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APLICAÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO Elaboração Karina Moreno da Fonseca Bueno Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................. 6 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 8 UNIDADE I O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO............................................................................................................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 CONHECENDO A HISTÓRIA DO ÁCIDO HIALURÔNICO E SUA MOLÉCULA ................................................................................. 11 CAPÍTULO 2 PREENCHEDORES FACIAIS À BASE DE ÁCIDO HIALURÔNICO ....................................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NA HARMONIZAÇÃO OROFACIAL .......................................... 23 UNIDADE II APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA........................................................................................................................... 30 CAPÍTULO 1 PREENCHIMENTO DA PAPILA INTERDENTAL E DE ALVÉOLOS APÓS EXODONTIAS .......................................................... 30 CAPÍTULO 2 PREENCHIMENTO DE SULCOS ..................................................................................................................................................................... 36 CAPÍTULO 3 PREENCHIMENTO LABIAL E DE CÓDIGO DE BARRAS ....................................................................................................................... 39 CAPÍTULO 4 PREENCHIMENTO DE MANDÍBULA, MENTO, MALAR, OLHEIRAS E OUTRAS ÁREAS ......................................................... 45 CAPÍTULO 5 RINOMODELAÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 58 UNIDADE III POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS E COMPLICAÇÕES DO USO DE PREENCHEDORES DE ÁCIDO HIALURÔNICO.................... 63 CAPÍTULO 1 POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS ......................................................................................................................... 63 CAPÍTULO 2 COMO LIDAR COM ESSES PROBLEMAS E MINIMIZAR SUAS OCORRÊNCIAS ....................................................................... 68 CAPÍTULO 3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NO USO DO ÁCIDO HIALURÔNICO EM ODONTOLOGIA .............................................................. 78 UNIDADE IV COMO ANALISAR O PACIENTE QUE QUER FAZER PREENCHIMENTO/HARMONIZAÇÃO OROFACIAL ....................................... 83 CAPÍTULO 1 ANAMNESE E REGISTRO INICIAL ................................................................................................................................................................ 83 CAPÍTULO 2 ANÁLISE FACIAL/EXPECTATIVA X REALIDADE ..................................................................................................................................... 87 CAPÍTULO 3 ACOMPANHAMENTO APÓS A APLICAÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO ........................................................................................ 93 PARA (NÃO) FINALIZAR .......................................................................................................................................... 96 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 98 5 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/ conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 INTRODUÇÃO A busca por tratamentos que venham a melhorar a estética do paciente vem aumentando exponencialmente nos últimos anos. Os padrões estéticos criados e, muitas vezes, impostos pela sociedade fizeram com que os procedimentos estéticos se tornassem cada vez mais comuns e rotineiros. No entanto, com a popularização dos procedimentos estéticos menos invasivos, como o preenchimento facial e a aplicação de toxina botulínica, vem-se notando uma queda na procura por cirurgias plásticas. Os pacientes estão preferindo fazer procedimentos menos invasivos, nos quais poderão continuar com sua vida normalmente, sem ter que passar por um pós-operatório longo e doloroso como acontece nos casos de cirurgias. Com isso, ocorreu um boom no mercado de cursos nessas áreas para capacitar os profissionais a realizarem esses procedimentos. Contudo, o que temos que ter em mente é que esses procedimentos, apesar de serem tidos como pouco invasivos, não deixam de ter seus riscos e/ouefeitos colaterais. Por isso, precisamos salientar a importância do profissional se capacitar muito bem nessa área antes de começar a realizar tais procedimentos. O profissional que deseja adentrar essa área precisa ter amplo e profundo conhecimento da anatomia da face como um todo, das corretas técnicas de aplicação do produto e de como lidar com possíveis efeitos colaterais. O ácido hialurônico é um dos materiais mais utilizados para o preenchimento facial e possui um tempo de atuação que gira em torno de 6 meses a 24 meses. Porém, não é porque ele será reabsorvido que não devemos nos preocupar em entregar o melhor resultado possível para o paciente. O estudo leva à segurança nas técnicas práticas, por isso a importância de nos especializarmos cada dia mais e sempre. Um profissional que sabe o que está fazendo, que domina a técnica e o material irá passar essa tranquilidade para o paciente, que, por sua vez, terá segurança e confiança no seu trabalho. Objetivos » Compreender o que é o ácido hialurônico, qual a sua importância no corpo humano e como ele é utilizado nas mais diversas áreas. » Aprender o que é preenchedor facial de ácido hialurônico e quais as diferenças existentes entre eles. » Assimilar os procedimentos realizados com as aplicações de preenchimentos faciais, bem como a correta técnica e quais as estruturas anatômicas a serem levadas em conta para isso. » Compreender as possíveis complicações e/ou efeitos colaterais e saiba lidar com elas. » Compreender como deve ser o protocolo clínico de atendimento para o preenchimento facial. 11 UNIDADE I O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO CAPÍTULO 1 Conhecendo a história do ácido hialurônico e sua molécula História do ácido hialurônico Nos dias atuais, o tratamento à base de Ácido Hialurônico (AH) vem sendo amplamente utilizado em consultórios médicos e odontológicos para fins de tratamentos estéticos e cosméticos, mas não é de hoje que o AH vem sendo utilizado na Medicina. Em 1880, o cientista francês Portes observou que a mucina do corpo vítreo era diferente de outros mucoides da córnea e da cartilagem e a chamava de “hialomucina”. No entanto, somente em 1934, Karl Meyer e John Palmer isolaram pela primeira vez um glicosaminoglicano (GAG) do humor vítreo do olho bovino e o denominaram “ácido hialurônico” (derivado do hialoide [vítreo] e do ácido urônico). Por fim, somente em 1954, Karl Meyer e Weissmann desvendaram sua estrutura química. Em 1979, Balazs produziu o primeiro AH de uso farmacêutico, por meio da extração e da purificação de cordões umbilicais humanos. Atualmente, o AH também é produzido por fermentação microbiana (Streptococcus zooepidemicus, Escherichia coli, Bacillus subtilis e outras), possuindo estrutura química idêntica tanto em vertebrados quanto em bactérias. 12 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO A molécula do ácido hialurônico O AH é um dos principais componentes da matriz extracelular (MEC) e está normalmente presente na medula óssea de mamíferos, cartilagem articular e líquido sinovial. A maioria das células do corpo tem a capacidade de sintetizá-lo em algum ponto do ciclo celular, estando, assim, envolvido em vários processos biológicos fundamentais. O HA é um composto não proteico de glicosaminoglicano não sulfatado (GAG) de ocorrência natural com propriedades físico-químicas distintas. É composto por repetições de unidades de ácido β-1,4-D-glucurônico e unidades de β-1,3-N-acetilglucosamina. Figura 1. Fórmula estrutural do ácido hialurônico, um glicosaminoglicano não proteico e não sulfatado. Fonte: https://www.shutterstock.com/image-illustration/hyaluronic-acid-molecule-model-molecular-structure-390893689. Esses dissacarídeos podem se ligar até 30.000 vezes para formar uma longa cadeia de peso molecular, variando de 105 a 107 Da, que se organizará em uma bobina de solução aquosa, ligando até 1.000 vezes o seu peso em água (ANDEREGG et al., 2014). Como características principais, o AH possui excelente viscoelasticidade, alta capacidade de retenção de umidade, alta biocompatibilidade e propriedades higroscópicas. Assim, em uma concentração tão baixa quanto 0,1%, as 13 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I cadeias de AH podem fornecer alta viscosidade. Portanto, por possuir tais propriedades, o AH atua como lubrificante, amortecedor, estabilizador da estrutura articular e regulador da resistência do equilíbrio e do fluxo da água (LAURENT et al., 1996). Para exemplificarmos, um indivíduo com um peso de 70kg, possui cerca de 15g de AH, que está presente nas articulações, pele, olhos e outros órgãos e tecidos do corpo (como conjuntivo, epitelial e neural). Desse total de 15g de AH, 5g são revertidos diariamente. A maior parte está presente na pele (cerca da metade do total de AH), no líquido sinovial, no corpo vítreo e no cordão umbilical. O