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Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. Entretanto, por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral, desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não estavam em sintonia com as necessidades sociais e ambientais. No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento em meio ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassados aos consumidores, resultando no aumento dos preços (COMINI et al., 2013). Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diversos paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudancdo, os resultados positivos podem ser entendidos, em grande parte, como consequência da intensa atuação das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de dados científicos e apoiadas pela população. A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental também resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um futuro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade. Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabilidade socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valorização da marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos empregados. A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas de gestão que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa ao desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão atendem a itens como: Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas de adesão voluntária às quais está sujeita; Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvimento sustentável regional, nacional e internacional; Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por seus produtos, processos e instalações são previamente identificados; Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de evacuação em casos de emergência ambiental; Conhecimento dos métodos de resposta em casos de prevenção ou mitigação dos impactos adversos; Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos impactos, positivos e negativos, decorrentes da sua atuação na região; Acessibilidade aos produtos e instalações. AÇÕES DE GESTÃO INTERNA As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações de responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados nos processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta. Quando adotam esses aspectos, dá-se início à gestão de mudança que equilibra a competitividade, a lucratividade e o desenvolvimento sustentável. O investimento em capital humano tem seus fundamentos na valorização do profissional, proporcionando maior qualidade de vida. Ações que vão do recrutamento à aprendizagem ao longo da vida e à participação nos lucros formalizam o conceito do empregado como um colaborador. As ações de investimento em capital humano são: Proibição de práticas discriminatórias; Equilíbrio entre vida profissional, familiar e tempo livre; Igualdade de contratação, remuneração e de carreira para as mulheres; Regime de participação nos lucros e no capital; Recrutamento responsável; Contratação de pessoas oriundas de minorias étnicas, idosos e desempregados de longo prazo; Estabelecimento de parcerias para implementação de programas de formação focada na melhoria do desempenho profissional. Os investimentos em saúde e em segurança do trabalho existem como uma obrigação prevista em lei. Como resultante dos movimentos socioambientais atuais, questões relacionadas à prevenção dos riscos à saúde e segurança passaram a ser de adesão voluntária, mais como um compromisso do que uma obrigação da empresa. Foram criados sistemas de gestão focados em práticas para o aprimoramento da saúde e segurança dos funcionários com certificados internacionais que valorizam a marca diante do mercado consumidor. As ações de reestruturação fazem parte dos processos de adaptação das empresas ao aprimoramento tecnológico, e resultam em redução de despesas, aumento de produtividade e melhora da qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos clientes. Nas últimas décadas, por não considerarem as questões de responsabilidade social e ambiental, ações de reestruturação resultaram em demissões em massa, encerramento da atividade de unidades fabris e desmotivação dos funcionários. Na atualidade, sabe-se que a reestruturação consciente deve: Elencar os interesses de todas as partes interessadas; Informar e consultar as partes sobre a reestruturação; Considerar o aperfeiçoamento do perfil profissional diante da reestruturação; Identificar previamente possíveis riscos para a empresa e para os funcionários; Salvaguardar e considerar os direitos dos trabalhadores; Prever os custos diretos e indiretos; Buscar estratégias e políticas alternativas que diminuam as demissões. A gestão do impacto ambiental e do uso dos recursos naturais é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável. Além de ser lei, em muitos casos, deve ser visto como um compromisso com a sociedade atual e futura. A adoção de uma cultura organizaciona, com ações de responsabilidade socioambiental, tem se demonstrado repetidamente vantajosa no sentido de reduzir despesas energéticas e custos de matéria- prima. Algumas empresas têm adotado ações como: Redução do uso de fontes não renováveis de energia; Inclusão de fontes de energia-limpa; Redução do consumo de água e energia