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01_Gestão de equipamentos médicos-mesclado

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Prévia do material em texto

Gestão 
de equipamentos 
médico-assistenciais 
Unidade 1
Autores
Financiamento no SUS 
e os principais avanços na gestão 
de tecnologias em saúde
Eduardo Coura Assis
Daniel Baldoino de Souza
Revisor Técnico 
Marcelo Sette Gutierrez
GLOSSÁRIO
AAMI Association for the Advancement of Medical Instrumentation
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATS Avaliação de Tecnologias em Saúde
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CBO Cadastro Brasileiro de Ocupação
CE Central de Equipamentos
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
CTP Custo Total de Propriedade
DP Diretoria de Programas
EA Evento Adverso
EAS Estabelecimentos Assistenciais de Saúde
ECRI Emergency Care Research Institute
EMA Equipamentos Médico-Assistenciais
EMH Equipamento Médico-Hospitalar
GESCON Sistema de Gestão Financeira e de Convênios
HTAi Health Technology Assessment International
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
MC Manutenção Corretiva
MP Manutenção Preventiva
MS Ministério da Saúde
MTBF Mean Time Between Fail
NHS National Health Service
NICE National Institute Clinical of Excellence
OMS Organização Mundial da Saúde
PD Plano Diretor
PGRS Programa de Gestão de Resíduos em Saúde
PROADI Programa de Apoio ao Desenvolvimento 
 Institucional do SUS
PROCOT Programa de Cooperação Técnica
REBRATS Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias 
 em Saúde
RENASES Relação Nacional de Ações e Serviços de 
 Saúde 
RENEM Relação Nacional de Equipamentos de 
	 	 	 Materiais	Permanentes	financiáveis	para	 
 o SUS
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RSS Resíduo Sólido de Saúde
SBE Saúde Baseada em Evidências
SIGEM Sistema de Informação e Gerenciamento 
 de Equipamentos e Materiais Permanentes 
 Financiáveis para o SUS 
SIOPS Sistema de Informações sobre Orçamentos 
 Públicos em Saúde
SISPAG Sistema de contas a pagar
SICONV Sistema de Convênios
SISREBRATS Sistema de Informação da Rede Brasileira de 
 Avaliação de Tecnologias em Saúde
SOMASUS Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos 
 de Investimentos em Saúde 
SUS Sistema Único de Saúde
TR Termo de Referência
WHO World Health Organization
Todos os instrumentos normativos e legais contemplados 
neste curso correspondem às últimas publicações 
vigentes até a data da elaboração desse material.
Nota do Autor
6
UNIDADE 1 
FINANCIAMENTO DO SUS E OS PRINCIPAIS AVANÇOS 
NA GESTÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE
“Olá! Meu nome é Soma e nesta unidade você conhecerá como se cons-
titui os diversos níveis de gestão em saúde no âmbito de um Sistema 
Público	de	Saúde,	 como	ocorre	o	processo	de	financiamento	na	pers-
pectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) com as suas diversas modali-
dades de repasses, as principais portarias que discriminam quais tecno-
logias	são	financiáveis	ou	não,	suas	relações/listas,	tabelas	e	sistemas.	
E,	por	fim,	abordaremos	também	o	princípio	básico	sobre	a	temática	de	
Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e sua contribuição na gestão 
de tecnologias em saúde no âmbito do SUS, assim como, a criação da 
CONITEC e da REBRATS.
Aqui também serão apresentados os conceitos básicos sobre nosso 
objeto de estudo, os equipamentos médico-assistenciais (EMAs), suas 
particularidades que diferenciam das demais tecnologias em saúde, 
assim como modelos de gestão aplicada a essas tecnologias e os ins-
trumentos normativos existentes para essa família de tecnologias”.
7
AULA 1 - FINANCIAMENTO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 
NA PERSPECTIVA DO SUS E SEUS MARCOS NA GESTÃO
NÍVEIS DE GESTÃO EM SAÚDE NA ESFERA PÚBLICA
Vamos abordar neste tópico da Aula 1, os diversos níveis de gestão na 
esfera pública do Brasil, assim como suas respectivas competências e 
relações existentes. É muito importante que iniciemos os estudos nesse 
assunto, já que em cada esfera de governo há um direcionamento a ser 
seguido. É importante que você, prezado estudante, conheça em qual 
cenário se enquadra, assim como, compreenda que uma determinada 
ação poderá se relacionar com as várias esferas governamentais, em 
maior ou menor intensidade.
Acredito que você, também, já deve ter observado que no setor público 
há	mais	de	um	nível	de	organização	(federal,	estadual/distrital	e	munici-
pal). Esses entes federativos têm origem na nossa Constituição Federal 
de 1988 e é denominada como Federalismo.
Federalismo: O Brasil se organiza em um sistema político 
federativo constituído por três esferas de governo – União, 
Estados e municípios –, todas consideradas pela Constituição da 
República de 1988 como entes com autonomia administrativa 
e sem vinculação hierárquica.		http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/para_entender_gestao.pdf
Saiba mais
Esta	configuração	existente	permite	estabelecer	como	devem	ser	as	res-
ponsabilidades de cada ente, ou seja, as respectivas atribuições para o 
funcionamento de um Sistema Público de Saúde que cumpra com seus 
princípios e doutrinas.
No Brasil, o sistema público de saúde é denominado “SUS”, que signi-
fica	Sistema	Único	de	Saúde,	que	completou	30	anos	de	existência	em	
2018.	É,	sem	dúvida,	a	maior	política	de	inclusão	social	do	Brasil	e	um	
dos maiores sistemas públicos de saúde universal do mundo. Você sabia 
disso?
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao.pdf
8
Se você quiser conhecer mais sobre a história, os princípios e as doutri-
nas do nosso sistema público de saúde, recomendo que faça os cursos 
disponíveis sobre o SUS na plataforma AVASUS.
Apresentaremos	 a	 seguir	 a	 classificação	mais	 utilizada	 a	 respeito	 das	
perspectivas	de	gestão	na	saúde	em	3	níveis:	Macro,	Meso	e	Micro,	con-
forme podemos observar na ilustração abaixo:
Figura 1 - Representação	ilustrativa	dos	3	níveis	de	perspectiva	de	gestão	 
em saúde
Fonte: IECs.
Nesta	figura,	vemos	a	relação	que	as	três	perspectivas	possuem	entre	
elas. Vamos explanar cada uma a seguir:
• Macro: nessa perspectiva estão incluídas as entidades que representam o 
governo, através do poder executivo, legislativo e judiciário e estão repre-
sentadas pelos seus órgãos públicos, estaduais/distritais e municipais. É 
nessa perspectiva que são criadas as políticas, os programas e instrumen-
tos normativos que norteiam as práticas administrativas, assistenciais e 
legais acerca do sistema público de saúde. Podemos citar como exemplo: 
as Secretarias municipais e estaduais de saúde, as Agências reguladoras, 
como a Agência Nacional Suplementar de Saúde (ANS), Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Ministério da Saúde, os Conselhos, como 
o Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho Nacional de Secretarias 
Municipais de Saúde (CONASEMS) e o Conselho Nacional de Secretários de 
Saúde (CONASS).
Nesse	nível	de	gestão	todas	as	decisões	de	 incorporação,	modificação	
ou desinvestimento de tecnologias devem ser sustentadas por diferen-
tes estudos de avaliação de tecnologias em saúde (ATS). Veremos mais 
sobre este assunto adiante. Por exemplo, vejamos a seguinte situação: o 
Ministério	da	Saúde	incorporou	a	técnica	de	facoemulsificação	acompa-
nhada da técnica de laser na cirurgia de catarata.
Porém,	para	que	essa	tecnologia	fosse	ofertada	em	definitivo	no	rol	do	
SUS, ela teve que primeiramente passar por diversas etapas de análise, 
para	avaliação	do	mérito	 científico	deste	 arsenal	 terapêutico	da	oftal-
mologia.	Essa	análise	de	mérito	científico	adota	o	conceito	da	Medicina	
9
Baseada em Evidências (MBE), mas não será visto neste curso. Essa 
incorporação na tabela SUS, em linhas gerais, visa garantir que o pacien-
te que procurar os serviços médicos pertencentes à rede pública do SUS 
poderá	ser,	de	fato,	beneficiado	pelastecnologias	incorporadas.	
Considerando que o Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) tenha 
habilitação para realizar tal procedimento, os custos serão arcados ini-
cialmente pelo mesmo e, somente após o envio da guia para reembolso 
ao Ministério da Saúde, que o Estabelecimento será efetivamente reem-
bolsado. É importante ressaltar, caro estudante, que esse valor de reem-
bolso é guiado pela tabela SIGTAP, conforme podemos ver pelo modelo 
de tabela apresentado.
Figura 2 - Modelo de tabela de procedimento para cirurgia de catarata
Fonte: Ministério da Saúde.
É interessante que você note que nessa tabela temos os custos divididos, 
em	serviço	hospitalar	e	serviço	profissional.	O	serviço	hospitalar	contem-
pla os materiais utilizados no procedimento, como os gastos com ener-
gia elétrica, gases medicinais, anestésicos, água e os descartáveis, tais 
como:	 agulhas,	 fio	 cirúrgico,	 gazes,	 esparadrapos,	 luvas,	 entre	 outros,	
além	do	valor	de	uso	da	sala.	Já	o	custo	relacionado	ao	serviço	profissio-
nal está vinculado aos honorários dos envolvidos neste procedimento. 
Assim, para o procedimento de Cirurgia de Catarata Congênita, o SUS 
reembolsará o EAS no valor total de R$895,16.
Não entraremos no mérito aqui, se esse valor de reembolso é compatí-
vel ou não com os gastos efetuados, pois o importante mesmo é chamar 
atenção de vocês sobre os diversos níveis de gestão em saúde pública e 
seus diversos atributos.
• Meso: nesta perspectiva estão contemplados todos os EAS, sejam eles da 
rede pública, filantrópica ou privada. 
10
Agora,	faça	uma	reflexão	e	tente	citar	alguns	exemplos	de	EAS	classifi-
cados como MESO. Pensou? Se você citou os hospitais, clínicas, centro 
de especialidades, policlínicas, entre outros estabelecimentos, parabéns, 
você compreendeu bem o conceito de dimensão da gestão! 
