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Apostila de Prótese Total Curso de Odontologia Disciplina de Prótese Total São José dos Campos 2020 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São José dos Campos Instituto de Ciência e Tecnologia Apostila 'Prótese Total " – UNESP – ICT/São José dos Campos (Baseada em Cerveira Netto , H) Autores HENRIQUE CERVEIRA NETTO Prof. Emérito do Instituto de Ciência e Tecnologia de São José dos Campos - UNESP. Ex. Prof. Titular de Prótese Dentária da F.O. de Santos – UNIMES e UNIP-São Paulo 1ª ed. O presente trabalho tem por finalidade orientar o estudo teórico das Próteses Totais Mucosuportadas. Não se trata de um trabalho completo sobre o assunto, nem dispensa o estudo mais profundo nos livros didáticos. Queremos deixar bem claro que nossa intenção foi compilar um roteiro didático que oriente, cronologicamente, os diversos pontos de interesse no estudo da matéria. 2ª ed. (1996) Mantendo o mesmo espírito original, foi nossa intenção atualizar alguns conceitos e apresentar variações técnicas que se impuseram no transcorrer desses anos. Espero que esta compilação continue sendo útil e facilite o aprendizado da Prótese Total, despertando o prazer latente e o orgulho do trabalho bem executado. H.C.N. 3ª ed. (2012) Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese FOCSJC - UNESP Atualizado pelo Prof. Tarcisio J A Paes Jr 4ª ed. (2015) Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese ICT - UNESP 5ª ed. (2020) Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese ICT - UNESP Professores: Alexandre Luiz Souto Borges Estevão Tomomitsu Kimpara Paula Carolina Komori de Carvalho Rubens Nisie Tango Tarcisio José de Arruda Paes Junior Alunos de Pós Graduação: Ana Beatriz Gomes de Carvalho Cristiane Mayumi Inagati Leonardo Jiro Nomura Nakano Natália Inês Gonçalves Natália Rivoli Rossi PREFÁCIO A 5ª Edição da “APOSTILA DE PRÓTESE TOTAL” é uma versão atualizada do conteúdo das edições anteriores, portanto, no que se refere aos conceitos propostos originariamente, na primeira edição, pelo “Prof. Emérito HENRIQUE CERVEIRA NETTO”, estão preservados. A equipe da Disciplina de Prótese Total do Curso de Odontologia, Instituto de Ciência e Tecnologia do Campus de São José dos Campos da UNESP (ICT-CSJC-UNESP), juntamente com os Pós Graduandos, se propuseram a realizar mais uma revisão, inserção de alguns dados atualizados do contexto e materiais ilustrativos, no sentido de tornar o aprendizado mais efetivo. A ideia da elaboração da “APOSTILA DE PRÓTESE TOTAL”, na época pelo Prof. Henrique, se deu para facilitar um acompanhamento lógico da sequência adotada pela disciplina não isentando da necessidade de buscar informações complementares em outros compêndios. Isto também está mantido. O exercício da atividade docente na disciplina de Prótese Total fez com que verificássemos a complexidade de um tratamento e a necessidade do conhecimento consistente para uma boa finalização do processo. Desta forma, temos a inteira convicção do grande auxílio que este material na sua 5ª. Edição irá proporcionar aos estudantes. Aos estimados alunos que iniciam no estudo da Prótese Total, queremos afirmar que estão diante de um grande desafio, mas temos a certeza que se o envolvimento de vocês for de forma séria, empenhada e dedicada obterão os resultados mais satisfatórios e gratificante que um tratamento pode proporcionar. Afinal de contas, tratar da saúde de um semelhante é privilégio de poucos, devemos fazê- lo com muita responsabilidade!!! UM BOM CURSO!!!!!! Prof. Tit. Estevão Tomomitsu Kimpara ÍNDICE Prefácio 1. Introdução ao Estudo da Prótese Total 1.1. Edentulismo no Brasil e no Mundo 1.2. Finalidades do tratamento 1.3. Desafios e índice de satisfação 2. Meios de Retenção e estabilidade em Prótese Total 2.1. Meios Físicos e Princípios biomecânicos 2.2. Planos Inclinados 3. Anamnese e Exame clínico 3.1. Ficha clínica 3.2. História médica 3.3. Exame extra-bucal 3.4. Exame da boca 3.5. Exames complementares 3.6. Exames do modelo de estudo 4. Estudo das moldagens 4.1. Limites da área chapeável 4.2. Músculos para-protéticos 4.3. Introdução ao Estudo das moldagens 4.4. Moldagem anatômica 4.5. Confecção da moldeira individual 4.6. Moldagem funcional 5. Planos de orientação 5.1. Base de Prova 5.2. Plano de orientação Superior (Corredor bucal, projeção dos incisivos, altura do sorriso, Planos de Frankfurt e Camper) 5.3. Plano de orientação Inferior (DV, técnicas de determinação) 6. Montagem em Articuladores 6.1. Articuladores 6.2. Montagem do modelo superior 6.3. Curva individual de compensação 6.4. Relação Central (manipulado, montagem, registro extra oral) 6.5. Montagem do modelo inferior 6.6. Individualização do articulador 7. Montagem de dentes 7.1. Escolha de dentes 7.2. Prova estética 7.3. Prova funcional 7.4. Ceroplastia 8. Fases Laboratoriais 8.1. Inclusão 8.2. Caracterização 8.3. Acrilização 8.4. Acabamento e polimento 9. Instalação e cuidados posteriores 9.1. Inspeção 9.2. Provas funcionais 9.3. Recomendações 9.4. Consultas de controle e alta clínica (consertos, questionamentos de satisfação) 10. Remontagem e moldagem de boca fechada 11. Prótese total imediata 12. Overdentures Índice remissivo 1. Introdução ao estudo da Prótese Total O que é prótese? Peça artificial que substitui um órgão ou parte do corpo que apresenta deficiência grave, assegurando suas respectivas funções, ou que ajuda ou proporciona melhora em uma função natural. (Dicionário Michaelis) “A prótese total é o ramo da Prótese que se propõe a restaurar de maneira total o paciente desprovido de dentes”. As próteses totais são uma necessidade terapêutica não só na reabilitação do sistema estomatognático, como também na reabilitação psicossocial. Atualmente, a aspiração estética tem sido uma das maiores motivações dos pacientes, e deve ser atendida com ponderação, coadjuvada com a compreensão do paciente. Nesta questão, o cirurgião-dentista deve ser um educador para seu paciente, explicando os detalhes que compõem o tratamento, tais como a forma e distribuição dos dentes, postura labial, forma do rosto, sorriso, idade, sexo, e muitos outros fatores que podem ser analisados, os quais juntos formarão um conjunto que ajudará a compor a personalidade do paciente, individualizando-o em seu meio. É necessário também que o profissional use de um vocabulário coerente e evite uma linguagem requintada ou termos técnicos que o paciente não consiga entender. O paciente idoso, nos dias atuais, participa coerentemente durante sua reabilitação, tentando colaborar com a sua melhoria estética e funcional com opiniões importantes. É papel do cirurgião-dentista ouví-lo e compreendê-lo o máximo que puder, pois quanto maior a ajuda, maior o sucesso de seu tratamento. Além disso, o profissional deve se apoiar em técnicas precisas e conhecimentos científicos plenos para traduzir clinicamente as informações recebidas e conseguir alcançar o sucesso esperado. 1.1 Edentulismo no Brasil e no mundo Há alguma décadas, os conceitos de higiene e prevenção oral não eram muito difundidos entre a população. É muito comum encontrarmos na clínica pacientes idosos relatando que tiveram seus dentes extraídos enquanto ainda eram jovens, por diversos motivos. Ao invés de tratamentos restauradores e conservadores, a extração dentária era o tratamento mais comum e acessível naquela época. Com o passar do tempo, houve uma grande difusão dos conceitos de higiene, preservação e prevenção, tantopela ação governamental, bem como ações promovidas por organizações privadas, que, por meio de doações e recursos próprios, financiam trabalhos por todo o Brasil. Como exemplo temos o “Brasil Sorridente”, que é uma política do governo federal com o objetivo de ampliar o atendimento e melhorar as condições de saúde bucal da população brasileira. O “Instituto Sorrir Para a Vida” é uma organização não governamental criada para garantir o tratamento odontológico de pessoas com câncer e com deficiências, em situação de vulnerabilidade social. Já o “Dentista do Bem” é o principal projeto da TdB (Turma do Bem), e conta com o trabalho voluntário de cirurgiões- dentistas que atendem em seu próprio consultório crianças e jovens de baixa renda entre 11 e 17 anos, proporcionando-lhes tratamento odontológico gratuito até que completem 18 anos. Atualmente, é a maior rede de voluntariado especializado do mundo. De 1980 a 2010, no Brasil, houve expressiva redução no valor do CPOD da população. Nosso país apresentava uma prevalência muito alta de cárie dentária em 1980 (CPOD = 7,3), e passou para uma baixa prevalência (CPOD = 2,1) em 2010. As principais causas para esta redução foram o aumento no uso de compostos fluoretados na água de abastecimento, nos dentifrícios e na aplicação tópica dos dentes; maior acesso da população aos serviços odontológicos; aumento das ações de promoção de saúde e prevenção em saúde bucal. Gráfico retirado do artigo “Variação do índice CPOD do Brasil no período de 1980 a 2010” (Rev. bras. Odontol. 2015). Entretanto, mesmo com a redução do índice de CPOD, o edentulismo ainda afeta boa parte da população brasileira e mundial. Segundo o artigo “O edentulismo no Brasil: epidemiologia, rede assistencial e produção de próteses pelo Sistema Único de Saúde” publicado em 2016, 53,9% dos pacientes analisados entre 65 e 74 anos apresentam ausência total de dentes. Além disso, este artigo afirma que quanto maior a idade do paciente, maior sua perda dentária; e quanto menor sua escolaridade e sua renda, também há maior perda dentária. Porém, este índice de edentulismo considerável não ocorre apenas no Brasil, visto que um dado publicado em 2000 mostra que países considerados desenvolvidos como Finlândia e Inglaterra também apresentam uma quantidade considerável de indivíduos edêntulos, sendo 41 e 46%, respectivamente, para as mesmas faixas etárias (WHO Global Oral Health Data Bank and WHO Oral Health Country/Area Profile Programme, 2000). 