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TCC Artigo Científico LEI MARIA DA PENHA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS 
UNIDAS - FMU 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIELY RENATA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA: 
14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA: 14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao curso de Direito do 
Centro Universitário das Faculdades 
Metropolitanas Unidas - FMU, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de bacharel 
em Direito, sob a orientação do Professor 
Edson Nalon Silva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020
 
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA: 14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS 
 
 
Gabriely Renata Alves 
Graduanda do Curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades 
Metropolitanas Unidas 
 
Resumo 
 
O presente trabalho estrutura-se no campo relacionado ao direito com o 
principal objetivo de abordar o efeito da Lei Maria da Penha nos casos de violência 
doméstica e familiar contra as mulheres, considerando desde tempos antes da lei 
Maria da Penha entrar em vigor; sua criação; como a lei mostra-se na sociedade, em 
questão de sua abrangência aos abusos; seu desempenho desde então. Tomando 
como base pesquisas, entre outras metodologias, conclui-se que a Lei Maria da Penha 
tem um efeito positivo com relação às mulheres, pois elas, ao passar dos anos, 
adquiriram uma certa confiança na lei, fazendo com que os casos de violência fossem 
reduzidos, mas não exterminados. Verifica-se que a lei, infelizmente, está em 
retrocesso, e os casos de violência estão subindo novamente. Nota-se essa 
crescente, principalmente, nos dias difíceis quais vivemos, com o isolamento social. A 
violência contra a mulher é mais uma pandemia invisível. Com relação às vítimas, 
conclui-se que, antes da criação da lei, elas tinham um grande receio em denunciar o 
agressor, por conta de a penalidade ser leve, falta de apoio após a denúncia, e, agora, 
de certa forma, a lei dissemina uma proteção às vítimas, e tornou-se mais rigorosa a 
pena imputada. Contudo, a lei Maria da Penha ainda tem suas falhas, sejam elas 
relativas à sua ineficácia de aplicação na sociedade, carência de políticas públicas, 
verbas para investimentos, entre outros lapsos que faltam ser preenchidos. 
 
Palavras-chave: Lei Maria da Penha, Violência contra a mulher, eficácia da lei, 
pandemia.
 
 
 
Abstract 
The present work is structured in the field related to law with the main objective 
of addressing the effect of the Maria da Penha Law in cases of domestic and family 
violence against women, considering since time before the Maria da Penha law came 
into force; its creation; how the law shows itself in society, in terms of its scope to 
abuse; its performance since then. Based on research, among other methodologies, it 
is concluded that the Maria da Penha Law has a positive effect in relation to women, 
as they, over the years, have acquired a certain confidence in the law, making the 
cases of violence reduced, but not wiped out. It appears that the law, unfortunately, is 
backing down, and cases of violence are rising again. We can see this growing, 
especially in the difficult days we live in, with social isolation. Violence against women 
is yet another invisible pandemic. In relation to the victims, it is concluded that, before 
the law was created, they had a great fear of denouncing the aggressor, because the 
penalty is light, lack of support after the complaint, and now, in a way, the The law 
disseminates protection to victims, and the imputed penalty has become stricter. 
However, the Maria da Penha law still has its flaws, whether they are related to its 
ineffectiveness in society, lack of public policies, funds for investments, among other 
lapses that remain to be filled. 
 
Keywords: Maria da Penha Law, Violence against women, effectiveness of the law, 
pandemic. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I Introdução............................................................................................ 6 
II Lei Maria da Penha.............................................................................. 8 
II.1 Maria da Penha Maia Fernandes: A Origem........................................ 8 
II.2 A Promulgação da Lei.......................................................................... 9 
II.3 Avanços e Retrocessos da Lei............................................................. 12 
III Um Vírus, Duas Guerras...................................................................... 16 
IV Considerações Finais.......................................................................... 18 
V Referências Bibliográficas................................................................... 21 
6 
 
 
 
I. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho estrutura-se no campo relacionado ao direito penal com 
o principal objetivo de abordar o efeito da Lei Maria da Penha nas denúncias de abuso 
físico feitas por mulheres. 
Antes da criação e promulgação da Lei Maria da Penha, não havia leis 
específicas contra qualquer tipo de violência física contra a mulher, então o agressor 
sentia-se livre para agredir sabendo que não ia ser punido, e a mulher ficava 
encurralada por não ter nenhum ato judicial que pudesse ajudá-la. Antigamente, o 
homem era o trabalhador da família, trazia o sustento para casa e a mulher era apenas 
o objeto que tinha que fazer comida, lavar as roupas e se não cumprisse os deveres 
impostos pelo marido, era comum sofrer vários tipos de agressões, sem poder recorrer 
a nenhum tipo de ajuda jurídica. 
Com a criação da nova lei, o problema em relação à violência doméstica foi 
significativamente diminuído, mas não exterminado. No início da lei, existiam muitas 
brechas para os agressores, fazendo com que a vítima se sentisse amedrontada ao 
invés de segura. As vítimas, então, passaram a denunciar menos, com o medo de que 
a violência só aumentasse dentro do seu lar, e por outros motivos como: dependência 
financeira, emocional e familiar. 
No ano de 2006, a Lei Maria da Penha foi finalmente promulgada, e mais uma 
vez, um novo texto legal foi feito para poder punir os agressores, bem como diversas 
mudanças processuais foram feitas a favor das vítimas de violência doméstica. 
A falta de seriedade com que muitos membros da justiça tratam a violência 
contra as mulheres, ainda vai ser um problema pertinente a falta de estrutura dada 
aos responsáveis em apoiar as vítimas, e isso traz os problemas sérios de falta de 
denúncia, como o medo, a incerteza das devidas punições aos agressores e o silêncio 
das vítimas. 
Ao abordar este tema é relevante considerar desde tempos antes da lei Maria 
da Penha entrar em vigor, a fim de que possamos desenvolver um comparativo com 
os tempos atuais.
7 
 