AH é sintetizado pela Hialuronan Sintase (AHS), que nos vertebrados tem três isoenzimas (AHS-1, AHS-2 e AHS-3), produzindo cada uma delas diferentes tamanhos de polímeros de AH. A metabolização do AH varia de acordo com a localização, sendo que, na epiderme, o AH é degradado pelas enzimas hialuronidase após endocitose, enquanto que, na derme, ele é degradado e drenado pelos linfáticos aferentes. A matriz extracelular (ECM) de tecidos enriquecidos em AH se comporta como um gel, permitindo, assim, que resistam a fortes pressões mecânicas e acomodem uma alta taxa de difusão de substâncias entre as células. Além disso, o AH tem propriedades não imunogênicas e não tóxicas, o que permite seu uso em uma variedade de aplicações médicas (JUNQUEIRA et al., 2015). O AH atua também lubrificando e diminuindo o desgaste articular, sendo que suas propriedades metabólicas favorecem a nutrição das áreas avasculares da cartilagem e do disco condilar. Foi usado com sucesso nas articulações temporomandibulares traumáticas, degenerativas e inflamatórias para melhorar a função e reduzir a dor Inicialmente, o AH era utilizado na Biomedicina em diversas áreas, que incluíam desde a substituição do líquido sinovial das articulações no tratamento da osteoartrite, até a substituição do vítreo em cirurgias oftalmológicas e de descolamento de retina (RYDELL et al., 1971; CRAFOORD et al., 1993). Na Figura 2, abaixo, estão alguns exemplos do uso do AH e de seus derivados: Odontologia, Otorrinolaringologia, terapia de câncer, tratamento de feridas, cirurgia oftálmica e Oftalmologia, Artrologia, Pneumologia, Urologia, suplementação na dieta, regeneração de tecidos, cosméticos, entre outros. 14 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO Figura 2. Utilizações do ácido hialurônico e de seus derivados. Ácido hialurônico Gengiva Humor vítreo Pele Juntas Folículos pilosos Tecido conjuntivo Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/hyaluronic-acid-human-body-543128473. Somente em 1994, Ghersetich e colaboradores observaram que o conteúdo de AH da pele diminuía com o envelhecimento, iniciando assim o uso do AH com a finalidade de preenchedor facial. Os primeiros preenchimentos dérmicos à base de AH foram disponibilizados para uso na Europa em 1996. No entanto, nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) só aprovou o uso do primeiro preenchimento injetável cosmético em 2003, que foi o Restylane (Q-Med, Uppsala, Suécia), seguido pelo Hylaform, em 2004 (Genzyme [agora Allergan], Santa Barbara, CA, EUA). » O AH é um dos principais componentes da matriz extracelular. » O HA é um composto não proteico de glicosaminoglicano não sulfatado, que pode se ligar até 30.000 vezes para formar uma longa cadeia. » o AH possui excelente viscoelasticidade, alta capacidade de retenção de umidade,alta biocompatibilidade e propriedades higroscópicas. » o AH atua como lubrificante, amortecedor, estabilizador da estrutura articular e regulador da resistência do equilíbrio e do fluxo da água. 15 CAPÍTULO 2 Preenchedores faciais à base de ácido hialurônico Características dos preenchedores Desde seu surgimento, os preenchimentos injetáveis de AH vêm sendo utilizados para restaurar a perda de volume nos tecidos moles devido ao envelhecimento. O preenchimento de AH pode ser utilizado em vários locais, como nos sulcos nasolabiais, fossa temporal, região malar, rugas de marionetes, aumento de lábios e região de glabela. Outra técnica que vem sendo muito utilizada é a chamada de skinbooster, que consiste em múltiplas micro injeções na derme para alcançar o rejuvenescimento facial da pele. As características que tornam um preenchedor de tecidos moles ideal para fins cosméticos são: » biocompatibilidade ou baixa reatividade tecidual; » migração mínima; » facilidade de aplicabilidade; » bioabsorvibilidade; » não-teratogenicidade e não-carcinogenicidade. Sendo assim, os preenchedores de AH cumprem todos esses requisitos, pois: » produzem muito pouca reação inflamatória (já que o AH é estruturalmente idêntico entre as espécies); » possuem propriedades viscoelásticas que permitem uma fácil injeção; » mantêm sua forma ao longo do tempo; » são temporários. 16 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO Além de serem agentes volumizantes, os preenchedores de AH têm propriedades adicionais interessantes, como aumentar a produção de colágeno no ambiente local e alterar a morfologia dos fibroblastos. Em geral, são recomendados preenchimentos de AH de partículas maiores e densidade mais alta, para injeções dérmicas profundas, e preenchimentos de partículas menores e densidade mais baixa, para linhas finas e rugas. Os polímeros de AH podem ser modificados a fim de atingirem uma maior ou menor densidade e para que demorem mais tempo para degradar. Isso pode ser feito por meio de duas técnicas: a conjugação e a reticulação. Apesar de serem técnicas baseadas nas mesmas reações químicas, levam a diferentes produtos finais. A conjugação e a reticulação são geralmente realizadas para diferentes propósitos. A conjugação permite a reticulação com uma variedade de moléculas, obtendo- se, assim, um sistema de transporte com melhores propriedades de entrega de medicamentos com AH. Por outro lado, a reticulação normalmente visa melhorar as propriedades mecânicas, reológicas e intumescentes do AH e reduzir sua taxa de degradação, gerando, assim, derivados com maior tempo de permanência no local de aplicação e com maiores propriedades de liberação (FALLACARA et al., 2017; SHIMOJO et al., 2015; COLLINS et al., 2008). Uma tendência recente é conjugar e reticular as cadeias de AH usando moléculas bioativas para desenvolver derivados com atividades aprimoradas e personalizadas para uma variedade de aplicações em Medicina, Estética e Bioengenharia. Atualmente, há vários preenchimentos de AH no mercado, e alguns deles estão resumidos a seguir na Tabela 1, abaixo. Tabela 1. Preenchedores de AH. Marca do preenchedor Fabricação Subtipos Contém lidocaína Juvederm Allergan (Irlanda) Juvederm Ultra 2 Juvederm Ultra 3 Juvederm Ultra 4 Juvederm Ultra Smile Volbella X 17 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I Volift X Volift Retouch X Voluma X Volite X Volux X Varioderm Adoderm (Alemanha) Varioderm Fine Line Varioderm Basic Varioderm Plus Varioderm Subdermal Varioderm Lips & Medium Restylane Galderma (Suíça) Restylane Refyne Restylane Restylane Volyme Restylane Defyne Restylane Lyft Restylane Kysse Teosyal Teoxane (Suíça) Teosyal RHA 1 X Teosyal RHA2 X Teosyal RHA 3 X Teosyal RHA 4 X Teosyal Deep Lines Teosyal Global Action Teosyal Kiss Teosyal Meso Teosyal Ultra Deep Teosyal Ultimate Teosyal Puresense Deep Lines X Teosyal Puresense Global Action X Teosyal Puresense Kiss X Teosyal Puresense Ultra Deep X Teosyal Puresense Ultimate X Teosyal Puresense Redensity I X Teosyal Puresense Redensity II X Princess Croma Pharma (Áustria) Princess Rich Princess Filler Princess Volume Princess Filler Lidocaine X Perfectha Sinclair Pharma (Inglaterra) Perfectha Complement Perfectha Fine Lines 18 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO Perfectha Derm Perfectha Deep Perfectha Subskin Belotero Merz (Alemanha) Belotero Soft Belotero Soft Lidocaine X Belotero Balance Belotero Balance Lidocaine X Belotero Intense Belotero Intense Lidocaine X Belotero Volume Belotero Volume Lidocaine X Belotero Lips Contour X Belotero Lips Shape X Rennova Croma Pharma (Áustria) Rennova Fill Rennova Fill Lido X Rennova Deep Lido X Rennova Ultra Deep Rennova Ultra Deep Lido X Rennova Lift Rennova Lift Lido X Rennova Skin Lido X Fonte: elaborada pela autora. A maioria dos preenchedores injetáveis de AH tem baixo risco de transmissão de doenças infecciosas ou de reação alérgica e, geralmente não requerem testes cutâneos pré-injeção. A popularidade dos preenchimentos injetáveis de AH fez com que muitos produtos estivessem disponíveis para uso, mas a escolha entre eles depende frequentemente da familiaridade e preferência do profissional por uma marca específica. Um diferencial adicional entre os preenchedores de AH disponíveis comercialmente foi a inclusão da lidocaína como anestésico local. Embora isso possa tornar o produto específico mais atraente para os pacientes, ainda restam preocupações sobre a diluição do AH levar a um preenchimento menos concentrado (ROHRICH et al., 2007). Uma vantagem importante dos preenchedores de AH está na sua durabilidade em comparação com outros tipos de preenchedores dérmicos. Alguns dos 19 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I preenchedores de AH disponíveis comercialmente, como Restylane (Q-Med), Juvedérm, Hylaform e Captique, duram aproximadamente de 6 meses a 2 anos in vivo (KIM et al., 2015). Ainda, outra vantagem importante dos preenchedores de AH está na possibilidade de reverter seus efeitos com a enzima hialuronidase, o que não ocorre com outros preenchedores injetáveis não degradáveis ou permanentes, na medida em que exigem excisão cirúrgica para sua remoção (PARK et al., 2015). A hialuronidase é uma enzima que visa especificamente ao AH. Algumas marcas comerciais que estão disponíveis são: » Vitrase (Bausch & Lomb, Rochester, NY, EUA); » Hyelenex (Halozyme Therapeutics, San Diego, CA, EUA) e; » Amphadase (Amphastar Pharmaceuticals, Nanjing, China). Essa enzima é normalmente utilizada em casos em