1.2 Finalidades do tratamento "Na construção de próteses totais, o objetivo principal é a preservação dos rebordos alveolares; os objetivos secundários serão a eficiência mastigatória e a estética". TRAPOZZANO, V.R. (1959) "Devemos ter sempre em mente que o campo sobre o qual apoiamos nossos aparelhos protéticos, não é estável ou fixo, porém sujeito a contínuas alterações, no espaço e no tempo."- ALDROVANDI, C. (1960) As principais finalidades do tratamento com próteses totais são: 1- Restaurar a função mastigatória: sabe-se que, com a ausência dos dentes, a mastigação é prejudicada. Sendo assim, as próteses totais devem ter como finalidade devolver o conforto e a função mastigatória ao paciente, dentro das possibilidades e considerando as limitações do tratamento; 2- Restaurar as medidas e contornos da face segundo a estética: o paciente desdentado sofre algumas alterações no contorno facial, tais como redução da dimensão vertical, e consequentemente o aparecimento do chamado “perfil de polichinelo”. A confecção de próteses totais adequadas tem como finalidade restabelecer na medidas do possível as dimensões perdidas ao longo do tempo, e também melhorar outros contornos faciais, tais como o suporte labial e sulco naso- labial, por exemplo; 3- Corrigir os defeitos da fonética devido à perda dos dentes: além das outras condições já citadas, a perda dos dentes também causa alterações na fonética do paciente devido a dificuldade de pronunciar fonemas línguo-dentais e lábio-dentais. Uma prótese bem confeccionada conseguirá corrigir e melhorar este aspecto tão importante; 4- Restaurar sem produzir lesões ao paciente: este conceito é fundamentalmente biológico, pois é essencial que nossas próteses, ao restaurar algumas funções, não prejudiquem outras além de manter tecidos bucais saudáveis. 1.3 Desafios e índice de satisfação Um dos grandes desafios no tratamento com prótese total é a expectativa do paciente, pois muitas vezes o paciente associa o tratamento com prótese total a um artesanato: ele acredita que o dentista toma as medidas, prova e entrega a prótese. É dever do cirurgião-dentista desconstruir esta ideia dos pacientes, explicando com cautela e paciência as limitações, os procedimentos, e adequando suas expectativas ao tratamento. A adaptação de uma prótese é difícil, e o profissional deve ser claro e realista para explicar ao paciente que não é uma questão de material, mas sim, um tratamento biológico. Neste tratamento, várias modificações ocorrem e o paciente precisa entender que as próteses totais devem ser substituídas em um prazo médio de cinco anos. As causas mais frequentes de falhas das Próteses Totais são: 1- Comprometimento psíquico; 2- Estudo prévio insuficiente e/ou mau preparo da boca; 3- Pouco cuidado na tomada das impressões (moldagens); 4- Falha no estabelecimento da OC; 5- Pressões desequilibradas quando da tomada dos registros; 6- Falha na delimitação das bordas; 7- Nível oclusal incorreto; 8- Estética insuficiente; 9- Falhas no ajuste oclusal e desgastes. ROWE, A.T. (1935) Prognóstico Baseia-se na coleta de todos dados citados. O prognóstico deve ser informado ao paciente para que ele saiba das limitações da prótese, antes mesmo da confecção da mesma. "Como alguém pode esperar, preparar seu paciente psicologicamente e acompanhá-lo durante o período de sua volta à normalidade, sem o profundo conhecimento da anatomia, fisiologia e patologia envolvidas?".MONSON, G.S. (1922) O prognóstico está diretamente ligado ao perfil psicológico do paciente, que pode ser dividido em receptivo, cético, histérico, e indiferente. O paciente receptivo geralmente é calmo, equilibrado, motivado e confia no profissional. O prognóstico para este paciente tende a ser favorável, pois por mais que tenha uma certa dificuldade no caso, ele é colaborativo e entende as limitações do tratamento. O paciente cético é sistemático e de difícil satisfação, aquele que tenta comandar o tratamento. Neste caso, o prognóstico é duvidoso, pois o paciente geralmente não confia no profissional como deveria, subestimando seu conhecimento. Já o paciente histérico é inquieto e nervoso, geralmente tem saúde bucal precária e tem histórico de já ter feito diversos tratamentos mal-sucedidos. O prognóstico tende a ser desfavorável pelo mesmo motivo do paciente anterior. Por fim, o paciente indiferente normalmente é despreocupado com sua aparência e é levado ao tratamento por insistência de outros (como familiares, por exemplo). Não se incomoda com a ausência de dentes, e o prognóstico é duvidoso. O prognóstico também é dependente da motivação do paciente, que funciona como um índice da cooperação que poderemos esperar de sua parte. Costuma-se classificar as diversas motivações como sendo por familiares e amigos, estética, dor e saúde, sendo a estética e a dor as principais motivações da grande maioria dos pacientes. Segundo José Ceratti Turano, no livro Fundamentos de Prótese Total (2010), estas são as motivações que levam o paciente a procurar o tratamento com próteses: 1) Por dor: os pacientes que procuram o dentista apenas em caso de dor são, geralmente, aqueles que cuidam mal de seus dentes e que, desesperados correm ao consultório porque a dor escolhe sempre o pior momento para aparecer. Estespacientes possuem uma ideia errônea do que é a prótese total, porque o paciente sofre bastante, inevitavelmente, em todo o processo de adaptação da prótese total. Não devemos aceitar a dor como motivação para adaptação de uma prótese total. Exemplo: paciente que chega ao consultório com dor e pede para o cirurgião-dentista extrair todos os dentes e fazer uma prótese total. 2) Por outro indivíduo: pacientes que são motivados por outros pacientes. Neste caso, devemos fazer o paciente assumir a responsabilidade de instalar a prótese total, sem que esta responsabilidade seja passada a pessoa a qual o levou ao consultório, como a/o esposa/o, por exemplo. 3) Por estética: já é um caso mais favorável, pois demonstra que o paciente se importa mais com sua aparência. Porém, existe uma diferença entre a aspiração estética do paciente e as limitações dentro da possibilidade do tratamento com prótese total. 4) Por prevenção: são os pacientes que sempre procuraram tratar seus dentes, e que agora, necessitam de prótese total. Mesmo assim, é necessário que o profissional saiba orientá-lo frente ao seu novo comportamento, diante das dificuldades e limitações que envolvem este tipo de prótese. 5) Fatores socioeconômicos: independente da condição socioeconômica do paciente, ele necessita repor seus dentes perdidos. "A construção de próteses totais se inicia no momento em que o paciente se apresenta. O protesista imediatamente, estima ou classifica por análise criteriosa, o tipo, caráter e atitude mental do indivíduo". PATERSON (1923). Questões: 1- Quais são as finalidades do tratamento por próteses totais? Explique. 2- Quais são as causas mais frequentes de falhas no tratamento com próteses totais, e como evitá-las? 3- Qual o papel do cirurgião-dentista no sucesso do tratamento com próteses totais? Princípios Biomecânicos que regem as Próteses Totais 2. Meios de Retenção e Estabilidade RETENÇÃO é a capacidade da prótese de resistir às forças extrusivas que tendem a deslocá-la de sua posição. Como fator de retenção podemos citar a atividade muscular exercida inconscientemente pelo próprio paciente, mantendo a adaptação dos tecidos circunjacentes às bordas da prótese. É evidente que não poderemos contar com esta capacidade do paciente ao confeccionarmos próteses, e sim devemos criar as condições necessárias para que isso ocorra. Portanto, vamos utilizar meios físicos de retenção: a) Gravidade: força que age de maneira positiva para a mandíbula e negativa para a maxila. Houve uma época em que se utilizava a gravidade como um auxiliar para a retenção de próteses mandibulares, aumentando o peso das próteses totais mandibulares. Mesmo não levando em consideração o desconforto causado ao paciente, o simples conhecimento das leis de reabsorção já contraindicam o uso da gravidade como fator auxiliar na retenção de próteses totais mandibulares. b) Adesão: podemos conceituar a adesão como a força de atração física entre moléculas diferentes entre si, quando em íntimo contato. Por exemplo, quando a saliva molha e se adere à superfície da área basal da prótese e à membrana mucosa da superfície de assento. Para melhor compreendermos a adesão devemos estudar outra força intermolecular que é a coesão. → Coesão: força inter-molecular existente entre as moléculas de um mesmo corpo, força esta que mantém a unidade da substância como um corpo. As forças de coesão que são responsáveis pela TENSÃO SUPERFICIAL nos líquidos. Podemos entender o mecanismo da adesão com um esquema: Há coesão entre as moléculas da fibromucosa e coesão entre as moléculas da saliva. Se tivermos um íntimo contato entre a saliva e a fibromucosa, rompendo a tensão superficial da saliva, essa força se exercerá, em forma de adesão tendendo a manter unidas a película de saliva e a fibromucosa, como um corpo único. Por outro lado temos coesão entre as pérolas de resina da base da prótese total e coesão entre as moléculas da saliva; se mantivermos