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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU CURSO DE DIREITO GABRIELY RENATA ALVES LEI MARIA DA PENHA: 14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS SÃO PAULO 2020 LEI MARIA DA PENHA: 14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS Artigo apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, sob a orientação do Professor Edson Nalon Silva. SÃO PAULO 2020 LEI MARIA DA PENHA: 14 ANOS DE AVANÇOS E RETROCESSOS Gabriely Renata Alves Graduanda do Curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas Resumo O presente trabalho estrutura-se no campo relacionado ao direito com o principal objetivo de abordar o efeito da Lei Maria da Penha nos casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres, considerando desde tempos antes da lei Maria da Penha entrar em vigor; sua criação; como a lei mostra-se na sociedade, em questão de sua abrangência aos abusos; seu desempenho desde então. Tomando como base pesquisas, entre outras metodologias, conclui-se que a Lei Maria da Penha tem um efeito positivo com relação às mulheres, pois elas, ao passar dos anos, adquiriram uma certa confiança na lei, fazendo com que os casos de violência fossem reduzidos, mas não exterminados. Verifica-se que a lei, infelizmente, está em retrocesso, e os casos de violência estão subindo novamente. Nota-se essa crescente, principalmente, nos dias difíceis quais vivemos, com o isolamento social. A violência contra a mulher é mais uma pandemia invisível. Com relação às vítimas, conclui-se que, antes da criação da lei, elas tinham um grande receio em denunciar o agressor, por conta de a penalidade ser leve, falta de apoio após a denúncia, e, agora, de certa forma, a lei dissemina uma proteção às vítimas, e tornou-se mais rigorosa a pena imputada. Contudo, a lei Maria da Penha ainda tem suas falhas, sejam elas relativas à sua ineficácia de aplicação na sociedade, carência de políticas públicas, verbas para investimentos, entre outros lapsos que faltam ser preenchidos. Palavras-chave: Lei Maria da Penha, Violência contra a mulher, eficácia da lei, pandemia. Abstract The present work is structured in the field related to law with the main objective of addressing the effect of the Maria da Penha Law in cases of domestic and family violence against women, considering since time before the Maria da Penha law came into force; its creation; how the law shows itself in society, in terms of its scope to abuse; its performance since then. Based on research, among other methodologies, it is concluded that the Maria da Penha Law has a positive effect in relation to women, as they, over the years, have acquired a certain confidence in the law, making the cases of violence reduced, but not wiped out. It appears that the law, unfortunately, is backing down, and cases of violence are rising again. We can see this growing, especially in the difficult days we live in, with social isolation. Violence against women is yet another invisible pandemic. In relation to the victims, it is concluded that, before the law was created, they had a great fear of denouncing the aggressor, because the penalty is light, lack of support after the complaint, and now, in a way, the The law disseminates protection to victims, and the imputed penalty has become stricter. However, the Maria da Penha law still has its flaws, whether they are related to its ineffectiveness in society, lack of public policies, funds for investments, among other lapses that remain to be filled. Keywords: Maria da Penha Law, Violence against women, effectiveness of the law, pandemic. SUMÁRIO I Introdução............................................................................................ 6 II Lei Maria da Penha.............................................................................. 8 II.1 Maria da Penha Maia Fernandes: A Origem........................................ 8 II.2 A Promulgação da Lei.......................................................................... 9 II.3 Avanços e Retrocessos da Lei............................................................. 12 III Um Vírus, Duas Guerras...................................................................... 16 IV Considerações Finais.......................................................................... 18 V Referências Bibliográficas................................................................... 