elétrica; Utilização de materiais biodegradáveis em componentes e embalagens. AÇÕES DE GESTÃO EXTERNA É importante considerar que as empresas não são ambientes isolados que trabalham somente diante dos posicionamentos de acionistas e empregados, pelo contrário, dependem de agentes externos, como fornecedores, parceiros comerciais, autoridades públicas e clientes. Entende-se também como fator de influência externa o respeito aos direitos humanos e às preocupações com o meio ambiente. Nesse contexto, para promover a acumulação do capital social, as práticas de responsabilidade socioambiental devem abranger todas essas esferas, incluindo as peculiaridades da região e da comunidade local. Além disso, as multinacionais, os mercados globais e os perfis globalizados de consumo também devem ser levados em consideração. As empresas dependem muito do nível de desenvolvimento do local, da salubridade e da estabilidade das comunidades locais em que estão inseridas, bem como da opinião da população sobre sua reputação, pois refletem direta e indiretamente em sua competitividade e desempenho no mercado. A atuação de uma empresa pode mudar o perfil de uma região: Recrutando pessoas excluídas socialmente; Por meio de ações de melhoria da qualidade de vida, como por exemplo, financiando/patrocinando a formação de espaços de lazer comunitários; Disponibilizando estruturas de cuidado à infância para filhos de trabalhadores; Patrocinando eventos culturais e desportivos por meio de parcerias; Por meio de ações de caridade a grupos de vulneráveis. As relações empresariais definem a complexidade dos processos e os custos, podendo, muitas vezes, definir a agilidade da entrega e a qualidade de produtos e serviços. Além disso, os clientes estão cada vez maisinterados sobre a cadeia produtiva dos produtos que consomem, sendo as relações empresariais questões que determinam a escolha pela compra ou não do produto. Assim, a escolha de parceiros comerciais e fornecedores deve considerar o desempenho e a reputação social e ambiental das empresas com as quais se mantém relações. Outra relação empresarial que pode refletir em ações de responsabilidade socioambiental está baseada no modo com que as grandes empresas se relacionam com as pequenas. Seja como fornecedora de matéria-prima, componentes ou terceirizando uma parte de sua produção, pequenas empresas sempre devem estar envolvidas em grandes negócios. O incentivo a pequenas empresas ou startups inovadoras e sustentáveis, por participações minoritárias ou preferência nas relações comerciais, são modos de exercer a responsabilidade socioambiental dentro de sua área de atuação pela promoção do espírito empresarial compromissado. Como parte da responsabilidade socioambiental empresarial, as empresas devem procurar fornecer, de modo ético, eficiente e ecológico, produtos e serviços que os seus clientes buscam. Vale ressaltar que a obtenção de lucros mais elevados é uma consequência da construção de relações duradouras entre empresas e seus clientes. É importante abordar a dimensão dos direitos humanos, uma vez que elenca fatores políticos, jurídicos e morais que regulam o bom desempenho de uma empresa. Os códigos de conduta impõem o cumprimento dos direitos humanos que devem ser executados de acordo com normas e padrões cuidadosamente elaborados. A verificação de conduta em relação ao cumprimento dos aspectos legais e sociais dos direitos humanos deve ser feita pelas autoridades públicas, pelos sindicatos e pelas organizações não governamentais (ONGs). Naturalmente, o equilíbrio entre os agentes de verificação e o cumprimento integral dos aspectos legais e sociais internos e externos pode aumentar a rentabilidade das empresas. No Brasil, tem-se o Programa Nacional dos Direitos Humanos instituído pelo Decreto n° 7.037, de 21 de dezembro de 2009, e atualizado pelo Decreto n° 7.177, de 12 de maio de 2010, que abrange os direitos humanos e as responsabilidades das empresas e deve ser utilizado como base para a definição dos parâmetros de atuação empresarial. A economia se refere aos recursos disponíveis e à sua disponibilidade e administração em escala regional ou global. É preciso ter a consciência de que a solução para a crise ambiental e social depende de um modelo de desenvolvimento econômico comprometido com a manutenção de relações harmônicas com o meio ambiente, garantindo sua conservação e refletindo em uma economia positiva. Logo, considerando o poder das empresas no desempenho econômico dos países, quanto maior o seu comprometimento com o meio ambiente, menores devem ser os riscos ambientais. PARADIGMA ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL As instituições públicas zelam pelo que é de interesse coletivo da população por meio de normas, valores e regras. As instituições particulares possuem caráter privado uma vez que guardam os interesses individuais. Apesar das distinções entre instituições públicas e privadas, o meio ambiente, pelo fornecimento de recursos, e a sociedade, por meio da sua força de trabalho, além de estarem intimamente relacionados e possuírem caráter público, são as bases para a existência empresarial. Assim, pode-se dizer que as empresas se colocam como instituições públicas com função social, pois lidam subjetiva e materialmente com a sociedade e com o meio ambiente, que são de extrema importância