Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CAPÍTULO CARBOIDRATOS E EXERCÍCIOS Monossacarídeo Dissacarídeo Oligossacarídeo Polissacarídeo Os carboidratos são, por definição da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), todos os monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos, incluindo os polióis, presentes nos alimentos, os quais são digeridos, absorvidos e metabolizados pelo ser humano. Dentro de um contexto químico, os carboidratos são moléculas constituídas por átomos carbono (a base química para as moléculas), hidrogênio e oxigênio formando uma molécula com fórmula C(n) H2(n) O(n). Quando o assunto é performance no esporte, os carboidratos apresentam um alto grau de relevância devido ao seu papel central nos sistemas energéticos. Assim, neste capítulo, serão abordados os principais pontos bioquímicos e práticos dos carboidratos, bem como seu uso no esporte. CARBOIDRATOS Antes de tudo, vale ressaltar a origem do nome "carboidrato", que explica-se uma vez que são compostos formados por moléculas de carbono, oxigênio e hidrogênio (também chamados de hidratos de carbono). Por representarem um grande grupo de estruturas químicas, os carboidratos podem ser divididos quanto ao seu grau de polimerização, assim sendo: monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. BIOQUÍMICA DOS CARBOIDRATOS A glicose é o monossacarídeo mais importante para o corpo humano. É uma molécula composta por 6 átomos de carbonos, 12 de hidrogênio e 6 de oxigênio (C6H12O6), formando uma hexose, constituinte do alimento ou formada no organismo, pela digestão de carboidratos mais complexos. Classificação dos carboidratos Monossacarídeos Devem ser entendidos como a unidade do carboidrato em sua forma mais básica, são eles: glicose, frutose e galactose os provenientes da dieta. Dissacarídeos Trata-se da junção entre dois monossacarídeos sendo representados por: sacarose, lactose e maltose. Glicose Frutose Sacarose+ = Ligação alfa 1,2 Glicose Galactose Lactose+ = Ligação beta 1,4 Glicose Glicose Maltose+ = Ligação alfa 1,4 Monossacarídeos Dissacarídeos Os monossacarídeos e os dissacarídeos constituem os açúcares simples Oligossacarídeos À medida que tem-se a união de mais monossacarídeos, dá-se origem aos oligossacarídeos, que possuem cerca de 3 a 9 monossacarídeos. Polisscarídeos Igual ou acima de 10 monossacarídeos em formando uma molécula. Os principais representantes são o amido e o glicogênio. O amido pode ser encontrado sobre a forma de amilopectina, uma ligação de monossacarídeos altamente ramificada, e em uma estrutura conhecida como amilose, uma cadeia linear longa de unidades de glicose entrelaçadas em uma espiral helicoidal. A proporção relativa de cada forma de amido em um alimento, determinada suas características, dentre elas, sua digestibilidade. Os amidos com uma quantidade maior de amilopectina são digeridos e absorvidos rapidamente, enquanto os que contêm alto teor de amilose, são degradados, ou seja, hidrolisados, de forma mais lenta. No reino animal, o glicogênio consiste em um polissacarídeo (uma união de várias moléculas de glicose) de armazenamento energético, sobretudo, em músculo e fígado. Trata-se de um grande polímero polissacarídeo sintetizado de glicose no processo da glicogênese. Metabolismo energético Conforme comentado no inicio deste capítulo, os carboidratos desempenham funções centrais relacionadas ao metabolismo energético e ao desempenho físico. Funções dos carboidratos no metabolismo energético Fonte de energia OS carboidratos atuam como o principal combustível energético do organismo. Preservação de proteínas O consumo adequado de carboidratos atua na preservação das proteínas teciduais, evitando o catabolismo proteico. Iniciador metabólico Os componentes do catabolismo dos carboidratos atuam como um "substrato iniciador" para a oxidação das gorduras. A ausência dos subprodutos adequados do catabolismo de glicogênio produz uma degradação incompleta das gorduras e acúmulo de corpos cetônicos. Se em excesso, estas cetonas produzem uma condição ácida potencialmente prejudicial, a acidose metabólica. Portanto, o carboidrato atua na prevenção da cetose. Combustível prioritário em alguns tecidos Combustível principal para o sistema nervoso central: em condições normais, o encéfalo metaboliza, quase exclusivamente, a glicose do sangue como fonte de energia. Bem como as hemácias/eritrócitos. Piruvato Glicose Glicose-6- fosfato Ácidos graxos Via das pentoses fosfato Glicogênio Colesterol ATP Núcleo Acetil-Coa CAT e CTE Núcleo Núcleo Fluxo sanguíneo Hepatócito O fígado é o órgão central do metabolismo da glicose no corpo. Para isso, os hepatócitos possuem em sua membrana transportadores do tipo GLUT2, que conseguem controlar a entrada e saída de glicose de uma forma que, a concentração desta hexose no sangue seja extremamente semelhante a concentração intracelular. Outro ponto de controle da glicose na célula é a sua fosforilação, na posição do carbono 6 (recebendo a nomenclatura de glicose-6-fosfato), determinando assim que a glicose so saia do hepatócito em casos de necessidade de manutenção da glicemia. INDICE GLICÊMICO X CARGA GLICÊMICA O índice glicêmico (IG) representa a forma como cada alimento se comporta, em termos de velocidade de digestão e absorção de seus carboidratos; mede o tempo que o carboidrato demora neste processo de digestão e absorção, sendo que, quanto mais rápida esta absorção, maior a capacidade deste alimento gerar picos de glicose e, consequentemente, de insulina no organismo. Em contrapartida, carboidratos debaixo índice glicêmico elevam a glicose sanguínea, mas de maneira mais estável, bem como os níveis de insulina, hormônio anabólico que irá promover a captação dessa glicose ingerida para os tecidos. A carga glicêmica (CG) é um produto do índice glicêmico e da quantidade de carboidratos, em gramas, em uma porção de alimentos. CG = IG x Porção de CHO 100 Entretanto, não obrigatoriamente todos os açucares simples serão classificados como alto índice glicêmico, isso porque podemos observar, por exemplo, a frutose de forma isolada com um índice glicêmico considerado baixo. Dito isso, ao analisar um alimento, deve-se considerar tanto o índice glicêmico quanto a carga glicêmica. Por exemplo, a melancia é um alimento que possui um IG alto de 96, sendo maior que o do pão branco. Entretanto a sua carga glicêmica é baixa ( (76 x 8)/100 = 6,08). Indicie glicêmico de alguns alimentos Pão de trigo branco Pão de trigo integral / farinha integral Pão de grãos especiais Pão de trigo ázimo Roti de trigo Chapatti Tortilla de milho Arroz branco cozido Arroz integral cozido Alimentos ricos em carboidratos 75 ±2 74 ± 2 53 ± 2 70 ± 5 62 ± 3 52 ± 4 46 ± 4 73 ± 4 68 ± 4 Maçã Laranja, crua Banana, crua Abacaxi cru Manga, crua Melancia crua Frutose Sacarose Glicose Mel Frutas e produtos de frutas Açúcares 36 ± 2 43 ± 3 51 ± 3 59 ± 8 51 ± 5 76 ± 4 5 ± 4 65 ± 4 103 ± 3 61 ± 3 Um dos principais determinantes para a alteração do índice glicêmico de um alimento é a forma física em que se encontra, que varia de acordo com o grau de processamento, métodos de cocção e temperatura. Em frutas, por exemplo, o processo de obtenção do suco leva uma grande perda de fibras dietéticas, tornando mais fácil todo o processo de hidrolise das ligações de carboidratos. Outro fator determinante para o índice glicêmico e carga glicêmica é o próprio consumo de fibras na mesma refeição, assim como ingestão de gorduras e proteínas. O clima e o solo, assim como o processo de maturação do alimento, também exercem influencia direta. O carboidrato é a fonte preferencial de energia a ser utilizada pelas células do corpo humano. Isso acontece visto que é a fonte mais fácil e rápida para ser utilizada, uma vez que não gera metabólitos indesejáveis. A flexibilidade de sua metabolização energética se destaca,dentre os três macronutrientes, visto que pode ocorrer tanto no citosol, quanto na mitocôndria da célula. Os lipídeos, por outro lado, necessitam prioritariamente da maquinaria enzimática mitocondrial para serem oxidadas, em um processo denominado de beta-oxidação. UTILIZAÇÃO DOS CARBOIDRATOS E TEMPO DE TREINAMENTO A reserva de carboidratos no corpo humano recebe o nome de glicogênio, e está presente no músculo (glicogênio muscular) e no fígado (glicogênio hepático). O glicogênio hepático tem como objetivo principal a manutenção da glicemia e fornecimento de glicose aos tecidos extra- hepáticos visando fornecimento de energia principalmente em situações de jejum, déficit de energia e restrição de carboidratos. O glicogênio muscular, por outro lado, atua de maneira local, como fonte de combustível energético para o uso próprio da célula, de forma que não libera a glicose por não possuir a enzima glicose-6-fosfatase. A ausência deste enzima impossibilita a retirada do fosfato do carbono 6 da glicose, decretando assim o aprisionamento desta hexose dentro da célula. Ca pt aç ão d e gl ic os e do s m em br os in fe ri or es (m M /m in ) 0 10 20 30 40 10 20 30 40 Duração do exercício (min) Exercício leve a 20-25% do VO2max Exercício moderado a 50-60% do VO2max Exercício intenso a 75-90% do VO2max O carboidrato é o principal combustível na atividade classificada como intensa. Em intensidades mais baixas é observado, por outro lado, uma maior utilização de gordura como fonte de energia. Ainda neste sentido, o treinamento de endurance leva, de maneira crônica, em uma maior capacidade de utilização de gordura como fonte de energia e, consequentemente, redução da dependência do glicogênio e da glicose sanguínea durante o exercício realizado na mesma intensidade absoluta. 