um íntimo contato entre as duas, rompendo a tensão superficial da película de saliva; as forças de tensão superficial da saliva exercerão adesão sobre a resina da base da prótese total. Seguindo esse raciocínio, se tivermos um íntimo contato entre a base da prótese total e a fibromucosa de maneira que reste apenas um filme de saliva interposto, as forças de tensão de saliva agirão tanto sobre a base da prótese como sobre a fibromucosa mantendo-as em contato e impedindo sua separação. A resistência à penetração do ar entre a mucosa e a base da prótese é dada pela película de saliva que existe entre elas, denominada lâmina interfacial. Quando se retira uma prótese total da boca, verifica-se que há uma lâmina de saliva na superfície interna da prótese e uma lâmina de saliva na mucosa que estava recoberta pela prótese. Isso se dá porque, ao se romper a lamina de saliva interposta entre a mucosa e a prótese, a força de adesão da saliva com a prótese e a saliva com a mucosa é maior do que a de coesão das suas moléculas. “Quanto melhor for a adesão, quanto menor for a película de saliva e quanto maior a área basal, maior será o efeito retentivo proporcionado pela coesão.” JOSÉ CERATTI TURANO – FUNDAMENTOS DE PRÓTESE TOTAL 2010 Podemos visualizar esse fenômeno, por exemplo, quando unimos duas placas de vidro com água interposta: quanto menor for a película de líquido mais difícil será a separação das placas. STANITZ estudou esse aspecto da retenção elaborando a fórmula: F = força de retenção A = área de contato C = coeficiente de tensão superficial E = espessura do líquido F= 2A x C/ E Verifica-se que a força de retenção é diretamente proporcional a 2 vezes a área recoberta e ao coeficiente de tensão superficial da saliva; indiretamente proporcional à espessura da película líquida interposta. c) Pressão atmosférica: É do conhecimento geral que se retirarmos o ar contido entre dois hemisférios em contato será difícil a sua separação. Isso se dá devido à pressão exercida pela atmosfera. Podemos nos utilizar dessa força auxiliar e realmente o fazemos, quando da construção de nossos aparelhos protéticos, procurando o ajuste perfeito entre a base e a fibromucosa, que reduza a película líquida a um filme e o "selamento periférico" das bordas da prótese com o intuito de impedir a permanência de bolhas de ar entre a base da dentadura e a fibromucosa. Depreende-se que quanto mais íntimo for o contato da base da prótese total com os tecidos de suporte, menor será a espessura da película de saliva e maior a força de adesão. Quanto mais íntimo for o contato das bordas da prótese total com os tecidos circunvizinhos, menor será a possibilidade de entrada de ar entre as partes e mais efetiva será a ação da adesão e da pressão atmosférica como meios de retenção. 2.1 Meios físicos e princípios biomecânicos 1. Adesão 2. Pressão atmosférica 3. Suporte 4. Selamento periférico 5. Biomecânica (fisiologia) dos músculos mastigatórios 1. Adesão: a adesão depende do contato íntimo entre as superfícies da fibromucosa e da base da prótese total. É o que denominamos "adesão por contato". A adesão é proporcional às superfícies de contato, sendo que, quanto maior for a área de contato maior será a adesão. 2. Pressão atmosférica: pressão é força atuando sobre superfície. Quanto maior a superfície, mais efetiva a ação da pressão atmosférica sobre a prótese total. 3. Suporte: representado pelas estruturas sobre as quais se assenta o aparelho protético. Essas estruturas receberão os esforços decorrentes da mastigação. 4. Selamento periférico: representado pela adaptação das bordas da prótese total aos tecidos moles e de suporte. O selamento periférico é devido à adaptação das bordas da prótesetotal aos tecidos circunvizinhos, na região do fundo de sulco e limite palato duro/mole. "A base da prótese total deve recobrir tanto a superfície de suporte e tecidos circunvizinhos quanto possível, sem interferir nos movimentos dos músculos e bridas susceptíveis de deslocar o aparelho protético de sua posição ou causar injúrias ao paciente." 2.2 Planos inclinados Uma prótese total promove boa distribuição de cargas axiais, ou seja, cargas resultantes em direção ao longo eixo do rebordo. Planos inclinados são cargas em quaisquer outras direções, que desviam forças e provocam instabilidade. O protesista deve procurar sempre forças que atuem em ângulo reto, e para isto deve considerar nove fatores (Turano 2010): 1) Direção das forças para o fechamento: tanto em dentição natural como artificial, o paciente leva a mandíbula à posição que lhe ofereça maior comodidade e eficiência, onde ele sinta maior resistência. De todas as relações excêntricas, a mandíbula tenderá sempre a voltar para sua posição cêntrica, e esses movimentos não verticais tenderão a desequilibrar as próteses totais, seja pela ação muscular não vertical, ou seja pelos planos inclinados das cúspides dentárias. Por isso, é preciso orientar os pacientes no sentido de se habituarem a executar movimentos simples de abertura e fechamento a fim de minimizar os planos inclinados. 2) Ação dos músculos sobre os dentes e superfícies das próteses totais: a disposição dos dentes e a superfície polida da prótese podem propiciar zonas que atuam como planos inclinados, estabilizando ou deslocando as próteses totais, de acordo com o desequilíbrio que há nestas superfícies. A pressão exercida pelas bochechas e lábios sobre a superfície vestibular das próteses pode atuar, também, melhorando ou não a estabilidade das mesmas. Dessa forma, a força centrífuga exercida pela língua e a força centrípeta exercida pelas bochechas e lábios para colocar e manter o bolo alimentar na superfície oclusal dos dentes sugere que a posição ideal dos dentes seria em ponto neutro em relação a estas forças. 3) Efeitos da terceira Lei de Newton: Para cada ação de uma força há uma reação igual e de sentido oposto. O sistema de oclusão das próteses totais deve ser orientado de tal modo que o paciente se sinta mais inclinado a mastigar com movimentos verticais do que horizontais (de lateralidade). A reação igual e oposta produzida como resultado dos movimentos de mastigação em lateralidade é mais prejudicial aos tecidos de suporte e favorece a instabilidade das próteses. 4) Superfície articular da ATM: estabelecer um padrão oclusal harmônico entre altura de cúspide e angulação da cavidade articular - (individualização) 5) Ângulo de abertura formado pelas superfícies de oclusão: quanto mais paralelas forem as superfícies oclusais superior e inferior, melhor será a estabilidade da prótese. Planos oclusais divergentes forçam as próteses a se deslocarem no sentido anteroposterior. 6) Ação de alavanca: a inclinação do plano oclusal pode determinar uma ação de alavanca, causando instabilidade na prótese total. Além disso, a magnitude das forças mastigatórias, quando há discrepância entre os lados direito e esquerdo, também pode ser um fator causador de ação de alavanca. 7) Ângulos formados pelos planos oclusais: as superfícies das cúspides no plano oclusal devem se engrenar de forma que possam estabelecer um “bloqueio” das próteses totais em função, impedindo seu deslocamento. 8) Compressão do tecido de suporte: o rebordo sobre o qual as próteses totais estão adaptadas não é rígido nem compressível de modo uniforme. Sua forma não é estável, e pela ação e pressão mastigatória intermitente ele muda de forma gerando, também, ações de alavanca. Estas ações são impossíveis de remover, uma vez que são características inerentes ao tecido, porém podemos controlá-las regularizando a área basal e propiciando maior extensão da área basal das próteses no sentido de aproveitar um melhor apoio ósseo. 9) Efeitos dos alívios: em algumas ocasiões o alívio não é conveniente e por isso não está indicado. É necessário que o cirurgião-dentista seja criterioso quanto a eleição das zonas de alívio para que não sejam criadas novas áreas de instabilidade. Questões: 1- O que são planos inclinados? Cite 3 formas de minimizá-los. 2- Explique o mecanismo de adesão e coesão que mantém a retenção da prótese total. 3. Anamnese e Exame clínico A anamnese e o exame da boca do paciente são de grande importância pois é a partir deles que o planejamento é feito, e consequentemente a determinação do prognóstico do caso. Também é de suma importância a avaliação do estado mental/psíquico do paciente, que também pode influenciar no tratamento. Logo na primeira consulta, o paciente geralmente demonstra estar preocupado com quatro aspectos do exame: a estética, a ausência de dor, a eficiência mastigatória e o baixo custo. Por isso, o profissional deve explicitar a importância da compreensão e colaboração do paciente durante e após o tratamento. Por exemplo, na fase de adaptação com a prótese total, o dentista deve explicar que o paciente deve usá-la a maior parte do tempo que puder, para promover acomodação e adaptação dos tecidos bucais; também que pode haver dor, e que ela é importante para orientar a conduta clínica nas consultas de ajuste após a instalação da prótese. Na anamnese, além dos dados pessoais do paciente devemos ficar atentos ao estado físico do mesmo, pois ele é importante na determinação do prognóstico do tratamento. A idade e o estado físico do paciente são fatores que podem influenciar a reação do organismo frente ao estímulo causado pela prótese. Sendo assim, a idade avançada associada a bom estado físico é uma indicação para o uso de próteses, da mesma forma que a senilidade, por si só, já é uma contraindicação. Algumas perguntas também podem ser feitas num primeiro momento, a fim de o profissional poder compreender mais a fundo quais são as expectativas do paciente, e como se encontra sua condição psicológica/emocional atual: 1- O paciente está insatisfeito com sua prótese atual? 