Como nosso sistema público de saúde é descentralizado, ou seja, se a 
gestão da sua unidade resolver adotar algum tipo de serviço em saúde 
antes que o Ministério da Saúde aprove a sua cobertura no rol do SUS, 
e considerando que ela assuma todos estes custos, não há problema 
algum, isto é permitido e é possível. Mas, é importante lembrar que os 
produtos a serem utilizados neste novo procedimento a ser incorporado 
pelo município ou Estado devem ter registro sanitário na ANVISA, exceto 
quando se tratar de pesquisa e, mesmo assim, também deve atender 
uma	série	de	orientações	éticas	e	legais	para	esse	fim.	
Enfim,	é	importante	observar	que	neste	nível	de	gestão,	a	perspectiva	é	
dos serviços, ou seja, o gestor deve ter como norte para suas decisões 
o público do seu EAS, a natureza jurídica da sua Instituição, os vínculos 
com os demais órgãos federais ou estaduais, para, então, compreender 
quais	são	os	convênios,	modalidades	de	financiamento	que	se	aplicam.
• Micro: nessa dimensão, a gestão atua de modo mais específica, ou seja, 
com públicos selecionados, como por exemplo, os pacientes acometidos 
por doenças raras, ou seja, os casos de saúde excepcionais, onde as deci-
sões não levam em consideração tamanhos amostrais estatisticamente 
significantes. No âmbito da gestão pública, os maiores desafios estão na 
judicialização, reflexo do número pífio de recursos tecnológicos ofertados 
pelo mercado, ocasionando, então, em um monopólio por parte de alguns 
‘players” da indústria e, consequentemente, elevando o seu custo para 
aquisição provocado principalmente pelas patentes conquistadas por seus 
desenvolvedores.
? Você	pode	estar	pensando,	mas	onde	isso	se	reflete	na	gestão dos equipamentos para saúde? 
Assim como nas demais dimensões de gestão, nesta há determinados 
tipos de patologias raras que requerem tecnologias personalizadas, ou 
equipamentos dedicados, para os quais, muitas vezes, não há o proce-
dimento e nem o produto ainda disponível para comercialização. E você, 
prezado (a) estudante, em conjunto com uma equipe clínica, eventual-
mente	 será	 desafiado	 a	 buscar	 tais	 informações	 acerca	 da	 tecnologia	
antes	de	fazer	o	pleito	aos	órgãos	competentes	para	o	seu	registro	e/ou	
incorporação do procedimento, se assim o desejar.
11
Você sabia que recentemente a ANVISA colocou em consulta 
pública a RDC nº 305, de 24 de setembro de 2019, que dispõe 
sobre requisitos para fabricação, comercialização, importação 
e exposição ao uso de dispositivos médicos personalizados?
Você sabia?
Pois é, percebam, então, que a gestão no nível micro, embora menos pre-
sente que nos demais níveis, também requerem atenção por parte dos 
gestores, uma vez que é sabido que os processos judiciais que envolvam 
as doenças raras são cada vez mais presentes diante do pouco acesso 
ou nenhum acesso a essas tecnologias pela maior parte da população.
FINANCIAMENTO NO SUS
É	 importante	que	 conheçam	como	 se	 constitui	 o	 sistema	de	financia-
mento público no SUS, de modo que compreendam como se procedem 
as solicitações e os respectivos modus operandi desse processo.
Vimos anteriormente, os diferentes níveis de perspectiva na gestão da 
saúde na esfera pública e, vimos também que a estrutura institucional 
e decisória do SUS é pensada dentro dos princípios da descentralização, 
distribuição de competências e participação da comunidade, advindas 
da	Lei	Orgânica	da	Saúde	(Lei	8.080/90)	e	que	estabelece	as	responsa-
bilidades e diretrizes a serem cumpridas por cada gestor nas esferas 
federal, estadual e municipal.
De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS, 
cada ente Federado seguirá um rito para a tomada de decisão conforme 
podemos ilustrar abaixo.
Figura 3 - Diagrama da estrutura administrativa nos diversos âmbitos 
da gestão
Fonte:	CONASS	(2016).
12
A Constituição Federal (CF) de 1988, em seu artigo nº55, diz ainda, que 
até que seja aprovada a lei de diretrizes orçamentárias, trinta por cento 
(30%)	do	orçamento	da	Seguridade	Social,	excluído	o	seguro	desempre-
go, deverão ser obrigatoriamente destinados ao setor da saúde.
Não	obstante	no	artigo	nº198,	parágrafo	3,	traz:
§ 3º A Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco 
anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde 
destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos 
Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a 
progressiva redução das disparidades regionais;
III	 -	as	normas	de	fiscalização,	avaliação	e	controle	das	despesas	
com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal.
Todavia, sabe-se que essa determinação constitucional nunca foi efe-
tivamente cumprida, mesmo com a aprovação da lei orgânica do SUS, 
em	1990.	
Recentemente,	em	13	de	janeiro	de	2012	foi	publicada	a	Lei	Complementar	
nº141 que regulamentou o parágrafo terceiro do artigo 198 da C.F. para 
dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públi-
cos de saúde; e ainda estabeleceu os critérios de rateio dos recursos de 
transferências	para	a	saúde	e	as	normas	de	fiscalização,	avaliação	e	con-
trole das despesas com saúde nas três esferas de governo; entre outras 
providências	(BRASIL,	2012).
Veja	a	Lei	Complementar	141/2012	na	íntegra	no	link:	http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm	
Saiba mais
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm
13
Na	metade	da	década	de	90,	do	século	passado,	houve	um	amplo	movi-
mento pela aprovação de uma Emenda Constitucional1,	que	fixasse	defi-
nitivamente	patamares	mínimos	e	regras	do	financiamento	do	SUS.	Na	
sequência,	a	Emenda	Constitucional	nº	29	(EC	29),	de	13	de	setembro	de	
2000,	determinou	a	vinculação	e	estabeleceu	a	base	de	cálculo	e	os	per-
centuais mínimos de recursos orçamentários que a União, os Estados, 
Distrito Federal e Municípios são obrigados a aplicar em ações e serviços 
públicos de saúde. Segundo a EC 29, os Estados mantêm-seobrigados a 
investir	12%	da	arrecadação	com	impostos	e	os	municípios	15%.	
No caso da União, as bases de cálculo foram revisadas pela Emenda 
Constitucional	nº	86	 (EC	86),	de	17	de	março	de	2015.	Desde	então,	o	
investimento está vinculado a receita corrente líquida do respectivo 
exercício	financeiro.	O	percentual	mínimo	a	ser	aplicado	será	aumenta-
do	progressivamente,	iniciando-se	em	13,2%	no	primeiro	ano	até	alcan-
çar	o	percentual	de	15%	a	partir	do	5º	ano.
Entretanto, para que aconteçam transferências, regulares ou eventuais, 
da União para os estados, os municípios e o Distrito Federal, as mesmas 
estão condicionadas à contrapartida destes níveis de governo, em confor-
midade com as normas legais vigentes (Lei de Diretrizes Orçamentárias 
entre outras). 
Além	disso,	novas	regras	sobre	o	financiamento	e	a	 transferência	dos	
recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do SUS 
foram	anunciadas	no	dia	24	de	abril	de	2020,	onde	foi	publicada	a	Portaria	
nº	828	GM/MS	(BRASIL,	2020)	que	altera	a	Portaria	de	Consolidação	nº	
6/GM/MS	de	28	setembro	de	2017,	a	qual	contemplava	o	conteúdo	da	
Portaria	nº	3992/2017	acerca	do	financiamento	e	da	transferência	dos	
recursos federais aos demais entes federados, destinados a execução 
das ações e os serviços públicos de saúde.
Essa	 nova	 portaria	 estabeleceu	 novos	 Grupos	 de	 Identificação	 para	
transferências federais de recursos da saúde, e alterou a nomenclatu-
ra	dos	Blocos	de	Financiamento.	Portanto,	a	partir	de	maio	de	2020	os	
recursos do Ministério da Saúde, destinados a despesas com ações e 
serviços públicos de saúde, a serem repassados aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, passarão a ser organizados e transferidos na 
forma	dos	seguintes	blocos	de	financiamento:
I - Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde; 
1	 Emenda	 Constitucional	 é	 uma	 modificação	 da	 constituição	 de	 um	 Estado,	
resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, as quais são res-
tritas a determinadas matérias, não podendo, apenas, ter como objeto a 
abolição	 das	 chamadas	 cláusulas	 pétreas.	 (https://dicionariodireito.com.br/
emenda-constitucional)
14
II - Bloco de Estruturação da Rede de Serviços Públicos de Saúde.
Os recursos que compõem cada Bloco continuarão sendo transferidos, 
fundo a fundo, de forma regular e automática, em conta corrente espe-
cífica	e	única	para	cada	Bloco	e	mantidas	em	instituições	financeiras	ofi-
ciais federais.
A condição para que haja essa transferência continua sendo respaldada 
pela	LC	141/2012	que	já	vimos	anteriormente.
Vale lembrar também que os recursos que compõem cada Bloco de 
Financiamento devem ser aplicados em ações relacionadas ao próprio 
Bloco, ou seja:
I. As ações devem constar no Plano Municipal de Saúde e na Programação 
Anual de Saúde do Município submetidos ao respectivo Conselho de 
Saúde;
II.	Cumprimento	do	objeto	e	dos	compromissos	pactuados	e/ou	estabe-
lecidos	em	atos	normativos	específicos,	tais	como	as	portarias	e	resolu-
ções da CIT e das CIBs, expedidos pela direção do SUS;
III. Vinculação com os programas de trabalho previstos no Orçamento 
geral	da	União,	ao	final	do	exercício	financeiro.
15
Figura 4 - Representação	ilustrativa	dos	Grupos	de	Identificação	
Fonte: Autoria própria.
Os incentivos destinados à aquisição de equipamentos médico-hospi-
talares são enquadrados no Bloco de Estruturação da Rede de Serviços 
Públicos de Saúde, conforme descrito a seguir:
I. Aquisição de equipamentos voltados para a realização de ações e ser-
viços públicos de saúde;
II. Obras de construções novas ou ampliação de imóveis existentes utili-
zados para a realização de ações e serviços públicos de saúde; 
III. Obras de reforma de imóveis já existentes utilizados para a realização 
de ações e serviços públicos de saúde.
Agora que vocês já sabem como se constitui a estrutura que organiza o 
financiamento	do	SUS,	vamos	ver	de	que	forma	ocorrem	esses	repasses	
financeiros.
16
TIPOS DE REPASSES
Ei, você que está aqui, estudando com a gente, sabe me dizer o que são 
repasses?
De maneira sucinta, podemos dizer que repasses são as transferências 
financeiras	previstas	na	CF	e	integram	a	distribuição	de	recursos	prove-
nientes da arrecadação de tributos federais ou estaduais, aos Estados, 
Distrito Federal e Municípios, com base em dispositivos constitucionais.