1 2 3 4 200 150 100 50 0 Rica em gorduras - pobre em CHO Padrão "normal" de alimentação Rica em CHO - pobre em gorduras Quanto à influência do exercício físico sobre a taxa de degradação do glicogênio muscular: Em exercícios entre 60 a 75% do VO2máx há recrutamento, principalmente, das fibras musculares do tipo I. Já em intensidades superiores, há o recrutamento de fibras do tipo II, as quais apresentam maior capacidade glicogenolítica. Para ofertar o carboidratos antes do exercício é importante respeitar o tempo entre a alimentação e o exercício, acompanhar a janela do carboidrato para otimizar a performance no treino, ofertar carboidratos de rápida digestão, absorção e captação pelo músculo para gerar glicogênio muscular (formado entre 4-6 horas após o consumo), limitar alta quantidade de lipídios, fibras e lactose, pelo tempo de esvaziamento gástrico, ter cuidado com as refeições pesadas (podem causar indigestão, náuseas e vômitos). NUTRIENT TIMING DO CARBOIDRATO Te m po le va do a té a ex au st ão (m in ) Glicogênio muscular inicial (g/100g de músculo) Em caso de rápida necessidade, a utilização de carboidrato simples, como 60 g de maltodextrina, em conjunto com 30 g de whey seria uma estratégia interessante em indivíduos eutróficos e sobre alta intensidade de treinos. Treinamento nas primeiras horas da manhã Neste contexto, a principal ideia é adequar o consumo de carboidrato complexo na noite anterior, visando assim a manutenção de boas reservas de glicogênio muscular (se treinar em alta intensidade). Dependendo do tempo entre o momento de acordar e o exercício, visando melhor conforto gástrico, é interessante evitar o consumo de leite e derivados, assim como as fibras. Em caso de necessidade de suplementação, analisar o uso de "waxy maize", palatinose, maltodextrina e whey protein. Revisão Neste trabalho, o objetivo foi analisar o efeito de refeições, com o índice glicêmico baixo (<55) e alto (>70), realizadas em um período de tempo de 30 a 240 minutos antes do exercício (pré-treino). 19 estudos selecionados Um total de 188 participantes Como resultado, o trabalho de Burdon et al, 2016, demonstrou que não houve diferenças significativas entre o consumo de alto e baixo índice glicêmico em testes contra- relógio, testes de intensidade submáxima + contra-relógio e também no tempo até a exaustão. Isso significa que, quando se fala em performance, o índice glicêmico do alimento não representa influência sobre o exercício, sendo portanto mais importante atentar para a quantidade de carboidratos a ser ofertado. Outro ponto interessante a ser comentado, no que se refere ao uso de carboidratos no esporte, é que indivíduos não treinados tendem a utilizar mais carboidratos como fonte de energia, quando comparado aos indivíduos treinados. Isso acontece devido as adaptações de longo prazo provocadas nas fibras musculares, promovendo maior densidade de fibras do tipo 1 o que resulta em maior utilização de gorduras como fonte de energia através da fosforilação oxidativa. GLICOSE OU GALACTOSE GLUT 2SGLT1 GLUT 5FRUTOSE 2 NA+ FRUTOSE NA+ GLICOSE GALACTOSE GLICOSE GALACTOSE FRUTOSE Recomendações do uso de carboidratos durante o exercício Torna-se importante a utilização de carboidratos intra-treino com o objetivo de poupar as reservas musculares de glicogênio e manutenção dos níveis de glicose sanguínea, a fim de diminuir a percepção de esforço, dores de cabeça, náuseas e vertigem. Em um reconhecido trabalho de revisão, conduzido por Jeukendrup, 2014, foi determinado as quantidades de carboidratos a serem ofertados durante o exercício. Para isso, Asker Jeukendrup se baseia, entre outros fatores, na estratégia do uso de diferentes transportadores de carboidratos no intestino, afim de potencializar a absorção. Antigamente acreditava-se que a oxidação de carboidrato era limitada entre 1 a 1,1 g/minuto, algo que ficou famoso em trabalho publicado em 2000, por pelo holandês Asker Jeukendrup. Em 2010 outro trabalho do pesquisador holandês trouxe a estratégia de utilizar múltiplos transportadores de carboidratos. Assim, o uso em conjunto de glicose e frutose proporcionam, através dos transportadores SGLT1 e GLUT5, uma taxa de oxidação de 1,75 g/minuto. ATP As recomendações variam de acordo com o tipo e duração do treino, ressaltando também que são direcionadas a atletas bem treinados. Elevadas doses agudas de carboidratos podem resultar, em individuos não previamentes adaptados nutricionalmente (training the Gut), em fortes desconfortos gastrointestinais. Um ou múltiplos transportadores de carboidratos Treinamento nutricional recomendado Um ou múltiplos transportadores de carboidratos Treinamento nutricional recomendado Um ou múltiplos transportadores de carboidratos Treinamento nutricional altamente recomendado Somente múltiplos transportadores de carboidratos Treinamento nutricional essencial90 g/hora 60 g/hora 30 g/hora Pequenas quantidades ou muito enxague Duração do exercício Quantidade de carboidrato necessário Tipo de carboidrato recomendado Recomendações adicionais 30-75 minutos 1-2 horas 2-3 horas > 2,5 Praticantes de esportes, como a corrida, ciclismo e natação aparecem como grandes candidatos a se beneficiarem do uso de carboidratos durante o exercício. Em dias de competição, atletas de crossfit, triatlo, tênis e lutas também podem ter sua performance melhorada, bem como redução da percepção de fadiga. Futebol, basquete e vôlei, em associação a 2 ou mais exercícios de intensidades, são esportes que também se beneficiam dos carboidratos durante o treinamento. Carboidratos no pós exercício Após o exercício, é interessante aproveitar a janela de 2 horas após o treino, visto que, em média, apenas 5% do glicogênio muscular utilizado durante o exercício é ressintetizado a cada hora após o exercício. A enzima glicogênio sintetase apresenta aumento de aproximadamente 50% da sua atividade nas 2 horas posteriores ao exercício. Recomendações pós-treino É interessante o consumo de CHO pós treino para aproveitar a janelade oportunidade. Caso o atleta não faça outro treinamento no mesmo dia, o consumo posterior (entre 4h e 24h) de 1,2 g/kg / h de carboidratos parece ser eficiente para a reposição dos estoques de glicogênio. Para reposições agressivas de CHO, pode-se usar 1.2g/kg/h, com preferência de CHO de alto IG ( IG>70). A adição de cafeína (3-8mg/kg) pode otimizar a síntese de glicogênio. SUPLEMENTAÇÃO Os suplementos de carboidratos disponíveis no mercado variam na estrutura molecular do carboidrato e na composição nutricional do suplemento, logo, há diferenças no índice glicêmico e na concentração dentre os produtos. Suplementos de carboidratos Maltodextrina Dextrose Waxy maze Palatinose Gel de carboidrato Bebidas energéticas CICLO DE CARBOIDRATOS Devido o importante papel dos carboidratos discutidos anteriormente aqui para o cenário esportivo, diversas são as estratégias nutricionais que foram desenvolvidas ao decorrer dos anos, a fim principalmente de favorecer melhores condições de performance e rendimento esportivo. Dentre elas, a manipulação de carboidratos ao transcorrer de dias conforme treinamento e linha de raciocínio ganhou destaque na literatura científica e prática de nutricionistas. Em conceito, podemos compreender o ciclo de carboidratos como uma ferramenta dietética onde o consumo do macronutriente será variável entre dias, seja isso relacionado ao tipo de treinamento realizado (ex: menor consumo em dias de treinamento de grupos musculares menores e maior em dias de treino de músculos maiores) ou com o objetivo de desenvolver performance. O uso da estratégia visa principalmente promover aumento da performance esportiva, no qual ao exemplo, a redução do consumo de