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– P Os episódios de dor lombar costumam ser agudos e autolimitados. Entretanto, podem tornar-se um problema crônico em uma parcela considerável de pacientes P Raramente, a dor lombar aguda pode prenunciar uma doença grave, como infecção, neoplasia ou doença sistêmica. P Os distúrbios da coluna vertebral são a maior causa de limitação funcional em pessoas com <45 anos P Fatores de risco → trabalho físico ou psicologicamente estressante, trabalho sedentário, obesidade, fatores psicossociais, idade avançada e tabagismo P Afeta igualmente homens e mulheres P Ocorre em mais de 80% dos indivíduos em algum momento de suas vidas P Pode originar-se de várias estruturas da coluna sensíveis à dor → ligamentos, anel fibroso do disco intervertebral, articulações interapofisárias, periósteo, musculatura e fáscia paravertebral, vasos sanguíneos e raízes nervosas P Os discos intervertebrais desempenham importante papel na absorção de impactos e permitem a mobilidade entre as vértebras. P As articulações interapofisárias têm função de estabilização da coluna e situam-se próximas aos forames de conjugação, por onde emergem as raízes nervosas. P Entre os pacientes >65 anos, as probabilidades diagnosticas mostradas se alteram, aumentando a possibilidade de que a lombalgia seja causada por neoplasias, fraturas osteoporóticas, estenose espinhal e aneurismas aórticos. P A correlação entre sintomas e achados de imagem é fraca, não sendo possível definir o local preciso de origem da dor em cerca de 85% dos pacientes. CAUSAS MECÂNICAS (97%) CAUSAS SISTÊMICAS (1%) DOENÇAS VISCERAIS (2%) ▪ Lombalgia inespecífica - musculoligamentar (72%) ▪ Osteoartrose lombar (10%) ▪ Hérnia de disco (4%) ▪ Colapso vertebral por osteoporose (4%) ▪ Estenose espinhal (3%) ▪ Espondilolistese (2%) ▪ Fratura traumática (<1%) ▪ Alterações congênitas (<1%) - Cifose acentuada - Escoliose acentuada - Vértebra transicional ▪ Outras - Espondilólise - Lombalgia discogênica - Instabilidade presumida ▪ Neoplasias (0,7%) - Linfoma e leucemia - Carcinoma metastático - Mieloma múltiplo - Tumores primários da medula espinhal e vértebras - Tumores retroperitoneais ▪ Artrites inflamatórias (0,3%) - Espondilite anquilosante - Síndrome de Reiter - Artropatia psoriásica - Artrite enteropática ▪ Infecção (0,01%) - Osteomielite - Discite séptica - Abscessos paraespinhais e epidurais - Herpes-zóster ▪ Doença de Scheuermann ▪ Doença óssea de Paget ▪ Órgãos pélvicos - Prostatite - Endometriose - Doença inflamatória pélvica crônica ▪ Rim - Nefrolitíase - Pielonefrite - Abcesso perirrenal ▪ Trato gastrointestinal - Pancreatite - Colecistite - Úlcera péptica perfurante ▪ Aneurisma aórtico P Condição mórbida regional, na maioria dos casos autolimitada, e com grande probabilidade de recorrência P O primeiro episódio ocorre com mais frequência entre os 30 e 50 anos de idade P O aspecto crítico na avaliação dessa condição é estar atento e valorizar os sinais de alerta (bandeiras vermelhas) que aumentam a probabilidade de causas graves e raras, e em cuja presença a investigação precoce com exames de imagem se impõe. P Na ausência dos sinais de alerta, a abordagem diagnostica inicial para dor lombar deve ser sempre conservadora, dispensando a solicitação de exames complementares. P Deve-se classificar o problema do paciente em: ↳ (1) Condição lombar séria → bandeira vermelha ▪ Câncer, fratura, doença inflamatória, infecção, síndrome da cauda equina e mielopatia ▪ Compreendem menos de 1 % dos casos ↳ (2) Síndrome radicular → hérnia de disco com radiculopatia, estenose, espondilolistese ▪ Verificada em 5 a 10% dos casos ↳ (3) Dor lombar inespecífica ▪ Grande maioria dos pacientes (85%) ▪ Termos menos usados são dor lombar mecânica, dor lombar idiopática ou dor lombar simples SINAIS DE ALERTA EM PACIENTES COM DOR LOMBAR ▪ Trauma recente importante ou leve em paciente com mais de 50 anos ▪ Idade > 70 anos ▪ História pregressa de câncer ou dor que piora em repouso ▪ Perda de peso inexplicada (mais de 10% do peso corporal total) ▪ Febre por mais de 48 horas, uso de drogas injetáveis, infecção ativa ▪ Imunossupressão ▪ Déficit neurológico grave ou progressivo ▪ Dor com duração maior de seis semanas, sem resposta ao tratamento ▪ Osteoporose, uso prolongado de esteroides LOMBALGIA AGUDA: FATORES DE RISCO QUE INDICAM UMA CAUSA ESTRUTURAL IMPORTANTE Anamnese Exame Dor piora em repouso ou à noite História anterior de câncer História de infecção crônica (pulmonar, urinária, cutânea) História de traumatismo Incontinência >70 anos Uso de fármaco IV Uso de glicocorticoides História de déficit neurológico rapidamente progressivo Febre inexplicada Perda de peso inexplicada Sensibilidade à percussão sobre a coluna Massa abdominal, retal ou pélvica Rotação interna/externa da perna ao nível do quadril; sinal da percussão do calcanhar Sinais de elevação da perna estendida ou da perna inversa estendida Déficit neurológico focal progressivo P Uma avaliação clínica criteriosa é geralmente suficiente para afastar a suspeita de condições graves. P Na suspeita destas → necessários estudos de imagem e exames laboratoriais adicionais para confirmação ↳ Descartando causas sérias, o clínico deve concentrar-se na avaliação de causas específicas de dor lombar - hérnia de disco com radiculopatia, estenose, espondilolistese. ↳ Na ausência de sintomas e sinais sugestivos dessas causas, o caso será classificado como dor lombar inespecífica. TIPOS DE DOR P Dor local → lesão de estruturas sensíveis à dor que comprimem ou irritam as terminações nervosas sensoriais. ↳ O local da dor é próximo à parte acometida P Dor referida → pode originar-se de vísceras abdominais ou pélvicas. ↳ A dor é descrita como primariamente abdominal ou pélvica, sendo, porém, acompanhada de dor nas costas e não costuma ser afetada pela postura. A AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DOR LOMBAR DEVE ENFOCAR TRÊS ASPECTOS PRINCIPAIS: ▪ Descartar doença sistêmica subjacente ▪ Identificar comprometimento neurológico que demande avaliação cirúrgica ▪ Considerar a existência de fatores psicológicos ou sociais (bandeiras amarelas) que possam amplificar ou prolongar a duração do quadro. P Dor de origem vertebral → pode ser localizada nas costas ou referida às nádegas ou pernas. ↳ Doenças que afetam a coluna lombar superior → dor referida para a região lombar, virilha ou face anterior das coxas. ↳ Doenças que acometem a coluna lombar inferior → dor referida para as nádegas, face posterior das coxas, panturrilhas ou pés. P Dor radicular → é bem definida e irradia-se da região das costas para uma perna dentro do território de uma raiz nervosa ↳ A tosse, um espirro ou uma contração voluntária dos músculos abdominais (levantamento de objetos pesados ou esforço à defecação) podem provocar dor irradiada. ↳ Dor pode aumentar com posturas que causam o estiramento de nervos e raízes nervosas. ↳ O ato de sentar com a perna estendida faz tração sobre o nervo ciático e as raízes L5 e S1, visto que ele passa posteriormente ao quadril. ↳ A descrição da dor de forma isolada não costuma permitir a diferenciação entre dor referida e radiculopatia, embora uma dor em queimação ou elétrica favoreça a radiculopatia. P Dor associada a espasmo muscular → origem obscura, comumente associada a muitos distúrbios da coluna vertebral. ↳ Acompanhados de postura anormal, músculos paravertebrais retesados e dor surda. ANAMNESE P As características usuais na investigação de qualquer tipo de dor (localização, intensidade, duração, frequência, irradiação, fatores agravantes e de alívio, repercussão funcional) orientam o diagnóstico. P Dor lombar inflamatória → como observada nas espondiloartrites ↳ Tipicamente piora com o repouso, melhora com a atividade e é acompanhada de rigidez matinalprolongada. P Dor noturna → sugere a possibilidade de etiologia infecciosa ou neoplásica. P Síndrome da cauda equina → dor lombar, fraqueza muscular de mmii, incontinência urinária ou fecal, e anestesia em sela P Mielopatia → espasticidade e clônus + sinal de Babinski. ↳ Ambas as apresentações requerem intervenções de emergência. ↳ Na suspeita destas, deve ser prontamente realizado exame de imagem (idealmente ressonância magnética). P A maioria dos pacientes irá queixar-se de dor predominante no dorso, na região glútea e nas coxas. P Alguns terão dor irradiando para a perna e o pé. P Envolvimento de raiz nervosa → Sintomas abaixo do joelho acompanhados de dormência e parestesias, e dor na perna mais intensa que a dor lombar sugerem. ↳ Em mais de 95% dos casos, o sintoma de dor lombar com irradiação pela face posterolateral do membro inferior (ciatalgia) resulta de prolapso discai e irritação das raízes nervosas L5 e S1. ▪ A ausência de dor ou de parestesias abaixo dos joelhos reduz substancialmente a probabilidade de que hérnia de disco ou estenose espinhal sejam as causas dos sintomas, mesmo que essas anormalidades anatômicas estejam presentes em exames de imagem. ↳ Em raros casos, a radiculopatia pode manifestar-se unicamente por atrofia e perda de força nas pernas (sintomas motores puros). ↳ A dor que se manifesta na face anterior da coxa está menos relacionada com radiculopatia, devendo-se buscar outros locais primários (artrite do quadril, hérnia inguinal, doença renal, processo retroperitoneal) e considerar a hipótese de neuropatia periférica, especialmente em pacientes diabéticos. P A história ocupacional e recreacional fornece informações sobre fatores predisponentes → postura inadequada, lesões repetitivas, sobrecarga de grupos musculares P Uma história prévia de lombalgia representa forte risco para recorrências, sobretudo quando os episódios prévios foram graves, frequentes ou se houve necessidade de tratamento cirúrgico. P A dor lombar que surge durante a gestação tem causas posturais, hormonais e circulatórias, geralmente regredindo algumas semanas após o parto. P Conflitos psicossociais, como discutido adiante, podem amplificar ou perpetuar os sintomas e não devem ser desconsiderados. P Um exame físico amplo é fundamental para afastar sinais de doença sistêmica, além de possibilitar a identificação de um sítio extralombar para a dor, caracterizando-a como referida P A dor nas costas referida de órgãos viscerais pode ser reproduzida durante a palpação do abdome (pancreatite, aneurisma aórtico abdominal [AAA]) ou percussão dos ângulos costovertebrais (pielonefrite) P Inicia-se pela inspeção da postura e da marcha → buscando alterações no alinhamento das vértebras e das curvaturas fisiológicas da coluna, déficit motor, atrofia muscular (em casos de radiculopatia prolongada) ou escoliose antálgica para aliviar tensão na raiz nervosa. P Avaliação da mobilidade → é inespecífica e sua restrição só terá valor diagnóstico em situações clínicas extremas, como espondilite anquilosante avançada, neoplasia, extrusão discal e fraturas vertebrais. ↳ Espasmo dos músculos paravertebrais com frequência limita o encurvamento para frente, podendo aplanar a lordose lombar usual. ↳ A flexão da coluna lombar se mostra limitada, sendo às vezes dolorosa em pacientes com doença da coluna lombar. ↳ A inclinação para o lado contralateral ao elemento vertebral lesionado pode causar o estiramento dos tecidos danificados, agravar a dor e limitar a mobilidade. ↳ A hiperextensão da coluna (com o paciente em decúbito ventral ou na posição ereta) é limitada quando há compressão de raízes nervosas, patologia da articulação facetária ou outra doença da coluna óssea P Palpação → realizada em busca de pontos álgicos, espasmos musculares e sinais inflamatórios nos processos espinhosos e tecidos moles adjacentes. ↳ Região dolorosa à palpação mostra sensibilidade diagnostica para osteomielite vertebral, mas não especificidade. P A artrite de quadril, que normalmente causa dor na região inguinal, pode apresentar-se como lombalgia, em alguns casos. ↳ Avaliada pelo teste de PATRICK-FABERE → realizado em decúbito supino, mediante flexão, rotação externa e abdução da coxa, mantendo fixo o membro contralateral; o desencadeamento de dor na região inguinal homolateral durante a manobra sugere processo degenerativo da articulação coxofemoral P Exame neurológico → avaliação de sensibilidade, propriocepção, tônus, força, trofismo muscular e reflexos tendinosos profundos dos mmii. ↳ Inclui pesquisa de fraqueza focal ou atrofia muscular, alterações reflexas focais, sensibilidade diminuída nas pernas ou sinais de traumatismo raquimedular ↳ Para os pacientes com suspeita de herniação de disco, os testes neurológicos devem ser focados nas raízes nervosas de L5 e S1, já que mais de 95% das herniações de disco clinicamente importantes ocorrem nos níveis de L4-5 e L5-S1 P A FIGURA 123.2 mostra o padrão de inervação da pele. ↳ No entanto, o diagnóstico topográfico de lesões espinhais mediante avaliação clínica isolada mostra-se frequentemente impreciso. ↳ Isso ocorre porque há consideráveis variações anatômicas entre os indivíduos e complexa sobreposição de fibras nervosas sensitivas e motoras entre as raízes lombossacrais adjacentes. ↳ Assim, a compressão ou secção de uma única raiz pode resultar em algum grau de hipoalgesia maldelimitada e leve paresia de vários músculos. ↳ Um padrão de anestesia segmentar ou dermatométrica acompanhado de plegia dos membros inferiores ocorre em doenças graves que afetam a medula espinhal (compressão, secção, mielites), situação em que o último nível sensitivo funcionante localiza a altura da lesão medular. P Várias provas clínicas têm sido utilizadas na tentativa de localizar a origem do estímulo doloroso frente à suspeita de herniação discal. ↳ Prova de elevação