. 
 
 
 
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LOTEAMENTO URBANO E RURAL 
O loteamento é regido pela Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, tendo como tipo 
mais comum de loteamento urbano, aquele destinado à construção de residências. 
Para Helita Custódio Barreira (1977, p. 458), 
 
considera-se loteamento, o processo de divisão de terrenos rurais ou urbanos em lotes 
destinados à exploração ou à edificação de qualquer natureza, mediante a observância 
das formalidades legais e regulamentares, visando à saúde, ao bem-estar e à melhoria da 
vida humana. 
 
A lei distingue o que significa lote de gleba. O lote “significa a utilização da 
característica da divisibilidade de uma coisa, para dela obter outras de tamanho ou área menor, 
visando, o loteador, lucro na venda dos lotes ou parcelas” (SODERO, 1977, v. 50, p. 457). 
O loteamento forma-se por subdivisão de gleba e, lotes para a edificação urbana. A lei 
faz nítida distinção entre gleba e lote e essa distinção é de grande valia e importância para a 
interpretação e aplicação de seus dispositivos (MUKAI; ALVES; LOMAR, 1987, p. 10). 
O loteamento urbano, além de ser uma forma de parcelamento do solo, é, basicamente, 
um processo de urbanização que envolve aspectos urbanísticos-administrativos, civis e penais, 
tal como encarado pela Lei nº 6.766/79. O loteamento é um fato social, a par de ser operação de 
caráter econômico, sobre o qual incidem interesses públicos e particulares, que devem ser 
encarados com o máximo de cautela e respeito (MUKAI; ALVES; LOMAR, 1987, p. 10). 
Quanto à espécie, o loteamento pode ser urbano ou rural. O loteamento urbano se dá na 
divisão de terrenos em lotes destinados à construção, observadas as normas legais. O loteamento 
rural é o processo de divisão de terrenos em lotes destinados à exploração agrícola (BARREIRA, 
1977, v. 50, p. 465). 
Para os efeitos da Lei nº 4.504/64, segundo consta no artigo 4º, I, define-se “Imóvel 
rural”, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à 
exploração de extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de 
valorização, quer através de iniciativa privada. 
 
 
 
 
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DESMEMBRAMENTO RURAL 
O desmembramento rural está disciplinado pelo art. 65 do Estatuto da Terra: “O imóvel 
rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade 
rural”. Este artigo sofreu ampliação e foi complementado pelo art. 8º da Lei nº 5.868, de 
12/12/1972: Art. 8º. Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do art. 65 da Lei nº 
4.504, de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido 
em área de tamanho inferior a do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de 
parcelamento fixado no § 1º deste artigo, prevalecendo a de menor área. 
Após essa complementação, houve a promulgação do Decreto nº 62.504, de 05/04/1968: 
Art. 1º. Os desmembramentos disciplinados pelo art. 65 Lei nº 4.504, de 30/11/1968; e 
pelo art. 11 do Decreto-lei nº 57, de 18/11/1966, são aqueles que implicam a formação de novos 
imóveis rurais. 
Art. 2º. Os desmembramentos de imóvel rural que visem a constituir unidades com 
destinação diversa daquela referida no inciso I do artigo 4º da Lei nº 4.504, de 30 de novembro 
de 1964, não estão sujeitos às disposições do art. 65 da mesma lei e do art. 11 do Decreto-lei nº 
57, de 18 de novembro de 1966, desde que, comprovadamente, se destinem a um dos seguintes 
fins: 
I -Desmembramentos decorrentes de desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública (...). 
II - Desmembramentos de iniciativa particular que visem a atender interesses de Ordem 
Pública na zona rural (...). 
 
TIPOS DE PARCELAMENTO 
A Lei nº 6.766/79 foi inovatória ao determinar que as normas urbanísticas para 
aprovação dos parcelamentos fossem objeto de registro em órgão competente. O parcelamento 
ilegal engloba o parcelamento clandestino e o parcelamento irregular. 
Segundo Diógenes Gasparini (1999), a diferença entre a clandestinidade e a 
irregularidade, encontra-se na existência ou não da aprovação do parcelamento do solo; havendo 
esta, tem-se um parcelamento irregular, inexistindo a mesma, tem-se um parcelamento 
clandestino. O parcelamento, loteamento ou desmembramento, é clandestino na medida em que 
 
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o Poder Público competente (Município ou Distrito Federal) não tem, qualquer conhecimento 
oficial do plano de aprovação, ou seja, é clandestino quando da inexistência da aprovação, que 
pode decorrer tanto da omissão de solicitação, quanto em decorrência do indeferimento do 
pedido, que podem ser parcelamentos clandestinos executados e não executados, desde que, 
ausente à aprovação do Poder Público. 
Vicente de Abreu Amadei (1997, p. 65) também contribui a respeito ao inferir que 
nossa doutrina distingue o parcelamento clandestino do parcelamento irregular, considerando a 
circunstância de que aquele foi implantado de fato sem aprovação urbanística, enquanto este não 
carece desse vício, mas sim de outro, sendo, ambas espécies, gênero do parcelamento ilegal. 
O parcelamento ilegal abrange duas categorias: 
a) Parcelamento aparente e substancialmente ilegal. 
b) Parcelamento aparentemente legal, mas substancialmente ilegal. (AMADEI, 1997, 
p.65). 
O parcelamento aparentemente legal é aquele aprovado e registrado, porém com vício 
(substancialmente ilegal). Pode ser considerado um exemplo os loteamentos com registro, mas 
sem licença urbanística (AMADEI, 1997, p. 65). 
A Lei nº 6.766/79 regulamentou o registro do parcelamento ilegal da seguinte forma: 
Art. 38. Verificado que o loteamento ou desmembramento não se acha registrado ou 
regularmente executado ou notificado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando 
for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o pagamento das prestações restantes e 
notificar o loteador para suprir a falta. 
§ 1° Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações restantes, na forma do caput 
deste artigo, o adquirente efetuará o depósito das prestações devidas junto ao Registro de 
Imóveis competente, que as depositará em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista 
no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com incidência de juros e correção 
monetária, cuja movimentação dependerá de prévia autorização judicial. 
§ 2° A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, ou o Ministério 
Público, poderá promover a notificação ao loteador prevista no caput deste artigo. 
§ 3° Regularizado o loteamento pelo loteador, este promoverá judicialmente a 
autorização para levantar as prestações depositadas, com os acréscimos de correção monetária e 
 