carboidratos em dias de treinos com maior intensidade e volume, obriga o organismo humano adaptar-se frente a tal condição, dessa forma a redução de carboidratos favorece menores concentrações de glicogênio muscular, um importante sinalizador metabólico que sob esse contexto culmina em aumento da atividade da AMPK o que por sua vez contribui para maior função mitocondrial via estímulos da PGC-alfa. Ainda, é possível também que essa estratégia seja utilizada de maneira favorável a melhora da composição corporal, no qual a partir da sua semelhança com a estratégia Shifting diet, o nutricionista pode reduzir carboidratos e logo, valor energético total do plano alimentar, durante os dias de semana (segunda a sexta), permitindo aos dias de final de semana a "recarga de carboidratos". High carb em finais de semanaHigh carb em finais de semana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo G ra m as d e CH O Além disso, essa metodologia apresenta vantagens quanto a adesão, principalmente para aqueles pacientes com padrão alimentar distintos ao sábado e domingo, no qual por meio da estratégia é possível adequar o aumento do consumo de carboidratos de maior palatabilidade durante esses dias. Como todo, ao analisar o VET semanal do plano alimentar pode-se construir ambientes ideias para redução quantitativa da gordura corporal, beneficiando padrões estéticos do indivíduo. A manipulação de carboidratos também pode ocorrer entre periódos de 24 horas, como ao caso da estratégia Sleep Low. Nesta, o indivíduo realiza uma sensação de treinamento ao final do dia 1, a qual exigirá intensidade e volume suficientes para favorecer redução dos estoques de glicogênio, onde após a seção de treino, não haverá consumo de carboidratos para reposição de glicogênio. Assim, no dia 2, será realizada outra seção de treinamento no período matinal, ainda sem consumo de carboidratos. Dessa forma, de maneira similar a anteriormente comentada em outra estratégia de ciclo de carboidratos, ocorre realização de treinamentos com baixa disponibilidade de carboidratos endógenos (glicogênio), favorecendo adaptações fisiológicas do organismo frente a tais condições ambientais. A RELAÇÃO ENTRE CARBOIDRATOS E IMUNIDADE A redução drástica de carboidratos possui um forte potencial de comprometimento da imunidade, o que pode ser explicado pelo seu papel de modulação da função imunológica e tireoidiana, assim como da disponibilidade de agentes redutores. ZERO CARB/LOW CARB Estratégias de utilização de carboidrato Overeaching Cortisol Adrenalina Cortisol IL-6 Função imune deprimida Diminuição da função leucocitária Linfócitos Imunoglobulinas, Proliferação de células T, Atv. Citotóxica da célula NK Proliferação de células T, IL-2, IFNy, IgA Taxa de apoptose As dietas low-carb, por exemplo, atuam aumentando cortisol e adrenalina, o cortisol atua na imunidade inata e adquirida (defesa rápida tanto específica), aumentando o cortisol e, assim, estimulando uma maior imunosupressão, tornando a paciente mais propenso a infecções. 2 CAPÍTULO PROTEÍNAS E EXERCÍCIOS As proteínas são estruturas que atuam em todo o organismo, no qual, participam das reações metabólicas, contribuindo por meio das vias de sinalização, canais de membrana, transporte, atividade contrátil etc. PROTEÍNAS QUEM SÃO AS PROTEÍNAS? As proteínas são macromoléculas formadas por aminoácidos, ou seja, por estruturas monoméricas que ao se ligarem por meio de ligações peptídicas formam uma estrutura grande denominada de proteína. As proteínas apresentam grande variabilidade estrutural e, portanto, de funcionalidade. Todos os aminoácidos apresentam uma estrutura base e se diferem em apena uma parte da molécula que é em um radical. A estrutura do aminoácido é composta por um carbono ligado a um grupamento carboxílico (COOH), um grupo amina, um hidrogênio e o radical de diferenciação. C H H C O N H H O R AMINA PONTOS IMPORTANTES Na natureza são encontrados mais de 300 aminoácidos Contudo, as proteínas de todos os organismos são sintetizadas exclusivamente por um conjunto de 20 aminoácidos Os 20 aminoácidos diferem entre si pela sua cadeia lateral (grupo R), que varia de acordo com o tipo de aminoácido. CARBOXÍLICO FUNÇÕES BIOLÓGICAS DAS PROTEÍNAS Os aminoácidos que compõem uma proteína variam em quantidade e da sequência de ligação, oferecendo assim, uma infinidade de possibilidades. Entretanto, a composição de proteína depende de 20 aminoácidos, no qual, alguns o organismo consegue sintetizar, chamados de não essenciais, outros em situações específicas não são sintetizados, denominados de condicionalmente essenciais e por fim, os essenciais, ou seja, aqueles que não sintetizamos. NÃO ESSENCIAL CONDICIONALMENTE ESSENCIAL ESSENCIAL Glicina Prolina Tirosina Serina Cisteína e cistina Taurina Arginina Histidina Glutamina Fenilalanina Triptofano Valina Leucina Isoleucina Metionina Treonina Lisina Alanina Ácido aspártico Ácido glutâmico Asparagina As proteínas desempenham diversas funções biológicas no organismo e são essenciais para o organismo. As proteínas podem ser classificadas de acordo com as respectivas características de funcionalidade, como pro exemplo, proteínas de transporte ou contráteis. Classe Gera componentes estruturais (Colágeno, Queratina) Armazenamento de nutrientes (Ferritina, Caseína) Contrátil Movimento dos músculos (Miosina, Actina) Transporte Carrega substâncias essenciais através do corpo (Hemoglobina, Lipoproteínas) Estrutural Armazenamento QUALIDADE PROTEICA Existe algumas metodologias criadas para pontuar os alimentos de acordo com os aminoácidos presentes e determinar a qualidade da fonte proteica. Atualmente, o indicie DIAAS (Digestible Indispensable Amino Acid Score) é um dos recomendados para determinar, além do teor proteico, as concentrações de aminoácidos essenciais constituintes da proteína ingerida. RECOMENDAÇÃO GERAL DE INGESTÃO PROTEICA As recomendações de proteínas atuais são baseadas em cálculos que levam em consideração a taxa de síntese proteica e a quantidade de catabolismo proteico, no qual, a recomendação é para minimizar ao máximo o déficit no final do dia.Fonte proteica PDCAAS 1.00 1.00 1.00 0.98 0.89 0.42 Whey protein isolado Whey protein concentrado Proteína isolada da soja A Proteína isolada da soja B Proteína da ervilha Proteína concentrada do arroz DIAAS His His Met + cys Met + cys Met + cys Lys AA limitante 1.09 0.97 0.91 0.90 0.82 0.37 Existe uma recomendação para misturar diferentes fontes proteicas para contribuir ao máximo com o perfil de aminoácidos da refeição, esta recomendação é ainda maior com paciente veganos e vegetarios que devem se atentar ao consumo de aa essenciais, realizando refeições combinadas em fontes proteicas para obter um aminograma completo. RECOMENDAÇÕES GERAIS 15 A 19 ANOS 19 A 51 ANOS > 65 ANOS Mulheres: 0.8 g/kg/dia Homens: 0.9 g/kg/dia Homens e Mulheres: 0.8 g/kg/dia Homens e Mulheres: 1.0 g/kg/dia Quando se trata de um cenário esportivo, deve levar em consideração o nível de treinamento do atleta, a necessidade de ingestão de calorias, além da modalidade esportiva e do objetivo do atleta. As recomendações para indivíduos treinados e não treinados diferem pela necessidade de proteína diária e pelo nível de massa muscular. NOVAS RECOMENDAÇÕES DE INGESTÃO PROTEICA Alguns trabalhos realizados por Stuart M. Phillips avaliaram a necessidade proteica em indivíduos treinados, no qual, o consumo de 0.8g/kg em adultos não era o suficiente para suprir as reais necessidades proteicas. Atualmente, essas recomendações apresentam valores bem acima do que era preconizado pelas diretrizes mais famosas. Aqui, vale ressaltar também os constantes mitos associando a alta ingestão de proteínas a danos renais. Além das quantidades proteicas diferirem do que as recomendações gerais apontam, há também um ponto a ser destacado quanto ao fracionamento desta proteína ao longo do dia. Os pesquisadores começaram a avaliar o momento ideal para realizar a ingestão de proteínas e qual o melhor intervalo entre as refeições. As novas recomendações de proteína, portanto, visam um benefício a saúde do individuo de forma individualiza, otimizando assim as respostas do organismo, visto que estas recomendações levam em consideração a quantidade em grama de proteína por kg de peso, por refeição realizada. Recomendação de Proteínas para otimizar a saúde Para controle do apetite Em média 30g de proteína Para atletas Utilizar, em média, 0,4 g/kg/refeição Doses pré-sono 0,55 g/kg, sendo proteínas de lenta absorção para manter o pool de aminoácidos circulantes FRACIONAMENTO PROTEICO Além da quantidade total de proteína que deve ser ingerida no dia, é necessário se atentar com o