2- O paciente compreendeu as possíveis limitações estéticas e funcionais do seu caso? 3- O paciente está informado dos custos envolvidos no tratamento? 4- O paciente está avisado que serão necessários ajustes subsequentes a instalação da prótese? 5- O paciente foi avisado que o sucesso da reabilitação depende do estabelecimento e do cumprimento de um programa de manutenção após a instalação da prótese? Seguindo para o exame clínico, podemos dividi-lo em exame intra e extra-oral, e também em visual, táctil, radiográfico e exame dos modelos de estudo. Todos estes exames se completam, e é assim que visualizamos todas as estruturas, palpamos os tecidos, e compomos sobre os modelos a realização prática do caso. 3.1 Ficha clínica A ficha clínica é onde o dentista vai anotar todos os dados do paciente, desde dados pessoais como endereço e telefone para contato, até dados sobre o tratamento. É de extrema importância para o seguimento do tratamento (desde o início até os controles posteriores), uma vez que deve conter as observações, limitações e etapas do caso clínico. A ficha clínica deve conter: a) local para anotar dados pessoais; b) local para registro dos dados obtidos no exame clínico; c) esquema de PENDLETON com descrição das áreas; d) local para diagnóstico e prognóstico; e) local para anotações durante o tratamento e controles posteriores. 3.2 História médica Com relação à história médica do paciente, há algumas alterações que são frequentes em pacientes idosos, e que devemos ter atenção. São elas: redução do fluxo salivar ou xerostomia, infecções fúngicas (como candidíase), osteoporose, edema causado pela retenção de líquido e hiperplasia fibrosainflamatória. A saliva é fundamental tanto para indivíduos dentados quanto para desdentados. Suas principais funções são promover ação antibacteriana e antifúngica no meio bucal, iniciar a digestão, lubrificar e proteger a mucosa, entre outros. Além disso, em pacientes desdentados, promove a retenção das próteses totais por meio da força de adesão, em que uma fina película de saliva se interpõe entre a superfície da prótese e o rebordo. A secreção diária de saliva atinge normalmente 800mL a 1500mL, e a redução desse fluxo pode influenciar diretamente a reabilitação do paciente, causando perda de retenção, formação de ulcerações traumáticas devido ao contato direto da prótese com a mucosa, e dificuldades na mastigação. A redução do fluxo salivar ou a ausência de saliva podem ser causadas por doenças como a Síndrome de Sjörgren; tratamentos de radioterapia em região de cabeça/pescoço; pelo uso de alguns medicamentos (ansiolíticos, broncodilatadores, anticonvulsivantes, antidepressivos, entre outros); e pelo desequilíbrio hormonal comum na menopausa. Mais uma vez vê-se a importância da anamnese, em que o profissional deve perguntar quais os tipos de medicamentos usados pelo paciente, histórico de doenças anteriores e se notou alguma alteração no fluxo salivar no decorrer dos últimos anos. Nestes casos, recomenda-se que o paciente coloque pequenas quantidades de água na boca durante o dia (sem engolir), para promover hidratação da mucosa, e nos casos mais severos recomenda-se o uso de saliva artificial. Infecções fúngicas também são relativamente comuns em pacientes usuários de próteses totais, e isso se deve principalmente pela má higiene (que permite a proliferação de microorganismos), e uso contínuo da prótese (especialmente à noite, quando a produção de saliva diminui). A principal infecção fúngica que acomete estes pacientes é a candidíase eritematosa. Nestes casos, o tratamento mais eficaz é orientar o paciente para que consiga uma melhoria na higienização das próteses e reforçar a importância de permanecer um período sem utilizá-las, especialmente a noite. O uso tópico de substâncias antimicrobianas como nistatina e clorexidina 0,12% também pode colaborar, porém age como um coadjuvante uma vez que o paciente precisa seguir as medidas citadas anteriormente. Em casos graves ou persistentes indica-se o uso de medicação sistêmica. A osteoporose é uma alteração que pode influenciar significativamente a reabsorção do rebordo residual, e uma manifestação clínica importante dessa alteração é a diminuição da densidade óssea, observada através de exames por imagem, como a radiografia. A osteoporose pode ser dividida em dois tipos, sendo o tipo I consequência da redução hormonal causada pela menopausa e que afeta osso trabecular. Já o tipo II é resultante do processo de envelhecimento das funções intestinais, renais e hormonais, que afeta tanto osso trabecular quanto cortical. Mulheres são mais propensas a serem afetadas pela osteoporose, uma vez que estão sujeitas aos dois tipos. É válido ressaltar que a reabsorção óssea influencia a reabilitação pela instabilidade e falta de retenção das próteses, bem como pelo deslocamento de estruturas anatômicas importantes. Por fim, a hiperplasia fibrosa inflamatória é uma lesão que surge na mucosa como resposta à presença de uma irritação crônica associada a má adaptação da prótese ou pelas chamadas “câmaras de sucção”, recurso utilizado de forma errônea, na "tentativa" de se aumentar a retenção das próteses totais. O tratamento para esta alteração tecidual consiste na redução da região sobre estendida da base da prótese para melhor adaptação ou confecção de uma nova prótese, e em alguns casos remoção cirúrgica da lesão. Paciente com a prótese total em posição. Com a remoção da prótese total, é possível observar a hiperplasia na região da borda da prótese. Visão mais aproximada da lesão. Lesão no palato provocada por câmara de vácuo 3.3 Exame extra-bucal É de fundamental importância que o profissional tenha o conhecimento sobre a anatomia extra-oral e intra-oral, para assim, saber diagnosticar as alterações presentes no paciente e propor o melhor tratamento para o mesmo. Com relação a anatomia extra- oral devem ser analisados: - Lábios; - Bochechas; - Freio labial: músculo Orbicular dos lábios; - Articulação temporomandibular (ATM). Além disso, também devem ser observadas a dimensão vertical, o suporte labial, a linha do sorriso e a altura incisal (no caso do paciente já ser usuário de próteses totais). Estes quesitos podem ser observados ao longo da anamnese, enquanto o cirurgião- dentista está conversando com o paciente, a fim de perceber como estas estruturas e parâmetros se comportam em repouso, e enquanto o paciente fala. 3.4 Exame intra-bucal O exame da boca do paciente desdentado pode ser dividido em três seções: a anatomia do desdentado; o exame da fibromucosa e o exame do tecido ósseo, bem como a identificação da reabsorção óssea. 3.4.1 Anatomia do desdentado dental Maxila: - Rugosidades palatinas - Rafe palatina - Tórus maxilar - Forames palatinos (emergência de nervos) - Zona glandular do palato mole (não deve ser recoberta) - Arcos alveolares - Tuberosidades - Freio labial: músculo orbicular dos lábios - Inserção do músculo bucinador - Fossa pterigomaxilar - Ligamento pterigomaxilar Maxila edêntula Mandíbula: - Freio labial: músculo Quadrado do mento e músculo Orbicular dos lábios - Freio lingual: músculo Genioglosso - Forames mentonianos (emergência de nervos) - Inserção do músculo Bucinador - Linha oblíqua externa: inserção do músculo Bucinador e do músculo Masseter - Papila (trígono) retromolar - inserção de fibras profundas do músculo temporal - Músculo Constritor Superior da Faringe - Linha oblíqua interna: inserção dos músculos - Milohioideo, Geniohioideo, Pterigohideo medial - Língua Mandíbula edêntula 3.4.2 Fibromucosa A fibromucosa apresenta-se como uma camada de epitélio escamoso estratificado repousando sobre outra camada, a túnica própria. Este por sua vez divide-se histologicamente em camada papilar e camada reticular. Epitélio e Túnica constituem a MUCOSA que se apoia na SUB-MUCOSA. Esta é constituída por um retículo de fibras elásticas frouxas e vasos. O epitélio, por razões de sua função, apresenta-se recoberto por uma camada córnea de células estratificadas nas regiões do palato duro e gengivas. As propriedades da fibromucosa que têm interesse protético são: · Tonicidade: sua textura ao toque, sua resistência a deslocamentos. Pode sofrer alterações de acordo com o estado físico do paciente e/ou devidas a hiperplasias localizadas (edema - conteúdo histamínico). · Resiliência: propriedade de devolução de esforços. Capacidade da fibromucosa de voltar ao seu estado primitivo após ter sofrido certa deformação a uma carga localizada. Está intimamente ligada à tonicidade. As alterações que ocorrem, tanto em tecidos moles como em tecido ósseo de suporte, afetam as posições das bases das próteses e portanto a oclusão. Os tecidos moles respondem rapidamente aos estímulos externos como pressão, calor, frio e aos estímulos internos como a quantidade de fluidos que contêm nutrientes, sais e pressão sangüínea. Um estudo feito em 1967 avaliou 522 pacientes portadores de próteses e as conclusões obtidas foram (The Etiology of Mucosal Inflammation Associated with Dentures. LOVE, William D. et alii J.Pros.Dent.,18(6):515-27, 1967): 1- A adaptação da prótese tem a maior importância na condição da mucosa de revestimento, mais do que qualquer outro fator. 2- A remoção das próteses à noite reduz, drasticamente, a incidência de inflamação. Se combinada com a estimulação dos tecidos comuma escova macia, a inflamação pode ser totalmente eliminada. 