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Grupo: Mirelly Fernandes, Maria Ed. Chaves, Rafael Kushikawa, Kamila Martins, Gabriela da Silva, Patricia Jurasseke, Thainá Rodrigues Artigo: Fatores genéticos e ambientais na manifestação do Transtorno Bipolar Introdução O artigo de Leandro Michelon e Homero Vallada “Fatores genéticos e ambientais na manifestação do Transtorno Bipolar” aborda o Transtorno Bipolar (TB) como uma doença frequente na população na qual os indivíduos apresentam mudança de humor e recaídas depressivas e maníacas. Mostram que atualmente são utilizados padrões rígidos no diagnóstico do TB, mas que estudos recentes que consideram um padrão mais amplo, permite incluir mudanças de humor menos intensas, mas não menos graves que apresentam prevalência maior. Por ser frequente, é apresentada a importância de que seja compreendido por meio de estudos genéticos, epidemiológicos e psicossociais, com o intuito de ser tratado e prevenido. A partir de estudos com familiares de pacientes a herdabilidade foi vista como um fator para os transtornos mentais, inclusive é apresentado que parentes de primeiro grau de uma pessoa que possui o TB tem chances de 2% a 15% para que também desenvolvam. O estudo com gêmeos e com famílias grandes e afetadas mostra o TB é considerado uma doença geneticamente complexa em que sua manifestação se deve à existência de um conjunto de genes em interação que levam à fisiopatologia complexa, que sofrem influência do meio interno e/ou externo. Fatores ambientais associados ao transtorno bipolar Com relação ao fator ambiental na causa do transtorno bipolar, é preciso primeiramente investigar se não há componentes genéticos que possam acarretar pré-disposição a bipolaridade, que seria a interação geneambiente, pois não há indícios que os fatores ambientais possam ser os causadores do TB de forma isolada. De forma geral, quanto maior o número de variantes gênicas de disposição e quanto maior o contato com fatores ambientais, maior o risco da manifestação desse transtorno. Em um estudo do Tsuchiya et al. (2003) sobre a revisão sistemática do Transtorno Bipolar e quais seriam os fatores de risco para sua manifestação, foi mostrado que a condição socioeconômica como desemprego ou baixa renda, complicações obstétricas, três primeiros meses pós parto, eventos estressores recentes, fatores demográficos (etnia, sexo), disfunção familiar, perda parental e história médica pregressa são alguns exemplos de fatores ambientais que podem desencadear o transtorno bipolar. Genética do transtorno bipolar A patogênese do transtorno bipolar pode envolver diferentes mecanismos genéticos, como alterações cromossômicas, heterogeneidade alélica, heterogeneidade gênica (locus), epistasia, mutações dinâmicas que levam aos fenômenos esperados, imprinting e mutações do gene mitocondrial. Estudos de citogenetica Apontam estudos de citogenética como caminhos para explorar as irregularidades cromossômicas ligadas ao surgimento do Transtorno Bipolar, onde anormalidades cromossômicas encontradas nas famílias de portadores apresentam as seguintes partes que podem estar relacionadas a doença: 1q42.1, 8p21, 9p24, 11q14.3, 11q21-25, 11q23.1, 15q11-13, 15q22-24, 18q23, 18p11.3, 18q21.1, cromossomo 21 e Xq28. Reforçam que se tais mudanças forem raras, então as anormalidades cromossômicas encontradas em pacientes com doenças mentais podem ser consideradas importantes com relatos independentes de que elas estão separadas das mudanças comportamentais, ou quando tais mudanças ocorrem em estudos de ligação (linkage), elas também são determinadas como associadas à doença em estudo. Estudos de ligação Outra estratégia para localizar genes que têm um grande impacto na suscetibilidade a doenças é baseada no conceito de ligação. Este conceito se refere ao fato de que dois loci que estão muito próximos no mesmo cromossomo tendem a ser herdados (ligados) juntos. Portanto, se um marcador genético conhecido em um determinado local é sempre herdado com a doença por membros afetados da mesma família, é provável que o gene da doença esteja localizado próximo ao marcador. Geralmente, esse tipo de investigação requer famílias grandes e múltiplos de impacto, e foi originalmente planejado para avaliar a transmissão de um único gene que tem um grande impacto. Essa é a principal limitação dessa estratégia. A pesquisa inicial mostrou resultados promissores, mas não foi confirmado posteriormente. A pesquisa inicial mostrou resultados promissores, mas não foi confirmado posteriormente. Da mesma forma, vários estudos subsequentes encontraram um grande número de regiões cromossômicas que estão significativamente associadas ao transtorno bipolar. A diversidade de locais potenciais relacionados à tuberculose reflete em parte a complexidade da heterogeneidade fenotípica e das interações gênicas na determinação da suscetibilidade à doença mental. Entre as regiões identificadas até agora, os