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APOSTILA DE PRÓTESE TOTAL 2020

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Apostila 
de 
Prótese Total 
 
 
 
Curso de Odontologia 
 
Disciplina de Prótese Total 
 
 
 
São José dos Campos 
2020 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“JULIO DE MESQUITA FILHO” 
Campus de São José dos Campos 
Instituto de Ciência e Tecnologia 
Apostila 
'Prótese Total " – UNESP – ICT/São José dos Campos 
(Baseada em Cerveira Netto , H) 
 
Autores 
 
HENRIQUE CERVEIRA NETTO 
Prof. Emérito do Instituto de Ciência e Tecnologia de São José dos Campos - UNESP. 
Ex. Prof. Titular de Prótese Dentária da F.O. de Santos – UNIMES e UNIP-São Paulo 
 
1ª ed. 
O presente trabalho tem por finalidade orientar o estudo teórico das Próteses Totais Mucosuportadas. 
Não se trata de um trabalho completo sobre o assunto, nem dispensa o estudo mais profundo nos livros 
didáticos. 
Queremos deixar bem claro que nossa intenção foi compilar um roteiro didático que oriente, 
cronologicamente, os diversos pontos de interesse no estudo da matéria. 
 
2ª ed. (1996) 
Mantendo o mesmo espírito original, foi nossa intenção atualizar alguns conceitos e apresentar 
variações técnicas que se impuseram no transcorrer desses anos. 
Espero que esta compilação continue sendo útil e facilite o aprendizado da Prótese Total, despertando 
o prazer latente e o orgulho do trabalho bem executado. 
 H.C.N. 
3ª ed. (2012) 
Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese FOCSJC - UNESP 
Atualizado pelo Prof. Tarcisio J A Paes Jr 
 
4ª ed. (2015) 
Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese ICT - UNESP 
 
5ª ed. (2020) 
Disciplina de Prótese Total - Depto de Materiais Odontológicos e Prótese ICT - UNESP 
 
 
Professores: 
 
Alexandre Luiz Souto Borges 
Estevão Tomomitsu Kimpara 
Paula Carolina Komori de Carvalho 
Rubens Nisie Tango 
Tarcisio José de Arruda Paes Junior 
 
Alunos de Pós Graduação: 
 
Ana Beatriz Gomes de Carvalho 
Cristiane Mayumi Inagati 
Leonardo Jiro Nomura Nakano 
Natália Inês Gonçalves 
Natália Rivoli Rossi 
 
 
PREFÁCIO 
 
A 5ª Edição da “APOSTILA DE PRÓTESE TOTAL” é uma versão atualizada do conteúdo 
das edições anteriores, portanto, no que se refere aos conceitos propostos originariamente, na 
primeira edição, pelo “Prof. Emérito HENRIQUE CERVEIRA NETTO”, estão preservados. 
A equipe da Disciplina de Prótese Total do Curso de Odontologia, Instituto de Ciência e 
Tecnologia do Campus de São José dos Campos da UNESP (ICT-CSJC-UNESP), juntamente 
com os Pós Graduandos, se propuseram a realizar mais uma revisão, inserção de alguns dados 
atualizados do contexto e materiais ilustrativos, no sentido de tornar o aprendizado mais efetivo. 
A ideia da elaboração da “APOSTILA DE PRÓTESE TOTAL”, na época pelo Prof. 
Henrique, se deu para facilitar um acompanhamento lógico da sequência adotada pela disciplina 
não isentando da necessidade de buscar informações complementares em outros compêndios. 
Isto também está mantido. 
O exercício da atividade docente na disciplina de Prótese Total fez com que verificássemos 
a complexidade de um tratamento e a necessidade do conhecimento consistente para uma boa 
finalização do processo. Desta forma, temos a inteira convicção do grande auxílio que este 
material na sua 5ª. Edição irá proporcionar aos estudantes. 
Aos estimados alunos que iniciam no estudo da Prótese Total, queremos afirmar que estão 
diante de um grande desafio, mas temos a certeza que se o envolvimento de vocês for de forma 
séria, empenhada e dedicada obterão os resultados mais satisfatórios e gratificante que um 
tratamento pode proporcionar. 
Afinal de contas, tratar da saúde de um semelhante é privilégio de poucos, devemos fazê-
lo com muita responsabilidade!!! 
 
UM BOM CURSO!!!!!! 
 
Prof. Tit. Estevão Tomomitsu Kimpara 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
Prefácio 
1. Introdução ao Estudo da Prótese Total 
1.1. Edentulismo no Brasil e no Mundo 
1.2. Finalidades do tratamento 
1.3. Desafios e índice de satisfação 
2. Meios de Retenção e estabilidade em Prótese Total 
2.1. Meios Físicos e Princípios biomecânicos 
2.2. Planos Inclinados 
3. Anamnese e Exame clínico 
3.1. Ficha clínica 
3.2. História médica 
3.3. Exame extra-bucal 
3.4. Exame da boca 
3.5. Exames complementares 
3.6. Exames do modelo de estudo 
4. Estudo das moldagens 
4.1. Limites da área chapeável 
4.2. Músculos para-protéticos 
4.3. Introdução ao Estudo das moldagens 
4.4. Moldagem anatômica 
4.5. Confecção da moldeira individual 
4.6. Moldagem funcional 
5. Planos de orientação 
5.1. Base de Prova 
5.2. Plano de orientação Superior (Corredor bucal, projeção dos incisivos, altura 
do sorriso, Planos de Frankfurt e Camper) 
5.3. Plano de orientação Inferior (DV, técnicas de determinação) 
6. Montagem em Articuladores 
6.1. Articuladores 
6.2. Montagem do modelo superior 
6.3. Curva individual de compensação 
6.4. Relação Central (manipulado, montagem, registro extra oral) 
6.5. Montagem do modelo inferior 
6.6. Individualização do articulador 
7. Montagem de dentes 
7.1. Escolha de dentes 
7.2. Prova estética 
7.3. Prova funcional 
7.4. Ceroplastia 
8. Fases Laboratoriais 
8.1. Inclusão 
8.2. Caracterização 
8.3. Acrilização 
8.4. Acabamento e polimento 
9. Instalação e cuidados posteriores 
9.1. Inspeção 
9.2. Provas funcionais 
9.3. Recomendações 
9.4. Consultas de controle e alta clínica (consertos, questionamentos de 
satisfação) 
10. Remontagem e moldagem de boca fechada 
11. Prótese total imediata 
12. Overdentures 
Índice remissivo 
 
 1. Introdução ao estudo da Prótese Total 
 
O que é prótese? Peça artificial que substitui um órgão ou parte do corpo que apresenta 
deficiência grave, assegurando suas respectivas funções, ou que ajuda ou proporciona 
melhora em uma função natural. (Dicionário Michaelis) 
“A prótese total é o ramo da Prótese que se propõe a restaurar de maneira total o 
paciente desprovido de dentes”. 
 
As próteses totais são uma necessidade terapêutica não só na reabilitação do 
sistema estomatognático, como também na reabilitação psicossocial. Atualmente, a 
aspiração estética tem sido uma das maiores motivações dos pacientes, e deve ser 
atendida com ponderação, coadjuvada com a compreensão do paciente. Nesta questão, 
o cirurgião-dentista deve ser um educador para seu paciente, explicando os detalhes que 
compõem o tratamento, tais como a forma e distribuição dos dentes, postura labial, forma 
do rosto, sorriso, idade, sexo, e muitos outros fatores que podem ser analisados, os quais 
juntos formarão um conjunto que ajudará a compor a personalidade do paciente, 
individualizando-o em seu meio. É necessário também que o profissional use de um 
vocabulário coerente e evite uma linguagem requintada ou termos técnicos que o paciente 
não consiga entender. 
O paciente idoso, nos dias atuais, participa coerentemente durante sua 
reabilitação, tentando colaborar com a sua melhoria estética e funcional com opiniões 
importantes. É papel do cirurgião-dentista ouví-lo e compreendê-lo o máximo que puder, 
pois quanto maior a ajuda, maior o sucesso de seu tratamento. Além disso, o profissional 
deve se apoiar em técnicas precisas e conhecimentos científicos plenos para traduzir 
clinicamente as informações recebidas e conseguir alcançar o sucesso esperado. 
1.1 Edentulismo no Brasil e no mundo 
 
Há alguma décadas, os conceitos de higiene e prevenção oral não eram muito 
difundidos entre a população. É muito comum encontrarmos na clínica pacientes idosos 
relatando que tiveram seus dentes extraídos enquanto ainda eram jovens, por diversos 
motivos. 
Ao invés de tratamentos restauradores e conservadores, a extração dentária era o 
tratamento mais comum e acessível naquela época. 
Com o passar do tempo, houve uma grande difusão dos conceitos de higiene, 
preservação e prevenção, tantopela ação governamental, bem como ações promovidas 
por organizações privadas, que, por meio de doações e recursos próprios, financiam 
trabalhos por todo o Brasil. 
Como exemplo temos o “Brasil Sorridente”, que é uma política do governo federal 
com o objetivo de ampliar o atendimento e melhorar as condições de saúde bucal da 
população brasileira. O “Instituto Sorrir Para a Vida” é uma organização não 
governamental criada para garantir o tratamento odontológico de pessoas com câncer e 
com deficiências, em situação de vulnerabilidade social. Já o “Dentista do Bem” é o 
principal projeto da TdB (Turma do Bem), e conta com o trabalho voluntário de cirurgiões-
dentistas que atendem em seu próprio consultório crianças e jovens de baixa renda entre 
11 e 17 anos, proporcionando-lhes tratamento odontológico gratuito até que completem 
18 anos. Atualmente, é a maior rede de voluntariado especializado do mundo. 
De 1980 a 2010, no Brasil, houve expressiva redução no valor do CPOD da 
população. Nosso país apresentava uma prevalência muito alta de cárie dentária em 1980 
(CPOD = 7,3), e passou para uma baixa prevalência (CPOD = 2,1) em 2010. As principais 
causas para esta redução foram o aumento no uso de compostos fluoretados na água de 
abastecimento, nos dentifrícios e na aplicação tópica dos dentes; maior acesso da 
população aos serviços odontológicos; aumento das ações de promoção de saúde e 
prevenção em saúde bucal. 
 