 
 
Após, explanar como se deu sua criação. Aqui refere-se ao caso da mulher 
que através de sua terrível experiência deu origem à lei. 
Seguido de uma parte muito importante: demonstrar como a lei mostra-se na 
sociedade, em questão de sua abrangência aos abusos; seu desempenho desde sua 
criação até tempos atuais, seja avanços bem como retrocessos; consequências 
relativas ao agressor; auxílios às vítimas Digo aqui ser o mais relevante das outras 
delimitações/capítulos, pois é a partir das descobertas feitas aqui que conseguiremos 
ter uma grande parte da resposta da nossa problemática. 
É importante frisar que, segundo, também, a Lei Maria da Penha, a violência 
contra a mulher é considerada uma das formas de violação dos direitos humanos. 
Contudo, mesmo a Constituição Federal de 1988 já ter incluído a violência 
como uma violação dos direitos humanos, pois ora a violência fere a dignidade da 
pessoa humana, que é um dos princípios fundamentais elencados na lei, nos faz 
transparecer que o Direito Penal e oProcessual Penal, muito preocupados com a 
erradicação e o combate ao crime e ao criminoso, acabam nos desapontando quando 
se refere à assistência devida à principal vítima: a mulher. 
Consequentemente, com essa insegurança que a Lei deixa passar, as 
mulheres têm que buscar novas alternativas de se sentirem mais amparadas 
emocionalmente, intelectualmente e até fisicamente, como, por exemplo, em 
organizações sem fins lucrativos, que têm como principal meta ajudar as mulheres 
antes, durante e depois de todo o processo da denúncia. 
Dessa forma, resta aqui demonstrada a necessidade da compreensão da Lei 
Maria da Penha e de seus mecanismos, como também de novos termos adotados 
pelo Sistema de Justiça Brasileiro, o que será abordado através de recentes 
jurisprudências a respeito do tema. 
Os procedimentos metodológicos usados para elaboração do presente Artigo 
Científico foram as pesquisas bibliográficas, que compuseram uma grande parte do 
trabalho. 
As teses, comentários, deduções feitas no decorrer do artigo tiveram como 
fonte grandes doutrinas, análises de leis, sobretudo da Lei n° 11.340 de 2006, análises 
de jurisprudências e de entendimentos recentes dos Tribunais. 
8 
 
 
1 QUEM é Maria da Penha. Disponível em: 
https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em 
15 nov. 2020. 
 
A abordagem utilizada foi tanto a qualitativa quanto a quantitativa, a fim de 
que sejam fornecidas informações numéricas para um melhor entendimento no 
momento de comparação de números de casos antes e depois da lei, e em demais 
situações apresentadas no Artigo Científico. 
Para alcançar os objetivos, anteriormente já citados, foi preciso utilizar 
pesquisas dos tipos exploratória, com a finalidade de maior entendimento do problema 
relatado, as agressões, responsável, também, pela análise das mulheres que sofrem 
as agressões; descritiva, a qual foi responsável pela caracterização da Lei; e a 
explicativa, a fim de mostrar o porquê ocorrem as agressões, os motivos, as razões 
que prendem as mulheres agredidas em seus parceiros, entre outras exemplificações. 
 
 
I. LEI MARIA DA PENHA 
 
II.1. Maria da Penha Maia Fernandes: A Origem 
 
Maria da Penha Maia Fernandes foi uma mulher que, como tantas outras, 
sofria com a violência decorrente de seu marido. 
Maria durante um bom tempo de seu relacionamento sofrera diversas 
agressões. Até que, em 1983, acabou ficando paraplégica ao levar um tiro de seu 
marido que tentou assassiná-la e essa não foi a última vez, pois ele também tentou 
matá-la por eletrocussão e afogamento. O caso foi denunciado, mas só após tomar 
proporções tão drásticas. Mesmo assim, o agressor só foi condenado após 20 anos. 
E sua pena foi de apenas dois anos em regime fechado.1 
Esse caso teve uma grande repercussão e acabou chamando atenção. Com 
isso, o Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da 
Organização dos Estados Americanos (OEA). 
 