para a humanidade e pauta internacional. Consequentemente, espera-se que as empresas possuam uma postura compromissada, que deve se espelhar nas questões econômicas, sociais e ambientais. Desse modo, devem exercer suas atividades com base nas três dimensões da sustentabilidade para que trabalhem em equilíbrio com as questões econômicas, sociais e ambientais. Por muitos anos, na economia capitalista, a obtenção de lucro se mostrou um dos principais meios para se estimar o sucesso empresarial. Decorre disso o fato de que, muitas vezes, as empresas se esquecem da ética e agem a partir de atos oportunistas. Os países se diferem quanto às leis sociais e ambientais que possuem, geralmente, refletindo seu grau de desenvolvimento. Um país em desenvolvimento pode se tornar menos atrativo para a permanência de empresas devido às leis sociais, fiscais ou ambientais que venham a promulgar. Diversas vezes é possível constatar que agir de acordo com o que as leis preconizam pode não ser suficiente para atender às expectativas da sociedade em relação às empresas. As relações entre países e instituições públicas e privadas devem ser fortalecidas para garantir a transparência das atividades empresariais. Diversas são as partes interessadas (stakeholders) que afetam e são afetadas, influenciam e são influenciadas pelas empresas e que, muitas vezes, possuem interesses conflitantes entre si e em relação à empresa (Diagrama 1). É importante entender que buscar o melhor para si não resulta em atingir o melhor para todos, então, as partes interessadas devem atuar de modo que se equilibrem, considerando os três pilares da sustentabilidade. Atualmente, sabe-se a importância do desenvolvimento sustentável para garantir melhor qualidade de vida para a população e um futuro sustentável para as gerações seguintes. A atuação empresarial, nesse contexto, deve agir ativamente e em articulação com projetos que evitem a crise social e ética de paradigmas econômicos, sociais e ambientais. EMPRESA SUSTENTÁVEL Segundo Carroll (1979), a responsabilidade social das empresas compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem em relação às organizações em um determinado período. Uma empresa responsável socioambientalmente deve ter como objetivo o desenvolvimento sustentável e, por meio dele, exercer, em suas relações internas e externas, o cumprimento das questões legais e o posicionamento ético de modo integrado, considerando todas as expectativas das partes interessadas. Sempre haverá dificuldades para implantar as práticas de responsabilidade socioambiental, já que envolvem uma diversidade de questões que se traduzem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos, internos e externos à empresa (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016). Todavia, no Brasil, a Constituição Federal definiu que as empresas devem observar os seguintes princípios: Soberania nacional; Propriedade privada; Função social da propriedade; Livre concorrência; Defesa do consumidor; Defesa do meio ambiente; Redução das desigualdades regionais e sociais; Busca do pleno emprego; Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte que tenham sua sede e administração no País. Desse modo, a Constituição Federal brasileira traz à tona a ideia de desenvolvimento sustentável, colocando-o como uma das razões para a limitação da atuação de uma empresa quando ameaça o uso racional dos recursos. Empresas sustentáveis não esperam que leis ambientais sejam elaboradas pelos países, e sim pensamglobalmente e agem localmente, adotando as três dimensões da sustentabilidade em suas atividades (Diagrama 2). Essas três dimensões abrangem a sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas também abarca questões de: Sustentabilidade espacial: Referente a uma configuração rural-urbana equilibrada, que avalia soluções para os assentamentos humanos. Sustentabilidade cultural: Referente ao respeito pela pluralidade apropriada à cultura local. Sustentabilidade política: Ressalta a necessidade de processos democráticos consolidados. Sustentabilidade institucional: Relacionada à atividade pública e às suas relações com outras instâncias da sociedade. MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL O triple bottom line(resultado triplo) é um modelo de gestão empresarial criado a partir das dimensões da sustentabilidade, e possui como pressuposto básico que a responsabilidade social das empresas deve contribuir para a superação das crises socioambientais. Esse modelo propõe uma abordagem em que todas as formas de capital sejam favorecidas ao longo do tempo por meio de uma gestão econômica, social e ambiental responsável. No modelo tradicional, as empresas obtêm aumento de valor de mercado com geração de lucro líquido e consequente aumento da riqueza dos acionistas. Na esfera econômica do tripé da sustentabilidade, as empresas também obtêm desempenho financeiro positivo, mas consideram os custos sociais e ambientais envolvidos em seus processos. Na esfera social, o capital social que estão construindo deve ser considerado e seu conhecimento vislumbrado como fator de competitividade. Na esfera ambiental, o diferencial desse modelo está na obtenção de lucro líquido ambiental por meio da adoção do conceito de capital natural baseado no modo como a empresa lida com a manutenção dos recursos naturais e os