que o preenchimento de AH foi injetado de maneira incorreta ou em que houve acúmulo de forma anormal ou em casos de infecção ou formação de granuloma (KLEIN et al., 2007). Inicialmente, acreditava-se que os preenchedores de AH atuavam somente ocupando espaços e preenchendo lacunas. No entanto, após mais pesquisas a respeito, foi comprovado que o AH não é um material estático. Tais preenchedores possuem uma alta densidade de carga fixa que é osmoticamente ativa, o que faz com que atraia moléculas de água, resultando em um inchaço local (ANANDAGODA et al., 2012). Quando injetados para aumento de tecidos moles, os preenchedores de AH absorvem água e causam um inchaço local, aumentando assim a força compressiva do material injetado. Esse efeito de intumescimento pode levar a uma pequena expansão tecidual 24 horas após a correção, dependendo do potencial de hidratação do preenchedor de AH escolhido. Esse efeito tem duração de aproximadamente 3 a 6 meses, dependendo do local da injeção (3 a 4 meses para os lábios versus 6 meses para a região da glabela e testa). Os preenchedorespara regiões mais profundas normalmente têm maior densidade, para conferir firmeza e resistência à força aplicada, e maior 20 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO viscosidade, para conferir resistência à propagação do produto para áreas não desejadas. Por exemplo, o volumizador profundo Vycross (Voluma) possui maior densidade que o volumizador de nível médio (Volift), que, por sua vez, possui maior densidade que o volumizador superficial (Volbella). Um certo nível de coesividade – isto é, a tendência do material de preenchimento a não se dissociar devido à afinidade de suas moléculas uma pelo outra – pode ser considerado um pré-requisito para manter a integridade do material de preenchimento durante e após sua implantação. A elasticidade, a coesividade e a capacidade de ligação à água de um preenchedor contribuem para esse processo multinível, sendo, portanto, um composto capaz de causar a expansão do tecido em camadas e a projeção tecidual quando aplicado em níveis mais profundos (SUNDARAM et al., 2013). Os preenchedores e a evolução de conceitos no envelhecimento facial O envelhecimento facial ocorre em todos os níveis teciduais. A epiderme, a derme, o subcutâneo e os ossos sofrem remodelação ao longo da vida, sendo que, a princípio, a degradação dos tecidos em questão é equilibrada com a geração de novos tecidos. Com o passar dos anos, as propriedades regenerativas diminuem, e o equilíbrio do processo de remodelação é interrompido, resultando em uma perda líquida de tecidos que é reconhecida como reabsorção. Do ponto de vista quantitativo, a perda de volume é maior nas camadas mais profundas teciduais, ocorrendo juntamente com a descida dos compartimentos subcutâneos de gordura empobrecidos e com a perda óssea. O conteúdo total de colágeno da pele também diminui significativamente com o passar dos anos. Do ponto de vista qualitativo, há degeneração dos componentes dos tecidos, incluindo colágeno dérmico e elastina. Esses processos resultam em alterações tridimensionais na forma e contorno faciais, ocorrendo também frouxidão, dobras e ritides na pele. Ocorrem também alterações de superfície, incluindo aspereza e ressecamento. 21 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I Figura 3. Alterações ósseas ocasionadas pelo envelhecimento. Fonte: elaborada pela autora. Na Figura 3, acima, observamos as alterações ósseas relacionadas à idade, que ocorrem principalmente nas zonas periorbital e medial da bochecha, incluindo os aspectos supramedial e infralateral da órbita, as áreas infraorbital medial e piriforme da maxila e a área anterior da mandíbula. As setas indicam as áreas do esqueleto facial suscetíveis à reabsorção com o envelhecimento. O tamanho das setas se correlaciona com a quantidade de reabsorção. Os fatores extrínsecos primários causadores do envelhecimento da pele foram denominados de os “três S” – sol (radiação ultravioleta), fumo e estresse. Os fatores intrínsecos causadores desse envelhecimento estão associados a uma diminuição progressiva da capacidade antioxidante, bem como à produção aumentada de espécies reativas de oxigênio, a partir do metabolismo oxidativo nas células da pele. Isso contribui para um aumento do estresse oxidativo celular (SUNDARAM et al., 2009; SCHWARTZ et al., 1993). Os níveis de envelhecimento extrínseco e intrínseco variam consideravelmente entre os indivíduos, de acordo com a exposição individual aos fatores causais e com a predisposição genética de cada um. Sendo assim, o envelhecimento facial tem uma causa multifatorial, o que fornece a justificativa para tratamentos combinados com neuromoduladores (toxina botulínica) e preenchedores dérmicos. A avaliação individualizada 22 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO do paciente e a compreensão funcional do significado dessas observações irá levar o profissional a um equilíbrio entre o uso de preenchedores de AH e de toxinas. Inicialmente, a toxina foi considerada a base do tratamento para a face superior, com os preenchimentos desempenhando um papel maior na face média e inferior. No entanto, está cada vez mais frequente o uso dos preenchimentos como melhoradores dos efeitos da toxina. São indicados com maior frequência, conforme a idade do paciente aumenta. Quando o tratamento de um paciente for com um neuromodulador, como a toxina botulínica e um preenchedor injetável em sessões separadas, é indicado que se faça uso do neuromodulador na primeira sessão para abordar o componente dinâmico das rugas, e do preenchimento injetável na segunda sessão. No entanto, se os dois produtos forem utilizados na mesma sessão, é indicado que o material de preenchimento seja injetado primeiro para que, em seguida, possa massagear o local adequadamente e, somente então, fazer a aplicação do neuromodulador. Os preenchedores de AH possuem as seguintes características: » são biocompatíveis; » produzem muito pouca reação inflamatória; » possuem propriedades viscoelásticas que permitem uma fácil injeção; » mantém sua forma ao longo do tempo; » são temporários; » seus efeitos podem ser revertidos pela hialuronidase; » possuem diferentes densidades. 23 CAPÍTULO 3 Revisão anatômica das estruturas envolvidas na harmonização orofacial Anatomia dos músculos faciais Primeiramente, vamos fazer uma breve revisão dos músculos faciais que apresentam maior relevância quando estamos nos referindo a preenchimentos faciais. Posteriormente, iremos nos atentar à vascularização e inervação de cada área específica, de acordo com cada subitem abaixo. Quando falamos em preenchimento facial com AH, alguns músculos se destacam, devido aos locais de aplicação dos preenchedores. Dentre eles, temos os músculos temporal, frontal, orbicular dos olhos, prócero, corrugador, zigomático maior e menor, nasal, orbicular dos lábios, bucinador, masseter, mentoniano e platisma (Figura 4, abaixo). Figura 4. Músculos faciais. Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/59329164/musculos. Anatomia facial superior, periorbital e região malar Na região facial superior e periorbital, encontramos importantes estruturas, dentre as quais estão as artérias supra orbitais e supratrocleares, que são os 24 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO ramos terminais da artéria oftálmica. A artéria oftálmica se origina da artéria carótida interna e da artéria temporal superficial, ramo terminal da artéria carótida externa (Figura 5, abaixo). Figura 5. Irrigação da região orbital. Fonte: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/10/2134/2013_245.pdf. Com relação à inervação nessa área, observamos (Figuras 6 e 7): » o nervo supratroclear, que irá inervar a testa medial e central. Esse nervo corre junto ao músculo corrugador e sob a fáscia frontal para inervar a testa medial e central; » o nervo supra-orbitário, que irá inervar as regiões anterolaterais da testa e do couro cabeludo. Esse nervo sai do forame orbital superior ou entalhe e corre sob a fáscia frontal. Figura 6. Inervação da órbita e pálpebra. Nervo infratroclear Nervo supratroclear Nervo supraorbital Nervo lacrimal Nervo infraorbital Fonte: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/10/2134/2013_245.pdf. 25 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I Figura 7. Inervação sensitiva da face e pálpebra – ramo oftálmico em verde. Fonte: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/10/2134/2013_245.pdf. Na região central da face, mais especificamente na região malar (das bochechas), encontramos importantes estruturas anatômicas que merecem uma atenção especial (Figuras 8 e 9). Figura 8. Irrigação da face. Fonte: https://issuu.com/dilivros/docs/9788580530513/13.26 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO Figura 9. Inervação da face. Fonte: https://issuu.com/dilivros/docs/9788580530513/13. Conforme podemos observar nas Figuras 8 e 9, acima, o forame infraorbital se localiza cerca de 6 a 8mm inferior à borda orbital. Dele, origina-se a artéria infraorbital, importante estrutura anatômica a ser estudada. A artéria infraorbital irá atravessar o forame infraorbital e emergir na face, onde irá suprir a pálpebra inferior, a região lateral do nariz e o lábio superior. Ela irá então se ramificar na artéria alveolar superior anterior, que