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Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Farmacologia UCXVI Transtorno de Ansiedade Generalizada TAG O diagnóstico de Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) requer ansiedade e preocupação excessivas na maioria dos dias, por diversos eventos, durante pelo menos seis meses. Deve haver pelo menos três dos seguintes sintomas: inquietação, fatigabilidade fácil, dificuldade em concentrar-se, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono. Sintomas psicológicos e cognitivos: ansiedade excessiva; preocupações difíceis de controlar; sensação de estar “ligado” ou extremamente tenso; dificuldade de concentração ou “brancos”. Sintomas Físicos: inquietação; fadiga; tensão muscular; perturbação do sono e irritabilidade (sintomas cardíacos e respiratórios). Facilmente evolui para síndrome do pânico Objetivos do tratamento: consistem em reduzir a gravidade, a duração e a frequência dos sintomas e melhorar a função global. O objetivo em longo prazo consiste em sintomas mínimos de ansiedade ou nenhum sintoma, ausência de prejuízo funcional, prevenção de recidiva e melhora da qualidade de vida. O principal é o uso de antidepressivos +- BDZ (diminui a agitação) por no máximo 60 dias, depois continuidade apenas com antidepressivos. As modalidades não farmacológicas consistem em psicoterapia*, aconselhamento em curto prazo, manejo do estresse, terapia cognitiva, meditação, terapia de suporte e exercícios. Idealmente, os pacientes com TAG devem fazer psicoterapia, isoladamente ou em associação com tratamento farmacológico. Fármacos associados a sintomas de ansiedade: Anticonvulsivantes: carbamazepina, fenitoína Antidepressivos: ISRS, bupropiona, IRSN Anti hipertensivos: clonidina, felodipino Antibióticos: quinolonas, isoniazida Broncodilatadores: salbutamol, teofilina Corticosteroides: prednisona Agonistas da dopamina: amantadina, levodopa Fitoterápicos: ma Huang, ginseng, efedra Substâncias ilícitas: ecstasy, maconha AINEs: ibuprofeno, indometacina Estimulantes: anfetamina, metilfenidato, nicotina, cafeína, cocaína Simpaticominérgicos: pseudoefedrina, fenilefrina Hormônios tireoidianos: levotiroxina Toxicidade: anticolinérgicos, anti-histamínicos, digoxina OBS.: pode ser devido ao USO de substâncias ou à RETIRADA de substâncias depressoras do SNC (ou seja, a ansiedade é secundária) Fármacos de escolha para tratamento da ansiedade: TAG 1° linha: duloxetina, Escitalopram, paroxetina, Sertralina, venlafaxina XR Transtorno do pânico 1° linha: ISRS, venlafaxina XR TA Social: Escitalopram, Fluvoxamina CR, paroxetina, Sertralina, venlafaxina XR Transtorno de pânico Os benzodiazepínicos constituem os fármacos de segunda linha para o transtorno de pânico, exceto quando é essencial obter uma resposta rápida. Com frequência, são utilizados concomitantemente com antidepressivos nas primeiras 4 a 6 semanas, a fim de obter uma resposta mais rápida aos ataques de pânico. O alprazolam e o clonazepam são os benzodiazepínicos usados com mais frequência. Em geral, obtém-se uma resposta terapêutica em 1 a 2 semanas. Com o alprazolam, podem ocorrer sintomas de escape entre as doses. O uso de alprazolam de liberação prolongada ou clonazepam evita esse problema. A dose inicial de clonazepam é de 0,25 mg duas vezes ao dia, com aumento da dose para 1 mg no terceiro dia. Se necessário, podem ser efetuados Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina aumentos de 0,25 a 0,5 mg a cada três dias até alcançar uma dose de 4 mg/dia. A dose inicial de alprazolam é de 0,25 a 0,5 mg três vezes ao dia (ou 0,5 mg uma vez ao dia de alprazolam de liberação prolongada), com aumento lento da dose no decorrer de várias semanas, se necessário. A maioria