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AP1 211 LPIn

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD
AVALIAÇÃO PRESENCIAL 1 – 2021.1
PRAZO FINAL PARA POSTAGEM: 24/04 - 10h
Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental
Coordenadora: Profa. Helena Feres Hawad
Aluno(a): 
Matrícula: 		Polo: ANGRA DOS REIS 
INSTRUÇÕES
· Esta prova contém um texto e nove questões, no total de quatro páginas (incluindo esta página com cabeçalho e instruções).
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BOM TRABALHO!
Educação antirracista é condição para interromper o genocídio negro
Alexandre Schneider
Beto Freitas, 40, foi assassinado por asfixia diante de 15 testemunhas em um supermercado Carrefour de Porto Alegre. Antes dele, vieram Pedro Gonzaga, 19, asfixiado por um segurança em uma unidade do supermercado Extra no Rio de Janeiro e João Victor, 13, agredido e arrastado para fora de uma loja do restaurante Habib’s em São Paulo.
O traço comum nesses casos, além do racismo, é a forma como nós brancos e a imprensa comumente os tratamos. Tendemos a individualizar a análise, pedimos justiça, demonstramos empatia, choque e nos solidarizamos com a família das vítimas. Ao tratar esses casos como algo singular, perdemos sua dimensão universal: esses crimes evidenciam o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.
É por tratar desses casos como um desvio e não como efeito de uma característica fundante da nossa sociedade que as reações são sempre as esperadas: as empresas demitem seus seguranças e as autoridades emitem notas de repúdio. Enquanto isso, os negros continuam vítimas de violência física e simbólica, como quando chamam mais a atenção dos seguranças do que dos vendedores ao adentrar uma loja qualquer.
Há um verdadeiro genocídio negro no Brasil. Segundo o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança pública de 2020, três em cada quatro vítimas de crime violento no Brasil são negros. Dois em cada três policiais mortos no Brasil são negros. Os negros formam a maioria da população carcerária e das vítimas de violência policial. Voltou a ser comum o ataque a centros que abrigam religiões de matriz africana.
O racismo reforça a desigualdade no Brasil, em todas as suas dimensões. Não vamos superá-lo sem uma mudança profunda em nossas instituições públicas e privadas. A educação é um instrumento poderoso e necessário para desnaturalizar o racismo.
A lei federal 11.645 de 2008 regulamentou a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena nos ensinos fundamental e médio. A despeito de alguns avanços, sua aplicação ainda esbarra no preconceito de muitos educadores, na ausência de materiais didáticos adequados, na formação dos professores e na resistência das escolas.
A construção de uma escola antirracista vai além de tirar do papel a lei 11.645. É preciso operar uma mudança na formação de todos os seus profissionais. A escola deve cumprir seu papel de ser um espaço de aprendizagem que permita aos estudantes conviverem com as diferenças sem anular aquilo que constitui sua identidade.
O compromisso real se inicia na educação infantil, com a adoção de uma pedagogia centrada na compreensão e valorização das diferenças. Nessa etapa o corpo e o cabelo são elementos de formação da identidade. Em vez de seguir — por ação ou omissão — reforçando o padrão eurocêntrico da pele branca e do cabelo liso, a escola deve proporcionar às crianças rodas em que repensem esses padrões e valorizem a diversidade. Prender o cabelo, alisá-lo ou raspá-lo em busca de aceitação é uma violência contra a identidade das crianças pequenas.
Nas demais etapas de ensino, os estudantes pretos abandonam a escola em maior proporção e têm desempenhos educacionais inferiores aos brancos, dada a diferença de oportunidades educacionais entre os dois grupos, desde cedo. A criação de indicadores e metas de redução da desigualdade educacional, bem como a adoção de políticas específicas para alcançá-las é o melhor caminho a ser seguido.
Há um movimento de pais de escolas de elite em São Paulo para que estas tenham um projeto antirracista. Algumas já estão propondo bolsas de estudos para estudantes negros. É meritório e saudável, mas não basta. É preciso investir na formação dos profissionais e no projeto pedagógico da escola e em medidas de apoio pedagógico e emocional para que os estudantes negros possam melhor frequentar ambientes ainda primordialmente brancos.