Em	suma,	significa	que	os	impostos,	alíquotas	ou	taxas	pagas	por	cada	
cidadão de acordo com a legislação poderão ser aplicadas em áreas 
sociais, como educação, segurança e saúde. E esses recursos advindos 
dessas arrecadações poderão ser utilizados através do mecanismo de 
repasse.
O Ministério da Saúde, por meio de portarias, instituiu as Normas 
Operacionais	Básicas	 (NOB’s)	para	definir	a	competência	de	cada	ente	
federativo	na	gestão	e	financiamento,	além	de	garantir	a	efetividade	da	
implantação do SUS.
Essas	normas	definem	critérios	para	que	estados	e	municípios	volunta-
riamente se habilitem a receber repasses de recursos do Fundo Nacional 
de Saúde (FNS) para seus respectivos fundos de saúde.
Há três tipos de repasses desses recursos aos entes federativos:
17
18
Ao	final	do	exercício,	para	as	transferências	Fundo	a	Fundo	
devem demonstrar o cumprimento das metas estabelecidas 
junto ao Ministério da Saúde, em conformidade com o Programa 
de Trabalho do Orçamento Geral da União que originou o 
repasse dos recursos. Esse procedimento é necessário, pois 
o Programa de Trabalho do Orçamento Federal que originou 
o repasse gera a vinculação dos recursos repassados. 
Atenção!
Procedimentos da Tabela SUS e Lista de produtos financiáveis pelo SUS
Agora que você já conhece as modalidades de repasses de recursos para 
investimentos em saúde e compreende como é constituído a estrutura 
de	financiamento,	vamos	apresentar	o	rol	de	serviços	financiados	pelo	
SUS,	assim	como,	quais	são	os	bens	financiáveis	e	a	relação	com	as	ações	
e os serviços essenciais ofertados.
Como já é sabido, o SUS é descentralizado, ou seja, cada ente da federa-
ção poderá assumir a incorporação de uma nova tecnologia mesmo que 
essa ainda não esteja coberta pela tabela SUS.
Outro aspecto importante que você precisa conhecer se refere ao fato 
de termos em nosso sistema dois modelos de incorporação, o primeiro 
que tem como base, o processo de incorporação de um bem material, 
isto é, os equipamentos médico-assistenciais e o outro modelo baseado 
na incorporação do procedimento que pode ser um exame, uma inter-
venção terapêutica ou uma reabilitação.
Para facilitar o entendimento acerca dos modelos de incorporação exis-
tentes,	 vamos	 classificá-los	 da	 seguinte	 forma:	 recursos	 de	 capital	 e	
recursos de custeio.
• Recursos de capital, são conhecidos também como investimento, são 
recursos aplicados no patrimônio, tais como obras, construções, instalações 
e aquisição de equipamentos e materiais permanentes que são incorpora-
dos(UFBA, 2020);
• Recursos de custeio, são aqueles aplicados nas despesas com contratos de 
prestação de serviços, aquisição de materiais de consumo etc (UFBA,2020). 
19
Os recursos de capital que abordaremos neste curso são os equipamen-
tos médico-assistenciais e seus respectivos correlatos. Antes de aden-
trarmos	nas	listas	de	financiamento	e	tabelas	de	cobertura	é	crucial	que	
vocês entendam que a primeira etapa neste processo de oferta de tec-
nologias em saúde ao SUS e também ao mercado privado ocorre atra-
vés do registro sanitário2 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) que irá conferir autorização para comercialização dos produtos 
para saúde em todo território nacional. 
Lembrem-se que os gestores da saúde, além de investirem recursos 
financeiros	 com	 investimentos	 em	 capital,	 devem	 também	 se	 atentar	
aos	recursos	de	custeio	(honorários	dos	profissionais,	locação/utilização	
do espaço para realização do serviço, consumo de descartáveis, energia 
elétrica, serviços terceirizados, insumos médicos, entre outros).
Vocêjá imaginou quanto custa para o EAS a realização de uma cirurgia 
que já tem todos os equipamentos adquiridos? E se posteriormente hou-
ver uma internação em enfermaria ou em unidade de terapia intensiva 
(UTI), ou até mesmo necessitar de procedimentos complementares, por 
exemplo?
Figura 5 - EMA e suas interfaces
	Fonte:	pt.pngtree.com	e	br.freepik.com
2 Registro sanitário: O registro é o ato legal que reconhece a adequação de um 
produto à legislação sanitária, e sua concessão é dada pela Anvisa. É um con-
trole feito antes da comercialização, sendo utilizado no caso de produtos que 
possam apresentar eventuais riscos à saúde.
20
Observe que dependendo da tecnologia avaliada, poderá ter mais de 
um procedimento médico relacionado ao mesmo equipamento e, então, 
poderá gerar mais de um reembolso. Por exemplo: os equipamentos de 
diagnóstico por imagem (ultrassom, aparelhos de raios x, ressonância 
nuclear magnética) possuem diversas indicações e, para cada indicação 
haverá um valor de remuneração diferente na tabela SUS. Veja a seguir 
os exemplos:
 
Figura 6 - Ficha	de	procedimento	de	ultrassonografia	transesofágica	 
coberto no SUS
Fonte: Ministério da Saúde
21
Figura 7 - Ficha de procedimento coberto no SUS
Fonte: Ministério da Saúde
Note que foi usada a mesma tecnologia (ultrassom para diagnóstico), 
contudo	por	serem	procedimentos	distintos	(ecocardiografia	transeso-
fágica	 e	 ultrassonografia	 de	 aparelho	 urinário),	 temos	 uma	 diferença	
de	R$140,80	(cento	e	quarenta	reais	e	oitenta	centavos).Outro	aspecto	
importante para ser considerado é que atualmente com a implementa-
ção da “Relação Nacional de Equipamentos e Materiais Permanentes finan-
ciáveis para o SUS” (RENEM)	só	ocorre	o	financiamento	do	equipamento	
médico se o seu procedimento já estiver incorporado na tabela de pro-
cedimentos do SUS.
A	RENEM	foi	criada	por	meio	da	Portaria	GM/MS	nº	3134,	de	17	de	dezem-
bro	de	2013	(BRASIL,	2013),	para	administrar	os	itens	financiáveis	para	
o Sistema Único de Saúde (SUS) e padronizar suas nomenclaturas per-
mitindo a efetiva gestão dos mesmos. Os itens contidos na RENEM são 
classificados	 como	 Equipamentos	 Médico-Hospitalares	 e/ou	Materiais	
Permanentes e devem se enquadrar nos critérios estabelecidos pela 
Portaria	STN	448/2002,	na	qual	são	considerados	aspectos	como	a	dura-
bilidade, perecibilidade, fragilidade, incorporabilidade e transformabili-
dade dos materiais permanentes. 
Veja	na	figura	abaixo	uma	parte	da	composição	desta	lista.	Você	pode	
obter	esta	lista	completa	no	portal	do	Fundo	Nacional	ou	através	do	link	
https://portalfns.saude.gov.br/renem/
https://portalfns.saude.gov.br/renem/
22
Figura 8 - Relação de alguns equipamentos cadastrados na RENEM
Fonte: FNS. 
Os itens relacionados na RENEM são disponibilizados para o cadastra-
mento de propostas de projetos de acordo com o tipo de Estabelecimento 
Assistencial de Saúde (EAS) e seus respectivos ambientes organiza-
dos pelo Sistema de Informação e Gerenciamento de Equipamentos e 
Materiais (SIGEM). Veja a seguir o layout do SIGEM.
23
Figura 9 - Tela de pesquisa de equipamentos do SIGEM
 Fonte: FNS.
Embora	exista	o	financiamento	desses	equipamentos	listados	na	RENEM,	
para que haja aprovação das propostas pleiteadas pelos gestores, deve-
rão antes obedecer a alguns critérios de elegibilidade, de modo que, 
quando solicitados serão avaliados quanto à sua admissibilidade antes 
da liberação dos recursos.
E você deve estar se perguntando, quais são estes critérios avaliados em 
relação ao mérito e que são empregados pelos gestores do SUS na apre-
ciação das propostas? Citaremos alguns deles a seguir:
• Habilitação do serviço no EAS compatível com o que está sendo solicitado 
pelo proponente (Ex: Cardiologia, Neurologia, Ortopedia);
• Área física e infraestrutura em conformidade com as normativas técnicas 
vigentes;
• Corpo técnico de profissionais de acordo com o estabelecido pelos órgãos 
profissionais competentes;
24
• Dados epidemiológicos da região;
• Se o procedimento que inclui esse equipamento já está incorporado na 
tabela SUS;
• Se o procedimento médico já está aprovado pelo Conselho Federal de Medi-
cina (CFM), conforme Resolução CFM Nº 1.982/2012.
Você	pôde	compreender	que	embora	haja	uma	lista	de	itens	financiáveis	
pelo SUS, a sua obtenção está condicionada ao cumprimento de algumas 
exigências citadas anteriormente. Essa etapa de julgamento dos pleitos 
é conhecida como análise de mérito ou admissibilidade na gestão macro 
e é fundamental para reduzir repasses de recursos de investimentos 
que são considerados improcedentes ou mesmo não aplicáveis para as 
finalidades	apresentadas.	
Para que essas análises sejam realizadas há diversos sistemas de infor-
mação em saúde que são utilizadas como ferramentas de pesquisa para 
a análise de mérito. Citaremos alguns mais usados a seguir:
Figura 10 - Representação ilustrativa dos sistemas de informação em saúde
Fonte: Autoria própria.
Após	você	estudar	sobre	o	financiamento	dos	equipamentos	em	saúde	
e dos procedimentos, além de aprender sobre a análise de mérito, supo-
nho que você gostaria de saber agora que tipo de análise é feita para 
inclusão,	modificação	ou	exclusão	destes	procedimentos	da	tabela	SUS.	
Veremos esse assunto no próximo capítulo.
25
CONCEITOS BÁSICOS DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS 
EM SAÚDE (ATS
Você já se deparou com a necessidade de avaliar uma tecnologia em 
saúde? Como você fez ou irá fazer essa avaliação? Qual tecnologia em 
saúde foi avaliada ou será avaliada por você? Como você obteve infor-
mações ou obterá as informações para realizar essa avaliação?
Perceba que muitas são as questões que pairam sobre o assunto 
Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS).
Isso se deve principalmente pelo fato que uma avaliação per si, pode ser 
feita de diversos modos. Veja, então, que a ação de avaliar pode depen-
der do contexto que você está situado, do público que irá usufruir e até 
mesmo	de	quem	demandou	essa	avaliação	(AUGUSTOVSKI,	2009).