 
9 
 
 
2 GOUREVITCH, Danielle; RAEPSAET-CHARLIER, Marie-Therese. A Mulher na Roma Antiga 1. ed. Livros 
do Brasil, 2005. 
 
 
Art. 2º: Toda mulher, independente de classe, raça, etnia, orientação sexual, 
renda, cultura, nível educacional, idade, religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as 
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde 
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Lei Maria 
da Penha, nº 11.340, 2006) 
 
A lei, em seu artigo 2º, ressalta a questão da igualdade de gêneros, deixando 
claro que às mulheres também são asseguradas de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana. 
Maria da Penha Maia Fernandes foi apenas mais um dentre vários casos de 
violência contra mulheres. Infelizmente, esta vítima teve que ter um direito 
fundamental seu ofuscado, qual seja da preservação da saúde física, para só assim 
abrir maiores possibilidades de luta por direitos e segurança para as outras mulheres 
que sofrem com a violência doméstica. 
 
II.2. A Promulgação da Lei 
 
Com nosso básico conhecimento histórico, sabemos que a mulher vem 
ganhando diversos direitos antes nunca conquistados, tudo isso há, relativamente, 
pouco tempo. Historicamente a mulher sempre foi considerada o sexo frágil 
socialmente, de acordo com diversas restrições sofridas como: não tinham escolha de 
seu marido, não tinham poder de voto e nem administrar seus bens. 
Na Roma antiga, por exemplo, os romanos só conseguiam imaginar suas 
mulheres em casa, presas ao trabalho doméstico, muitas vezes elas faziam muitas 
outras coisas, como: gladiadoras, comerciantes, chefes de empresa, parteiras, 
prostitutas, feiticeiras ou camponesas. No entanto, as mulheres romanas ainda 
ficavam formalmente excluídas da vida política e nunca tinham o direito de expressar 
suas ideias publicamente, mesmo que sabiam escrever, não possuíam permissão 
para publicar suas obras, e suas obras ainda são desconhecidas para nós hoje.2 
10 
 
 
Desde então, por conta de várias revoluções históricas, na insistência da luta 
das mulheres por seus direitos, pelo feminismo, a mulher vem, a cada dia, 
conseguindo conquistar o que é seu por direito. Por outro lado, infelizmente, uma 
batalha parece estar longe de ser totalmente ganha: a violência contra a mulher. 
Antes da criação e promulgação da Lei Maria da Penha, não havia leis 
específicas contra qualquer tipo de violência contra a mulher, logo o agressor 
continuava com as agressões sabendo que a mulher ficaria insegura de denunciá-lo, 
e a pena para ele era consideravelmente leve. 
No Brasil, a violência contra a mulher está enraizada profundamente com a 
história, por isso a grande dificuldade em desconstruir esse fato tão impregnado em 
nossa sociedade. 
Após grande repercussão da triste história de Maria da Penha Maia 
Fernandes, o Brasil, diante da visibilidade internacional do caso e sob a pressão de 
organizações, tomou partido com a promulgação da lei. 
Depois de ser condenado por negligência e omissão à violência doméstica 
contra mulher, fora recomendado ao Brasil a criação de uma legislação especifica e 
adequada para esse tipo de crime. Com toda visibilidade, imposição e pressão sobre 
este caso, a criação da lei tornou-se algo mais próximo de ocorrer. 
Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, a lei entrou em vigor no dia 22 de 
setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de 
Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa. 
A lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006: 
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da convenção sobre a 
eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da 
convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra 
a mulher; dispõe sobre a criação dos juizados de violência doméstica e 
familiar contra a mulher; altera o código de processo penal, o código penal e 
a Lei de execução penal; e dá outras providências. (Lei Maria da Penha, 
11.340, 2006) 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_Nacional_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva
https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_agosto
https://pt.wikipedia.org/wiki/2006
https://pt.wikipedia.org/wiki/Entrada_em_vigor
https://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_setembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_setembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/2006
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
11 
 
 
 
A Lei Maria da Penha trata especificamente da violência doméstica e da 
violência familiar contra as mulheres. O artigo 7º da lei lista algumas formas de 
violência que as mulheres podem sofrer.São elas: violência física, psicológica, 
sexual, patrimonial ou moral. 
 
