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Fármaco psicotrópico significa atração pelo psiquismo, ou seja, atuam sobre o nosso cérebro alterando de alguma maneira o nosso psiquismo. Como? Ação hipnótica (sedativa): influência sobre o sono. Ação ansiolótica: diminuição da ansiedade. Ação antipsicótica: remissão da psicose. Ação antidepressiva: sobre a depressão e ansiedade. Ação estabilizadora do humor: equilíbrio da depressão e euforia. Ação psicoestimulante: atuação sobre a cognição e atividade psicomotora. Classificação: Sem tarja: livre compra sem prescrição Tarja preta: pode causar dependência ▪ Anfetamina/derivados e benzodiazepínicos. ▪ Receita A, de cor amarela: anfetaminas (TDH), psicoestimulantes, opioides fortes. ▪ Receita B, de cor azul: benzodiazepínicos. o Personalidade o Uso mal orientado o Falta de diagnóstico correto o Comorbidade com dependência química o Tolerância: perda do efeito com necessidade de doses maiores. (Isso pode acontecer mesmo com o uso correto do medicamento). o Síndromes metabólicas (consequência): aumento de peso, alteração de taxas. o Hepatotoxicidade ou nefrotoxicidade o Hipotireoidismo o Cardiotoxicidade o Ingesta com intenção suicida o Uso prolongado sem modificação do quadro clínico. o Necessidade de dosagens mais altas. o Não está havendo melhora (erro diagnóstico?). o Estimulando a adesão do paciente na vontade de compreender o uso racional do uso da medicação. o Seguir o uso estritamente como recomendado pelo profissional. o Fazer consultas periódicas. Tarja vermelha: não causa dependência, mas precisa de um controle receituário. ▪ Antidepressivos, estabilizadores do humor, antipsicóticos e alguns hipnóticos. ▪ Receita C, com 2 vias, sendo uma branca: opioides fracos. Orientações gerais sobre os psicofármacos: São medicamentos relativamente seguros se usados corretamente. Devem ser usados por um limitado que é o tempo de tratamento de cada pessoa dependente da condição clínica. No caso dos benzodiazepínicos, usar o menor tempo possível, ou seja, após a recuperação. Fazer desmama de 25% da dose a cada 7-15 dias. Não ingerir com bebida alcoólica. Observar interação com outras medicações do paciente. O transtorno de ansiedade está relacionado ao circuito centrado na amigdala (Serotonina, GABA, Noradrenalina, Dopamina, Corticotrofina e Glutamato) e circuito cortico estriado tálamo cortical. O benzodiazepínico, por exemplo, ao entrar em contato com o seu receptor gabaérgico, faz abrir os canais de cloro, liberando a produção de mais GABA, inibindo o SNC. Contudo, neste mesmo receptor, é onde o álcool se liga. Portanto, se o paciente ingere álcool ao mesmo tempo que faz o uso dos benzodiazepínicos, aumenta o influxo de cloreto, liberando ainda mais GABA e inibindo ainda mais o SNC. Ações farmacológicas: Ansiolítica Hipnótica-sedativa Relaxantes musculares Anticonvulsivantes (que não sejam por epilepsia) Anestésicos Efeitos colaterais (não esperados): Diminuição da atividade psicomotora (letargia) Prejuízo da memória Tontura e zumbidos Reação paradoxal (excitação, agressividade e desinibição, mais comuns em extremos de idade) SEMPRE LEMBRAR: TRABALHAR COM OS MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS. Receituários B Aplicação prática: Insônia: utilizar os medicamentos de ação curta/intermediária. Ansiedade: por mais que não seja o ideal, buscar usar medicamentos com meia vida intermediária/longa. Caso só tenha de meia vida curta, usar o medicamento mais vezes ao dia. É mais indicado na ansiedade aguda por um curto período. Alcoólatra crônico abstêmio: o Lorazepam é o único sem passagem hepática. A meia vida é uma importante informação para correlacionar com as situações práticas. Midazolam Dormonid Ultra-curta Lorazepam Lorax Curta Bromazepam Lexotam, Somalium Curta Alprazolam Frontal (XR), Apraz Curta/Intermediária Clobazam Urbanil/Frizium Intermediária/longa Clordiazepóxido Limbitrol Intermediária/longa Diazepam Valium