21 6 I. INTRODUÇÃO O presente trabalho estrutura-se no campo relacionado ao direito penal com o principal objetivo de abordar o efeito da Lei Maria da Penha nas denúncias de abuso físico feitas por mulheres. Antes da criação e promulgação da Lei Maria da Penha, não havia leis específicas contra qualquer tipo de violência física contra a mulher, então o agressor sentia-se livre para agredir sabendo que não ia ser punido, e a mulher ficava encurralada por não ter nenhum ato judicial que pudesse ajudá-la. Antigamente, o homem era o trabalhador da família, trazia o sustento para casa e a mulher era apenas o objeto que tinha que fazer comida, lavar as roupas e se não cumprisse os deveres impostos pelo marido, era comum sofrer vários tipos de agressões, sem poder recorrer a nenhum tipo de ajuda jurídica. Com a criação da nova lei, o problema em relação à violência doméstica foi significativamente diminuído, mas não exterminado. No início da lei, existiam muitas brechas para os agressores, fazendo com que a vítima se sentisse amedrontada ao invés de segura. As vítimas, então, passaram a denunciar menos, com o medo de que a violência só aumentasse dentro do seu lar, e por outros motivos como: dependência financeira, emocional e familiar. No ano de 2006, a Lei Maria da Penha foi finalmente promulgada, e mais uma vez, um novo texto legal foi feito para poder punir os agressores, bem como diversas mudanças processuais foram feitas a favor das vítimas de violência doméstica. A falta de seriedade com que muitos membros da justiça tratam a violência contra as mulheres, ainda vai ser um problema pertinente a falta de estrutura dada aos responsáveis em apoiar as vítimas, e isso traz os problemas sérios de falta de denúncia, como o medo, a incerteza das devidas punições aos agressores e o silêncio das vítimas. Ao abordar este tema é relevante considerar desde tempos antes da lei Maria da Penha entrar em vigor, a fim de que possamos desenvolver um comparativo com os tempos atuais. 7 Após, explanar como se deu sua criação. Aqui refere-se ao caso da mulher que através de sua terrível experiência deu origem à lei. Seguido de uma parte muito importante: demonstrar como a lei mostra-se na sociedade, em questão de sua abrangência aos abusos; seu desempenho desde sua criação até tempos atuais, seja avanços bem como retrocessos; consequências relativas ao agressor; auxílios às vítimas Digo aqui ser o mais relevante das outras delimitações/capítulos, pois é a partir das descobertas feitas aqui que conseguiremos ter uma grande parte da resposta da nossa problemática. É importante frisar que, segundo, também, a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher é considerada uma das formas de violação dos direitos humanos. Contudo, mesmo a Constituição Federal de 1988 já ter incluído a violência como uma violação dos direitos humanos, pois ora a violência fere a dignidade da pessoa humana, que é um dos princípios fundamentais elencados na lei, nos faz transparecer que o Direito Penal e oProcessual Penal, muito preocupados com a erradicação e o combate ao crime e ao criminoso, acabam nos desapontando quando se refere à assistência devida à principal vítima: a mulher. Consequentemente, com essa insegurança que a Lei deixa passar, as mulheres têm que buscar novas alternativas de se sentirem mais amparadas emocionalmente, intelectualmente e até fisicamente, como, por exemplo, em organizações sem fins lucrativos, que têm como principal meta ajudar as mulheres antes, durante e depois de todo o processo da denúncia. Dessa forma, resta aqui demonstrada a necessidade da compreensão da Lei Maria da Penha e de seus mecanismos, como também de novos termos adotados pelo Sistema de Justiça Brasileiro, o que será abordado através de recentes jurisprudências a respeito do tema. Os procedimentos metodológicos usados para elaboração do presente Artigo Científico foram as pesquisas bibliográficas, que compuseram uma grande parte do trabalho. As teses, comentários, deduções feitas no decorrer do artigo tiveram como fonte grandes doutrinas, análises de leis, sobretudo da Lei n° 11.340 de 2006, análises de jurisprudências e de entendimentos recentes dos Tribunais. 8 1 QUEM é Maria da Penha. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em 15 nov. 2020. A abordagem utilizada foi tanto a qualitativa quanto a quantitativa, a fim de que sejam fornecidas informações numéricas para um melhor entendimento no momento de comparação de números de casos antes e depois da lei, e em demais situações apresentadas no Artigo Científico. Para alcançar os objetivos, anteriormente já citados, foi preciso utilizar pesquisas dos tipos exploratória, com a finalidade de maior entendimento do problema relatado, as agressões, responsável, também, pela análise das mulheres que sofrem as agressões; descritiva, a qual foi responsável pela caracterização da Lei; e a explicativa, a fim de mostrar o porquê ocorrem as agressões, os motivos, as razões que prendem as mulheres agredidas em seus parceiros, entre outras exemplificações. I. LEI MARIA DA PENHA II.1. Maria da Penha Maia Fernandes: A Origem Maria da Penha Maia Fernandes foi uma mulher que, como tantas outras, sofria com a violência decorrente de seu marido. Maria durante um bom tempo de seu relacionamento sofrera diversas agressões. Até que, em 1983, acabou ficando paraplégica ao levar um tiro de seu marido que tentou assassiná-la e essa não foi a última vez, pois ele também tentou matá-la por eletrocussão e afogamento. O caso foi denunciado, mas só após tomar proporções tão drásticas. Mesmo assim, o agressor só foi condenado após 20 anos. E sua pena foi de apenas dois anos em regime fechado.1 Esse caso teve uma grande repercussão e acabou chamando atenção. Com isso, o Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). 