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PUC - Prova História econômica Geral II - colapso da ordem Bretton Woods e derrocada da União Soviética

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 
Departamento de História 
História Econômica Geral II (HIS 1609) 
Professor: Mario Ângelo Miranda 
 
1ª Questão 
“BURNS: — Mas todos os outros países sabem que nunca agimos contra eles. A boa 
vontade... 
CONNALLY: — Vamos falir com a boa vontade deles nas mãos ... Por que temos de 
ser sensatos? 
BURNS: — Eles podem nos retaliar. 
CONNALLY: — Deixe que o façam. O que eles podem fazer? 
BURNS: — Eles são poderosos. São orgulhosos, tanto quanto nós... 
CONNALLY: — Não temos saída, a menos que tomemos uma atitude. Nossos ativos se 
esvaem nos contêineres de grãos. Você está nas mãos dos que trocam dinheiro. Você 
verá que esse ato nos trará uma posição mais competitiva. 
BURNS: — Posso falar pelos ‘que trocam dinheiro’? Os presidentes dos Bancos 
Centrais são importantes para você.” 
Apud. FRIEDEN, J. Capitalismo global. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 363 
 
A passagem acima retrata o famoso diálogo entre Arthur Burns, então presidente do 
conselho do FED e o secretário do Tesouro dos EUA John Connaly. Tendo como base os 
argumentos apresentados por Jeffry Frieden (B10) explique a relação entre a crise 
vivenciada nos EUA no início dos anos 1970 e o fim do sistema Bretton Woods e aponte 
para seus impactos nos países em desenvolvimento e nas economias planificadas. 
 
O sistema Bretton Woods, ordem econômica implementada no pós-guerra, 
consistiu numa série de acordos e compromissos que estimulou o comércio, os 
investimentos e as finanças globais. Apesar de carregar o princípio de equilíbrio entre as 
questões domésticas dos Estados e a integração econômica internacional, os laços 
econômicos entre os países, propiciados pelos acordos, constituíam a perspectiva de que 
a economia mundial restringia as políticas nacionais. E ainda, como apontado por Jeffy 
Frieden, criaram, também, a ideia oposta de que ficar preso aos objetivos nacionais 
limitava o desenvolvimento de mercados globais, posição esboçada por Arthur Burns no 
trecho citado. 
Assim sendo, a ruptura com esse sistema veio de sua ordem monetária, o qual 
possuiu uma íntima relação com a contradição existente entre os interesses econômicos 
internacionais e a política doméstica norte-americana que culminou na retirada, em agosto 
de 1971, do padrão-dólar-ouro. 
Segundo a síntese proposta por Jeffry Frieden, dois foram os aspectos centrais que 
fundamentaram a implosão do sistema, paradoxalmente resultado de seu sucesso como 
destacado anteriormente. O primeiro aspecto foi a restauração das finanças internacionais 
e o segundo, consequência do primeiro, a pressão sobre o dólar americano. O segundo 
fator, determinante para a crise desencadeada nos Estados Unidos, estava relacionado 
com a reestruturação econômica da Europa Ocidental e do Japão e o crescimento de sua 
importância na economia global. Essa conjuntura causou um reordenamento no mercado 
de capitais internacionais, o que causou uma série de pressões na economia doméstica 
norte-americana a partir do início da década de 60. 
Um dos primeiros sinais da contradição exposta foi o déficit na balança de 
pagamentos que gerou uma perda de confiança no dólar, em 1959 e 1960. Nessas 
circunstâncias, o FED (Federal Reserve) subiu os juros com o objetivo de aumentar a 
demanda estrangeira por dólares, fato que encareceu os preços dos produtos norte-
americanos pressionando a inflação e levou o país a uma recessão. A apreciação real do 
dólar, processo levado a cabo pelo banco central norte-americano para deixar o dólar 
artificialmente mais alto e cumprir a agenda das obrigações com a política internacional 
começava então a pressionar a economia interna estadunidense. 
O ponto nevrálgico dessa conjuntura se deu durante a corrida eleitoral de 1972, 
quando Nixon não estava mais disposto a sustentar as políticas de austeridade e encolher 
a economia norte-americana em razão das obrigações cambiais exigidas pela ordem 
Bretton Woods. Esse processo se mostrou cada vez mais insustentável quando em 1971 
os Estados Unidos importavam mais que exportavam resultado da pressão crescente no 
mercado produtivo do país. 
Fica claro, portanto, o alto grau de engessamento desse sistema, onde os governos 
precisavam moldar suas políticas domésticas para regular a taxa de câmbio, sacrificando 
os objetivos nacionais pela sustentação monetária internacional. Essa conjuntura era 
pouco afeita à cultura política norte-americana, cujos interesses internos serão sempre 
sobrepostos. Nesse sentido, Frieden aponta, em linhas gerais que: “a ordem monetária de 
Bretton Woods entrou em colapso devido razões políticas, não técnicas”. 
Os anos que se seguiram a década de 70 e culminaram na chamada década perdida 
(década de 80) significaram para os países em desenvolvimento um longo período de 
estagnação e crise do modelo de desenvolvimento industrial por substituição de 
importações. Na América Latina, tornaram comuns as crises nas balanças de pagamentos 
e a inflação, trazendo para a ordem do debate econômico a austeridade e para o cenário 
político a repressão e os golpes militares. 
Nesses mesmos anos, o crescimento das economias planificadas sofreu uma 
sucessiva desaceleração durante o fim da década de 60 e início da década de 70, o que 
trouxe ao bloco soviético movimentos políticos de contestação, sobretudo no leste 
Europeu. Frieden ainda denota um descompasso tecnológico entre as economias 
planificadas, supostamente por um problema sistêmico das economias planificadas, ou 
seja, da ordem econômica adotada. 
 