das pernas estendidas com o paciente em posição supina - manobra de Laségue ↳ Em pessoas saudáveis, a flexão de pelo menos 80° é normalmente possível sem causar dor, embora uma sensação de aperto ou estiramento nos músculos do jarrete seja comum ↳ Deve-se considerá-la positiva apenas quando a elevação <60 graus reproduz ou exacerba os sintomas de ciatalgia, com dor intensa e superficial irradiada abaixo do joelho (não meramente dor nas costas ou na coxa). ↳ O teste de Laségue ipsilateral é muito sensível (95%), mas pouco específico (40%) para hérnia de disco clinicamente significativa no nível de L4 a L5 ou L5 a S1 ↳ Sinal de Laségue cruzado (com sintomas de ciatalgia desencadeados quando a perna oposta é erguida) é pouco sensível (25%), mas altamente específico (90%) ↳ Em geral, é negativo em pacientes com estenose do canal medular P Fazendo retornar a perna de maneira gradual até a posição em que a dor cessa, pode-se confirmar a origem radicular pela dorsiflexão do pé e retorno do sintoma (manobra de Bragard) P A dor radicular também é desencadeada em situações que aumentam a pressão do canal vertebral, como o ato de tossir ou o esforço para evacuar (manobras de Valsalva). P Graduação da força → em grupos musculares específicos dos mmii pode ser de alto valor na localização de uma lesão suspeita. ↳ Pode-se solicitar ao paciente que deambule com apoio nas pontas dos pés (flexão plantar - Sl, S2) e nos calcanhares (dorsiflexão do pé - L4, L5), observando possíveis assimetrias das nádegas por atrofia dos glúteos maiores (L5, S 1 e S2). ↳ Na posição supina, a elevação dos membros estendidos sobre o tronco (flexão da coxa - L2, L3) e a extensão da perna flexionada contra resistência do examinador (extensão do joelho - L3, L4) complementam o exame. P Reflexos miotáticos → hiporreflexias devem ser valorizadas em conjunto com os demais achados neurológicos. P Sensibilidade tátil e dolorosa → avaliada na região das nádegas,períneo e extremidades inferiores. ↳ Percepção tátil → Por meio da estimulação cutânea com algodão e agulha de ponta romba P Sinais de envolvimento medular → como disfunção esfincteriana ou sexual, fasciculações, fraqueza e hipotrofia musculares, hipertonia espástica, hipo ou hiper-reflexia profundas, sinal de Babinski e disestesias com distribuição dermatométrica são situações associadas a quadros mais graves e exigem avaliação especializada com um neurocirurgião. P Sinais não orgânicos de Waddel → Algumas vezes pode haver forte suspeita de simulação ou origem psicogênica para a queixa de dor lombar. Esses casos podem ser confirmados pela pesquisa dos sinais não orgânicos de Waddell. P Os exames laboratoriais raramente são necessários para a avaliação inicial da lombalgia aguda (LA) inespecífica (< 3 meses de duração) P Na presença de fatores de risco, indicam-se exames laboratoriais (hemograma completo, VHS e exame de urina [EAS]). Se os fatores de risco estiverem ausentes, o manejo é conservador P BIOQUÍMICA E HEMATOLOGIA ↳ Velocidade de sedimentação globular (VSG), PCR, Leucograma ▪ Devem ser solicitados para pacientes com dor lombar não explicada, sem melhora após um período de 4 semanas. ▪ Em pacientes com osteomielite ou outras infecções espinhais, a sensibilidade diagnostica da ↑VSG é de 76 a 95%, da PCR, de 82 a 98% e da leucocitose, de 35 a 61%. ▪ VSG > 20 mm resulta em sensibilidade de 78% e especificidade de 67% para o diagnóstico de neoplasia oculta. ↳ Hemograma, glicemia, eletroforese de proteínas, dosagens séricas de cálcio e fósforo e o exame de urina SINAIS NÃO ORGÂNICOS DE WADDELL O achado de ≥3 desses sinais é clinicamente significativo: → Reação exagerada durante o exame; → Testes de carga axial (compressão vertical sobre a cabeça do paciente) e rotação em bloco do tronco desencadeando a dor; → Inconsistência entre as respostas encontradas no exame físico e os movimentos espontâneos que o paciente realiza quando está distraído; → Dolorimento superficial, de localização variável e não anatômica; e → Distúrbios regionais motores ou sensoriais não anatômicos. ▪ Podem também ser úteis para o diagnóstico das lesões tumorais, infecciosas, metabólicas e inflamatórias em pacientes com evolução atípica ou para a avaliação das condições clínicas antes da cirurgia. ↳ O teste HLA-B27 é útil na avaliação de espondiloartrites P EXAMES DE IMAGEM ↳ Em geral não são necessários em pacientes com lombalgia inespecífica aguda (de evolução <6 semanas). ↳ Em pacientes com >50 anos ou com sinais de alerta presentes → ausência de anormalidades na radiografia lombossacral e VHS normal virtualmente descartam infecção ou neoplasia vertebral. ↳ A TC é superior aos raios X de rotina para a detecção de fraturas que envolvem as estruturas posteriores da coluna, junções craniocervicais e cervicotorácicas, vértebras C1 e C2, fragmentos ósseos no canal vertebral ou desalinhamento ▪ A RNM e a mielotomografia computadorizada (mieloTC) são os exames radiológicos de escolha para avaliar a maioria das doenças graves da coluna ↳ Diversas anormalidades anatômicas observadas em exames de imagem são comuns em indivíduos assintomáticos ou são inconsistentes com a avaliação clínica de pacientes com lombociatalgia ↳ A alta prevalência desses achados incidentais toma improvável que qualquer técnica de imagem revele a causa específica da dor lombar na maioria dos pacientes ↳ RX simples → exame mais solicitado na investigação de lombalgia → incidências anteroposterior e lateral. ▪ Incidência oblíqua pode ser útil no diagnóstico de espondilólise (malformação anatômica ou fratura por estresse ou trauma que provoca a descontinuidade dos pares interarticulares sem deslizamento). ▪ Radiografias normais não excluem neoplasia ou infecção em pacientes com história clínica sugestiva. ↳ TC → Imagens de melhor qualidade do osso cortical → método preferível na avaliação de traumas agudos. ▪ Para pacientes com suspeita de hérnia de disco ou de estenose espinhal, os resultados obtidos com mielotomografia são comparáveis aos da RNM, tomando- a uma opção de menor custo e boa confiabilidade. ↳ RNM → oferecem diversas vantagens sobre aquelas obtidas com tomografía. ▪ O contraste de tecidos moles é melhor ▪ Método mais indicado para investigar radiculopatia, infecções ou neoplasias da coluna. ▪ Contraste paramagnético gadolínio é contraindicado em pacientes com IR moderada a grave (em hemodiálise ou com depuração de creatinina abaixo de 30 mL/min), os quais estão sob risco de desenvolver fibrose sistêmica nefrogênica. ↳ Cintilografia óssea → costuma ser utilizada para o estadiamento de neoplasias com potencial metastático. Também permite diferenciar alterações degenerativas de outros processos metabolicamente ativos, como fraturas recentes, infecção e sacroileíte. P ELETRODIAGNÓSTICO ↳ Eletroneuromiografia → pode confirmar ou descartar a suspeita