dos pacientes necessita de 3 a 6 mg/dia Buspirona (Buspar, Ansitec) Trata-se de uma opção para pacientes que não respondem a outras terapias ansiolíticas ou para aqueles com história de abuso de álcool ou de substâncias. Não causa dependência, não interage com o álcool, menos efeitos adversos que os antidepressivos Não produz efeitos ansiolíticos rápidos ou “quando necessário”. Indicação: específico para TAG Desvantagem: Tempo de latência de cerca de 1 a 2 semanas; deve ser administrado 3x ao dia para ser efetivo. Não está disponível no SUS Boa alternativa aos benzodiazepínicos no tratamento prolongado da ansiedade generalizada. Agonista parcial de receptores pré-sinápticos 5HT1A: diminui a frequência de disparos dos neurônios serotoninérgicos do núcleo da rafe, inibindo a liberação de serotonina com consequentes efeitos ansiolíticos (auto regulatórios) Agonista parcial de receptores pós-sinápticos 5HT1A: quando ativado inibe a adenilato ciclase (ligado a proteína Gi/G0) regulam a velocidade de disparos das células nervosas, incluindo diminuição da liberação de dopamina. Também afinidade pelos receptores dopamínicos D2 cerebrais Se fosse um agonista total, haveria uma resposta muito intensa. Como é um agonista parcial, há uma leve interação que ativa o receptor e provoca resposta mediana, Apresentação: 5 e 10 mg Contraindicação: glaucoma agudo, lactação. A buspirona é rapidamente absorvida por via oral, porém sofre extenso metabolismo de primeira passagem por reações de hidroxilação e desalquilação (CYP3A4), com formação de vários metabólitos ativos. Administrar com as refeições: aumenta a biodisponibilidade porque reduz efeito da primeira passagem. Efeitos adversos: constrição pupilar, tontura, sonolência, nervosismo, zumbido, palpitações, desconforto gastrintestinal. Os estudos mostram que, com o tratamento com buspirona e antidepressivos, a severidade da ansiedade diminui e se mantém com o tempo, em comparação com os benzodiazepínicos. Insônia A insônia é definida clinicamente como uma insatisfação com a qualidade ou quantidade de sono associada a um sintoma noturno (dificuldade de iniciar o sono, em manter o sono ou despertar matinal precoce), situação esta que traz prejuízo no funcionamento diurno deste indivíduo na esfera física (sonolência, fadiga), mental (atenção, concentração, alterações comportamentais e de memória) ou social (familiar e laboral). Esses sintomas devem ter uma duração de pelo menos três meses, ocorrer pelo menos três vezes na semana e não ser melhor explicado por outro transtorno de sono (narcolepsia, parassonias, movimentos das pernas, ritmo circadiano, etc.) Avaliar se insônia é primária ou secundária Comorbidades: relaciona-se com obesidade Epidemiologia: 6 a 10% população Maior prevalência em pessoas do sexo feminino (30-40 anos), idade avançada, baixa renda, desempregados, aposentados e por pessoas que passaram por perdas (divórcio, luto). Impacto saúde pública: Qualidade de vida Potencial de provocar ou agravar outras comorbidades clínicas e psiquiátricas. Destaque: doenças cardiovasculares, diabetes, ansiedade, depressão. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Diagnóstico: eminentemente clínico, sendo necessário uma anamnese detalhada e muita atenção aos aspectos relacionados ao sono, uso de medicamentos, drogas, transtornos psiquiátricos. Se há problema na manutenção do sono → fármacos sedativos Se há problema na iniciação do sono → fármacos hipnóticos/indutores do sono Exames solicitados: polissonografia noturna – método padrão ouro para diagnóstico – realizado em laboratórios de sono. Manejo clínico: identificar se há e resolver fatores desencadeantes e perpetuadores da insônia, duração e gravidade. Dificuldade de iniciar o sono – fármacos