serviços ambientais. A partir do modelo triple bottom line, desenvolveram-se os 3 Ps – profit, people e planet (lucro, pessoas e planeta), cuja aplicação está restrita às empresas, à medida que se associa a dimensão econômica ao lucro, conforme ilustra a Figura 1 (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016). GESTÃO E AS POLÍTICAS SOCIOAMBIENTAIS Vale ressaltar que o processo de globalização e a economia baseada no consumismo e descarte rápido de produtos têm aquecido os mercados globais, entretanto, não caminham . em sincronia com as questões ambientais Cientes dos danos, provavelmente irreversíveis, os consumidores e as organizações não governamentais têm cobrado uma postura ética das empresas, exercendo diversas ações socioambientais. As empresas têm o compromisso de considerar as questões relativas à sustentabilidade regional e global propostas pelas partes que as compõem para, então, buscar soluções cabíveis. Nesse contexto, a intervenção governamental como agente regulamentador das ações do setor privado na construção de ações socioambientais é indispensável. Partindo desse pressuposto, as políticas públicas socioambientais atuam no sentido de dar legitimidade e efetividade às questões ambientais, fornecendo orientação, auxiliando no planejamento e realizando o monitoramento das ações e atividades desenvolvidas. Segundo Appio (2005), as políticas públicas podem ser definidas como os instrumentos de execução de programas políticos baseados na intervenção estatal na sociedade com a finalidade de garantir a igualdade de oportunidade entre os cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de uma existência digna a todos. Essas políticas são promovidas por meio da criação de planos e programas elaborados pelo Estado, mas com a participação das esferas públicas e privadas para garantir um processo totalmente democrático. Os planos determinam prioridades, objetivos e períodos para execução, já os programas são compostos por ações e atividades para o estabelecimento de questões de interesse público. As atividades têm papel de instaurar as ações, ou seja, torná-las reais e efetivas. EXEMPLIFICANDO Quando falamos em meio ambiente, o foco dos planos e/ou programas estatais é a contenção da crise ambiental. Como exemplo, pode-se citar o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS). Trata-se de um documento-base das ações de governo, do setor produtivo e da sociedade que direcionam o Brasil para padrões mais sustentáveis. A atuação nacional se fortaleceu, em 1981, com a criação do Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O SISNAMA é a estrutura adotada para a gestão ambiental no Brasil, em que o meio ambiente é caracterizado como patrimônio público da humanidade, devendo ser protegido por e para todos, considerando os cidadãos de hoje e as gerações futuras. O SISNAMA tem como órgão consultivo e deliberativo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e é representado pelos órgãos municipais, estaduais e federais, pela sociedade civil e pelo setor empresarial. O CONAMA, por meio de suas resoluções, define critérios, estabelece procedimentos e parâmetros técnicos, altera resoluções antigas e têm diversos modos de atuação na área ambiental. Inclui também os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) que foram incluídos pela PNMA como instrumentos de política ambiental e são obrigatórios e prévios a qualquer projeto que venha a causar impactos no meio ambiente. O EIA é um estudo meramente técnico, elaborado de modo imparcial, de avaliação das consequências e danos ambientais para determinado projeto (industrial, residencial, comercial etc.) e aponta quais procedimentos devem ser utilizados para que o projeto seja executado em harmonia com o meio ambiente. Trata-se de um documento extremamente importante para o desenvolvimento sustentável, pois auxilia na prevenção e mitigação dos impactos negativos ao meio ambiente. O RIMA é um relatório técnico conclusivo de impacto ambiental do EIA que contém os levantamentos e as conclusões pelo qual o órgão público designado deve analisar e conceder ou não a licença ao projeto a ser executado. As resoluções do CONAMA fornecem as diretrizes gerais para a elaboração do EIA e do RIMA, bem como as atividades técnicas mínimas que precisam ser cumpridas em relação ao diagnóstico, previsão, análise, acompanhamento e monitoramento ambiental do local de estudo. PRINCÍPIOS, CÓDIGOS E REGULAMENTOS DAS POLÍTICAS SOCIOAMBIENTAIS EMPRESARIAIS A difusão da responsabilidade socioambiental empresarial ocorre pela adoção de instrumentos norteadores e por um conjunto de códigos e normas elaborados, levando em consideração os aspectos estratégicos da empresa. Esses instrumentos e normas devem ser implementados desde o início da organização para que resultem em desempenho positivo. A elaboração ou reformulação de aspectos estratégicos, como a definição da visão, valores e missão devem ser baseados em instrumentos norteadores mundialmente conhecidos, tais como: Direitos Humanos; Agenda 21; Protocolo de Quioto; Declaração sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento; Carta da Terra; Pacto Global; Agenda 2030; Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os códigos e regulamentos são instrumentos socioambientais empresariais que devem ser construídos considerando os aspectos