clínica de radiculopatia, definir a extensão do envolvimento nervoso ou muscular e excluir outras causas de neuropatia periférica. ▪ As alterações encontradas na condução nervosa são precoces, tomando este exame útil na avaliação e na indicação cirúrgica em pacientes com lombociatalgia grave sem achados correspondentes nos exames de imagem. Condições De Maior Gravidade P Compressão da porção inferior da medula espinhal (abaixo de L1-L2) e de suas raízes nervosas P É uma lesão de múltiplas raízes nervosas lombossacrais, distal ao término da medula espinal em L1-L2 P Mais comumente por uma grande herniação central do disco intervertebral. ↳ Abscesso epidural e neoplasias são causas mais raras. P Podem ocorrer lombalgia, fraqueza e arreflexia nas pernas, anestesia em sela e perda da função vesical P SINTOMAS → dor lombar aguda muito intensa ↳ Mais frequência unilateral ↳ Irradiação para as extremidades inferiores ↳ Disfunção esfincteriana (retenção urinária, incontinência fecal ou urinária) ↳ Hipoestesia da região perineal ↳ Fraqueza dos membros inferiores. P É diferenciada da estenose espinhal pela maior extensão do comprometimento do canal medular e pelo início abrupto. P TRATAMENTO → Emergência cirúrgica; a descompressão deve ser realizada imediatamente ↳ As opções de tratamento são a descompressão cirúrgica, às vezes como procedimento urgente na tentativa de restaurar ou preservar a função motora ou a esfinctérica, ou radioterapia para os tumores metastáticos P O paciente que se queixa de dor nas costas e incapacidade de mover as pernas pode estar com fratura ou luxação da coluna vertebral e, no caso das fraturas acima de L1, há risco de compressão da medula espinal P É preciso ter cuidado para evitar qualquer lesão adicional da medula espinal ou de raízes nervosas por meio da imobilização do dorso e do pescoço enquanto se aguardam os resultados das radiografias P Pacientes com osteoporose têm risco aumentado ↳ É comum que ocorram fraturas vertebrais na ausência de trauma em associação com osteoporose, uso de glicocorticoides, osteomielite ou infiltração neoplásica P O uso prolongado de corticosteroides é um importante fator predisponente P Quatro fatores → sexo feminino, idade > 70 anos, trauma significativo e uso prolongado de corticosteroides - são preditivos. ↳ Três de quatro fatores presentes aumentam a probabilidade de fratura de 5% para 87%. ↳ O uso prolongado de corticosteroides, isoladamente, é o fator com maior valor preditivo para fratura. P DIAGNÓSTICO → RX da coluna mostra rarefação óssea difusa e deformidades vertebrais (acunhamento ou achatamento) mais acentuadas no segmento torácico. ↳ A dor de uma fratura lombar recente, apesar de intensa e localizada, costuma ser autolimitada ↳ Raras vezes ocorre compressão nervosa e alteração do exame neurológico. ESPONDILOARTRITES P Base autoimune associadas ao sorotipo HLA-B27 e com autoanticorpos geralmenteausentes. ↳ Podem acompanhar-se de sintomas constitucionais como fadiga, perda de peso e febre baixa. ARTROPATIAS INFLAMATÓRIAS P Rigidez matinal prolongada, >1h P A mais incapacitante costuma ser a ESPONDILITE ANQUILOSANTE. ↳ A EA é um distúrbio inflamatório de causa desconhecida que afeta primariamente o esqueleto axial ↳ Sacroileíte simétrica, bilateral, com envolvimento frequente dos discos e articulações interapofisánas da coluna ↳ A doença em geral começa na segunda ou terceira década ↳ Prevalência de sexo masculino ↳ Diagnóstico → quadro de dor lombar crônica de início insidioso, associada à rigidez e limitação progressiva da mobilidade axial ▪ Os sintomas da doença em geral são notados primeiro no fim da adolescência ou no início da vida adulta ▪ A idade mediana é de cerca de 23 anos ▪ Os achados mais específicos envolvem perda da mobilidade da coluna, com limitação da flexão e das extensões anterior e lateral da coluna lombar, e da expansão do tórax ▪ Teste de Schober modificado → Paciente fica ereto, com os calcanhares juntos, e são feitas marcas sobre a coluna, na junção lombossacra (identificada por uma linha horizontal entre as espinhas ilíacas posterossuperiores) e 10 cm acima. É medida a distância entre as duas marcas. Mobilidade normal → distância aumenta em ≥ 5 cm Mobilidade diminuída → < 4 cm ▪ Ocorre retificação da lordose lombar normal em estágios precoces, associada à dificuldade para deambular. ▪ Com o avanço da doença, a coluna cervical também terminará comprometida ▪ ↓densidade mineral óssea pode ser detectada pela densitometria do colo do fêmur e da coluna lombar ↳ Outras manifestações da espondilite anquilosante incluem sinovite inflamatória das articulações periféricas, uveíte anterior e doenças cardiopulmonares O sintoma inicial é uma dor surda, de início insidioso, sentida profundamente na região lombar inferior ou glútea, acompanhada de rigidez matinal na parte inferior das costas com até poucas horas de duração, a qual melhora com a atividade, retornando após inatividade. Após poucos meses de seu início, a dor em geral torna-se persistente e bilateral. A exacerbação noturna da dor com frequência força o paciente a se erguer e se movimentar ↳ A limitação da expansão torácica (diferença entre as circunferências torácicas inspiratória e expiratória <2,5 cm) é altamente específica, mas pouco sensível. ▪ É medida como a diferença entre a inspiração máxima e a expiração máxima forçada, no quarto espaço intercostal, nos homens, e logo abaixo das mamas, nas mulheres, com as mãos da paciente descansando sobre a cabeça ou logo atrás dela. ▪ A expansão normal do tórax é ≥ 5 cm. ↳ É comum a espondilite anquilosante levar cerca de uma década para ser corretamente diagnosticada, já que a inflamação das articulações sacroilíacas não é acompanhada de alterações radiográficas no início. ↳ Em adultos com <50 anos com dor lombar crônica, a combinação de quatro fatores da história clínica pode ajudar o diagnóstico ▪ Rigidez matinal > 30 minutos ▪ Melhora da dor lombar com exercício, mas não com repouso ▪ Dor interrompendo sono na segunda metade da noite ▪ Dor nas nádegas que alterna lados. ▪ A presença de três desses quatro fatores aumenta a probabilidade ↳ O teste HLA-B27 positivo também é bastante sensível (90%) e específico (90%). ↳ A avaliação radiográfica demonstrando sacroileíte, calcificação extensa dos ligamentos espinhais e erosões vertebrais é importante para o diagnóstico ▪ No entanto, os achados do RX são tardios ↳ A RNM tem papel fundamental na investigação e no diagnóstico precoce ↳ A complicação mais grave da doença na coluna é a fratura ↳ Tratamento → A atividade física ao longo do dia em geral melhora a dor ▪ AINEs são a primeira linha da terapia farmacológica da EA P ENTESOPATIA → ou inflamação das inserções de tendões e ligamentos, pode resultar em achados como tendinite aquiliana e tasceíte plantar LOMBALGIA MECÂNICA P