supre os dentes anteriores e seios maxilares, e terminar em anastomoses com as artérias transversais faciais, angulares e bucais e ramos das artérias oftálmica e facial. Anatomia do nariz O suprimento sanguíneo da região nasal deriva da artéria facial. Dessa artéria, teremos importantes ramos, que são as artérias nasais lateral e dorsal. A artéria nasal dorsal faz anastomose com a artéria supratroclear, sendo essa anastomose um ponto de alto risco, que pode levar a complicações graves, como, por exemplo, cegueira. Injeções de preenchimento ou neurotoxina no nariz para a correção de deformidades pós-artroplastias podem gerar um alto risco de complicações. Essas deformidades devem ser tratadas apenas por profissionais com vasta 27 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I experiência ou, preferencialmente, pelo cirurgião que realizou a cirurgia originalmente. Nas Figuras 10 e 11, observamos a região nasal, área delicada com diversas estruturas que devem ser profundamente estudadas antes da realização de qualquer tipo de procedimento. Podemos observar a inervação dessa área na Figura 9, acima. Figura 10. Anatomia óssea nasal. Fonte: http://www.rinoplastia.art.br/2017/03/29/anatomia-nariz-rinoplastia/. Figura 11. Vascularização da porção central da face. A. Supratroclear A. Dorso nasal A. Nasal lateral A. Facial A. Angular A. Labial superior A. Labial inferior Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Principais-arterias-da-porcao-central-da-face-Figura-2-Disposicao-da-arteria_ fig2_280055462. 28 UNIDADE I | O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO Anatomia da área perioral e dos lábios Os lábios superior e inferior obtém suprimento vascular das artérias labiais superiores e inferiores, respectivamente. Essas artérias se localizam na camada submucosa (parte úmida labial) e são ramos da artéria facial. Os lábios superior e inferior são inervados sensorialmente pelo nervo infraorbitário e mentoniano, respectivamente. A inervação motora para essas áreas é fornecida pelo ramo bucal do nervo facial. Na Figura 12, vemos, com mais detalhes, a rede vascular que supre o filtro onde temos: (A) artéria acessória direita do filtro (Aadf); (B) artéria lateral ascendente direita do filtro (Aladf); e (C) artéria central do filtro (ACF). Figura 12. Arcada vascular do Filtro. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Arcada-vascular-do-filltro-A-arteria-acessoria-direita-do-filtro-Aadf-B_ fig3_280055462. Na Figura 13, observamos a disposição da artéria labial superior (ALS) e sua relação com o músculo orbicular da boca e o vermelhão. Os ramos cutâneos da mucosa e do vermelhão também podem ser observados. Figura 13. Disposição da artéria labial superior. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Principais-arterias-da-porcao-central-da-face-Figura-2-Disposicao-da-arteria_ fig1_280055462. 29 O QUE É O ÁCIDO HIALURÔNICO E REVISÃO ANATÔMICA DAS ESTRUTURAS FACIAIS ENVOLVIDAS EM SUA APLICAÇÃO | UNIDADE I Na Figura 14, observamos, por uma vista frontal, as artérias responsáveis pela vascularização da região perioral e dos lábios. Figura 14. Vascularização da região perioral e dos lábios. Fonte: https://journals.lww.com/prsgo/Fulltext/2019/09000/Translucent_and_Ultrasonographic_StStudi_of_the.4.aspx. Anatomia do queixo e da região mandibular O suprimento vascular do queixo é realizado pelas artérias mentoniana e submentoniana, que são ramos da artéria alveolar inferior e da artéria facial, respectivamente. A inervação sensorial do queixo e do lábio inferior é realizada pelo nervo mentoniano, que emerge do forame mentoniano, abaixo do segundo pré-molar inferior. Estruturas anatômicas que merecem uma atenção especial são a artéria facial e o ramo marginal do nervo facial inferior, pois eles cruzam superficialmente logo antes do músculo masseter, no sulco pós-mandibular. Nas Figuras 8, 11 e 14, já expostas, observamos todo o suprimento sanguíneo descrito acima. Já nas Figuras 7 e 9, encontramos a inervação dessa área da face, incluindo os pontos anatômicos que foram destacados acima. 30 UNIDADE II APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA CAPÍTULO 1 Preenchimento da papila interdental e de alvéolos após exodontias Preenchimento da papila interdental Embora a papila interdental seja pequena sob uma perspectiva anatômica, ela possui um significado muito grande sob o ponto de vista estético, principalmente na dentição anterior, em que é quase sempre exibida durante o sorriso. A perda ou a diminuição das papilas interdentais gera o que chamamos de black space, o que resultará em uma perda significativa na estética do sorriso. O surgimento de black spaces pode ser atribuído a vários fatores diferentes, como doença periodontal, forma anatômica do dente, angulação da raiz e posição do ponto de contato interproximal. O grande significado estético das papilas interdentais incentivou estudos e pesquisas a fim de encontrarmos técnicas que venham evitar ou recuperar a perda de papila após procedimentos cirúrgicos intraorais. Atualmente, conseguimos fazer uso de várias técnicas para melhorar os problemas estéticos que a deficiência de papila interdental na região anterior da maxila possa causar, incluindo tratamentos cirúrgicos, ortodônticos e protéticos (FATIN et al., 2015). Encontramos na literatura relatos de reconstruções bem-sucedidas da papila interdental perto de dentes ou implantes dentários, no entanto, os resultados são limitados e falham em mostrar viabilidade a longo prazo. Isso ocorre devido ao fato de a papila interdental ser caracteristicamente estreita, o que limita o suprimento de sangue ao tecido mole e também dificulta o acesso ao tecido em questão. 31 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Os tratamentos ortodônticos vem sendo utilizados para aproximar os dentes que apresentam essa deficiência de papila quando o espaçamento entre eles é largo ou as raízes são divergentes. No entanto, o método ortodôntico para aproximar as raízes envolve a remoção da superfície de contato dos dentes adjacentes, o que gera um aumento no risco de causar doenças periodontais, devido ao espaço estreitado entre as raízes. Além disso, mesmo após essas medidas de tratamento, a papila interdental deficiente ainda poderá precisar de suplementação com próteses. Esse tratamento envolve estratégias como o preenchimento da região deficiente da papila interdental com uma prótese, para diminuir os pontos de contato entre os dentes, ou com o preenchimento da papila interdental, a fim de diminuir a distância entre o ponto de contato e a crista óssea para menos de 5mm (MILLER et al., 1996; KIM et al., 2008). Contudo, os métodos vistos acima são altamente invasivos e apresentam uma lacuna de variabilidade que ocorre devido a diferenças no tamanho e altura da papila interdental de cada dente e de cada indivíduo. Isso acaba por gerar dificuldade em atingir bons resultados, a longo prazo, com tais técnicas, além de ser o que impulsiona pesquisas de tratamentos diferenciados e menos invasivos. Em 2010, Becker et al. realizaram o primeiro estudo sobre o tratamento de papilas com preenchedores de AH.Esse estudo incluía 14 locais (4 dentes e 10 implantes), dos quais 3 tiveram 100% de melhora, e 8 tiveram 88 a 97% de melhora. Lee et al., 2016, também realizaram uma pesquisa na qual relataram 10 pacientes com 43 locais na região anterior superior tratados com ácido hialurônico. Desses locais, 29 tiveram reconstrução completa da papila interdental, e 14 tiveram melhora de 39 a 96%. No entanto, Bertl et al., 2017, realizaram um estudo onde chegaram à conclusão oposta de que a injeção de ácido hialurônico não aumentou nenhum volume clinicamente conspícuo da papila deficiente das coroas maxilares anteriores ao implante. As diferenças encontradas com relação à melhora da papila gengival diferem por causa de uma série de fatores, que são: 32 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA » variação entre os métodos de injeção utilizados; » variação na quantidade de sessões em que o AH foi aplicado; » falta de critérios de inclusão de pacientes não justificados; » tempo inadequado de acompanhamento dos resultados. Além disso, a espessura gengival é um fator muito importante a ser considerado no tratamento com AH. Sabemos que biotipos gengivais espessos apresentam mais fibroblastos gengivais e fibras de colágeno na camada do tecido conjuntivo do que biótipos gengivais finos. Sendo assim, o tratamento com AH irá ter um resultado muito mais significativo em biotipos gengivais espessos, pois o AH irá acelerar a proliferação de fibroblastos gengivais, promover a geração de fibras de colágeno e, finalmente, ocasionar um aumento de tecidos moles no local. Observamos, no entanto, algumas semelhanças no método de tratamento utilizado. Essas semelhanças incluem: » dar instruções de higiene bucal a todos os participantes e, quando necessário, realizar a raspagem supragengival anterior ao procedimento; » anestesiar o local a ser tratado com o método mais apropriado para o sítio em questão; » aplicar o AH com a agulha em um ângulo de 45°, com o bisel voltado para a incisal do dente (de acordo com a Figura 8 abaixo); » aplicar o AH diretamente na região central da papila, 2 a 3mm apicalmente à sua ponta (a quantidade de AH injetada diverge entre os artigos, sendo que encontramos