estratégicos políticos, os aspectos relacionados aos recursos e os perfis liderança. Os códigos e normas fornecem recomendações para ações focadas, como as convenções da Organização Internacional do Trabalho, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e o combate à corrupção. As convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fornecem códigos e normas considerando a estrutura tripartite que envolve empregadores, empregados e governos. As convenções e recomendações da OIT são voltadas para as relações de trabalho de qualquer organização, inclusive estatais (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016) (Quadro 1). A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) possui diretrizes para grandes empresas que compõem um código de conduta sobre diversas questões empresariais nas áreas sociais, econômicas e ambientais. Entre as diretrizes básicas mais importantes, pode-se destacar as que abordam: As relações de emprego; As publicações de informações; Os cuidados com o meio ambiente; O combate à corrupção; O atendimento aos interesses dos consumidores; O desenvolvimento científico e tecnológico; As boas práticas de governança corporativa; As boas práticas de concorrência. O combate à corrupção está associado a atos ética e moralmente condenáveis, praticados, principalmente,por quem ocupa posições de destaque nas relações hierárquicas de instituições públicas e privadas. A corrupção praticada pelas instituições é um tema atual e contrário às práticas de responsabilidade socioambientais, que pode resultar em danos ambientais e impactos sociais irreversíveis. São exemplos de práticas de corrupção: Coagir física ou moralmente para a prática de ações ilegais ou eticamente contrárias aos ideais do coagido; Lavagem de dinheiro; Suborno de agentes fiscalizadores; Fraudar laudos ou perícias técnicas; Burlar leis praticando obstrução à justiça ou conluios entre empresas. Deve-se considerar também os aspectos operacionais que causam impactos econômicos, ambientais e sociais. Considerando a formação ou a reestruturação de uma empresa, esses aspectos devem ser construídos por meio de procedimentos operacionais padrão (POPs) de uma cultura organizacional com processos bem definidos, por normas ISO e relatórios de desempenho que considerem as ações de responsabilidade socioambiental. INDICADORES, CERTIFICAÇÕES, TECNOLOGIAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO A sobrevivência e o sucesso de uma organização estão diretamente relacionados à sua capacidade de atender às necessidades e expectativas dos proprietários, dos clientes e da sociedade. De acordo com a ABNT (2012), uma vez que as decisões e atividades têm impacto ambiental, ações entre organizações públicas ou privadas e o meio ambiente devem atuar no sentido de reduzi-los, sendo conveniente que a organização adote uma abordagem integrada que considere as implicações econômicas, sociais, na saúde e no meio ambiente de suas decisões e atividades, direta e indiretamente. Muito se tem trabalhado ao longo das últimas décadas para garantir que as práticas de responsabilidade socioambiental sejam exercidas pelas empresas e para que estejam alinhadas ao conceito de desenvolvimento sustentável. As práticas de responsabilidade socioambiental reestruturam a cultura organizacional das empresas, influenciando as diversas instâncias da gestão empresarial, tais como: a gestão financeira, o marketing, a produção, a gestão de pessoas, a logística e o desenvolvimento de produtos. Desse modo, é importante entender melhor os indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão que podem ser adotados pelas empresas em busca de um desempenho ambiental eficiente. FONTES DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA O ciclo PDCA (plan, do, check, act, ou seja, planejar, fazer, verificar e agir) busca a melhoria contínua dos processos das organizações (Diagrama 3). Questões sobre como adotar novos ou como fazer a melhoria de processos já existentes buscando um melhor desempenho socioambiental podem ser resolvidas a partir dessa técnica. Esse ciclo garante dois tipos de ações corretivas: Ação corretiva temporária: Busca a resolução do problema já instaurado; Ação corretiva permanente: Consiste na investigação e eliminação das causas e, portanto, visa a sustentabilidade do processo. A ideia do ciclo PDCA é realizar o planejamento, estabelecendo claramente os objetivos e as metas para que as ações sejam programadas com embasamento. Além disso, descreve os processos que envolvem o problema para entendê-lo e para identificar as áreas para melhorias. Para isso, a utilização de fluxogramas e mapas dos processos é importante. Muitas ferramentas estão disponíveis para coletar e interpretar dados, como histogramas, gráficos de execução, de dispersão e de controle. Compreendido o cenário atual, deve-se implementar o programa estabelecido, promovendo a organização e o treinamento de funcionários e/ou parceiros. As soluções decididas devem ser implementadas individualmente. É importante que os responsáveis se certifiquem de que todas as etapas foram totalmente compreendidas. A fase de verificação é caracterizada por uma aprendizagem significativa. Há a oportunidade de desenvolver planos atualizados, elevando o processo a novos patamares, em vez de simplesmente consertar o que deu errado