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juros, sendo necessária a citação da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o caso, para 
integrar o processo judicial aqui previsto, bem como audiência do Ministério Público. 
§ 4º Após o reconhecimento judicial de regularidade do loteamento, o loteador 
notificará os adquirentes dos lotes, por intermédio do Registro de Imóveis competente, para que 
passem a pagar diretamente as prestações restantes, a contar da data da notificação. 
§ 5º No caso de o loteador deixar de atender à notificação até o vencimento do prazo 
contratual, ou quando o loteamento ou desmembramento for regularizado pela Prefeitura 
Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, nos termos do art. 40 desta Lei, o loteador 
não poderá, a qualquer título, exigir o recebimento das prestações depositadas. 
Quanto ao parcelamento clandestino, podemos creditar sua origem no aumento 
populacional que contribui para que os municípios cresçam desordenadamente, gerando com isso 
inúmeros desses parcelamentos, que abrigam um abundante contingente de pessoas, o que agrava 
a crise habitacional. 
O administrador público não pode silenciar diante da proliferação de loteamentos 
clandestinos e irregulares, cabendo a ele a aplicação séria das leis de zoneamento e de uso e 
ocupação do solo, fiscalizando e fazendo uso de seu poder de polícia, enfim, implementando 
políticas públicas de modo a resguardar as condições mínimas de moradia à população daquela 
localidade (SANTOS, 2000, p. 244). 
A desordenada ocupação do solo com a implantação dos loteamentos clandestinos, sem 
a devida observância das normas urbanísticas, acarreta a propagação de habitações construídas 
sem critérios técnicos, o que produz impactos no meio ambiente e na saúde (FREITAS, 2000, p. 
338). 
Os parcelamentos clandestinos ocorrem quando não são reconhecidos pelo Poder 
Público e nem possuem projeto previamente aprovado. Nos dizeres de José Carlos De Freitas 
(2000), trata-se de “loteamento feito às ocultas”, mas clandestino não é, apenas, o loteamento 
feito às ocultas. Tanto é aquele desconhecido oficialmente pelo Poder Público, porque 
inexistente solicitação de aprovação, quanto o que deriva do indeferimento do respectivo pedido, 
por não atender às exigências legais. 
Num e noutro caso, sempre sem a chancela oficial, ele é implantado fisicamente pelo 
loteador, com a abertura de ruas, demarcação de quadras e lotes e com a edificação de casas 
 
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pelos adquirentes (...). Também são considerados loteamentos clandestinos os casos em que a 
gleba não tenha sofrido qualquer fragmentação (FREITAS, 2000, p. 335). 
O mesmo autor acima ainda leciona que para a implementação lícita de um loteamento 
são necessárias, pelo menos, três etapas, 
 
a administrativa, que se processa perante os órgãos públicos (aprovações e licenças); a 
civil e registrária, caracterizada pelo ingresso do projeto de loteamento e do contrato-
padrão no ofício predial; e a urbanística, consistente na execução das obras de 
infraestrutura (FREITAS, 2000, p. 334). 
 
Sobre o parcelamento/ocupação irregular do solo, podemos considerá-lo um dos 
principais problemas urbanos, pois eles não afetam apenas a população neles residente, mas 
estendem-se para toda a população, seja pela ampliação desnecessária dos custos de urbanização, 
seja pelas externalidades negativas decorrentes de fenômenos como a contaminação e o 
assoreamento dos recursos hídricos e a disseminação de doenças contagiosas. 
O mais grave é que muitos desses assentamentos localizam-se em áreas de risco ou de 
preservação ambiental e não podem ser regularizados. São comuns, em todo o país, os 
assentamentos em áreas de proteção de mananciais, encostas sujeitas a desmoronamentos e 
várzeas alagáveis realizados clandestinamente, mas totalmente eletrificados (PINTO, 2012). 
O parcelamento irregular é aquele que se dá quando não está em conformidade com a 
autorização da Prefeitura e em desacordo com outras normas. 
 
ÁREAS DE RECREIO E RESERVA FLORESTAL 
As reservas florestais estão disciplinadas pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, 
na qual foi instituído o Código Florestal e são definidas como: 
[...] 
II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º destaLei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos 
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, 
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. 
Em se tratando das florestas brasileiras, a implantação da legislação ocorreu um pouco 
tarde. Giuliano Deboni (2003, p. 84), assevera que (...) embora a proteção legislativa tenha sido 
 
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implementada relativamente tarde, iniciou praticamente no despertar anterior da consciência 
preservacional, mais especificamente, com a edição do Código Florestal – Lei nº 4.771, de 
15/09/1965. Ou seja, não obstante tenha iniciado antes mesmo da vigência da Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), concretizaram-se posteriormente as reais 
necessidades, visto que o cultivo desenfreado de florestas e as suas grandes derrubadas iniciaram 
quando as matas naturais foram sendo consumidas em diferentes usos ou quando foram 
destruídas na busca de áreas agricultáveis. 
A Reserva Florestal Legal (RFL) é um elemento importante na propriedade. Constitui 
uma área cujo percentual é definido por lei, variando conforme as condições ecológicas 
específicas de cada uma das regiões geopolíticas brasileiras, e não pode ser utilizada 
economicamente da forma tradicional, ou seja, na reserva florestal não é permitida a atividade 
destinada à produção de madeira ou qualquer outra atividade que dependa derrubada de árvores 
(como a produção de papel, por exemplo). 
A Reserva Florestal Legal se diferencia das Áreas de Preservação Permanente; a 
primeira é consequência de normas legais que limitam o Direito de Propriedade (arts. 16 e 44 do 
Código Florestal): 
Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em 
área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização 
limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam 
mantidas, a título de reserva legal (...) 
Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, 
primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido 
nos incisos I, ll, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 50 e 60, deve adotar as 
seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente: 
I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de 
no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo 
com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; 
II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e, 
 
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III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e 
extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, 
conforme critérios estabelecidos em regulamento. 
As normas de Reserva Florestal Legal incidem sobre o domínio privado e as das Áreas 
de Preservação Permanente são normas que recaem sobre o domínio privado e público. Ambas 
as áreas existem com o objetivo de impedir o uso aleatório e indiscriminado da terra e promover 
a preservação ambiental no território nacional. O Código Florestal sofreu inúmeras modificações 
buscando a proteção das florestas. 
Estas áreas, conforme doutrina de Édis Milaré (s.d apud DEBONI, 2003, p. 89), 
 
consistem em uma faixa de preservação de vegetação estabelecida em razão da 
topografia ou do relevo, geralmente ao longo dos cursos d'água, nascentes, reservatórios 
e em topos e encostas de morros, destinadas à manutenção da qualidade do solo, das 
águas e também para funcionar como corredores de fauna. 
 
A competência da legislação em matéria de proteção florestal incide sobre a União, os 
Estados e os Municípios. 
Nesse sentido vale registrar que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) indubitavelmente 
configura uma das principais novidades no Código Florestal ao criar no âmbito do Sistema 
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA), e é, 
 
registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, 
com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, 
compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e 
econômico e combate ao desmatamento (MELO, 2012). 
 
A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão 
ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do possuidor ou 
proprietário (§ 1º do art. 29, com a redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). 
O cadastro exclui, expressamente, eventual reconhecimento do direito de propriedade (§ 
2º, art. 29), o que não poderia ser diferente em razão da atribuição constitucional prevista no art. 
236 da Constituição Federal, mas, numa primeira impressão, rompe a vinculação entre cadastro e 
registro constante do Código Florestal anterior (§ 8º do art. 16 do Código Florestal, redação dada 
pela Med. Prov. 2.166-67/2001). 
 