desde 0,05ml por ponto até 0,2ml por ponto); » realizar massagem suave na área, em direção à borda incisal, por cerca de 1 minuto; » passar todas as instruções pós-operatórias para que o paciente possa seguir. Tais instruções incluem: (a) se abster de qualquer método de controle de placa mecânico na área por 24 horas; (b) após esse 33 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II período, utilizar escova de dentes extra macia; (c) retomar a higiene bucal mecânica de costume somente após as duas semanas seguintes à aplicação. Figura 15. Método de injeção do AH na papila interdental. Bisel para cima Fonte: Won-Pyo Lee et al., 2016. Alguns artigos ainda indicam mais dois pontos de aplicação do AH, além do descrito acima. O primeiro ponto seria para criar um “reservatório” de AH, aplicando-o na mucosa diretamente acima da junção mucogengival (cerca de 0,1ml a 0,2ml de AH). O segundo seria na região da gengiva inserida abaixo da papila a ser tratada (cerca de 0,1 a 0,15ml de AH). Encontramos grande divergência no que se diz respeito à quantidade de sessões a serem realizadas bem como ao intervalo de tempo entre elas. Alguns artigos indicam que sejam realizadas mais duas sessões de aplicação, com um intervalo de três e de seis semanas após a injeção inicial. Outros indicam somente mais uma aplicação aproximadamente quatro semanas após a injeção inicial, e outros indicam até cinco aplicações adicionais, com intervalos de três semanas entre elas, até que o black space tenha alcançado grande melhora. Na série de figuras abaixo, podemos observar o resultado da aplicação do AH na papila interdental entre o incisivo lateral direito e o canino direito. As fotos seguem uma sequência cronológica de tempo, na qual vemos o acompanhamento do resultado do tratamento com o AH ao longo de 12 meses. Salienta-se que, para o tratamento da papila em questão, foi utilizada uma única aplicação de AH na região central da papila, cerca de 2 a 3mm apicalmente. Após a primeira sessão, foram realizadas mais duas sessões de aplicação no local com intervalo de três semanas e seis semanas a partir da aplicação inicial (CHEN et al., 1999; FRASER et al., 1997; STERN, 2004; MCCOURT, 1999). 34 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Figura 16. Foto inicial, anterior à primeira aplicação de AH entre os dentes 12 e 13. Fonte: Ni, Shu, and Li. J Oral Maxillofac Surg, 2019. Figura 17. Foto de acompanhamento, três meses após a aplicação inicial de AH. Fonte: Ni, Shu, and Li. J Oral Maxillofac Surg, 2019. Figura 18. Foto de acompanhamento, seis meses após a aplicação inicial. Fonte: Ni, Shu, and Li. J Oral Maxillofac Surg, 2019. 35 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Figura 19. Foto de acompanhamento, 12 meses após a aplicação inicial. Fonte: Ni, Shu, and Li. J Oral Maxillofac Surg, 2019. Preenchimento de alvéolos após exodontias A extração dentária pode levar a uma perda óssea progressiva e irreversível, sendo que essa perda tem um impacto muito grande no suporte odontológico, na estética, na fonética, na capacidade mastigatória e até na osseointegração. Nesses casos, podem ser necessários cirurgias ósseas e/ou enxertos de biomateriais para alcançarmos uma correta reabilitação oral dos pacientes. Sabemos que o AH vem sendo amplamente utilizado em muitos campos médicos, como Dermatologia (como preenchimento dérmico), Oftalmologia e Ortopedia (como agente anti-inflamatório). No entanto, as aplicações clínicas do AH em Odontologia ainda são pouco conhecidas. Contudo, o uso do AH no preenchimento de alvéolos após exodontias provou acelerar o reparo ósseo durante os primeiros 30 dias após a cirurgia, o que leva a uma melhora no bem-estar do paciente, uma vez que parece reduzir sinais e sintomas pós-operatórios, como trismo e inchaço (KORAY et al., 2014). Além disso, o AH possui propriedades antibacterianas, o que é uma ação desejável em intervenções cirúrgicas. Porém, não foi observada diferença significativa em relação às alterações dimensionais entre cavidades preenchidas com o AH ou com coágulo sanguíneo. 36 CAPÍTULO 2 Preenchimento de sulcos Sulcos nasolabiais O preenchimento nos sulcos nasolabiais com um preenchedor como o Ultra Plus ou Volift é feito em duas áreas de cada lado. Os profissionais devem dar uma atenção especial à artéria e veia faciais e tomar cuidado durante o preenchimento dos sulcos nasolabiais proximais, devido ao risco de comprometimento vascular da artéria facial e dos ramos do nariz. Posicione a agulha e aspire antes da injeção, que deverá ser linear e retrógrada. Estique a pele usando dois dedos para visualizar melhor o sulco. Mantenha-se levemente medial ao sulco e insira a agulha inclinada para cima, paralelamente a ele, para aplicar uma injeção subcutânea superficial (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 20, encontram-se os pontos de aplicação do preenchedor no sulco nasolabial (à direita). Figura 20. Aplicações do AH no sulco nasolabial. Fonte: elaborada pela autora. É indicado o preenchimento com uma injeção retrógrada linear lenta de movimento contínuo e baixo volume. Não injete produto demais, pois um volume excessivo pode levar a um preenchimento irregular. Massageie após 37 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II cada injeção para conseguir moldar a área e tenha cuidado para não deixar o produto transbordar. Em pacientes com perda grave de volume, é indicado o uso de preenchedores como o Voluma nos sulcos nasolabiais para compensar a retrusão óssea. Recomenda-se treinamento específico para essa área. Para esses casos, o preenchedor é injetado profundamente na fossa canina. Inspecione a superfície da pelepara determinar o padrão vascular e evitar a artéria facial e os ramos do nariz. Posicione a agulha perpendicular à superfície da pele, penetre até que sinta tocar no osso e aspire antes da injeção. Injete muito lentamente, com baixa pressão, fornecendo assim um pequeno bolus supraperiosteal. Massageie a região para moldar o preenchimento e evitar o excesso em um único local. Na Figura 21, observamos o ponto de aplicação do preenchedor na fossa canina (à direita). Figura 21. Ponto de aplicação do AH na fossa canina. Fonte: elaborada pela autora. Sulcos de marionete Os sulcos de marionete dão ao rosto uma aparência triste ou dura. O preenchimento desses sulcos pode ser realizado com um preenchedor como o Ultra Plus ou Volift. 38 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA As injeções são feitas em dois locais de cada lado. É importante que os profissionais tomem cuidado para evitar as artérias e veias labiais e sublabiais inferiores. No primeiro local, utilizando uma técnica de injeção linear retrógrada, administre uma injeção subcutânea superficial. Injete lentamente, depositando a maior parte do volume no terço superior do sulco, mantendo-se medial a ele. No segundo local, deve-se inserir a agulha inferior ao modíolo e injetar bem lentamente o preenchedor. O material deve ser injetado quando a agulha estiver sendo retirada do tecido mais profundo, através de uma técnica de coluna vertical e utilizando um volume menor de preenchedor. Mantenha as duas injeções medialmente ao sulco de marionete (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 22, observamos os locais de aplicação do AH no sulco de marionete (à direita). Figura 22. Aplicação do AH no sulco de marionete. Fonte: elaborada pela autora. 39 CAPÍTULO 3 Preenchimento labial e de código de barras Borda (contorno) labial A remodelagem da borda do lábio é realizada com preenchedores como o Ultra Plus, Ultra, Volift ou Volbella. É importante avaliar qualquer assimetria antes da injeção e respeitar as proporções entre o lábio superior e o lábio inferior. É importante ficar atento para evitar a artéria e a veia labial no plano submucoso intraoral (isto é, na parte úmida do lábio). A agulha deve ser posicionada na borda do vermelhão labial, perto da borda lateral da boca e inserida abaixo da junção mucocutânea. Injete muito lentamente o produto, usando uma técnica linear anterógrada, com deposição de um fio linear, à medida que a agulha percorre a borda do vermelhão. É importante evitar o deslocamento inadvertido do produto para fora da área de tratamento desejada. A injeção no arco do cupido também deverá ser realizada muito lentamente, por ser uma região muito sensível e delicada. Administre volumes iguais de preenchimento em ambos os lados, a menos que uma grande assimetria exista no local. Evite a correção excessiva da borda labial e de uma projeção anterior exagerada do lábio superior (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 23. Locais de aplicação do AH na borda labial. Fonte: elaborada pela autora. 