Considerando que o enfoque são os equipamentos de saúde é importan-
te compreender que essas tecnologias podem ser avaliadas sob diversos 
“olhares”. Ela pode ser avaliada sob o olhar da manutenção, pela equipe de 
Engenharia	Clínica,	sob	o	olhar	da	sua	utilização	através	dos	profissionais	da	
saúde, sob o olhar da sua performance clínica por meio dos pesquisadores 
ou mesmo, sob o olhar da economicidade através dos gestores públicos.
Cada ator desse processo pode construir uma avaliação diferente para a 
mesma tecnologia alvo, que no caso são os equipamentos de saúde. As 
avaliações podem ser referentes aos seguintes aspectos: manutenção 
do	equipamento,	questões	relacionadas	ao	manuseio	e	ergonomia,	a	efi-
cácia e segurança durante os experimentos clínicos e, também, ao custo 
efetividade. Assim, se juntarmos todas essas avaliações isoladas em um 
único estudo podemos denominá-lo, como um estudo de avaliação de 
tecnologias em saúde para os equipamentos de saúde.
Segundo a Sociedade Internacional de Avaliação de Tecnologias em 
Saúde (HTAi),	ATS	é	um	campo	de	investigação	científica	para	assistir	à	
tomada de decisões políticas e clínicas sobre a inserção e utilização de 
tecnologias em saúde. As tecnologias em saúde incluem produtos far-
macêuticos, dispositivos, diagnósticos, procedimentos e outras interven-
ções clínicas, de saúde pública e organizacional.
Este é um campo multidisciplinar que aborda os impactos clínicos, econômi-
cos, organizacionais, sociais, legais e éticos de uma tecnologia, consideran-
do	seu	contexto	específico	de	saúde,	bem	como	as	alternativas	disponíveis.	
O escopo e os métodos de ATS podem ser adaptados às necessidades de 
um determinado sistema de saúde, mas os processos e os métodos de ATS 
devem	ser	transparentes,	sistemáticos	e	rigorosos	(BRASIL,	2009).
26
Uma das abordagens da ATS está no uso da Saúde Baseada em Evidências 
(SBE),	área	do	saber	que	explora	as	evidências	científicas	de	eficácia,	efe-
tividade e segurançade uma determinada tecnologia agregada a uma 
avaliação econômica em saúde, como custo efetividade por exemplo 
para investigar os desfechos mais importantes para aquilo que ela se 
propõe	(BOSI,	2017).
MARCOS NORMATIVOS NA GESTÃO DE TECNOLOGIAS 
EM SAÚDE NO ÂMBITO DO SUS
Vamos iniciar esse tópico apresentando um dos primeiros grandes avan-
ços no SUS, no que tange a gestão de tecnologias em saúde. 
PODCAST- Política Nacional de Gestão 
de Tecnologias em Saúde (PNGTS)
Veja	 na	 figura	 a	 seguir,	 a	 ilustração	 do	 mapa	 do	 Brasil	 com	 a	 Rede	
Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS) e seus res-
pectivos membros distribuídos nos Estados.
Figura 11 - Distribuição	geográfica	dos	membros	da	REBRATS
Fonte: REBRATS (https://rebrats.saude.gov.br/membros)
https://rebrats.saude.gov.br/membros
27
Esses membros participam dos editais que são fomentados pelos órgãos 
do governo, como agências de fomento e ministérios e, então, produ-
zem diversos tipos de estudos, como: avaliação econômica, impacto 
orçamentário, monitoramento do horizonte tecnológico (MHT), parece-
res	técnico	científicos,	revisões	sistemáticas	e	avaliação	de	equipamen-
tos médico-assistenciais. O conjunto destas análises constituirá em uma 
Avaliação de Tecnologias em Saúde.
Esses estudos podem subsidiar muitos gestores durante os processos 
de tomada de decisão. Para cada tipo, há um guia metodológico que 
orienta como deve ser feito a elaboração deste estudo. Entre esses, há 
um guia que norteia o pesquisador a desenvolver um estudo de ATS 
para avaliação de equipamento médico assistencial.
Figura 12 - Diretriz metodológica para elaboração de estudos para avaliação 
de equipamentos médico-assistenciais
Fonte: REBRATS.
28
No Brasil, o órgão responsável do governo que assume as competências 
para realizar as atividades de avaliação das tecnologias que estão sen-
do pleiteadas pela sociedade, academia, indústria ou por um grupo de 
pacientes é o Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias 
(DGITS). O DGITS é a secretaria executiva da Comissão Nacional de 
Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) e essa comissão integra 
diversas	secretarias	finalísticas	do	Ministério	da	Saúde,	assim	como,	a	
ANVISA,	ANS,	CFM,	CNS	entre	outros	(BRASIL,	2011).	Essa	comissão	tem	
como uma das suas principais atribuições apreciar os pleitos de incorpo-
ração,	modificação	e	exclusão	da	tecnologia.
Não obstante esses procedimentos que estão sendo avaliados, em sua gran-
de maioria, podem também estar inseridos em protocolos clínicos de diretri-
zes terapêuticas (PCDTs) ou diretrizes diagnósticas e terapêuticas (DDT).
PCDTs são documentos que estabelecem critérios para o diag-
nóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preco-
nizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, 
quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos 
de	controle	clínico;	e	o	acompanhamento	e	a	verificação	dos	
resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do 
SUS.	Este	deve	ser	baseado	em	em	evidência	científica	e	con-
siderar	critérios	de	eficácia,	segurança,	efetividade	e	custo-e-
fetividade das tecnologias recomendadas.( http://conitec.gov.
br/index.php/protocolos-e-diretrizes )
As Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em Oncologia 
são	documentos	baseados	em	evidência	científica	que	visam	
nortear as melhores condutas na área da Oncologia. A principal 
diferença em relação aos PCDT é que, por conta do sistema 
diferenciado	de	financiamento	dos	procedimentos	e	trata-
mentos em oncologia, este documento não se restringe às 
tecnologias incorporadas no SUS, mas sim ao que pode ser 
oferecido	a	este	paciente,	considerando	que	o	financiamento	
é repassado como procedimento para o atendimento aos cen-
tros de atenção e a autonomia destes na escolha da melhor 
opção para cada situação clínica. ( http://conitec.gov.br/index.
php/protocolos-e-diretrizes )
Esses documentos acompanham os guidelines internacionais, buscando 
as melhores condutas médicas para um determinado problema de saú-
de	e	são	fundamentados	nas	melhores	evidências	científicas	disponíveis	
e atualizados periodicamente pela CONITEC. O objetivo principal é orien-
tar	os	profissionais	de	saúde	sobre	quais	são	as	condições	para	escolha	
desta	ou	daquela	tecnologia,	enfim,	uma	série	de	algoritmos	que	orien-
tarão	os	profissionais	na	perfeita	prescrição	médica.
http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes
http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes
http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes
http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes
29
Vale a pena, também, frisar que os gestores estaduais e municipais pode-
rão estabelecer os seus próprios protocolos, desde que respeitados os 
princípios	da	ética	profissional	e	a	observância	das	evidências	científi-
cas disponíveis. Abaixo temos um exemplo do volume 1, do manual de 
protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde (MS), 
elaborado pela Secretaria de Atenção Especializada (SAES).
Figura 13 - PCDT do Ministério da Saúde -Volume 1
Fonte: Ministério da Saúde
Vimos aqui então os principais marcos normativos na gestão de tecnolo-
gias em saúde no âmbito do SUS. Em nossa próxima aula, estudaremos 
os conceitos básicos da tecnologia que estamos estudando neste curso, 
os EMAs. 
Bons estudos!!!
30
AULA 2 - EQUIPAMENTOS MÉDICO-ASSISTENCIAIS (EMAs)
CONCEITOS BÁSICOS DE EMAS
Olá, agora nós vamos estudar o objeto do nosso curso que são os equi-
pamentos médico-assistenciais (EMAs). Você provavelmente trabalha, 
ou pretende trabalhar com essas tecnologias, certo?
Mas o que você sabe sobre essas tecnologias? E, na sua opinião, o que 
um gestor deveria conhecer acerca desses ativos, que representam um 
impacto	 financeiro	 importante	 no	 orçamento	 de	 uma	 instituição	 de	
saúde?
A seguir iremos apresentar, as principais características desse grupo de 
tecnologias, suas legislações aplicáveis, seus principais cuidados, entre 
outros aspectos importantes que vocês devem ter conhecimento para 
executar uma boa gestão. A medicina tem evoluído bastante nas últimas 
décadas e não há como pensarmos em uma assistência à saúde de boa 
qualidade e com menor exposição aos riscos sem o emprego das tecno-
logias disponíveis hoje.
Ademais, podemos dizer que dentre essas tecnologias existentes, os 
“equipamentos médico-assistenciais” merecem destaque, devido princi-
palmente à sua grande importância no tratamento, diagnóstico e reabili-
tação de enfermos. A evolução tecnológica destes produtos é constante 
e isso ocorre muito em função dos avanços obtidos no campo da micro-
eletrônica, tecnologias de informação e comunicação (TICs), tecnologias 
de automação e controle, redes neurais, sistemas machine learning3, 
computação em nuvem, entre outros.
Entretanto, esses gadgets no seu cerne obedecem a um princípio básico 
da Instrumentação Biomédica, que pode ser representado pela ilustra-
ção a seguir:
FIGURA INTERATIVA 1 - Representação 
esquemática básica de um sistema 
de instrumentação biomédica
Agora que você já sabe como esses equipamentos funcionam e são 
constituídos,	veremos	a	seguir	como	eles	podem	ser	classificados.
3 Machine learning é um método de análise de dados que automatiza a constru-
ção de modelos analíticos.
31
CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS PARA SAÚDE
Produtos para saúde envolvem uma série de conhecimentos advindos 
principalmente das Ciências Exatas e Biológicas e, correspondem a uma 
representação	bastante	significativa	do	arsenal	de	tecnologias	em	saúde	
existente.	Você	saberia	como	classificá-los?
Essa	classificação	pode	ser	feita	de	diferentes	formas	e	isso	irá	depender	
do autor ou do documento estudado. Podemos por exemplo agrupá-los 
segundo sua aplicação, nas seguintes categorias: diagnóstica, terapêuti-
ca,	assistiva/assistência,	de	monitoramento	e	apoio.
FIGURA INTERATIVA 2 – Classificação 
dos Equipamentos para saúde
Na literatura internacional, os equipamentos médico-assistenciais(EMAs)	 estão	 classificados	 dentro	 de	 um	 grupo	maior	 de	 tecnologias,	
representado pelos dispositivos médicos (medical devices). Segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) esse grupo inclui desde equipa-
mentos	médicos	computadorizados	altamente	sofisticados	até	simples	
abaixadores de língua de madeira.