a) A violência física deve ser entendida como qualquer comportamento que 
ofende sua integridade ou saúde física; 
Nesse caso, você não precisa deixar marcas visíveis em seu corpo. Este é 
qualquer comportamento que infrinja a integridade física e a saúde física das 
mulheres. Por exemplo: bater, empurrar, puxões cabelo, socar, atacar com objetos 
perfurantes afiados etc. 
b) Violência psicológica, refere-se a qualquer comportamento, manipulação, 
isolamento, por meio de ameaças, constrangimento, humilhação, que cause 
dano emocional, reduza autoestima, prejudique ou atrapalhe todo o 
desenvolvimento ou objetive reduzir ou controlar seu comportamento, crenças 
e decisões , Vigilância constante, perseguição constante, insultos, 
chantagens, violação da sua privacidade, ridículo, exploração e restrição do 
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que prejudique a sua saúde mental e 
autodeterminação; 
c) Violência sexual refere-se a qualquer comportamento que o force a 
testemunhar, manter ou participar de comportamento sexual indesejado por 
meio de intimidação, ameaças, coerção ou uso de força; para induzi-la a 
comercializar ou usar seu comportamento sexual de qualquer forma para 
impedi-la Usar qualquer método anticoncepcional ou forçá-la a se casar, 
engravidar, abortar ou prostituir por meio de coerção, chantagem, suborno ou 
manipulação, ou restringir ou cancelar o exercício de seus direitos sexuais e 
reprodutivos; 
É importante notar que sexo não consensual é violência sexual, incluindo 
violência sexual entre marido e mulher. 
d) Entende-se por violência patrimonial toda aquela que constitui a preservação, 
dedução, destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, 
12 
 
 
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos 
(inclusive aqueles destinados ao atendimento de suas necessidades) 
comportamento; 
e) A violência moral refere-se a qualquer comportamento que constitua 
difamação, calúnia ou dano. Quando o criminoso culpa a vítima pelo fato do 
crime, ocorre a difamação. O ferimento foi ofensivo para a reputação da 
mulher. A difamação ocorre quando o agressor atribui fatos ofensivos à 
reputação da vítima. 
Para tornar isso possível, o texto alterou o Código de Processo Penal, o 
Código Penal e a Lei de Execução Penal. Foram criadas no âmbito do Poder Judiciário 
os Juizados e as Varas especializadas em lidar com ações de violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
Assim, a Lei Maria da Penha afirma que: 
Serão asseguradas às mulheres como condições para o exercício efetivo dos 
direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, 
à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte , ao lazer, ao trabalho, à cidadania, 
à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
(Artigo 3º. Lei Maria da Penha, nº 11.340, 2006) 
Uma grande mudança implementada na legislação é a criação de uma rede 
especial de atendimento às vítimas desse tipo de violência, como promotores, 
delegacias de polícia e juizados especializados no atendimento ao tema. Este é um 
dos eventos mais prováveis que mudaram com a Lei Maria da Penha nos últimos 14 
anos. 
O texto também dá novidade às medidas emergenciais de proteção contra o 
agressor, incluindo proteção policial quando necessário. Isso pode incluir retirar o 
agressor de casa ou proibi-lo de abordar a vítima dentro de uma determinada 
distância. 
 
II.3. Avanços e Retrocessos da Lei 
 
Da mesma forma que a lei avança, também apresenta retrocessos. 
Como já exposto, a promulgação da Lei Maria da Penha Foi um marco de Vitória 
na luta das mulheres por seus direitos.
13 
 
3 FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA; INSTITUTO DE PESQUISA ECÔNOMICA 
APLICADA. Atlas da Violência 2019. Disponível em: 
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Acesso em 10 set. 2020. 
4 FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Estatísticas. Disponível em: 
https://forumseguranca.org.br/estatisticas/. Acesso em 10 set. 2020. 
Tratando-se de avanços, podemos notar a diferença de cenários em relação à 
quando não havia uma lei específica para abordar os casos de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, momento este em que as mulheres não tinham nenhum respaldo 
para se apoiar, pois a lei geral que havia na época não dava a devida atenção e os meios 
apropriados para acolher essas vítimas, a única preocupação era a de “punir” os 
agressores, e, em outro cenário, após a promulgação da lei, uma certa segurança foi 
ofertada às vítimas de violência sabendo que, mesmo falha e com penas 
consideravelmente bem leves, tais crimes de violência não sairiam impunes, e as vítimas 
iriam ser acolhidas e protegidas. 
Com as sensações de proteção e acolhimento, que ainda são insuficientes, 
trazidas pela lei, as mulheres começaram a denunciar mais as agressões sofridas. Porém, 
em contradição, o aumento da violência letal às mulheres só aumenta. 
Mesmo com a promulgação da lei, os índices de violência contra mulher só 
crescem no Brasil, a impressão que nos dá é a de que os agressores ainda ignoram a lei. 
Segundo o Atlas da Violência de 20193, no Brasil, em 2017, registrou-se cerca de 
13 assassinatos de mulheres por dia. Ao todo, 4.936 mulheres foram assassinadas, sendo 
este o maior registro desde 2007. 
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública4 publicou, em 2018, o registro de 
263.067 de casos de violência doméstica, ou seja, um registro a cada dois minutos, e, a 
cada ano que passa, esse número só aumenta. 
A Lei Maria da Penha teve diversas alterações em seu texto com novas leis 
implementadas a ela, como: 
➢ a Lei nº 13.505/17, que estabelece que a mulher vítima seja atendida, 
preferencialmente, por policiais e demais assistentes do sexo feminino, bem 
como que a vítima, sua família e demais testemunhas não tivessem contato 
com o agressor; 
➢ a Lei nº 13.641/18, que tipificou como crime o descumprimento de ordem de 
medida judicial, qual seja a pena de detenção de três meses a dois anos; 
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019
https://forumseguranca.org.br/estatisticas/
14 
 
