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TCC - Lei Maria da Penha e a Ineficácia das Medidas Protetivas

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14
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Direito
 LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS
ARIANY CAROLINE TORQUATO
Ourinhos/SP
2017.2
ARIANY CAROLINE TORQUATO
LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. 
Orientador (a): Prof. (a).
 
 
Ourinhos/SP
Campus FAESO
2017.2
Lei Maria da Penha e a Ineficácia das Medidas Protetivas
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho, tem como ideia central entendermos a violência doméstica com o passar dos anos, compreendermos que a violência nasceu junto com a espécie humana e foi se desenvolvendo juntamente com ela.
Será estudado as primeiras formas de violência e seus principais motivos, fazendo uma breve viajem no tempo, desde a sociedade primitiva, a chegada da moeda, a disputa por riquezas, a submissão das mulheres, até a criação do Estatuto da Mulher Casada em 1962 e seguiremos uma linha cronológica até a chegada de Maria da Penha, narraremos sua triste história, seus sofrimentos, sua luta, suas conquistas, até a entrada em vigor da Lei 11.340/06.
Serão enfocados os índices da violência doméstica no brasil e as medidas protetivas existentes com suas principais falhas e os motivos predominantes causadores de sua ineficácia.
Podemos antecipadamente conceituar brevemente a violência, para compreendermos com mais facilidade ao decorrer da pesquisa. Como bem explicado no artigo 5º da Lei 11.340/06, violência doméstica é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patrimonial a ofendida, ocorrida no convivo familiar.
 A partir dessa premissa e com os altos índices de mortes e violências há a necessidade de compreendermos se a ineficácia está na legislação propriamente dita, na sua execução ou na própria vítima, quando resolve se retratar com seu agressor.
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1 O NASCIMENTO DA ESPÉCIE HUMANA, A CRIAÇÃO DA VIOLÊNCIA
A violência nasceu junto com a espécie humana e com a organização da sociedade primitiva, onde os homens das cavernas se agrupavam, os mais fortes se destacavam e os mais fracos tornavam-se submissos, criando uma hierarquia baseada na força física, permitindo esses, adquirirem mais recursos para sua sobrevivência.
Seguindo esse conceito, as mulheres, que muitas vezes eram mais frágeis, acabaram se tornando inúteis para os fins de caça, tornando-se importantes apenas para a reprodução.
Com o passar dos anos, a hierarquia e os valores foram se modificando e com o surgimento da moeda em diferentes países, o mais forte passou a ser aquele que possuía e maior quantidade de propriedades e terras, além de outras riquezas.
Por muito tempo o homem figurou no polo mais forte, submetendo as mulheres a obrigação de se casarem e procriarem, a fim de “produzirem” maior mão de obra e herdeiros, dependendo da classe social a que pertencessem.
Aqui no Brasil, havia uma construção simbólica dos gêneros, nascidas do conceito “honra”, onde o homem deveria ter controle sobre sua mulher, enquanto nas Ordenações Filipinas a Mulher tinha a obrigação de obedecer ao marido, sob pena de ser castigada. A ideia de correção do marido sobre a mulher está presente nos manuais dos confessores da época colonial, como é o caso do Manual de Corella “...não é de seu ofício corrigir o marido, como o é, dele, corrigi-la.” (p.87). Se o Código Criminal Posterior às Ordenações Filipinas revogou a legalidade do castigo (físico), o dever de obediência é mantido.”
Segundo Lafayette (2000): “Em virtude do poder pátrio, (até o Código Civil de 1916) compete ao marido o direito de exigir obediência da mulher, a qual é obrigada a moldar suas ações pela vontade dele em tudo que for honesto e justo”.
Em 1962, com a criação do Estatuto da Mulher Casada, foi retirada a situação de parcialmente “incapaz” da mulher, porém se ela quisesse trabalhar, deveria haver a autorização do marido, além de ter que obedece-lo na escolha do local de moradia.
Mesmo após muitos anos, as mulheres ainda têm pouco espaço na sociedade, podemos citar como exemplo a entrada das mulheres no exercício de atividades economicas e politicas, que só se deu pós-guerra e apenas pelo fato de existir um déficit de homens nos países envolvidos nas batalhas. 