9 2 GOUREVITCH, Danielle; RAEPSAET-CHARLIER, Marie-Therese. A Mulher na Roma Antiga 1. ed. Livros do Brasil, 2005. Art. 2º: Toda mulher, independente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade, religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Lei Maria da Penha, nº 11.340, 2006) A lei, em seu artigo 2º, ressalta a questão da igualdade de gêneros, deixando claro que às mulheres também são asseguradas de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Maria da Penha Maia Fernandes foi apenas mais um dentre vários casos de violência contra mulheres. Infelizmente, esta vítima teve que ter um direito fundamental seu ofuscado, qual seja da preservação da saúde física, para só assim abrir maiores possibilidades de luta por direitos e segurança para as outras mulheres que sofrem com a violência doméstica. II.2. A Promulgação da Lei Com nosso básico conhecimento histórico, sabemos que a mulher vem ganhando diversos direitos antes nunca conquistados, tudo isso há, relativamente, pouco tempo. Historicamente a mulher sempre foi considerada o sexo frágil socialmente, de acordo com diversas restrições sofridas como: não tinham escolha de seu marido, não tinham poder de voto e nem administrar seus bens. Na Roma antiga, por exemplo, os romanos só conseguiam imaginar suas mulheres em casa, presas ao trabalho doméstico, muitas vezes elas faziam muitas outras coisas, como: gladiadoras, comerciantes, chefes de empresa, parteiras, prostitutas, feiticeiras ou camponesas. No entanto, as mulheres romanas ainda ficavam formalmente excluídas da vida política e nunca tinham o direito de expressar suas ideias publicamente, mesmo que sabiam escrever, não possuíam permissão para publicar suas obras, e suas obras ainda são desconhecidas para nós hoje.2 10 Desde então, por conta de várias revoluções históricas, na insistência da luta das mulheres por seus direitos, pelo feminismo, a mulher vem, a cada dia, conseguindo conquistar o que é seu por direito. Por outro lado, infelizmente, uma batalha parece estar longe de ser totalmente ganha: a violência contra a mulher. Antes da criação e promulgação da Lei Maria da Penha, não havia leis específicas contra qualquer tipo de violência contra a mulher, logo o agressor continuava com as agressões sabendo que a mulher ficaria insegura de denunciá-lo, e a pena para ele era consideravelmente leve. No Brasil, a violência contra a mulher está enraizada profundamente com a história, por isso a grande dificuldade em desconstruir esse fato tão impregnado em nossa sociedade. Após grande repercussão da triste história de Maria da Penha Maia Fernandes, o Brasil, diante da visibilidade internacional do caso e sob a pressão de organizações, tomou partido com a promulgação da lei. Depois de ser condenado por negligência e omissão à violência doméstica contra mulher, fora recomendado ao Brasil a criação de uma legislação especifica e adequada para esse tipo de crime. Com toda visibilidade, imposição e pressão sobre este caso, a criação da lei tornou-se algo mais próximo de ocorrer. Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, a lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa. A lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher; dispõe sobre a criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher; altera o código de processo penal, o código penal e a Lei de execução penal; e dá outras providências. (Lei Maria da Penha, 11.340, 2006) https://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_Nacional_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_agosto https://pt.wikipedia.org/wiki/2006 https://pt.wikipedia.org/wiki/Entrada_em_vigor https://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_setembro https://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_setembro https://pt.wikipedia.org/wiki/2006 https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) 11 A Lei Maria da Penha trata especificamente da violência doméstica e da violência familiar contra as mulheres. O artigo 7º da lei lista algumas formas de violência que as mulheres podem sofrer.São elas: violência física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. a) A violência física deve ser entendida como qualquer comportamento que ofende sua integridade ou saúde física; Nesse caso, você não precisa deixar marcas visíveis em seu corpo. Este é qualquer comportamento que infrinja a integridade física e a saúde física das mulheres. Por exemplo: bater, empurrar, puxões cabelo, socar, atacar com objetos perfurantes afiados etc. b) Violência psicológica, refere-se a qualquer comportamento, manipulação, isolamento, por meio de