Rigidez que dura <30 minutos. P Atividade física exacerba a lombalgia mecânica P A infecção focal da coluna, causada por osteomielite, infecção no espaço discai (discite) ou sacroileíte séptica, pode manifestar-se como lombalgia aguda ou crônica. P Herpes-zóster pode causar dor importante na distribuição de um dermátomo, sendo difícil de diagnosticar antes do surgimento da erupção vesicular clássica. P Staphylococcus aureus e Escherichia coli são os agentes mais comuns de osteomielite vertebral no paciente adulto, em geral atingindo o osso por disseminação hematogênica de outra fonte primária P Staphylococcus epidermidis está mais tipicamente associado a infecção discal pós-operatória OSTEOMIELITE P Em geral, a osteomielite vertebral é causada por estafilococos, mas outras bactérias ou tuberculose (mal de Pott) podem estar implicadas P A doença de Pott é uma forma crônica de osteomielite decorrente do Mycobacterium tuberculosis. P A fonte primária da infecção costuma ser o trato urinário, a pele ou os pulmões. Os achados mais comuns na osteomielite vertebral são a dor nas costas não aliviada pelo repouso, dor à palpação da coluna vertebral sobre o segmento acometido e elevação da VHS Eles são aplicáveis a indivíduos com ≥ 3 meses de dor nas costas, com idade de início < 45 anos Para satisfazer o critério de dor inflamatória nas costas da EA axial, a dor nas costas crônica (≥ 3 meses) deve ter quatro ou mais dos seguintes aspectos característicos: (1) idade de início < 40 anos; (2) início insidioso; (3) melhora com exercício; (4) nenhuma melhora com repouso, e (5) dor à noite com melhora ao se levantar P O uso de drogas intravenosas é um fator de risco bem conhecido P FATORES DE RISCO ↳ Osteomielite e abscesso epidural → imunossupressão, diabetes, uso abusivo de drogas intravenosas, alcoolismo, insuficiência renal e infecção do trato urinário. P Evidência objetiva de radiculopatia pode estar presente no contexto de abscesso epidural. P Sintomas constitucionais de fadiga, febre baixa (presente em 52% dos pacientes com osteomielite piogênica e somente 4% dos pacientes com discite) e perda de peso podem estar ausentes, atrasando o diagnóstico. P As alterações radiográficas clássicas são tardias, mostrando irregularidades e erosões do corpo vertebral, seguidas por invasão e estreitamento do espaço discal. P A RNM pode demonstrar infecção em tecidos moles, útil para delinear a extensão de abscessos e definir a conduta cirúrgica. P As hemoculturas são positivas em mais de 50% dos pacientes com osteomielite por infecção bacteriana aguda. P O teste cutâneo de Mantoux deve ser realizado quando há suspeita de tuberculose. P O envolvimento das vértebras por carcinoma metastático - com sítio primário em próstata, mama, rins, pulmão ou tireóide -, além do mieloma múltiplo, é causa, entre as neoplasias, muito mais frequente de lombalgia. P A dor é contínua, progressiva, não alivia com o repouso e piora com o decúbito, despertando o paciente à noite. P SINAL DE ALERTA → O mais informativo para diagnosticar malignidade é uma história prévia de câncer. ↳ idade > 50 anos, sem melhora após um mês, perda de peso inexplicada sem alívio na posição deitada. P Resultados positivos de dois exames laboratoriais aumentam consideravelmente a probabilidade de neoplasia: taxa de sedimentação de eritrócitos > 50 mm/h ou > 100 mm/h e hematócrito < 30 %. P A radiografia simples, embora tendo apenas 60% de sensibilidade, pode revelar uma ou múltiplas lesões destrutivas líticas (radiolucentes) ou blásticas (radiodensas) com alta especificidade. P Os espaços discais costumam estar preservados, ao contrário das doenças infecciosas. P Tomografia e ressonância são exames mais sensíveis. P A cintilografia óssea é um exame muito útil para delimitar a extensão da doença metastática antes do tratamentoP Diversas doenças em órgãos abdominais e pélvicos podem resultar em uma dor profunda, mal localizada, referida para os dermátomos correspondentes na região dorsal. P Por vezes, a lombalgia pode ser a queixa predominante, atrasando o diagnóstico. P Isso é particularmente verdadeiro nos casos de aneurisma da aorta abdominal, situação em que a dor lombar é o único sintoma em mais de 20% dos indivíduos P A lombalgia que coincide com o ciclo menstrual pode estar associada à endometriose Síndromes Radiculares P ESPONDILOLISTESE → deslizamento anterior de uma vértebra sobre outra. ↳ Pode ter origem congênita, traumática, degenerativa ou resultar de doenças ósseas (osteoporose, acondroplasia, osteomalacia, neoplasias). ↳ A espondilolistese ístmica é o tipo mais comum de todos, causada por uma fratura vertebral de estresse na apófise interarticular do segmento L5-S1. ↳ Ocorre habitualmente entre os 10 e 18 anos, em indivíduos com história de atividades ou esportes que exigem hiperextensão da coluna (ginástica, musculação, voleibol). ▪ Apesar de ser a causa mais comum de dor lombar nessa faixa etária, a maioria dos adolescentes com espondilolistese são assintomáticos ↳ A espondilolistese degenerativa ocorre em idosos com dor lombar isolada ou associada à ciatalgia, em um padrão muito similar à estenose espinhal ↳ Os sintomas em geral estão relacionados com escorregamentos acima de 25%, produzindo acentuação da lordose lombar e dor do tipo mecânica ↳ Dor à palpação pode ser suscitada próximo ao segmento que “deslizou” para frente (com maior frequência, L4 sobre L5 ou, às vezes, L5 sobre S1) ↳ A ciatalgia, apesar de estar presente na maioria desses pacientes, não se associa a manobra de Lasègue positiva. ↳ O diagnóstico é confirmado com exame radiográfico de perfil. ↳ A cintilografia óssea pode definir se há fratura recente (lesão quente), situação que influencia no tratamento (pode haver chance de soldar espontaneamente) P ESPONDILÓLISE → Se a fratura não determina o desalinhamento da vértebra ↳ Doença osteoartrítica da coluna vertebral ↳ Ocorre em uma época mais tardia da vida e acomete principalmente as colunas cervical e lombossacra. ↳ Dor nas costas, que aumenta com o movimento e está associada à rigidez e que melhora com a inatividade. ↳ A relação entre os sintomas clínicos e os achados radiológicos não costuma ser direta. ▪ A dor pode ser proeminente quando os achados radiológicos de TC ou RM são mínimos ▪ Pode-se observar doença vertebral degenerativa proeminente em pacientes assintomáticos. ↳ Osteófitos puros ou combinados com discos podem causar estenose central do canal vertebral ou contribuir para ela, estenose do recesso lateral ou estreitamento de forame neural P Estreitamento do canal medular, de seus recessos laterais e forames neurais, que pode resultar em compressão das raízes nervosas lombossacrais P Em geral em indivíduos >50 anos P As alterações degenerativas são suas principais causas. P A estenose lombar, em si, em geral é assintomática P Pode ser