fracionamento desta ingestão, visto que o organismo apresenta uma limitação no quesito síntese proteica, além disso, nos períodos não alimentado o corpo utiliza dos aminoácidos gerados a partir do catabolismo proteico, para gerar energia ou glicose. Os estudos que avaliaram taxa de síntese proteica como resposta a ingestão de proteínas indicam que o intervalo ideal de tempo entre as refeições contendo fontes proteicas, seja de 3 a 5 horas. Além disso, os melhores resultados são de ingestões de proteína similares ao longo do dia. HIPERTROFIA A hipertrofia muscular é uma adaptação do tecido frente a estímulos que sinalizam necessidades de crescimento do tecido. A hipertrofia muscular é caracterizada pelo aumento da área de secção transversa do músculo esquelético, no qual é resultante de estímulos mecânicos e metabólicos. HIPERTROFIA MUSCULARHIPERTROFIA MUSCULAR ↑Área de secção transversa ↑Proteínas musculares ↑Estímulo mecânico (treinamento de força) ↑Ingestão proteica Os estímulos hipertróficos gerados pelo treinamento sinalizam a necessidade de adaptação muscular para o aumento da quantidade de proteínas musculares, entretanto, este é um processo que gera aumento da necessidade proteica do indivíduo, logo, as recomendações de ingestão proteica são aumentadas em indivíduos que buscam o aumento de massa muscular esquelética. O treinamento físico é constantemente associado as refeições que o cercam, associando a refeição pré-treino como o combustível para o exercício e a refeição pós treino como aquela que valida os esforços e garantem os resultados. Uma das grandes dúvidas que havia sobre síntese proteica após o exercício era se a co-ingestão de proteínas e carboidratos promoveria maior síntese proteica, visto que o carboidrato é o principal estímulo para liberação de insulina que é um hormônio anabólico. Os estudos já demonstraram que essa teoria de maior promoção de liberação de insulina para maior síntese proteica, tem baixa relevância científica. A ingestão de uma dose adequada de proteína, de alta qualidade, por si já estimula ao máximo as taxas de síntese proteica e também promovem liberação de insulina, por conta do conteúdo de aminoácidos, como por exemplo a leucina. CO-INGESTÃO DE PROTEÍNA E CARBOIDRATO A leucina é um aminoácido essencial que apresenta um efeito inressante sobre síntese proteica, pois atua estimulando diretamente a via de sinalização anabólica, chamada de via da mTOR. O complexo proteico mTOR (mammalian target of rapamycin) é responsável por mediar efeitos anabólicos e proliferativos nas células, sendo assim, é responsável pela estímulo hipertrófico no músculo esquelético. LEUCINA Recomendação de Proteínas para hipertrofia Manutenção e hipertrofia: 1.4 - 2.0 g/kg (maioria dos indivíduos Redução do % de gordura em indivíduos treinados: > 3.0 g/kg Quantidade de leucina por porção de proteína: 700 - 3000 mg Recomendação de caseína pré-sono: 30-40g Mínimo de 4 refeições por ao longo do dia Intervalos de 3-5 horas entre as refeições 0.4 a 0.55 g/kg/refeição Piruvato Glicose ATP Aminoácidos Acetil-CoA G-6-P CAT CTE Aminoácidos Glicose Ca²+ Ca²+ K+ K+ Ca²+ Ca²+Exocitose Vesículas com insulina X CÉLULA BETA PANCREÁTICA A leucina como dito anteriormente, também é um aminoácido insulinotrópico, sendo assim, a sua ingestão é capaz de gerar importantes sinalizações anabólicas. A partir disso, surgiu grandes duvidas no meio científico sobre os efeitos da leucina sobre o músculo esquelético. O ATP gerado na metabolização do carboidrato e das proteínas atua como um agente alostérico nos canais de potássio presentes na membrana, fechando-o e evitando a saída do potássio para o meio extra celular. Tal processo leva ao acúmulo dos íons K + no meio intracelular, o que fará com que haja a despolarização da célula beta, gerando um potencial de ação que fará com que sejam abertos os canais de cálcio, permitindo a entrada deste para a célula. SÍNTESE PROTEICA PP PI3K AKT Rheb mTOR RxRxx*/ T kinase TSC2 DGKΞ ÁCIDO FOSFATÍDICO 4E-BP1 S6K1 AMINOÁCIDOS LEUCINA TREINAMENTO RESISTIDO INSULINA ATIVAÇÃO DO COMPLEXO MTOR Entretanto, mesmo com a capacidade de ativar a mTOR, a leucina como aminoácido isolado não resulta em aumento de massa muscular, visto que, a ativação da via não é o único fator que determina síntese proteica. Além disso, para que ocorra de fato a síntese de proteína é necessário que haja energia suficiente para realizar este processo e que haja uma disponibilidade de todos os 20 aminoácidos. O aumento da concentração de Ca2+ no citosol da célula beta desencadeia a produção de insulina, bem como a liberação da insulina e peptídeo C armazenados nos grânulos por meio da exocitose. A insulina pode ativar o via da mTOR, assim como a leucina. 3 CAPÍTULO LIPÍDIOS E EXERCÍCIOS O termo lipídios refere-se a compostos que têm em comum o fato de serem insolúveis em água. Eles são classificados segundo suas características estruturais, sendo, divididos a depender do seu tamanho, forma e tipo de ligação. LIPÍDIOS QUEM SÃO OS LIPÍDIOS? Quanto à sua classificação, os lipídios podem ser saturados, mono- insaturados ou poli-insaturados, a depender da quantidade de ligação dupla que possuem. Em relação ao seu tamanho, estão divididosem cadeias curtas, médias e longa. Função Isolante elétrico: Função neural Protetor térmico Proteção anti-impacto Estrutural: Membrana Celular Síntese de hormônios e digestão, absorção de vitaminas lipossolúveis Compões lipoproteínas Produção e armazenamento de energia Molécula sinalizadora intracelular Figura 7 - 1 Funções dos lipídios no organismo. Fonte: Autor LIPÓLISE E FATORES QUE INFLUENCIAM A lipólise trata-se da quebra de gordura armazenada no tecido adiposo, mais precisamente nos adipócitos. Esse processo pode ser influenciado por estresse, frio, jejum e também por exercícios físicos. Os hormônios tem papel relevante na regulação do processo lipolítico, portanto, cabe citar que fazem parte desse processo os hormônios de caráter mais catabólico, tais como: No exercício físico, um fator determinante para a utilização de gordura durante o período de treinamento é o tempo e intensidade que este será realizado. Sabe-se que os exercícios de mais baixa intensidade e maior duração de tempo tam uma maior utilização de gordura. Em contrapartida, aumento da intensidade no exercício físico altera a utilização de substratos energéticos, ou seja, quanto mais intenso o exercício físico, maior será a taxa de utilização de carboidratos como fonte de energia, embora para indivíduos mais treinados ocorram adaptações metabólicas. ÔMEGA 3 E EXERCÍCIO FÍSICO O ômega-3 trata-se de um ácido graxo essencial e tem papel importante na modulação dos processos inflamatórios. Seu uso após o exercício físico tem como objetivo retardar a dor muscular tardia. No entanto, um ponto importante a ser ressaltado é que o processo inflamatório sofrido no músculo ocasionado pela prática de atividade física é um fator importante para que haja adaptação muscular. A respostas adaptativas, incluem: a regulação positiva de enzimas antioxidantes, aumento da atividade de enzimas que reparam o DNA e expressão de proteínas citoprotetoras como proteínas de choque térmico. Ação de hormônios na participação do processo lipolítico Hormônio GH Cortisol H. Tireoidianos Leptina Testosterona Citocina Estimula a síntese de catecolaminas Aumenta a expressão pós transcricional de receptores beta adrenérgicos Potencializa os efeitos das catecolaminas Aumenta a expressão de receptores beta adrenérgicos Diminui a ação da fosfodiesterase Inibe a fosfodiesterase Ativa a lipólise independente da Adenilil Ciclase Downregulation das proteínas Gi Aumenta a expressão de receptores beta adrenérgicos Melhora a atividade da Adenilil Ciclase Aumenta a lipólise estimulada por catecolaminas AÇÃO TCM NO ESPORTE Os triglicerídeos de cadeia média possuem composição que facilitam sua absorção e são transportados também podendo ser utilizados como fonte de energia pelo organismo. Quando comparados aos de cadeia longa, estes são mais solúveis e dispensam ação das lipases pancreáticas para sua digestão e absorção. Quando adicionados em pequenas quantidades, não afetam a taxa de utilização de glicogênio muscular em exercício de alta intensidade. Atletas que podem se beneficiar com a suplementação de TCM são aqueles que realizam treinamento ainda muito cedo no dia e que possuem certa intolerância gástrica. Uma estratégia para aliviar problemas no TGI é a associação do TCM com um pouco de carboidratos, sendo recomendada uma dosagem de suplementação entre 6 e 8g. Por isso, só recomenda-se que o uso dessa suplementação seja feita, se o objetivo for prevenção de danos musculares, atenuação