No Brasil, também temos um agrupamento dessas tecnologias que foi 
estabelecido	através	da	Resolução	Diretiva	Colegiada	(RDC)	nº509	de	27	de	
maio	de	2021	da	Agência	Nacional	de	Vigilância	Sanitária	(ANVISA,	2021).
Na	Seção	3	dessa	resolução	veremos	alguns	exemplos	dessas	definições:
FIGURA INTERATIVA 3 – Classificação 
dos Equipamentos – RDC nº509 de 27 
de maio de 2021
Para nosso curso, o subgrupo ao qual nos concentraremos são os deno-
minados “equipamentos médico-assistenciais” que estão representados 
também no grupo de equipamentos de saúde e, quando se refere ao 
registro para comercialização, eles estarão representados pelo grupo 
produtos para saúde.
Imagino que você deve estar agora também se perguntando, qual é a área 
da ciência que abrange esse conhecimento? Esta área é a Engenharia 
Biomédica.
32
Quer saber mais sobre a história da Engenharia Biomédica? 
É só ouvir o podcast a seguir: 
PODCAST – História da Engenharia 
Biomédica
Escutou? Agora pode estar se perguntando: e a Engenharia Clínica, onde 
foi parar? 
A Engenharia Clínica é uma das subáreas da Engenharia Biomédica que 
se relaciona às atividades de gestão do ciclo de vida dos EMAs nos EAS, 
como:	a	certificação	metrológica	através	de	ensaios	em	equipamentos	
médicos; o suporte nos processos de tomada de decisão, seja na aquisi-
ção ou alienação de equipamentos; a investigação de eventos adversos 
com os equipamentos, assim como, no programa de educação perene 
das equipes assistenciais que manuseiam as tecnologias e das equipes 
técnicas que garantem sua funcionalidade.
A seguir veremos quais são as peculiaridades destes produtos para saú-
de e que, vocês devem conhecer para que saibam quais medidas impor-
tantes devem ser tomadas para cada condição apresentada. 
33
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS IMPORTANTES NA GESTÃO 
DOS EMAS
Neste tópico vamos apresentar a você algumas particularidades de maior 
importância para os EMAs que deverão ser consideradas na gestão des-
tes ativos. Sabe-se que, algumas aquisições são feitas tendo como base 
esses aspectos que estudaremos a seguir, uma vez que impactam dire-
tamente	no	 seu	 custeio	e,	de	 certa	 forma,	 influenciam	até	mesmo	na	
gestão dos recursos humanos. Vocês vão notar que por mais que você 
já tenha atuado na gestão de outras tecnologias em saúde, quando o 
assunto são os EMAs, outras informações devem ser observadas.
RESÍDUOS GERADOS
Você já parou para pensar sobre a quantidade de insumos que são des-
cartados a cada procedimento realizado com determinado tipo de EMA? 
E esse insumo é descartado de que forma? Tem como aproveitar esse 
resíduo	para	outro	fim?	Qual	é	o	custo	necessário	para	tratar	esse	resí-
duo gerado? Há normativas acerca deste assunto?
Muitas perguntas nos cercam, não é mesmo? E o meio ambiente volta a 
ser	o	protagonista	nesse	assunto,	além,	é	claro,	da	saúde	dos	profissio-
nais e pacientes que estão expostos aos resíduos gerados, não é mesmo?
O Plano de Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais deve procurar 
compor e contribuir com os procedimentos estabelecidos pelo Plano de 
Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) do Estabelecimento 
de Assistência em Saúde. Caso seja produzido resíduo pelos equipamen-
tos, logo devem estar submetidos aos protocolos elaborados em conjun-
to com os fornecedores.
A legislação pertinente a resíduos sólidos de saúde (RSS) está estabele-
cida	pela	RDC	222/2018	e	pela	Resolução	CONAMA	número	358/2005	e	
dentre os destaques temos: como deve ser feito a segregação, o acondi-
cionamento,	a	identificação,	a	coleta,	o	transporte	interno,	o	armazena-
mento interno temporário e externo. Assim como: a coleta, o transporte 
externo e a destinação dos resíduos. Além disso, a resolução ainda traz 
como	são	classificados	os	resíduos	quanto	aos	seus	tipos.
34
Quer explorar mais sobre esse tema, acesse aqui as legislações 
na íntegra: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=102253 
e também a http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/phoca-
download/Noticias/2018/GESAM/02_rdc_222_2018.pdf
Saiba mais
Ou seja, praticamente tudo isso que você leu, gera resíduo em saúde e 
deve estar enquadrado dentro das normativas.
Portanto, é importante caracterizar em cada uma das atividades pres-
tadas	pelo	EAS	como	se	dará	o	destino	final	dos	resíduos,	para	cada	uma	
destas áreas, cabendo ao gestor se responsabilizar pelo seu rejeito corre-
to, visto que estes rejeitos podem possuir componentes químicos, tóxicos 
e até radioativos, os quais quando descartados incorretamente podem 
gerar impactos diversos ao meio ambiente e à saúde da população.
Rejeitos como a água, os reagentes usados em laboratórios, os materiais 
médicos	descartáveis,	os	filmes	radiográficos,	as	peças	e	componentes	
eletrônicos que são partes dos equipamentos e que passaram por repa-
ros, são itens que precisam ser manipulados adequadamente e tratados 
antes de serem desprezados no meio ambiente, tendo em vista seu forte 
impacto contaminante ao meio ambiente.
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=102253
http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/phocadownload/Noticias/2018/GESAM/02_rdc_222_2018.pdf
http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/phocadownload/Noticias/2018/GESAM/02_rdc_222_2018.pdf
35
Talvez muitos não se lembrem disso, mas há anos atrás, o 
município de Goiânia era atingido por aquele que foi conside-
rado o maior acidente radiológico do Brasil, conforme pode ser 
visto	na	figura	da	capa	noticiada	no	Jornal	Correio	Braziliense.	
A	tragédia	envolvendo	o	césio-137	deixou	centenas	de	pessoas	
mortas contaminadas pelo elemento e outras tantas com 
sequelas irreversíveis.
 
Figura 14 - Manchete de jornal do Correio Brasiliense em 1987
Fonte: http://www.defesanet.com.br/dqbrn/noticia/27032/
Cesio-137--O-legado-de-uma-tragédia/
Você sabia?
Esse assunto é tão importante que o Sistema de Apoio à Elaboração de 
Projetos de Investimentos em Saúde (SOMASUS) do Ministério da Saúde 
criou um menu dedicado no ambiente para consulta pelos usuários. 
Acesse	através	do	link:	http://somasus.saude.gov.br
http://www.defesanet.com.br/dqbrn/noticia/27032/Cesio-137--O-legado-de-uma-tragédia/
http://www.defesanet.com.br/dqbrn/noticia/27032/Cesio-137--O-legado-de-uma-tragédia/
http://somasus.saude.gov.br
36
Figura 15 – Tela de consulta do SOMASUS 
Fonte: Ministério da Saúde.
Em suma, vale então frisar que toda vez que for adquirir um EMA, bus-
que informações sobre os resíduos que são gerados por ele, como eles 
devem ser descartados e, se o EAS tem infraestrutura física e tecnológica 
em	conformidade	para	esta	finalidade.
Ergonomia e usabilidade
Outras particularidades importantes a serem estudadas para esse grupo 
de tecnologias em saúde são as questões de ergonomia e usabilidade e 
que, por muitas vezes, não são avaliados, ou então, são avaliados sem a 
prioridade necessária, por não serem considerados importantes duran-
te o processo de aquisição.
Mas, antes de adentrarmos nesse assunto, você saberia me dizer o que 
é ergonomia? E usabilidade? Já ouviu esses termos antes?
Então vamos aos conceitos sobre estes dois assuntos:
Segundo	 Alexandre	 (1998);	 Petzhold	 e	 Vidal	 (2003)	 a	 ergonomia	 é	 o	
estudo da relação entre o homem e seu ambiente propriamente dito, 
assim como, os instrumentos, as máquinas, o mobiliário, os métodos e 
a	organização	do	trabalho.	Imagine	um	profissional	de	saúde	que	exer-
ce sua função laboral por 8 horas e necessita em boa parte desse tem-
po deslocar caixas de instrumentais cirúrgicos da Central de Material e 
Esterilização	que	fica	em	um	andar	diferente	do	Bloco	Cirúrgico.
Provavelmente	seu	rendimento	profissional	será	reduzido	e	possivelmen-
te poderá sofrer algum problemade saúde a longo prazo, comprometen-
do sua rotina desse serviço. Medidas relativamente simples, como a ins-
talação de uma monta carga através de um elevador ou um sistema de 
transporte por meio de esteiras poderia aperfeiçoar todo esse processo.
37
É	sabido	que	um	número	significativo	de	profissionais	se	afasta	por	pro-
blemas	de	saúde	ocupacionais,	muitas	vezes,	justificados	pela	fadiga	e	
o estresse causado por diversas situações, onde alguns equipamentos 
ao serem manuseados exigem esforços intensos e repetitivos, além de 
provocar maiores chances de ocasionar acidentes. 
De acordo com a NR-17 a análise do ambiente de trabalho 
deve considerar os aspectos, como:
• Levantamento, transporte e descarga individual de materiais;
• Mobiliário do posto de trabalho; 
• Equipamentos nos postos; 
• Condições ambientais; 
• Organização do trabalho;
• Capacitação dos trabalhadores; 
• Condições sanitárias de conforto; 
• Programas de saúde ocupacional e de prevenção de riscos 
ambientais; 
• Disposições transitórias. 
A NR 17 trata sobre a ergonomia no trabalho e tem como 
objetivo proporcionar o conforto, diminuir os riscos de lesões 
dos	profissionais	e	aumentar	a	produtividade	(ABNT).	
Se observarmos os equipamentos médicos mais antigos e comparar-
mos hoje com os equipamentos médicos disponíveis vamos notar que 
mudanças importantes foram realizadas pelos fabricantes no projeto, 
de modo a mitigar os problemas relacionados a ergonomia. Cada vez 
mais compactos, mais leves, permitindo assim maior facilidade no seu 
transporte, além de disporem de mais tecnologias para movimentos, 
como são os casos, por exemplo, das camas hospitalares, que antes pre-
via apenas o seu funcionamento mecânico e os movimentos como de 
elevação e descida eram feitos por meio de manivelas, hoje, contam com 
sistemas eletromecânicos acionados por controle remoto.