2ª Questão 
“O desmoronamento dos regimes da Europa Oriental surpreendeu tanto quanto a 
transformação do regime soviético”. 
FERRO, Marc. A reviravolta da história. São Paulo: Paz e Terra, p. 23. 
 
A partir da leitura do texto de Tony Judt (B11) e do debate realizado em nossos encontros, 
caracterize o processo de desmoronamento da URSS e explique o cenário político-
econômico do pós- Guerra Fria. Não deixe de considerar as tensões dos últimos anos do 
ambiente da Guerra Fria; os limites das reformas políticas adotadas na URSS e seus 
impactos no chamado “leste europeu”. 
 
A União Soviética, o bloco socialista formado pela Rússia e pelos países do leste 
europeu, que havia vivido um surpreendente e intenso crescimento econômico através do 
socialismo após a Segunda Guerra Mundial que rivalizava com o capitalismo norte-
americano, passava a conviver, em fins da década de 1970 e no raiar dos anos 1980, com 
uma série de debilidades econômicas e sociais, além de disputas internas no âmbito 
Partido Comunista. Fatores os quais ensejavam o que seria a década final do sobredito 
bloco, que em 1991 seria dissolvido. 
O período no qual Leonid Brejnev esteve à frente do governo soviético, como 
secretário geral do comitê central do Partido Comunista (1964-1982) é usualmente 
reconhecido como o período da estagnação, no qual o conjunto de países socialistas 
esbarrou em sérios problemas com os quais as lideranças não souberam lidar, de acordo 
com Tony Judt. O bloco socialista em meados de 1970 sofria com problemas como 
dependência de importação de diversas mercadorias, inclusive de última necessidade, 
como alimentos; conflito bélico que prolongava-se no Afeganistão; crises quanto ao 
fornecimento de energia; e, evidentemente, a estagnação produtiva que guiou a União 
Soviética a mais de uma década de estagnação econômica. 
Diante dessa conjuntura, e de uma grande camada política burocrática que não 
conseguia contornar esses graves problemas, a União Soviética passou por um processo 
político e econômico de “liberalização” na década de 1980, sob o governo de Gorbachev. 
Estas foram uma série de reformas que visavam à manutenção do socialismo, a partir de 
um afrouxamento do controle estatal da economia, além, por certo, de um processo de 
abertura política. Foi, portanto, a partir da perestroika que foram legalizados algunsnegócios privados e, por meio da glasnost, que se iniciou um processo de discussões 
políticas que acirraram na vida pública, pode-se dizer que houve um maior grau de 
liberdade de expressão, principalmente por meio dos veículos de comunicação. 
Desde 1968 eram fomentadas ideias separatistas nos países do leste europeu. 
Fundamentava-se cada vez mais a ideia de um pertencimento à Europa e a recusa de um 
projeto socialista que preambulavam, na verdade, o que seria o fenômeno do colapso em 
1991. As reformas empreendidas pelo comitê central do Partido Comunista de Gorbachev 
funcionaram como propulsor para esse movimento, que podemos compreender como a 
exacerbação de alguns nacionalismos, num processo que após a desintegração do bloco 
socialista ficou conhecido como “balcanização”. Muito embora as reformas iniciadas em 
1986 visassem em sua essência à continuação e perpetuação do regime socialista, elas 
acabaram por representar o termo do socialismo enquanto modo de produção naqueles 
países.

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