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O artigo 18 do novo Código Florestal determina que a área de Reserva Legal deverá ser 
registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR. Já o § 4º do referido 
art. 18 disciplina que “o registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de 
Registro de Imóveis”. 
Ao disciplinar o imóvel rural, o cadastro ambiental deixou também de expressamente 
definir qual conceito de imóvel atribuir para fins de cálculo e cômputo dos espaços territoriais 
especialmente protegidos. Espera-se que o regulamento trate do assunto, ou seja, se o imóvel é o 
definido na matrícula do Registro de Imóveis ou o utilizado no cadastro rural do INCRA, 
respeitando o critério de aproveitamento rural da área. Para nós, ao exigir a vinculação entre 
matrícula do imóvel e cadastro rural, como veremos melhor adiante, bem como ainda existir a 
previsão de averbação no Registro de Imóveis, a autoridade ambiental deverá necessariamente 
utilizar o conceito de imóvel-matrícula, que difere do conceito econômico (aproveitamento) e 
não admite seccionamentos e descontinuidade (MELO, 2012). 
 
CONTRATO-PADRÃO DE PARCELAMENTO DO SOLO 
O parcelamento deve ser registrado no Registro de Imóveis e, entre os documentos que 
devem ser depositados, está o contrato padrão. 
Flauzilino Araújo Dos Santos (1999, p. 164) define o contrato padrão como o protótipo 
do instrumento que vai regular as futuras relações entre o parcelador e o adquirente do lote. 
Fiscalizado pelo Poder Público, através do Oficial Registrador, presentes as cláusulas 
obrigatórias, o contrato padrão é o paradigma da contratação. O interessado poderá ir ao Registro 
Imobiliário e previamente conhecer todas as condições da contratação que fará, como expresso 
no art. 26, onde diz que “os compromissos de venda e compra, as cessões ou promessas de 
cessões poderão ser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo com o 
modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18. 
O art. 18, inciso VI, da Lei nº 6.766/1979 preceitua que, aprovado o projeto de 
loteamento, o mesmo deverá ser submetido ao registro Imobiliário juntamente com o contrato 
padrão: 
 
 
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Art. 18 Aprovado o projeto de loteamento ou dedesmembramento. O loteador deverá 
submetê-la ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de 
caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes documentos: 
(...) 
VI - exemplar do contrato padrão de promessa de venda, ou de cessão ou de promessa 
de cessão, do qual constarão obrigatoriamente as indicações previstas no art. 26 desta 
Lei. 
 
 
LOTEAMENTO URBANO 
Na Legislação brasileira, os loteamentos começaram a ser disciplinados pelo Decreto-
Lei nº 58 de 1937. Essa Legislação tratava o parcelamento do solo de maneira muito indefinida 
(ALMEIDA, 2013). 
O loteamento era constituído, por parte do proprietário, na divisão de terras em parcelas, 
com o objetivo de vendê-las ou alugá-las. Isso era o que conceituava o projeto francês de 1924 
(VIANA, 1985, p. 50). 
O Decreto-Lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, que disciplinava os loteamentos 
urbanos e rurais, continha essencialmente normas civis, regulando as relações entre o loteador e 
os adquirentes de lotes, com poucas disposições de ordem administrativa, sem nenhuma pauta de 
caráter penal. Por esta razão, e diante do desenvolvimento socioeconômico do país, com a 
ampliação notável dos núcleos urbanos, aquele diploma já não mais cumpria sua missão de 
resguardar o interesse público contido no ato de parcelar o solo urbano (MUKAI; ALVES; 
LOMAR, 1987). 
Após esse Decreto, seguiram-se outros, que também não acrescentavam nada de 
inovador, até a edição do Decreto-Lei nº 271, de 1967, que disciplinou o loteamento urbano, a 
responsabilidade do loteador e a concessão de uso e espaço aéreo. Seu art.1º preleciona o 
seguinte: 
Art .1º O loteamento urbano rege-se por este Decreto-lei. 
§ 1º Considera-se loteamento urbano a subdivisão de área em lotes destinados à 
edificação de qualquer natureza que não se enquadre no disposto no § 2º deste artigo. 
§ 2º Considera-se desmembramento a subdivisão de área urbana em lotes para 
edificação na qual seja aproveitado o sistema viário oficial da cidade ou vila sem que se abram 
novas vias ou logradouros públicos e sem que se prolonguem ou se modifiquem os existentes. 
 
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§ 3º Considera-se zona urbana, para os fins deste Decreto-lei, a da edificação contínua 
das povoações, as partes adjacentes e as áreas que, a critério dos Municípios, possivelmente 
venham a ser ocupadas por edificações contínuas dentro dos seguintes 10 (dez) anos. 
Note-se que esse Decreto-Lei distinguiu o loteamento do desmembramento, afastando a 
probabilidade de que os loteamentos pudessem se dar nos espaços destinados à área rural, pois o 
§ 3º definiu o conceito de zona urbana (ALMEIDA, 2013). Esse Decreto apenas foi revogado 
quando publicada a Lei nº 6.766, de 1979, que em seu § 1º conceitua o loteamento como a 
subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, 
de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. 
Segundo José Afonso Da Silva (2006, p. 26), “loteamento é a divisão das quadras em 
lotes com frente para logradouro público”. Só há loteamentos, portanto, quando uma gleba é 
subdividida em lotes para edificação. 
Se houver subdivisão de uma gleba em parcelas de terras não destinadas à edificação, 
com finalidades rurais, por exemplo, dela não resultarão lotes, para os efeitos da Lei, mas sim 
novas glebas (MUKAI; ALVES; LOMAR, 1987, p. 10). 
Para a implantação de um loteamento, a Lei nº 6766/1979, nos arts. 4º e 5º, dispõem de 
requisitos que deverão ser observados: 
Dos Requisitos Urbanísticos para Loteamento: 
Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: 
I - As áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e 
comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de 
ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se 
situem. (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29/01/1999). 
II - Os lotes terão área mínima de 125 m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados) e 
frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legislação estadual ou municipal determinar 
maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação 
de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos 
competentes. 
 
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III - Ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das 
rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi de 15 
(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação especifica. 
IV - As vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, 
existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia local. 
§ 1º. A legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o território do 
Município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que 
incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de 
aproveitamento. (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29/01/1999). 
§ 2º. Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, 
saúde, lazer e similares. 
Art. 5º. O Poder Público competente poderá complementarmente exigir, em cada 
loteamento, a reserva de faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos. 
Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equipamentos públicos de abastecimento de 
água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás 
canalizado. 
Os loteamentos devem seguir uma norma e ser previamente aprovados pelo Poder 
Público. 
A título de exemplo, Washington Carlos de Almeida (2013) cita que no Estado de São 
Paulo, o projeto de loteamento é apreciado pela Secretaria de Estado da Habitação - Graprohab, 
que tem como objetivo centralizar e agilizar o trâmite de projetos habitacionais. Tratando-se de 
loteamento rural, deverá ser apreciado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(INCRA). 
No caso de Minas Gerais, segundo consta no seguinte endereço eletrônico: 
<http://www.urbano.mg.gov.br/images/stories/anuencia/interior/rotina_anuencia_parc_lot.pdf>, 
o trâmite do projeto de loteamento, ou seja, processo de análise e concessão de anuência prévia 
para projetos de parcelamento do solo acontece via Secretaria de Estado de Desenvolvimento 
Regional e Política Urbana, a saber: 
1) Antes da elaboração do projeto de parcelamento do solo, o interessado encaminhará 
ao responsável técnico (registrado e regularizado no CREA-MG) o Roteiro para a elaboração de 
 