Os assassinatos de Beto Freitas e de tantos outros não foram fruto de desvios individuais, mas resultados de uma sociedade estruturalmente racista. Ampliar políticas de ação afirmativa, reformar instituições públicas e privadas são ações para que rompamos com nosso falso e perverso pacto racial brasileiro, que ceifa vidas e sonhos. Mas é preciso mudar a educação. A educação antirracista é condição para interromper o genocídio negro.
Folha de São Paulo. 23/11/20
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandre-schneider/2020/11/educacao-antirracista-e-condicao-para-interromper-o-genocidio-negro.shtml
Adaptado.
1.(1,0)Identifique a relação entre o título e a tese do texto.
O artigo de Alexandre Schneider trata de um importante tema acerca da necessária e urgente redução da desigualdade racial que historicamente nosso país vive. Cita casos recentes e importantes, que foram evidenciados na mídia e faz um balanço que o racismo vem enraizado na sociedade, de uma forma coletiva. Apesar de terem sido crimes onde foram responsabilizadas pessoas, Schneider trata que o genocídio negro que acontece no Brasil pode sim atribuído a uma camada da sociedade que comete tais crimes de forma indireta, como determinada empresa que faz apenas uma nota de repúdio, demite determinada pessoa e não toma nenhuma atitude enérgica, fazendo com que os crimes citados causem comoção, venda notícias, mas não inicia nenhuma mudança.
E a proposta do autor é que a educação tome o lugar da amenidade e se torne prática constante desde o primeiro contato de todo ser humano com o saber, na primeira infância. Cita e sugere métodos que façam efeitos reais para o surgimento de uma educação antirracista que impeça ou diminua drasticamente o genocídio da população negra, que é a grande maioria em nosso território.
2.(1,0)Avalie a contribuição das informações constantes no primeiro parágrafo para a construção da coerência externa do texto.
O autor utiliza casos reais e recentes de genocídio à população negra em três capitais de nosso país, mostrando que a cultura do pré-julgamento e constante preconceito estão enraizados em todos os cantos, exemplificando casos conhecidos nacionalmente para mostrar e dar continuidade ao texto, citando como as empresas, sociedade e mídia participam do reforço desta cultura. O leitor, ao ter estes três casos em mente, dará continuidade à leitura sabendo da gravidade da situação em que vivemos, encontrando sentido as teses de Schneider e absorvendo a crítica de que a cultura genocida à população afrodescendenteé real e precisa mudar, e que a educação é palavra-chave para o sentido e objetivo ao artigo.
3.(1,0)Explique, com suas palavras, a crítica que o autor faz às reações comuns diante de crimes contra negros no Brasil.
A reação considerada branda pelos empresários, mídia e sociedade, de certa forma, faz parte de um contexto histórico de cultura racista. Desde a escravidão estes três pilares estão acostumados a tratar o assunto como algo comum, ou até sem importância, afinal, qual a importância da morte de um jovem negro no final do século XIX?
Com o passar dos anos a amenização veio, o Código Penal em 1940 e leis que criminalizam o genocídio tinham o objetivo de cercear aquilo que uma sociedade via como banal, mas em uma sociedade tatuada pelo ódio e racismo fazem que até hoje as reações perante brutais crimes sejam mínimos. A mídia deu importância ao caso, mas é evidente que no real intuito de vender tablóides e reações em rede sociais.
Schneider faz críticas pertinentes aos casos porque se viu na necessidade de falar sobre uma solução eficaz para o assunto: que é interferir diretamente na educação de base. Somente um investimento considerável em educação fará com que esta cultura mude.
4.(1,0)Há um verdadeiro genocídio negro no Brasil.(4º parágrafo)
Indique um dos fatos que o autor apresenta para justificar essa afirmação.