hipnóticos, que vão induzir o sono A insônia pode ser classificada quanto a duração (aguda ou crônica) e quanto a etiologia. Complicações: baixo raciocínio, reação lenta, depressão, problemas de memória, HAS, risco de doenças cardiovasculares,DM, mau funcionamento imune, obesidade, etc Estágios do sono: Estágio 1: sono leve; adormecendo; contrações e relaxamentos. Dura minutos Estágio 2: maior parte do sono; qualquer barulho acorda (fisiologicamente aumenta com o nosso envelhecer). Diminui temperatura, frequência cardíaca Estagio 3/4: sono profundo, atividade cerebral intensa (ondas delta), limpeza do cérebro, descarte de memórias de trabalho, ambiente silencioso. o Nesse estado tem sonambulismo/bruxismo o Respiração rítmica e atividade muscular limitada o Produção do GH Estágio 5: sono REM (movimento rápido dos olhos), estágio do despertar, sonhos, consolidação de memórias, evocação da memória o Sonhos o Aumenta FC, músculos relaxam o Liberação de testosterona Antidepressivos aumentam o percentual do estágio 2 e, consequentemente, diminuem o estágio 5 (a queixa essencial é falta de memória) Neurotransmissores relacionados ao sono: Favorecem o sono: GABA, melatonina, adenosina Estimulam o cérebro: NE, DA, 5HT, histamina, acetilcolina e orexina Tratamento: Terapia Cognitiva-comportamental (TCC) – visa aumentar o tempo de remissão e a resposta a terapia farmacológica. TCC reduz a latência do sono e do tempo acordado após adormecer, o que aumenta eficiência do sono, além de combater os vínculos negativos relacionados à frustração e ansiedade em não conseguir dormir. Higiene do Sono – visa educar os hábitos relacionados à saúde (dieta, exercício físico, substâncias) e ao comportamento (luz, barulhos, temperatura e o colchão) que sejam benéficos ou prejudiciais ao sono. Ir ao quarto somente quando tiver sono Contrair e relaxar os músculos do corpo Consolidar o sono com o aumento progressivo do tempo deste Eliminar crenças e atitudes disfuncionais sobre o sono Farmacoterapia: três principais vias de mecanismos de ação: Via Gabaérgica Ação melatonérgica Antagonizar os efeitos da orexina A escolha deve estar baseada ao fenótipo apresentado pelo paciente (insônia inicial, de manutenção ou terminal), a presença de outras comorbidades; perfil de efeitos colaterais, custo, disponibilidade e acesso, histórico de dependência química Antagonista da orexina A neurotransmissão orexininérgica é mediada por dois tipos de receptores pós-sinápticos acoplados às proteínas G, o receptor de orexina 1 (Ox1R) e o receptor de orexina 2 (Ox2R). A orexina A é capaz de interagir com ambos os receptores, enquanto a orexina B liga-se seletivamente ao Ox2R. A ligação da orexina A aos receptores Ox1R leva ao aumento do cálcio intracelular, bem como à ativação do permutador de sódio/cálcio. A ligação das orexinas A e B ao NMDA leva ao aumento da expressão dos receptores glutamatérgicos NMDA (N-metil-D- aspartato), bem como à inativação dos canais de potássio. Não tem no Brasil Os fármacos bloqueiam receptores de orexina (estimulantes do SNC) Ex: lemborexant (Dayvigo - EUA) Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Ação melatonérgica A glândula pineal é uma pequena estrutura localizada entre os hemisférios cerebrais, à frente do cerebelo, na posição póstero-dorsal do diencéfalo. O principal tipo celular da glândula é o pinealócito, apresenta a propriedade e fotorreceptora e função endócrina: produção de melatonina. Os efeitos da luminosidade sobre a produção de melatonina variam, principalmente, conforme o comprimento de onda da mesma e o tempo de exposição. O período de maior síntese é a noite, na ausência de luz É considerado suplemento alimentar → preferencialmente mandar manipular A melatonina atua como