da fadiga e para evitar a diminuição do desempenho esportivo, uma vez que a produção excessiva de EROs está associada a diminuição do desempenho esportivo. EFEITOS DO ÔMEGA-3 EM ATLETAS PROTOCOLO Suplementação de três semanas com 3,2g de EPA e 2g de DHA Redução de eicosanóides e citocinas pró- inflamatórias no escarro de atletas asmáticos Aumento de massa muscular e força em idosos Síntese aumentada de proteínas musculares, aprimoramento de proteína ribossômica 56 quinase beta-1 de rapamicina (mTOR) (p70s6k1), sinalizando após pinça hiperaminoacidêmia e hiperinsulinêmia Potencializa aumento do treinamento no pico de torque e taxa de desenvolvimento de torque (extensor do joelho, flexor, plantar e dorsiflexor) AÇÃO Suplementação de seis meses com 3,36 g/dia dePUFA n-3 Suplementação de oito semanas com 1,86g de EPA e 3,5g de DHA Suplementação de oito semanas com 0,4g de EPA e 0,3g de DHA (60 dias pré treino e 90 dias durante o treinamento) O QUE SIGNIFICA OXIDAÇÃO LIPÍDICA? Em meio a recente grande fama de dietas Low Carb, ou seja, aquelas cujo apresentam em seus princípios a redução do aporte de carboidratos no qual poderá chegar a valores de consumo de até mesmo menos que 50 gramas ao dia, como ao caso da deita Cetogênica, muito foi discutido sobre os possíveis impactos positivos do aumento da oxidação de lipídeos que ocorre em indivíduos adeptos a essas estratégias em relação a maior "queima de gordura". De fato, é incontestável que a redução do consumo de carboidratos obriga o organismo humano a responder fisiologicamente frente as novas condições ambientais impostas a ele, sendo de fato o aumento da oxidação de lipídeos uma consequência de dietas Low Carbs. Entretanto, oxidar mais lipídeos não significa oxidar mais gordura (tecido adiposo), apenas indica que a fisiologia do indivíduo está otimizada ao uso do substrato como fonte de energia. Isto relaciona-se principalmente a maior densidade mitocondrial, atividade de enzimas lipolíticas e até mesmo aumento dos transportadores de ácidos graxos séricos. DIETAS LOWCARB & OXIDAÇÃO LIPÍDICADIETAS LOWCARB & OXIDAÇÃO LIPÍDICA Restrição de CHO ↑OXIDAÇÃO DE LIPÍDEOS↑OXIDAÇÃO DE LIPÍDEOS ↓Disponibilidade de CHO ↑Vias de oxidação de lipídeos ↑Expressão de enzimas lipolíticas Na prática, isso pode ser compreendido como uma otimização metabólica de adaptação quanto ao uso de gorduras como substrato energético Apesar disto, a redução quantitativa da gordura corporal irá ocorrer apenas sob situações de déficit energético, o qual obriga o organismo humano a lançar mão de suas próprias reservas corporais para produção de energia, sendo a perda de peso que ocorre durante o processo na ausência da menor oferta de calorias, apenas redução dos fluídos corporais, sobretudo vinculado as menores concentrações de insulina com a menor oferta de carboidratos. https://www.google.com/search?sxsrf=AOaemvLWXjgTpFoibSCdgSsv2gAzUXS46A:1631287869890&q=incontest%C3%A1vel&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwiJ7orw3PTyAhWCC9QKHTB2DCUQkeECKAB6BAgBEDU Contudo, tal adaptação metabólica pode ser vista como uma vantagem fisiológica para o contexto esportivo, onde sobretudo em modalidades cujo apresentem predominância do sistema energético fosforilativo oxidativo (aeróbico), a melhora das vias bioquímicas responsáveis pela oxidação lipídica podem favorecer melhores condições de funcionamento da produção de energia durante a atividade. Sendo isso relacionado ao fato que exercícios físicos de maior duração e menor intensidade evidenciam maior contribuição de gorduras para formação de energia durante o exercício físico. VANTAGEM METABÓLICA NO ESPORTEVANTAGEM METABÓLICA NO ESPORTE Atletas alvo: Maratonistas, Iron-mans, triatletas ↓Disponibilidade de CHO ↑Oxidação de lipídeos ↑Sistema de energia aeróbico Dessa forma, a adesão a dietas com menores aportes de carboidratos tem apresentado popularidade ascendente entre atletas de longa distância, sejam eles maratonistas, triatletas ou similares. alguns estudos científicos como os realizado por Volek et al, em 2016 (referência no rodapé da página), evidenciou que ultra-maratonistas sob condições cetogênicas pelo período de 2 anos apresentaram oxidação de lipídeos durante o exercício físico fortemente superior a de indivíduos em padrões dietéticos com carboidratos presentes. Onde curiosamente, ambos os grupos apresentaram concentrações similaresde glicogênio muscular no momento da prova e oxidação de carboidratos também parecida, sendo isso justificado principalmente pelo fato de pequenas quantidades de carboidratos, ainda que menores a 50g/dia, sob condições de descanso 1 semana antes da prova, permitirem abastecer os estoques do substrato muscular, apontando para vantagem fisiológica ao somar-se com também superior oxidação de lipídeos. VOLEK, Jeff S. et al. Metabolic characteristics of keto-adapted ultra-endurance runners. Metabolism, v. 65, n. 3, p. 100-110, 2016. 4 CAPÍTULO SUPLEMENTOS QUE VALEM A PENA Os suplementos nutricionais tendem a receber um forte apelo de marketing perante os seus efeitos, ou neste caso, seus supostos efeitos na performance esportiva. Neste capítulo serão abordados os compostos que apresentam um alto grau de embasamento científico sobre a sua eficácia e segurança SUPLEMENTOS QUE VALEM A PENA A creatina é um tripeptídeo composto pelos aminoácidos metionina, glicina e alanina que ocorre naturalmente no nosso corpo e desempenha um papel fundamental no transporte e armazenamento de energia celular. Esse composto é encontrado no coração, cérebro e principalmente músculo (95% do conteúdo de creatina é encontrado lá). Creatina Arginina Glicina Metionina Coração Cérebro Músculo A creatina pode ser sintetizada endogenamente ou também pode ser obtida por meio da alimentação/suplementação, formando o pool de creatina. No que diz respeito à obtenção de Creatina por meio da alimentação, as suas principais fontes são (quantidades em g/kg de alimento): frango (3,4g), salmão (4,5g), carne (4,7g) e atum (4,5g). Creatina e desuso Alguns estudos avaliam o uso da creatina para prevenir a perda de massa magra no desuso (por exemplo: quando um atleta lesiona algum membro e precisa imobilizá-lo). De forma geral, a suplementação de creatina pode reduzir a duração da reabilitação necessária para restaurar a massa muscular após um episódio de atrofia por desuso. Os resultados são potencializados quando associados ao treinamento resistido. CREATINA Suplementação de creatina Sabe-se que os efeitos ergogênicos da Creatina só ocorrem quando acontece a saturação dos estoques musculares desse composto. Como foi visto, as fontes dietéticas de Creatina contém pequenas quantidades do tripeptídeo por quantidade de alimento, tendo em vista que a dose mínima de suplementação preconizada pela literatura é de 3 a 5g. Portanto, para quem deseja obter os benefícios promovidos pela Creatina, indica-se a sua suplementação. Protocolos de uso da creatina PROTOCOLO HARRIS (1992) Utiliza uma dose de carregamento (20g/dia) ou (0.3g/kg/dia) divido em 4 a 6 tomadas durante 5 dias. Após esse tempo, utiliza-se uma dose de manutenção (3-5g/dia ou 0.03g/kg/dia durante 3-4 semanas). PROTOCOLO HULTMAN (1996) Utilizar somente a dose de manutenção (3-5g/dia ou 0.03g/kgdia por 4-6 semanas). Ainda, a suplementação de creatina parece apresentar melhores resultados nos indivíduos com estoques reduzidos, como por exemplo os vegetarianos, justamente por não consumirem proteínas de origem animal, que são as principais fontes dietéticas de Creatina. Alguns fatores podem influenciar nos níveis de concentração de Creatina, como: Fatores que influênciam na suplementação de creatina Dose Os picos de creatina podem variar de acordo com adose ingerida, logo doses maiores geram maiores picos de creatina; Forma A creatina ingerida na forma sólida resultou em um pico 20% menor quando comparado à sua ingestão em solução Tipo de suplemento A creatina Monohidratada apresenta melhor eficácia quando comparada as outras formas de creatina, entretanto, sua biodisponibilidade ainda não é precisa, podendo ser algo em torno de 50% (estudos em ratos). Suplementos como creatina alcalina, ester etílico de creatina, creatina cloridrato, creatina líquida e quelato de creatina não são recomendados, tendo em vista que seus resultados são negativos quando comparados a creatina monohidratada Alimentos Mesmo a creatina sendo encontrada na carne, o pico de concentração do composto por meio dessa refeição pode ser ligeiramente mais baixo quando comparado com a forma em solução da suplementação; Carboidratos A associação entre carboidrato e creatina se tornou algo muito interessante, uma vez que promove uma melhor