No ano de 1978, começaram a surgir no Brasil as primeiras denúncias acerca da violência doméstica, porem só passaram a ser contabilizadas no ano seguinte à promulgação da Lei do divórcio, quando a violência foi caracterizada como um dos maiores motivos do desligamento matrimonial, porem mesmo com as denúncias, muitos crimes envolvendo violência contra mulher ficam impunes, pois nessa época havia a tese da legitima defesa da honra.
Em meados de 1985, para fornecer o tratamento diferenciado às vítimas dos crimes de violência doméstica, surgiu a primeira Delegacia da Mulher, em São Paulo, mas apenas em 1988, com promulgação da Constituição Federal, em seu artigo 226 § 8º, passou a existir um dispositivo legal para tratar tal tema de maneira mais especifica, admitindo-se a existência da violência doméstica e propondo um mecanismo para erradica-la.
2.2 SURGE MARIA DA PENHA
Maria da Penha Maia Fernandes, uma farmacêutica aposentada do estado do Ceará, após sofrer diversas agressões de seu ex-marido, o colombiano naturalizado Brasileiro Marco Antônio Heredia Viveros, resolve se separar e denuncia-lo a polícia.
Em maio de 1983, enquanto dormia, foi alvejada por tiros proferidos pelo então marido, este na tentativa de acobertar a tentativa de homicídio, simulou um assalto em sua residência. Devido a isso, Maria da Penha se submeteu a diversas cirurgias, e em decorrência do tiro, sofre de paraplegia irreversível.
 Após mais uma tentativa de homicídio, dessa vez seu ex-marido tentou eletrocuta-la enquanto tomava banho, Maria da Penha, conseguiu com ajuda dos familiares, uma autorização judicial para o abandono conjugal, juntamente com suas filhas menores.
Em setembro de 1984, Maria da Penha dá seu primeiro depoimento à polícia, juntamente com a apresentação penal pelo Ministério Público, porém, foi em em outubro de 1986 que a juíza aceitou a denúncia e em maio de 1991, Heredia foi a Júri popular, sendo condenado a quine anos de prisão.
Após vários recursos impetrados pela defesa do agressor, em abril de 1995, o Tribunal de Justiça do Ceará, solicita um novo julgamento, sendo que no mês seguinte, o Tribunal da Alçada Criminal do Ceará anula o primeiro julgamento, argumentando que as perguntas aos jurados foram mal formuladas.                        
      Em 1996, após um novo julgamento, foi condenado a dez anos e seis meses de prisão, porém mais uma vez a defesa impetrou um novo recurso, o qual alegava que o réu fora julgado a despeito das provas dos autos, mesmo sendo a medida intempestiva, o Tribunal de Alçada acolheu o recurso, anulando o segundo julgamento.
Após a anulação de mais um julgamento e seu malfeitor ainda impune, Maria da Penha procurou a justiça em outros órgãos de competência legitima e, em setembro de 1997, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, recebeu uma petição sobre o caso. Dois anos depois, o Centro para a Justiça e o Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher pedem à OEA que aceite as denúncias contra o Brasil, sendo mais tarde, o Brasil advertido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Com a intervenção da OEA, as denúncias foram aceitas, exigindo-se do governo Brasileiro que as devidas providencias fossem tomadas. Após a segunda reunião com a OEA, em setembro de 2002, Marco Antonio Heredia Viveros foi preso.
Segundo Maria da Penha, foi muito importante denunciar a agressão, pois eram inúmeras vítimas do machismo e da falta de compromisso do Estado para acabar com a impunidade.2.3 A CRIAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA
Em 1999, o primeiro projeto de Lei com teor de definir institutos básicos, como os tipos de violência e tipificar as condutas como crime, além de trazer alguns aspectos processuais, tal como a representação da vítima para se proceder a ação penal, foi consideração inconstitucional, por ferir o princípio do devido processo legal. O segundo Projeto de Lei foi apresentado como anexo ao primeiro, praticamente idêntico, apenas tentando suprir a inconstitucionalidade apontada.
No ano seguinte, o projeto 2.372/2000, que tratava do afastamento cautelar do agressor do lar conjugal, foi integralmente vetado pelo Presidente da República.
Apenas em 2004, passou a existir uma previsão acerca do crime de violência doméstica, qual no dia 07 de agosto de 2006, o Presidente da República sancionou a Lei 11.340/06, denominada Lei Maria da Penha.