 
 
 
Gráfico retirado do artigo “Variação do índice CPOD do Brasil no período de 1980 a 2010” (Rev. bras. 
Odontol. 2015). 
 
 
Entretanto, mesmo com a redução do índice de CPOD, o edentulismo ainda afeta 
boa parte da população brasileira e mundial. Segundo o artigo “O edentulismo no Brasil: 
epidemiologia, rede assistencial e produção de próteses pelo Sistema Único de Saúde” 
publicado em 2016, 53,9% dos pacientes analisados entre 65 e 74 anos apresentam 
ausência total de dentes. Além disso, este artigo afirma que quanto maior a idade do 
paciente, maior sua perda dentária; e quanto menor sua escolaridade e sua renda, 
também há maior perda dentária. Porém, este índice de edentulismo considerável não 
ocorre apenas no Brasil, visto que um dado publicado em 2000 mostra que países 
considerados desenvolvidos como Finlândia e Inglaterra também apresentam uma 
quantidade considerável de indivíduos edêntulos, sendo 41 e 46%, respectivamente, para 
as mesmas faixas etárias (WHO Global Oral Health Data Bank and WHO Oral Health 
Country/Area Profile Programme, 2000). 
 
1.2 Finalidades do tratamento 
 
"Na construção de próteses totais, o objetivo principal é a preservação dos 
rebordos alveolares; os objetivos secundários serão a eficiência mastigatória e a estética". 
TRAPOZZANO, V.R. (1959) 
"Devemos ter sempre em mente que o campo sobre o qual apoiamos nossos 
aparelhos protéticos, não é estável ou fixo, porém sujeito a contínuas alterações, no 
espaço e no tempo."- ALDROVANDI, C. (1960) 
 
As principais finalidades do tratamento com próteses totais são: 
1- Restaurar a função mastigatória: sabe-se que, com a ausência dos dentes, a 
mastigação é prejudicada. Sendo assim, as próteses totais devem ter como finalidade 
devolver o conforto e a função mastigatória ao paciente, dentro das possibilidades e 
considerando as limitações do tratamento; 
 
2- Restaurar as medidas e contornos da face segundo a estética: o paciente 
desdentado sofre algumas alterações no contorno facial, tais como redução da 
dimensão vertical, e consequentemente o aparecimento do chamado “perfil de 
polichinelo”. A confecção de próteses totais adequadas tem como finalidade 
restabelecer na medidas do possível as dimensões perdidas ao longo do tempo, e 
também melhorar outros contornos faciais, tais como o suporte labial e sulco naso-
labial, por exemplo; 
3- Corrigir os defeitos da fonética devido à perda dos dentes: além das outras 
condições já citadas, a perda dos dentes também causa alterações na fonética do 
paciente devido a dificuldade de pronunciar fonemas línguo-dentais e lábio-dentais. 
Uma prótese bem confeccionada conseguirá corrigir e melhorar este aspecto tão 
importante; 
4- Restaurar sem produzir lesões ao paciente: este conceito é fundamentalmente 
biológico, pois é essencial que nossas próteses, ao restaurar algumas funções, não 
prejudiquem outras além de manter tecidos bucais saudáveis. 
1.3 Desafios e índice de satisfação 
 
Um dos grandes desafios no tratamento com prótese total é a expectativa do 
paciente, pois muitas vezes o paciente associa o tratamento com prótese total a um 
artesanato: ele acredita que o dentista toma as medidas, prova e entrega a prótese. É 
dever do cirurgião-dentista desconstruir esta ideia dos pacientes, explicando com cautela 
e paciência as limitações, os procedimentos, e adequando suas expectativas ao 
tratamento. A adaptação de uma prótese é difícil, e o profissional deve ser claro e realista 
para explicar ao paciente que não é uma questão de material, mas sim, um tratamento 
biológico. Neste tratamento, várias modificações ocorrem e o paciente precisa entender 
que as próteses totais devem ser substituídas em um prazo médio de cinco anos. 
 
 
As causas mais frequentes de falhas das Próteses Totais são: 
1- Comprometimento psíquico; 
2- Estudo prévio insuficiente e/ou mau preparo da boca; 
3- Pouco cuidado na tomada das impressões (moldagens); 
4- Falha no estabelecimento da OC; 
5- Pressões desequilibradas quando da tomada dos registros; 
6- Falha na delimitação das bordas; 
7- Nível oclusal incorreto; 
8- Estética insuficiente; 
9- Falhas no ajuste oclusal e desgastes. ROWE, A.T. (1935) 
 
 
Prognóstico 
 
Baseia-se na coleta de todos dados citados. O prognóstico deve ser informado ao 
paciente para que ele saiba das limitações da prótese, antes mesmo da confecção da 
mesma. 
 
"Como alguém pode esperar, preparar seu paciente psicologicamente e 
acompanhá-lo durante o período de sua volta à normalidade, sem o profundo 
conhecimento da anatomia, fisiologia e patologia envolvidas?".MONSON, G.S. (1922) 
 
O prognóstico está diretamente ligado ao perfil psicológico do paciente, que pode 
ser dividido em receptivo, cético, histérico, e indiferente. O paciente receptivo 
geralmente é calmo, equilibrado, motivado e confia no profissional. O prognóstico para 
este paciente tende a ser favorável, pois por mais que tenha uma certa dificuldade no 
caso, ele é colaborativo e entende as limitações do tratamento. O paciente cético é 
sistemático e de difícil satisfação, aquele que tenta comandar o tratamento. 
Neste caso, o prognóstico é duvidoso, pois o paciente geralmente não confia no 
profissional como deveria, subestimando seu conhecimento. Já o paciente histérico é 
inquieto e nervoso, geralmente tem saúde bucal precária e tem histórico de já ter feito 
diversos tratamentos mal-sucedidos. O prognóstico tende a ser desfavorável pelo mesmo 
motivo do paciente anterior. Por fim, o paciente indiferente normalmente é despreocupado 
com sua aparência e é levado ao tratamento por insistência de outros (como familiares, 
por exemplo). Não se incomoda com a ausência de dentes, e o prognóstico é duvidoso. 
O prognóstico também é dependente da motivação do paciente, que funciona como 
um índice da cooperação que poderemos esperar de sua parte. Costuma-se classificar as 
diversas motivações como sendo por familiares e amigos, estética, dor e saúde, sendo a 
estética e a dor as principais motivações da grande maioria dos pacientes. Segundo José 
Ceratti Turano, no livro Fundamentos de Prótese Total (2010), estas são as motivações 
que levam o paciente a procurar o tratamento com próteses: 
1) Por dor: os pacientes que procuram o dentista apenas em caso de dor são, 
geralmente, aqueles que cuidam mal de seus dentes e que, desesperados 
correm ao consultório porque a dor escolhe sempre o pior momento para 
aparecer. Estespacientes possuem uma ideia errônea do que é a prótese 
total, porque o paciente sofre bastante, inevitavelmente, em todo o processo 
de adaptação da prótese total. Não devemos aceitar a dor como motivação 
para adaptação de uma prótese total. Exemplo: paciente que chega ao 
consultório com dor e pede para o cirurgião-dentista extrair todos os dentes 
e fazer uma prótese total. 
2) Por outro indivíduo: pacientes que são motivados por outros pacientes. Neste 
caso, devemos fazer o paciente assumir a responsabilidade de instalar a 
prótese total, sem que esta responsabilidade seja passada a pessoa a qual 
o levou ao consultório, como a/o esposa/o, por exemplo. 
3) Por estética: já é um caso mais favorável, pois demonstra que o paciente se 
importa mais com sua aparência. Porém, existe uma diferença entre a 
aspiração estética do paciente e as limitações dentro da possibilidade do 
tratamento com prótese total. 
 
 
4) Por prevenção: são os pacientes que sempre procuraram tratar seus dentes, 
e que agora, necessitam de prótese total. Mesmo assim, é necessário que o 
profissional saiba orientá-lo frente ao seu novo comportamento, diante das 
dificuldades e limitações que envolvem este tipo de prótese. 
5) Fatores socioeconômicos: independente da condição socioeconômica do 
paciente, ele necessita repor seus dentes perdidos. 
 
"A construção de próteses totais se inicia no momento em que o paciente se 
apresenta. O protesista imediatamente, estima ou classifica por análise 
criteriosa, o tipo, caráter e atitude mental do indivíduo". PATERSON 
(1923). 
 
Questões: 
1- Quais são as finalidades do tratamento por próteses totais? Explique. 
2- Quais são as causas mais frequentes de falhas no tratamento com 
próteses totais, e como evitá-las? 
3- Qual o papel do cirurgião-dentista no sucesso do tratamento com 
próteses totais? 
Princípios Biomecânicos que regem as Próteses Totais 
2. Meios de Retenção e Estabilidade 
 
RETENÇÃO é a capacidade da prótese de resistir às forças extrusivas que tendem 
a deslocá-la de sua posição. 
Como fator de retenção podemos citar a atividade muscular exercida 
inconscientemente pelo próprio paciente, mantendo a adaptação dos tecidos 
circunjacentes às bordas da prótese. É evidente que não poderemos contar com esta 
capacidade do paciente ao confeccionarmos próteses, e sim devemos criar as condições 
necessárias para que isso ocorra. Portanto, vamos utilizar meios físicos de retenção: 
 
 
a) Gravidade: força que age de maneira positiva para a mandíbula e negativa para a 
maxila. Houve uma época em que se utilizava a gravidade como um auxiliar para a 
retenção de próteses mandibulares, aumentando o peso das próteses totais 
mandibulares. Mesmo não levando em consideração o desconforto causado ao 
paciente, o simples conhecimento das leis de reabsorção já contraindicam o uso da 
gravidade como fator auxiliar na retenção de próteses totais mandibulares. 
b) Adesão: podemos conceituar a adesão como a força de atração física entre 
moléculas diferentes entre si, quando em íntimo contato. Por exemplo, quando a saliva 
molha e se adere à superfície da área basal da prótese e à membrana mucosa da 
superfície de assento. Para melhor compreendermos a adesão devemos estudar outra 
força intermolecular que é a coesão. 
 
 → Coesão: força inter-molecular existente entre as moléculas de um mesmo corpo, 
força esta que mantém a unidade da substância como um corpo. As forças de coesão 
que são responsáveis pela TENSÃO SUPERFICIAL nos líquidos. 
 