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projetos de parcelamento do solo e o Decreto nº 44.646/07, disponíveis no site da SEDRU 
(www.urbano.mg.gov.br). 
2) Para dar início ao processo, o INTERESSADO apresentará requerimento à Prefeitura 
Municipal, solicitando informações para proceder ao parcelamento da gleba. 
3) A PREFEITURA MUNICIPAL abrirá o processo, definirá as diretrizes municipais e 
encaminhará uma cópia de toda a documentação listada no art. 18 do Decreto nº 44.646/07 à 
SEDRU. 
4) A SEDRU, de posse de toda a documentação, irá analisar os dados e emitir as 
diretrizes estaduais no prazo máximo de 03 (três) meses. Obs.: No momento da solicitação de 
diretrizes estaduais, o INTERESSADO deverá comprovar o recolhimento dos valores referentes 
à cobrança pela prestação de serviços técnicos, por meio de Documento de Arrecadação Estadual 
– DAE,de acordo com a Resolução nº 93 de 04 de agosto de 2008. 
5) A SEDRU encaminhará à PREFEITURA MUNICIPAL as diretrizes definidas. As 
diretrizes terão validade de 04 (quatro) anos para a proposta apresentada. 
6) A PREFEITURA MUNICIPAL encaminhará as diretrizes estaduais ao 
INTERESSADO, que irá elaborar o projeto de acordo com as definições municipais e estaduais e 
observando o disposto no Decreto nº 44.646/07. 
7) O INTERESSADO apresentará à PREFEITURA MUNICIPAL o anteprojeto em 
duas vias impressas e, caso a PREFEITURA MUNICIPAL esteja de acordo com a proposta 
apresentada, deverá enviar à SEDRU uma cópia do anteprojeto para verificação. É necessário 
que a Prefeitura Municipal envie nessa etapa, mediante ofício, uma declaração de conformidade 
do parcelamento proposto com a legislação municipal. 
8) A SEDRU procederá à análise do processo e, estando de acordo, solicitará as vias 
restantes e emitirá a anuência. Obs.: No momento da solicitação de concessão de anuência 
prévia, o INTERESSADO deverá comprovar o recolhimento dos valores referentes à cobrança 
pela prestação de serviços técnicos, por meio de Documento de Arrecadação Estadual – DAE, de 
acordo com a Resolução nº 93 de 04 de agosto de 2008. 
9) A SEDRU arquivará uma via do processo e remeterá as vias restantes novamente à 
PREFEITURA MUNICIPAL, juntamente com ofício declarando a anuência, para aprovação 
municipal. 
 
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10) A PREFEITURA MUNICIPAL, estando de acordo, aprovará o projeto e 
encaminhará à SEDRU, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, uma cópia do ato de aprovação. 
11) Após a anuência prévia e a aprovação municipal, o INTERESSADO deverá 
submeter o projeto ao registro imobiliário no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, sob 
pena de caducidade da aprovação. 
Dispõe o art. 6º da Lei nº 6.766/1979: 
 
Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura 
Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes para o uso 
do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas reservadas 
para equipamento urbano e comunitário (...). 
 
 
DESMEMBRAMENTOS: URBANO E RURAL 
O desmembramento constitui a divisão de terras, “desde que operado dentro do sistema 
urbanístico” (VIANA, 1985, p. 51). Os desmembramentos, em certos aspectos, tornam-se, 
 
mais problemáticos que os loteamentos, porque, dependendo da finalidade a que se 
destina a divisão da gleba, o vulto ou a densidade da ocupação futura poderá levar ao 
colapso do sistema viário ou dos serviços e equipamentos urbanos pré-instalados, 
eventualmente não dimensionados no uso futuro (VIANA, 1985, p. 51). 
 
A Lei nº 6.766, de 1979, reza em seu parágrafo 2º: 
§ 2º Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a 
edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura 
de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já 
existentes. 
(...) 
Art. 10. Para a aprovação de projeto de desmembramento, o interessado apresentará 
requerimento à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, acompanhado de 
certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis 
competente, ressalvado o disposto no § 4° do art. 18, e de planta do imóvel a ser desmembrado 
contendo: (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29/01/1999). 
I - A indicação das vias existentes e dos loteamentos próximos. 
 
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II - A indicação do tipo de uso predominante no local. 
III - A indicação da divisão de lotes pretendida na área. 
A diferença entre loteamento e desmembramento é de grande importância, pois disto 
difere o tratamento legislativo. Para que haja o desmembramento, é necessário o requerimento do 
interessado, instruído com certidão da prefeitura (FERREIRA, 1984, p. 113). 
A legislação que rege os desmembramentos é a Lei Federal nº 6.766/1979 que, em seu § 
2º, define o desmembramento: 
 
considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, 
com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de 
novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação 
dos já existentes. 
 
O desmembramento, pelas suas repercussões no meio urbano, passou a ser contemplado 
pela nova Lei como ato de urbanização, haja vista as várias regras que disciplinam essa forma de 
parcelamento urbano. Além do mais, os efeitos jurídicos do desmembramento, previstos pela 
Lei, são equiparados aos do loteamento (MUKAI; ALVES; LOMAR, 1987, p. 12). 
Com a Lei nº 6.766, de 19/12/1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo para fins 
urbanos, foram editadas normas urbanísticas para o loteamento e o desmembramento de glebas 
destinadas à urbanização, mas com a ressalva de que os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios poderão estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo 
municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais (art. 1º parágrafo 
único) (MEIRELLES, 2006, p. 559). 
 
DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS URBANOS 
A delimitação da zona urbana deve ser elaborada pela legislação municipal. O traçado 
urbano é o desenho geral da cidade, mas, 
 
nem sempre será efetivado pelo Município, notadamente nos loteamentos particulares, 
mas dependerá sempre da aprovação da Prefeitura, para seu ajustamento às vias 
públicas já existentes, ao plano diretor do Município e às normas urbanísticas 
pertinentes (MEIRELLES, 2006, p. 546). 
 
 
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Por área urbana entende-se a que estiver fixada no perímetro urbano do município 
(ALMEIDA, 2013, p. 162). 
O desmembramento é a divisão da área urbana com o aproveitamento das vias públicas 
existentes, “o desmembramento é apenas uma repartição da gleba, sem atos de urbanização” 
(MEIRELLES, 2006, p. 558). 
O desmembramento urbano pode ocorrer pela vontade do proprietário ou por imposição 
judicial. A ocupação do solo urbano constitui competência municipal e, por isso, está presente 
nas diretrizes do plano diretor do município. 
O art. 12, da Lei nº 6.766/1979, diz que: 
 
O projeto de loteamento e desmembramento deverá ser aprovado pela Prefeitura 
Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, a quem compete também 
afixação das diretrizes a que aludem os artigos 6º e 7º desta Lei, salvo a exceção 
prevista no artigo seguinte. 
 
