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Infecções Sexualmente Transmissíveis Introdução • Na maior parte das vezes as IST’s têm potencial benigno, mas podem ter complicações maléficas, como dor intensa e crônica, esterilidade, neoplasias malignas; • Por serem muito efetivas na transmissão, toda vez que uma queixa for relacionada à IST, deve ser realizada uma intervenção, seja em UBS, consultório, hospital, etc; • É importante tratar sobre a saúde sexual para prevenção, assim como deve-se acabar com os preconceitos a respeito do tema. Saúde sexual • Saúde sexual é uma estratégia para a promoção da saúde e do desenvolvimento humano e integra aspectos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual, de maneiras que são positivamente enriquecedoras e que melhoram a personalidade, a comunicação, o prazer e o amor; • Para a promoção da saúde sexual, os serviços de saúde devem estar prontos para escuta ativa e tornarem-se ambientes favoráveis ao diálogo sobre as práticas sexuais; • Além das IST’s a saúde sexual busca também o planejamento familiar, procura evitar gravidez indesejada e precoce, etc; • A escuta ativa e a promoção de um ambiente favorável ao diálogo sobre as práticas sexuais devem estar presentes na rotina dos serviços de saúde. Essa abordagem possibilita vínculos e facilita a adesão às tecnologias disponíveis ofertadas pelos profissionais de saúde. A escuta qualificada deve ser realizada com atenção e respeito, livre de preconceitos, possibilitando que a própria pessoa encontre soluções para suas questões; • A promoção a saúde sexual é uma estratégia para avaliação e gestão de risco tanto individual como coletivamente, sendo possível identificar qual ou quais estratégias de prevenção combinada melhor de aplicam àquele indivíduo ou àquela coletividade. → O que é sexo seguro? • Geralmente, o termo “sexo seguro” é associado ao uso exclusivo de preservativos; • Por mais que o uso de preservativos seja uma estratégia fundamental a ser sempre estimulada, ele possui limitações; • Assim, outras medidas de prevenção são importantes e complementares para uma prática sexual segura, como: Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (15A) DIP – Prof. Luiz Fernando Derecci Relvas - Usar preservativo; - Imunizar para HAV, HBV e HPV; - Conhecer o status sorológico para HIV da(s) parceira(s) sexual(is); - Testar regularmente para HIV e outras IST; - Tratar todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV à tratamento como prevenção); - Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica); - Realizar profilaxia pré-exposição (PrEP), quando indicado. Trata-se da ingestão de fármacos como uma tentativa de diminuir as chances de transmissão viral; - Conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção; - Realizar profilaxia pós-exposição (PEP), quando indicado. Importância das IST • São doenças muito prevalentes e de alta infectividade; • Todas as IST, incluindo a sífilis, que estão atualmente, com incidência crescente; • Existe um comportamento sinérgico entra a infecção pelo HIV e as outras IST, sendo a coinfecção responsável pela mudança no comportamento clínico e epidemiológico de ambas; • A presença de uma IST não tratada aumenta o risco de infecção pelo HIV; • Podem, se não tratadas adequadamente numa fase inicial, gerar grande ônus pessoal num futuro devido às suas complicações (sífilis terciária, carcinomas espinocelulares de colo de útero, pênis e canal anal, hepatites virais crônicas e suas complicações, doença inflamatória pélvica e a própria infecção pelo HIV). → Quesitos importantes frente a um caso novo de IST: • Identificar as práticas e frequência dos comportamentos sexuais; • Identificar o número de parcerias e investigar outras IST’s nelas; • Reforçar o uso de preservativos e entender o porquê do não uso naquele indivíduo; • Informar e orientar sobre a IST apresentada no momento. • Discutir a melhor forma de convocação de parceria para avaliação. Principais síndromes • Úlceras genitais, corrimentos vaginais e uretrais, desconforto e dor pélvica, epididimite, proctites e verrugas vaginais. → Úlceras genitais: Herpes genital: • Lesão ulcerada mais comum na população; • Lesões únicas ou múltiplas (vesículas), habitualmente de fundo limpo (sem pus), bordas hiperemiadas e muito dolorosas; • Podem apresentar-se como lesões pruginosas; • As lesões ulceradas habitualmente evoluem com formação de crostas; • Valsadas pelos vírus tipo 1 ou tipo 2, mais comumente pelo vírus tipo 2; - Herpes simples tipo 1: acometimento principal é a gengivo-estomatite/herpes labial; - Herpes simples tipo 2: acometimento predominantemente genital; • Transmissão: contato íntimo e direto com indivíduo transmissor, ocorre a partir de lesões, porém pode ocorrer mesmo quando estas não são visíveis; • Em uma primeira infecção, a apresentação dos sintomas ocorre de forma mais branda. Não tem cura, mas formas de controle da replicação do vírus em sua fase ativa, com sintomas menos brandos em uma segunda infecção; • Evolução: após a infecção, o vírus permanece latente em gânglios nervosos, a partir de onde pode emergir repetidamente, causando sintomas; • Causas de reativação: - Exposição excessiva à luz solar; - Doença concomitante; - Estresse físico ou emocional; - Imunossupressão; - Outros fatores desconhecidos; • Tratamento: - Primo-infecção, lesões extensas ou pacientes imunossuprimidos: terapia sistêmica com aciclovir ou valaciclovir + tópico; - Infecções recorrentes sem gravidade: tópico + sistêmico (opcional); - Supressão: sistêmico, em dose menor do que o habitual (indicado para pacientes com episódios muito recorrentes). Cancro mole – cancroide: • Causado pela bactéria Haemophilus ducreyi (bacilo gram-negativo); • Múltiplas úlceras pequenas e dolorosas, de bordas irregulares, que acometem os órgãos sexuais (pênis, vagina e ânus); • As lesões habitualmente apresentam pus; • É comum o surgimento de linfonodomegalia inguinais reacionais, que podem fistulizar em até 40% dos casos; • Transmissão: por relação sexual; • Tratamento: - Azitromicina: 1g (dose única); - Ceftriaxona: 250 mg IM (dose única). Linfogranuloma venéreo: • Agente etiológico: Chlamidia trachomatis (bactéria gram-negativa, pleomórfica, parasita intracelular obrigatória); • Trata-se de uma das apresentações da clamídia; • Transmissão: pelo contato sexual; • Formações de úlceras indolores, múltiplas, pequenas, em órgãos genitais, que cursam com remissão espontânea (desaparecem de forma espontânea); • Após 1–6 semanas: aumento de linfonodos que podem romper com eliminação de pus; • Tratamento: doxiciclina (100 mg, 12/12h por 21 dias); • A Chlamidia trachomatis pode levar também ao quadro de tracoma, em que é uma ceratoconjuntivite que atinge e pálpebra, conjuntiva e córnea; • Transmissão sexual não possível: ocorre normalmente por autoinfecção; • Tratamento: - Azitromicina: 1g dose única; - Doxiciclina: 100 mg, 12/12h por 21 dias. Donovanose: • Causada pela bactéria Klebsiella granulomatis; • Habitualmente de evolução mais lenta e indiciosa, podendo ter curso crônico se não tratada; • Acometimento preferencial de pele de regiões genitais, ânus e mucosas; • Inicialmente lesão avermelhada, com evolução para úlcera que pode atingir grandes extensões; • Lesões extensas podem ser complicadas com infecção secundária; • As lesões são indolores e não há aumento de linfonodos regionais; • Transmissão ocorre até a completa resolução da lesão; • Tratamento: como primeira opção tem- se o uso de doxiciclina 100 mg por via oral (12/12 h, por 3 semanas). Sífilis: • Lesão primária de sífilis pode apresentar se como uma úlcera única, de findo limpo e indolor; • Acomete a pele da região genital,mas também pode acometer mucosas. → Corrimentos uretrais: • A causa mais comum de corrimento uretral é infecciosa; • Na etiologia infecciosa, a transmissão tem como principal via a sexual, sem o uso de preservativos masculino ou feminino; • Principais patógenos associados: - Chlamydia trachomatis; - Neisseria gonorrhoea: procurar diplococo gram-negativo, se presença tratar junto com o tratamento da Chlamydia por ser mais facilmente identificável que a bactéria da Chlamydia; - Micoplasma sp.; - Trichomonas vaginais; - Herpes simplex; • Sempre que o paciente se queixar de corrimento uretral, considerar que o paciente possui Chlamydia; • Causas inflamatórias: granulomatose de Wegener e doença de Behçet; • Causas químicas ou mecânicas: uso de cateteres de sondagem vesical, instrumentos e substâncias com objetivo erótico; • Complicação mais comum em homem é a orqui-epididimite, que facilmente pode evoluir para esterilidade, além da prostatite; • A coinfecção com a Chlamidia trachomatis ocorre em 10 a 30% dos casos de uretrite; • A detecção de clamídia exige métodos mais complexos dos que os habitualmente disponíveis em laboratórios de rotina; • Sendo assim, a coinfecção com a clamídia nunca pode ser afastada, o que faz com que seja sugerido sempre o tratamento deste agente; • A recorrência ou persistência da uretrite é bastante comum, nestas situações devemos avaliar: - Se trata mesmo de uretrite; - Avaliação das parcerias sexuais; - Nova infecção; - Infecção por outro patógeno, atípico; - Considerar resistência ao antibiótico prescrito; - Considerar outras causas: ITU, fimose com má higiene, lesões tumorais; - Realizar a convocação e o tratamento de todas as parcerias sexuais nos últimos 60 dias antes do diagnóstico; • O sinal mais importante, que motiva a busca de atendimento médico é a presença de corrimento uretral purulento ou mucopurulento; • Sintomas mais comuns: prurido uretral, disúria; • Pode ser assintomática. → Corrimentos vaginais: • Pode ser acompanhado de prurido e mau odor; • Pode significar infecção apenas da região vaginal ou infecção da região do colo uterino; • Doenças mais comuns: - Vaginose bacteriana: causada por Gardnerella vaginalis; - Tricomoníase: causada por Trichomonas vaginalis; - Candidíase: causada por Candida sp.; • Tratamento: fluconazol via oral ou uso tópico vaginal. → Verrugas anogenitais: • São lesões proliferativas benignas, de transmissão sexual; • Agente causador: papilomavírus humano (HPV), subtipos mais comuns 6 e 11 (benignos) e 16 e 18 (malignos), podendo haver participação de tipos mais oncogênicos; • Vacina HPV: protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18; • Normalmente, tem localização genital; • Podem ser assintomáticas, pruriginosas ou dolorosas; • Caracterizam-se muitas vezes lesões pré neoplásicas; • 13 sorotipos são oncogênicos: - Os subtipos 16 e 18 são os mais potencialmente oncogênicos, em que estes participam em 70% dos casos de câncer do colo uterino; - Os subtipos 6 e 11, presentes em 90% dos condilomas genitais, não são oncogênicos; • Prevenção: - Uso de preservativos; - Evitar contato com áreas com lesões em atividade; • Imunização: deve ser feita preferencialmente antes da exposição. Existem 2 tipos de vacinas disponíveis: - Bivalente: contra sorotipos 16 e 18; - Quadrivalente: contra tipos 6, 11, 16 e 18.
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