5 FERREIRA, Helder. Deputadas criticam corte de recursos para o combate a violência contra a 
mulher. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-
recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/. Acesso em 18 out. 2020. 
6 NUCCI, Renan. Causa da violência contra mulheres é motivo fútil, afirma promotora. Disponível 
em: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-
motivo-futil-afirma-promotora. Acesso em 25 set. 2020. 
➢ a Lei nº 13.772/18, reconhecendo a violação da intimidade da mulher como 
violência doméstica e familiar, bem como o registro sem consentimento de 
conteúdo de nudez ou ato sexual; 
➢ a Lei nº 13.827/19, autorizando, em determinadas hipóteses, a concessão de 
medida protetiva de urgência pela autoridade policial à mulher vítima ou a seus 
dependentes; 
➢ a Lei nº 13.836/19, que obriga a prestação de informação referente a condição 
de pessoa com deficiência da mulher vítima de violência doméstica e familiar. 
Ressalta-se que, em Congresso, ainda há diversos projetos de leis, que visam 
alterar a LMP, aguardando deliberação. 
Nesse momento de alterações, o ideal era termos investimentos e, ao contrário, 
segundo a Câmara dos Deputados, tiveram corte de verbas que era direcionadas ao 
acolhimento de vítimas.5 
Um dos projetos mais importantes conhecidos é a Casa da Mulher Brasileira, 
que foi criada pelo governo Dilma para atender pessoas que sofreram abusos físicos 
e psicológicos e, no ano passado, não teve um centavo de investimento. 
A Casa da Mulher Brasileira é, sem dúvidas, o principal programa do Governo 
Federal ao apoio de vítimas de violência doméstica.O projeto tinha como meta 
construir, no mínimo, uma unidade por Estado. Entretanto, o quadro atual é de apenas 
cinco unidades em funcionamento. Em São Paulo, a casa foi construída somente no 
ano passado, 2019, e, pasmem, para sua conclusão a obra teve que contar com 
investimentos privados, pois o repasse das verbas destinadas a este projeto não 
chegou a ela. 
Outro exemplo de retrocesso que a lei enfrenta é a questão da falta de 
capacidade de muitos agentes da justiça que atuam nos casos de violência doméstica e 
familiar. 
Segundo Castro6: 
“Basta olhar a estrutura dos órgãos competentes de combate à violência 
contra a mulher, que a gente consegue ver a prioridade dada ao tema. As 
vítimas também sofrem com a falta de 
https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/
https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/
https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora
https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora
15 
 
7 ALVES, Schirlei. Julgamento de Influencer Mariana Ferrer Termina com Sentença Inédita de 
‘Estupro Culposo’ e Advogado Humilhando Jovem. Disponível em: 
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/. Acesso em 10 nov. 
2020. 
capacitação de alguns servidores da rota crítica institucional. Muitas, quando 
vão fazer uma denúncia, são tratadas como se fossem culpadas e são 
revitimizadas nesse percurso. Algumas perguntas mal elaboradas as 
colocam em situação inversa, e por este motivo muitas delas desanimam ou 
resistem em procurar apoio, pois, não se sentem acolhidas” (CASTRO, 2014). 
Castro, promotora especializada no enfrentamento da violência contra a 
mulher, expõe a questão da falta de preparo de servidores da justiça, explica a 
presente inferiorização da mulher, que ainda atrapalha muito na solução dos 
problemas, pois a falta de apoio e estrutura para a vítima causa medo e a certeza de 
impunidade, influenciando diretamente à desistência de continuar com a denúncia e à 
insistência em não procurar apoio. 
A falta de capacitação de julgadores, delegados, advogados, dentre outras 
figuras da justiça acaba, no decorrer do processo, invertendo a situação, deixando a 
dúvida na visão da vítima se ela mesmo não foi a culpada do que está ocorrendo. 
Um caso recente que demonstra explicitamente o que ocorre com as vítimas 
de violência quando se deparam com profissionais despreparados, é o caso da 
influencer Mariana Ferrer7. 
Ferrer foi vítima de estupro quando participava de uma festa em 2018. O 
acusado de estuprá-la foi André de Camargo Aranha, que fora inocentado no 
julgamento que ocorreu em setembro deste ano. 
A argumentação utilizada pelo advogado de defesa do acusado foi a de que 
não tinha como ele saber que a vítima não estava em condições de consentir com o 
ato sexual, portanto o acusado não tinha a intenção de estuprá-la, criando uma 
espécie de “estupro culposo”. E o juiz aceitou estes argumentos. 
As imagens da audiência fórum divulgadas, quais o Intercept teve acesso, e 
mostram a falta de capacidade desses servidores da justiça. Durante a audiência, por 
diversas vezes, Ferrer foi humilhada pelo advogado de defesa de Aranha, qual 
mostrou fotos sensuais da jovem, em trabalhos como modelo, para reforçar a ideia de 
que o ato foi consensual. Em outro momento, disse que “jamais teria uma filha do nível 
de Mariana”, e, a cereja do bolo, foi, quando Ferrer estava a ponto de chorar, ele disse 
que suas lágrimas eram falsas, dissimuladas e sua lábia era de crocodilo.
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/
16 
 