Podemos entender o mecanismo da adesão com um esquema: 
 
Há coesão entre as moléculas da fibromucosa e coesão entre as moléculas da 
saliva. Se tivermos um íntimo contato entre a saliva e a fibromucosa, rompendo a tensão 
superficial da saliva, essa força se exercerá, em forma de adesão tendendo a manter 
unidas a película de saliva e a fibromucosa, como um corpo único. 
Por outro lado temos coesão entre as pérolas de resina da base da prótese total e 
coesão entre as moléculas da saliva; se mantivermos um íntimo contato entre as duas, 
rompendo a tensão superficial da película de saliva; as forças de tensão superficial da 
saliva exercerão adesão sobre a resina da base da prótese total. 
Seguindo esse raciocínio, se tivermos um íntimo contato entre a base da 
prótese total e a fibromucosa de maneira que reste apenas um filme de saliva 
interposto, as forças de tensão de saliva agirão tanto sobre a base da prótese como 
sobre a fibromucosa mantendo-as em contato e impedindo sua separação. 
 
 
 
 
A resistência à penetração do ar entre a mucosa e a base da prótese é dada pela 
película de saliva que existe entre elas, denominada lâmina interfacial. Quando se retira 
uma prótese total da boca, verifica-se que há uma lâmina de saliva na superfície interna 
da prótese e uma lâmina de saliva na mucosa que estava recoberta pela prótese. Isso se 
dá porque, ao se romper a lamina de saliva interposta entre a mucosa e a prótese, a força 
de adesão da saliva com a prótese e a saliva com a mucosa é maior do que a de coesão 
das suas moléculas. 
 
“Quanto melhor for a adesão, quanto menor for a película de saliva e quanto 
maior a área basal, maior será o efeito retentivo proporcionado pela 
coesão.” JOSÉ CERATTI TURANO – FUNDAMENTOS DE PRÓTESE 
TOTAL 2010 
 
Podemos visualizar esse fenômeno, por exemplo, quando unimos duas placas de 
vidro com água interposta: quanto menor for a película de líquido mais difícil será a 
separação das placas. 
STANITZ estudou esse aspecto da retenção elaborando a fórmula: 
F = força de retenção 
A = área de contato 
C = coeficiente de tensão superficial 
E = espessura do líquido 
 
 F= 2A x C/ E 
Verifica-se que a força de retenção é diretamente proporcional a 2 vezes a área 
recoberta e ao coeficiente de tensão superficial da saliva; indiretamente proporcional à 
espessura da película líquida interposta. 
 
c) Pressão atmosférica: É do conhecimento geral que se retirarmos o ar contido 
entre dois hemisférios em contato será difícil a sua separação. Isso se dá devido à 
pressão exercida pela atmosfera. Podemos nos utilizar dessa força auxiliar e 
realmente o fazemos, quando da construção de nossos aparelhos protéticos, 
procurando o ajuste perfeito entre a base e a fibromucosa, que reduza a película 
líquida a um filme e o "selamento periférico" das bordas da prótese com o intuito de 
impedir a permanência de bolhas de ar entre a base da dentadura e a fibromucosa. 
 
Depreende-se que quanto mais íntimo for o contato da base da prótese total com 
os tecidos de suporte, menor será a espessura da película de saliva e maior a força de 
adesão. 
Quanto mais íntimo for o contato das bordas da prótese total com os tecidos 
circunvizinhos, menor será a possibilidade de entrada de ar entre as partes e mais efetiva 
será a ação da adesão e da pressão atmosférica como meios de retenção. 
2.1 Meios físicos e princípios biomecânicos 
1. Adesão 
2. Pressão atmosférica 
3. Suporte 
4. Selamento periférico 
5. Biomecânica (fisiologia) dos músculos mastigatórios 
 
1. Adesão: a adesão depende do contato íntimo entre as superfícies da fibromucosa 
e da base da prótese total. É o que denominamos "adesão por contato". A adesão é 
proporcional às superfícies de contato, sendo que, quanto maior for a área de contato 
maior será a adesão. 
 
2. Pressão atmosférica: pressão é força atuando sobre superfície. Quanto maior a 
superfície, mais efetiva a ação da pressão atmosférica sobre a prótese total. 
 
3. Suporte: representado pelas estruturas sobre as quais se assenta o aparelho 
protético. Essas estruturas receberão os esforços decorrentes da mastigação. 
 
4. Selamento periférico: representado pela adaptação das bordas da prótese total aos 
tecidos moles e de suporte. O selamento periférico é devido à adaptação das bordas 
da prótesetotal aos tecidos circunvizinhos, na região do fundo de sulco e limite palato 
duro/mole. 
 
 
"A base da prótese total deve recobrir tanto a superfície de suporte e tecidos 
circunvizinhos quanto possível, sem interferir nos movimentos dos músculos e bridas 
susceptíveis de deslocar o aparelho protético de sua posição ou causar injúrias ao 
paciente." 
2.2 Planos inclinados 
 
Uma prótese total promove boa distribuição de cargas axiais, ou seja, cargas 
resultantes em direção ao longo eixo do rebordo. Planos inclinados são cargas em 
quaisquer outras direções, que desviam forças e provocam instabilidade. O protesista 
deve procurar sempre forças que atuem em ângulo reto, e para isto deve considerar nove 
fatores (Turano 2010): 
 
1) Direção das forças para o fechamento: tanto em dentição natural como artificial, o 
paciente leva a mandíbula à posição que lhe ofereça maior comodidade e eficiência, onde 
ele sinta maior resistência. De todas as relações excêntricas, a mandíbula tenderá sempre 
a voltar para sua posição cêntrica, e esses movimentos não verticais tenderão a 
desequilibrar as próteses totais, seja pela ação muscular não vertical, ou seja pelos planos 
inclinados das cúspides dentárias. Por isso, é preciso orientar os pacientes no sentido de 
se habituarem a executar movimentos simples de abertura e fechamento a fim de 
minimizar os planos inclinados. 
2) Ação dos músculos sobre os dentes e superfícies das próteses totais: a disposição 
dos dentes e a superfície polida da prótese podem propiciar zonas que atuam como planos 
inclinados, estabilizando ou deslocando as próteses totais, de acordo com o desequilíbrio 
que há nestas superfícies. A pressão exercida pelas bochechas e lábios sobre a superfície 
vestibular das próteses pode atuar, também, melhorando ou não a estabilidade das 
mesmas. Dessa forma, a força centrífuga exercida pela língua e a força centrípeta 
exercida pelas bochechas e lábios para colocar e manter o bolo alimentar na superfície 
oclusal dos dentes sugere que a posição ideal dos dentes seria em ponto neutro em 
relação a estas forças. 
3) Efeitos da terceira Lei de Newton: Para cada ação de uma força há uma reação igual 
e de sentido oposto. O sistema de oclusão das próteses totais deve ser orientado de tal 
modo que o paciente se sinta mais inclinado a mastigar com movimentos verticais do que 
horizontais (de lateralidade). 
A reação igual e oposta produzida como resultado dos movimentos de mastigação em 
lateralidade é mais prejudicial aos tecidos de suporte e favorece a instabilidade das 
próteses. 
4) Superfície articular da ATM: estabelecer um padrão oclusal harmônico entre 
altura de cúspide e angulação da cavidade articular - (individualização) 
5) Ângulo de abertura formado pelas superfícies de oclusão: quanto mais 
paralelas forem as superfícies oclusais superior e inferior, melhor será a estabilidade da 
prótese. Planos oclusais divergentes forçam as próteses a se deslocarem no sentido 
anteroposterior. 
6) Ação de alavanca: a inclinação do plano oclusal pode determinar uma ação de 
alavanca, causando instabilidade na prótese total. Além disso, a magnitude das forças 
mastigatórias, quando há discrepância entre os lados direito e esquerdo, também pode 
ser um fator causador de ação de alavanca. 
7) Ângulos formados pelos planos oclusais: as superfícies das cúspides no plano 
oclusal devem se engrenar de forma que possam estabelecer um “bloqueio” das próteses 
totais em função, impedindo seu deslocamento. 
8) Compressão do tecido de suporte: o rebordo sobre o qual as próteses totais 
estão adaptadas não é rígido nem compressível de modo uniforme. Sua forma não é 
estável, e pela ação e pressão mastigatória intermitente ele muda de forma gerando, 
também, ações de alavanca. Estas ações são impossíveis de remover, uma vez que são 
características inerentes ao tecido, porém podemos controlá-las regularizando a área 
basal e propiciando maior extensão da área basal das próteses no sentido de aproveitar 
um melhor apoio ósseo. 
9) Efeitos dos alívios: em algumas ocasiões o alívio não é conveniente e por isso 
não está indicado. É necessário que o cirurgião-dentista seja criterioso quanto a eleição 
das zonas de alívio para que não sejam criadas novas áreas de instabilidade. 
 
Questões: 
1- O que são planos inclinados? Cite 3 formas de minimizá-los. 
2- Explique o mecanismo de adesão e coesão que mantém a retenção da 
prótese total. 
 