Intermediária/longa Clonazepam Rivotril Intermediária/longa o Ambos possuem uma capacidade ansiolítica muito boa. o Clonazepam: meia vida intermediária/longa. Medicação segura. o Alprazolam: curta/intermediária (frontal XR). Portanto, seu uso vai ser 2-3x ao dia, tendo maior chance de provocar tolerância e dependência. o Não é tão específico para ansiedade. o É melhor utilizados para as outras ações farmacológicas dos benzodiazepínicos. Dose equivalente ao Diazepam 10 mg (se precisar trocar o medicamento) Midazolam 15mg Lorazepam 2mg Bromazepam 6mg Alprazolam 1mg Clobazam 20 mg Clonazepam 2mg Superdosagem dos benzodiazepínicos: Antídoto: Flumazenil, um antagonista dos receptores benzodiazepínicos, com ação no GABAa. Essa superdosagem pode ser oral pelo próprio paciente, ou se o paciente não acordou após uma anestesia com BZD. Primeira linha para os transtornos de ansiedade (tratamento crônico): Inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS): é o mais recomendado. Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN), como Venlafaxina. Buspirona (5 e 10 mg): agonista de receptores 5HT1A. Pode ser usado de 15-60 mg/dia, 3x ao dia. Pode ser utilizada para ansiedade leve ou para intensificar a ação dos antidepressivos. Pregabalina (50, 75 e 150 mg): faz o bloqueio de glutamato por canais de cálcio. Pode ser usado até 600 mg/dia, 2x ao dia. Pode ser utilizada em pacientes com dores crônicas e transtornos ansiosos. Não desistir até 4-8 semanas de uso com o medicamento. Trocar apenas se resposta não for muito significativa. Possuem sua ação nos receptores dopaminérgicos. Sintomas positivos → relacionados com o sistema límbico (excitação dessa área pelo excesso da dopamina). Por isso, precisamos de medicamentos que inibam a dopamina. Sintomas negativos → hipofunção cortical. Por isso, precisamos de medicamentos que excitem o córtex. Características São drogas lipossolúveis. Metabolização hepática e excreção renal. Meia vida longa (20-40 horas). Precisa de aproximadamente 5 dias para atingir um nível plasmático estável da droga no organismo. Eles não possuem seletividade, ou seja, inibem a dopamina (D2) em todos seus receptores em todas as regiões cerebrais, não apenas no sistema límbico, mas também na via nigroestriatal (causando sintomas extrapiramidais) e via tuberoinfundibular (causando secreção de prolactina). Melhoram os sintomas positivos, mas pioram os negativos. Haloperidol (Haldol): é considerado de alta potência (ação dopaminérgica significativa) e sem muitas repercussões clínicas. É usado principalmente na urgência. Comprimidos de 1mg e 5 mg Solução 2 mg/ml Injetável 5 mg/ml Clorpromazina (Amplictil): possui baixa potência com maiores efeitos adversos. Deixa o paciente muito sedado. Não é recomendado para PS. Comprimidos de 25/100 mg Solução 40 mg/ml Injetável 25/ml Levomepromazina (Neozine): possui baixa potência com maiores efeitos adversos. Deixa o paciente muito sedado. Comprimidos de 25/100 mg Solução 40 mg/ml Injetável 25/ml Mais seletivos. São antagonistas glutamatérgicos, agonismo 5HT2 e ação híbrida em outros receptores DA. Melhoram os sintomas positivos e negativos, sem sintomas extrapiramidais. São usadas como primeira linha para o tratamento do transtorno bipolar e da esquizofrenia. O que mais limita seu uso é o custo. O maior efeito colateral é a síndrome metabólica, necessitando de um acompanhamento laboratorial de perto. O paciente aumenta de peso por si só e ainda aumenta de peso por dar mais fome. Pode causar hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia,hiperglicemia. Olanzapina (Zyprexa): em doses menores já possui ação antipsicótica. Comprimidos de 2,5/5mg/10mg Solução 10mg/2ml Quetiapina (Seroquel): em doses mais baixas, é mais sedativa, podendo ser utilizada no tratamento de insônia. Já para obter ação antipsicótica, precisa de uma dose maior. Comprimidos de 25/50/100/200/300 mg Risperidona (Risperdal): é o medicamento de 2ª geração que mais pode