agonista dos receptores MT1, MT2. A inibição de neurônios no núcleo supraquiasmático (NSQ) mediada pelo MT1 pode ajudar a promover o sono ao diminuir as ações promotoras de vigília do “relógio” ou do “marca-passo” circadiano que funciona nesse local, talvez ao atenuar os sinais de alerta do NSQ. Isso possibilita o predomínio dos sinais de sono, induzindo-o. Acredita-se que a mudança de fase e os efeitos do ritmo circadiano sobre o ciclo normal de sono/vigília sejam, principalmente, mediados pelos receptores MT2, que transmitem esses sinais ao NSQ. Ou seja: melatonina ativa receptores MT1 e MT2 → inibem os neurônios do NSQ → sonolência O ramelteona (Rozerem®) 8 mg – é um agonista MT1/MT2 comercializado para a insônia. Aumenta a qualidade do início de sono, o induz e ajuda na sua manutenção. Efeitos Adversos: cefaleia, sonolência, tontura, náuseas, fadiga, alterações endócrinas, bem como diminuição dos níveis de testosterona e aumento da prolactina. Indicado para insônia inicial Síndrome de retardo da fase do sono Ciclos sono-vigília alterados (percepção da luz) Jet lag Turnos noturnos de trabalho OBS.: existe também a possibilidade de administrar triptofano → produz serotonina → produz melatonina Ramelteona é rapidamente absorvido após administração oral e sofre extenso metabolismo de primeira passagem, formando um metabólito ativo com meia-vida mais longa (2 a 5 horas) do que o fármaco original. A isoforma CYP1A2 do citocromo P450 é principalmente responsável pelo metabolismo da ramelteona, porém a isoforma CYP2C9 também está envolvida. A ramelteona é classificada pela FDA como um fármaco de categoria C para gravidez Benzodiazepínicos Mecanismo de ação: Os BDZ ligam-se imperfeitamente ao receptor GABA-A e atuam como moduladores alostéricos do receptor Gabaérgico (ativa uma proteína G inibitória) – promovem um aumento na frequência e duração de abertura do canais de cloro, o qual entra na célula (carrega negativamente) e consequente diminuição na excitabilidade neuronal. Quando tomamos álcool ou BDZ, as moléculas se ligam ao sítio alostérico (ao lado) ao GABA. O sítio ativo do GABA muda de conformação, deixando-a melhor para acomodação dele (fortalece a ligação do receptor com o GABA). Quando o SNC está deprimido demais pelo BDZ/álcool, haverá invaginação de receptores inibitórios e maior expressão de receptores excitatórios → essa neuroadaptação acontece em poucos dias Por isso deve ser retirado lento e gradual Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Síndrome de abstinência (pode ocorrer após 3-8 dias): crise excitatória no paciente → convulsão Promovem ação sedativa-hipnótica: reduzem a latência para o sono e/ou promovem aumento do tempo total de sono e na redução dos despertares. Alteram a estrutura do sono: promovem aumento de estágio 2 do sono não-REM, redução do sono de ondas lentas, aumento da latência para o sono REM, redução da densidade de movimentos oculares rápidos no sono REM. A pessoa esquece muitos acontecimentos. Propriedades farmacocinéticas dos BDZ: A maioria dos benzodiazepínicos sofre oxidação microssômica (reações de fase I), incluindo N- desalquilação e hidroxilação alifática catalisada por isozimas do citocromo P450, especialmente a CYP3A4. Subsequentemente, os metabólitos são conjugados (reações de fase II) para formar glicuronídeos, que são excretados na urina. A maioria dos metabólitos de fase I dos benzodiazepínicos são farmacologicamente ativos, alguns com meias-vidas longas. Lorazepam: único excretado diretamente pela urina Outros: metabolizados pelas CYPs → muitos formam metabólitos ativos → aumentam a duração da ação (demoxepam, desmetildiazepam, oxazepam...) Efeitos dos BDZ – Arquitetura do Sono: Os efeitos gerais dos sedativo-hipnóticos sobre os padrões do sono normalmente são os seguintes: A latência até o início do sono é reduzida (tempo até adormecer); A duração do estágio 2 do sono NREM (movimento ocular não rápido) aumenta; A duração do sono REM (movimento ocular rápido) diminui; A duração do estágio 4 do sono NREM de ondas lentas é reduzida. Todos os hipnóticos diminuem a latência até o sono persistente. O zolpidem diminui o sono REM, porém exerce efeitomínimo sobre o sono de ondas lentas. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Efeitos Adversos: sedação diurna, incoordenação motora, fala arrastada, amnésia anterógrada (comprometimento cognitivo), delírios. Raro: exantemas, excitação SNC. Categoria D na gravidez. A tolerância é uma característica comum dos BDZ podendo levar à necessidade de aumentar a dose requerida para manter uma melhora sintomática ou para promover o sono. É importante reconhecer a ocorrência de tolerância cruzada parcial entre os sedativo-hipnóticos e etanol. As desvantagens dos BDZ incluem risco de dependência, depressão das funções do SNC e efeitos amnésicos. Além disso, os BDZ exercem depressão aditiva do SNC quando administrados com outras substâncias, incluindo o etanol. Usos clínicos dos BDZ: Para alívio da ansiedade. Para tratamento da insônia. Para sedação e amnésia antes e no decorrer de procedimentos médicos e cirúrgicos. Para o tratamento da epilepsia e dos estados convulsivos. Como componente da anestesia balanceada. Para o controle dos estados de abstinência de etanol e outros sedativo-hipnóticos. Para relaxamento muscular em distúrbios neuromusculares específicos. Como auxiliares diagnósticos ou para tratamento em psiquiatria Agonistas seletivos do receptor GABA-A subunidade alfa 1 Zolpidem, Eszopiclona e Zaleplona: moléculas não benzodiazepínicas (são agonistas seletivos do receptor GABA-A subunidade α1), porém têm o mesmo mecanismo de ação. Não derivam da mesma molécula que deu origem aos BDZ. Também potencializam o GABA mas tem menor potencial para dependência e duração de ação mais curta. Bem tolerados Todas elas são hipnóticas – INDUZEM O SONO – pra quem o transtorno é de manutenção, não serve. Zolpidem: ½-vida de 2,4 horas. Indicação: rápida indução do sono, com algum efeito na consolidação sono. Sua eliminação é renal. Categoria C na gravidez Zopiclona: ½-vida de 5,3 horas e é menos seletivo (α1 e α2) → maior potencial de sonolência residual pela manhã. Zaleplona: ½ vida ultracurta (0,9 horas) e perfil de ligação ao receptor GABA-A similar ao zolpidem. Indicação: rápida indução de sono, com pouco efeito em sua manutenção Flunitrazepam, Flurazepam → boa noite cinderela SUS: Zolpidem (hipnótico não BDZ), clonazepam (BDZ) Interrupção do uso dos BDZ Podem ocorrer três eventos após a interrupção abrupta dos benzodiazepínicos: Os sintomas de rebote, que consistem em um retorno imediato, porém transitório, dos sintomas Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina originais, com maior intensidade em comparação com as condições basais; A recorrência ou recidiva, que é o retorno dos sintomas originais com a mesma intensidade daquela observada antes do tratamento; A abstinência, que é o aparecimento de novos sintomas e agravamento dos sintomas preexistentes Os sintomas de abstinência surgem dentro de 24 a 48 horas após a interrupção dos benzodiazepínicos com meia-vida de eliminação curta e dentro de 3 a 8 dias após a interrupção dos fármacos com meia-vida de eliminação longa Insônia, irritabilidade, agitação As estratégias de interrupção incluem Redução da dose de 25% por semana até alcançar 50% da dose; em seguida, a dose é reduzida em um oitavo a cada 4 a 7 dias. Se a duração do tratamento ultrapassar oito semanas, recomenda- se uma redução gradual durante 2 a 3 