3. Anamnese e Exame clínico 
 
A anamnese e o exame da boca do paciente são de grande importância pois é a 
partir deles que o planejamento é feito, e consequentemente a determinação do 
prognóstico do caso. Também é de suma importância a avaliação do estado 
mental/psíquico do paciente, que também pode influenciar no tratamento. 
Logo na primeira consulta, o paciente geralmente demonstra estar preocupado com 
quatro aspectos do exame: a estética, a ausência de dor, a eficiência mastigatória e o 
baixo custo. Por isso, o profissional deve explicitar a importância da compreensão e 
colaboração do paciente durante e após o tratamento. Por exemplo, na fase de adaptação 
com a prótese total, o dentista deve explicar que o paciente deve usá-la a maior parte do 
tempo que puder, para promover acomodação e adaptação dos tecidos bucais; também 
que pode haver dor, e que ela é importante para orientar a conduta clínica nas consultas 
de ajuste após a instalação da prótese. 
Na anamnese, além dos dados pessoais do paciente devemos ficar atentos ao 
estado físico do mesmo, pois ele é importante na determinação do prognóstico do 
tratamento. A idade e o estado físico do paciente são fatores que podem influenciar a 
reação do organismo frente ao estímulo causado pela prótese. Sendo assim, a idade 
avançada associada a bom estado físico é uma indicação para o uso de próteses, da 
mesma forma que a senilidade, por si só, já é uma contraindicação. 
Algumas perguntas também podem ser feitas num primeiro momento, a fim de o 
profissional poder compreender mais a fundo quais são as expectativas do paciente, e 
como se encontra sua condição psicológica/emocional atual: 
1- O paciente está insatisfeito com sua prótese atual? 
2- O paciente compreendeu as possíveis limitações estéticas e funcionais do seu 
caso? 
3- O paciente está informado dos custos envolvidos no tratamento? 
4- O paciente está avisado que serão necessários ajustes subsequentes a 
instalação da prótese? 
5- O paciente foi avisado que o sucesso da reabilitação depende do 
estabelecimento e do cumprimento de um programa de manutenção após a 
instalação da prótese? 
Seguindo para o exame clínico, podemos dividi-lo em exame intra e extra-oral, e 
também em visual, táctil, radiográfico e exame dos modelos de estudo. Todos estes 
exames se completam, e é assim que visualizamos todas as estruturas, palpamos os 
tecidos, e compomos sobre os modelos a realização prática do caso. 
3.1 Ficha clínica 
 
A ficha clínica é onde o dentista vai anotar todos os dados do paciente, desde 
dados pessoais como endereço e telefone para contato, até dados sobre o tratamento. É 
de extrema importância para o seguimento do tratamento (desde o início até os controles 
posteriores), uma vez que deve conter as observações, limitações e etapas do caso 
clínico. 
A ficha clínica deve conter: 
a) local para anotar dados pessoais; 
b) local para registro dos dados obtidos no exame clínico; 
c) esquema de PENDLETON com descrição das áreas; 
d) local para diagnóstico e prognóstico; 
e) local para anotações durante o tratamento e controles posteriores. 
 
3.2 História médica 
 
Com relação à história médica do paciente, há algumas alterações que são 
frequentes em pacientes idosos, e que devemos ter atenção. São elas: redução do fluxo 
salivar ou xerostomia, infecções fúngicas (como candidíase), osteoporose, edema 
causado pela retenção de líquido e hiperplasia fibrosainflamatória. 
A saliva é fundamental tanto para indivíduos dentados quanto para desdentados. 
Suas principais funções são promover ação antibacteriana e antifúngica no meio bucal, 
iniciar a digestão, lubrificar e proteger a mucosa, entre outros. Além disso, em pacientes 
desdentados, promove a retenção das próteses totais por meio da força de adesão, em 
que uma fina película de saliva se interpõe entre a superfície da prótese e o rebordo. A 
secreção diária de saliva atinge normalmente 800mL a 1500mL, e a redução desse fluxo 
pode influenciar diretamente a reabilitação do paciente, causando perda de retenção, 
formação de ulcerações traumáticas devido ao contato direto da prótese com a mucosa, 
e dificuldades na mastigação. 
A redução do fluxo salivar ou a ausência de saliva podem ser causadas por 
doenças como a Síndrome de Sjörgren; tratamentos de radioterapia em região de 
cabeça/pescoço; pelo uso de alguns medicamentos (ansiolíticos, broncodilatadores, 
anticonvulsivantes, antidepressivos, entre outros); e pelo desequilíbrio hormonal comum 
na menopausa. Mais uma vez vê-se a importância da anamnese, em que o profissional 
deve perguntar quais os tipos de medicamentos usados pelo paciente, histórico de 
doenças anteriores e se notou alguma alteração no fluxo salivar no decorrer dos últimos 
anos. 
Nestes casos, recomenda-se que o paciente coloque pequenas quantidades de 
água na boca durante o dia (sem engolir), para promover hidratação da mucosa, e nos 
casos mais severos recomenda-se o uso de saliva artificial. 
Infecções fúngicas também são relativamente comuns em pacientes usuários de 
próteses totais, e isso se deve principalmente pela má higiene (que permite a proliferação 
de microorganismos), e uso contínuo da prótese (especialmente à noite, quando a 
produção de saliva diminui). A principal infecção fúngica que acomete estes pacientes é 
a candidíase eritematosa. Nestes casos, o tratamento mais eficaz é orientar o paciente 
para que consiga uma melhoria na higienização das próteses e reforçar a importância de 
permanecer um período sem utilizá-las, especialmente a noite. O uso tópico de 
substâncias antimicrobianas como nistatina e clorexidina 0,12% também pode colaborar, 
porém age como um coadjuvante uma vez que o paciente precisa seguir as medidas 
citadas anteriormente. Em casos graves ou persistentes indica-se o uso de medicação 
sistêmica. 
A osteoporose é uma alteração que pode influenciar significativamente a 
reabsorção do rebordo residual, e uma manifestação clínica importante dessa alteração é 
a diminuição da densidade óssea, observada através de exames por imagem, como a 
radiografia. A osteoporose pode ser dividida em dois tipos, sendo o tipo I consequência 
da redução hormonal causada pela menopausa e que afeta osso trabecular. Já o tipo II é 
resultante do processo de envelhecimento das funções intestinais, renais e hormonais, 
que afeta tanto osso trabecular quanto cortical. Mulheres são mais propensas a serem 
afetadas pela osteoporose, uma vez que estão sujeitas aos dois tipos. É válido ressaltar 
que a reabsorção óssea influencia a reabilitação pela instabilidade e falta de retenção das 
próteses, bem como pelo deslocamento de estruturas anatômicas importantes. 
Por fim, a hiperplasia fibrosa inflamatória é uma lesão que surge na mucosa 
como resposta à presença de uma irritação crônica associada a má adaptação da prótese 
ou pelas chamadas “câmaras de sucção”, recurso utilizado de forma errônea, na 
"tentativa" de se aumentar a retenção das próteses totais. O tratamento para esta 
alteração tecidual consiste na redução da região sobre estendida da base da prótese para 
melhor adaptação ou confecção de uma nova prótese, e em alguns casos remoção 
cirúrgica da lesão. 
 
 
Paciente com a prótese total em posição. 
 
 
Com a remoção da prótese total, é possível observar a hiperplasia na região da borda da 
prótese. 
 
Visão mais aproximada da lesão. 
 
 
 
 
 
Lesão no palato provocada por câmara de vácuo 
 
3.3 Exame extra-bucal 
 
É de fundamental importância que o profissional tenha o conhecimento sobre a 
anatomia extra-oral e intra-oral, para assim, saber diagnosticar as alterações presentes 
no paciente e propor o melhor tratamento para o mesmo. Com relação a anatomia extra-
oral devem ser analisados: 
 
- Lábios; 
- Bochechas; 
- Freio labial: músculo Orbicular dos lábios; 
- Articulação temporomandibular (ATM). 
 
Além disso, também devem ser observadas a dimensão vertical, o suporte labial, a 
linha do sorriso e a altura incisal (no caso do paciente já ser usuário de próteses totais). 
Estes quesitos podem ser observados ao longo da anamnese, enquanto o cirurgião-
dentista está conversando com o paciente, a fim de perceber como estas estruturas e 
parâmetros se comportam em repouso, e enquanto o paciente fala. 
 
3.4 Exame intra-bucal 
 
O exame da boca do paciente desdentado pode ser dividido em três seções: a 
anatomia do desdentado; o exame da fibromucosa e o exame do tecido ósseo, bem como 
a identificação da reabsorção óssea. 
 
3.4.1 Anatomia do desdentado dental 
 
Maxila: 
- Rugosidades palatinas 
- Rafe palatina 
- Tórus maxilar 
- Forames palatinos (emergência de nervos) 
- Zona glandular do palato mole (não deve ser recoberta) 
- Arcos alveolares 
- Tuberosidades 
- Freio labial: músculo orbicular dos lábios 
- Inserção do músculo bucinador 
- Fossa pterigomaxilar 
- Ligamento pterigomaxilar 
 
Maxila edêntula 
Mandíbula: 
- Freio labial: músculo Quadrado do mento e músculo Orbicular dos lábios 
- Freio lingual: músculo Genioglosso 
- Forames mentonianos (emergência de nervos) 
- Inserção do músculo Bucinador 
- Linha oblíqua externa: inserção do músculo Bucinador e do músculo Masseter 
- Papila (trígono) retromolar - inserção de fibras profundas do músculo temporal 
 - Músculo Constritor Superior da Faringe 
- Linha oblíqua interna: inserção dos músculos - Milohioideo, Geniohioideo, 
Pterigohideo medial 
- Língua 
 
Mandíbula edêntula 
 
3.4.2 Fibromucosa 
 
A fibromucosa apresenta-se como uma camada de epitélio escamoso estratificado 
repousando sobre outra camada, a túnica própria. Este por sua vez divide-se 
histologicamente em camada papilar e camada reticular. Epitélio e Túnica constituem a 
MUCOSA que se apoia na SUB-MUCOSA. Esta é constituída por um retículo de fibras 
elásticas frouxas e vasos. 
O epitélio, por razões de sua função, apresenta-se recoberto por uma camada 
córnea de células estratificadas nas regiões do palato duro e gengivas. 
As propriedades da fibromucosa que têm interesse protético são: 
· Tonicidade: sua textura ao toque, sua resistência a deslocamentos. Pode sofrer 
alterações de acordo com o estado físico do paciente e/ou devidas a hiperplasias 
localizadas (edema - conteúdo histamínico). 
· Resiliência: propriedade de devolução de esforços. Capacidade da fibromucosa de 
voltar ao seu estado primitivo após ter sofrido certa deformação a uma carga 
localizada. Está intimamente ligada à tonicidade. 
 
As alterações que ocorrem, tanto em tecidos moles como em tecido ósseo de 
suporte, afetam as posições das bases das próteses e portanto a oclusão. Os tecidos 
moles respondem rapidamente aos estímulos externos como pressão, calor, frio e aos 
estímulos internos como a quantidade de fluidos que contêm nutrientes, sais e pressão 
sangüínea. 
Um estudo feito em 1967 avaliou 522 pacientes portadores de próteses e as 
conclusões obtidas foram (The Etiology of Mucosal Inflammation Associated with 
Dentures. LOVE, William D. et alii J.Pros.Dent.,18(6):515-27, 1967): 
1- A adaptação da prótese tem a maior importância na condição da mucosa de 
revestimento, mais do que qualquer outro fator. 
2- A remoção das próteses à noite reduz, drasticamente, a incidência de 
inflamação. Se combinada com a estimulação dos tecidos comuma escova macia, a 
inflamação pode ser totalmente eliminada. 
3- A idade é um fator importante na etiologia da inflamação. O grupo MAIS JOVEM 
é o mais sujeito à inflamação devido ao alto potencial de resposta aos estímulos. 
4- Inflamação severa e hiperplasia papilar, são relativamente menores na 
mandíbula do que na maxila. 
5- Há necessidade de maior ênfase na educação dos pacientes quando da 
instalação de próteses. 
6- A etiologia da inflamação é complexa e necessita de mais estudos; tanto para 
um tratamento efetivo, quanto para a sua prevenção. 
 