40 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Vermelhão O aprimoramento da forma ou do volume do vermelhão pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus, Ultra, Volift ou Volbella. Duas técnicas diferentes podem ser utilizadas, conforme veremos a seguir. » Com a primeira técnica, o preenchimento é depositado em um local por quadrante do corpo labial. Os preenchedor é administrado por meio de rosca linear anterógrada na submucosa seca. Preste atenção para evitar a artéria e a veia labial no plano submucoso intraoral. A agulha deve ser inserida na mucosa labial em um ângulo de 30 graus em relação ao corpo labial. É importante injetar muito lentamente para evitar sangramentos nessa área delicada e propensa a contusões (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 24, observamos os locais de aplicação do preenchedor com a primeira técnica que poderá ser utilizada. Figura 24. Primeira técnica de aplicação do AH. Fonte: elaborada pela autora. » Com a segunda técnica, o preenchimento é depositado em três locais por quadrante do corpo labial. Para evitar dores e contusões, insira a agulha em cada local sempre cerca de 2mm superiores à borda labial superior e 2mm inferiores à borda labial inferior, colocando o 41 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II preenchimento dentro do vermelhão. Administre injeções de bolus intramusculares muito pequenas e muito lentamente. É mandatório realizar a massagem para evitar irregularidades e nódulos (MAURÍCIO et al., 2017). As precauções recomendadas no preenchimento da borda labial também devem ser seguidas para o vermelhão. Na Figura 25, observamos os locais de aplicação do preenchedor com a segunda técnica que poderá ser utilizada. Figura 25. Segunda técnica de aplicação do AH. Fonte: elaborada pela autora. Comissuras O preenchimento das comissuras labiais pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Volift. Caso exista indicação de preenchimento do contorno labial, é indicado fazê-lo antes de preencher a região das comissuras. A agulha deve ser inserida superficialmente na borda lateral do ângulo da boca e uma injeção de bolus muito pequena deverá ser administrada por via intramuscular e/ou na mucosa. É importante tomar cuidado para evitar a artéria e veia labial. Injete muito lentamente. Evite a correção excessiva para não criar uma área abaulada ou 42 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA causar o deslocamento do preenchimento durante o sorriso, o que poderia gerar um sorriso anormal (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 26, observamos o local de aplicação do preenchedor na comissura labial. Figura 26. Aplicação do AH na comissura labial. Fonte: elaborada pela autora. Filtro nasal O filtro nasal corresponde às cristas entre o nariz e os lábios e tende a achatar e perder seu contorno com o envelhecimento. A remodelagem do filtro pode ser realizada com preenchedores como o Ultra Plus, Ultra, Volift ou Volbella, com um local de injeção por lado (por crista) (MAURÍCIO et al., 2017). Atenção especial para os ramos da columela da artéria labial superior, localizados perto do nariz. Aperte a coluna (crista) do filtro usando dois dedos e insira a agulha em sua base, com a agulha apontada para cima e seu chanfro para dentro. A injeção deve ser subcutânea superficial, usando uma técnica retrógrada linear. É importante preservar a forma de V invertido do filtro. Evite alargar as colunas (cristas) do filtro e corrigi-lo excessivamente, pois isso poderia causar o alongamento do lábio superior. 43 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Na Figura 27, observamos os locais de aplicação do preenchedor no filtro nasal. Precisamos ter em mente a vascularização dessa região, já mostrada anteriormente na Figura 12. Figura 27. Aplicação do AH no filtro nasal. Fonte: elaborada pela autora. Sulcos periorais (código de barras) A correção dos sulcos periorais pode ser obtida com Ultra ou Volbella. É importante estar atento à vascularização perioral, que inclui ramos da artéria labial superior. 44 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Figura 28. Aplicações do AH nos sulcos periorais. Fonte: elaborada pela autora. A injeção deve ser subcutânea, superficial, usando uma técnica linear. Insira a agulha perpendicular às rugas e injete lentamente, massageando após cada injeção. Não persiga linhas superficiais. Evite a injeção excessiva de material, pois pode causar o alongamento e o achatamento do lábio superior (MAURÍCIO et al., 2017). 45 CAPÍTULO 4 Preenchimento de mandíbula, mento, malar, olheiras e outras áreas Volumização temporal Com o avançar da idade, ocorre uma perda de volume na região temporal que pode resultar no abaulamento dessa região. As têmporas jovens são planas ou levemente convexas. O preenchimento da região temporal é indicado para têmporas que se tornaramexcessivamente côncavas (MAURÍCIO et al., 2017). A volumização temporal pode ser realizada com preenchedores como o Voluma, Volift ou Ultra Plus. É importante dar uma atenção especial à artéria e à veia temporais. Para realizar o preenchimento, procure a junção da crista temporal ou da linha de fusão com a borda orbital e identifique a área de maior perda de volume. Isso feito, posicione a agulha 1cm superior à borda orbital lateral e 1cm lateral à crista temporal. Insira a agulha perpendicularmente ao osso, aspire e faça o preenchimento muito lentamente, usando uma injeção em bolus supraperiosteal (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 29. Aplicação do AH na região temporal. Fonte: elaborada pela autora. É aconselhável realizar uma pressão moderada com o dedo indicador da mão livre, colocando-o superior à agulha ao longo da linha do cabelo, com o intuito de impedir a perda do produto pela propagação sob os cabelos. 46 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA A velocidade da injeção é lenta, e deve-se manter a agulha no osso durante todo o processo. Depois que a agulha é removida, realizar pressão no local da injeção por vários minutos para evitar uma contusão tardia caso uma veia mais profunda seja perfurada. Uma moldagem suave da região temporal pode ser necessária após a injeção de volumes típicos na faixa de 0,5 a 1,0ml de preenchedor (para a maioria das cavidades temporais). A perda grave de volume pode exigir até 2ml por lado de preenchedor dividido em várias sessões de tratamento. Há várias áreas importantes que devemos nos atentar para realizar volumização temporal. Evite a artéria e veia temporal superficial que se encontram no tecido subcutâneo. Para isso, é importante seguir a localização supraperiosteal alta na fossa temporal (1cm acima da linha de fusão temporal e 1cm lateral e paralelo à borda supraorbital), o que irá minimizar o risco de ocorrências intravasculares (devido à baixa avascularidade dessa região e às fibras finas do músculo temporal nessa área). Caso ocorra perfuração de um ramo da artéria ou veia, isso resultará na deposição do produto mais abaixo da fáscia temporal profunda que fica sobre o músculo, o que irá proteger os vasos. Ressaltamos que a pressão na área irá evitar contusões indesejadas, uma vez que o efeito de tamponamento da agulha é perdido após sua retirada (MAURÍCIO et al., 2017). É sempre aconselhável a aspiração antes da injeção do produto, embora não seja uma garantia de localização extravascular da agulha. Tomar cuidado com agulhas profundas na fossa posterior, inferior ou acima do arco zigomático, pois podem existir ramificações internas superiores no local, gerando o risco de necrose no local. Devemos salientar que uma injeção periosteal profunda na região alta da fossa pode levar à congestão temporária visível do plexo venoso temporal (24 a 48 horas) que fica no tecido subcutâneo, ao passo que as injeções superficiais podem levar a irregularidades na superfície que irão necessitar de massagem durante os dias seguintes à aplicação (MAURÍCIO et al., 2017). Modelagem das sobrancelhas Os preenchimentos podem ser usados para melhorar o contorno e o volume das sobrancelhas e também para melhorar a elevação da cauda, nos casos em que a toxina botulínica não foi capaz de fornecer elevação suficiente. 47 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II A modelagem das sobrancelhas pode ser realizada com preenchedores como o Ultra Plus ou o Volift. Para isso, as injeções são feitas em dois locais em cada lado. » Para a primeira injeção, insira a agulha na extremidade lateral final da sobrancelha. Primeiramente, aspire e, depois, injete muito lentamente o produto usando uma injeção de bolus supraperiosteal. Massageie para cima para dar forma. É importante identificar a borda orbital, para que não ocorra a injeção inadvertida do preenchedor na cavidade orbital. O preenchimento na parte lateral das sobrancelhas destina-se a promover o apoio do teto das mesmas. Lembre-se de palpar a borda orbital e proteger a área com um dedo para evitar a migração do material de preenchimento para a pálpebra superior. » Para a segunda injeção, proceda da mesma forma anterior, porém esta deverá ser feita medial à primeira injeção ao longo da sobrancelha. Preste atenção para evitar o forame supraorbital ao injetar (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 30, observamos os locais de aplicação do preenchedor para a realização da modelagem da sobrancelha. Figura 30. Aplicações do AH para a modelagem da sobrancelha. Fonte: elaborada pela autora. 