semanas; entretanto, se a duração do tratamento for de seis meses, devese efetuar uma redução gradual durante 4 a 8 semanas. Os tratamentos de maior duração podem exigir uma redução gradual no decorrer de 2 a 4 meses. O uso adjuvante de carbamazepina ou pregabalina pode ajudar a reduzir os sintomas de abstinência durante a redução gradual do benzodiazepínico. Princípios básicos do tratamento farmacológico O tratamento das causas primárias de insônia e o emprego de abordagens não medicamentosas devem sempre preceder o emprego de fármacos hipnóticos. Na insônia de curta-duração, deve-se prescrever medicações por um curto período de tempo (uso regular por não mais do que três a quatro semanas); Na insônia crônica, deve-se evitar o uso continuado do indutor de sono com a utilização de dosagens intermitentes (ex: duas a quatro vezes por semana); Deve-se prescrever, sempre que possível, um único fármaco (para reduzir os custos e o risco de interação medicamentosa) e na menor dose efetiva; Em pacientes idosos, deve-se iniciar o tratamento com doses menores do que as utilizadas habitualmente em adultos jovens e evitar medicações com meia-vida longa; Deve-se descontinuar a medicação de forma gradual (para evitar sintomas de abstinência) ou, antes da suspensão, substituir um fármaco de curta ação por um de ação intermediária ou longa; Deve-se ficar alerta para a insônia de rebote que pode seguirse à descontinuação abrupta dos fármacos; Deve-se utilizar, sempre que possível, agentes com meia-vida de eliminação mais curta (para diminuir a sedação diurna); Fitoterápicos para ansiedade e distúrbios de sono Passiflora incarnata – (Sintocalmy®, Ritmoneuran®, Seakalm®) Os flavonoides são a classe de fitocompostos de maior expressividade em P. incarnata. Vitexina e a isovitexina - efeito sedativo e ansiolítico. Os fitoterápicos são comercializados padronizados em 1,5 a 7% de flavonoides totais expressos em vitexina de extrato seco de Passiflora incarnata. Mecanismo de ação não esclarecido – muitas substâncias ativas – proposta de ação receptores Gabaérgicos; inibição de aromatase (regulação na produção de estrógeno e testosterona), entre outras. EA: náuseas, vômitos, cefaleia, sedação Piper Metysticum G. Forst. Popularmente conhecida como Kava-Kava – principal indicação TGA. Também auxilia em casos leves a moderados de insônia em curto prazo (1-8 semanas de tratamento). A dose diária recomendada varia de acordo com a concentração de Kavapironas, de 60 a 210mg ao dia. O uso crônico pode causar hepatotoxicidade. É contraindicado no caso de afecções hepáticas (hepatotoxicidade), gestação e lactação. Valeriana Officinalis – indicação – tratamento da insônia. Marcador químico: ácido valerênico. O fitoterápico é recomendado para distúrbios do sono associado à ansiedade e deve ser consumido na dosagem de 45 à 125mg de extrato padronizado em ácido valerênico 1 vez à noite antes de dormir. Induz sono (é específico para insônia). Efeitos colaterais: distúrbios gastrintestinais. Contraindicado para gestantes e lactantes Fitoterapia Clássica: Chás Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Infusão – 1-2 colheres de droga vegetal seca em 200 ml água fervente. 2 a 3 vezes ao dia ou antes de deitar. Atuam como ansiolíticas e leve ação sedativa: Camomila (Matricaria Chamomilla L.), Erva Cidreira (Melissa Officinalis), Maracujá (Passiflora incarnata L); Hortelã (Mentha sp.); Capimlimão (Cymbopogon citratus). Essas plantas são consideradas seguras e amplamente utilizadas pela população, no entanto destaca-se que não são recomendadas para gestantes principalmente do primeiro trimestre e, em crianças menores de três anos a dose deve ser de 1∕ 6 a 1∕4 da dose do adulto.
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