A Lei nº 9.785/1999 modificou o parágrafo único do referido artigo: “O projeto 
aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma de execução, sob pena de 
caducidade da aprovação. 
Hélio Lobo Júnior (1999, p. 77) assevera que a Lei do Parcelamento do Solo Urbano 
nos seus arts. 3º ao 17, comprova que o legislador, ao definir as diretrizes para o 
desenvolvimento urbano, promoveu também a conservação da natureza, preocupando-se com o 
meio ambiente e com os recursos naturais. 
O desmembramento apenas se tornará legal após ser submetido a registro no Cartório 
Imobiliário. O registro gera consequências como: 
1º) os lotes passam a existir automaticamente; 
(...) as consequências são diversas, pois se cria uma nova realidade jurídico-registrária 
com a abertura de matrícula para cada unidade física - lote - desvinculada da anterior, que 
descrevia o todo. Desse modo, se houver, por exemplo, uma desapropriação, o imóvel a ser 
considerado será o lote, com o seu valor unitário, não se podendomais falar em toda a gleba. 
Almeida (2013) explica que para quem trabalha no mercado Imobiliário, fácil é 
entender a diferença de valor entre um alqueire de terras os metros quadrados de um lote. Se, por 
 
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exemplo, alguém pretender penhorar o todo, não mais poderá fazê-lo, devendo a constrição 
incidir sobre cada lote, com o registro na respectiva matrícula; 
2º) há separação das vias públicas e demais espaços livres, que passam a integrar o 
domínio do município (art. 22 da Lei nº 6.766/1979); (...) apesar de alguma divergência quanto 
ao momento em que as vias públicas e espaços livres passam a integrar o domínio do município, 
em face do princípio da destinação, cujo principal ato, de aceitação pelo Poder Público, já 
implica a transferência de domínio, desde que os bens públicos não estão sujeitos ao Registro 
Imobiliário no cartório competente, o que mais se acentua diante dos dispostos nos arts. 17 a 23, 
ambos da Lei nº 6.766/1979, força é convir que, desprezada a polêmica, o registro do 
parcelamento altera a própria titular idade das áreas destinadas à municipalidade e, geralmente, 
não permite qualquer reversão, incidindo, ademais, todas as limitações pertinentes às áreas 
públicas. 
3º) há, com o registro, a subordinação à Lei nº 6.766/1979: 
No momento do registro, pois, a legislação aplicável aos contratos, entre o parcelador e 
o adquirente, a que regula o loteamento e o desmembramento (LOBO JÚNIOR, 1999, p. 79-80). 
O desmembramento produz consequências jurídicas transitórias, pois, consumado o 
registro de escritura, passam a prevalecer as normas relativas a contratos de imóveis regidas pelo 
Código Civil (LOBO JÚNIOR, 1999, p. 80). 
A ocupação do solo urbano vem sendo tratada com o objetivo de estabelecer diretrizes 
de modo a harmonizar e equilibrar os interesses da coletividade e do meio ambiente. 
 
DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 
Os imóveis rurais podem ser desmembrados para fins de projetos de colonização 
agrícola, formação de outros imóveis, execução de partilhas (DINIZ, 1998, v. 2, p. 100). 
Os imóveis rurais são diferenciados dos imóveis urbanos: 
1) Pela localização (urbanos são os prédios localizados no perímetro da cidade). 
2) Pelo estado (sendo urbano o terreno onde houver construção). 
3) Pela destinação econômica (considerando-se o imóvel rural o destinado à exploração 
rural, e o urbano à edificação) (FERREIRA, 1984, p. 118). 
 
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Os loteamentos rurais permanecem disciplinados pelo Decreto-lei nº 58, de 10 de 
dezembro de 1937, pelo Estatuto da Terra - Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, e pela 
Instrução nº 17-B/1969 do INCRA. No rol de documentos para depósito no Registro Imobiliário 
em caso de loteamento rural também se exige o contrato-tipo de compromisso de venda de lotes 
(Decreto-lei nº 58/37, art. 1º, III). 
O desmembramento rural, por sua vez, está disciplinado pelo art. 65 do Estatuto da 
Terra, retificado pelo art. 8 da Lei nº 5.868, de 12/12/1972, que assim dispõe: 
Art. 8° Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do art. 65, da Lei nº 4.504, 
de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área 
de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento 
fixada no § 1º deste artigo, prevalecendo a de menor área. 
Ao desmembramento rural para fins de transmissão, aplica-se disposições do art. 4º, 
inciso III, do Estatuto da Terra, o qual calcado no conceito de “propriedade familiar” como 
sendo o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes 
absorvesse toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e 
econômico, fixou o Módulo Rural para cada município (SANTOS, 1999, p. 161). 
Pelo § 2º, da Lei nº 9.393, relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - 
ITR, “considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, 
localizada na zona rural do município”. 
Imóvel rural, grosso modo, é todo prédio rústico de área contínua, localizado na zona 
rural do município, em que se aplique ou se possa aplicar a exploração extrativa agrícola, 
pecuária, ou agroindustrial. A Constituição Federal traz a definição de imóveis rurais e urbanos 
utilizando, para tanto, somente o critério da localização (v.g., art. 191 da CF/1988). O Código 
Civil também adotou o critério da localização (v.g., arts. 1.239, 1.276, § 1º, e 1.303, todos do 
CC/2002). O Estatuto da Terra exprime, ao contrário, o critério da destinação do imóvel para 
defini-lo como rural, independentemente de sua localização, importando, apenas, que se destine 
às suas explorações agrárias (art. 4º, inciso l, da Lei Federal nº 4.504/1964) (ALMEIDA, 2013). 
Este conceito do Estatuto da Terra, além de aplicar-se apenas para os efeitos desta Lei 
(art. 4º, caput, do Estatuto), não foi recepcionado pela atual Constituição Federal, pelo menos no 
que tange à hipótese do georreferenciamento. A título ilustrativo, cumpre informar que para fins 
 
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tributários (ITR e IPTU), o critério da destinação econômica é admitido pela jurisprudência 
(vide, por exemplo, o REsp nº 492.869 do STJ, julgado em 15/02/2005) (OLIVEIRA, 2012). 
Em relação ao parcelamento dos imóveis rurais, a Instrução nº 17-B, de 22 de dezembro 
de 1980, em suas disposições preliminares afirma: 
 
1. São formas de parcelamento do solo, o loteamento e o desmembramento. 
1.2. Considera-se loteamento, a divisão de gleba em lotes, com abertura de novas vias 
de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação 
das vias existentes. 
1.3. Considera-se desmembramento, a divisão de gleba em lotes, com aproveitamento 
do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e 
logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já 
existentes. (...) 
3.1. O parcelamento, para fins urbanos, de imóvel rural localizado fora de zona urbana 
ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal, rege-se pelas disposições do 
art. 96, do Decreto nº 59.428, de 27/10/1966, e do art. 53, da Lei nº 6.766, de 
19/12/1979. 
3.2 Em tal hipótese de parcelamento, caberá, quanto ao Incra, unicamente sua prévia 
audiência. 
 