absorção do suplemento. Alguns estudos falam da necessidade de usar em torno de 93g de CHO, mas essas quantidades podem ser reduzidas quando utilizamos proteínas em conjunto. Isso acontece pois o transportador de creatina (CRT1) é sensível a Insulina, logo a associação da creatina com CHO, potencializa o gene SLC6A8 por meio da insulina, otimizando a absorção do suplemento; Fibra muscular As concentrações de creatina nas fibras do tipo II (mais glicolíticas) é 5-30% maior do que nas fibrasdo tipo I (mais oxidativas); Idade Nos idosos (52-79 anos) as concentrações de creatina são 5% mais baixas do que indivíduos 40 anos mais jovens. Isso ocorre devido a atrofia preferencial de fibras do tipo II nesses grupos, redução do consumo de carne e maior nível de sedentarismo; Maior realização de trabalho em sets de contração máxima Melhora do desempenho em sprints únicos e repetidos Otimização da síntese de glicogênio Aumento do limiar anaeróbico Otimização do deslocamento do ATP mitocondrial Melhora da recuperação muscular Aumento da massa muscular e força Maior tolerância ao treinamento Creatina nos esportes A creatina apresenta um alto grau de evidência de melhora da peformance esportiva. Os benefícios são a nível de: Creatina e hipertrofia Em relação à sinalização hipertrófica na célula muscular mediada pela creatina, sabe-se que ela, por ter ação osmótica, pode promover a entrada de água na célula, ocasionando um inchaço celular. Esse fenômeno promove a ativação de genes osmosensíveis (miogenina e MRF4) no núcleo celular, gerando sinais anabólicos por meio do estímulo da proliferação e diferenciação das células satélites e aumento de IGF-1, AKT, mTOR, 4E-BP1 e P70S6K. Todos esses sinais em conjunto ocasionam uma maior síntese de proteína miofibrilar. Cafeína Apesar das evidências não apresentarem clareza em relação ao uso concomitante de cafeína e creatina, torna-se prudente evitar o uso crônico de cafeína em altas doses para maximizar o efeito ergogênico da suplementação de creatina; Creatina Entrada de água na célula SINAIS ANABÓLICOS Efeitos da creatina sobre a glicemia A creatina pode ocasionar uma melhor sensibilidade à Insulina, por meio da otimização das vias de translocação da GLUT-4, mais especificamente por meio do aumento do AMPK. Em um estudo realizado com 25 participantes diabéticos, no qual foi utilizado 5g/ dia de creatina em um grupo contra o placebo do outro grupo, ambos os grupos foram submetidos a exercício aeróbico e de força. Diante disso, foi notado que o grupo que suplementou Creatina, teve uma redução da hemoglobina glicada, melhores resultados de glicemia durante o treino e melhor resposta da translocação de GLUT-4 para a membrana. Creatina Creatina e desuso muscular Alguns estudos avaliam o uso da creatina para prevenir a perda de massa magra no desuso (por exemplo: quando um atleta lesiona algum membro e precisa imobilizá-lo). De forma geral, a suplementação de creatina pode reduzir a duração da reabilitação necessária para restaurar a massa muscular após um episódio de atrofia por desuso. Os resultados são potencializados quando associados ao treinamento resistido. Contraindicações da suplementação de creatina Estudos de curto e longo prazo em populações saudáveis e doentes (variando desde bebês até idosos) com doses de creatina variando entre 0,3- 0,8g/kg/dia por até 5 anos não demonstrou nenhum risco adverso a saúde e pode, na verdade, ocasionar diversos benefícios, como já foi falado anteriormente. Já foi comprovado que a creatina não causa lesões musculares,desidratação, distúrbios no TGI ou câimbras, como pregam alguns mitos. Estudos de segurança em indivíduos saudáveis foram realizados utilizando até 30g de creatina/dia por 5 anos, sem efeitos prejudiciais constatados. Creatina e função renal Os estudos que concluem que a suplementação de Creatina ocasiona prejuízos à função renal geralmente apresentam desenho metodológico confuso. Muitas vezes são estudos experimentais (em animais), alguns são feitos com doses exorbitantes de creatina, muito acima das utilizadas nos protocolos e ainda há alguns em que é feito o uso de substâncias ilícitas, como esteroides anabolizantes. Alguns autores já realizaram estudos com o uso de creatina em pacientes nefrectomizados (com um único rim) e até diabéticos (que têm maior propensão a apresentarem problemas renais) e mesmo assim não houve alteração na função renal desses indivíduos, comprovando a segurança do uso da creatina quando realizada da forma correta e nas doses preconizadas pela ciência. BETA-ALANINA A β-alanina é um aminoácido não proteogênico, ou seja, não participa da estruturação das proteínas presentes em nosso corpo. Além disso, é considerada ainda um aminoácido não essencial, pois pode ser sintetizado pelas células hepáticas a partir da degradação da Uracila, uma base nitrogenada presente nos nucleotídeos do RNA. Exemplo: 100g de frango contém 400mg de beta-alanina Quando alimentos contendo carnosina são ingeridos, os dipeptídeos podem sofrer a ação de uma enzima presente na mucosa jejunal, denominada carnosinase ou CNDP1, clivando-os em β-alanina e L histidina, antes mesmo de atingir a circulação sanguínea, ou pode ser absorvido como dipeptídio (a própria carnosina) pela PEPT1 ser clivado por peptidases dentro do enterócito antes de atingir a circulação sistêmica. A maior parte da beta-alanina produzida pelo fígado ou absorvida pela dieta sofre metabolização hepática e renal. Neste órgãos existem enzimas chamadas GABA-T e AGXT2 que transaminam a beta alanina no semi- aldeído malonato, metabólito que poderá ser enviado para desempenhar um papel adicional dentro do metabolismo do ciclo do ácido cítrico. A beta-alanina também pode ser adquirida através de fontes proteicas sob a forma de dipeptídeo (carnosina, anserina e balenina), conjugada com a histidina. Algumas dessas fontes são as carnes vermelhas, frango e peixe. Desta forma, uma porcentagem baixa de beta alanina (obtida por meio da alimentação) consegue chegar ao músculo para desempenhar seu papel ergogênico (que será descrito na próxima sessão). Para que maior quantidade de beta alanina chegue ao músculo, faz-se necessário saturar a atividade dessas enzimas através da suplementação. Beta-alanina no músculo A captação de BA no músculo é mediada principalmente por uma proteína chamada transportadora TauT , específica de β-aminoácidos e que é dependente das concentrações estequiométricas de Na + e Cl - em uma proporção de 2: 1: 1 ( Proporção de Na + : Cl-: β-aminoácido). O PAT1, outro transportador também transporta BA para o músculo, embora sua contribuição pareça mínima em comparação com TauT. Ao entrar no músculo, a Beta- alanina é convertida em carnosina, uma molécula sintetizada a partir da união de BA e L-histidina em uma reação catalisada pela enzima carnosina sintase ( CARNS ), localizada no músculo esquelético. É importante ressaltar que a beta-alanina tem uma alta afinidade pela carnosina sintase, apesar de ter um baixo conteúdo muscular. Já a histidina é encontrada em altas concentrações no músculo, mas apresenta uma afinidade baixa para a carnosina sintase. Esses dados indicam que o BA é o aminoácido limitador da taxa de síntese da carnosina muscular, uma descoberta que é corroborada por estudos de suplementação que mostram que a BA sozinha é igualmente eficaz no aumento do conteúdo de carnosina muscular a uma dose equivalente de carnosina (que compreende BA e histidina) A carnosina é sintetizada e armazenada em altas concentrações (99%) no músculo esquelético, principalmente nas fibras musculares de contração rápida (fibras tipo II), podendo ainda ser transportada para fibras do tipo 1 como um peptídeo intacto através da membrana plasmática por meio de dois transportadores chamados de PEPT1 e PEPT2. A carnosina atua como um agente tamponante do pH intramuscular, promovendo uma redução na acidez, através do tamponamento de ions H+ e, consequentemente, na fadiga muscular precoce promovida por exercícios intensos. Esse efeito tampão se dá principalmente devido à constante de acidez (pKa) do anel imidazol presente na cadeia lateral da carnosina, que é igual a 6,83. Para que um sistema tampão atue nas células musculares de forma ótima, o pKa ideal deve ser próximo ao ponto médio da faixa de variação de pH repouso-exercício. Em outras palavras, o pKa de um tampão intramuscular ideal deve ser 6,8, já que em repouso o pH muscular é 7,1 e na fadiga é 6,5, justamente o pKa da carnosina. Exercícios que se beneficiam da suplementação de creatina A suplementação de beta-alanina promove mais benefícios no desempenho de atividades de alta intensidade, principalmente em esforços com duração