adquirida (75%), congênita ou de ambos os tipos ↳ Adquiridos → doenças degenerativas (espondilose, espondilolistese, escoliose), traumatismo, cirurgia na coluna vertebral, distúrbios metabólicos ou endócrinos (lipomatose extradural, osteoporose, acromegalia, osteodistrofia renal, hipoparatireoidismo) e doença de Paget P Pseudoclaudicação (claudicação neurogênica) → manifestação típica que ocorre em 60% dos casos ↳ Dor bilateral nos mmii quando deambula ou permanece em pé por tempo prolongado. ↳ Ao contrário da herniação discal, ocorre expansão do canal medular e alívio dos sintomas ao sentar-se ou flexionar-se anteriormente o tronco. ↳ Os fatores que favorecem um diagnóstico de pseudoclaudicação sobre claudicação vascular incluem preservação dos pulsos pediosos, provocação dos sintomas ficando de pé e localização de desconforto máximo nas coxas e não nas panturrilhas ↳ Diferentemente da claudicação vascular, os sintomas costumam ser provocados pela posição em pé sem deambulação. ↳ Sintomas geralmente são aliviados pela posição sentada. ↳ Os pacientes com claudicação neurogênica costumam conseguir caminhar muito mais longe inclinados sobre um carrinho de compras e podem pedalar em bicicleta ergométrica com facilidade sentados. ▪ As posições de flexão aumentam o diâmetro anteroposterior do canal e reduzem a hipertensão venosa intraespinal, resultando em alívio da dor. ↳ Fraqueza focal, perda sensorial ou alterações dos reflexos podem ocorrer quando a estenose vertebral está associada à radiculopatia. ↳ Apenas raramente ocorrem déficits neurológicos graves, como paralisia e incontinência urinária P Ciatalgia → é um achado mais comum entre pacientes com estenose de recesso lateral. P Os achados neurológicos demonstram compressão de raízes nervosas em múltiplos níveis P Manobra de Lásegue é frequentemente negativa. P Testes clínicos → inexistência de sintomas na posição sentada, melhora dos sintomas com flexão da coluna, presença de dor bilateral nas coxas ou pernas e claudicação neurogênica. ↳ >70 anos também aumenta a probabilidade ↳ A ausência de claudicação neurogênica ajuda a excluir este diagnóstico. P A RNM e mielotomografia fornecem as imagens mais úteis para delinear a localização e o grau de estenose. MANEJO P Analgésicos, AINEs, terapia física e aplicação epidural de esteroides são utilizados empiricamente. ↳ Há evidência insuficiente que confirme o uso rotineiro de injeções epidurais de glicocorticoide P Em geral tem indicação de correção cirúrgica. No entanto, sucesso não é garantido ↳ A terapia cirúrgica deve ser considerada quando a clínica não alivia os sintomas o suficiente para permitir o retorno às atividades cotidianas ou quando existem sinais neurológicos focais ↳ A maioria dos pacientes com claudicação neurogênica que recebe tratamento clínico não melhora com o tempo P O risco de quedas pode ser reduzido abandonando-se o consumo de bebidas alcoólicas e sedativos, combinado com o fortalecimento da musculatura das pernas. P O uso de bicicleta ergométrica ou a prática de caminhadas são recomendados, com breves descansos quando ocorrer dor P Coletes e outros suportes externos podem reduzir as pressões intradiscais em pacientes idosos com degeneração em múltiplos níveis, além de permitir a cicatrização dos tecidos após a cirurgia. P A síndrome de herniação do núcleo pulposo determinando compressão ou irritação de raiz nervosa a causa mais comum de queixas neurológicas (parestesias, hipoestesia e paresias) nos membros inferiores. P A causa costuma ser desconhecida, mas o risco aumenta em indivíduos obesos. P A hérnia discal não é comum antes dos 20 anos de idade, sendo rara nos discos fibróticos dos idosos P Fatores genéticos complexos podem desempenhar um papel na predisposição P A dor de início agudo na região lombar em indivíduos com <50 anos é uma apresentação comum. P O mecanismo pelo qual a lesão de discos intervertebrais provoca dor nas costas é controverso. ↳ O anel fibroso interno e o núcleo pulposo normalmente são desprovidos de inervação. ↳ A inflamação e a produção de citocinas pró-inflamatórias no interior do núcleo pulposo rompido podem desencadear ou perpetuar a dor ↳ A invaginação de fibras nervosas nociceptivas (para dor) nas partes internas do disco acometido pode ser responsável por algumas dores “discogênicas” crônicas. P A lesão de raiz nervosa (radiculopatia) por herniação de disco costuma ser causada por inflamação, mas a herniação lateral pode produzir compressão no recesso lateral ou no forame intervertebral. P Um disco roto pode ser assintomático ou causar dor nas costas, postura anormal, limitação dos movimentos da coluna vertebral (particularmente flexão), um déficit neurológico focal ou dor radicular. P Sinais e sintomas costumam ser unilaterais, porémo comprometimento bilateral ocorre nas grandes hérnias discais centrais que comprimem múltiplas raízes ou causam inflamação de raízes nervosas dentro do canal vertebral. P A ausência de reflexo tendíneo profundo ou perda sensorial focal pode indicar lesão de raiz nervosa, P Perda da sensibilidade sobre o pé e a parte lateral inferior da panturrilha pode resultar de neuropatia fibular ou isquiática lateral ou de lesão da raiz nervosa L5. P Avaliação neurológica → pode detectar evidências objetivas de radiculopatia. ↳ A doença discal crônica determina instabilidade e sobrecarga funcional nas demais estruturas do segmento móvel, razão pela qual em geral é acompanhada de artrose concomitante. P A RNM é o melhor exame para demonstrar a compressão radicular. ↳ Os achados à RM de protrusão discal, lacerações no anel fibroso ou hipertrofia de articulações facetárias são achados casuais comuns que, em si, não devem influenciar as decisões terapêuticas para os pacientes com dorsalgia ↳ O diagnóstico de lesão de raiz nervosa é mais seguro quando há concordância entre a anamnese, o exame físico, os resultados de imagens P A recuperação, após herniação de disco com radiculopatia, costuma ser mais lenta em relação à dor lombar inespecífica. P A história natural tende a ser benigna para a grande maioria dos casos. P Após seis semanas, apenas 10% dos pacientes permanecem com sintomas que levam a considerar o tratamento cirúrgico. P Estudos sequenciais de ressonância revelaram que a porção herniada do disco tende a regredir com o tempo, com resolução parcial ou completa em dois terços dos casos após seis meses. TRATAMENTO P Deve ser conservador por pelo menos 6 semanas, mas não há definição de qual é o melhor tratamento P O repouso no leito não acelera a recuperação. ↳ Se houver necessidade, a prescrição de repouso por dois dias mostrou-se equivalente a períodos mais prolongados. ↳ A posição de semi-Fowler (decúbito dorsal com os joelhos e quadris levemente flexionados) reduz as pressões intradiscais e proporciona maior conforto P Exercícios