3- A idade é um fator importante na etiologia da inflamação. O grupo MAIS JOVEM é o mais sujeito à inflamação devido ao alto potencial de resposta aos estímulos. 4- Inflamação severa e hiperplasia papilar, são relativamente menores na mandíbula do que na maxila. 5- Há necessidade de maior ênfase na educação dos pacientes quando da instalação de próteses. 6- A etiologia da inflamação é complexa e necessita de mais estudos; tanto para um tratamento efetivo, quanto para a sua prevenção. Os tecidos moles variam de espessura, resiliência e na sua tolerância à pressão, estando em contínua e constante adaptação e modificação de acordo com os estímulos a que são submetidos. ORTMAN, 1977. 3.4.3 Tecido ósseo O tecido ósseo é a base profunda de sustentação das próteses, sendo assim, nos interessa conhecer as alterações que este tecido pode sofrer, bem como as modificações nos rebordos alveolares quando ocorrem essas alterações. Dentre as alterações que o tecido ósseo pode sofrer, a reabsorção óssea alveolar afeta diretamente o funcionamento das próteses totais. Segundo Mc Call e Stilman o osso alveolar existe apenas como o elemento de fixação para os dentes. Assim sendo, a perda dos dentes resultaria no desaparecimento desse osso por falta de função, ou seja, ocorreria a reabsorção do mesmo. Mac Millan, em seus estudos, demonstra que o osso alveolar comporta-se como qualquer osso do organismo, sofrendo um rearranjo estrutural devido à perda dos dentes, com a finalidade de adaptação às novas condições do sistema. Quando existem rebordos planos, ou seja reabsorvidos, é difícil obter uma prótese total retentiva e estável. Por isso, a preservação do tecido ósseo é de suma importância em odontologia, considerando que toda terapêutica protética pode ter êxito, sempre e quando a base óssea permanecer intacta. · Reabsorção óssea É a eliminação dos componentes inorgânicos do osso pela circulação sangüínea e linfática. "A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória, em determinados pontos do osso, com a consequente mobilização do cálcio, acompanhada de rarefação óssea." Aldrovandi, C. (1960) LEI DE LERICHE POLICARDE Na maxila a reabsorção dá-se, predominantemente, as custas da tábua óssea VESTIBULAR, assumindo uma forma delgada. A crista do rebordo residual como que caminha para cima e para o centro. Há uma diminuição em LARGURA que acompanha a diminuição em altura. Já na mandíbula, a reabsorção envolve tanto a vertente VESTIBULAR quanto a LINGUAL, havendo uma diminuição mais considerável na ALTURA do rebordo. Causas de reabsorção: a) Senilidade b) Perda de função c) Causas mecânicas d) Estados patológicos: gerais e locais a) Senilidade Consideramos três estágios na vida dos indivíduos, relacionados ao seu metabolismo: Ascensão: do nascimento até ao redor de 25 anos: é a fase do organismo em desenvolvimento. Portanto, seu anabolismo ultrapassa de muito seu catabolismo. Haveria maior formação e retenção do que eliminação. Estágio: dos 25 aos 45 anos: quando o organismo entraria em equilíbrio, conseguindo suprir perfeitamente às suas necessidades de reposição, mas com menor capacidade de neoformação. Declínio: dos 45 anos em diante: quando sua capacidade de reposição começa a diminuir, rompendo-se o equilíbrio anabolismo/catabolismo, de maneira cada vez maior. Notamos que quando o equilíbrio é rompido torna-se cada vez mais difícil para o organismo repor, com a mesma intensidade, as estruturas ósseas que vão sendo perdidas. Em nosso caso o catabolismo envolveria uma perda de cálcio dos ossos com sua consequente reabsorção. a) Perda de função Com a perda dos dentes e consequente perda de função do osso alveolar, ocorre a reabsorção dos rebordos alveolares. Essa reabsorção é progressiva, o processo alveolar torna-se mais arredondado e sua crista menos pronunciada. Na maxila a reabsorção dá-se, principalmente, às custas da tábua óssea (vertente) vestibular, persistindo uma forma delgada. Na mandíbula essa reabsorção dá-se às custas tanto da vertente vestibular como da lingual, havendo uma diminuição mais dramática na altura do rebordo. O último estágio da reabsorção óssea da maxila seria uma imagem plana do rebordo superior e em casos extremos, (geralmente ligados ao uso de prótese mal adaptada) a projeção do septo nasal (cartilaginoso) na altura do rebordo alveolar anterior. Essa situação confere ao paciente um perfil característico conhecido como "perfil de polichinelo". Foto exemplificando o "perfil de polichinelo" em paciente edêntulo c) Causas mecânicas "A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória, em determinados pontos do osso, com a consequente mobilização do cálcio, acompanhada de rarefação óssea." Aldrovandi, C. (1960) "O osso se reabsorve em pontos de excessiva pressão; os tecidos moles atrofiam-se ou hipertrofiam-se, dependendo do estímulo a que são submetidos". Grohs (Aldrovandi, C.1960) "A pressão excessiva da base da dentadura sobre o osso do rebordo residual, pode gerar insuficiência circulatória que acelera a reabsorção. Um dos fatores dessa pressão é o tipo de oclusão criado pelo dentista". ORTMAN (1977) d) Estados patológicos: gerais e locais Segundo Page, a reabsorção é devida a influências orgânicas de ordem geral ligadas a insuficiência do estímulo local. Ele acredita que pode haver diminuição do processo de reabsorção pela correção de insuficiências endócrinas e o uso de uma dieta balanceada. Schour e Massler, em estudos sobre os efeitos das glândulas endócrinas no crescimento do esqueleto facial, confirmam os estudos deste autor. Já Key estabelece uma diferença entre ATROFIA, que afetaria todo um osso ou ossos e REABSORÇÃO óssea, que afetaria partes de um mesmo osso. Segundo Key, a atrofia é devida ao desuso, inflamação ou traumatismo enquanto a reabsorção seria devida à pressão, distúrbios neurotróficos ou atividade celular. Tecidos móveis e imóveis Tecidos móveis: fibromucosa e tecidos adjacentes; Tecidos imóveis: tecido ósseo de suporte. Esta classificação tem cunho exclusivamente didático pois a fibromucosa não consiste num tecido eminentemente móvel, assim como o osso não é absolutamente estável em suas dimensões. Ainda sobre os exames da boca, o cirurgião-dentista deve realizar dois exames que complementam o exame clínico, o método de Turner e o exame de sensibilidade bucal. MÉTODO DE TURNER - verificação do espaço inter-maxilar: com os dedos indicadores apoiados ao longo dos rebordos, peça ao paciente para fechar a boca, teremos a longitude somada das coroas dentais. As possibilidades encontradas nesse exame são: a) projeção da mandíbula em relação à maxila: dificuldade na montagem dos dentes (dentes anteriores montados topo a topo); b) contato das tuberosidades: geralmente devido a hipertrofias ósseas das tuberosidades; c) espaço normal. Sensibilidade bucal – a sensibilidade bucal ocorre devido a presença de exteroceptores na fibromucosa, responsáveis pelo limiar de sensibilidade local. Pode haver sensibilidade exagerada ao toque e náuseas, geralmente associada à porção mais posterior do palato e base da língua. Nestes casos indica-se o uso de anestésico tópico para moldagem e manuseio dos tecidos. 3.5 Exames complementares "Todo maxilar desdentado é clinicamente suspeito" ALDROVANDI, C. 1960” Esta frase sintetiza a necessidade do exame radiográfico como meio auxiliar, não apenas de diagnóstico, mas também, quanto à responsabilidade que o protesista assume ao iniciar o seu trabalho. Através das radiografias verificaremos: - focos de osteíte; - cistos residuais; - raízes residuais;- dentes inclusos; - instrumentos fraturados; - estado da reabsorção óssea; - trabeculado ósseo: disposição e orientação; - disposição dos foramens em relação à crista óssea residual. Tipos de radiografia: Periapical - visualização de pequena área suspeita (p.ex.: localização de raiz); Oclusal - visualização da área basal, no plano horizontal; Panorâmica - visualização de todo o terço inferior do crânio, incluindo articulações e seios maxilares. 3.6 Exames do modelo de estudo Exame mais apurado da altura, espessura e regularidade dos rebordos. Deve ser feita a delimitação prévia da área a ser recoberta pela futura prótese, e permite a visualização de detalhes que não podem ser bem visualizados no exame físico. O QUE DEVEMOS ANALISAR? a) rebordo: com relação ao volume: normal, alto ou reabsorvido; com relação a forma: afilado, paralelo ou retentivo; com relação a superfície: liso ou irregular; com relação ao formato do arco: ovóide, quadrangular ou triangular. Quando houver muita assimetria, devemos ficar atentos na etapa de montagem dos dentes, pois esse fator pode comprometer a estabilidade da prótese; b) espículas ósseas não reabsorvidas: podem indicar avulsões recentes, necessitando (ou não) cirurgia reparadora; c) áreas de grande reabsorção óssea: devidas a causas locais ou resultantes de tratamentos anteriores – nestes casos há maior dificuldade na retenção e estabilidade da prótese. O dentista deve comunicar o paciente no início do tratamento sobre as limitações do uso da prótese; d) freios e bridas: quando muito volumosos e extensos necessitam remoção cirúrgica pois podem prejudicar a retenção da prótese; e) grandes reabsorções/mucosa flácida: quando acompanhada de hipertrofia indica-se remoção cirúrgica e em alguns casos o "aprofundamento de sulco" cirúrgico; f) diferenças de densidade de estrutura óssea devidas à reabsorção: necessitam de exame de RX e em certos casos, exames histopatológicos com o intuito de determinar as causas dessa reabsorção; g) diferenças de reabsorção na maxila e na mandíbula: pela anamnese verifica-se o histórico do uso de prótese mono-maxilar ou outro tipo de aparelho removível. Foto de modelo de estudo maxilar evidenciando rebordo de formato ovóide. Foto de modelo de estudo evidenciando rebordo de formato quadrangular. Foto de modelo de estudo evidenciando rebordo de formato triangular. Questões: 1- Quais são as alterações frequentes que ocorrem em idosos, e que devemos nos atentar na história médica? 