Com o advento da Lei 11.360/06, foi vedada a aplicação de penas pecuniárias aos agressores, não sendo mais admitido que a pena para a violência contra mulher seja trocada por qualquer penalidade em dinheiro, sendo a pena também ampliada para até três anos de prisão, desta forma, deixou de ser considerado crime de menor potencial ofensivo.
2.4 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Para facilitar a compreensão da Lei Maria da Penha, é necessário entendermos o que é a violência doméstica e como ela vem sendo tratada pela lei. Segundo o artigo 5º da Lei 11.340/06, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, desta forma podemos dizer que a violência doméstica é aquela que ocorre no seio do convívio familiar, sendo reconhecida como violência além da agressão física, as agressões morais, psicológicas e patrimoniais contra a mulher.
A própria lei vem explicando o que é caracterizado como violência doméstica e familiar contra a mulher em seu Título II, artigo 5º, que prevê a configuração da violência doméstica e familiar, qualquer ação ou omissão em relação ao seu gênero que lhe cause lesão, morte, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patrimonial. Fica melhor caracterizado em seus incisos, os quais explicam o que pode ser compreendido como “âmbito doméstico” e “âmbito familiar”, sendo entendido como âmbito doméstico o espaço de convivo permanente de pessoas, com ou sem âmbito vinculo familiar, enquanto o âmbito familiar trata-se de uma comunidade formas por indivíduos que são ou se consideram aparentados, seja por afinidade, vontade expressa ou laços naturais. As relações pessoais tratadas nesse artigo 5º independem de orientação sexual e pode ser acerca de qualquer relação intima de afeto, no qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independente da coabitação.
Ainda sobre o que conceitua a violência doméstica a lei traz expressas as formas de violência que acarreta tais medidas de proteção, o artigo 7º da lei, prevê essas formas de violência como sendo: a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade física ou saúde corporal da ofendida; a violência psicológica, que entende-se como sendo qualquer conduta que lhe cause dano emocional, diminuição da autoestima, que lhe prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças, decisões, dentre outras formas de constrangimentos, humilhações, além de perseguições, chantagens, ridicularização, limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuizo à saúde psicológica ou a autodeterminação; a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, seja através de intimidação, ameaça, coação ou uso da força, através de induzimento a comercialização ou utilização de sua sexualidade, além do impedimento da utilização de métodos contraceptivos, ou lhe obrigue ao matrimonio, gravidez, aborto e prostituição; a violência patrimonial, entendida como a conduta que configure na retenção, subtração, destruição total ou parcial de seus objetos, seja pessoa ou instrumentos de trabalho, seus recursos econômicos, valores e direitos; por último temos a violência moral, caracterizada como qualquer conduta que configure calunia, injuria ou difamação.
2.5 ESTATÍSTICA BRASILEIRA DE VIOLÊNCIA DOMESTICA
 
Em 2016, o Ligue 180 registrou mais de 555 mil atendimentos, sendo 68 mil relatos de violência, ou seja, 12,23% do total.
Em 11 anos de funcionamento, cerca de 5,4 milhões de atendimento foram realizados pela Central de Atendimento a Mulher, o Ligue 180. Somente no primeiro semestre de 2016, a central contabilizou 555.634 atendimentos, em média 92.606 atendimentos por mês e 3.052 por dia. Esses dados foram revelados em um balanço da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM).
Quase 68 mil atendimentos, equivalem a 12,23% do total, são relatos de violência, os quais se dividem, sendo 51% correspondente a violência física, 31,1% psicológica, 6,51% moral, 4,30% sexual, 4,86% cárcere privado, 1,93% patrimonial e 0,24% tráfico de pessoas.
A maior parte das denúncias são feitas pela própria vítima, contabilizando 67,9%, e mais da metade das mulheres que sofrem com a violência são negras (59,7%).
Segundo o site g1.globo, realizada uma pesquisa no primeiro semestre desse ano pelo Datafolha, 29% é o percentual de mulheres que afirmam ter sofrido algum tipo de violência física ou verbal, o que equivale a 16 milhões, sendo fracionadas em 12,2 milhões correspondente a ofensa verbal, 5 milhões ameaça de apanhar, 4,6 perseguição, 4,4 batida, empurrão ou chute. O percentual de mulheres que dizem ter sido vítimas de assedio, equivale a 23,2 milhões, ou seja 40%, que se dividem em 20,4 milhões em comentários desrespeitosos na rua, 6,9 milhões comentários desrespeitosos no trabalho, 5,2 milhões assedio físico no transporte público e 2,8 milhões abordagem agressiva na balada.