superior a 30 segundos e menor que 10 minutos, pois são atividades que utilizam predominantemente glicogênio muscular e ocasionam um grande acúmulo de íons H, promovendo uma grande redução do pH intramuscular. Isso ocorre em atividades como: MUSCULAÇÃO NATAÇÃO de 100 a 200m ARTES MARCIAIS CORRIDA DE 800M REMO DE 2000M 4KM DE CICLISMO Tempo de suplementação Em relação ao tempo de suplementação, a produção de carnosina a partir do suprimento de beta alanina atinge o pico da concentração num período mínimo de 2 a 4 semanas de suplementação. Foi visto que a velocidade da produção de carnosina no músculo começa a diminuir após 4 semanas devido à uma regulação negativa dos transportadores de beta alanina, ainda que continue aumentando de forma lenta e progressiva. Apesar disso, os níveis intramusculares de carnosina seguem um aumento lento e progressivo enquanto a suplementação continua. Diante disso, para que a suplementação de beta-alanina seja feita de forma segura, é recomendado que seja utilizada por um período de no máximo 24 semanas. Ao atingir esse período máximo, a descontinuação da suplementação seria interessante para restaurar a regulação dos transportadores de beta alanina. Essa pausa pode ter duração de 4 a 6 semanas, pois os valores de carnosina só retornam aos níveis anteriores à suplementação após várias semanas ou meses. Aumento crescente das concentrações de carnosina Restauração da regulação dos transportadores de beta-alanina Redução da velocidade no aumento das concentrações de carnosina Dosagens e co-ingestão com outras substâncias Os estudos avaliando os efeitos da beta alanina na performance concluiram que a dosagem total que mostrou melhores resultados é a de 4 a 6,4g por dia, devendo ser fracionada em tomadas de 800mg a 1600mg. Por exemplo, 2 cápsulas contendo 800 mg cada, 4x por dia, sempre junto às refeições. A co-ingestão com carboidratos ou refeições é importante para ajudar a maximizar o feito da suplementação. Foi visto que a Insulina pode aumentar a afinidade da beta alanina pelos transportadores, assim como aumentar a velocidade do transporte. Isso acontece porque a insulina aumenta a atividade das Bombas Na+ / K + -ATPase e como o transportador de beta alanina depende das concentrações estequiométricas de sódio e cloreto para o co-transporte do aminoácido, o aumento da atividade da bomba de sódio e potássio repercute no aumento da disponibilidade de sódio fora da célula para que possa entrar posteriormente com o cloreto e a beta-alanina pelo transportador TauT. Status de treinamento O grau de treinamento do atleta também influencia no tamanho do efeito do suplemento. Um atleta altamente treinado em exercícios predominantemente glicolíticospossui maior quantidade de fibras do tipo 2, assim como um aparato enzimático mais efetivo. Diante disso, este atleta é mais adaptado para depuração de íons H+ intramusculares, apresentando desempenho máximo e uma fadiga retardada em comparação a um atleta não treinado. Logo, normalmente os indivíduos não treinados se beneficiam mais da suplementação de beta-alanina. Mas isso não exclui o benefício do suplemento em atletas altamente treinados, tendo em vista que qualquer melhora em atletas de alto rendimento são válidas. CAFEÍNA A cafeína (1,3,7 - trimetilxantina) é a substância psicoativa mais consumida no mundo, sendo o principal composto bioativo presente nos grãos de café. Metabolismo da cafeína O metabolismo da cafeína ocorre principalmente no tecido hepático. A atividade da isoforma do citocromo P450 CYP1A2 é responsável por quase 95% da metabolização primária da cafeína, produzindo alguns metabólitos. Efeitos da cafeína no sistema nervoso central A cafeína chamou a atenção dos estudiosos principalmente devido seus efeitos excitatórios sobre o sistema nervoso central: Redução da fadiga mental; Melhora do raciocínio; Melhora da atenção; Melhora do foco. A cafeína, ao bloquear os receptores de adenosina no SNC, estimula o sistema glutaminérgico (excitação neuronal), o sistema nervoso simpático (produção de noradrenalina) e a produção de dopamina, reduzindo a síntese de serotonina. Posteriormente, identificou-se que a cafeína também tem efeitos em diversos outros tecidos, isso porque seu principal mecanismo de ação se dá através do bloqueio dos receptores de adenosina, um nucleosídeo produzido por todas as células do corpo e que possui receptores em órgãos como: coração, tecido adiposo, TGI, cérebro, rins e pulmões. Efeitos da cafeína no miocárdio No coração, a cafeína aumenta os batimentos cardíacos através do mecanismo de bloqueio dos receptores de adenosina. Esses receptores ( especificamente A1, A3) estão implicados na regulação da frequência cardíaca e da pressão arterial em resposta à isquemia, hipóxia, e inflamação. A ativação dos receptores de adenosina no coração leva a bradicardia. Diante disso, a cafeína, ao bloquear os seus receptores, pode promover um aumento dos batimentos cardíacos. Um segundo mecanismo também está ligado a ação da cafeína sobre o aumento da frequência cardíaca. A cafeína induz um aumento a secreção de catecolaminas pelas adrenais, através da estimulação simpática. O aumento de noradrenalina e adrenalina ativa receptores beta adrenérgicos no coração, os quais aumentam o débito cardíaco. O aumento de noradrenalina e adrenalina ativa receptores beta adrenérgicos no coração, os quais aumentam o débito cardíaco. Ação da cafeína no tecido muscular esquelético A cafeína reduz a dor muscular tardia. Isso ocorre porque se liga à receptores de adenosina nos ganglios da raiz dorsal e estimula a antinocepção (diminuição da percepção de dor). A cafeína também otimiza a ressíntese de glicogênio muscular. Isso ocorre à nível intestinal, onde a cafeína estimula a atividade da bomba sódio e potássio, disparando um gradiente eletroquímico de Na+ a nível intestinal e resultando em rápida absorção de glicose, o que supostamente poderia potencializar a absorção deste nutriente e melhorar a ressíntese de glicogênio no músculo esquelético. Efeitos da cafeína no tecido adiposo No tecido Adiposo a cafeína bloqueia os receptores A1 e A3, que são inibidores da lipólise. Ao bloquear a ligação da adenosina nestes receptores, estimula a molécula a se ligar à receptores A2A, que são ativadores de lipólise. Além disso, o aumento da produção de catecolaminas pelas adrenais por estímulo simpático promovido pela cafeína também aumenta a lipólise através da ativação dos receptores beta adrenérgicos presentes no tecido adiposo. Recomendações de dosagem As dosagens mais utilizadas por atletas são as moderadas (5-6mg/kg), pois conseguem impactar positivamente na performance esportiva sem causar efeitos colaterais. Como o pico de concentração de cafeína acontece 60 minutos após seu consumo, recomenda-se ingerir o suplemento 1 hora antes da atividade física. A co-ingestão de cafeína com carboidratos é recomendada quando o objetivo for melhorar ressintese de glicogênio após a atividade ou melhorar a oxidação de carboidratos pelo músculo em esportes que utilizem o glicogênio muscular de forma predominante. Os efeitos ergogênicos da cafeína podem ser melhor percebidos em indivíduos não treinados, atletas submetidos a privação de sono e ou submetidos à realização de atividades/competições nas primeiras horas da manhã, situações onde normalmente o desempenho se encontra diminuído e consegue ser, significativamente, melhorado pela suplementação. Baixa Dosagem (até 3 mg / kg) Dosagem moderada (entre 5 e 6 mg / kg) Alta dosagem (9 mg / kg) Efeitos colaterais A cafeína, por ter ação em muitos tecidos, em dosagens mais altas (9mg/kg) pode provocar efeitos colaterais desagradáveis como: Desconforto abdominal; Taquicardia; Ansiedade/nervosismo/inquietação; Aumento da excreção de Cálcio pela urina; Prejuízos no sono. A suplementação de cafeína deve ser evitada, principalmente, por indivíduos cardíacos, hipertensos ou que apresentam quadros de ansiedade. Além disso, recomenda-se que não seja feita uma ingestão de mais de 400 mg de cafeína em um período menor que 6 horas para o horário de dormir em indivíduos que sofrem de insônia. Além do status do treinamento e horário do dia no qual se faz a ingestão da cafeína, é importante ressaltar que os efeitos ergogênicos da cafeína também dependem da ingestão habitual e da variabilidade genética. A ingestão de cafeína em altas doses diariamente resulta em maior expressão de receptores de adenosina nos tecidos, reduzindo em parte o ação bloqueadora da cafeína e, portanto, seu efeito ergogênico durante o exercício físico. Além disso, alguns indivíduos apresentam melhora na performance e outros não através da suplementação de cafeína. Isso