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Físico-química aplicada à farmácia Aula 9: Coloides – Parte I Apresentação Os sistemas coloidais são usados por nós na higiene pessoal, nos cosméticos, na alimentação e nos remédios que tomamos. Como esse tipo de mistura possui uma importância muito grande, é fundamental que saibamos conceituá-los e, também, fazer a sua classi�cação. Objetivos Identi�car as principais características dos sistemas coloidais; Descrever as classi�cações dos coloides. Três tipos de sistemas A adição de solutos em solventes dá origem a três tipos de sistemas: 1 Solução Mistura homogênea com diâmetro médio das partículas entre 0 e 1nm (partículas ín�mas). 2 Solução coloidal Solução onde as partículas dispersas têm um tamanho médio compreendido entre 1 e 100 nanômetros (nm), denominadas partículas coloidais (partículas pequenas). 3 Suspensão Mistura que possui aglomerados de átomos, íons ou moléculas, que apresentam tamanho médio das partículas acima de 1.000nm (partículas grandes). “Agite antes de usar” Os coloides estão presentes no nosso dia a dia em medicamentos, iogurte, leite, sangue, tintas, geleia etc. Na �gura, é possível observar as partículas de sangue sedimentadas após a centrifugação. Já percebemos que, com a agitação, é possível unir as partículas coloidais. Essa é a razão para que alguns produtos tragam a indicação de “agite antes de usar”. Partículas de sangue sedimentadas após a centrifugação. (Fonte: Mundo educação). Atenção As misturas coloidais apresentam as características de não se sedimentarem naturalmente e nem poderem ser �ltradas. Efeito Tyndall Esse efeito ocorre quando há a dispersão da luz pelas partículas coloidais, sendo possível visualizar o trajeto que a luz faz, pois, estas partículas dispersam os raios luminosos. Quando a luz incide sobre uma solução verdadeira, não é possível observar nada, mas, se este mesmo feixe luminoso incide sobre uma dispersão coloidal (coloide), os pontos luminosos da trajetória da luz são facilmente vistos. A �gura mostra um laser incidindo sobre uma solução verdadeira (A) e uma solução coloidal (B), onde se observa o desvio da luz apenas na solução coloidal (B). Laser incidindo sobre uma solução verdadeira (A) e uma solução coloidal (B). (Fonte: Brasil escola). . Movimento Browniano Movimento Browniano. (Fonte: Designua / Shutterstock). Mediante a mesma experiência apresentada para exempli�car o efeito Tyndall, é possível observar o movimento aleatório das partículas na mistura. Esse é um fenômeno pelo qual partículas pequenas suspensas em um líquido tendem a se mover em caminhos pseudoaleatórios através do líquido, mesmo se o líquido em questão estiver em repouso, o que é chamado de movimento Browniano. s Características dos sistemas coloidais Resumidamente, podemos destacar as seguintes características dos sistemas coloidais: 1 As fases da mistura não se diferenciam facilmente. 2 O intervalo do tamanho das partículas é de 1 e 100 nanômetros. 3 Apresentam Efeito Tyndall. 4 Não sedimentam de forma natural e não podem ser �ltrados. 5 Apresentam Movimento Browniano. Tipos de coloides Existem vários tipos de misturas que formam coloides. Foi feita uma classi�cação desses coloides de acordo com o tipo de solvente e soluto que o compõem, como pode ser visto na tabela: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Classificação dos coloides de acordo com as fases dispersa e de dispersão Coloide Fase dispersa Epiderme Fase de dispersão Exemplo Aerossol líquido Líquido Gás Neblina, desodorante Aerossol sólido Sólido Gás Fumaça, poeira Espuma Gás Líquido Espuma de sabão e de combate a incêndio Espuma sólida Gás Sólido Isopor®, poliuretana Emulsão Líquido Líquido Leite, maionese, manteiga Emulsão sólida Líquido Sólido Margarina, opala, pérola Sol Sólido Líquido Tinta, pasta de dente Sol sólido Sólido Sólido Vidro e plástico pigmentado Fonte: (Química Nova na Escola, n. 9, maio 1999). Agora, veremos detalhes de cada um: 1 - Aerossol líquido Resultado da condensação de vapor d’água que, sob a forma de gotículas, �ca suspenso na atmosfera, quase sempre junto à superfície terrestre. Os aerossóis têm uma vasta aplicação em medicina, na indústria alimentícia, nos cosméticos, nos produtos farmacêuticos, entre outros. 2 - Aerossol sólido Formado pela dispersão de um sólido em um gás, ou seja, é um gás que contém uma suspensão de matérias sólidas sob a forma de partículas muito �nas, como na fumaça. 3 - Espuma líquida Formada pela dispersão de um gás em um líquido, como a espuma de sabão, a clara de ovo batida e a espuma de combate a incêndios. 4 - Espuma sólida Formada por bolhas de gás muito pequenas dispersas em um sólido, como as espumas de lavar louças, dos colchões, dos travesseiros, das almofadas e do isopor. 