A LRP em seu art. 176,§ 3º, dizia que: 
 
Em casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a 
identificação prevista na alínea a, do item 3, do inciso II, do § 1º, será obtida a partir de 
memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de 
Responsabilidade Técnica (ART), contendo as coordenadas dos vértices definidores dos 
limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com 
precisão posicional a ser fixada pelo lNCRA, garantida a isenção de custos financeiros 
aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos 
fiscais (Incluído pela Lei nº 10.267, de 2001). 
 
A legislação agrária prevê o desmembramento rural com os seguintes pressupostos: 
1) Tanto o imóvel a ser parcelado, como os lotes subsequentes a serem formados, 
devem apresentar natureza rural. 
2) O desmembramento deverá se fazer sem prejuízo do módulo especificado para o 
imóvel. 
Como se observou ao longo do módulo, são várias as leis que interferem no 
parcelamento do solo urbano, de todo modo, podemos perceber que as leis que regulam a 
propriedade no Brasil tiveram como finalidade a busca por umasociedade igualitária e a paz 
social, e concordamos com Costa (2012) quando infere que por isso o processo de evolução 
 
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legislativa é constante, no intuito de erradicar as desigualdades sociais e encontramos no notário 
e registradores, personalidades importantes para sanar dúvidas e orientar os proprietários quando 
se fizer necessário para que o registro lhe seja sempre um ato seguro. 
Enfim: 
 o registro visa dar autenticidade, segurança, publicidade e eficácia real à aquisição 
de um imóvel; 
 o cadastro finaliza à arrecadação de impostos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO SOBRE A RETIFICAÇÃO DE ASSENTO IMOBILIÁRIO 
 
A Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1.916 (Código Civil revogado) foi a primeira que se 
referiu à retificação do registro de imóveis, contendo no seu artigo 860, o seguinte dispositivo: 
“Se o teor do registro de imóveis não exprimir a verdade, poderá o prejudicado reclamar que se 
retifique”. 
O Código Civil em vigência (Lei nº 10.406/2002) trouxe dispositivo correspondente em 
seu artigo 1.247, acrescentando ainda o parágrafo primeiro, determinando que: 
 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprime a verdade, poderá o interessado reclamar 
que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, 
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. 
 
A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), no Título V, Registro de Imóveis, 
inicialmente reservou tão-somente os artigos 212 e 213 para tratar da Retificação de Registro, 
embora o direito seja relevante. O pedido de retificação de área, antes fundamentado nos artigos 
212 e 213 da referida Lei, era o meio adequado para a alteração documental da área, quando a 
verdade física não correspondia à verdade jurídica (HUBER, 2012). 
Com o advento da Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, que no seu artigo 59 alterou os 
artigos 212 a 214, da Lei de Registros Públicos, criou-se, inclusive, procedimento administrativo 
opcional, conforme dispositivos contidos no artigo 213. A norma do art. 212 da Lei nº 6.015/73 
admite a retificação se o teor do registro ou averbação for omissa, ou não exprimir a verdade, e o 
artigo 213 determina o procedimento de retificação ou da averbação, enquanto que o artigo 214 
prevê as nulidades de pleno direito do registro, que provados, invalidam-no, independentemente 
de ação direta. 
O artigo 213 sofreu alterações através da Lei nº 12.424 de 16 de junho de 2011, 
alterando o item I do parágrafo 11 e acrescendo os itens, III, IV e V no mesmo parágrafo e 
acrescentou parágrafo 16, cuja atualização segue na descrição dos artigos 212 e 213. 
Os dispositivos insculpidos nos artigos invocados assim se expressam: 
 
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Art. 212. Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa ou não exprimir a verdade, 
a retificação será feita pelo Oficial do Registro de Imóveis competente, a requerimento do 
interessado, por meio do procedimento administrativo previsto no art. 213, facultado ao 
interessado requerer a retificação por meio de procedimento judicial. 
Parágrafo único. A opção pelo procedimento administrativo previsto no art. 213 não 
exclui a prestação jurisdicional, a requerimento da parte prejudicada. 
Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação: 
I - de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de: 
a) Omissão ou erro cometido na transposição de qualquer elemento do título. 
b) Indicação ou atualização de confrontação. 
c) Alteração de denominação de logradouro público, comprovada por documento 
oficial. 
d) Retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de deflexão ou inserção de 
coordenadas georreferenciadas, em que não haja alteração das medidas perimetrais. 
e) Alteração ou inserção que resulte de mero cálculo matemático feito a partir das 
medidas perimetrais constantes do registro. 
f) Reprodução de descrição de linha divisória de imóvel confrontante que já tenha 
sido objeto de retificação. 
g) Inserção ou modificação dos dados de qualificação pessoal das partes, comprovada 
por documentos oficiais, ou mediante despacho judicial quando houver necessidade 
de produção de outras provas. 
 
II - a requerimento do interessado, no caso de inserção ou alteração de medida 
perimetral de que resulte, ou não, alteração de área, instruído com planta e memorial descritivo 
assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade 
técnica no competente Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), bem assim 
pelos confrontantes. 
§ 1º Uma vez atendidos os requisitos de que trata o caput do art. 225, o oficial averbará 
a retificação. 
 
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§ 2º Se a planta não contiver a assinatura de algum confrontante, este será notificado 
pelo Oficial de Registro de Imóveis competente, a requerimento do interessado, para se 
manifestar em quinze dias, promovendo-se a notificação pessoalmente ou pelo correio, com 
aviso de recebimento, ou, ainda, por solicitação do Oficial de Registro de Imóveis, pelo Oficial 
de Registro de Títulos e Documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem 
deva recebê-la. 
§ 3º A notificação será dirigida ao endereço do confrontante constante do Registro de 
Imóveis, podendo ser dirigida ao próprio imóvel contíguo ou àquele fornecido pelo requerente; 
não sendo encontrado o confrontante ou estando em lugar incerto e não sabido, tal fato será 
certificado pelo oficial encarregado da diligência, promovendo-se a notificação do confrontante 
mediante edital, com o mesmo prazo fixado no § 2º, publicado por duas vezes em jornal local de 
grande circulação. 
§ 4º Presumir-se-á a anuência do confrontante que deixar de apresentar impugnação no 
prazo da notificação. 
§ 5º Findo o prazo sem impugnação, o oficial averbará a retificação requerida; se 
houver impugnação fundamentada por parte de algum confrontante, o oficial intimará o 
requerente e o profissional que houver assinado a planta e o memorial a fim de que, no prazo de 
cinco dias, se manifestem sobre a impugnação. 
§ 6º Havendo impugnação e se as partes não tiverem formalizado transação amigável 
para solucioná-la, o oficial remeterá o processo ao juiz competente, que decidirá de plano ou 
após instrução sumária, salvo se a controvérsia versar sobre o direito de propriedade de alguma 
das partes, hipótese em que remeterá o interessado para as vias ordinárias. 
§ 7º Pelo mesmo procedimento previsto neste artigo, poderão ser apurados os 
remanescentes de áreas parcialmente alienadas, caso em que serão considerados como 
confrontantes tão-somente os confinantes das áreas remanescentes. 
§ 8º As áreas públicas poderão ser demarcadas ou ter seus registros retificados pelo 
mesmo procedimento previsto neste artigo, desde que constem do registro ou sejam logradouros 
devidamente averbados. 
§ 9º Independentemente de retificação, dois ou mais confrontantes poderão, por meio de 
escritura pública, alterar ou estabelecer as divisas entre si e, se houver transferência de área, com 
 