8 FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência doméstica durante a pandemia de COVID-19. 2 
ed. Brasil: Oficina 22, 2020. 
 
Mariana, na tentativa que a humilhação cessasse, pediu respeito para o juiz, 
Rudson Marcos, e, pasmem, o mesmo interferiu pouquíssimas vezes nas situações. 
É nítido o despreparo tanto do advogado, que humilhou a vítima com 
insinuações machistas, quanto do juiz, por não se manifestar, parando com a 
humilhação, suas interferências foram nulas. 
Demonstra-se aqui a falta de sensibilidade, pois no momento que a vítima vai 
buscar ajuda, a última coisa que ela espera receber é este tipo de tratamento. 
Toda essa situação tem uma forte influência diretamente na falta de denúncia 
por outras mulheres que passam por violência. Pois ao ver este tratamento, a mulher 
vítima ficará ainda mais receosa, envergonhada, com medo de denunciar. 
 
 
II. UM VÍRUS, DUAS GUERRAS 
 
Durante a pandemia por conta do COVID-19, que se instaurou no Brasil em 
meados de março/abril, os dados referentes aos números de casos de violência contra a 
mulher e feminicídio afirmam ainda mais o retrocesso que a lei está passando. 
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou, em maio de 2020, índices 
que assustam8: 
➢ Crescimento de 22,2% de violência letal (feminicídio) contra as mulheres: 
Crescimento que se deu entre março e abril de 2020, comparado ao mesmo 
período em 2019; 
➢ Redução de mais de 20% dos registros de casos de violência feitos nas delegacias: 
A redução dos registros de denúncia não é sinônimo de que há redução na violência. Com 
a decretação da quarentena, as mulheres enfrentaram muitas dificuldades em denunciar 
as violências. Sem poder sair de casa para trabalhar e outras finalidades, muitas não 
conseguem sair sozinhas à rua para se dirigir até uma delegacia, algumas vítimas ficaram 
encurraladas em casa. Para um melhor entendimento deste dado, devemos levar em 
consideração que muitas vítimas não possuem acesso à internet, telefone celular, o que 
17 
 
9 ARCOVERDE, Léo; LEITE, Isabela. Estado de SP registra 62 casos de violência doméstica por 
dia pela internet durante quarentena. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-
durante-quarentena.ghtml. Acesso em 10 out. 2020. 
10 G. Andreuccetti, C.J. Cherpitel, H.B. Carvalho, V. Leyton, I.D. Miziara, D.R. Munoz, A.L. Reingold, 
N.P. Alcohol in combination with illicit drugs among fatal injuries in Sao Paulo, Brazil: An epidemiological 
study on the association between acute substance use and injury. Disponível 
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400. Acesso em 10 nov. 
2020. 
dificulta ainda mais o procedimento da denúncia. Em comparação com 2019, em 2020 a 
redução desse tipo de denúncia caiu 25,5%; 
➢ Diminuição do número de medidas protetivas de urgência concedidas: 
Tal diminuição se dá novamente por conta do confinamento, as mulheres 
enfrentaram diversas dificuldades em encaminhar suas queixas; 
➢ Crescimento de mais de 37% de denúncias realizadas pelo LIGUE-180: 
Em isolamento social, a busca por delegacias para denúncias presenciais caiu, 
em contrapartida, verificou-se um aumento considerável nas denúncias via telefone. 
Uma reportagem de Leite e Arcoverde9, veiculada pela GloboNews, trouxe mais 
dados impressionantes a respeito das denúncias de violência feitas pela internet, durante 
a quarentena: 
O estado de São Paulo contabilizou 5.559 boletins de ocorrência de violência 
doméstica feitos pela internet entre abril e junho deste ano. Isso representa uma 
média de 62 registros por dia, ou um a cada 23 minutos no período. É o que apontam 
dados da Polícia Civil paulista obtidos com exclusividade pela GloboNews. 
 