5 - Emulsão líquida Formada pelas dispersões coloidais de um líquido em outro líquido, que são estabilizados por um agente tenso ativo que se localiza na interface entre as fases líquidas. Exemplo: leite, maionese, manteiga. 6 - Emulsão sólida Dispersão coloidal na qual o disperso é líquido e o dispersante é sólido, como a margarina. 7 – Sol Coloide formado por partículas sólidas �namente divididas e dispersas em um meio líquido, como o leite de magnésia. Esse tipo de solução coloidal é muito encontrada nas células vegetais e animais, no sangue e em muitos outros �uidos biológicos. 8 - Sol sólido Coloide no qual o disperso e o dispersante são sólidos. Exemplos: vidro e plásticos coloridos. 9 – Gel Coloide no qual o disperso é o líquido e o dispersante é o sólido. Nesse tipo de coloide, por meio de uma mudança de temperatura ou pH, as partículas formam uma malha tridimensional, que mantém o dispersante sólido em uma estrutura semirrígida. Consequentemente, ele passa a ter algumas propriedades macroscópicas parecidas com as dos sólidos, como a elasticidade e a manutenção do formato, mas não pode ser classi�cado como sólido, pois não possui um retículo cristalino. Exemplos: Remédios em gel para contusões, gel de cabelo e gelatina. Transformações: fase gel – fase sol Dica O hialoplasma é um coloide que, nas regiões periféricas da célula, tem a consistência de gel, e é chamado de ectoplasma. Já a parte mais interna do citoplasma é um sol, que é chamada de endoplasma. Classi�cação dos coloides em relação à dispersão Os coloides também podem ser classi�cados de acordo com a sua dispersão, ou seja, de acordo com a forma como ele se dispersa. 1. Coloides lió�los 2. Coloides liófobos 3 - Coloides de associação ou an�fílico São aqueles em que a substância se dispersa espontaneamente no dispersante, além do fato do coloide sol se transformar em gel espontaneamente, sendo, por isso, chamado de reversível. Quando o meio de dispersão for líquido, o coloide será chamado de hidró�lo. Um exemplo comum de sistema liofílico é o sabão disperso na água. Sabão disperso na água. (Fonte: Donald Bowers Photography / Shutterstock). São aqueles em que a substância não se dispersa espontaneamente no dispersante. Nesta classi�cação, um coloide não se transforma espontaneamente no outro. É irreversível. Quando o meio de dispersão for líquido, o coloide será chamado de hidrófobo. Um exemplo é o ouro coloidal. Fonte (Kollawat Somsri / Shutterstock). Formados pelo agrupamento de moléculas que apresentam propriedade liofílicas e liofóbicas. Os coloides de associação formam dispersões em meio aquoso e, também, em meio não aquoso e, dependendo do seu caráter e da fase dispersante, podem ser tornar solvatados ou não. Na maioria das vezes, os colides an�fílicos aumentam a viscosidade do meio de dispersão, quando se encontram em concentrações elevadas. No corpo humano, as moléculas grandes que formam as enzimas e os anticorpos são mantidas em suspensão por interações com as moléculas de águana vizinhança. Essas moléculas se dobram de forma que os grupos hidrofóbicos �cam afastados das moléculas de água, na parte interna das moléculas dobradas, enquanto os grupos hidrofílicos polares permanecem na superfície, interagindo com as moléculas de água. A �gura mostra a presença de grupos hidrofílicos na superfície de uma macromolécula que ajudam a manter a mesma suspensa em água. Grupos hidrofílicos na superfície de uma macromolécula. (Fonte: Química – A Ciência Central, LEMAY JR; EUGENE; BURSTEN; BRUCE E; THEODORE E; BROWN, 2017). . Os coloides hidrofóbicos podem ser preparados em água se forem estabilizados por adsorção de íons na superfície. Esses íons podem interagir com a água e, consequentemente, estabilizar o coloide. Observe esta estabilização por adsorção de ânions: Estabilização por adsorção de ânions. (Fonte: Química – A Ciência Central, LEMAY JR; EUGENE; BURSTEN; BRUCE E; THEODORE E; BROWN, 2017). Exemplo Um bom exemplo da estabilização dos coloides ocorre no sistema digestivo, pois quando as gorduras ingeridas atingem o intestino delgado, a vesícula biliar excreta uma bile, que possui compostos que têm uma ponta hidrofílica (polar) e uma ponta hidrofóbica (apolar). Esses compostos emulsionam as gorduras presentes no intestino e permitem a digestão e a absorção de vitaminas solúveis em gordura pelas paredes do intestino. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. Quando se dispersam, em água, moléculas ou íons, que têm, em sua estrutura, extremidades hidrofóbicas e hidrofílicas, a partir de uma determinada concentração, há agregação e formação de partículas coloidais, denominadas micelas. Tal propriedade é típica de moléculas de: a) Lipídio. b) Hidrocarboneto alifático. c) Hidrogênio. d) Aminoácido. e) Sabão. 