ocorre devido à variabilidade genética: enquanto algumas pessoas metabolizam a cafeína de forma mais rápida, outras fazem isso mais lentamente. Em média, 40% da população em geral carrega o genótipo A/A (metabolizadores rápidos), enquanto 50% e 10% carregam os genótipos A/C e C/C, respectivamente (metabolizadores mais lentos). Indivíduos com o genótipo do tipo AA tendem a produzir mais da enzima CYP1A2 que está presente no fígado e é responsável por ~ 95% de todo o metabolismo da cafeína. A maior velocidade com que a cafeína é metabolizada e atinge a circulação evita que ela cause outros efeitos indesejáveis, como a vasoconstrição dos vasos, oque causaria a redução da performance em exercícios de resistência. Outro mecanismo potencial tambémproposto para o impacto do Citocromo P450 1A2 na ergogenicidade da cafeína é que os metabólitos (paraxantina, teobromina, teofilina) teriam efeitos ergogênicos adicionais e por esses motivos os genótipos de metabolização rápida experimentariam uma vantagem adicional. Além disso, existe o gene ADORA2A, que codifica o receptor A2A de adenosina encontrado no cérebro e que tem um papel regulatório na liberação de dopamina e glutamato. No que diz respeito à esse gene, 45% das pessoas apresentam o alelo C/T (normal), enquanto 20% é portador do alelo T/T e 30% é portador do alelo C/C. Indivíduos portadores do alelo T/T relatam maiores aumentos na ansiedade, demontsrando, assim, que possuem maior sensibilidade aos efeitos da cafeína. Bicarbonato de sódio é um composto químico com a forma de NaHCO3. É um sal composto por íons bicarbonato e íons sódio. Têm aparência cristalina, mas geralmente parece um pó fino. A ingestão de bicarbonato de sódio (NaHCO3) tem ganhado cada vez mais espaço no meio esportivo por prolongar o desempenho devido a uma melhora no potencial de tamponamento do sangue através da criaçãode um gradiente de pH eletroquímico entre o meio intracelular (célulamuscular) e extracelular (plasma sanguíneo), permitindo, consequentemente, um maior efluxo dos íons H + produzidos na célula muscular durante a carga de trabalho. Também aumenta a atividade do transportador de lactato (MCT), assim, a ingestão de bicarbonato permite maior capacidade de produção de lactato pelo músculo sem que isso seja fator limitante no desempenho. BICARBONATO DE SÓDIO Apesar da suplementação de bicarbonato ser efetiva e acessível devido ao baixo custo, não é muito difundida devido. Isso pode ser explicado pela sua manipulação de forma equivocada, resultando em efeitos colaterais, como os fortes desconfortos gastrointestinais. Ao ser ingerido, o Bicarbonato neutraliza o ácido gástrico, elevando o pH do estômago e inibindo a atividade das enzimas pépticas, que cessam em valor de pH=5. A neutralização do PH ácido causa liberação de CO2 (formação de gases/eructação) e o CO2 produzido estimula a secreção de gastrina, resultando em elevação secundária da secreção ácida. É o acúmulo de CO2 no estômago e intestino, que causam o inchaço, as náuseas e as dores abdominais, sintomas que podem atrapalhar o desenvolvimento da atividade esportiva. Neutralização do ácido gástrico O Bicarbonato tem mostrado efeitos ergogênicos em exercícios de resistência de alta intensidade (>65%VO2máx) e esportes com sprints, como: O uso de bicarbonato em esportes Artes marciais Melhora potência e trabalho total de membros superiores Ciclismo Maior tempo até a exaustão Corrida Melhora da velocidade máxima Futebol Melhora de desempenho Crossfit Maior número de repetições e trabalho total Dosagens e orientações gerais Para reduzir os efeitos do desconforto gastrointestinal, sugere-se que as doses sejam baixas (<0,3g/kg) e fracionadas (>4x por dia), devendo-se ingeri-las, preferencialmente, com carboidratos. Dependendo da dosagem, deve-se fracionar em mais ou menos vezes. O pico das concentrações sanguíneas de bicarbonato após a sua ingestão varia de acordo com a dosagem, assim, deve-se levar isso em consideração para estipular o tempo para consumir o suplemento antes da atividade. DOSES TEMPO 0,1 g/kg 0,2 g/kg 0,3 g/kg 30 a 150 minutos 40 a 165 minutos 75 a 180 minutos Exemplo prático Atleta de endurance, 65kg, terá uma competição às 14h. A dose bem tolerada pelo atleta durante os treinamento foi de 0,3g/kg. Assim, levando em consideração essa dosagem por kilo de peso, para a competição ele deverá consumir um total de 19,5g que poderá ser fracionada em 6 vezes, com uma dosagem individual, em cada tomada, de 3,25g. Como o pico das concentrações de 0,3g/kg fica entre 75 a 180 minutos após ingestão, o atleta deverá consumir cada tomada de 3,25g da seguinte forma: 120 min - 110 min - 100 min - 90 min - 80 min - 70min antes da competição. O nitrato (NO3) é um aníon poliatômico inorgânico presente no ambiente, pode ser encontrado no ar em alimento e pode ser produzido endogenamente. 80% do nitrato é encontrado nos alimentos de forma inorgânica, como por exemplo: Beterraba, espinafre, repolho, rabanete, alface. O nitrato, através da sua conversão de nitrito (NO2) é utilizado como conservante em salsicha, pepperoni, presunto etc. Beterraba Alimentos NO2 (mg/kg) NO3 (mg/kg) 782-1161 1800-2800 Espinafre Repolho Rabanete Alface 297,1-857,4 102-1418 9,5-198,5 -- -- -- -- 85-920 Nitrato - nitrito - óxido nítrico O nitrato e o nitrito, ingeridos por meio dos alimentos citados acima, podem ser convertidos em óxido nítrico no organismo. O óxido nítrico (NO) é um radical livre que atua como sinalizador no organismo, no qual, apresenta papel bactericida, desempenha função na vasodilatação, na respiração mitocondrial, na homeostase da glicose e do cálcio, porém sua meia vida é curta, de alguns segundo por ser um gás. NITRATOS A maior formação de NO se dá pela conversão de nitrato em nitrito e de nitrito em óxido nítrico. A primeira reação de conversão ocorre na boca através da microbiota oral, pelas bactérias anaeróbicas, no qual promovem a redução do nitrato em nitrito. O nitrito por sua vez pode ser reduzido e formar óxido nítrico, entretanto isso depende de um meio adequado. O ambiente que favorece a redução de NO2 em NO é um estado metabólico que há baixa disponibilidade de oxigênio e baixo pH. O óxido nítrico também pode ser formado através da conversão de arginina em NO pela enzima óxido nítrico sintase, logo, o nitrato e nitrito nçao são os únicos precursores endógenos de NO. Fontes dietéticas de nitrato Espinafre Rabanete Aipo Nitrato NO3 Nitrito NO2 Nitrito NO2 Cavidade bucal Estômago Bactérias anaeróbicas NO3NO3 NO3Beterraba NO3 NO3 GMPc Cadeia leve de miosina Nitrato (NO3) Nitrito (NO2) Óxido nítrico (NO) GTP Relaxamento da musculatura e aumento do fluxo sanguíneo Capilar sanguíneo Musculatura lisa vascular A conversão de nitrato na boca pode não ocorrer por conta de alteração do pH do ambiente, que diminui a atividade metabólica das bactérias anaeróbicas, logo, acarreta menor redução de nitrato em nitrito, portanto, haverá menor disponibilidade de precursor de nitrato no organismo. O uso de enxaguante bucal altera o pH da boca e diminui a conversão de nitrato, portanto, não é recomendado o uso desses produtos quando há utilização suplementação de nitrato. Suplementação de nitrato A suplementação de nitrato é eficaz para a conversão de nitrito e posteriormente a formação de óxido nítrico. O óxido nítrico por sua vez atua na vasodilatação dos vasos, contribuindo para maior entrega de oxigênio e nutrientes para o músculo esquelético. A maior entrega de nutrientes e oxigênio para o músculo esquelético, resulta em aumento de performance em exercícios físicos, principalmente de modalidades aeróbicas como ciclismo, maratonas, natação em longa distância. A suplementação de nitrato e o aumento de NO no organismo, resulta em alteração do custo de oxigênio mitocondrial e a ressíntese do ATP, melhorando a eficiência do tecido frente ao exercício físico. Em relação ao sistema ATP-CP, o custo de ATP para a formação das pontes cruzadas, para o encurtamento dos sarcômeros e a contração muscular será reduzido, portanto, reduz o custo de oxigênio durante o exercício, o que também potencializa a performance. Formas de suplementar e quantidades ideais Os efeitos da suplementação de nitrato diferem de acordo com tipo e intensidade do exercício, status de treinamento do indivíduo, dose e protocolo de suplementação agudo ou crônico. Alguns estudos observaram que atletas recreacionais se beneficiam mais com suplementação do que com atletas de elite. Uma das formas práticas de suplementar nitrato é através do consumo de suco de beterraba. 310 a 527 mg de nitrato DOSE RESPOSTA - SUCO DE BETERRABA DOSES 250 a 500 ml de suco 2 horas antes do treinamento
Compartilhar