na fase anterior. Se os resultados forem negativos, o trabalho de melhoria deve recomeçar na fase de planejamento, pois, caso contrário, as soluções testadas passam para a fase de ação. A verificação deve ser feita continuamente pelo monitoramento e elaboração de relatórios que evidenciem com clareza os resultados alcançados. A atuação deve promover a melhoria contínua. Uma vez que o ciclo atingiu essa etapa, as soluções são preparadas para implementação final e, possivelmente, para adoção por outros setores da organização. Nessa etapa, deve-se adotar normas e certificações para reconhecimento nacional e internacional das melhorias realizadas, e, para manter a melhoria é preciso repetir o ciclo continuamente. A NORMA ISO 26000 A obtenção de certificados pelo atendimento de padrões técnicos sobre produtos, processos produtivos, métodos e ensaios é um grande diferencial para as empresas. Em alguns casos, a norma que fornece o certificado é tão importante que se torna uma lei. Criada em 1947 e mais conhecida por sua sigla ISO, a principal organização de normalização é a International Organization for Standardization. O objetivo da ISO é desenvolver padrões e atividades para facilitar as trocas de bens e serviços no mercado internacional e promover a cooperação entre os países nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016). As normas de gestão da ISO se aplicam a qualquer organização, pois não são normas de conteúdo, mas de procedimentos que podem se adequar ao segmento da empresa que a adota. Todas elas adotam o ciclo PDCA para melhoria contínua dos processos. A certificação requer auditorias periódicas de avaliação. A ISO possui normas adotadas mundialmente, entre as mais importantes estão as séries ISO 9000, de gestão da qualidade, e a ISO 14000, sobre sistemas de gestão ambiental. A norma ISO 26000 foi desenvolvida para organizações que querem adotar um sistema de gestão focado em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Por fazer uso de termos como “pode” ou “convém que” em seu texto, pode-se dizer que é uma norma-guia não certificável que busca, por meio de suas diretrizes, mais fazer indicações e recomendações do que exigir ou tornar algo obrigatório. A norma ISO 26000 aborda sete temas centrais voltados para a responsabilidade social das organizações: Governança organizacional; Direitos humanos; Direitos humanos; Meio ambiente; Práticas leais de operação; Questões relativas aos consumidores; Envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Essa norma elenca princípios específicos associados ao meio ambiente, que discutem quatro questões centrais definidas por uma descrição de expectativas relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sendo: Princípio da responsabilidade ambiental: Além de cumprir leis vigentes, convém que a organização assuma a responsabilidade pelos impactos ambientais causados por suas atividades ao meio ambiente em geral; convém que não deixe de atuar em busca de desempenho positivo, mas que, para isso, reconheça seus limites ecológicos; Princípio da precaução: Onde houver ameaças de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente ou à saúde humana, convém que não se utilize da falta de certeza científica para postergar o uso de medidas eficazes que impeçam a degradação ambiental ou danos à saúde humana em função dos custos. Convém que a organização considere os custos e benefícios de longo prazo e não somente os custos de curto prazo de uma medida; Gestão de risco ambiental: Convém que programas sejam utilizados pelas organizações a partir de uma perspectiva baseada em riscos e na sustentabilidade, para avaliar, evitar, reduzir e mitigar riscos e impactos ambientais de suas atividades. Convém que sejam elaboradas e aplicadas atividades de conscientização, além de procedimentos de respostaa emergências, bem como meios de divulgar informações sobre incidentes ambientais e para reduzir e mitigar impactos ambientais na saúde e na segurança, causados por acidentes; Poluidor pagador: De acordo com a extensão do impacto ambiental na sociedade, convém que a organização arque com os custos da poluição causada por suas atividades e providencie as ações corretivas, totalmente ou à medida que a poluição se adeque aos níveis permitidos. O custo da poluição e a quantificação dos benefícios econômicos e ambientais da prevenção devem ser internalizados pelas organizações. Desse modo, as empresas devem considerar o emprego da gestão ambiental seguindo abordagens estratégicas, como: ciclo de vida de produtos, avaliação de impacto ambiental, produção mais limpa e ecoeficiência, abordagem por sistemas de produto-serviço, uso de tecnologias e práticas ambientalmente saudáveis, práticas de compras sustentáveis (priorizar produtos ou serviços com impactos minimizados e fazer uso de sistemas de rotulagem confiáveis) e aprendizagem e conscientização. O Quadro 2 destaca as principais questões abordadas pela ISO 26000. Se a organização elaborou e mantém um sistema de gestão ambiental seguindo os requisitos da norma ISO 14001, deve haver grandes chances dos princípios da norma ISO 26000 terem sido atendidos, principalmente o princípio da gestão do risco ambiental. A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua atividade, objetivando se tornar sustentável no curto e no longo prazo. A norma ISO 14001 