Veja abaixo a evolução da tecnologia no quesito ergonomia apresentado 
pela cama hospitalar. 
38
Figura 16 - Cama hospitalar mecânica com sistema de elevação mecânico 
por meio de manivelas
Fonte: RC móveis hospitalares.
Figura 17 - Cama hospitalar eletromecânica com sistema de elevação através 
de controle remoto
Fonte: OLX.
Agora que já estudamos o conceito de ergonomia, vamos compreender 
sobre o conceito de usabilidade. A usabilidade é descrita pela literatura 
científica	como	uma	característica	do	fator	humano	relacionada	à	facili-
dade	no	seu	uso,	efetividade,	eficiência	e	satisfação	do	usuário,	além	do	
que deve ser considerada desde o início do desenvolvimento do produto.
39
Se formos elencar quais são as variáveis de medida de usabilidade mais 
empregadas, em conformidade com a International Standard Organization 
(ISO)	são:	efetividade,	eficiência	e	satisfação.	Uma	maneira	de	permitir	
que essas variáveis sejam melhor compreendidas pode ser obtida atra-
vés de um questionário, como este abaixo:
• O menu é de fácil compreensão e está legível?
• Os comandos do equipamento são fáceis de operar?
• O equipamento apresenta sequência de funções para seu manuseio com 
segurança?
• Os comandos para utilização do equipamento são fáceis de aprender?
• As teclas e botões de comando do equipamento apresentam claramente 
qual o seu objetivo?
Considerar	esses	fatores	pode	minimizar	de	forma	significativa	a	postu-
ra	do	profissional	de	saúde	durante	o	atendimento	aos	pacientes,	bem	
como, evitar problemas de afastamento, devido a atestados médicos por 
lesões físicas, por exemplo.
A	usabilidade	pode	ser	bem	exemplificada	na	ilustração	abaixo:
Figura 18 - Exemplos de interfaces homem-máquina (painel de um avião 
e de um monitor) 
Fonte: Wdicas e aeromagazine
A usabilidade também é um conhecimento fundamental durante o pro-
cesso	de	avaliação	da	tecnologia,	visto	que	o	profissional	de	saúde	deve	
ter claro como realizar a programação dos parâmetros dos equipamen-
tos médicos, com vistas a evitar possíveis erros médicos decorrente do 
manuseio destes EMAs.
40
CUIDADOS NA CONSERVAÇÃO, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE
Os EMAs, assim como os outros equipamentos, precisam seguir reco-
mendações do fabricante acerca da sua conservação, armazenamento 
e como esses devem ser transportados. Todo manual de usuário forne-
cido	na	aquisição	de	um	equipamento	fornece	tais	 informações,	a	fim	
de garantir uma melhor conservação dos produtos e prevenir acidentes 
e,	está	amparado	pela	Resolução	nº	30	de	15/02/2006/ANVISA	-	Agência	
Nacional de Vigilância Sanitária que dispõe sobre o registro, rotulagem e 
reprocessamento de produtos médicos, e dá outras providências.
Dependendo da constituição física do material ele pode ser esterilizado 
por temperatura e pressão, óxido de etileno e radiação gama. Materiais 
que são termosensíveis não podem ser submetidos à exposição de tem-
peratura	elevada,	caso	contrário	são	danificados.
Dessa forma, o próprio fabricante irá informar quais são os métodos de 
assepsia adequados para cada item do seu produto. E você deve estar se 
perguntando, mas porque devo saber isso? 
O serviço de esterilização do seu EAS precisa conhecer o volume de 
materiais que serão adicionados na sua rotina após aquisição de deter-
minados EMAs, uma vez que isso implica diretamente na rotina do 
serviço da Central de Material e Esterilização (C.M.E) e, consequente-
mente, irá demandar mais saneantes além disso, a aquisição de outras 
máquinas utilizadas no processo de higienização destes itens deverá ser 
considerada.
A seguir estão alguns exemplos de equipamentos de apoio utilizados no 
CME: 
Figura 19 - Relação de equipamentos utilizados na CME
 Fonte: Autoria própria.
41
Sobre	estes	equipamentos	pode-se	afirmar	que	todos	são	muito	comu-
mente utilizados em uma CME: a lavadora ultrassônica utilizada na 
limpeza de materiais canulados com lumens e demais produtos asso-
ciados; o gabinete de secagem empregado na aeração dos circuitos res-
piratórios utilizados em ventiladores pulmonares, unidades de aneste-
sia	e	equipamentos	correlatos	usados	em	fisioterapia	respiratória	e,	a	
autoclave de bancada muito utilizada nos processos de esterilização por 
vapor saturado.
Se considerarmos que cada equipamento desses possa ser incluído no 
serviço que você atua, há a necessidade de se mensurar o quanto de 
água, energia, saneantes entre outros fatores deverão ser computados 
para mantê-los operantes.
Figura 20 – Representação dos principais insumos utilizados pelos 
equipamentos de apoio médico-assistencial
 Fonte: Autoria própria.
Além dessas questões, é importante atentar-se que em um 
EMA, podemos ter itens que são descartáveis e itens que são 
reprocessados. Desses itens reprocessados temos peças, partes 
aplicadas e acessórios.
Atenção!
42
ACESSÓRIOS, PARTES APLICADAS E PEÇAS
As partes aplicadas são produtos fabricados exclusivamente com o pro-
pósito de integrar um equipamento médico, sem o qual o equipamento 
não exerce a sua função pretendida. Visualize nas imagens a seguir: 
Figura 21 - Exemplos de partes aplicadas dos EMAs
Fonte: Autoria própria.
De modo geral, as partes aplicadas não são descartáveis, são subme-
tidas aos processos de limpeza, desinfecção e até esterilização depen-
dendo do tipo de exposição. Em seguida temos as peças, que de acor-
do	com	a	 instrução	normativa-IN	nº13	de	22	de	outubro	de	2009	são	
componentes que constituem fisicamente o equipamento, suas partes 
e acessórios. São exemplos de peças: cabo de conexão à rede elétrica, 
fontes de alimentação elétrica, placas de vídeo, de rede, componentes 
eletrônicos,	gabinetes,	fios	entre	outros	(ANVISA,	2009).	
Isoladamente essas peças não são consideradas produtos médicos, logo 
não necessitam de registro ou cadastro na ANVISA. Salienta-se tam-
bém que são itens que, de modo geral, não passam por processos de 
esterilização, ocorrendo somente higienização com alguns saneantes e 
correlatos.
Figura 22 - Ilustração de peças usadas em EMAs
Fonte: Autoria própria.
43
Já	os	denominados	acessórios,	de	acordo	com	a	mesma	IN	nº13	de	22	de	
outubrode	2009	são	produtos	fabricados	exclusivamente	com	o	propó-
sito de integrar um EMA, conferindo uma característica complementar 
ao mesmo, mas não fundamental, ou seja, ele não é essencial. São eles: 
haste para suporte de soro, carrinhos para acondicionamento e trans-
porte de equipamentos, estativas entre outros. Esses itens, de modo 
geral, também não passam pelos mesmos processos de esterilização 
que os EMAs, salvo em algumas exceções, como áreas de isolamento de 
vias aéreas, por exemplo.
Figura 23 - Ilustração de acessórios usados em EMAs
 Fonte: Autoria própria.
Outro aspecto importante a se considerar para esse grupo de tecnolo-
gias	se	refere	ao	seu	armazenamento	e	transporte.	No	momento	da	defi-
nição do equipamento a ser adquirido, deve-se analisar cuidadosamente 
a questão referente à logística e de transporte até o local de instalação, 
ou seja, a possibilidade de levar o equipamento até o local a ser insta-
lado e para isso deve ser considerado o peso e a dimensão do mesmo, 
por exemplo. 
Outros detalhes como vibração ou até mesmo choques mecânicos 
devem também ser considerados. Em todos esses casos, não tendo 
uma avaliação rigorosa do percurso, poderá incorrer em um aumento 
do custo de instalação, visto que pode ser necessário investir em meios 
de instalação e deslocamento da tecnologia, entre eles, como derrubar 
paredes ou lajes (para transportar EMAs de um andar para outro) etc.
Recomenda-se que as partes do equipamento, seus acessórios e insu-
mos sejam armazenados em local apropriado, fresco e arejado, em um 
ambiente limpo e seco com os cuidados necessários para que as embala-
gens permaneçam íntegras e isentas de possibilidades de contaminação.
44
A área de armazenamento deve ter condições que permitam preservar as 
condições de uso das partes e os acessórios do EMA e essas devem ser ins-
pecionadas	com	frequência	para	verificar	qualquer	potencial	degradação.
Figura 24 - Almoxarifado de um Hospital
Fonte: IPTC Photo Metadata.
Você já imaginou que uma compra de determinado produto pode ser 
totalmente perdida se as variáveis temperatura, umidade, aeração 
não forem atendidas conforme preconizada pelo fabricante dos EMAs? 
Pense no enorme problema que poderia causar ao EAS, caso isso viesse 
a ocorrer. A seguir veremos um assunto crucial para esses produtos que 
é a manutenção.
Bons estudos.
45
AULA 3 - MANUTENÇÃO
ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS 
MÉDICO-ASSISTENCIAIS
Estimado	(a)	estudante	está	animado	para	nossa	aula	3?	Nessa	terceira	
aula você aprenderá sobre um assunto muito importante que diz res-
peito às ações que deverão ser realizadas pelo gestor no que tange à 
manutenção dos EMAs.
Suponhamos que algum produto que você possua (Ex: carro, TV, vídeo 
game, celular) e que em algum determinado momento necessite de repa-
ro, esse certamente implicará em algum tipo de custo, e muitas vezes se 
você	não	se	planejou	e	não	tiver	recursos	para	isso,	ficará	sem	ele	e	isso	
com certeza te deixará insatisfeito, não é mesmo?
Agora imagine essa mesma situação em um serviço de saúde, onde a 
interrupção de um equipamento poderá paralisar um serviço todo e, o 
pior,	dependendo	da	sua	finalidade,	trazer	acometimentos	graves	à	saú-
de do paciente? Então, convidamos você, aluno, a se dedicar nesse que 
consideramos um dos principais assuntos desse curso.
Quando se fala em um plano de manutenção, estamos nos referindo ao 
modo de organização da manutenção do parque de EMAs, ou seja, como 
será feito o acompanhamento, se será através de indicadores estatísti-
cos advindos das ordens de serviço, relatórios de serviço emitidos por 
terceiros, lista de peças adquiridas etc. Estaremos abordando também 
as outras manutenções, como as preventivas, preditivas e as calibrações.