Como já explanado, em meados de abril/maio deste ano, as medidas protetivas de 
urgência tiveram uma queda significante de aproximadamente 30% de redução de pedidos 
em comparação com o mesmo período em 2019. Em uma nova pesquisa, verificou-se novo 
aumento de pedidos de medidasde proteção de urgência, em junho, isto graças a retomada 
dos pedidos feitos pelas mulheres junto a Delegacia Eletrônica. 
É notável que a prática do isolamento social trouxe reflexos negativos para vida 
de muitas mulheres, dado o constante aumento da violência doméstica e familiar. 
Com a quarentena as mulheres tiveram perda ou diminuição de sua renda 
familiar, em razão do desemprego, outras tiveram suas funções laborais suspensas e, 
também, tiveram que ficar em casa, o que ocasionou em sobrecarga de tarefas do lar, 
como cuidado com filhos fora da escola, aumento de ingestão de bebidas alcóolicas (que 
é considerado um dos principais estopins para gerar violência10), e outras situação que 
acabam deixando o clima entre os familiares tenso, influenciando nas relações, motivando 
discussões e gerando violência.
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400
18 
 
 
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objetivo do presente artigo é averiguar o desempenho da Lei Maria da 
Penha nos casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres baseando-se 
em seus avanços e retrocessos desde sua promulgação. 
A violência contra a mulher está enraizada em nossa história, porém fora 
apenas em 1993, na Conferência das Nações Unidas, que a violência contra a mulher 
foi reconhecida como violação dos direitos humanos. 
A mulher, por muito tempo, foi considerada como um ser incapaz 
intelectualmente, fraco, subordinada aos seus maridos, sem participação na 
sociedade, e, consequentemente, vários de seus direitos eram ofuscados. 
O movimento das mulheres, o feminismo, na luta por seus direitos foi parte 
fundamental para todas as conquistas alcançadas na sociedade, principalmente, na 
conquista da criação da Lei Maria da Penha. 
A origem da lei se deu com a triste história da Maria da Penha Maia 
Fernandes, que ficou internacionalmente conhecida, após sofrer diversas agressões 
pelo seu marido, ficando até paraplégica. Só a partir dessa visibilidade, que o Brasil 
foi condenado por omissão e negligência e cobrado para a criação de uma lei 
especifica para tratar sobre casos de violência doméstica e familiar. 
O caso de Penha foi apenas mais um dentre vários que o antecederam. O que 
nos faz indagar: o que aconteceu com todas as mulheres que foram vítimas de 
violência quando ainda não havia a Lei Maria da Penha? 
Temos dois cenários, antes e depois da promulgação da Lei Maria da Penha. 
Antes da lei, a única preocupação da lei penal comum era imputar uma pena ao 
agressor, pois como não havia uma lei específica para tratar desses tipos crimes de 
gênero, não davam a devida atenção na questão de se preocupar com a vítima, 
prestar apoio, assistência, era inexistente. Após a promulgação, a vítima passou a ser 
acolhida desde o momento da denúncia até o julgamento final, bem como no 
fornecimento das medidas protetivas. 
De acordo com as pesquisas abordadas no quadro teórico, averigue-se que a 
Lei Maria da Penha veio se desenvolvendo ao longo dos anos, e isto se deu por conta 
das diversas alterações que lei sofreu. Todas essas alterações foram de grande 
importância para assegurar ainda mais todas as garantias que a lei prevê.
19 
 
 
Em contrapartida, nada adianta acrescentar mais proteções, benefícios a vítima, 
inserir outros tipos de medidas judiciais contra o agressor, entre outras alterações trazidas, 
se não houver o devido investimento, seja em mais representantes da justiça preparados 
para acolher essas vítimas, em mais delegacias especializadas ao atendimento à essas 
mulheres, pois ainda a lei é carente nesses quesitos. 
Após sua promulgação, a lei provou sua eficácia em relação aos casos de 
violência contra as mulheres. Os índices de casos de violências registrados foram 
reduzidos, durante um bom tempo. Porém, com o passar dos anos, os investimentos 
necessários para manter a lei sempre a frente desses casos, ficaram escassos. 
É nítido que a área da lei que mais regride no quesito eficácia é no acolhimento 
das vítimas. O Poder Judiciário, governo, legisladores apresentam boas políticas públicas 
juntamente com promessas milionárias de investimentos, mas a verdade é que para 
muitos projetos saírem do papel, investimentos privados estão sendo feitos. ONG’s que 
estão lado a lado com a lei, angariam doações para complementar os saldos 
remanescentes de vários projetos. 
A impressão que temos é a priorização de outros temas ao invés da violência 
doméstica que mata mulheres a cada segundo. 
Veja bem, não está sendo constatado que não há temas tão importantes quanto 
este, mas prezar pela vida, resguardar um direito fundamental e constitucional inerente ao 
ser humano, parece algo importante a ser levado em conta. 
Por que logo a violência contra a mulher deve ficar por último? Apenas na hipótese 
de sobrar dinheiro que se deve investir nos projetos da Lei Maria da Penha? Fica 
demonstrado o nível de importância que o governo está dando para as vítimas destas 
violências. Se realmente está tendo uma falta de verba geral no governo, um planejamento 
adequado deve ser realizado para que nenhum projeto tenha prejuízos. 
O quadro atual é de contraste: investimentos reduzindo, violência aumentando. 
E essa crescente nos números de violência não é só no Brasil, o mundo todo está 
sofrendo com essa problemática. Principalmente, agora durante a pandemia que estamos 
passando. A pandemia do COVID-19 apenas agravou um problema que sempre existiu. 
Com o isolamento social, os nervos ficam a flor da pele, os ânimos alterados, e 
qualquer coisinha já é o bastante para começar uma discussão. Imaginemos uma mulher 
20 
 