ameaças, constrangimento, humilhação, que cause dano emocional, reduza autoestima, prejudique ou atrapalhe todo o desenvolvimento ou objetive reduzir ou controlar seu comportamento, crenças e decisões , Vigilância constante, perseguição constante, insultos, chantagens, violação da sua privacidade, ridículo, exploração e restrição do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que prejudique a sua saúde mental e autodeterminação; c) Violência sexual refere-se a qualquer comportamento que o force a testemunhar, manter ou participar de comportamento sexual indesejado por meio de intimidação, ameaças, coerção ou uso de força; para induzi-la a comercializar ou usar seu comportamento sexual de qualquer forma para impedi-la Usar qualquer método anticoncepcional ou forçá-la a se casar, engravidar, abortar ou prostituir por meio de coerção, chantagem, suborno ou manipulação, ou restringir ou cancelar o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; É importante notar que sexo não consensual é violência sexual, incluindo violência sexual entre marido e mulher. d) Entende-se por violência patrimonial toda aquela que constitui a preservação, dedução, destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, 12 documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos (inclusive aqueles destinados ao atendimento de suas necessidades) comportamento; e) A violência moral refere-se a qualquer comportamento que constitua difamação, calúnia ou dano. Quando o criminoso culpa a vítima pelo fato do crime, ocorre a difamação. O ferimento foi ofensivo para a reputação da mulher. A difamação ocorre quando o agressor atribui fatos ofensivos à reputação da vítima. Para tornar isso possível, o texto alterou o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal. Foram criadas no âmbito do Poder Judiciário os Juizados e as Varas especializadas em lidar com ações de violência doméstica e familiar contra a mulher. Assim, a Lei Maria da Penha afirma que: Serão asseguradas às mulheres como condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte , ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (Artigo 3º. Lei Maria da Penha, nº 11.340, 2006) Uma grande mudança implementada na legislação é a criação de uma rede especial de atendimento às vítimas desse tipo de violência, como promotores, delegacias de polícia e juizados especializados no atendimento ao tema. Este é um dos eventos mais prováveis que mudaram com a Lei Maria da Penha nos últimos 14 anos. O texto também dá novidade às medidas emergenciais de proteção contra o agressor, incluindo proteção policial quando necessário. Isso pode incluir retirar o agressor de casa ou proibi-lo de abordar a vítima dentro de uma determinada distância. II.3. Avanços e Retrocessos da Lei Da mesma forma que a lei avança, também apresenta retrocessos. Como já exposto, a promulgação da Lei Maria da Penha Foi um marco de Vitória na luta das mulheres por seus direitos. 13 3 FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA; INSTITUTO DE PESQUISA ECÔNOMICA APLICADA. Atlas da Violência 2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Acesso em 10 set. 2020. 4 FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Estatísticas. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/estatisticas/. Acesso em 10 set. 2020. Tratando-se de avanços, podemos notar a diferença de cenários em relação à quando não havia uma lei específica para abordar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, momento este em que as mulheres não tinham nenhum respaldo para se apoiar, pois a lei geral que havia na época não dava a devida atenção e os meios apropriados para acolher essas vítimas, a única preocupação era a de “punir” os agressores, e, em outro cenário, após a promulgação da lei, uma certa segurança foi ofertada às vítimas de violência sabendo que, mesmo falha e com penas consideravelmente bem leves, tais crimes de violência não sairiam impunes, e as vítimas iriam ser acolhidas e protegidas. Com as sensações de proteção e acolhimento, que ainda são insuficientes, trazidas pela lei, as mulheres começaram a denunciar mais as agressões sofridas. Porém, em contradição, o aumento da violência letal às mulheres só aumenta. Mesmo com a promulgação da lei, os índices de violência contra mulher só crescem no Brasil, a impressão que nos dá é a de que os agressores ainda ignoram a lei. Segundo o Atlas da Violência de 20193, no Brasil, em 2017, registrou-se cerca de 13 assassinatos de mulheres por dia. Ao todo, 4.936 mulheres foram assassinadas, sendo este o maior registro desde 2007. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública4 publicou, em 2018, o registro de 263.067 de casos de violência doméstica, ou seja, um registro a cada dois minutos, e, a cada ano que passa, esse número só aumenta. A Lei Maria da Penha teve diversas alterações em seu texto com novas leis implementadas a ela, como: ➢ a Lei nº 13.505/17, que estabelece que a mulher vítima seja atendida, preferencialmente, por policiais e demais assistentes do sexo feminino, bem como que a vítima, sua família e demais testemunhas não tivessem contato com o agressor; ➢ a Lei nº 13.641/18, que tipificou como crime o descumprimento de ordem de medida judicial, qual seja a pena de detenção de três meses a dois anos; https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019 https://forumseguranca.org.br/estatisticas/ 14 5 FERREIRA, Helder. Deputadas criticam corte de recursos para o combate a violência contra a mulher. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de- recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/. Acesso em 18 out. 2020. 6 NUCCI, Renan. Causa da violência contra mulheres é motivo fútil, afirma promotora. Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e- motivo-futil-afirma-promotora. Acesso em 25 set. 2020. ➢ a Lei nº 13.772/18, reconhecendo a violação da intimidade da mulher como violência doméstica e familiar, bem como o registro sem consentimento de conteúdo de nudez ou ato sexual; ➢ a Lei nº 13.827/19, autorizando, em determinadas hipóteses, a concessão de medida protetiva de urgência pela autoridade policial à mulher vítima ou a seus dependentes; ➢ a Lei nº 13.836/19, que obriga a prestação de informação referente a condição de pessoa com deficiência da mulher vítima de violência doméstica e familiar. Ressalta-se que, em Congresso, ainda há diversos projetos de leis, que visam alterar a LMP, aguardando deliberação. Nesse momento de alterações, o ideal era termos investimentos e, ao contrário, segundo a Câmara dos Deputados, tiveram corte de verbas que era direcionadas ao acolhimento de vítimas.5 Um dos projetos mais importantes conhecidos é a Casa da Mulher Brasileira, que foi criada pelo governo Dilma para atender pessoas que sofreram abusos físicos e psicológicos e, no ano passado, não teve um centavo de investimento. A Casa da Mulher Brasileira é, sem dúvidas, o principal programa do Governo Federal ao apoio de vítimas de violência doméstica.O projeto tinha como meta construir, no mínimo, uma unidade por Estado. Entretanto, o quadro atual é de apenas cinco unidades em funcionamento. Em São Paulo, a casa foi construída somente no ano passado, 2019, e, pasmem, para sua conclusão a obra teve que contar com investimentos privados, pois o repasse das verbas destinadas a este projeto não chegou a ela. Outro exemplo de retrocesso que a lei enfrenta é a questão da falta de capacidade de muitos agentes da justiça que atuam nos casos de violência doméstica e familiar. Segundo Castro6: “Basta olhar a estrutura dos órgãos competentes de combate à violência contra a mulher, que a gente consegue ver a prioridade dada ao tema. As vítimas também sofrem com a falta de https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/ https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/ https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora 15 7 ALVES, Schirlei. Julgamento de Influencer Mariana Ferrer Termina com Sentença Inédita de ‘Estupro Culposo’ e Advogado Humilhando Jovem. Disponível em: https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/. Acesso em 10 nov. 2020. capacitação de alguns servidores da rota crítica institucional. Muitas, quando vão fazer uma denúncia, são tratadas como se fossem culpadas e são revitimizadas nesse percurso. Algumas perguntas mal elaboradas as colocam em situação inversa, e por este motivo muitas delas desanimam ou resistem em procurar apoio, pois, não se sentem acolhidas” (CASTRO, 2014). Castro, promotora especializada no enfrentamento da violência contra a mulher, expõe a questão da falta de preparo de servidores da justiça, explica a presente inferiorização da mulher, que ainda atrapalha muito na solução dos problemas, pois a falta de apoio e estrutura para a vítima causa medo e a certeza de impunidade, influenciando diretamente à desistência de continuar com a denúncia e à insistência em não procurar apoio. A falta de capacitação de julgadores, delegados, advogados, dentre outras figuras da justiça acaba, no decorrer do processo, invertendo a situação, deixando a dúvida na visão da vítima se ela mesmo não foi a culpada do que está ocorrendo. Um caso recente que demonstra explicitamente o que ocorre com as vítimas de violência quando se deparam com profissionais despreparados, é o caso da influencer Mariana Ferrer7. Ferrer foi vítima de estupro quando participava de uma festa em 2018. O acusado de estuprá-la foi André de Camargo Aranha, que fora inocentado no julgamento que ocorreu em setembro deste ano. A argumentação utilizada pelo advogado de defesa do acusado foi a de que não tinha como ele saber que a vítima não estava em condições de consentir com o ato sexual, portanto o acusado não tinha a intenção de estuprá-la, criando uma espécie de “estupro culposo”. E o juiz aceitou estes argumentos. As imagens da audiência fórum divulgadas, quais o Intercept teve acesso, e mostram a falta de capacidade desses servidores da justiça. Durante a audiência, por diversas vezes, Ferrer foi humilhada pelo advogado de defesa de Aranha, qual mostrou fotos sensuais da jovem, em trabalhos como modelo, para reforçar a ideia de que o ato foi consensual. Em outro momento, disse que “jamais teria uma filha do nível de Mariana”, e, a cereja do bolo, foi, quando Ferrer estava a ponto de chorar, ele disse que suas lágrimas eram falsas, dissimuladas e sua lábia era de crocodilo. https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/ 16 8 FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência doméstica durante a pandemia de COVID-19. 