48 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Contorno da testa As linhas dinâmicas da testa geralmente são tratadas com a toxina botulínica, mas os preenchimentos de ácido hialurônico podem ser usados para tratar rugas profundas horizontais e para criar um contorno suave na testa. O contorno da testa pode ser realizado com preenchedores como o Volift ou Volbella (MAURÍCIO et al., 2017). Cada produto é injetado em seis locais ao longo das rugas da testa, lembrando sempre de aspirar antes de cada injeção. » Para a primeira injeção, a agulha deverá ser posicionada perto da extremidade lateral das rugas e pelo menos 2cm acima da sobrancelha. Injete muito lentamente, através de uma injeção de bolus supraperiosteal, e profundamente, para evitar os vasos e nervos temporais. » Movendo-se medialmente ao longo da testa, realizar a segunda e a terceira injeção no mesmo lado da face, pelo menos 2cm acima da sobrancelha. Como na primeira aplicação, injete muito lentamente, usando uma injeção de bolus supraperiosteal. É importante injetar profundamente para evitar os feixes supraorbitais e supratrocleares dos vasos. » Continuando para o outro lado da face, realize as outras três injeções da mesma maneira descrita acima. Tome cuidado para não arranhar o periósteo, reduzindo assim possíveis dores e inchaços. É muito importante realizar a massagem para proporcionar um contorno uniforme e suave da testa (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 31, observamos os pontos de aplicação do preenchedor para realizar o contorno da testa. 49 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Figura 31. Aplicações do AH na testa. Fonte: elaborada pela autora. Região malar (bochechas) O preenchimento de volume nas bochechas pode ser realizado com preenchedores como o Voluma. Existem três locais de injeção que podem ser utilizados: bochecha lateral, bochecha média e bochecha anterior. É importante salientar a importância de aspirar antes de cada injeção, bem como de massagear após cada injeção, a fim de distribuir o preenchedor uniformemente (MAURÍCIO et al., 2017). » Na bochecha lateral, o preenchedor deverá ser utilizado por meio de uma injeção supraperiosteal de pequenos bolus (número 1 da Figura 32). Caso seja necessário um volume maior que 0,5ml de preenchedor por lado, é indicado dividir esse volume em duas injeções em bolus. Os profissionais devem ter cuidado para evitar os vasos e nervos faciais zigomáticos e devem usar o dedo para evitar o deslocamento superior e inferior do material de preenchimento para a área temporal. As injeções devem estar abaixo da borda orbital na bochecha anterior e medial. Injete lentamente e evite arranhar o periósteo. » Na bochecha anterior, o preenchedor pode ser administrado por meio de uma injeção subcutânea profunda de pequenos bolus ou, caso haja 50 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA falta de projeção óssea, por meio de uma injeção supraperiosteal de pequenos bolus. Caso seja necessário mais de 0,3ml no local, dividir o produto em injeções de bolus pequenos (número 3 da Figura 32). Os profissionais devem ter cuidado para evitar a artéria e veia infraorbitais e sempre realizar as injeções abaixo da borda orbital (arcus marginalis). Injetar o produto lentamente, usando um dedo, para evitar seu deslocamento paraa pálpebra inferior. É importante que a bochecha fique com um volume natural em repouso e com animação após aplicação. O sulco nasolabial pode ser tratado diretamente, portanto não sobrecarregue demais essa área a fim de apagar esse sulco (MAURÍCIO et al., 2017). » Na bochecha medial, o preenchedor pode ser injetado por uma injeção de bolus supraperiosteal ou subcutânea profunda supraperiosteal (número 2 da Figura 32). Lembre-se de marcar corretamente o forame infraorbital. Injetar o produto lateralmente à linha mediopupilar por meio de um pequeno bolo supraperiosteal em ambos os casos. Na Figura 32, observamos os locais onde podemos aplicar o preenchedor, nas regiões da bochecha lateral, média e anterior. Figura 32. Aplicações do AH na bochecha. Fonte: elaborada pela autora. É importante tomar cuidado com as artérias e veias angulares e infraorbitais e verificar se as injeções são feitas abaixo da borda orbital. Injetar muito lentamente, usando os dedos médio e indicador, para proteger o olho e o forame infraorbital. 51 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Caso o preenchedor seja administrado medialmente à linha mediopupilar ou próximo ao nariz, recomenda-se o uso de uma microcânula sem corte, de calibre 25, ao invés de uma agulha. Vale salientar que essa é uma área de risco para danos vasculares graves. Portanto, o uso de uma agulha não é recomendado (MAURÍCIO et al., 2017). Olheiras (sulco nasojugal) O preenchimento do sulco nasojugal pode ser realizado com preenchedores como o Volbella ou o Ultra. O produto será administrado por meio de injeções de bolus supraperiosteais muito pequenos em dois a três locais na região medial do sulco nasojugal e/ou (avaliar necessidade) em dois a três locais na região lateral desse sulco. Os preenchimentos nessa região devem ser realizados apenas por profissionais experientes. Essa é uma área que apresenta alto risco de hematomas e de edema persistente das pálpebras, embolização, assimetria, nódulos e visão dupla. Como alternativa mais segura, pode-se usar microcânulas sem corte de calibre 25 ou 27, diminuindo assim possíveis contusões e embolização. Evite a região da órbita, executando as injeções ao menos 1 a 2mm abaixo da borda orbital (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 33. Aplicações do AH na região da olheira. Fonte: elaborada pela autora. 52 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA O cuidado de sempre aspirar antes da injeção e injetar muito lentamente se emprega nas três aplicações. O paciente deverá estar de olhos fechados durante todo o procedimento, para que a órbita fique sempre protegida. Dessa maneira, execute a primeira injeção, verifique se está tudo bem no local, parta para a segunda injeção e, depois, para a terceira. Após cada uma das injeções, é importante massagear a área a fim de distribuir o produto uniformemente e evitar correções excessivas. Os profissionais devem estar alertas para evitar o nervo, a artéria e a veia infraorbitais no local 1 e a artéria e veia angulares durante a injeção no local 3. Se o preenchedor utilizado tiver maior hidrofilicidade, o ideal é corrigir cerca de 50% do volume necessário, para evitar o desenvolvimento de edema tardio após o tratamento (MAURÍCIO et al., 2017). Área submalar O preenchimento de volume na área submalar pode ser realizado com preenchedores como o Volift, o Ultra Plus ou o Voluma. Duas técnicas diferentes podem ser utilizadas. Nos dois casos, os profissionais precisam ter cuidado, a fim de evitar a artéria e veias faciais e o ducto da parótida, e prestar muita atenção perto dos ramos bucais do nervo facial. » Com a primeira técnica, um pequeno bolus de preenchedor é administrado em quatro locais de cada lado, por meio de injeção subcutânea (Figura 34, abaixo, à esquerda). » Com a segunda técnica, o material de preenchimento é administrado por meio de uma injeção subcutânea superficial em um único local medial na área submalar, usando uma técnica de ventilação (leque) (Figura 34, abaixo, à direita). Essa técnica compreende a inserção da agulha em um único ponto, articulando-a para criar uma série de túneis lineares de preenchimento em um padrão de leque. 53 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Figura 34. Duas técnicas utilizadas para aplicação do AH na área submalar. Fonte: elaborada pela autora. A área submalar é propensa a contusões. Portanto, aperte a pele, aspire antes de cada injeção e injete lentamente, diminuindo assim as chances de atingir vasos e nervos profundos. Independentemente da técnica utilizada, sempre realizar uma massagem intraoral para distribuir o produto mais uniformemente. É importante distribuir o produto da maneira mais uniforme possível durante a injeção, a fim de evitar a formação de grumos. A agulha deve ser inserida de lateral para medial, sendo que o uso de microcânulas cegas é mais aconselhável nessa região, por questões de segurança. Vinco mentoniano O vinco labiomentoniano ou mentoniano é um sulco horizontal que se desenvolve durante o envelhecimento logo acima do queixo. Esses sulcos se desenvolvem devido à perda de volume dos tecidos moles, atrofia dérmica, elasticidade da pele reduzida, contrações hiperdinâmicas dos músculos faciais inferiores e reabsorção subjacente do osso mandibular. O preenchimento do sulco mentoniano pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Volift. 54 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA O preenchimento é administrado por um local de injeção por lado (Figura 35). Os profissionais devem ter cuidado para evitar a artéria e veia sublabial. As injeções devem ser subcutâneas, superficiais, realizadas por meio de uma técnica retrógrada linear. Sempre realiza-las lentamente, massageando após cada injeção, e evitar a injeção excessiva de material, pois pode levar a irregularidades (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 35. Aplicação do AH no sulco labiomentoniano. Fonte: elaborada pela autora. Ápice do queixo Quando falamos sobre padrões de estética, observamos que um queixo recuado não se encaixa no padrão ideal. Sendo assim, o seu preenchimento com AH irá aumentar a projeção anterior e o arredondamento do queixo. O aumento do ápice do queixo pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma. O produto deve ser administrado em dois a três locais de injeção. Os profissionais devem tomar cuidado para evitar a artéria e veia mentuais. A primeira injeção deverá ser realizada na linha média da mandíbula (conforme Figura 37), posicionando a agulha nessa linha e aspirando sempre antes da injeção. Injete lentamente e administre um pequeno bolus supraperiosteal. Observe por uma vista cefálica se existe simetria antes e após a injeção. 