Os cuidados para um adequado plano de manutenção devem primordial-
mente se sustentar nas prioridades do EAS, além de prever os requisitos 
para	manutenção	do	equipamento,	 sua	 classificação	de	 risco,	 função	e	
histórico de incidentes. Note por exemplo, que os equipamentos de baixo 
risco	não	necessitam	de	uma	verificação	tão	frequente,	quando	compara-
dos	aos	equipamentos	classificados	como	de	alto	risco,	por	serem	desti-
nados	a	finalidades	de	apoio,	de	modo	geral,	e	por	serem	constituídos	de	
uma manufatura mais simples, menos complexa tecnologicamente.
Quando um EAS elabora um Plano de Manutenção ele está contribuin-
do para uma potencial redução nos riscos de falhas dos equipamentos, 
minimizando os altos custos de uma tecnologia inoperante que poderá 
interromper um serviço e, consequentemente, resultará na desmarca-
ção	de	exames,	aumento	na	fila	de	espera,	realocação	de	profissionais	
de saúde, de pacientes entre outros problemas.
46
Diante do exposto, o gestor em saúde precisa atender as recomenda-
ções estabelecidas pelo manual do fabricante das tecnologias em saú-
de, no que se referem à periodicidade na execução das manutenções 
preventivas, calibrações e se organizar com os diversos setores do EAS 
para	evitar	que	o	serviço	fique	desabastecido	nos	horários	com	maior	
demanda de utilização. 
É importante que no Plano de Manutenção seja definido quais são os 
equipamentos que não podem ficar ausentes deste plano, caso seu 
orçamento delimite o quanto poderá investir em manutenção.
Alguns condicionantes podem ser utilizados para auxiliar você nessa 
priorização, são eles:
• Possuir alguma regulamentação específica por algum órgão de fiscalização/
controle;
• Possuir importância estratégica para o EAS, ou seja, equipamentos que 
podem fazer o EAS perder receita por interrupção no atendimento ou equi-
pamentos de alto risco para pacientes e funcionários em caso de falha.
O plano de manutenção deve ser de conhecimento de todos os usuários 
das tecnologias e sendo possível, deve ser devidamente divulgado pelo 
EAS, de modo a evitar contratempos. Alguns equipamentos de infraes-
trutura, bem como, algumas instalações também devem ser incluídas no 
plano de manutenção. A seguir listamos algumas ações que poderiam 
ser adicionadas nesse plano, tais como:
• Tratamento de água para geração de vapor e condicionamento de ar;
• Limpeza de canaletas, calhas e ralos de água pluvial;
• Limpeza de fossa séptica e caixas de gordura;
• Limpeza e sanitização de reservatórios de água potável.
Dentre	os	diversos	equipamentos	de	apoio/infraestrutura	que	mencio-
namos acima temos: a máquina de lavar roupas e louças, secadoras, 
máquina de prensa, calandra, caldeiras, compressores de ar medicinal, 
conjunto de bombas de recalque, equipamentos de ar condicionado e 
refrigeração, painéis elétricos que contenham contadores e relés, gru-
po gerador (emergência), disjuntores de alta tensão, bombas de vácuos, 
autoclaves, PABX, transformadores etc.
As atividades executadas em uma manutenção devem ser as mais com-
pletas possíveis e a inspeção realizada deve ser padronizada para cada 
atividade executada. Neste contexto deverão ser executadas atividades 
de inspeção geral; troca de peças e acessórios com sua vida útil vencida; 
47
lubrificação	geral;	aferição	e	posterior	calibração	do	equipamento	e	tes-
tes de desempenho. Todos estes procedimentos devem ser mapeados, 
quantificados	e	definidos	de	forma	que	se	tenha	um	histórico	definido	
de cada equipamento.
O principal objetivo de um programa de manutenção de EMAs é garan-
tir a segurança e a precisão nos resultados medidos do equipamento e 
que este estará pronto para uso no paciente. Para assegurar a qualidade 
da tecnologia é fundamental que se respeite as orientações do manual 
quanto	as	verificações/inspeções	periódicas	dos	mesmos.	
Vamos agora conhecer os tipos de manutenção existentes? É importante 
que saiba distinguir as suas diferenças para cobrar do seu prestador de 
serviço, caso seja terceirizado, a manutenção dos EMAs.
TIPOS DE MANUTENÇÃO
Já deve ser do seu conhecimento, que as manutenções se diferenciam 
quanto à sua forma de emprego, periodicidade e atuação. Também é 
válido lembrar que todos os tipos demanutenção são importantes, pois 
isso conceberá maior extensão na vida útil das tecnologias, além de miti-
gar falhas nas medições lidas.
Veremos	então	agora,	as	definições	sobre	a	manutenção	corretiva,	pre-
ventiva e preditiva.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA
Pressupõem que esse termo é familiar para maioria de nós, não é mesmo? 
O termo preventivo é muito usado na área da saúde, quando falamos em 
prevenção de doenças e, ele também pode ser aplicado aqui. A diferença 
é que neste caso, a prevenção será relacionada às falhas, interrupções, 
acidentes, ou imprecisões em leituras feitas por esses equipamentos.
A Manutenção Preventiva refere-se às atividades programadas e que res-
peitam as orientações do fabricante, ela consiste basicamente em ações 
como:	calibrações,	substituição	de	peças,	lubrificação,	limpeza	etc.	(WHO,	
2011c).
De modo geral, a substituição de peças obedece a um contador de horas, 
denominado “timer” ou horímetro, que indicará o quanto tempo este equi-
pamento	ficou	trabalhando,	semelhante	a	um	carro	que	marca	a	quilome-
tragem percorrida. Assume-se, que ao atingir um determinado número de 
horas estabelecido pelo fabricante, deve-se realizar a substituição da peça.
48
Esse limite de horas estabelecido pelo fabricante para substituição das 
peças está fundamentado em testes realizados em laboratório durante 
o desenvolvimento de um projeto, onde determinadas peças são sub-
metidas à ensaios de qualidade e, então, as medidas das variáveis de 
consumo e desgaste são obtidas para preconizar a periodicidade de 
substituição.
Quando você, gestor, adquirir seu equipamento médico assis-
tencial para sua unidade e, enquanto este equipamento estiver 
em garantia de aquisição e caso alcance o tempo necessário 
para substituição de peças de acordo com o manual do fabri-
cante, isso poderá ser feito sem custo para você! Para isso, 
lembre-se de informar nas cláusulas do Termo de Referência 
de aquisição essa prerrogativa, evitando contratempos. 
Atenção!
Depois	de	findado	o	período	de	garantia	de	aquisição,	 caso	 você	não	
tenha uma equipe de Engenharia Clínica na sua unidade será necessário 
contratar esse serviço de manutenção preventiva com o representante 
autorizado do produto.
Caso seu serviço já seja constituído por uma equipe de Engenharia Clínica 
é recomendável que no Termo de Referência você inclua na aquisição a 
capacitação	dos	seus	profissionais,	de	modo	que	ao	terminar	a	vigência	
da	garantia	de	aquisição,	o	time	de	profissionais	da	sua	unidade	realize	
as manutenções.
Estimado aluno, lembre-se que a manutenção preventiva é um condicio-
nante importante para que você obtenha uma maior sustentabilidade 
ao seu parque tecnológico e ao mesmo tempo garanta assistência médi-
ca de qualidade no seu EAS.
MANUTENÇÃO CORRETIVA
Embora para muitos de nós, este assunto seja bastante conhecido, 
vamos chamar a atenção principalmente para a questão da qualidade 
das manutenções. 
Você já teve curiosidade de ler uma ordem de serviço? Você pode estar 
pensando, “mas não sou Engenheiro, o que vai adiantar eu ler, se eu não 
vou entender nada”? 
49
Pois é, caro estudante, caso na sua Unidade não exista ainda uma equipe 
de Engenharia Clínica e você está contratando um serviço que consiste 
no reparo de um EMA e recebeu um ou mais orçamentos por parte dos 
prestadores de serviço é importante pelo menos conhecer o que exigir 
dessas empresas.
Para tanto, atenção a estes passos:
O	primeiro	passo	é	identificar	se	essa	empresa	que	está	orçando	um	ser-
viço de reparo é uma assistência técnica autorizada do fabricante. 
Outro	 aspecto	 é	 verificar	 se	 no	 orçamento	 foi	 descrito	 quais	 os	 itens	
serão reparados ou substituídos, de modo que, caso haja uma reincidên-
cia	do	problema	apresentado,	você	possa			identificar	se	são	as	mesmas	
peças que já foram reparadas ou substituídas.
Caso você tenha interesse, é seu direito também, solicitar ao prestador 
de serviço a devolução das peças que foram substituídas, mesmo que 
você não faça uso delas, mas que, de certa forma, pode inibir o mau 
comportamento de empresas que agem de maneira ilícita, substituindo 
peças que na verdade não apresentavam defeito algum.
Um outro aspecto se refere ao teste após entrega do produto reparado. 
É muito comum depararmos com situações onde o prestador de serviço 
entrega um produto para você via transportadora e ao chegar no servi-
ço,	você	disponibiliza	para	os	profissionais	de	saúde	utilizá-los	e,	logo	em	
seguida	você	é	acionado	novamente	pelo	corpo	profissional	de	saúde	que	
reclama que o equipamento continua apresentando o mesmo problema.
Uma maneira de evitar contratempos como esse, quando você não tem 
um serviço de Engenharia Clínica na sua unidade, é pedir a presença de 
um técnico da empresa responsável na entrega do produto e que este 
acompanhe seu funcionamento após sua entrega. Isso evitará questões 
como:	 “foi	o	profissional	de	saúde	que	estragou	novamente	o	equipa-
mento”, ou que “eles não sabem usar o equipamento”, ou ainda que “foi 
culpa da empresa de logística que avariou o mesmo durante o transpor-
te”, ou até mesmo que “a infraestrutura do serviço onde o equipamento 
está	ligado	é	precária	e	o	danificou”.
50
Caso você pertença à administração pública, lembre-se de se 
resguardar para evitar problemas de ordem legal e documente 
tudo. Elabore um documento de aceite, na qual tanto você que 
está	intermediando	a	contratação	do	serviço,	como	o	profis-
sional de saúde que está utilizando o produto, assim como, o 
representante autorizado que acompanhou o teste assumam 
a responsabilidade pelo recebimento do equipamento em per-
feitas condições para funcionamento e então, somente após 
o	aceite	você	libera	a	nota	fiscal	para	o	pagamento.
Atenção!