2 ed. Brasil: Oficina 22, 2020. Mariana, na tentativa que a humilhação cessasse, pediu respeito para o juiz, Rudson Marcos, e, pasmem, o mesmo interferiu pouquíssimas vezes nas situações. É nítido o despreparo tanto do advogado, que humilhou a vítima com insinuações machistas, quanto do juiz, por não se manifestar, parando com a humilhação, suas interferências foram nulas. Demonstra-se aqui a falta de sensibilidade, pois no momento que a vítima vai buscar ajuda, a última coisa que ela espera receber é este tipo de tratamento. Toda essa situação tem uma forte influência diretamente na falta de denúncia por outras mulheres que passam por violência. Pois ao ver este tratamento, a mulher vítima ficará ainda mais receosa, envergonhada, com medo de denunciar. II. UM VÍRUS, DUAS GUERRAS Durante a pandemia por conta do COVID-19, que se instaurou no Brasil em meados de março/abril, os dados referentes aos números de casos de violência contra a mulher e feminicídio afirmam ainda mais o retrocesso que a lei está passando. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou, em maio de 2020, índices que assustam8: ➢ Crescimento de 22,2% de violência letal (feminicídio) contra as mulheres: Crescimento que se deu entre março e abril de 2020, comparado ao mesmo período em 2019; ➢ Redução de mais de 20% dos registros de casos de violência feitos nas delegacias: A redução dos registros de denúncia não é sinônimo de que há redução na violência. Com a decretação da quarentena, as mulheres enfrentaram muitas dificuldades em denunciar as violências. Sem poder sair de casa para trabalhar e outras finalidades, muitas não conseguem sair sozinhas à rua para se dirigir até uma delegacia, algumas vítimas ficaram encurraladas em casa. Para um melhor entendimento deste dado, devemos levar em consideração que muitas vítimas não possuem acesso à internet, telefone celular, o que 17 9 ARCOVERDE, Léo; LEITE, Isabela. Estado de SP registra 62 casos de violência doméstica por dia pela internet durante quarentena. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao- paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet- durante-quarentena.ghtml. Acesso em 10 out. 2020. 10 G. Andreuccetti, C.J. Cherpitel, H.B. Carvalho, V. Leyton, I.D. Miziara, D.R. Munoz, A.L. Reingold, N.P. Alcohol in combination with illicit drugs among fatal injuries in Sao Paulo, Brazil: An epidemiological study on the association between acute substance use and injury. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400. Acesso em 10 nov. 2020. dificulta ainda mais o procedimento da denúncia. Em comparação com 2019, em 2020 a redução desse tipo de denúncia caiu 25,5%; ➢ Diminuição do número de medidas protetivas de urgência concedidas: Tal diminuição se dá novamente por conta do confinamento, as mulheres enfrentaram diversas dificuldades em encaminhar suas queixas; ➢ Crescimento de mais de 37% de denúncias realizadas pelo LIGUE-180: Em isolamento social, a busca por delegacias para denúncias presenciais caiu, em contrapartida, verificou-se um aumento considerável nas denúncias via telefone. Uma reportagem de Leite e Arcoverde9, veiculada pela GloboNews, trouxe mais dados impressionantes a respeito das denúncias de violência feitas pela internet, durante a quarentena: O estado de São Paulo contabilizou 5.559 boletins de ocorrência de violência doméstica feitos pela internet entre abril e junho deste ano. Isso representa uma média de 62 registros por dia, ou um a cada 23 minutos no período. É o que apontam dados da Polícia Civil paulista obtidos com exclusividade pela GloboNews. Como já explanado, em meados de abril/maio deste ano, as medidas protetivas de urgência tiveram uma queda significante de aproximadamente 30% de redução de pedidos em comparação com o mesmo período em 2019. Em uma nova pesquisa, verificou-se novo aumento de pedidos de medidasde proteção de urgência, em junho, isto graças a retomada dos pedidos feitos pelas mulheres junto a Delegacia Eletrônica. É notável que a prática do isolamento social trouxe reflexos negativos para vida de muitas mulheres, dado o constante aumento da violência doméstica e familiar. Com a quarentena as mulheres tiveram perda ou diminuição de sua renda familiar, em razão do desemprego, outras tiveram suas funções laborais suspensas e, também, tiveram que ficar em casa, o que ocasionou em sobrecarga de tarefas do lar, como cuidado com filhos fora da escola, aumento de ingestão de bebidas alcóolicas (que é considerado um dos principais estopins para gerar violência10), e outras situação que acabam deixando o clima entre os familiares tenso, influenciando nas relações, motivando discussões e gerando violência. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62-casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400 18 III. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do presente artigo é averiguar o desempenho da Lei Maria da Penha nos casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres baseando-se em seus avanços e retrocessos desde sua promulgação. A violência contra a mulher está enraizada em nossa história, porém fora apenas em 1993, na Conferência das Nações Unidas, que a violência contra a mulher foi reconhecida como violação dos direitos humanos. A mulher, por muito tempo, foi considerada como um ser incapaz intelectualmente, fraco, subordinada aos seus maridos, sem participação na sociedade, e, consequentemente, vários de seus direitos eram ofuscados. O movimento das mulheres, o feminismo, na luta por seus direitos foi parte fundamental para todas as conquistas alcançadas na sociedade, principalmente, na conquista da criação da Lei Maria da Penha. A origem da lei se deu com a triste história da Maria da Penha Maia Fernandes, que ficou internacionalmente conhecida, após sofrer diversas agressões pelo seu marido, ficando até paraplégica. Só a partir dessa visibilidade, que o Brasil foi condenado por omissão e negligência e cobrado para a criação de uma lei especifica para tratar sobre casos de violência doméstica e familiar. O caso de Penha foi apenas mais um dentre vários que o antecederam. O que nos faz indagar: o que aconteceu com todas as mulheres que foram vítimas de violência quando ainda não havia a Lei Maria da Penha? Temos dois cenários, antes e depois da promulgação da Lei Maria da Penha. Antes da lei, a única preocupação da lei penal comum era imputar uma pena ao agressor, pois como não havia uma lei específica para tratar desses tipos crimes de gênero, não davam a devida atenção na questão de se preocupar com a vítima, prestar apoio, assistência, era inexistente. Após a promulgação, a vítima passou a ser acolhida desde o momento da denúncia até o julgamento final, bem como no fornecimento das medidas protetivas. De acordo com as pesquisas abordadas no quadro teórico, averigue-se que a Lei Maria da Penha veio se desenvolvendo ao longo dos anos, e isto se deu por conta das diversas alterações que lei sofreu. Todas essas alterações foram de grande importância para assegurar ainda mais todas as garantias que a lei prevê. 19 Em contrapartida, nada adianta acrescentar mais proteções, benefícios a vítima, inserir outros tipos de medidas judiciais contra o agressor, entre outras alterações trazidas, se não houver o devido investimento, seja em mais representantes da justiça preparados para acolher essas vítimas, em mais delegacias especializadas ao atendimento à essas mulheres, pois ainda a lei é carente nesses quesitos. Após sua promulgação, a lei provou sua eficácia em relação aos casos de violência contra as mulheres. Os índices de casos de violências registrados foram reduzidos, durante um bom tempo. Porém, com o passar dos anos, os investimentos necessários para manter a lei sempre a frente desses casos, ficaram escassos. É nítido que a área da lei que mais regride no quesito eficácia é no acolhimento das vítimas. O Poder Judiciário, governo, legisladores apresentam boas políticas públicas juntamente com promessas milionárias de investimentos, mas a verdade é que para muitos projetos saírem do papel, investimentos privados estão sendo feitos. ONG’s que estão lado a lado com a lei, angariam doações para complementar os saldos remanescentes de vários projetos. A impressão que temos é a priorização de outros temas ao invés da violência doméstica que mata mulheres a cada segundo. Veja bem, não está sendo constatado que não há temas tão importantes quanto este, mas prezar pela vida, resguardar um direito fundamental e constitucional inerente ao ser humano, parece algo importante a ser levado em conta. Por que logo a violência contra a mulher deve ficar por último? Apenas na hipótese de sobrar dinheiro que se deve investir nos projetos da Lei Maria da Penha? Fica demonstrado o nível de importância que o governo está dando para as vítimas destas violências. Se realmente está tendo uma falta de verba geral no governo, um planejamento adequado deve ser realizado para que nenhum projeto tenha prejuízos. O quadro atual é de contraste: investimentos reduzindo, violência aumentando. E essa crescente nos números de violência não é só no Brasil, o mundo todo está sofrendo com essa problemática. Principalmente, agora durante a pandemia que estamos passando. A pandemia do COVID-19 apenas agravou um problema que sempre existiu. Com o isolamento