2. As partículas de um coloide hidrófobo podem ser separadas de uma dispersão aquosa (sol) por todos os métodos abaixo, EXCETO: a) Adição à solução de um eletrólito apropriado. b) Filtração através de papel de filtro comum. c) Ultracentrifugação. d) Coagulação. e) Diálise. Classi�cação dos coloides de acordo com a sua composição Com relação à sua composição, os coloides podem ser classi�cados como: Clique nos botões para ver as informações. Nos coloides micelares, as partículas dispersas são formadas por átomos agregados. As micelas são o resultado da interação de moléculas an�páticas, ou seja, possuem uma cauda hidrofóbica, formada por hidrocarbonetos e também possuem uma cabeça polar, que é hidrofílica, como pode ser visto na �gura: As micelas são capazes de interagir com: A água, por meio do seu grupo polar hidrofílico. Moléculas de gordura, por meio da porção hidrofóbica. Essas moléculas apresentam um formato globular, em que a porção hidrofóbica �ca excluída da água. Dessa forma, é possível ocorrer um certo isolamento do interior da micela, em relação ao meio externo. A importância desse fenômeno nos sistemas biológicos é a formação da membrana celular, que é composta por uma dupla camada lipídica, similar às micelas, que forma uma barreira, possibilitando uma divisão da célula, onde o interior tem composição diferente do exterior, o que confere uma seletividade entre o que entra e o sai da célula. Micelares Os coloides moleculares são compostos por macromoléculas, normalmente polímeros. Exemplo: Amido na água. Moleculares A composição dos coloides iônicos é feita por macroíons. Exemplo: Proteínas na água. Iônicos Remoção de partículas coloidais Em algumas situações, as partículas coloidais precisam ser retiradas de um determinado meio dispersante, como na remoção da fumaça das chaminés para o controle da poluição. Como apresentam um tamanho muito pequeno, as partículas coloidais não podem ser separadas por �ltração. Dessa forma, as partículas coloidais são aumentadas por processo chamado coagulação, e as partículas maiores podem, então, ser separadas por �ltração ou decantação. Diagrama de coagulação. (Fonte: Portal petróleo e energia). A coagulação é realizada por meio do aquecimento ou da adição de um eletrólito à mistura, que aumenta o movimento das partículas e, consequentemente, o número de colisões. As partículas aumentam de tamanho porque se unem depois de colidirem. Já a adição de eletrólitos neutraliza as cargas super�ciais das partículas, removendo as repulsões eletrostáticas que evitam que se agrupem. As membranas semipermeáveis podem também ser usadas para separar íons de partículas coloidais, uma vez que os íons, por serem pequenos, podem passar pela membrana, mas as partículas coloidais, em função do seu tamanho, não podem. Esse processo é conhecido como diálise e é utilizado na puri�cação do sangue em aparelhos de hemodiálise. Nesses aparelhos, o sangue circula em um tubo chamado de dialisador, que �ca imerso em uma solução lavadora, que é isotônica em íons que devem ser retidos pelo sangue, mas é de�ciente dos demais produtos. Dessa forma, os resíduos se dialisam do sangue, mas os íons não. Atividade 3. Considere os seguintes sais: I. Al(NO ) II. ZnCl III. NaCl IV. CaCl Assinale a opção que apresenta o(s) sal(is) que causa(m) a desestabilização de uma suspensão coloidal estável de sulfeto de arsênio (As2S3) em água. 3 3 2 2 a) Nenhum dos sais relacionados. b) Apenas os sais II, III e IV. c) Apenas o sal I. d) Apenas os sais I e II. e) Todos os sais. 4. Em relação às a�rmações: 1. Sol é uma dispersão coloidal na qual o dispergente e o disperso são sólidos. 2. Gel é uma dispersão coloidal na qual o dispergente é sólido e o disperso é líquido. 3. A passagem de sol para gel é chamada. pectização 4. A passagem de gel para sol é chamada. peptização a) 1 e 2 b) 2 e 3 c) 1, 3 e 4 d) 2, 3 e 4 e) Todas. 5. Considere os sistemas utilizados no cotidiano a seguir: I. Creme de leite. II. Maionese III. Óleo de girassol. IV. Gasolina pura. V. Isopor. Desses, são classi�cados como sistemas coloidais: a) Apenas I e II. b) Apenas I, II e III. c) Apenas II e V. d) Apenas I, II e V. e) Apenas III e IV. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências ATKINS, P., PAULA, J., SMITH, D. Físico-química: fundamentos. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018 LEVINE, Ira. Físico-química. Rio de Janeiro: LTC, 2012. Próxima aula Propriedades ópticas e cinéticas dos coloides; Estabilidade de sistemas coloidais; As aplicações farmacêuticas dos coloides. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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