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o recolhimento do devido imposto de transmissão e desde que preservadas,se rural o imóvel, a 
fração mínima de parcelamento e, quando urbano, a legislação urbanística. 
§ 10. Entendem-se como confrontantes não só os proprietários dos imóveis contíguos, 
mas, também, seus eventuais ocupantes; o condomínio geral, de que tratam os arts. 1.314 e 
seguintes do Código Civil, será representado por qualquer dos condôminos e o condomínio 
edilício, de que tratam os arts. 1.331 e seguintes do Código Civil, será representado, conforme o 
caso, pelo síndico ou pela Comissão de Representantes. 
§ 11. Independe de retificação: 
I - a regularização fundiária de interesse social realizada em Zonas Especiais de 
Interesse Social, promovida por Município ou pelo Distrito Federal, quando os lotes já estiverem 
cadastrados individualmente ou com lançamento fiscal há mais de 10 (dez) anos; (alterado pela 
Lei nº 12.424/2011). 
II - a adequação da descrição de imóvel rural às exigências dos arts. 176, §§ 3º e 4º, e 
225, § 3º, desta Lei. 
§ 12. Poderá o oficial realizar diligências no imóvel para a constatação de sua situação 
em face dos confrontantes e localização na quadra. 
III- a adequação da descrição de imóvel urbano decorrente de transformação de 
coordenadas geodésicas entre os sistemas de georreferenciamento oficiais; (introduzido pela Lei 
nº 12.424/2011). 
IV - a averbação do auto de demarcação urbanísticas e o registro decorrente de projeto 
de regularização fundiária de interesse social de que trata a lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009; 
e (introduzido pela Lei nº 12.424/2011). 
V - o registro de parcelamento de glebas para fins urbanos anterior a 19 de dezembro de 
1979, que esteja implantado e integrado à cidade, nos termos da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 
2009 (introduzido pela Lei nº 12.424/2011). 
§ 13. Não havendo dúvida quanto à identificação do imóvel, o título anterior à 
retificação poderá ser levado a registro desde que requerido pelo adquirente, promovendo-se o 
registro em conformidade com a nova descrição. 
 
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§ 14. Verificado a qualquer tempo, não serem verdadeiros os fatos constantes do 
memorial descritivo, responderão os requerentes e o profissional que o elaborou pelos prejuízos 
causados, independentemente das sanções disciplinares e penais. 
§ 15. Não são devidos custas ou emolumentos notariais ou de registro decorrentes de 
regularização fundiária de interesse social a cargo da administração pública. 
§ 16. Na retificação de que trata o inciso II do caput, serão considerados confrontantes 
somente os confinantes de divisas que forem alcançadas pela inserção ou alteração de medidas 
perimetrais (introduzido pela Lei nº 12.424/2011). 
Quanto às inovações da Lei nº 10.931/2004, sua edição trouxe à realidade jurídica pátria 
uma inovação nas atribuições dos oficiais de registro. De certa forma, tal inovação pode e deve 
ser enquadrada dentro de uma análise conjuntural, em que há uma redefinição do papel do 
Estado-Juiz e um necessário desafogamento deste em relação a matérias que orbitam no estrito 
campo da vontade de partes maiores e capazes, notadamente em quadro de inexistência de lide, 
bem como se enquadra historicamente em um momento de retomada do crescimento econômico, 
busca da geração de empregos e ampliação do crédito imobiliário (CASTELLO, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO DE ERROS DE REGISTROS 
 
Embora o foco seja a questão da retificação de área, quando falamos em erros, também 
nos reportamos a toda sorte de erros de registro que pode ser cometido, não somente em relação 
a área. 
O artigo 213 da Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), classificava os erros de 
registros em três categorias: 
a) Erro evidente (informal). 
b) Erro cuja retificação não acarrete prejuízo a terceiros (formalíssimo). 
c) Erro que, se retificado, pode acarretar prejuízos a terceiros (formal). 
 
Erro evidente ou acidental: é aquele normalmente cometido pelo próprio registrador. É 
o erro percebido à primeira vista, não exigindo exame ou maior exame para sua constatação. É 
erro que pode ser corrigido de ofício pelo próprio oficial registrador ou mediante a apresentação 
de documento ou certidão expedida por autoridade competente, ou cópias reprográficas 
autenticadas de tais documentos ou certidões. 
São erros evidentes, e com os quais constantemente nos deparamos, a troca ou nome 
errado das partes, omissão do regime de casamento, estado civil de algumas partes, erro ou 
omissão do cadastro de pessoas físicas junto ao Ministério da Fazenda e outros (HUBER, 2012). 
A retificação de tais erros normalmente era feita com a apresentação, novamente, do 
título já registrado, como Escritura Pública de Venda e Compra, Formal de Partilha ou Certidão, 
documento original ou cópia autenticada que comprove o erro. Esta retificação é necessária, uma 
vez que na apresentação de um novo documento, constando os dados corretos, não terá acesso ao 
Registro em decorrência dos dados divergentes. 
Como vimos na unidade anterior, a Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, no seu artigo 
59, introduziu profundas alterações na Lei de Registros Públicos, notadamente no que tange à 
retificação de registros e averbações, face a nova redação conferida aos artigos 212 e 213, sendo 
que a Lei nº 12.424/2011, alterou o inciso I e acrescentou os incisos III, IV e V do parágrafo II e 
introduziu o parágrafo 16. 
 
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Com a nova redação do artigo 213 da Lei de Registros Públicos, deixou de constar os 
erros de registros classificados em erro evidente, erro cuja retificação não acarrete prejuízo a 
terceiros, e, erro que, se retificado, pode acarretar prejuízos a terceiros. 
A Lei nº 10.931/2004, ante a nova redação conferida aos artigos 212 e 213, da Lei nº 
6015/73, conferiu o legislador ao Oficial Registrador a atribuição de retificar os registros e 
averbações, nos casos de omissão, imprecisão ou incorreção “se o registro ou averbação for 
omissa, imprecisa ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo Oficial de Registro de 
imóveis”, ainda que, no caso da inserção ou alteração de medida perimetral resulte ou não 
alteração de área (inciso II do art. 213). 
Ocorrem hipóteses que a retificação poderá ser promovida de ofício pelo Registrador, ex 
officio, ou seja, sem provocação, por força do ofício exercido ou a requerimento do interessado, 
nos termos do contido nas letras “a” a “s”, inciso I, do artigo 213. O inciso II deste artigo, 
determina os atos a serem praticados pelo Registrador, somente a requerimento do interessado, 
inclusive em se tratando de áreas públicas (§ 8º do artigo 213 da Lei de Registros Públicos), bem 
como na apuração de áreas remanescentes parcialmente alienadas (§ 7º). 
A correção do erro encontrado ou o suprimento da omissão de qualquer dado vai 
depender da produção de prova, seja ela documental ou testemunhal; que por sua natureza, deve 
ser aferida pelo registrador ou julgador (HUBER, 2012). O exemplo mais comum é o caso de 
uma pessoa titular de direito real imobiliário, cujo nome verdadeiro é diferente daquele constante 
no registro, porém, é mais conhecido por este. 
O artigo 213, da Lei nº 6.015/73, antes da alteração introduzida pela Lei nº 10.931/04 
estabelecia que: “A requerimento do interessado, poderá ser retificado o erro constante do 
registro, desde que tal retificação não acarrete prejuízo a terceiro”, complementado pelo seu § 1º: 
“A retificação será feita mediante despacho judicial, salvo no caso de erro evidente, o qualo 
oficial, desde logo, corrigirá com a devida cautela”. 
O erro concreto ou intercorrente era aquele previsto no § 2º do artigo 213, da lei nº 
6.015/73 em cuja retificação pode resultar alteração da descrição das divisas ou da área do 
imóvel, podendo assim acarretar prejuízos a terceiro, motivo pelo qual eram processados 
judicialmente, embora sob a forma administrativa. 
 