Schneider cita, através de dados estatísticos, que três em cada quatro crimes violentos em nosso país envolvem negros como vítimas, citando que 75% dos casos de agressões, racismo, latrocínios ou assassinatos no Brasil envolve tal parcela da população, considerando assim um exemplo de genocídio negro.
5.(1,0)Aponte uma das medidas que o autor sugere para o estabelecimento de uma educação antirracista.
A educação e um compromisso real de iniciar métodos de ensino na educação infantil. É preciso estabelecer políticas públicas eficazes no combate ao racismo estrutural que se instalou há séculos em nosso país. Ser ensinado desde a primeira infância que todos somos humanos e que as diferenças existem nos torna ricos por este motivo.
6.(2,0)Indique a que se referem, no contexto, as expressões sublinhadas nos fragmentos abaixo.
a.O racismo reforça a desigualdade no Brasil, em todas as suas dimensões. (5º parágrafo)
O autor faz referência a todos os tipos de racismo onde é possível ser encontrado e que tal comportamento evidencia a desigualdade social e moral que nosso país vive. Desde o vendedor que não presta atenção em um cliente negro entrando na loja quanto a ataques bizarros e sem fundamento algum que os negros constantemente sofrem. Ser comparado como igual e viver, sentir na pele tamanha diferença faz com que a desigualdade no Brasil seja reforçada pelo racismo.
b.A despeito de alguns avanços, sua aplicação ainda esbarra no preconceito de muitos educadores [..]. (6º parágrafo)
Trata-se de medidas que foram colocadas em pauta para amenizar a disparidade social e conter o avanço de uma educação pífia aos temas do racismo e agressões à população negra. Scgneider faz referência a Lei Federal 11.645 de 2008, que regulamentou a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena nos ensinos fundamental e médio. A aplicação de tais medidas ainda esbarram no preconceito de muitos educadores.
c.Nessa etapa o corpo e o cabelo são elementos de formação da identidade. (8º parágrafo)
É tratado no artigo sobre a importância de se iniciar um estudo e maior aplicação da educação nos primeiros anos do ensino fundamental, que é nessa etapa da vida que a criança consegue começar a se ver como é, e que para crianças negras o corpo e cabelo tomam identidade e particularidades, assim como em todas as crianças. Direcioná-los a um padrão imposto pela sociedade é uma agressão aos valores e referências dos pais, tios e avós dessas crianças.
d.Há um movimento de pais de escolas de elite em São Paulo para que estas tenham um projeto antirracista. (10º parágrafo)
A expressão sublinhada faz referência às escolas elitistas. Pais de alunos destas começaram a se movimentar para que seja dada oportunidade às crianças negras e/ou de baixa renda, para que possam ter acesso a ensino de qualidade. É citado no artigo que o simples fato de elaborar provas para bolsas de estudo apenas não basta, Schneider diz ser necessário políticas que visam a real inclusão e popularização da presença de crianças negras e pobres nas melhores escolas da cidade.
7.(1,0)Reescreva a frase abaixo, empregando um recurso que reduza o grau de certeza expresso.
A educação é um instrumento poderoso e necessário para desnaturalizar o racismo. (5º parágrafo)
A educação pode ser instrumento que contribua para desnaturalizar o racismo.
8.(1,0)No fragmento abaixo, um verbo auxiliar foi empregado como recurso para expressar necessidade. Reescreva o fragmento, empregando um recurso diferente para exprimir a mesma noção de necessidade.
[...] a escola deve proporcionar às crianças rodas em que repensem esses padrões e valorizem a diversidade.(8º parágrafo)
[...] a escola talvez possa proporcionar às crianças rodas em que repensem esses padrões e valorizem a diversidade.
9.(1,0)Indique um conectivo que poderia ser empregado entre as duas últimas frases do texto, na lacuna abaixo, de modo a explicitar a relação de sentido entre elas.
Mas é preciso mudar a educação,_________ a educação antirracista é condição para interromper o genocídio negro.
Mas é preciso mudar a educação, pois a educação antirracista é condição para interromper o genocídio negro.

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