levar a sintomas extrapiramidais em elevadas doses ou em pacientes mais sensíveis ao medicamento. “É um Haldol melhorado.” Comprimidos de 1/2/3 mg Solução 1 mg/ml 01 ampola 5mg Haloperidol IM + 01 ampola 25 mg de promatazina IM (conduta empírica realizada no Brasil) OU 01 ampola 10 mg Olanzapina IM BENZODIAZEPÍNICO 01 ampola 5mg de midazolam IM OU 01 ampola 10 mg de Diazepam IV O mais recomendado é o haloperidol. É uma classe de medicamento que não é de uso exclusivo nos pacientes com depressão. Pode ser utilizado também em quadros ansiosos, TOC, somatizações e conversões, transtornos de personalidade, agitação na demência, autismo e retardo mental, dores crônicas (fibromialgia), alguns quadros orgânicos como a síndrome do intestino irritável e dispepsia funcional, algumas cefaleias e cessação do tabagismo. Teoria monoaminérgica ou dos neurotransmissores É a teoria que correlaciona 3 neurotransmissores ao mecanismo da depressão e sua desregulação na fenda sináptica. São eles: noradrenalina, serotonina e dopamina. Acredita-se que nos pacientes com depressão, há uma redução dos neurotransmissores na fenda sináptica. Com isso, há um aumento dos receptores (up-regulation) dos neurotransmissores na fenda sináptica, tentando aumentar sua captação. Ao utilizar um antidepressivo para melhorar essa captação, o neurotransmissor vai deixar de ser captado, ficará sobrando na fenda sináptica e vai se ligar aos receptores pós sinápticos. Contudo, com o tempo, estes receptores pós sinápticos serão destruídos (down-regulation), para que haja um equilíbrio de captação dos neurotransmissores. Os 3 neurotransmissores agem concomitantemente no humor, emoção e função cognitiva, contudo possuem outras ações específicas. Noradrenalina: age na atenção e memória, lentificação psicomotora, fadiga, humor deprimido. Serotonina: age no humor deprimido, sintomas ansiosos, fissuras e obsessões. Dopamina: age no prazer e nos sintomas psicóticos. Quanto funciona um antidepressivo no mundo real? Entre 30-50% dos pacientes depressivos têm uma resposta inadequada ao primeiro antidepressivo utilizado. Na prática clínica, 1/3 dos pacientes obtém remissão no primeiro tratamento antidepressivo e após 1 ano de tratamento, 2/3 dos pacientes possuem remissão. Razões para falta de eficiência: dosagem muito baixa, duração muito curta, falta de aderência e efeitos adversos intoleráveis. Eficácia Possui resposta terapêutica (melhora de 50% ou mais dos seus sintomas) em torno de 2-4 semanas de tratamento. Alguns pacientes melhoram com 6 semanas ou mais. Período de latência: início tardio da resposta terapêutica. É necessário acompanhar rigorosamente esses pacientes nas primeiras semanas. Para você dizer que o paciente NÃO RESPONDEU a uma medicação antidepressiva, ele precisa ter usado esta medicação em DOSE TERAPÊUTICA (máxima indicada ou máxima tolerada) e por TEMPO SUFICIENTE (8 semanas de tratamento total ou 2-3 semanas na dose máxima). Classificação Antidepressivos tricíclicos Inibidores da enzima MAO Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN ou duais) Atípicos Amitriptilina 75-300 mg Clomipramina 75-300 mg Nortriptilina 25-300 mg Imipramina 100-300 mg Doxepina 75-300 mg Inibem a bomba de recaptação de serotonina e noradrenalina (principalmente), permitindo um acúmulo dessas substâncias. Mais usados: Amitriptinlina e Nortriptilina. Contudo, também possui ação em outros receptores, fazendo com que o paciente tenha mais efeitos colaterais importantes. Bloqueiam receptores H1 (sedação), alfa-1 (hipotensão postural, sedação) e M1 (visão turva, constipação, retenção urinária, entorpecimento cognitivo, taquicardia, boca seca). Bloqueio dos canais de sódio: pode alterar o funcionamento cardíaco (QTc). Limita seu uso em pacientes com comorbidades e pacientes idosos. Efeitos adversos: Hipotensão postural Sedação Aumento de peso Efeitos anticolinérgicas: boca seca, visão turva, constipação, retenção urinária, glaucoma, confusão. Alteração