cromossomos 4, 12, 13, 18, 20, 21 e 22 (Mathews e Réus, 2003) com os maiores escores de LOD são promissores. A pesquisa usando marcadores de alta densidade para escanear os genomas inteiros de várias famílias afetadas visa localizar com mais precisão os loci que podem estar associados ao transtorno bipolar. Apesar das associações mais importantes, a meta-análise de estudos de varredura do genoma não revelou áreas que estão significativamente associadas ao transtorno bipolar. Embora as associações mais importantes tenham sido obtidas nas regiões 9p22.3-21.1, 10q11.21-22.1 e 14q24.1-32.12 (Segurado et al., 2003). Resultados recentes indicam que as regiões 6q22 e 11p11 são de maior importância, enquanto as regiões dos cromossomos 2, 4, 16 e 20 são de menor importância (Middleton et al., 2004). Estudo de Associação com genes candidatos As ações de específicos genes em interação com fatores ambientais, como consumo de álcool, toxicodependência e abuso físico, contribuem para a manifestação do Transtorno Bipolar. Os genes considerados candidatos para desenvolvimento desse transtorno são: ODZ4, NCAN, FTO, TNF-A, IL-10, IL-6, BDNF e SERP1. 1. ODAZ4: O gene ODZ4 é responsável por codificar uma proteína expressa nos neurônios que tem como função regular a conectividade sináptica durante o desenvolvimento cerebral. Em estudos recentes, foi feita a confirmação do risco de desenvolvimento do TB com o gene. Das suas 14.000 variantes, esse gene possui uma específica que causa uma mutação responsável por desencadear o TE (Tremor Hereditário), caracterizado pelo acúmulo da proteína mutada na membrana da célula. Essa variante responsável pela associação com o TB é a rs12576775, também responsável por outras desordens mentais como a esquizofrenia. 2. NCAN: Estudos em murinos, mostram que este gene é expresso nas regiões do hipocampo e do córtex, o que sugere que o NCAN também possua alta taxa de transcrição na região responsável pela cognição e regulação da emoção, o hipocampo humano. Os pacientes que apresentam alterações no córtex pré- frontal, apresentam um desequilíbrio do processamento visual e do funcionamento cognitivo, sendo que estes processos são vistos com frequência nas desordens mentais. 3. FTO: O gene FTO desempenha um papel importante no controle emocional e comportamental. Isso se da por ele ser altamente expresso no cérebro, o que faz com que esse gene desempenhe um papel importante no sistema nervoso central. Outro fato é da variante rs9939609 deste gene, estar associada a atrofia estrutural cerebral e a redução da fluência verbal. A deficiência neste gene leva os indivíduos a apresentar retardo de crescimento, atraso severo no desenvolvimento global, ausência de fala e a perca auditiva. Também são observadas malformações como, ponte nasal ampla, narinas antevertidas, boca larga e queixo pequeno. Dessa forma, podemosobservar a associação entre este gene com desordens de humor, como a depressão e o TB. 4. TNF-A: A TNF-A é produzida pelos neurônios, onde desempenha um papel de transmissão neural e desenvolvimento do SNC. Este gene em condições normais, atua regulando a transmissão sináptica e a homeostase sináptica. O gene está localizado em uma região associada ao desenvolvimento genético da esquizofrenia, doença geneticamente parecida com o Transtorno Bipolar. Um estudo de casos com esquizofrenia e TB, encontrou níveis elevados do receptor desse gene no córtex frontal, no plasma e um aumento na transmembrana, o que apresenta alteração em ambas as desordens. Casos bipolares durante um episódio maníaco ou depressivo apresentam um aumento significante nos níveis séricos desse gene quando comparados com controles saudáveis, sendo que estes níveis permanecem elevados, mesmo que haja o controle do quadro psiquiátrico. Ele foi sugerido como um gene com potencial para ser suscetível ao TB, com o risco maior de desenvolvimento quando existe histórico familiar do que em casos que não possuem. 5. IL-6: O gene IL-6 codifica uma proteína pró-inflamatória, responsável pelo estímulo de imunoglobulinas e pela ativação de células imunológicas. Esta proteína pode exercer um efeito protetor ou neurotóxico, de acordo com o microambiente do sistema nervoso central. Quando a expressão desse gene está aumentada, pode ocorrer um bloqueio da neurogênese do hipocampo, região comprometida na esquizofrenia. Foi observado em estudos que pacientes com TB durante um episódio apresentam um aumento na produção de IL-6 sérica, mas o nível volta ao normal após tratamento com estabilizadores de humor. 6. IL-10: O IL-10 é uma proteína regulatória que foi detectada no cérebro e em algumas células específicas, ela possui um papel importante nos aspectos imunológicos de transtornos psiquiátricos. Após estudos realizados em pacientes esquizofrênicos, onde foi observado um certo descontrole dos níveis séricos de IL-10, concluiu-se que esse gene desempenha um papel fundamental na resposta imune gerada no cérebro e que alterar a taxa de transcrição do mesmo, afetaria diretamente o nível de produção da citocina (principal responsável pelo controle da resposta imune). 