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Nesse caso, era obrigatória a citação de todos os confrontantes para se manifestarem 
sobre a retificação, no prazo de dez dias, concordando ou não com a retificação, além dos 
alienantes ou seus sucessores. 
A Lei nº 9.039, de 9 de maio de 1995, que modificou a redação do § 2º do artigo 213 da 
Lei de Registros Públicos, antes da vigência da Lei nº 10.931/04, dispensava a citação dos 
alienantes e eventuais sucessores, desde que a propriedade objeto de retificação pertencesse ao 
requerente há mais de 20 (vinte) anos, comprovado por título aquisitivo. 
O parágrafo 16 acrescentado pela Lei nº 12.424/2011 determina que serão considerados 
confrontantes somente os confinantes de divisas que forem alcançadas pela inserção ou alteração 
de medidas perimetrais. 
Os erros mais constantes verificam-se nas alienações “ad corpus”. A doutrina 
ministrada pelo mestre ORLANDO GOMES (1979), define que, 
 
a venda ad corpus é a que se faz com indicação de imóvel como coisa certa e 
discriminada, sem determinação de sua área ou estipulação do preço por medida de 
extensão. O imóvel é vendido como corpo certo, individualizado por suas características 
e confrontações, e também, por sua denominação, quando rural. 
 
Nota-se que a referência a dimensões não descaracteriza a venda 'ad corpus', se não tem 
função de condenar o preço. 
A descrição do imóvel na transação “ad corpus” é meramente enunciativa, sem a 
indicação correta da área e a menção correta das medidas; razão porque carrega em seu título 
diversos erros, exigindo muito mais vezes a necessária retificação do assento imobiliário, pois a 
sua descrição não permite qualquer desmembramento ou fusão, sem antes proceder a retificação 
para inserir as medidas e a área total (HUBER, 2012). 
Ainda é comum encontrarmos nos assentos imobiliários, mesmo em matrículas abertas 
na vigência da Lei nº 6.015/73, descrições contendo expressões como “mais ou menos”, 
confrontando “com quem de direito”, com “fulano de tal”, “ou seus sucessores” e diversas outras 
expressões, que atualmente não são mais permitidas. 
Os defeitos da descrição do imóvel continuam, ainda que transportado para a matrícula, 
uma vez que o Inciso I, do parágrafo primeiro do artigo 176 determina que: “cada imóvel terá 
 
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matricula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta 
lei”. 
Esse primeiro registro pode ser por iniciativa do proprietário mediante requerimento ou 
com a apresentação de um título para registro (escritura, instrumento particular de compra e 
venda, mandado de penhora, contrato de financiamento, etc.). 
O artigo 176 foi alterado pela Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001 e, posteriormente, 
introduzidos os parágrafos 5º, 6º e 7º pela Lei nº 11.952/2009 e parágrafo 8º pela Lei nº 12.424, 
de 16 de junho de 2011, contendo a seguinte redação. 
Art. 176. O Livro nº 2 - Registro Geral - será destinado à matrícula dos imóveis e ao 
registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. 
§ 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: 
I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a 
ser feito na vigência desta Lei. 
II - são requisitos da matrícula: 
1) O número de ordem, que seguirá ao infinito. 
2) A data. 
3) A identificação do imóvel, que será feita com indicação: 
a) Se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do Certificado de Cadastro de 
Imóvel Rural (CCIR), da denominação e de suas características, confrontações, localização e 
área. 
b) Se urbano, de suas características e confrontações, localização, área, logradouro, 
número e de sua designação cadastral, se houver. (Redação dada ao item pela Lei nº 10.267, de 
28.08.2001, DOU 29.08.2001). 
4) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário, bem como: 
a) Tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão, o número de inscrição no 
Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de 
identidade, ou, à falta deste, sua filiação. 
b) Tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro 
Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda. 
5) O número do registro anterior. 
 
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III - são requisitos do registro no Livro nº 2: 
1) A data. 
2) O nome, domicílio e nacionalidade do transmitente, ou do devedor, e do adquirente, 
ou credor, bem como: 
a) Tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão e o número de inscrição no 
Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de 
identidade, ou, à falta deste, sua filiação. 
b) Tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro 
Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda. 
3) O título da transmissão ou do ônus. 
4) A forma do título, sua procedência e caracterização. 
5) O valor do contrato, da coisa ou da dívida, prazo desta, condições e mais 
especificações, inclusive os juros, se houver. 
§ 2º Para a matrícula e registro das escrituras e partilhas, lavradas ou homologadas na 
vigência do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, não serão observadas as exigências 
deste artigo, devendo tais atos obedecer ao disposto na legislação anterior. 
§ 3º Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis 
rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1º será obtida a partir de 
memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de 
Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites 
dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional 
a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis 
rurais cuja somatória da área não exceda a 4 (quatro) módulos fiscais. (Parágrafo acrescentado 
pela Lei nº 10.267, de 28.08.2001, DOU 29.08.2001). 
§ 4º A identificação de que trata o § 3º tornar-se-á obrigatória para efetivação de 
registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do 
Poder Executivo. (NR) (Parágrafos 3º e 4º acrescentados pela Lei nº 10.267, de 28.08.2001, 
DOU 29.08.2001). 
§ 5º Nas hipóteses do § 3º, caberá ao INCRA certificar que a poligonal objeto do 
memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro 
 
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georreferenciado e que o memorial atende ás exigências técnicas, conforme ato normativo 
próprio (Incluído pela Lei nº 11.952/2009). 
§ 6º A certificação do memorial descritivo de glebas públicas será referente apenas ao 
seu perímetro originário (Incluído pela Lei nº 11.952/2009). 
§ 7º Não se exigirá, por ocasião da efetivação do registro do imóvel destacado de glebas 
públicas, a retificação do memorial descritivo da área remanescente, que somente ocorrerá a cada 
3 (três) anos, contados

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