CV: taquicardia sinusal, prolongamento do tempo de condução cardíaca (intervalo QT). Convulsões Disfunção sexual Maiores efeitos adversos Clomipramina < Amitriptilina < Nortriptilina São poucos utilizados como tratamento de primeira escolha, sendo restritos aos casos mais graves e refratários. Em doses baixas, possui efeito noradrenérgico, ajudando na modulação da dor. Precauções: Devido às propriedades anticolinérgicas e sedativas, a Amitriptilina, em geral, não é o melhor para as pessoas idosas (se precisar´usar, utilizar a Nortriptilina, que possui menores efeitos adversos). Potencialmente letais: não devem ser prescritos para pacientes ambulatoriais com depressão grave e risco suicídio. Deve-se evitar prescrever quantidades que possam ser letais. Não prescrever mais do que uma caixa de tricíclicos para tais pacientes e deixa-la para alguém guardá-la. Toxicidade aguda Há o risco de óbito em superdosagens. Efeitos da superdosagem: excitação, delírio, convulsões, depressão respiratória, arritmias, fibrilação ventricular e sintomas relacionados ao bloqueio de receptores muscarínicos, como rubor, boca e pele seca, midríase, retenção urinária e diminuição do trânsito intestinal. Tranilcipromina 30-60 mg Moclebemida 300-600 mg Medicações muito antigas, com uso clínico restrito. Fazem o metabolismo de monoaminas endógenas (NE, 5-HT e DA) e exógenas. São mais usados pelos psiquiatras. Podem ser: Irreversíveis e não seletivos da MAO: Fenelzina e Tranilcipromina. Reversíveis e seletivos MAO A: estão mais envolvidas com a serotonina, noradrenalina, dopamina e tiramina. Por este motivo, podem ser utilizadas no tratamento da depressão. Por exemplo: Moclobemida. Reversível e seletivos MAO B: não possuem comprovação no tratamento de depressão, pois estão mais envolvidas com a dopamina, tiramina e feniletilamina. São mais utilizadas no tratamento de Parkinson (pelo seu envolvimento com a Dopamina) Exemplo: Selegilina baixas doses. Efeitos adversos: Estimulação central: distúrbio do sono, agitação e convulsões (em doses altas). Elevação leve e persistente da pressão diastólica. Risco de crise hipertensiva aguda grave quando associados à medicamentos e alimentos (queijo, vinho). o Alimentos ricos em tiramina: vinho tinto, queikos maturados, cerveja, favas, bebidas com cafeína. o Medicamentos como psicoestimulantes, ATC e ISRS. Fluoxetina 20-80 mg* Sertralina 50-200 mg* Paroxetina 20-60 mg Citalopram 20-60 mg Escitalopram 10-30 mg* Fluvoxamina 50-300 mg São as medicações de primeira escolha na atualidade, por serem potentes (não mais que os outros) e mais fáceis de tolerar e baixa toxicidade. Seu mecanismo de ação se dá pelo bloqueio da bomba de recaptação de serotonina, aumentando a serotonina na fenda sináptica. Além disso, de forma tardia, aumentam o número de sinapses pelo aumento na expressão de BDNF (brain-derived neurotrophic factor). Como utilizar? A maior parte deles, em dose única diária, normalmente pela manhã, exceto a paroxetina e fluvoxamina,que podem dar sono. Sempre começar com dose mínima e aumentar gradualmente. Efeitos adversos: Náuseas, vômitos; Dor epigástrica; Ansiedade (início do tratamento); Anorexia e perda de peso; Diminuição do apetite sexual/impotência; Perda da libido (Paroxetina); Falta de orgasmo (Paroxetina); Riscos de malformações cardíacas (Paroxetina); Risco de síndrome serotoninérgica. Risco de síndrome serotoninérgica: quando associação aos IAMO ou fármacos que aumentem a serotonina. Cursa com hipertermia, rigidez muscular (aumento de CPK), agitação e irritabilidade. Vantagens: Menor toxicidade nas superdosagens. Não produz efeitos colaterais anticolinérgicos. Menor ação cardiovascular e hipotensora. Menores riscos para pacientes epilépticos. Não causa sedação. Fluoxetina É uma molécula ativadora: bloqueia a bomba de recaptação de serotonina e recapta noradrenalina. Tempo de meia vida de 2-3 dias. Metabolismo ativo até 2 semanas, isso favorece na diminuição