2- Quais são as principais informações que devem constar na ficha clínica do paciente? 3- Cite e explique as principais causas de reabsorção óssea em pacientes idosos. 4- Descreva os fatores que devem ser analisados no exame dos modelos de estudo. 4. Estudo das moldagens 4.1 Limites da área chapeável Introdução: Denominamos área chapeável ou área basal, as áreas da maxila e mandíbula que serão recobertas pela base da prótese total. Levando em consideração que cada paciente é um caso diferente, não podemos estabelecer medidas rígidas, mas somos obrigados a nos guiar por uma série de princípios biomecânicos e fisiológicos que nos orientarão no reconhecimento e delimitação dessa área. Limites gerais da área chapeável (basal) da maxila São os limites gerais que nos orientarão no desenho e confecção da base de nossas próteses. ● Rebordo alveolar em toda a sua extensão (de tuberosidade a tuberosidade); ● Paredes vestibulares do rebordo alveolar até o sulco gengivo-labial e geniano; ● Abóbada palatina em toda a sua extensão até sua borda posterior, limite palato duro/palato mole; ● Contorno das inserções musculares e bridas vestibulares. Figura: visão oclusal do rebordo superior desdentado. Dentro desses limites e conforme a magnitude do esforço recebido pelo tecido de suporte nessas regiões, Pendleton (1928) as dividiu em zonas: 1. Zona principal de suporte 2. Zona secundária de suporte 3. Zona de selamento periférico 4. Zona de selamento posterior 5. Zona de alívio 1. Zona principal de suporte: é a zona de maxila que irá receber o maior esforço durante a mastigação. Ela compreende o rebordo alveolar em toda a sua extensão, incluindo as tuberosidades. Essa região é, também, a que sofre maiores alterações com o correr do tempo. Notamos intensas reabsorções ósseas nessa área, principalmente se não foram obedecidos os princípios biomecânicos que regem a confecção das próteses totais muco suportadas. 2. Zona secundária de suporte: estende-se por toda a vertente palatina do rebordo alveolar até a rafe mediana. Para posterior, até o limite do palato duro e início do véu do paladar. Essa área é de extrema importância pois contribui tanto na estabilidade da prótese total maxilar como em sua retenção. Sendo o osso dessa região um osso compacto, a sua reabsorção é muito mais lenta propiciando uma sobrevida maior a prótese maxilar. 3. Zona de selamento periférico: localizada vestibularmente aos rebordos alveolares, apresenta-se como uma zona de transição ou zona marginal neutra, que denominamos sulco gengivo-labial ou geniano. 4. Zona de selamento posterior: constituída pela faixa de tecido que se estende desde o fim da abóbada palatina propriamente dita e início do palato mole ou véu do paladar. Podemos situá-la em uma linha que ligue as tuberosidades passando ao nível das fóveas palatinas. A esse limite denominamos borda posterior ou região do post-daming. Determina-se, ao vivo, por palpação ou fonação, verificando onde se inicia a área vibrátil correspondente ao palato mole. 5. Zona de alívio: são pontos onde não desejamos executar pressões. Seriam para a maxila: ● Torus palatino, pois pode funcionar como um fulcro central deslocando a prótese de sua posição e rompendo o selamento periférico. Indica-se a remoção cirúrgica dessa estrutura óssea. ● Pontos de emergência de nervos e vasos que, devido a intensas reabsorções ósseas podem se encontrar situados na altura da crista do rebordo alveolar e, portanto, em zona de máxima pressão o que poderia causar desconforto e dor ao paciente. Limites gerais da área chapeável da mandíbula 1. Rebordo alveolar em toda a sua extensão (incluindo as papilas retromolares); 2. Linha oblíqua externa e seu prolongamento na porção montante até uma altura de aproximadamente 10 mm. 3. Dobra vestibular do músculo Bucinador. 4. Sulco gengivo-labial e geniano. 5. Limite do assoalho da boca em toda a sua extensão. Figura: visão oclusal do rebordo superior desdentado. Como na maxila, Pendleton dividiu a mandíbula em 5 zonas: 1. Zona principal de suporte: constituída pelos rebordos alveolares em toda a sua extensão, bem como, as suas vertentes vestibular e lingual, englobando o trígono retromolar. 2. Zona secundária de suporte: seriam as vertentes vestibular e lingual do rebordo alveolar. Convém notarmos que na mandíbula as zonas secundárias de suporte confundem-se com zona principal de suporte. Uma das zonas que nos oferece grande possibilidade de apoio, seria aquela situada na região da linha oblíqua externa, onde há osso compacto. Poderia estar classificada tanto como zona secundária de suporte, pela sua posição relativa, quanto como zona principal de suporte, pela sua função de apoio. 3. Zona de selamento periférico: aqui também há certa coincidência pois, na mandíbula, o selamento periférico dá-se tanto às custas de limite gengivo-labial (na região de fórnice gengivo-labial) como às custas da face do rebordo alveolar vestibular e lingual. 4. Zona de selamento posterior: segundo alguns autores seria a zona constituída pela área retromolar. Porém, não há limite nítido entre a zona de selamento posterior e a zona de selamento periférico nesta região. Para efeito didático vamos considerara zona de selamento posterior, como sendo aquela região posterior à papila retromolar. 5. Zona de alívio: da mesma maneira, é discutida a sua conveniência (como para a maxila) poderíamos citar como zonas de alívio: ● Rebordo alveolar terminando em crista fina e alta, com possibilidade de lesões da fibromucosa; ● Pontos de emergência de nervos e vasos. Quando de grandes reabsorções ósseas na região dos forames mentonianos há a possibilidade de compressão dos filetes nervosos que daí emergem; ● Porção posterior da linha oblíqua interna, quando esta se apresenta afilada e cortante. Na maioria dos casos procura-se não atingir ou, pelo menos, não apoiar a base da prótese total nesta região; ● Tórus mandibular: limitar o bordo lingual da prótese à altura do torus quando discreto ou remover cirurgicamente o osso. Questões: 1- Quais os limites gerais da área chapeável da maxila? E da mandíbula? 2- Descreva as zonas de Pendleton para maxila e mandíbula. Meios de RETENÇÃO das Próteses Denominamos retenção ATIVA, aquela obtida por meio de técnica, como por exemplo, as moldagens. Já a retenção PASSIVA, é obtida pela eliminação dos fatores que criam as forças extrusivas, como o recorte muscular e a oclusão, por exemplo. Quando nos referimos ao selamento periférico, procuramos um ajuste o mais próximo possível entre a base da prótese total e os tecidos circunvizinhos. Sabemos que esses tecidos são móveis e que suas posições relativas variam de acordo com a tensão exercida por determinados músculos. Vemos a necessidade de conhecer quais os músculos que podem interferir com a base da prótese total e como se daria essa interferência, para que possamos usá-los em nosso proveito. 4.2 Músculos que interferem na estabilidade das próteses totais: músculos para- protéticos Os músculos para-protéticos se inserem na maxila e mandíbula e mantém relações direta ou indiretamente com a prótese. Sua importância se dá quando em função (dinâmica), podendo provocar o deslocamento da prótese, se suas bordas se estenderem além a zona de ação desses músculos. Os movimentos de dinâmica ocorrem, por exemplo, na mastigação, fonação, deglutição e mímica. De acordo com sua posição determina-se uma linha que contorna as inserções musculares, ligamentos e freios, que foi denominada LINHA DE INSERÇÃO, que, segundo Fournet, esta é uma linha imaginária, irregular, que determina até onde pode se estender a borda da prótese, para conseguirmos um selamento periférico perfeito, sem causar irritações nem perturbar a nutrição dos tecidos, sem alterar a fonação nem provocar traumas. Para seu estudo podemos dividir os músculos para-protéticos em: 1) Músculos de ação direta: quando interferem com a base da prótese total pela sua contração própria. Suas inserções ou seu trajeto coincidem com os limites da prótese. 