Os tecidos moles variam de espessura, resiliência e na sua tolerância à pressão, 
estando em contínua e constante adaptação e modificação de acordo com os estímulos 
a que são submetidos. ORTMAN, 1977. 
 
3.4.3 Tecido ósseo 
 
O tecido ósseo é a base profunda de sustentação das próteses, sendo assim, nos 
interessa conhecer as alterações que este tecido pode sofrer, bem como as modificações 
nos rebordos alveolares quando ocorrem essas alterações. 
Dentre as alterações que o tecido ósseo pode sofrer, a reabsorção óssea alveolar 
afeta diretamente o funcionamento das próteses totais. 
Segundo Mc Call e Stilman o osso alveolar existe apenas como o elemento de 
fixação para os dentes. Assim sendo, a perda dos dentes resultaria no desaparecimento 
desse osso por falta de função, ou seja, ocorreria a reabsorção do mesmo. 
Mac Millan, em seus estudos, demonstra que o osso alveolar comporta-se como 
qualquer osso do organismo, sofrendo um rearranjo estrutural devido à perda dos dentes, 
com a finalidade de adaptação às novas condições do sistema. 
Quando existem rebordos planos, ou seja reabsorvidos, é difícil obter uma prótese 
total retentiva e estável. Por isso, a preservação do tecido ósseo é de suma importância 
em odontologia, considerando que toda terapêutica protética pode ter êxito, sempre e 
quando a base óssea permanecer intacta. 
 
· 
 
 
 
 
 
 Reabsorção óssea 
 
É a eliminação dos componentes inorgânicos do osso pela circulação sangüínea e 
linfática. 
 
"A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória, em 
determinados pontos do osso, com a consequente mobilização do cálcio, acompanhada 
de rarefação óssea." Aldrovandi, C. (1960) 
 
LEI DE LERICHE POLICARDE 
Na maxila a reabsorção dá-se, predominantemente, as custas da tábua óssea 
VESTIBULAR, assumindo uma forma delgada. 
A crista do rebordo residual como que caminha para cima e para o centro. 
Há uma diminuição em LARGURA que acompanha a diminuição em altura. 
Já na mandíbula, a reabsorção envolve tanto a vertente VESTIBULAR quanto a 
LINGUAL, havendo uma diminuição mais considerável na ALTURA do rebordo. 
 
Causas de reabsorção: 
a) Senilidade 
b) Perda de função 
c) Causas mecânicas 
d) Estados patológicos: gerais e locais 
 
a) Senilidade 
 
Consideramos três estágios na vida dos indivíduos, relacionados ao seu 
metabolismo: 
Ascensão: do nascimento até ao redor de 25 anos: é a fase do organismo em 
desenvolvimento. Portanto, seu anabolismo ultrapassa de muito seu catabolismo. Haveria 
maior formação e retenção do que eliminação. 
Estágio: dos 25 aos 45 anos: quando o organismo entraria em equilíbrio, 
conseguindo suprir perfeitamente às suas necessidades de reposição, mas com menor 
capacidade de neoformação. 
Declínio: dos 45 anos em diante: quando sua capacidade de reposição começa a 
diminuir, rompendo-se o equilíbrio anabolismo/catabolismo, de maneira cada vez maior. 
Notamos que quando o equilíbrio é rompido torna-se cada vez mais difícil para o 
organismo repor, com a mesma intensidade, as estruturas ósseas que vão sendo 
perdidas. Em nosso caso o catabolismo envolveria uma perda de cálcio dos ossos com 
sua consequente reabsorção. 
 
a) Perda de função 
 
Com a perda dos dentes e consequente perda de função do osso alveolar, ocorre 
a reabsorção dos rebordos alveolares. Essa reabsorção é progressiva, o processo 
alveolar torna-se mais arredondado e sua crista menos pronunciada. 
Na maxila a reabsorção dá-se, principalmente, às custas da tábua óssea (vertente) 
vestibular, persistindo uma forma delgada. Na mandíbula essa reabsorção dá-se às 
custas tanto da vertente vestibular como da lingual, havendo uma diminuição mais 
dramática na altura do rebordo. 
O último estágio da reabsorção óssea da maxila seria uma imagem plana do 
rebordo superior e em casos extremos, (geralmente ligados ao uso de prótese mal 
adaptada) a projeção do septo nasal (cartilaginoso) na altura do rebordo alveolar anterior. 
Essa situação confere ao paciente um perfil característico conhecido como "perfil de 
polichinelo". 
 
Foto exemplificando o "perfil de polichinelo" em paciente edêntulo 
 
 
 
 
 
c) Causas mecânicas 
 
"A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória, em 
determinados pontos do osso, com a consequente mobilização do cálcio, acompanhada 
de rarefação óssea." Aldrovandi, C. (1960) 
 
"O osso se reabsorve em pontos de excessiva pressão; os tecidos moles 
atrofiam-se ou hipertrofiam-se, dependendo do estímulo a que são submetidos". Grohs 
(Aldrovandi, C.1960) 
 
"A pressão excessiva da base da dentadura sobre o osso do rebordo residual, 
pode gerar insuficiência circulatória que acelera a reabsorção. Um dos fatores dessa 
pressão é o tipo de oclusão criado pelo dentista". ORTMAN (1977) 
 
d) Estados patológicos: gerais e locais 
 
Segundo Page, a reabsorção é devida a influências orgânicas de ordem geral 
ligadas a insuficiência do estímulo local. Ele acredita que pode haver diminuição do 
processo de reabsorção pela correção de insuficiências endócrinas e o uso de uma dieta 
balanceada. Schour e Massler, em estudos sobre os efeitos das glândulas endócrinas no 
crescimento do esqueleto facial, confirmam os estudos deste autor. 
Já Key estabelece uma diferença entre ATROFIA, que afetaria todo um osso ou 
ossos e REABSORÇÃO óssea, que afetaria partes de um mesmo osso. Segundo Key, a 
atrofia é devida ao desuso, inflamação ou traumatismo enquanto a reabsorção seria 
devida à pressão, distúrbios neurotróficos ou atividade celular. 
 
Tecidos móveis e imóveis 
 
Tecidos móveis: fibromucosa e tecidos adjacentes; 
Tecidos imóveis: tecido ósseo de suporte. 
Esta classificação tem cunho exclusivamente didático pois a fibromucosa não 
consiste num tecido eminentemente móvel, assim como o osso não é absolutamente 
estável em suas dimensões. 
Ainda sobre os exames da boca, o cirurgião-dentista deve realizar dois exames que 
complementam o exame clínico, o método de Turner e o exame de sensibilidade bucal. 
 
MÉTODO DE TURNER - verificação do espaço inter-maxilar: com os dedos 
indicadores apoiados ao longo dos rebordos, peça ao paciente para fechar a boca, 
teremos a longitude somada das coroas dentais. 
 As possibilidades encontradas nesse exame são: 
a) projeção da mandíbula em relação à maxila: dificuldade na montagem dos 
dentes (dentes anteriores montados topo a topo); 
b) contato das tuberosidades: geralmente devido a hipertrofias ósseas das 
tuberosidades; 
c) espaço normal. 
 
Sensibilidade bucal – a sensibilidade bucal ocorre devido a presença de 
exteroceptores na fibromucosa, responsáveis pelo limiar de sensibilidade local. Pode 
haver sensibilidade exagerada ao toque e náuseas, geralmente associada à porção mais 
posterior do palato e base da língua. Nestes casos indica-se o uso de anestésico tópico 
para moldagem e manuseio dos tecidos. 
 
3.5 Exames complementares 
 
"Todo maxilar desdentado é clinicamente suspeito" ALDROVANDI, C. 1960” 
Esta frase sintetiza a necessidade do exame radiográfico como meio auxiliar, não 
apenas de diagnóstico, mas também, quanto à responsabilidade que o protesista assume 
ao iniciar o seu trabalho. Através das radiografias verificaremos: 
- focos de osteíte; 
- cistos residuais; 
- raízes residuais;- dentes inclusos; 
- instrumentos fraturados; 
- estado da reabsorção óssea; 
- trabeculado ósseo: disposição e orientação; 
- disposição dos foramens em relação à crista óssea residual. 
 
Tipos de radiografia: 
Periapical - visualização de pequena área suspeita (p.ex.: localização de raiz); 
Oclusal - visualização da área basal, no plano horizontal; 
Panorâmica - visualização de todo o terço inferior do crânio, incluindo articulações 
e seios maxilares. 
3.6 Exames do modelo de estudo 
 
Exame mais apurado da altura, espessura e regularidade dos rebordos. Deve ser 
feita a delimitação prévia da área a ser recoberta pela futura prótese, e permite a 
visualização de detalhes que não podem ser bem visualizados no exame físico. 
 
O QUE DEVEMOS ANALISAR? 
a) rebordo: com relação ao volume: normal, alto ou reabsorvido; com relação a 
forma: afilado, paralelo ou retentivo; com relação a superfície: liso ou irregular; com 
relação ao formato do arco: ovóide, quadrangular ou triangular. Quando houver muita 
assimetria, devemos ficar atentos na etapa de montagem dos dentes, pois esse fator pode 
comprometer a estabilidade da prótese; 
b) espículas ósseas não reabsorvidas: podem indicar avulsões recentes, 
necessitando (ou não) cirurgia reparadora; 
c) áreas de grande reabsorção óssea: devidas a causas locais ou resultantes de 
tratamentos anteriores – nestes casos há maior dificuldade na retenção e estabilidade da 
prótese. O dentista deve comunicar o paciente no início do tratamento sobre as limitações 
do uso da prótese; 
d) freios e bridas: quando muito volumosos e extensos necessitam remoção 
cirúrgica pois podem prejudicar a retenção da prótese; 
e) grandes reabsorções/mucosa flácida: quando acompanhada de hipertrofia 
indica-se remoção cirúrgica e em alguns casos o "aprofundamento de sulco" cirúrgico; 
f) diferenças de densidade de estrutura óssea devidas à reabsorção: necessitam 
de exame de RX e em certos casos, exames histopatológicos com o intuito de determinar 
as causas dessa reabsorção; 
g) diferenças de reabsorção na maxila e na mandíbula: pela anamnese verifica-se 
o histórico do uso de prótese mono-maxilar ou outro tipo de aparelho removível. 
 