estabelece práticas de responsabilidade ambiental como: Implementação de um sistema de gestão ambiental; Rotulagem ambiental; Análise de desempenho ambiental; Análise de ciclo de vida; Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos; Comunicação ambiental; Mitigação das mudanças climáticas. INDICADORES E ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE Os indicadores e índices podem ser usados para avaliar o desempenho em relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável e compará-lo entre cidades, países, blocos e organizações públicas e privadas. econômicos Sendo que estimam se as instituições estão crescendo econômica e ambientalmente de acordo com o objetivo proposto. Os indicadores são compostos por parâmetros ou valores, analisados em grupos ou isoladamente a partir de estratégias de gestão definidas antecipadamente. A partir dos indicadores são avaliadas as condições do sistema de gestão e se a estratégia adotada previamente está gerando resultados. Desse modo, são importantes por informarem às partes interessadas sobre o desempenho positivo ou negativo em uma determinada questão. Nesse sentido, indicadores que avaliam os resultados das ações de responsabilidade socioambiental empresarial capturam e antecipam tendências para informar os tomadores de decisão, assim como orientam o desenvolvimento e o monitoramento de políticas e estratégias. Os indicadores do desenvolvimento sustentável (indicadores de sustentabilidade) informam se o desempenho da empresa está ocorrendo em harmonia com o meio ambiente e têm papel importante no monitoramento, na avaliação e na efetivação do desenvolvimento sustentável. Os indicadores de sustentabilidade analisam se o impacto ambiental gerado por uma empresa permite que o planeta seja resiliente. Os indicadores ambientais devem ser: Comparáveis: Devem permitir comparações e mostrar as mudanças ocorridas; Equilibrados: Devem distinguir o mau e o bom desempenho; Contínuos: Devem ser formulados a partir de critérios similares e considerar períodos comparáveis; Temporais: Devem ser revistos regularmente para permitir o uso de medidas atualizadas; Claros: Devem ser de fácil compreensão. Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são exemplos importantes para mostrar o grau de desenvolvimento sustentável no Brasil. O IBGE analisa indicadores de sustentabilidade considerando as três dimensões da sustentabilidade, dos quais destacam-se: Concentrações de poluentes no ar e em áreas urbanas; Queimadas e incêndios florestais; População residente em áreas costeiras; Acesso a tratamento de esgoto; Espécies extintas ou em risco; Crescimento populacional; Mortalidade infantil; Consumo de energia per capita. DICA No Brasil, a construção de indicadores de desenvolvimento sustentável se integra ao conjunto de esforços para concretização das ideias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992. É importante conhecer as diversas informações sobre como estamos trabalhando rumo ao desenvolvimento sustentável. O documento é interativo e de acesso gratuito. Para a formulação de indicadores de desenvolvimento sustentável empresarial, pode-se citar os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis, criados pelo Instituto Ethos. A ferramenta elabora indicadores a partir de um questionário e tem como foco avaliar o grau de incorporação da sustentabilidade e da responsabilidade social aos negócios, auxiliando na definição de estratégias, políticas e processos. Trata-se de uma ferramenta gratuita de aprendizagem, avaliação e monitoramento das ações de responsabilidade socioambiental, estruturada em temas e subtemas com um questionário agrupado em dimensões baseadas na norma ISO 26000. Os indicadores são diferentes dos índices. Os índices são feitos da junção de um conjunto de indicadores e são instrumentos de tomada de decisão e previsão, pois permitem conhecer o endividamento e os riscos associados para os investimento e funcionam como um retrato das condições da empresa, refletindo sua saúde econômica, social e ambiental. Como exemplo, pode-se citar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), que é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho nas ações de sustentabilidade das empresas constantes das listas da B3 (Brasil Bolsa Balcão) sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. O ISE B3 está fundamentado na eficiência econômica e na equidade ambiental, além de possuir transparência em seus processos, uma vez que também possui fundamentos na governança coorporativa e na promoção da justiça social. Atualmente, o ISE B3 se caracteriza como um norteador para os fundos de investimento e valoriza as empresas de capital aberto ao lidar com uma questão tão demandada pela sociedade atual. DICA atual Entenda o que é, conheça sua missão, fundamentos, objetivos estratégicos e a versão do Questionário ISE B3. Muitas empresas prestadoras de serviços estratégicos fazem a análise dos índices de sustentabilidade por meio de softwares de gestão de indicadores ambientais, por plataformas de análise de vulnerabilidade e licenciamento ambiental, auxiliando na adoção de programas e selos ambientais. Infelizmente, na maioria das vezes, tais serviços estão disponíveis somente para empresas de grande porte devido ao seu alto custo. TECNOLOGIAS RESULTANTES DA GESTÃO AMBIENTAL