2) Músculos de ação indireta: quando, pela sua contração, mobilizam outras massas musculares ou teciduais adjacentes que interferem com a base da prótese total. Músculos para-protéticos da maxila: a) Orbicular da boca: insere-se nas fóveas incisivas da maxila e mandíbula e estende- se até as comissuras labiais. Sua contração pode interferir com a borda vestibular anterior da prótese. b) Levantador do ângulo da boca: tem sua inserção ao nível da fossa canina estendendo-se até a comissura labial. É o responsável pelo movimento de elevação e depressão do sulco vestibular anterior; responsável, também, pelo aparecimento dos chamados freios laterais na altura de pré-molares. c) Bucinador: tem suas inserções nos rebordos alveolares ao nível dos molares de onde caminha para cima, para trás e, para baixo até a mandíbula, onde repete a inserção óssea (apresenta-se na forma aproximada de um C). Quando em contração, provoca um abaixamento do fórnice vestibular superior e levantamento do fórnice vestibular inferior. Músculos para-protéticos da mandíbula: a) Depressor do lábio inferior (Quadrado do mento) e Depressor do ângulo da boca (Triangular dos lábios): inserção na face externa da linha oblíqua externa dirigindo-se para as comissuras labiais e linha mediana respectivamente. Quando em contração exercem pressão sobre o bordo vestibular anterior da prótese total. b) Bucinador: insere-se na mandíbula ao nível da linha oblíqua externa na altura de molares. As suas fibras mais posteriores passam abaixo da papila piriforme estendo-se até o ligamento pterigomandibular ou aponeurose bucinato-faringea, onde se localiza sua inserção mais posterior. O conhecimento detalhado desse músculo é de importância quando da delimitação da região distal ou de selamento posterior da prótese total, pois nos movimentos de abertura da boca ou quando da dinâmica muscular, há uma projeção dos tecidos para diante, podendo deslocar uma prótese sobre-estendida. Na altura do trígono retromolar há um encontro das fibras do músculo Bucinador com o tendão terminal do músculo Temporal em sua porção mais inferior. Forma-se um coxim fibroso, a papila piriforme, que deve ser sempre incluída dentro da zona de suporte da prótese inferior. Logo atrás da papila piriforme temos a presença do ligamento Pterigomandibular. Quando do movimento de abertura da boca há a distensão desse ligamento e consequentemente deslocamento da borda posterior da prótese, se esta estiver sobre-estendida. Verificamos que a papila piriforme é o limite mais posterior da borda da prótese total mandibular. c) Constritor superior da faringe: tem suas ações principais quando da deglutição e na projeção da língua. d) Milo-hióideo: insere-se na linha oblíqua interna, ao nível dos molares. Sua ação, do ponto de vista protético, prende-se ao levantamento do assoalho da boca quando da movimentação da língua. e) Genioglosso: sua inserção se dá, na região anterior da mandíbula, lingual, logo abaixo do freio lingual, em pequenas saliências ósseas denominadas apófises geni. É de grande importância quando de grandes reabsorções ósseas mandibulares, pois sua inserção passa a ocupar a vertente lingual do rebordo alveolar, interferindo com o assoalho da boca. f) Língua: embora seja um grupo de músculos extrínsecos à mandíbula (genioglosso, hioglosso, estiloglosso, palatoglosso) e intrínsecos, é muitas vezes negligenciado quando do estudo da Prótese Total. Sua ação é de grande importância tanto na retenção como na estabilidade da prótese inferior, pois sua estreita intimidade com o assoalho da boca exerce grande influência na manutenção do selamento periférico lingual, em todas as fases da dinâmica mastigatória, bem como, em todos os atos que envolvam movimento. Compreende-se que é de suma importância o exame e estudo da língua, sua tonicidade, sua forma, seu volume, sua relação com os rebordos alveolares, sua liberdade de movimentos. É do conhecimento desses fatores que depende o sucesso ou o insucesso de uma prótese total mandibular que, sob todos os outros aspectos, pode ter um prognóstico favorável. Questões: 1- O que é a linha de inserção? 2- O que são músculos de ação direta e indireta? 3- Quais os músculos para-protéticos da maxila e mandíbula? 4.3 Introdução ao Estudo das moldagens A base da prótese total é a reprodução, em negativo, absolutamente fiel dos tecidos de suporte, a justeza a esses tecidos deverá ser perfeita e a retenção obtida em valores mais que satisfatórios. Para tanto, é necessário que possamos COPIAR essas estruturas de maneira exata. Isso é conseguido por intermédio de uma série de manobras a que denominamos MOLDAGENS. 4.3.1 Histórico O uso de aparelhos protéticos remonta à Antiguidade, quando ainda não se fazia o uso de moldagens e a base do aparelho era esculpida através de medidas que se tomavam com um compasso, diretamente no paciente. A primeira moldagem de que se tem informação é atribuídaa Pfaff, dentista de "Frederico o Grande" (rei da Prússia), que, em 1750, empregou cera de abelhas para impressão bucal. A cera, embora copie as estruturas, é um material instável, que se deforma espontaneamente, e de difícil manuseio, pois altera-se ao simples toque. A demanda por próteses provocou um crescente interesse na procura de um material que apresentasse estabilidade dimensional associada à capacidade de moldar fielmente. Em 1844, Duning utiliza gesso como material de moldagem obtendo resultados animadores. Porém, a técnica de trabalho com gesso é bastante desconfortável, tanto para o paciente como para o profissional. Embora o material apresente boa estabilidade dimensional não permite correções e se fratura com facilidade, quando em contato com a saliva, além de ser difícil a separação do modelo em positivo. Por volta de 1857, Charles Stent aperfeiçoou um material resinoso, termoplástico, que seria o precursor da godiva. Os irmãos Greene (1900) aperfeiçoaram a godiva e aproveitando-se das características desse material introduziram a técnica das moldagens sucessivas, com fundamentos utilizados até hoje. Hupert Hall (1915-1920), em experiências com o novo material desenvolveu a godiva preta, dura, e apresentou uma técnica em que essa é utilizada como moldeira individual, baseada na necessidade de maior adaptação da moldeira e material de moldagem, aos tecidos a serem moldados. Entre 1919 e 1928, Campbell e Pendleton aperfeiçoaram os métodos existentes utilizando novos materiais: godiva em lâminas, placas, bastões, de maior ou menor plasticidade. Renato Prado (1933) apresenta sua técnica, na qual, emprega godiva em lâminas diretamente na moldeira individual. O hidrocolóide reversível foi patenteado em 1925 e começou a ser usado para moldagem nos Estados Unidos no fim da década de 20. O uso do hidrocolóide irreversível foi impulsionado durante a segunda guerra mundial, pela escassez de ágar e expandido pela sua facilidade de manipulação, baixo custo, boa fidelidade de reprodução e boa aceitação pelo paciente. Após a Segunda Guerra Mundial, avanços na tecnologia dos polímeros trouxeram para o mercado um grupo de materiais à base de borracha sintética, chamados elastômeros, capazes de moldar tecidos macios e duros. O desenho de uma estrutura de forma digital e posterior confecção a partir de uma máquina de fresagem é designado por CAD/CAM, no qual, um software CAD (computer aided design/ design assistido por computador) define a geometria do objeto, enquanto o CAM (computer aided manufacturing/ manufatura assistida por computador) programa diretamente o processo de fabricação. Esta tecnologia começou a ser utilizada em 1960 pelas indústrias de automóvel e aeroespacial, contudo só em 1983 foi produzida, por François Duret, a primeira restauração dentária. Goodacre et al. em 2012, publicou o primeiro caso clínico do conceito de próteses totais fresadas em CAD-CAM de polimetilmetacrilato pré-polimerizado. 4.3.2 Definição de moldagem Vamos relembrar e diferenciar três definições importantes: ● MOLDAGEM: conjunto de atos clínicos que visam obter a impressão da área basal, por meio de materiais próprios e moldeiras adequadas. Ou seja, é o próprio ato de moldar o paciente. ● MOLDE: reprodução em negativo das estruturas moldadas. ● MODELO: réplica fiel em positivo das estruturas moldadas, oriunda do preenchimento do molde (gesso). 4.3.3 Classificação das técnicas de moldagem As técnicas de moldagem podem ser divididas em dois grandes grupos: (1) moldagem PRELIMINAR OU ANATÔMICA e (2) moldagem FUNCIONAL, que pode ser simples ou mista. Ambos os grupos serão explicados adiante. De acordo com a TÉCNICA, a moldagem pode, ainda, ser classificada em: ● Moldagem compressiva: busca-se, como o próprio nome diz, comprimir os tecidos, fazendo com que a mucosa fique em contato com os mesmos e simulando a pressão causada na prótese durante a mastigação. Entretanto, observou-se que as próteses feitas a partir dessa moldagem, não se adaptaram quando em repouso, pois os tecidos estavam tão deformados que tendiam ao recuo. Isso ocorre, porque é impossível comprimir os tecidos no ato da moldagem, pois, ao empurrá-los, eles desalojam e tendem sempre a voltar em posição primitiva. ● Moldagem com pressão seletiva: faz-se uma primeira camada de material mais denso e, posteriormente, leva-se a boca uma camada mais fluida, na segunda moldagem, que registrará as áreas aliviadas. Com um mínimo de pressão. ● Moldagem com mínima pressão: onde se utiliza o princípio mucostático, que diz que o material deve registar sem distorções, os detalhes da mucosa. ● Moldagem de boca fechada: moldagem em dinâmica, realizada em oclusão. É feita em caso de perda do modelo ou necessidade de reembasamento. Para isso, utiliza-se a própria prótese para a moldagem e é considerada um meio de efetuar pressão por aqueles que optam por realizar uma moldagem compressiva. ● Moldagem de boca aberta: é geralmente preferida, pois o operador pode ver se as inserções musculares estão sendo corretamente moldadas, em seus vários movimentos, que podem ser conseguidos mais facilmente. Koran e col. (1975) classificaram as moldagens de acordo com a realização de movimentos em: ● Funcionais: nas quais são realizados os movimentos de abertura e fechamento da boca mais os movimentos musculares; ● Semi-funcionais: o operador realiza os movimentos musculares; ● Mucostáticas: moldagem estática, sem nenhum movimento. O tipo ou técnica de moldagem será ditado pelas características do caso e pela fibromucosa de revestimento. Antes de executarmos o procedimento, devemos avaliar a tonicidade e resistência da fibromucosa, que pode ser classificada como: ● Aderida; ● Resiliente; ● Flácida. a) Mucosa resiliente; b) mucosa flácida; c e d) Mucosa lisa e aderida. 