da síndrome de abstinência/ síndrome de descontinuação. (Se o paciente parar de tomar (por troca de medicamento, interação medicamentosa, gestação), pode ficar até 7-10 dias sem sintomas de ansiedade/depressão). Os pacientes com ansiedade ou depressão ansiedade podem piorar bastante no início do uso da fluoxetina, devido a ação no receptor 5HT2C. Devemos usar ¼ da dose nesse início de tratamento. Também é uma droga que pode tratar bulimia. Paroxetina É um medicamento com ação mais tranquilizante e sedativa desde o início do tratamento, sendo uma boa opção para tratar transtorno de pânico e TAG mais grave. Possui efeito no bloqueio na inibição da noradrenalina. Inibe o óxido nítrico sintase, levando a disfunção sexual, podendo ser utilizada no tratamento da ejaculação precoce É o medicamento mais anticolinérgico de todos os ISRS. Seu tempo de meia vida é de 24 horas. Fluvoxamine Usada com mais cautela pelos psiquiatras, pois tem muita interação. Age no receptor sigma (assim como a sertralina), melhorando os sintomas obsessivos compulsivos. Meia vida de 9-28 horas. Citalopram Também possui uma ação anti-histamínica, dando uma sedação maior que os demais. Meia vida entre 23-45 horas. Não possui uma potência antidepressiva tão boa do que outros medicamentos, como o escitalopram. Escitalopram Possui uma melhor tolerância, dando menos efeitos adversos. Por isso é melhor indicado em pacientes com comorbidades e idosos. Menores taxas de interação. Meia vida de 27-32 horas. Venlafaxina 75-300 mg Desvenlafaxina 50-200 mg Duloxetina 30-120 mg São medicações potentes, com pouca interação, e menos efeitos colaterais que os tricíclicos. Causam muitos efeitos colaterais na introdução e retirada. Possuem um efeito “plus”, que é o noradrenérgico, podendo ser utilizado em pacientes com dor crônica. Seu uso pode ser feito com dose única diária. Por possuírem efeito noradrenérgico, é uma medicação que pode levar a elevação da pressão arterial. Desta forma, os pacientes hipertensos precisam estar compensados e devemos acompanhar pela medida da pressão arterial todos os pacientes nos primeiros 2-3 meses. Efeitos adversos: náuseas, constipação, insônia, cefaleia e disfunção sexual. Venlafaxina É uma pró droga, ou seja, precisa ser metabolizada (pelo fígado) pelo CYP 2D6 para ser ativada na desvenlafaxina. Desvenlafaxina Possui um início de ação mais rápido e possui menor quantidade de efeitos adversos. Não precisa de metabolização hepática, tendo menor quantidade de interações medicamentosas. É segura no ponto de vista cardiovascular. Duloxetina Possui “duas ações e meia”: inibe serotonina, noradrenalina, sem inibir a dopamina, mas em doses altas, ela age no córtex pré frontal e diminui a recaptação de dopamina. Meia vida de 12 horas ou menos, podendo levar a uma síndrome de descontinuação mais rápida. Quando ela é tomada à noite, sua ação demora em torno de 3x para se iniciar. Por isso, o horário ideal para ser tomada é pela manhã. Cada medicamento possui uma ação típica, que não se enquadra nos grupos anteriores. Antagonistas de alfa-2 Mirtazapina ▪ Antagonista noradrenérgico serotoninérgico específico alfa 2 pré sináptico (“corta o freio”). ▪ Agonista alfa-1 pós sináptico (“pisa no acelerador”), aumentando os efeitos terapêuticos rapidamente. ▪ Pode causar ganho de peso e sonolência, podendo ser uma vantagem ou desvantagem dependendo do paciente. ▪ Também possui ação anti-hemética (antagonismo do 5HT3). ▪ Pode causar agranulcoitose (não é comum, principalmente em pequenas doses). Antagonistas/inibidores da recaptação de serotonina Trazodona ▪ É um fármaco diferente em doses diferentes. ▪ Possui antagonismo ao alfa-1 e H1. ▪ A partir de 150 mg começa a ter efeito terapêutico antidepressivo. Antes disso, age mais na insônia (ação sedativa) e como ansiolítico. ▪ É bastante estudada em casos de insônia. ▪ Pode causa priapismo (enrijecimento do pênis) em até 1% dos casos. Bupropiona (150-450 mg) É uma das poucas