social, os nervos ficam a flor da pele, os ânimos alterados, e qualquer coisinha já é o bastante para começar uma discussão. Imaginemos uma mulher 20 que sofre violência doméstica, isolada em sua residência com seu marido, o agressor, para quem essa mulher vai pedir socorro? Delegacia? Ela não pode sair de casa sozinha; Ligar no 190 ou 180? O marido a veria conversando por telefone; Delegacia eletrônica? Não possuiu acesso à internet ou o marido monitora o uso dentro da casa. São essas as situações que muitas mulheres estão passando, impedindo que realizem as denúncias de violência. Por outro lado, quando as vítimas se encorajam e têm acesso a um desses meios para denunciar, se deparam com servidores da justiça despreparados, sem capacidade nenhuma, influenciados pela cultura machista, para atendê-las. Justamente por este motivo que alteraram a LMP, através da Lei nº 13.505/17, visando priorizar o atendimento das vítimas por agentes do sexo feminino, mas não é o que acontece. Falta padronização nas delegacias e nas DEAM. A Lei Maria da Penha é uma legislação que carrega uma temática muito importante diante a sociedade qual vivemos. Sua eficácia não deve ser momentânea, justamente nos momentos em que há a redução dos casos de violência, que a lei deve se mostrar mais forte, mais rigorosa, servidores da justiça (julgadores, advogados, legisladores etc.) em consonância com o comprometimento da lei, e, para isso, os investimentos não devem ser cessados, hão de haver planejamentos adequados de verbas para as leis, o acolhimento deve ser eficaz e sem falhas de proteção, restruturação nos agentes da lei em contato com as vítimas, aprimoramento das políticas públicas, e, somente assim, estaremos mais pertos de uma, não só redução, mas uma possível aniquilação da violência doméstica e familiar contra as mulheres. 21 IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Brasília. Lei Maria da Penha, 11.340. 7 ago. 2006. QUEM é Maria da Penha.Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em 15 nov. 2020. GOUREVITCH, Danielle; RAEPSAET-CHARLIER, Marie-Therese. A Mulher na Roma Antiga. 1. ed. Livros do Brasil, 2005. Disponível em: https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb- fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e. Acesso em 24 set. 2020. FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA; INSTITUTO DE PESQUISA ECÔNOMICA APLICADA. Atlas da Violência 2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Acesso em 10 set. 2020. FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Estatísticas. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/estatisticas/. Acesso em 10 set. 2020. FERREIRA, Helder. Deputadas criticam corte de recursos para o combate a violência contra a mulher. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos- para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/. Acesso em 18 out. 2020. NUCCI, Renan. Causa da violência contra mulheres é motivo fútil, afirma promotora. Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra- mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora. Acesso em 25 set. 2020. ALVES, Schirlei. Julgamento de Influencer Mariana Ferrer Termina com Sentença Inédita de ‘Estupro Culposo’ e Advogado Humilhando Jovem. Disponível em: https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb-fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e https://www.travessa.com.br/a-mulher-na-roma-antiga-1-ed-2005/artigo/b38613fb-fed6-4b27-88b2-74aad4cb9a8e https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019 https://forumseguranca.org.br/estatisticas/ https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/ https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/ https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/causa-da-violencia-contra-mulheres-e-motivo-futil-afirma-promotora 22 https://theintercept.com/2020/11/03/influencer-mariana-ferrer-estupro-culposo/. Acesso em 10 nov. 2020. FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência doméstica durante a pandemia de COVID-19. 2 ed. Brasil: Oficina 22, 2020. ARCOVERDE, Léo; LEITE, Isabela. Estado de SP registra 62 casos de violência doméstica por dia pela internet durante quarentena. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-registra-62- casos-de-violencia-domestica-por-dia-pela-internet-durante-quarentena.ghtml. Acesso em 10 out. 2020. G. Andreuccetti, C.J. Cherpitel, H.B. Carvalho, V. Leyton, I.D. Miziara, D.R. Munoz, A.L. Reingold, N.P. Alcohol in combination with illicit drugs among fatal injuries in Sao Paulo, Brazil: An epidemiological study on the association between acute substance use and injury. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020138318305400. Acesso em 10 nov. 2020. INSTITUTO MARIA DA PENHA. O que é violência doméstica. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/o-que-e-violencia- domestica.html. Acesso em 24 out. 2020. 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