A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental nas estratégias de gestão empresarial tem permitido, se não exigido, o desenvolvimento de tecnologias inovadora tanto na produção de bens quanto na prevenção de impactos negativos ao meio ambiente. Tais tecnologias estão disponíveis em diversos segmentos empresariais e, em geral, são resultado de demandas dos clientes. Pode-se afirmar que, na atualidade, para ser considerado um bom processo ou produto não basta ser eficiente industrialmente, também há a necessidade de ser eficiente ambientalmente. Algumas tecnologias com melhor desempenho ambiental já devem estar presentes noseu dia a dia. O Quadro 3 destaca alguns exemplos. Tecnologias industriais que resultam na redução do consumo de água ou da queima de biomassa, que reduzam a geração de resíduos ou que aumentem a eficiência dos processos de tratamento de efluentes, bem como que resultam em produtos com menor utilização de elementos tóxicos ou de fontes não renováveis têm sido foco dos setores de pesquisa e desenvolvimento de empresas e de instituições de pesquisa, pois trazem benefícios econômicos e ambientais. MARKETING AMBIENTAL O marketing ambiental ou marketing verde é uma estratégia adotada para promover a divulgação e aumentar as vendas de produtos e serviços que tenham bases ambientalmente corretas. Por meio dele é possível vincular uma marca, produto ou serviço a uma imagem ecologicamente correta. Os produtos e serviços passíveis do marketing ambiental devem ser resultado de um impacto ambiental mínimo, tanto ao se considerar os elementos que compõem o produto quanto os que estão relacionados ao seu processo produtivo. Diante da crescente demanda por práticas de sustentabilidade, o marketing ambiental pode trazer às empresas vantagens competitivas, o recrutamento de novos clientes e a garantia de sua sobrevivência no mercado. Existem quatro pilares elaborados para que as empresas possam aplicar o marketing ambiental em seus produtos ou serviços de modo sustentável: Ser ecologicamente correto; Ser economicamente viável; Ser socialmente justo; Ser culturalmente aceito. TENDÊNCIAS MUNDIAIS SOBRE O PERFIL DO CONSUMIDOR Na maioria dos países, a preocupação com o meio ambiente cresceu. Questões sobre o uso de fontes de energia renováveis, sobre o desmatamento, as mudanças climáticas e a poluição atmosférica são apontadas como os maiores problemas ambientais da atualidade. Os consumidores, de modo geral, consideram importante comprar produtos e serviços de empresas que respeitam o meio ambiente, mas quando são questionadas sobre o que é importante para decidir consumir de uma empresa, preocupações básicas relacionadas a custo-benefício são listadas antes de questões sobre responsabilidade socioambiental e produtos ambientalmente corretos. Preço bom, qualidade, confiabilidade e atendimento ao cliente estão entre os atributos empresariais mais importantes entre os consumidores. Essas respostas indicam que, de acordo com o posicionamento dos clientes, as empresas não devem sacrificar os fundamentos da marca para as questões ambientais, entretanto, devem manter um equilíbrio entre os atributos desejados e o compromisso com o desenvolvimento sustentável. Em geral, consumidores estão dispostos a comprar mais produtos ambientalmente corretos e a pagar até 10% a mais para produtos ecológicos, mas muitos relatam problemas que prejudicam a compra, como a rotulagem confusa ou não confiável, preço muito discrepante quando comparados aos produtos não verdes, falta de disponibilidade e pouca variedade. Os consumidores de produtos ambientalmente corretos procuram produtos que usem menos embalagens plásticas, e sim biodegradáveis ou recicláveis; além disso, apoiam-se nas informações presentes nas embalagens e em certificações para decidir sobre qual produto comprar. INICIATIVAS DE MARKETING AMBIENTAL É necessário que as empresas realizem a divulgação de ações de marketing ambiental aos seus clientes somente depois de realmente adotarem uma postura ambientalmente correta em sua cultura organizacional, por meio de ações de responsabilidade socioambiental. Para fazer propagandas sobre essa postura ambientalmente correta, as pequenas e grandes empresas podem: Adotar os 3 Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar; Incorporar os 4 Ss: aceitação social, satisfação do consumidor, segurança e sustentabilidade; Usar selos verdes (certificação ambiental) para legitimar o posicionamento da empresa; Participar de programas de promoção dos três pilares da sustentabilidade; Escolher fornecedores e parceiros ecologicamente corretos. Empresas conhecidas no mundo todo têm adotado iniciativas ambientais e divulgado suas ações em todos os meios de comunicação disponíveis, sendo exemplos de destaque: Microsoft: Já foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. Desenvolveu, por exemplo, um sistema de inteligência artificial para combater o aquecimento global; Coca-cola: Em 2012, mudou a cor das latas e rótulos para conscientizar a sociedade sobre a necessidade proteção dos ursos polares, um dos personagens símbolos da marca; Nike: Criou o Making App para inspirar designers de moda a trabalhar com materiais ecológicos a partir de seus produtos; Toyota: Desenvolveu o Prius, o primeiro veículo híbrido do mundo.
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