7. BDNF: O BDNF é expresso nas áreas mais importantes para o TB, o hipocampo e no córtex pré-frontal, responsáveis pela memória e modulação do comportamento social. Um certa diminuição dos níveis desse gene no soro, foram notados no episódios maníacos e depressivos em pacientes com TB. Alem disso, alterações no gene também foram relacionados com a diminuição do desempenho da memória, com a redução do tamanho do hipocampo e a neurocognição. 8. SERPINA1: O gene SERPINA1 inibe enzimas que participam do processo inflamatório e da resposta ao estresse. Mutações neste gene podem ocasionar diversos distúrbios, um estudo identificou uma possível associação do gene com desordens mentais como o TB. Mesmo com sintomas severos, o TB pode ser tratado quando diagnosticado com precisão e celeridade. Imprinting O Imprinting é um padrão de herança não-mendeliana onde a transmissão do fenótipo depende da origem parental do alelo relacionado a determinada doença. Em pessoas com Transtorno bipolar é mais observável a herdabilidade da doença em ancestrais maternos. Repetições de trinucleotídeos As repetições de trinucleotideos podem estar associadas ao fenômeno de antecipação, que consiste no aparecimento de uma doença antes do esperado e de forma sucessiva nas gerações familiares. Este fenômeno também pode estar ligado a fatores ambientais, porém ao ser observado em pessoas com Transtorno Bipolar foi possível investigar sua associação com a repetição de trinucleotídeos. Os alelos maiores de CTG18.1, do cromossomo 18q21.1 e de ERDA1, no cromossomo 17q21.3, aparecem com mais frequência em pacientes bipolares. Farmacogenômica A farmacogenômica é um campo de pesquisa que analisa as diferentes respostas dos indivíduos a medicamentos e tratamentos de doenças. De acordo com o genoma de cada pessoa, os fatores que afetam a resposta são fatores genéticos e ambientais, e essa variação pode ocorrer devido a alterações no DNA do indivíduo. Essas mudanças alteram os mecanismos responsáveis pelo metabolismo, absorção e excreção dos fármacos. No caso do transtorno bipolar, o lítio e os anticonvulsivantes têm se mostrado eficazes para os sintomas da doença, sendo assim possível distinguir subgrupos de genes modulados pela boa resposta que o lítio trouxe para a doença ou também subtipos genéticos que podem reagir ou não aos estabilizadores do humor. Essa distinção, poderia explicar os fenômenos que provocam alterações anormais nas funções corporais durante o estado da doença e identificar biomarcadores e mecanismos que ajudam a explicar a função, estrutura e mudanças bioquímicas dessas pessoas. No entanto, estudos realizados em pacientes com transtorno bipolar, descobriram que, embora essas pessoas respondam muito bem ao lítio e outros medicamentos do TB, ainda assim, não é suficiente para distinguir geneticamente este subgrupo de pacientes. Conclusão e Finalização Para finalizar, está claramente destacado que a identificação de genes ou regiões cromossômicas que estão envolvidas no desenvolvimento de TB não estão devidamente comprovados. Tudo isso ainda que os estudos indiquem que há importante componente genético na pré-disposição desse desenvolvimento, porém, algumas regiões se mostram significativamente ligadas com o problema, e com o desenvolvimento dos conhecimentos e tecnologias na área tem surgido genes candidatos à essa expressão gênica. Importante também salientar que o uso de novos métodos tem sido importantes para a compreensão dos efeitos à exposição ambiental e sua modulação da expressão de genes e dos processos neuroquímicos envolvidos no comportamento melhorando a visão sobre a complexidade multifatorial na causa e evolução dos transtornos mentais. É possível concluir após a análise de todos os artigos que o estudo dos genomas é essencial para melhorar a qualidade de vida das famílias que são afetadas por essas doenças, pois ter o diagnóstico correto de uma doença mental seria algo próximo do impossível caso eles inexistissem. Também é importante que as pessoas entendam que doença genética não é a mesma coisa que doença hereditária, todas as doenças hereditárias são genéticas, mas nem todas as doenças genéticas são hereditárias. O fator ambiental está bem presente nas doenças genéticas no âmbito de ativação das predisposições genicas e seus gatilhos, o diagnóstico do TB deve ser realizado e não comparado a depressão, o TB está no meio de doenças do intelecto que interfere no cotidiano, causando grandes perdas para a pessoa que o desenvolve mesmo com uso de medicação correta, pois o comportamento característico da fase eufórica do transtorno bipolar pode estar relacionado a uma atividade anormal do gene Shank 3 que desempenha um papel crucial nas funções cerebrais.
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