Já que falamos bastante sobre Manutenção Corretiva, vamos ao seu con-
ceito teórico. 
A manutenção corretiva (MC) compreende basicamente as atividades 
destinadas	 a	 restaurar	 a	 integridade	 física,	 segurança	 e/ou	 desempe-
nho de um EMA após uma falha causada por qualquer motivo, seja ele 
conhecido	ou	desconhecido	(WHO,2011b).
Gostaria de chamar atenção também para os casos denominados corri-
queiros e aqueles que são também de urgência. Lembre-se que estamos 
em um ambiente de saúde e todo cuidado é pouco, não é mesmo? É 
muito comum que todo EAS tenha um almoxarifado central e também 
haja almoxarifados setorizados, ou seja, um apenas para farmácia, outro 
apenas para o serviço de nutrição e dietética e um para manutenção.
Havendo ou não um almoxarifado para manutenção é importante que 
itens, como as peças de maior saída e que os valores são menores, 
sejam adquiridos por você gestor, evitando que seu EAS tenha um ser-
viço interrompido devido a manutenção. Itens como fusíveis, lâmpadas, 
baterias, pilhas, cabos de força, fontes de alimentação entre outros são 
imprescindíveis	 e	 podem	 inclusive	 salvar	 vidas.	 Caso	 você	 tenha	 difi-
culdade em saber quais itens de manutenção são mais importantes e 
deverão constar no estoque do seu almoxarifado, faça uma curva ABC, 
também denominado como “Análise de Pareto” 
51
Curva ABC
 A curva de experiência ABC, também conhecida como Análise 
de	Pareto,	ou	Regra	80/20,	é	um	estudo	que	foi	desenvolvido	
por Joseph Moses Juran, um importante consultor da área da 
qualidade	que	identificou	que	80%	dos	problemas	são	geral-
mente	causados	por	20%	dos	fatores	e	auxilia	na	classificação	
dos itens em estoque de acordo com sua importância relativa.
(http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-e-como-funcio-
na-a-curva-abc-analise-de-pareto-regra-80-20/ )
Saiba mais
Após estudarmos a manutenção corretiva e preventiva, vamos agora 
conhecer um outro tipo de manutenção muito importante no âmbito 
da saúde e que, infelizmente, é muito pouco praticada: a manutenção 
preditiva.
MANUTENÇÃO PREDITIVA
A manutenção preditiva, também muito importante em um Programa 
de Manutenção, corresponde basicamente de visitas in loco nos serviços 
com	vistas	a	identificar	o	status quo de algunsequipamentos durante sua 
utilização e que porventura estão em vias potenciais de ocasionar uma 
falha ou mau funcionamento.
Analise a seguinte situação representada abaixo:
http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-e-como-funciona-a-curva-abc-analise-de-pareto-regra-80-20/
http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-e-como-funciona-a-curva-abc-analise-de-pareto-regra-80-20/
52
E, então? Conseguiu perceber?
Sabendo	que	há	um	fio	exposto	no	cabo	do	ECG,	você	pode	imaginar	que	
o	paciente	ficará	sem	monitoração	e	já	solicita	ao	profissional	de	saúde	
que separe este material para encaminhar para uma manutenção. 
Observe que não podemos denominar esta ação como sendo uma 
manutenção corretiva, uma vez que o objeto ainda não está totalmente 
danificado,	mesmo	porque	ele	 continua	monitorando	aquele	paciente	
e também não podemos dizer que é manutenção preventiva, uma vez 
que, essa intervenção não é programada e não foi estabelecida em con-
formidade com o manual do fabricante.
Alguns serviços denominam essa atividade como “Ronda 
Hospitalar” por não existir um agendamento com as áreas 
visitadas, salvo algumas exceções, onde não é permitido o 
acesso em qualquer momento e necessita de autorização. O 
objetivo é percorrer os ambientes e ver as condições de uso 
de cada tecnologia. 
Você sabia?
53
Para a seleção das áreas que necessitam maior frequência de visitas 
para inspeção preditiva, você poderá utilizar de alguns critérios de elegi-
bilidade conforme apresentamos a seguir:
• Classificação de risco;
• Probabilidade maior de prevenção de problemas;
• Histórico de incidentes;
• Requisitos normativos ou do fabricante;
• Tempo de uso da tecnologia.
Um outro aspecto interessante a ser mencionado é que ao implementar 
essa tarefa na sua gestão, você terá uma redução de imprevistos com 
relação a interrupção de um procedimento médico, promovendo um 
melhor	planejamento	na	aquisição	de	materiais	e	possivelmente	identifi-
car o que está gerando essas quebras constantes e, então, poder intervir 
previamente	de	modo	mais	eficiente.
Agora que você já conhece o conceito dos três tipos principais de manu-
tenção na área da saúde, vamos explorar um pouco sobre outras ações 
importantes nesse assunto e que irão aperfeiçoar cada vez a gestão des-
tes ativos.
CONTROLE DE QUALIDADE
Você já deve ter ouvido falar muito nesse assunto não é mesmo? Mas o 
que exatamente compreender quando estamos tratando de qualidade 
no cenário da saúde?
A mais importante condição a ser observada, quando falamos de quali-
dade nos processos de saúde é saber que esse controle tem como bem 
maior a preservação da saúde daqueles que usufruem dessas tecnolo-
gias e também daqueles que a manuseiam.
Esse controle para manutenção é importante tanto para aquelas reali-
zadas internamente (equipe interna do EAS), como para as executadas 
por terceiros, pois ela permite a conferência daquilo que foi realizado 
e como foi realizado, além de evitar possíveis acidentes, assim como, 
pagamentos indevidos por algo que foi contratado e não foi executado 
ou foi parcialmente executado por qualquer motivo alheio.
54
A avaliação técnica após o retorno de uma intervenção requer testes 
quantitativos e qualitativos de modo a atender todas as medidas de pre-
caução, assim como avaliar a qualidade da mão de obra dos prestadores 
de serviço e também da equipe interna de manutenção da Engenharia 
Clínica, quando for o caso.
Entretanto,	para	que	esse	controle	de	qualidade	seja	eficiente,	recomen-
da-se que o gestor do grupo de manutenção disponha de um banco de 
dados para gestão da manutenção dos EMAs e o mantenha atualizado. 
Essa atualização poderá conter algumas informações para futuras con-
sultas e rastreamento das atividades executadas em um equipamento 
específico.	 Decisões	 sobre	 futuras	 aquisições,	 novas	 contratações	 de	
mão de obra poderão ser sustentadas através de informações, tais como:
• Número e tipo de falhas ocorridas no equipamento;
• Comparação das falhas que foram relatadas pela equipe de Engenharia Clí-
nica com aquelas relatadas pelas empresas prestadoras de serviço;
• Tipo e número de peças que estão sendo substituídas no equipamento, 
tanto em serviços internos como externos;
• Custo por serviço (interno e externo) e custo acumulado;
• Datas de realização de cada serviço e, consequentemente, o MTBF (Mean 
Time Between Failures) ou TMEF (Tempo Médio entre Falhas).
Não obstante é importante também que esse controle de qualidade ava-
lie os aspectos referentes ao tempo de atendimento da ocorrência, a 
cordialidade e pró-atividade da equipe de Engenharia Clínica do EAS e, 
se a equipe mantém informado o corpo clínico sobre os procedimentos 
que foram executados no equipamento enquanto em manutenção, pre-
visão de entrega, elaboração de treinamentos da equipe clínica, resoluti-
vidade na primeira manutenção, por exemplo, entre outros.
A garantia de satisfação dos usuários frente aos serviços de manutenção 
e instalação dos equipamentos é um dos “termômetros” para conhecer os 
pontos fortes e fracos e assim permitir uma possível reavaliação dos pro-
cessos executados pela equipe de manutenção, seja ela externa ou interna.
CALIBRAÇÃO
Certamente não deve ser estranho para você esse termo também, não 
é mesmo? Você sempre que vai ao posto de combustível abastecer seu 
veículo, se lembra de calibrar os pneus do carro ou da sua bicicleta não 
é mesmo?
55
Mas será que tecnicamente podemos considerar isso uma calibração?
Segundo o Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM), calibração é a 
operação	que	estabelece,	sob	as	condições	especificadas,	em	uma	pri-
meira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição 
fornecidas por padrões e as indicações correspondentes com as incer-
tezas associadas; em uma segunda etapa, utiliza esta informação para 
estabelecer uma relação visando à obtenção de um resultado de medi-
ção a partir de uma indicação.
Ou seja, percebam que erroneamente o que popularmente chamamos 
de “calibrar os pneus” do carro não está correto, pois o enchimento dos 
pneus com ar ou nitrogênio consiste basicamente de uma ação de ajuste 
de pressão, que não está em ambiente controlado e, além disso, lá no 
equipamento usado para encher os pneus não é sempre que teremos as 
informações de incertezas de medição com fácil acesso. 
Ademais, os equipamentos utilizados para encher os pneus também 
necessitam periodicamente de manutenção dos seus elementos cons-
trutivos internos, devido ao ressecamento provocado pelo ar que vem 
do compressor e claro, da fadiga mecânica natural das peças. 
Figura 25 - Demonstração de pneu sendo enchido
Fonte:	http://abr.org.br/noticia/calibrar-o-pneu-corretamente-e-coisa-seria/
Desse modo, o que fazemos então é o enchimento dos pneus com pres-
são positiva de ar ou nitrogênio e não chega ser uma calibração do pneu 
propriamente	dita,	como	vimos	na	definição	acima	do	VIM.	Aliás,	o	que	
se espera é que esse equipamento que enche os pneus com a pressão 
que você selecionou esteja calibrado e, preferencialmente, com instru-
mentos rastreáveis, evitando que você entregue maior ou menor quan-
tidade de pressão daquela previamente selecionada.
http://abr.org.br/noticia/calibrar-o-pneu-corretamente-e-coisa-seria/
56
Já no universo dos equipamentos eletromédicos temos uma gama de 
grandezas a serem mensuradas e que requer calibrações periódicas, para 
que	os	valores	lidos	pelos	profissionais	de	saúde	sejam	fidedignos.	Essas	
calibrações periódicas são necessárias tendo em vista que o uso constante 
destas tecnologias gera mudanças nas características técnicas dos mate-
riais que constituem o equipamento, causadas por exemplo pela fadiga 
dos elementos mecânicos, vida útil dos componentes, entre outros. 
Vejamos por exemplo, as variações na força elástica de uma mola, altera-
ção nas propriedades elétricas dos componentes, consequência de fato-
res externos como temperatura, umidade relativa do ar, energia eletro-
estática, a pressão atmosférica

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