Foto de modelo de estudo maxilar evidenciando rebordo de formato ovóide. 
 
 
Foto de modelo de estudo evidenciando rebordo de formato quadrangular. 
 
 
Foto de modelo de estudo evidenciando rebordo de formato triangular. 
 
Questões: 
1- Quais são as alterações frequentes que ocorrem em idosos, e que 
devemos nos atentar na história médica? 
2- Quais são as principais informações que devem constar na ficha clínica 
do paciente? 
3- Cite e explique as principais causas de reabsorção óssea em pacientes 
idosos. 
4- Descreva os fatores que devem ser analisados no exame dos modelos de 
estudo. 
 
4. Estudo das moldagens 
 
4.1 Limites da área chapeável 
Introdução: 
Denominamos área chapeável ou área basal, as áreas da maxila e mandíbula que 
serão recobertas pela base da prótese total. 
Levando em consideração que cada paciente é um caso diferente, não podemos 
estabelecer medidas rígidas, mas somos obrigados a nos guiar por uma série de princípios 
biomecânicos e fisiológicos que nos orientarão no reconhecimento e delimitação dessa 
área. 
 
Limites gerais da área chapeável (basal) da maxila 
São os limites gerais que nos orientarão no desenho e confecção da base de 
nossas próteses. 
● Rebordo alveolar em toda a sua extensão (de tuberosidade a tuberosidade); 
● Paredes vestibulares do rebordo alveolar até o sulco gengivo-labial e geniano; 
● Abóbada palatina em toda a sua extensão até sua borda posterior, limite palato 
duro/palato mole; 
● Contorno das inserções musculares e bridas vestibulares. 
 
 
 
Figura: visão oclusal do rebordo superior desdentado. 
 
 
Dentro desses limites e conforme a magnitude do esforço recebido pelo tecido de 
suporte nessas regiões, Pendleton (1928) as dividiu em zonas: 
1. Zona principal de suporte 
2. Zona secundária de suporte 
3. Zona de selamento periférico 
4. Zona de selamento posterior 
5. Zona de alívio 
 
1. Zona principal de suporte: é a zona de maxila que irá receber o maior esforço durante 
a mastigação. Ela compreende o rebordo alveolar em toda a sua extensão, incluindo as 
tuberosidades. Essa região é, também, a que sofre maiores alterações com o correr do 
tempo. Notamos intensas reabsorções ósseas nessa área, principalmente se não foram 
obedecidos os princípios biomecânicos que regem a confecção das próteses totais muco 
suportadas. 
 
2. Zona secundária de suporte: estende-se por toda a vertente palatina do rebordo 
alveolar até a rafe mediana. Para posterior, até o limite do palato duro e início do véu do 
paladar. 
Essa área é de extrema importância pois contribui tanto na estabilidade da prótese total 
maxilar como em sua retenção. Sendo o osso dessa região um osso compacto, a sua 
reabsorção é muito mais lenta propiciando uma sobrevida maior a prótese maxilar. 
 
3. Zona de selamento periférico: localizada vestibularmente aos rebordos alveolares, 
apresenta-se como uma zona de transição ou zona marginal neutra, que denominamos 
sulco gengivo-labial ou geniano. 
 
4. Zona de selamento posterior: constituída pela faixa de tecido que se estende desde 
o fim da abóbada palatina propriamente dita e início do palato mole ou véu do paladar. 
Podemos situá-la em uma linha que ligue as tuberosidades passando ao nível das fóveas 
palatinas. A esse limite denominamos borda posterior ou região do post-daming. 
Determina-se, ao vivo, por palpação ou fonação, verificando onde se inicia a área vibrátil 
correspondente ao palato mole. 
 
5. Zona de alívio: são pontos onde não desejamos executar pressões. Seriam para a 
maxila: 
● Torus palatino, pois pode funcionar como um fulcro central deslocando a prótese 
de sua posição e rompendo o selamento periférico. Indica-se a remoção cirúrgica 
dessa estrutura óssea. 
● Pontos de emergência de nervos e vasos que, devido a intensas reabsorções 
ósseas podem se encontrar situados na altura da crista do rebordo alveolar e, 
portanto, em zona de máxima pressão o que poderia causar desconforto e dor ao 
paciente. 
 
 
Limites gerais da área chapeável da mandíbula 
 
1. Rebordo alveolar em toda a sua extensão (incluindo as papilas retromolares); 
2. Linha oblíqua externa e seu prolongamento na porção montante até uma altura de 
aproximadamente 10 mm. 
3. Dobra vestibular do músculo Bucinador. 
4. Sulco gengivo-labial e geniano. 
5. Limite do assoalho da boca em toda a sua extensão. 
 
 
 
Figura: visão oclusal do rebordo superior desdentado. 
 
 
 
 
 
Como na maxila, Pendleton dividiu a mandíbula em 5 zonas: 
 
1. Zona principal de suporte: constituída pelos rebordos alveolares em toda a sua 
extensão, bem como, as suas vertentes vestibular e lingual, englobando o trígono 
retromolar. 
 
2. Zona secundária de suporte: seriam as vertentes vestibular e lingual do rebordo 
alveolar. Convém notarmos que na mandíbula as zonas secundárias de suporte 
confundem-se com zona principal de suporte. 
Uma das zonas que nos oferece grande possibilidade de apoio, seria aquela situada na 
região da linha oblíqua externa, onde há osso compacto. Poderia estar classificada tanto 
como zona secundária de suporte, pela sua posição relativa, quanto como zona principal 
de suporte, pela sua função de apoio. 
 
3. Zona de selamento periférico: aqui também há certa coincidência pois, na mandíbula, 
o selamento periférico dá-se tanto às custas de limite gengivo-labial (na região de fórnice 
gengivo-labial) como às custas da face do rebordo alveolar vestibular e lingual. 
 
4. Zona de selamento posterior: segundo alguns autores seria a zona constituída pela 
área retromolar. Porém, não há limite nítido entre a zona de selamento posterior e a zona 
de selamento periférico nesta região. Para efeito didático vamos considerara zona de 
selamento posterior, como sendo aquela região posterior à papila retromolar. 
 
5. Zona de alívio: da mesma maneira, é discutida a sua conveniência (como para a 
maxila) poderíamos citar como zonas de alívio: 
● Rebordo alveolar terminando em crista fina e alta, com possibilidade de lesões da 
fibromucosa; 
● Pontos de emergência de nervos e vasos. Quando de grandes reabsorções ósseas 
na região dos forames mentonianos há a possibilidade de compressão dos filetes 
nervosos que daí emergem; 
● Porção posterior da linha oblíqua interna, quando esta se apresenta afilada e 
cortante. Na maioria dos casos procura-se não atingir ou, pelo menos, não apoiar 
a base da prótese total nesta região; 
● Tórus mandibular: limitar o bordo lingual da prótese à altura do torus quando 
discreto ou remover cirurgicamente o osso. 
 
Questões: 
1- Quais os limites gerais da área chapeável da maxila? E da mandíbula? 
2- Descreva as zonas de Pendleton para maxila e mandíbula. 
 
Meios de RETENÇÃO das Próteses 
 
Denominamos retenção ATIVA, aquela obtida por meio de técnica, como por 
exemplo, as moldagens. Já a retenção PASSIVA, é obtida pela eliminação dos fatores 
que criam as forças extrusivas, como o recorte muscular e a oclusão, por exemplo. 
 
Quando nos referimos ao selamento periférico, procuramos um ajuste o mais 
próximo possível entre a base da prótese total e os tecidos circunvizinhos. Sabemos que 
esses tecidos são móveis e que suas posições relativas variam de acordo com a tensão 
exercida por determinados músculos. Vemos a necessidade de conhecer quais os 
músculos que podem interferir com a base da prótese total e como se daria essa 
interferência, para que possamos usá-los em nosso proveito. 
 
4.2 Músculos que interferem na estabilidade das próteses totais: músculos para-
protéticos 
 
Os músculos para-protéticos se inserem na maxila e mandíbula e mantém relações 
direta ou indiretamente com a prótese. Sua importância se dá quando em função 
(dinâmica), podendo provocar o deslocamento da prótese, se suas bordas se estenderem 
além a zona de ação desses músculos. Os movimentos de dinâmica ocorrem, por 
exemplo, na mastigação, fonação, deglutição e mímica. 
De acordo com sua posição determina-se uma linha que contorna as inserções 
musculares, ligamentos e freios, que foi denominada LINHA DE INSERÇÃO, que, 
segundo Fournet, esta é uma linha imaginária, irregular, que determina até onde pode se 
estender a borda da prótese, para conseguirmos um selamento periférico perfeito, sem 
causar irritações nem perturbar a nutrição dos tecidos, sem alterar a fonação nem 
provocar traumas. 
 
Para seu estudo podemos dividir os músculos para-protéticos em: 
1) Músculos de ação direta: quando interferem com a base da prótese total pela sua 
contração própria. Suas inserções ou seu trajeto coincidem com os limites da prótese. 
 
2) Músculos de ação indireta: quando, pela sua contração, mobilizam outras massas 
musculares ou teciduais adjacentes que interferem com a base da prótese total. 
 
 
Músculos para-protéticos da maxila: 
 
a) Orbicular da boca: insere-se nas fóveas incisivas da maxila e mandíbula e estende-
se até as comissuras labiais. Sua contração pode interferir com a borda vestibular anterior 
da prótese. 
 
b) Levantador do ângulo da boca: tem sua inserção ao nível da fossa canina 
estendendo-se até a comissura labial. É o responsável pelo movimento de elevação e 
depressão do sulco vestibular anterior; responsável, também, pelo aparecimento dos 
chamados freios laterais na altura de pré-molares. 
 
c) Bucinador: tem suas inserções nos rebordos alveolares ao nível dos molares de onde 
caminha para cima, para trás e, para baixo até a mandíbula, onde repete a inserção óssea 
(apresenta-se na forma aproximada de um C). Quando em contração, provoca um 
abaixamento do fórnice vestibular superior e levantamento do fórnice vestibular inferior. 
 