drogas que não está relacionada com a serotonina. Bloqueia a recaptação de noradrenalina e a dopamina. Pode ser usada no tratamento da depressão, transtorno depressivo sazonal, mas não é indicada na depressão ansiosa (há piora do quadro clínico). Possui um efeito estimulante: indicada para os quadros de depressão com anedonia, desânimo e apatia. As doses variam entre 200 e 450 mg/dia. Também é utilizada na cessação do tabagismo. Efeitos adversos: convulsão (doses elevadas), cefaleia, insônia, não causa disfunção sexual, perda moderada de apetite. Agomelatina (valdoxan) 25-50 mg É o único antidepressivo com ação na MELATONINA. Com isso, possui um efeito de ressincronização do ritmo circadiano. Também age no aumento de noradrenalina e dopamina no córtex pré frontal. Pouco utilizado no Brasil, mas muito utilizado nas depressões sazonais nos países nórdicos. Agentes multimodais Cetamina ▪ É um antidepressivo com ação imediata, que age no antagonismo do receptor NMDA. ▪ Não há risco/benefício que comprove seu uso. ▪ Ainda é uma droga em estudo em pacientes refratários a pelo menos 2 esquemas terapêuticos aprovados, por pelo menos 3 meses cada. A partir dessas imagens, podemos perceber que alguns antidepressivos possuem mais efeitos do que outros. Um exemplo é o grupo dos tricíclicos, que atuam em diferentes receptores, causando diferentes efeitos adversos. O tratamento da depressão não é fácil. Dos pacientes que iniciam o tratamento, 33% possuem total remissão sintomática e 67% possuem sintomas residuais. Os sintomas residuais mais comuns são insônia, fadiga, falta de concentração e falta de interesse/prazer, enquanto os menos comuns são humor deprimido, ideação suicida e retardo psicomotor. Limitações no tratamento Demora no início da ação (2 semanas); Eficácia de remissão (30-60%) e de resposta (70%); Tolerância a efeitos colaterais; Síndrome de descontinuação; Anestesia efetiva: incapacidade de sentir emoções (muito comum no IRSR e duais); Subtipos depressivos; Comorbidades associadas, como transtorno de personalidade, transtorno de ansiedade, dependência química. Resposta terapêutica: melhora de 50% dos sintomas. Recaída: piora dos sintomas antes de entrar em remissão (antes de 8 meses-1 ano). Recuperação completa: remissão por 1 ano. Recorrência: após a remissão, ocorre um novo episódio depressivo. A manutenção do tratamento garante maiores chances de recuperação do paciente. É importante que o paciente atinja a remissão sintomática e aplenitude funcional! Melhora da energia Melhora do humor deprimido Sem sentimento de culpa Melhora do prazer e interesse Sono normalizado Melhora da ansiedade Retorno ao trabalho Autocuidado Cognição Volta a se reconhecer Retorno às relações interpessoais Retorno às atividades com família e amigos Qual medicamento escolher? Verificar a eficácia, evidência clínica e resolução de sintomas emocionais e somáticos presentes. Mecanismo de ação Tolerabilidade Segurança Facilidade de administração História pessoal e familiar de tratamento Comorbidades Custo Se houver falta de resposta ou resposta parcial ao tratamento após 2-4 semanas com um antidepressivo em dose adequada, devemos: Combinar 2 antidepressivos de classes diferentes OU Estratégia de potenciação com lítio (primeira escolha) ou T3, T4, buspirona, antipsicótico atípico OU Trocar para um novo antidepressivo de uma classe diferente ou mesma classe. Psicoterapia pode ser adicionada em qualquer fase do tratamento. Associações medicamentosas conhecidas: ISRS + ADT’s preferencialmente noradrenérgico ISRS + Reboxetina ISRS + Bupropiona Venlafaxina + ISRS Venlafaxina + Bupropiona Venlafaxina + ADT’s A taxa de remissão diminui conforme os níveis de tratamento que forem atingidos. Por exemplo, os medicamentos de 4ª linha geram menor remissão do que os de 1ª linha. São utilizados preferivelmente no tratamento do transtorno afetivo bipolar (associados ou não com antidepressivos). Os antidepressivos não podem ser