4.3.4 Elementos de moldagem 1) Moldeiras: são recipientes utilizados para conduzir o material de moldagem manipulado aos tecidos bucais e mantê-lo ali, em íntimo contato, até a presa final do material. Existem dois tipos de moldeiras: a) Moldeira de estoque: encontradas no mercado, em vários tamanhos e proporções, que são médias de medidas padrões dos arcos alveolares. Em geral, são produzidas em metal (alumínio ou ligas leves) ou plástico, com uma numeração que identifica seu tamanho, sendo apresentadas em 3 tamanhos padrões (pequeno, médio e grande). Esse tipo de moldeira varia, no seu desenho, de acordo com o tipo de material de moldagem de escolha. Assim sendo, para um material elástico, como o alginato, por exemplo, a moldeira apresentam bacia perfurada, ou com retenções internas (para reter o material de moldagem), enquanto que as moldeiras para materiais anelásticos, por exemplo godiva, apresentam a bacia lisa (sem retenções ou perfurações). As moldeiras de estoque para a maxila são constituídas por um corpo e um cabo. O corpo é formado pela base ou bacia e pelas paredes laterais. Enquanto as moldeiras de estoque para a mandíbula apresentam como diferença fundamental, a bacia dividida em duas porções ou canaletas com espaço para a língua. b) Moldeira individual: são confeccionadas especificamente para cada paciente/caso, geralmente em resina acrílica. 2) Materiais de moldagem Os materiais de moldagem são levados e mantidos em íntimo contato com os tecidos bucais para a obtenção de uma cópia fiel dos mesmos. De uma maneira geral os materiais de moldagem devem possuir as seguintes características: ● Bom tempo de trabalho; ● Grau de plasticidade deve ser tal que permita seu escoamento no momento da tomada da impressão – fluindo contra os tecidos, copiado-os sem deformá-los; ● Alteração dimensional e morfológica – o materialnão deve sofrer alterações dimensionais e nem morfológicas dentro de um certo limite de tempo, durante ou após a presa; ● Resistência ao rasgamento – após a presa, devem apresentar uma certa resistência à fratura, ao serem removidos da boca e também durante a confecção do modelo; ● Inocuidade aos tecidos bucais – não devem irritar a mucosa bucal e nem provocar sensação desagradável. Vamos fazer um rápido estudo dos materiais de moldagem mais empregados em prótese total. Os mesmos podem ser divididos quanto às suas propriedades físicas, como anelásticos, nos quais, uma vez obtido, o molde não apresenta elasticidade; e elásticos, que são aqueles que após a moldagem, apresentam alguma elasticidade, sem prejudicar a fidelidade do molde. Materiais de moldagem anelásticos: a) Godiva: devido às suas propriedades termoplásticas, a godiva permite requerimento e plastificações sucessivas, remoldagem e reparos sendo que, esses procedimentos podem ser realizados seccionalmente. O escoamento do material, durante a moldagem, pode ser sujeito a controle. Sua principal qualidade consiste em uma gama de características que permitem, ao operador, levar em consideração as necessidades biomecânicas da moldagem. Outra vantagem reside na possibilidade de testarmos o molde durante as diversas fases de sua obtenção e sempre que alterações ou correções sejam necessárias elas podem ser feitas facilmente. Pelo estudo das características da godiva, notamos que sua melhor característica consiste em permitir moldagens sucessivas, pois permite requerimento totais, ou por áreas, com remoldagem de regiões determinadas. Devido a ser um material termoplástico, seu "endurecimento" é progressivo, o que nos permite moldar as estruturas de suporte em sua dinâmica. Podemos, enquanto moldamos, executar ou pedir ao paciente que execute, movimentos musculares com o fito de impressionar, em nosso molde, aquelas estruturas para-protéticas como músculos e bridas, freios e inserções musculares, em movimento. b) Pasta Zincoeugenólica (OZE): utilizadas para moldagens com moldeiras individuais (devido a sua fluidez e capacidade de copiar as estruturas). O tempo de trabalho desse material é grandemente afetado pelas condições climáticas (umidade e calor), pela proporção da mistura e pela maneira de espatular o material. Proporção incorreta, calor, umidade em excesso aceleram o tempo de presa do material. Sua apresentação comercial é feita em duas bisnagas, com bocas de diâmetros diferentes, de maneira que a proporção correta é obtida por comprimentos iguais de pasta sobre uma placa de vidro ou papel encerado. Geralmente a cor das pastas também é diferente conforme trata-se do agente catalisador ou da base (vermelho para o agente e branco para a base, embora possa variar de fabricante para fabricante). A mistura é feita espatulando-se comprimentos iguais de pasta até se obter uma cor uniforme. Devemos considerar, sempre, a temperatura ambiente quando usamos esse material. As principais vantagens da pasta OZE podem ser listadas: ● Facilidade de se obter uma adaptação correta; ● Escoamento uniforme, mesmo sob baixa pressão; ● Adesividade à moldeira mesmo quando reduzida a um filme de material facilidade de separação dos moldes vazados (por aquecimento em banho-maria). Materiais de moldagem elásticos: com o desenvolvimento crescente da Odontologia tornou-se necessário o uso dos materiais elásticos que permitissem moldagens de arcos dentais, portanto retentivos, de uma só vez. Esses materiais associam a fidelidade de impressão à fidelidade dimensional, permitindo rápida e facilmente, a moldagem de regiões retentivas, retornando à posição original após a retirada do molde da boca do paciente. Dentre o grande número de materiais elásticos existentes atualmente podemos citar: a) Hidrocolóide irreversível (alginato): apresentados como um pó que é adicionado à água e espatulado até obtermos uma mistura cremosa, que é levada à boca em uma moldeira e mantida em posição, até sua completa geleificação. A grande vantagem desses materiais reside em sua elasticidade que nos permite a retirada das impressões mesmo nos casos mais difíceis de arcadas retentivas ou guarnecidas de dentes. b) Silicones, polieteres e mercaptanas: o avanço das técnicas industriais permitiu o desenvolvimento de outros materiais, semelhantes aos colóides quanto à sua elasticidade, porém, cuja composição química característica lhes confere estabilidade dimensional, permitindo um tempo de trabalho maior. Questões: 1- Qual a diferença entre moldagem, molde e modelo? 2- Como são classificadas as técnicas de moldagem? 3- Quais fatores são considerados na indicação de determinada técnica e material para a realização das moldagens? 4- Quais são as características ideais dos materiais de moldagem? 4.4 Moldagem anatômica Conceito Também denominada PRIMEIRA MOLDAGEM, MOLDAGEM PRELIMINAR ou moldagem de estudo. Tem a finalidade de dar origem a um modelo que abranja o máximo de estruturas possíveis, possibilitando uma visão panorâmica do rebordo moldado. Ela reproduz fielmente os acidentes anatômicos da boca em seu estado atual. A configuração da superfície de moldagem rege as relações que a prótese vai manter com a superfície sobre a qual estará assentada. Essas circunstâncias determinam a sustentação, parte da retenção e parte da estabilidade do aparelho protético. A moldagem anatômica deve possibilitar: ● Delimitação correta da área chapeável; ● Verificação da tonicidade das inserções musculares que vem terminar na zona do selado periférico; ● Estudar a necessidade ou não de cirurgia pré-protética; ● Permitir a confecção da moldeira individual. Para isso, é necessário afastar os tecidos moles, utilizando materiais de moldagem densos, que “empurrem” os tecidos e propiciem condições para a visualização abrangente do rebordo. Como opções temos: godiva, alginato e as silicones de adição e condensação (massa densa). O primeiro passo no procedimento de moldagem é a escolha do material que será utilizado. A seguir, será explicado os passos clínicos tendo o alginato e a godiva como materiais de escolha. 1) Passos clínicos da moldagem utilizando alginato Além de suas propriedades satisfatórias, a utilização do alginato para esta fase do tratamento se deve ainda pelo aspecto da biossegurança, já que este não requer o uso de equipamento térmico, como é o caso da godiva, que possibilita maior chance de infecção cruzada em razão da possibilidade de reutilização do material por sua característica termoplástica. Posição do paciente e do operador ● Para maxila: a cadeira deve estar ligeiramente inclinada para trás e o paciente com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em posição de repouso. A altura da cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao nível do cotovelo do operador. Posição do operador: 1ª fase à direita e à frente 2ª fase à direita e atrás Fonte: Turano e col. ● Para mandíbula: como na moldagem superior, a cadeira deve estar ligeiramente inclinada para trás e o paciente com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em posição de repouso. A altura da cadeira deve ser tal que o mento do paciente fique ao nível do ombro do operador. Posição do operador: à direita e à frente. Fonte: Turano e col. Sequência clínica 1. Escolha do material de moldagem 2. Organização da bancada 3. Escolha da moldeira 4. Individualização da moldeira 5. Proporcionamento do material 6. Manipulação do material 7. Carregamento da moldeira 8. Moldagem arco superior e/ou inferior 9. Obtenção do molde 10. Desinfecção do molde Os materiais necessários para a organização da bancada são: ● Moldeira de estoque perfurada para maxila e/ou
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