Músculos para-protéticos da mandíbula: 
 
a) Depressor do lábio inferior (Quadrado do mento) e Depressor do ângulo da boca 
(Triangular dos lábios): inserção na face externa da linha oblíqua externa dirigindo-se 
para as comissuras labiais e linha mediana respectivamente. Quando em contração 
exercem pressão sobre o bordo vestibular anterior da prótese total. 
 
b) Bucinador: insere-se na mandíbula ao nível da linha oblíqua externa na altura de 
molares. As suas fibras mais posteriores passam abaixo da papila piriforme estendo-se 
até o ligamento pterigomandibular ou aponeurose bucinato-faringea, onde se localiza sua 
inserção mais posterior. O conhecimento detalhado desse músculo é de importância 
quando da delimitação da região distal ou de selamento posterior da prótese total, pois 
nos movimentos de abertura da boca ou quando da dinâmica muscular, há uma projeção 
dos tecidos para diante, podendo deslocar uma prótese sobre-estendida. Na altura do 
trígono retromolar há um encontro das fibras do músculo Bucinador com o tendão terminal 
do músculo Temporal em sua porção mais inferior. Forma-se um coxim fibroso, a papila 
piriforme, que deve ser sempre incluída dentro da zona de suporte da prótese inferior. 
Logo atrás da papila piriforme temos a presença do ligamento Pterigomandibular. Quando 
do movimento de abertura da boca há a distensão desse ligamento e consequentemente 
deslocamento da borda posterior da prótese, se esta estiver sobre-estendida. 
Verificamos que a papila piriforme é o limite mais posterior da borda da prótese total 
mandibular. 
 
c) Constritor superior da faringe: tem suas ações principais quando da deglutição e na 
projeção da língua. 
 
d) Milo-hióideo: insere-se na linha oblíqua interna, ao nível dos molares. Sua ação, do 
ponto de vista protético, prende-se ao levantamento do assoalho da boca quando da 
movimentação da língua. 
 
e) Genioglosso: sua inserção se dá, na região anterior da mandíbula, lingual, logo abaixo 
do freio lingual, em pequenas saliências ósseas denominadas apófises geni. É de grande 
importância quando de grandes reabsorções ósseas mandibulares, pois sua inserção 
passa a ocupar a vertente lingual do rebordo alveolar, interferindo com o assoalho da 
boca. 
 
f) Língua: embora seja um grupo de músculos extrínsecos à mandíbula (genioglosso, 
hioglosso, estiloglosso, palatoglosso) e intrínsecos, é muitas vezes negligenciado quando 
do estudo da Prótese Total. Sua ação é de grande importância tanto na retenção como 
na estabilidade da prótese inferior, pois sua estreita intimidade com o assoalho da boca 
exerce grande influência na manutenção do selamento periférico lingual, em todas as 
fases da dinâmica mastigatória, bem como, em todos os atos que envolvam movimento. 
Compreende-se que é de suma importância o exame e estudo da língua, sua tonicidade, 
sua forma, seu volume, sua relação com os rebordos alveolares, sua liberdade de 
movimentos. É do conhecimento desses fatores que depende o sucesso ou o insucesso 
de uma prótese total mandibular que, sob todos os outros aspectos, pode ter um 
prognóstico favorável. 
 
Questões: 
1- O que é a linha de inserção? 
2- O que são músculos de ação direta e indireta? 
3- Quais os músculos para-protéticos da maxila e mandíbula? 
 
 
4.3 Introdução ao Estudo das moldagens 
 
A base da prótese total é a reprodução, em negativo, absolutamente fiel dos tecidos 
de suporte, a justeza a esses tecidos deverá ser perfeita e a retenção obtida em valores 
mais que satisfatórios. Para tanto, é necessário que possamos COPIAR essas estruturas 
de maneira exata. Isso é conseguido por intermédio de uma série de manobras a que 
denominamos MOLDAGENS. 
 
4.3.1 Histórico 
 
O uso de aparelhos protéticos remonta à Antiguidade, quando ainda não se fazia o 
uso de moldagens e a base do aparelho era esculpida através de medidas que se 
tomavam com um compasso, diretamente no paciente. 
A primeira moldagem de que se tem informação é atribuídaa Pfaff, dentista de 
"Frederico o Grande" (rei da Prússia), que, em 1750, empregou cera de abelhas para 
impressão bucal. A cera, embora copie as estruturas, é um material instável, que se 
deforma espontaneamente, e de difícil manuseio, pois altera-se ao simples toque. A 
demanda por próteses provocou um crescente interesse na procura de um material que 
apresentasse estabilidade dimensional associada à capacidade de moldar fielmente. 
Em 1844, Duning utiliza gesso como material de moldagem obtendo resultados 
animadores. Porém, a técnica de trabalho com gesso é bastante desconfortável, tanto 
para o paciente como para o profissional. Embora o material apresente boa estabilidade 
dimensional não permite correções e se fratura com facilidade, quando em contato com a 
saliva, além de ser difícil a separação do modelo em positivo. 
Por volta de 1857, Charles Stent aperfeiçoou um material resinoso, termoplástico, 
que seria o precursor da godiva. Os irmãos Greene (1900) aperfeiçoaram a godiva e 
aproveitando-se das características desse material introduziram a técnica das moldagens 
sucessivas, com fundamentos utilizados até hoje. 
Hupert Hall (1915-1920), em experiências com o novo material desenvolveu a 
godiva preta, dura, e apresentou uma técnica em que essa é utilizada como moldeira 
individual, baseada na necessidade de maior adaptação da moldeira e material de 
moldagem, aos tecidos a serem moldados. 
Entre 1919 e 1928, Campbell e Pendleton aperfeiçoaram os métodos existentes 
utilizando novos materiais: godiva em lâminas, placas, bastões, de maior ou menor 
plasticidade. Renato Prado (1933) apresenta sua técnica, na qual, emprega godiva em 
lâminas diretamente na moldeira individual. 
O hidrocolóide reversível foi patenteado em 1925 e começou a ser usado para 
moldagem nos Estados Unidos no fim da década de 20. O uso do hidrocolóide irreversível 
foi impulsionado durante a segunda guerra mundial, pela escassez de ágar e expandido 
pela sua facilidade de manipulação, baixo custo, boa fidelidade de reprodução e boa 
aceitação pelo paciente. 
Após a Segunda Guerra Mundial, avanços na tecnologia dos polímeros trouxeram 
para o mercado um grupo de materiais à base de borracha sintética, chamados 
elastômeros, capazes de moldar tecidos macios e duros. 
O desenho de uma estrutura de forma digital e posterior confecção a partir de uma 
máquina de fresagem é designado por CAD/CAM, no qual, um software CAD (computer 
aided design/ design assistido por computador) define a geometria do objeto, enquanto o 
CAM (computer aided manufacturing/ manufatura assistida por computador) programa 
diretamente o processo de fabricação. Esta tecnologia começou a ser utilizada em 1960 
pelas indústrias de automóvel e aeroespacial, contudo só em 1983 foi produzida, por 
François Duret, a primeira restauração dentária. Goodacre et al. em 2012, publicou o 
primeiro caso clínico do conceito de próteses totais fresadas em CAD-CAM de 
polimetilmetacrilato pré-polimerizado. 
 
 
4.3.2 Definição de moldagem 
 
Vamos relembrar e diferenciar três definições importantes: 
 
● MOLDAGEM: conjunto de atos clínicos que visam obter a impressão da área basal, 
por meio de materiais próprios e moldeiras adequadas. Ou seja, é o próprio ato de 
moldar o paciente. 
 
● MOLDE: reprodução em negativo das estruturas moldadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
● MODELO: réplica fiel em positivo das estruturas moldadas, oriunda do 
preenchimento do molde (gesso). 
 
 
 
 
 
4.3.3 Classificação das técnicas de moldagem 
 
As técnicas de moldagem podem ser divididas em dois grandes grupos: (1) 
moldagem PRELIMINAR OU ANATÔMICA e (2) moldagem FUNCIONAL, que pode ser 
simples ou mista. Ambos os grupos serão explicados adiante. 
 
De acordo com a TÉCNICA, a moldagem pode, ainda, ser classificada em: 
 
● Moldagem compressiva: busca-se, como o próprio nome diz, comprimir os 
tecidos, fazendo com que a mucosa fique em contato com os mesmos e simulando 
a pressão causada na prótese durante a mastigação. Entretanto, observou-se que 
as próteses feitas a partir dessa moldagem, não se adaptaram quando em repouso, 
pois os tecidos estavam tão deformados que tendiam ao recuo. Isso ocorre, porque 
é impossível comprimir os tecidos no ato da moldagem, pois, ao empurrá-los, eles 
desalojam e tendem sempre a voltar em posição primitiva. 
 
● Moldagem com pressão seletiva: faz-se uma primeira camada de material mais 
denso e, posteriormente, leva-se a boca uma camada mais fluida, na segunda 
moldagem, que registrará as áreas aliviadas. Com um mínimo de pressão. 
 
 
 
 
 
 
● Moldagem com mínima pressão: onde se utiliza o princípio mucostático, que diz 
que o material deve registar sem distorções, os detalhes da mucosa. 
 
● Moldagem de boca fechada: moldagem em dinâmica, realizada em oclusão. É 
feita em caso de perda do modelo ou necessidade de reembasamento. Para isso, 
utiliza-se a própria prótese para a moldagem e é considerada um meio de efetuar 
pressão por aqueles que optam por realizar uma moldagem compressiva. 
 
● Moldagem de boca aberta: é geralmente preferida, pois o operador pode ver se 
as inserções musculares estão sendo corretamente moldadas, em seus vários 
movimentos, que podem ser conseguidos mais facilmente. 
 
Koran e col. (1975) classificaram as moldagens de acordo com a realização de 
movimentos em: 
 
● Funcionais: nas quais são realizados os movimentos de abertura e fechamento da 
boca mais os movimentos musculares; 
● Semi-funcionais: o operador realiza os movimentos musculares; 
● Mucostáticas: moldagem estática, sem nenhum movimento. 
 