de estabilização muscular, investigados em indivíduos com hérnia discai há mais de dois meses e sem déficit motor ou de sensibilidade, mostraram-se benéficos para redução de dor a curto prazo. P Nenhum fármaco tem documentado o benefício a longo prazo P Apenas corticosteroides e gabapentina mostraram efeito a curto prazo. P Alívio de dor → AINEs + opioides (p. ex., paracetamol + codeína) pode ser vantajosa. ↳ Opiáceos fortes (alfentanil, metadona) podem ter indicação se analgesia eficiente não for alcançada com AINEs e demais medidas conservadoras P Não há benefício documentado com massagem, acupuntura, tração, ou medicação oral ou injetada P INDICAÇÃO CIRÚRGICA ↳ Pacientes com piora importante do quadro neurológico (paresia aguda severa ou progressiva) devem ser encaminhados para cirurgia. ↳ Outra indicação cirúrgica de emergência é a síndrome da cauda equina ↳ Para os demais pacientes com sintomas persistentes (mais de 6 a 8 semanas de tratamento conservador sem melhoras) ou limitantes, a escolha de procedimentos cirúrgicos deve ser individualizada, considerando riscos e benefícios Dor Lombar Inespecífica P Após excluir bandeiras vermelhas (câncer, infecção, fratura, doença inflamatória) e síndromes radiculares (hérnia de disco com radiculopatia, estenose), resta a grande maioria dos pacientes, rotulados como tendo dor lombar inespecífica P Melhora sintomática ou resolução espontânea em algumas semanas na grande maioria dos episódios de lombalgia aguda P 62% (42 a 75%) das pessoas que têm uma primeira crise de dor lombar ainda apresentam dor após 12 meses. P Entre as que ficam assintomáticas, 60% experimentam ao menos uma recorrência após um ano. A maioria das recorrências não é incapacitante, mas o quadro de lombalgia frequentemente passa a configurar-se em um problema crônico, com exacerbações intermitentes P 4 perfis da trajetória da intensidade da dor ao longo de um ano: ↳ Leve persistente (pacientes com dor fraca e estável) ↳ Recuperando (começam com dor leve, rapidamente ficam assintomáticos) ↳ Crônica severa (pacientes permanentemente com dor de alta intensidade) ↳ Flutuante (dor variando de nível baixo a alto). P Os sinais mais relacionados com dor persistente são presença de sinais não orgânicos (os sinais de Waddell), alto nível de comportamentos mal adaptativos para lidar com a dor, incapacidade funcional inicial alta e presença de comorbidades psiquiátrica P O tratamento conservador para alívio sintomático está recomendado. P Orientar o paciente a manter-se ativo, evitar descanso no leito, reassegurar sobre o prognóstico favorável nas primeiras semanas, avaliar o nível de dor e de incapacidade funcional e oferecer tratamento medicamentoso para alívio da dor. P Ainda não existem tratamentos que produzam benefícios amplos e consistentes. P De forma geral, os tratamentos produzem efeitos modestos, normalmente apenas a curto prazo, e nenhum deles parece mudar de modo efetivo a trajetória prognostica a longo prazo. ↳ Fase aguda → AINEs e manipulação ↳ Fase crônica → acupuntura, terapia comportamental, exercícios e AINEs. P Há 3 subgrupos para pacientes com dor lombar inespecífica aguda e subaguda (até 12 semanas) → manipulação, centralizadores, estabilização. ↳ Cerca de 50% dos pacientes com dor lombar inespecífica aguda e subaguda pertencem a um único subgrupo, 25% a dois subgrupos, e 25% não se enquadram em nenhuma categoria. 1. SUBGRUPO MANIPULAÇÃO P Grupo de pacientes que melhora de forma considerável com 1-2 manipulações vertebrais ao longo de uma semana P Foram encontrados cinco fatores que caracterizam tais pacientes: ↳ Dor < 16 dias ↳ Sem sintomas abaixo do joelho ↳ Pelo menos um quadril > 35 graus rotação interna ↳ Pelo menos um nível lombar hipomóvel na pressão posteroanterior ↳ Questionário de crenças de medo e evitamento < 19 pontos P Se o paciente apresenta quatro dos cinco fatores, a probabilidade de sucesso aumenta de 50% para 95% ↳ Menos dor e incapacidade em uma semana, um mês e seis meses comparados com aqueles que receberam manipulação mas eram negativos na regra de previsão clínica e com aqueles que eram positivos na regra de previsão clínica mas receberam apenas exercícios de fortalecimento P Se apenas dois fatores estão presentes, a probabilidade de sucesso cai para apenas 9%. P Maior preditor de sucesso ↳ Início da dor há menos que 16 dias ↳ Pacientes com dor lombar inespecífica (não radicular) de início recente ↳ Sintomas restritos a região lombar e coxa 2. SUBGRUPO CENTRALIZADORES P Uma parcela importante dos pacientes P Caracterizada durante uma avaliação clínica com movimentos repetidos em final de amplitude quando o sintoma referido na perna ou coxa muda de uma posição distal para proximal, se aproximando do centro da coluna. P Relacionado com excelente prognóstico quando o paciente se auto trata com exercícios na direção que centraliza seus sintomas. P O fenômeno da centralização é altamente prevalente ↳ Em pacientes agudos e subagudos, 70% são centralizadores, e em crônicos, 52% P A direção de movimento que diminui ou centraliza os sintomas (chamada de direção de preferência) é usada para auto tratamento, evitando-se temporariamente os movimentos na direção oposta, que costumam aumentar ou periferilizar os sintomas. ↳ A direção de preferência mais comum é extensão (73%) seguida de extensão com lateral (10%), lateral (10%) e flexão P Autotratamento com exercícios na direção de preferência tem se mostrado mais efetivo do que os tratamentos ↳ O paciente é ensinado a realizar os movimentos por conta própria (em geral 10 movimentos a cada 2 ou 3 horas), observando todas as vezes o eleito dos movimentos no sintoma mais distal, que deve diminuir em intensidade ou centralizar. ↳ O paciente é orientado a mantera postura concordante com a direção de preferência e a evitar temporariamente o movimento oposto. ↳ O tratamento como um todo, em geral, leva quatro encontros com o fisioterapeuta ao longo de um mês. 3. SUBGRUPO ESTABILIZAÇÃO P Pacientes com características de instabilidade e falta de controle de movimento intervertebral. P Devido ao processo degenerativo, segmentos da coluna começam a demonstrar mobilidade excessiva gerando sobrecarga mecânica de estruturas inervadas e dor. P Retreinamento de músculos estabilizadores da coluna Podem ser encaminhados precocemente a um fisioterapeuta ou quiroprata para uma ou duas sessões de manipulação vertebral ↳ Geralmente se inicia com reativação de músculos estabilizadores profundos da coluna - transverso abdominal e multífido- seguidos de fortalecimento de músculos globais (reto abdominal, oblíquos, quadrados lombares, glúteos máximos). P Quatro fatores da história e do exame físico foram relacionados com sucesso (redução ≥50% na incapacidade funcional) com tratamento de estabilização muscular: ↳ Elevação da perna estendida > 91 graus ↳ Teste de instabilidade prono positivo presença de movimentos aberrantes ↳ Idade < 40 anos P Se o paciente apresenta três dos quatro fatores, a probabilidade de sucesso aumenta de 50% para 86%. P Medicamentos ↳ Os medicamentos devem ser usados por tempo limitado, de preferência em intervalos fixos, e seus efeitos adversos monitorados de forma contínua. ↳ Analgesia em casos de dor leve → Apesar de não haver estudos específicos demonstrando seu benefício em lombalgia aguda, o paracetamol pode ser uma escolha segura se sem componente inflamatório. ↳ Lombalgia moderada ou acompanhada de Ciatalgia → AINEs mantidos enquanto retoma gradualmente suas atividades ↳ Aplicações tópicas de AINEs em dor lombar → ibuprofeno e piroxicam mostraram-se efetivos no alívio da dor musculoesquelética aguda, justificando o seu emprego em pacientes mais suscetíveis às reações adversas gastrintestinais e renais do uso sistêmico. ▪ O diclofenaco gel pode ser aplicado no local da dor três vezes ao dia. ↳ O emprego combinado de AINEs e paracetamol pode proporcionar maior analgesia, já que atuam por mecanismos diferentes. ↳ O uso de relaxantes musculares (benzodiazepínicos e ciclobenzaprina) durante um curto período de tempo pode apresentar um benefício modesto para alívio da dor e promove melhora global na percepção do paciente. ▪ A indicação de ciclobenzaprina parece limitar-se à primeira semana de um episódio agudo de lombalgia, ocorrendo declínio da eficácia terapêutica após esse período. ↳ O uso de opioides deve ser feito a critério clínico, já que inexistem evidências definitivas. ▪ Se um opioide for usado, deve ser mantido por curto período de tempo e administrado apenas se necessário, com o intuito de se reduzir o aumento da tolerância e a dependência P Demais tratamento ↳ Acupuntura e massagem não estão indicadas na fase aguda. ↳ De todas as modalidades passivas de terapia comumente empregadas (p. ex., estimulação nervosa elétrica transcutânea - TENS, ultrassom, termoterapia, laser), apenas calor superficial se mostrou benéfico para a redução de dor lombar aguda, com efeitos discretos, apenas a curto prazo. P Manejo de fatores de risco psicossociais para cronificação ↳ Fatores psicossociais - depressão, ansiedade, catastrofização, medo do movimento, entre outros -, têm um papel importante na transição da fase aguda para um quadro de dor e incapacidade crônicas. ↳ Devem-se avaliar esses fatores, as chamadas bandeiras amarelas, em pacientes que não estão melhorando, visando redirecionar o tratamento para tais fatores psicossociais, com o objetivo de reduzir ou evitar dor e incapacidade persistentes. PACIENTES COM RISCO DE DESENVOLVER DOR CRÔNICA Bandeira Amarela: características de paciente que podem indicar problemas em longo prazo que exigem maior atenção do médico, particularmente em termos de voltar ao trabalho ▪ Atitude pessimista frente à dor, medo excessivo de movimento e atividade e pouca esperança de melhora ▪ Problemas relacionados ao trabalho (ex: insatisfação, conflito) ▪ Problemas emocionais (depressão, ansiedade, preocupação) ▪ Dor generalizada (dor de cabeça, fadiga, tontura) ▪ Desejo de um tratamento passivo, pouca capacidade de ser proativo ▪ Episódios anteriores de lombalgia que foram acompanhados por um período estendido de tempo ↳ O Questionário Õrebro prediz dor e incapacidade a longo prazo, mas seu elevado número de itens (24) dificulta sua utilização na prática. ↳ Uma alternativa mais simples para detectar pacientes em risco de cronificação é o STarT Back Tool. ▪ Com apenas nove questões, esse questionário validado e desenvolvido para uso na atenção primária classifica o paciente em risco baixo, médio e alto de cronificação. ▪ Cada grupo recebe um tratamento específico. ▪ Baixo risco → educação, medicação, confirmação de história natural favorável e aconselhamento para manter-se ativo, em apenas uma sessão. ▪ Médio risco (com alguns fatores físicos de risco) → + encaminhado para fisioterapia. ▪ Alto risco (com mais fatores psicossociais de risco) → adiciona a tudo isso TCC para mudar crenças e atitudes P Fatores psicossociais relacionados com a cronificação devem ser novamente avaliados, pois podem estar contribuindo para o insucesso do tratamento. P Sensibilização Central ↳ Consiste em um estado de hiperexcitabilidade do sistema nociceptivo em nível medular e supraespinhal. ↳ O processamento anormal da dor em nível central se expressa clinicamente como hiperalgesia (resposta dolorosa aumentada frente a estímulo doloroso) e alodinia (estímulos em geral não dolorosos passam a produzir dor) P Exercícios, medicamentos conforme necessidade, TCC e/ou reabilitação multidisciplinar. P Tratamentos passivos (eletroterapia, termoterapia) devem ser evitados. P É importante educar o paciente, verificando e corrigindo crenças, pensamentos, emoções e atitudes inadequados em relação à dor P Exercícios → Exercícios são mais eficientes para reduzir dor a curto prazo e incapacidade a curto e longo prazos comparados a tratamento medicamentoso e orientação médica (educação, reasseguramento, manter-se ativo). ↳ Programa individualizado, supervisionado por um terapeuta, e inclui alongamento e fortalecimento. P Terapias comportamentais → visam reduzir dor e incapacidade mediante modificação de processos cognitivos e comportamentos de dor mal adaptativos, são efetivas para reduzir dor. No entanto, os efeitos do tratamento são discretos. P Medicamentos → analgésicos e AINEs devem ser utilizados em associação com programas de reabilitação física, visando à recuperação do tônus muscular e à melhora do condicionamento físico ↳ Não há benefício estabelecido com o uso adjunto de relaxantes musculares. ↳ Os opiáceos (codeína) podem ser necessários para aliviar a dor, mas sonolência, constipação, adicção e tolerância limitam seu uso contínuo. ↳ A terapia com antidepressivos pode ser útil para o terço dos pacientes com dor lombar crônica que apresentam depressão concomitante P Tratamento multidisciplinar → Esses centros tipicamente combinam terapia cognitivo-comportamental, educação postural, exercícios supervisionados, bloqueio seletivo de nervos e outras estratégias para restabelecer a funcionalidade e prevenir recidivas. ↳ Os benefícios podem ser sustentados por vários anos, mas o alívio completo dos sintomas muitas vezes é ilusório, podendo ser necessário redirecionar os objetivos terapêuticos para otimizar a função diária. P Acunputura → A lombalgia é uma das indicações mais comuns. Os dados atuais são insuficientes para comprovar sua efetividade. P Demais terapias → A massagem oferece possível benefício, com efeito demonstrado a curto prazo. ↳ Nem calor, nem frio superficial reduzem dor lombar crônica ↳ Não há evidênciaspara o uso de ultrassom, laser ou terapia por ondas de choque.
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