55 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Mantenha a injeção na linha média e evite o desvio do queixo. Use dois dedos para apertar o queixo para evitar o deslocamento indesejado do preenchimento. Não injete o material de preenchimento muito baixo, a fim de evitar a formação de um “queixo de bruxa”, e não preencha demais. Massageie o local após a injeção. Administre as outras duas injeções da mesma maneira, porém em locais superiores e laterais à primeira, uma em cada lado do queixo (conforme podemos observar na Figura 36). Figura 36. Aplicações do AH no queixo. Fonte: elaborada pela autora. Área pré-mandibular A área pré-mandibular corresponde a uma área triangular que vai do forame mentoniano até a zona médio-lateral da mandíbula. O preenchimento da área pré-mandibular pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma. Os profissionais devem tomar cuidado para evitar a artéria e a veia mentonianos e o nervo mentoniano. Para a realização do preenchimento, posicione a agulha na região anterior da linha da mandíbula e aspire antes da injeção. Insira a agulha e faça uma injeção subcutânea profunda, usando uma técnica de ventilação(leque) para fornecer preenchedor às partes distais da área triangular pré-mandibular. É importante injetar lentamente, usando os dedos para controlar a colocação 56 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA do produto. Tome cuidado para evitar o deslocamento de preenchedor sobre o ligamento mandibular. A sobrecorreção lateral ao ligamento pode piorar a área da mandíbula (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 37. Aplicação do AH na área pré-mandibular. Fonte: elaborada pela autora. Corpo e ângulo da mandíbula Para criar um contorno mais definido na região do corpo e ângulo da mandíbula, podemos realizar preenchimentos com AH. Para esse tipo de preenchimento, podemos utilizar preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma, com aplicações em dois a três locais por lado. Os profissionais precisam tomar cuidado para palpar e evitar a artéria facial, veias faciais e glândula parótida. Para pacientes do sexo feminino, a aplicação subcutânea é a mais indicada. Para a injeção subcutânea, aperte a pele acima do corpo da mandíbula e posicione a agulha superficialmente para evitar a artéria facial. Aspire antes da injeção para se certificar que não atingiu nenhum vaso ou artéria. Injete o material lentamente, usando uma técnica retrógrada linear. Massageie o local para modelar a região que foi preenchida. 57 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Para pacientes do sexo masculino, o ideal é a aplicação supraperiosteal em um ou dois bolus pequenos no ângulo mandibular. Aspire antes de cada injeção, injete lentamente e evite arranhar o periósteo. Essa região é propensa ao desenvolvimento de hematomas profundos, principalmente no local das injeções supraperiosteais. Massageie o local após cada aplicação para distribuir o material de maneira uniforme (MAURÍCIO et al., 2017). Na Figura 38, observamos os dois tipos de aplicação de preenchedor que vimos acima. O traço verde representa a aplicação mais indicada para o gênero feminino, e os pontos azuis a mais indicada para o gênero masculino. Figura 38. Aplicação do AH na região do corpo e ângulo da mandíbula. Fonte: elaborada pela autora. 58 CAPÍTULO 5 Rinomodelação Ângulo frontonasal O preenchimento do ângulo frontonasal irá reduzir a concavidade do dorso do nariz, fazendo assim o nariz parecer menor. Esse procedimento é muito utilizado em pacientes cujo ângulo frontal-nasal é muito profundo. O preenchimento do ângulo frontal-nasal pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma, usando uma única injeção supraperiosteal de bolus pequeno. Os profissionais devem ter cuidado nessa região devido à presença de anastomose dos vasos periorbitais no plano subcutâneo. É indicado que se aperte a pele ao redor do local da injeção e que se mantenha os dedos no lugar durante a aplicação, a fim de evitar o deslocamento lateral do material de preenchimento. Para a aplicação, insira a agulha até que toque no osso, aspire antes da injeção e injete profunda e muito lentamente com baixa pressão, tendo sempre o cuidado de manter a agulha na linha média. Massageie suavemente após a aplicação do material para distribuir uniformemente o produto. A dor não é comum com essa injeção. Portanto, se houver uma alteração na cor da pele ou dor intensa, pare a injeção imediatamente (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 39. Aplicação do AH no ângulo frontonasal. Fonte: elaborada pela autora. 59 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Dorso do nariz A injeção do material de preenchimento no dorso do nariz é utilizada para a sua remodelagem quando a ponta do nariz é adequada, mas o ângulo e o dorso fronto-nasal são baixos. O preenchimento do dorso ósseo e do dorso cartilaginoso pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma (MAURÍCIO et al., 2017). Para o dorso ósseo, o material será injetado supraperiostealmente, por uma técnica retrógrada linear ou como um pequeno bolus (Figura 40). Figura 40. Aplicação na porção óssea do dorso do nariz. Fonte: elaborada pela autora. Em pacientes asiáticos (e em caucasianos com uma ponta nasal caída), é indicada a injeção de material preenchedor na columela e na coluna anterior nasal, antes de realizar o preenchimento no dorso do nariz. A aplicação e as precauções para administrar o material de preenchimento no dorso ósseo nasal são idênticas às descritas acima para o ângulo frontonasal. Para o dorso cartilaginoso, uma injeção única de material preenchedor é realizada acima da cartilagem, usando uma técnica retrógrada linear. A quantidade de material irá depender da gravidade do defeito. A aspiração é mandatória antes da injeção. 60 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Os profissionais devem tomar cuidado para evitar as artérias nasais dorsal e externa, o nervo nasal externo e a artéria nasal lateral no sulco alar. Novamente, a aplicação e as precauções para administrar o preenchedor no dorso cartilaginoso nasal são as mesmas descritas acima para o ângulo frontonasal e o dorso ósseo. Além disso, devemos nos atentar para evitar deformações causadas pelo preenchimento excessivo do dorso cartilaginoso (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 41. Aplicação do AH no dorso cartilaginoso nasal. Fonte: elaborada pela autora. Ângulo nasolabial O aumento do ângulo nasolabial pode ser realizado com preenchedores como o Ultra Plus ou Voluma, na coluna nasal anterior. A injeção é administrada em um único local por meio de um bolus supraperiosteal. Os profissionais devem tomar cuidado para evitar a injeção de preenchedor na cartilagem do septo anterior ou nos ramos columelares da artéria e na veia labial superiores. Aperte a pele ao redor do local da injeção e mantenha os dedos no lugar durante toda aplicação, para evitar o deslocamento lateral do preenchimento. 61 APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA | UNIDADE II Aspire antes da injeção e injete muito lentamente com baixa pressão, lembrando-se de sempre manter a agulha na linha média. Preste atenção ao volume de preenchedor utilizado para evitar o alongamento do lábio superior. Massageie suavemente após a injeção. Caso haja qualquer alteração na cor da pele ou dor intensa, pare a injeção imediatamente. Figura 42. Aplicação do AH no ângulo nasolabial. Fonte: elaborada pela autora. Columela Quando a columela é retraída ou as narinas são planas, podemos realizar o aumento da altura da columela, utilizando para isso preenchedores como o Ultra Plus ou o Voluma. Utilizando uma técnica retrógrada linear ou como um pequeno bolus, a injeção deverá ser realizada em um local no septo cartilaginoso anterior. Os profissionais devem tomar cuidado para evitar a injeção direta na ponta do nariz e os ramos columelares dos vasos labiais superiores. Como nas outras injeções de preenchimento no nariz, é importante apertar a pele durante a injeção, aspirar antes da administração do material e injetar muito lentamente, com baixa pressão. Lembre-se de manter a agulha sempre na linha média e também profunda. Evite o deslocamento lateral do material e evite alargar a columela. Vale salientar que o preenchedor deverá ser injetado no espaço atrás da própria columela, mas em frente ao septo anterior. 62 UNIDADE II | APLICAÇÕES DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ODONTOLOGIA Massageie suavemente após a injeção. Interrompa a aplicação imediatamente caso ocorra qualquer alteração da cor da pele ou dor intensa. As injeções no nariz devem ser realizadas apenas por profissionais experientes, devido ao alto risco de necrose e cegueira. Para asiáticos com nariz muito chato que queiram realizar grandes mudanças, é recomendável o uso de uma microcânula cega, bem como a realização do preenchimento dividido em duas sessões. No entanto, mesmo com essa precaução, podem ocorrer complicações como as mencionadas acima. Treinamento adequado e técnica suave são altamente recomendados (MAURÍCIO et al., 2017). Figura 43.
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