O tipo ou técnica de moldagem será ditado pelas características do caso e pela 
fibromucosa de revestimento. Antes de executarmos o procedimento, devemos avaliar a 
tonicidade e resistência da fibromucosa, que pode ser classificada como: 
● Aderida; 
● Resiliente; 
● Flácida. 
 
a) Mucosa resiliente; b) mucosa flácida; c e d) Mucosa lisa e aderida. 
4.3.4 Elementos de moldagem 
 
1) Moldeiras: são recipientes utilizados para conduzir o material de moldagem 
manipulado aos tecidos bucais e mantê-lo ali, em íntimo contato, até a presa final do 
material. Existem dois tipos de moldeiras: 
a) Moldeira de estoque: encontradas no mercado, em vários tamanhos e 
proporções, que são médias de medidas padrões dos arcos alveolares. Em geral, são 
produzidas em metal (alumínio ou ligas leves) ou plástico, com uma numeração que 
identifica seu tamanho, sendo apresentadas em 3 tamanhos padrões (pequeno, médio e 
grande). 
Esse tipo de moldeira varia, no seu desenho, de acordo com o tipo de material de 
moldagem de escolha. Assim sendo, para um material elástico, como o alginato, por 
exemplo, a moldeira apresentam bacia perfurada, ou com retenções internas (para reter 
o material de moldagem), enquanto que as moldeiras para materiais anelásticos, por 
exemplo godiva, apresentam a bacia lisa (sem retenções ou perfurações). 
As moldeiras de estoque para a maxila são constituídas por um corpo e um cabo. 
O corpo é formado pela base ou bacia e pelas paredes laterais. Enquanto as moldeiras 
de estoque para a mandíbula apresentam como diferença fundamental, a bacia dividida 
em duas porções ou canaletas com espaço para a língua. 
 
 
 
 
b) Moldeira individual: são confeccionadas especificamente para cada 
paciente/caso, geralmente em resina acrílica. 
 
 
 
 
 
2) Materiais de moldagem 
 
Os materiais de moldagem são levados e mantidos em íntimo contato com os 
tecidos bucais para a obtenção de uma cópia fiel dos mesmos. De uma maneira geral os 
materiais de moldagem devem possuir as seguintes características: 
● Bom tempo de trabalho; 
● Grau de plasticidade deve ser tal que permita seu escoamento no momento da 
tomada da impressão – fluindo contra os tecidos, copiado-os sem deformá-los; 
● Alteração dimensional e morfológica – o materialnão deve sofrer alterações 
dimensionais e nem morfológicas dentro de um certo limite de tempo, durante ou 
após a presa; 
● Resistência ao rasgamento – após a presa, devem apresentar uma certa 
resistência à fratura, ao serem removidos da boca e também durante a confecção 
do modelo; 
● Inocuidade aos tecidos bucais – não devem irritar a mucosa bucal e nem provocar 
sensação desagradável. 
 
Vamos fazer um rápido estudo dos materiais de moldagem mais empregados em 
prótese total. Os mesmos podem ser divididos quanto às suas propriedades físicas, como 
anelásticos, nos quais, uma vez obtido, o molde não apresenta elasticidade; e elásticos, 
que são aqueles que após a moldagem, apresentam alguma elasticidade, sem prejudicar 
a fidelidade do molde. 
 
 
Materiais de moldagem anelásticos: 
 
a) Godiva: devido às suas propriedades termoplásticas, a godiva permite requerimento e 
plastificações sucessivas, remoldagem e reparos sendo que, esses procedimentos podem 
ser realizados seccionalmente. O escoamento do material, durante a moldagem, pode ser 
sujeito a controle. Sua principal qualidade consiste em uma gama de características que 
permitem, ao operador, levar em consideração as necessidades biomecânicas da 
moldagem. Outra vantagem reside na possibilidade de testarmos o molde durante as 
diversas fases de sua obtenção e sempre que alterações ou correções sejam necessárias 
elas podem ser feitas facilmente. 
Pelo estudo das características da godiva, notamos que sua melhor característica 
consiste em permitir moldagens sucessivas, pois permite requerimento totais, ou por 
áreas, com remoldagem de regiões determinadas. 
Devido a ser um material termoplástico, seu "endurecimento" é progressivo, o que 
nos permite moldar as estruturas de suporte em sua dinâmica. Podemos, enquanto 
moldamos, executar ou pedir ao paciente que execute, movimentos musculares com o fito 
de impressionar, em nosso molde, aquelas estruturas para-protéticas como músculos e 
bridas, freios e inserções musculares, em movimento. 
 
b) Pasta Zincoeugenólica (OZE): utilizadas para moldagens com moldeiras individuais 
(devido a sua fluidez e capacidade de copiar as estruturas). O tempo de trabalho desse 
material é grandemente afetado pelas condições climáticas (umidade e calor), pela 
proporção da mistura e pela maneira de espatular o material. Proporção incorreta, calor, 
umidade em excesso aceleram o tempo de presa do material. 
Sua apresentação comercial é feita em duas bisnagas, com bocas de diâmetros 
diferentes, de maneira que a proporção correta é obtida por comprimentos iguais de pasta 
sobre uma placa de vidro ou papel encerado. Geralmente a cor das pastas também é 
diferente conforme trata-se do agente catalisador ou da base (vermelho para o agente e 
branco para a base, embora possa variar de fabricante para fabricante). A mistura é feita 
espatulando-se comprimentos iguais de pasta até se obter uma cor uniforme. Devemos 
considerar, sempre, a temperatura ambiente quando usamos esse material. 
As principais vantagens da pasta OZE podem ser listadas: 
● Facilidade de se obter uma adaptação correta; 
● Escoamento uniforme, mesmo sob baixa pressão; 
● Adesividade à moldeira mesmo quando reduzida a um filme de material facilidade 
de separação dos moldes vazados (por aquecimento em banho-maria). 
 
Materiais de moldagem elásticos: com o desenvolvimento crescente da 
Odontologia tornou-se necessário o uso dos materiais elásticos que permitissem 
moldagens de arcos dentais, portanto retentivos, de uma só vez. Esses materiais 
associam a fidelidade de impressão à fidelidade dimensional, permitindo rápida e 
facilmente, a moldagem de regiões retentivas, retornando à posição original após a 
retirada do molde da boca do paciente. 
Dentre o grande número de materiais elásticos existentes atualmente podemos citar: 
 
a) Hidrocolóide irreversível (alginato): apresentados como um pó que é adicionado à 
água e espatulado até obtermos uma mistura cremosa, que é levada à boca em uma 
moldeira e mantida em posição, até sua completa geleificação. A grande vantagem desses 
materiais reside em sua elasticidade que nos permite a retirada das impressões mesmo 
nos casos mais difíceis de arcadas retentivas ou guarnecidas de dentes. 
 
b) Silicones, polieteres e mercaptanas: o avanço das técnicas industriais permitiu o 
desenvolvimento de outros materiais, semelhantes aos colóides quanto à sua 
elasticidade, porém, cuja composição química característica lhes confere estabilidade 
dimensional, permitindo um tempo de trabalho maior. 
 
Questões: 
1- Qual a diferença entre moldagem, molde e modelo? 
2- Como são classificadas as técnicas de moldagem? 
3- Quais fatores são considerados na indicação de determinada técnica e material 
para a realização das moldagens? 
4- Quais são as características ideais dos materiais de moldagem? 
 
 
 
 
 
 
4.4 Moldagem anatômica 
 
Conceito 
 
Também denominada PRIMEIRA MOLDAGEM, MOLDAGEM PRELIMINAR ou 
moldagem de estudo. Tem a finalidade de dar origem a um modelo que abranja o máximo 
de estruturas possíveis, possibilitando uma visão panorâmica do rebordo moldado. Ela 
reproduz fielmente os acidentes anatômicos da boca em seu estado atual. 
A configuração da superfície de moldagem rege as relações que a prótese vai 
manter com a superfície sobre a qual estará assentada. Essas circunstâncias determinam 
a sustentação, parte da retenção e parte da estabilidade do aparelho protético. 
 
A moldagem anatômica deve possibilitar: 
● Delimitação correta da área chapeável; 
● Verificação da tonicidade das inserções musculares que vem terminar na zona do 
selado periférico; 
● Estudar a necessidade ou não de cirurgia pré-protética; 
● Permitir a confecção da moldeira individual. 
 
Para isso, é necessário afastar os tecidos moles, utilizando materiais de moldagem 
densos, que “empurrem” os tecidos e propiciem condições para a visualização abrangente 
do rebordo. Como opções temos: godiva, alginato e as silicones de adição e condensação 
(massa densa). O primeiro passo no procedimento de moldagem é a escolha do material 
que será utilizado. A seguir, será explicado os passos clínicos tendo o alginato e a godiva 
como materiais de escolha. 
 
 
1) Passos clínicos da moldagem utilizando alginato 
 
Além de suas propriedades satisfatórias, a utilização do alginato para esta fase do 
tratamento se deve ainda pelo aspecto da biossegurança, já que este não requer o uso 
de equipamento térmico, como é o caso da godiva, que possibilita maior chance de 
infecção cruzada em razão da possibilidade de reutilização do material por sua 
característica termoplástica. 
 
Posição do paciente e do operador 
 
● Para maxila: a cadeira deve estar ligeiramente inclinada para trás e o paciente 
com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em posição de repouso. A altura da 
cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao nível do cotovelo do operador. 
Posição do operador: 1ª fase à direita e à frente 
 2ª fase à direita e atrás 
 
 
Fonte: Turano e col. 
 
 
● Para mandíbula: como na moldagem superior, a cadeira deve estar ligeiramente 
inclinada para trás e o paciente com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em 
posição de repouso. A altura da cadeira deve ser tal que o mento do paciente fique 
ao nível do ombro do operador. 
Posição do operador: à direita e à frente. 
 
 
Fonte: Turano e col. 
 
Sequência clínica 
 
1. Escolha do material de moldagem 
2. Organização da bancada 
3. Escolha da moldeira 
4. Individualização da moldeira 
5. Proporcionamento do material 
6. Manipulação do material 
7. Carregamento da moldeira 
8. Moldagem arco superior e/ou inferior 
9. Obtenção do molde 
10. Desinfecção do molde 
 
Os materiais necessários para a organização da bancada são: 
● Moldeira de estoque perfurada para maxila e/ou

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