Segundo os dados dos Ministérios Públicos estaduais, entre março de 2016 e março de 2017, o Brasil registrou ao menos oito casos de feminicídio por dia, no total foram 2.925 casos no país, um aumento de 8,8% em relação ao ano anterior.
2.6 MEDIDAS PROTETIVAS E SUAS FALHAS
 
A vítima da violência, pode solicitar do Ministério Público ou Delegado de Polícia, medidas protetivas de carater urgente, que serão decretadas pelo juiz, podendo após ser analisada a circunstância do caso, decretada a prisão preventiva do agressor.
A fim de garantir sua proteção, a vítima poderá solicitar por meio da autoridade policial uma providência, e o delegado de polícia deverá encaminhar o expediente referente ao pedido no prazo de 48 horas.
As medidas protetivas de carater urgente estão especificadas entre os artigos 22 ao 24 da Lei Maria da Penha, as quais existem tanto as que obrigam o agressor a segui-las quando as de proteção da vítima. Constatada a pratica de violência domestica e familiar contra a mulher, o juiz poderá aplicar de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente as medidas protetivas de urgência descritas no artigo 22 da Lei 11.340/06, sendo elas, a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, afastamento do lar, domicilio ou local de convencia com a vítima, a proibição de determinadas condutas, as quais estão descritas nas alíneas “a, b e c” do inciso III desta Lei, como a aproximação da ofendida, seus familiares e testemunhas, fixando um limite mínimo de distância entre estes e o agressor, além da proibição de qualquer meio de comunicação entre a ofendida, testemunhas e familiares com agressor e frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida. O inciso IV prevê a restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores e o V descreve a prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
Em relação as medidas, observa-se que após constatada a violência doméstica, o juiz poderá de imediato aplicar as medidas deproteção em favor da vítima, diferentemente de antes de vigorar a Lei Maria da Penha, onde as violências domesticas eram tratadas no âmbito dos Juizados Especiais e as sansões aplicadas ao autor eram o pagamento de cestas básicas e prestação de serviços à comunidade. Dessa forma, fazia com que o agressor voltasse para casa com a sensação de impunidade e cometesse os mesmos atos, tendo a convicção de que não seria penalizado, pois não havia sequer o afastamento do agressor do convivo o lar.
Como já visto acima, hoje cabe a polícia e ao judiciário tomar as providencias necessárias para inibir ao agressor, tanto que agora até a própria vítima, através da elaboração do Boletim de Ocorrência pode requerer ao juiz tais medidas para garantir a sua proteção e tal pedido deve ser encaminhado ao juiz no prazo de 48 horas da elaboração da ocorrência.
Em relação ao afastamento do agressor e das medidas de proteção, mesmo estabelecidas pelo juiz, a própria vítima acaba se retratando, desta forma as medidas são revogadas e consequentemente ineficazes, fazendo com que o agressor volte a cometer os mesmos atos.
Há também as penas restritivas de direito, tais como a proibição de frequentar bares ou casas de prostituição, permanecer aos sábados e domingos por período de 5 horas diárias em casa ou albergado entre outras, além das que limitam o agressor a se aproximar da vítima a determinada distância.
As medidas protetivas têm como finalidade de coibir, punir e erradicar as agressões domésticas, mas ainda é insuficiente, pois o índice de violência contra a mulher só vem crescendo a cada dia, pois muitas vezes as medidas estabelecidas pelo juiz em face a vítima, toma um curso diferente do esperado, não sendo eficazes em solucionar os principais problemas, pois na maioria das vezes o problema está na própria vítima, quando resolve retratar e voltar com o agressor, fazendo com que as medidas protetivas se tornem ineficazes.
Há também os casos em que as vítimas por medo, vergonha ou receio de não garantir seu próprio sustento, não denunciam seus agressores, ficando os mesmos impunes, consequentemente fazendo com que as agressões não cessem, porém, mesmo com a denúncia e as medidas de proteção não são suficientes para que o autor das agressões e mantenha longe da vítima, voltando a agredi-la mesmo estando sob imposição da justiça.