 
que sofre violência doméstica, isolada em sua residência com seu marido, o agressor, 
para quem essa mulher vai pedir socorro? Delegacia? Ela não pode sair de casa sozinha; 
Ligar no 190 ou 180? O marido a veria conversando por telefone; Delegacia eletrônica? 
Não possuiu acesso à internet ou o marido monitora o uso dentro da casa. São essas as 
situações que muitas mulheres estão passando, impedindo que realizem as denúncias de 
violência. 
Por outro lado, quando as vítimas se encorajam e têm acesso a um desses meios 
para denunciar, se deparam com servidores da justiça despreparados, sem capacidade 
nenhuma, influenciados pela cultura machista, para atendê-las. Justamente por este 
motivo que alteraram a LMP, através da Lei nº 13.505/17, visando priorizar o atendimento 
das vítimas por agentes do sexo feminino, mas não é o que acontece. Falta padronização 
nas delegacias e nas DEAM. 
A Lei Maria da Penha é uma legislação que carrega uma temática muito 
importante diante a sociedade qual vivemos. Sua eficácia não deve ser momentânea, 
justamente nos momentos em que há a redução dos casos de violência, que a lei deve se 
mostrar mais forte, mais rigorosa, servidores da justiça (julgadores, advogados, 
legisladores etc.) em consonância com o comprometimento da lei, e, para isso, os 
investimentos não devem ser cessados, hão de haver planejamentos adequados de 
verbas para as leis, o acolhimento deve ser eficaz e sem falhas de proteção, restruturação 
nos agentes da lei em contato com as vítimas, aprimoramento das políticas públicas, e, 
somente assim, estaremos mais pertos de uma, não só redução, mas uma possível 
aniquilação da violência doméstica e familiar contra as mulheres.
21 
 
 
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL, Brasília. Lei Maria da Penha, 11.340. 7 ago. 2006. 
 
QUEM é Maria da Penha.Disponível em: 
https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em 
15 nov. 2020. 
 
GOUREVITCH, Danielle; RAEPSAET-CHARLIER, Marie-Therese. A Mulher na 
Roma Antiga. 1. ed. Livros do Brasil, 2005. Disponível em: 
https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb-
fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e. Acesso em 24 set. 2020. 
 
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA; INSTITUTO DE PESQUISA 
ECÔNOMICA APLICADA. Atlas da Violência 2019. Disponível em: 
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Acesso 
em 10 set. 2020. 
 
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Estatísticas. Disponível em: 
https://forumseguranca.org.br/estatisticas/. Acesso em 10 set. 2020. 
 
FERREIRA, Helder. Deputadas criticam corte de recursos para o combate a 
violência contra a mulher. Disponível em: 
https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-
para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/. Acesso em 18 out. 2020. 
 
NUCCI, Renan. Causa da violência contra mulheres é motivo fútil, afirma 
promotora. Disponível em: 
https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-
mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora. Acesso em 25 set. 2020. 
 
ALVES, Schirlei. Julgamento de Influencer Mariana Ferrer Termina com Sentença 
Inédita de ‘Estupro Culposo’ e Advogado Humilhando Jovem. Disponível em: 
https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb-fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e
https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb-fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019
https://forumseguranca.org.br/estatisticas/
https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/
https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/
https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora
https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora
22 
 
 
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/. 
Acesso em 10 nov. 2020. 
 
FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência doméstica durante a pandemia de 
COVID-19. 2 ed. Brasil: Oficina 22, 2020. 
 
ARCOVERDE, Léo; LEITE, Isabela. Estado de SP registra 62 casos de violência 
doméstica por dia pela internet durante quarentena. Disponível em: 
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-
casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml. 
Acesso em 10 out. 2020. 
 
G. Andreuccetti, C.J. Cherpitel, H.B. Carvalho, V. Leyton, I.D. Miziara, D.R. Munoz, 
A.L. Reingold, N.P. Alcohol in combination with illicit drugs among fatal injuries in Sao 
Paulo, Brazil: An epidemiological study on the association between acute substance 
use and injury. Disponível 
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400. 
Acesso em 10 nov. 2020. 
 
INSTITUTO MARIA DA PENHA. O que é violência doméstica. Disponível em: 
https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/o-que-e-violencia-
domestica.html. Acesso em 24 out. 2020. 
 
BIANCHINI, Alice; GOMES, Luiz Flavio; SILVA, Ivan Luis Marques da. Lei Maria da 
Penha. 4. Ed. Saraiva, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml
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https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400
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https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/o-que-e-violencia-domestica.html

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