administrados em monoterapia para estes casos de transtorno. Normalmente os estabilizadores de humor diminuem a vulnerabilidade a episódios de mania e depressão, mas eles não anulam o ciclismo da doença. São eles: lítio, anticonvulsivantes (ácido valpróico, carbamazepina e lamotrigina) e antipsicóticos. Pode ser utilizado em todas as fases do TAB, tirando o indivíduo da crise e prevenindo novas crises. Age sobre os neurotransmissores: NA, Ach, 5-HT, diminuindo a neurotransmissão adrenérgica, muscarínica central e serotoninérgica. Diminui a chance de o paciente ter “Kindling”, em que o individuo com doença mental crônica possui uma tendência de feed-back positivo a ter novas crises. Sua absorção oral é completa, de 6-8 horas; com pico de níveis plasmáticos em torno 30min-2 horas. Não se liga a proteínas plasmáticas e distribui-se na água corpórea total. Excretado na urina, com meia vida de 20h divididas em 2 etapas: metade da dose oral eliminada em 12 horas e o restante captado pelas células em 1-2 semanas. Também inibe a ação do hormônio antidiurético sobre os túbulos renais – poliúria. Diminui a estimulação da síntese via TSH e a síntese de tiroxina, assim como reduz a atividade da enzima responsável pela iodação da tirosina, podendo causar hipotireoidismo. Exames de controle: litemia, hemograma, creatinina, eletrólitos, TSH e T4 e ECG sempre que possível. Efeitos adversos (nível toxico é muito próximo do nível terapêutico): Início do tratamento: náuseas, vômitos, diarreia, sede*, poliúria*, tremor fino e convulsão (raro). Uso crônico: ganho de peso, bócio e hipotireoidismo, anormalidades nas ondas T, acne e teratogênese (problemas cardiovasculares). Efeitos neurológicos e psicológicos (raros): tremores, coreotetose (movimentos involuntários da pupila), hiperatividade motora, afasia (perda da expressão da fala, escrita), disartria (dificuldade na articulação das palavras), ataxia (falta de coordenação de movimentos voluntários). Efeitos tireoidianos: bócio, hipotireoidismo, hipertireoidismo (raro). Faixa terapêutica: 0,6-1,24 mEq/L Efeitos tóxicos: Nível plasmático 1,5-2 mEq/L: fraqueza, diarreia, vômitos, náuseas, ataxia, tontura. Nível plasmático de 2-3 mEq/L: vertigem, ataxia, visão borrada, zumbido no ouvido, confusão, fala arrastada, mioclonia, hiperreflexia e hipertonia. Nível Plasmático >3 mEq/L: convulsões, arritmias, hipotensão, torpor, como, IRA. Mecanismos de ação: inibição de canais de sódio, reforço das ações do GABA, iteração com outros canais iônicos. Ácido valpróico Age facilitando a neurotransmissão gabaérgica. Efeitos adversos: náuseas, sedação, tremor, ganho de peso, perda de cabelo, vômitos, diarreias, ataxia, disartria, aumento das transaminases e ovário policístico. É teratogênico. Monitorização: Antes do tratamento: hemograma, função hepática e beta-HCG. 1 mês de tratamento: hemograma e função hepática. 6-24 meses de tratamento: hemograma e função hepática. Posologia: 500-1500 mg/dia. Alguns estudos mostram superioridade desta medicação nos pacientes com sintomas mistos. Carbamazepina Pode ser utilizada em monoterapia ou em combinação com o lítio. Possui mais interações metabólicas. Efeitos colaterais: sedação, tontura, ataxia, turvação visual, diplopia, distúrbios mentais, retenção de água, leucopenia, trombocitopenia e agranulocitose. Possui menos efeitos cognitivos e ganho de peso em comparação ao lítio. Episódio maníaco: 1. Monoterapia com estabilizadores de humor 2. Aumento da dose do estabilizador de humor 3. Associação de estabilizadores de humor 4. Eletroconvulsoterapia Episódio depressivo: 1. Monoterapia com lítio 2. Aumento da dose do lítio 3. Associação de um estabilizador do humor com um antidepressivo ou com lamotrigina ou olanzapina 4. Eletroconvulsoterapia Episódio misto: 1. Ácido valpróico 2. Aumento da dose do ácido valpróico 3. Associação com outro estabilizador do humor 4. Eletroconvulsoterapia
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