O que se pode notar é a dificuldade da aplicação e também da fiscalização das medidas protetivas quando se trata de conferir uma efetiva das determinações judiciais, tendo em vista que muitas vezes se tornam impossível aplicar tais dispositivos em sua integralidade; vários são os fatores que contribuem para a não concretização dessas medidas. 
Contudo, podemos afirmar que apenas estabelecer o afastamento do agressor da vítima não é o suficiente, uma vez que nem sempre essa medida é cumprida, deveria haver uma fiscalização, tendo por finalidade averiguar se tal medida está sendo comprida, pois há muitos casos em que a vítima por se sentir ameaçada acaba optando pela retratação.
2.7 RETRATAÇÃO DA VITIMA
A Lei Maria da Penha permite a retratação da representação da vítima, porém essa retratação é possível apenas perante o juiz em audiência preliminar para tal finalidade, ou seja, as retratações feitas em fase policial não terão qualquer efeito, pois a vítima não tem legitimidade para retirar a denúncia na fase de inquérito policial, sendo de suma importância que a vítima tenha um contato pessoal com o Juiz e o Ministério Público, pois esses poderão analisar se a vontade da vítima em retratar é espontânea, pois a partir do momento que a vítima desiste da ação penal em busca da harmonização familiar, o intuito preventivo da Lei Maria da Penha deixa de existir, pois a vítima permanecerá em risco, desta forma, é essencial que seja minunciosamente analisado se a vítima que deseja se retratar realmente está fora de risco.
Outro ponto essencial a ser analisado, são os antecedentes criminais do agressor, as circunstancia do delito, se há reiteração de violência doméstica referente aquela vítima, bem como de outras vítimas.
Com a alteração da legislação em 2012, tornou-se possível que o agressor seja processado mesmo que a vítima retire a queixa, exceto nos casos de agressão psicológica e moral. Assim decidiu o STF:
BRASIL. Por 10 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (9) que as ações penais fundamentadas na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) podem ser processadas mesmo sem a representação da vítima. Ou seja, ainda que a mulher não denuncie seu agressor formalmente ou que retire a queixa, o Estado deve atuar, no que se chama de ação pública incondicionada. Essa possibilidade era defendida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4424, apresentado pela Procuradoria Geral da República, que questionava previsão contrária da lei que pune a violência doméstica contra a mulher 
O STF ainda decidiu que são proibidas as ações de violência doméstica e familiar contra a mulher no âmbito dos juizados especiais e ainda declarou que a Lei Maria da Penha não ofende o princípio da igualdade.
Apesar de todas as alterações, o Brasil encontra-se em 5º lugar no ranking de países com a maior taxa de feminicídio do mundo. Em uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e divulgada pela ONU, a taxa de feminicídio no Brasil é de 4,8 para 100 mil mulheres.
Mesmo com todas as pesquisas, é difícil calcular o número exato de mulheres que sofrem violência doméstica diariamente, já que muitas sequer chegam a denunciar. A taxa de óbitos revela apenas uma parte do problema, já que a violência contra a mulher permanece sem um número.
3. CONCLUSAO 
Após a análise de toda a linha do tempo da violência, podemos concluir que ela sempre esteve presente na coletividade, seja em busca de poder, de sobrevivência, de status, 
BIBLIOGRAFIA
SOUZA, P.R.A. Lei Maria da Penha e sua contribuição na luta pela erradicação da discriminação de gênero dentro da sociedade brasileira.  ÂMBITO JURÍDICO, Rio Grande, XII, n. 61, fev 2009. Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5886 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. JUS BRASIL. Saiba mais sobre a origem da Lei Maria da Penha 2. 2010. Disponível em: http://tj-sc.jusbrasil.com.br/noticias/973411/saiba-mais-sobre-a-origem-da-lei-maria-da-penha-2 Acesso em: 05 de Janeiro de 2015
SOUZA, João Paulo de Aguiar Sampaio, FONSECA, Tiago Abudda. A Aplicação da Lei 9.099/95 nos Casos de Violencia Domestica Contra a Mulher.
SOUZA, Sérgio Ricardo de, Comentários a Lei de Combate a Violência a Mulher.
DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça: a efetividade da Lei 11.340/06 de combate a violência domestica e familiar contra a mulher.
Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; diretrizes nacionais buscam solução; G1.COM

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