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COOPERAÇÃO BRASIL - ARGENTINA NA ÁREA NUCLEAR

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COOPERAÇÃO BILATERAL BRASIL-ARGENTINA NA ÁREA DA 
TECNOLOGIA NUCLEAR 
Van Lee Francisco Pereira 
RESUMO: 
O presente trabalho apresenta a cooperação Brasil-Argentina na área nuclear, 
bem como será apresentado um breve histórico do ciclo de amizade e rivalidade entre os 
dois países, o início da relação entre os dois países, inclusive na área nuclear, quais as 
motivações e resultados desta cooperação e o impacto gerado em ambos os países e na 
América Latina. Explora também como que está essa relação bilateral na área nuclear 
nos governos atuais do Brasil e da Argentina, Bolsonaro e Macri, respectivamente. O 
trabalho expõe que há várias formas de usar energia nuclear para fins pacíficos, como 
construção de usinas hidrelétricas, equipamentos radiológicos, tratamento contra o 
câncer, etc. 
Palavras-chave: cooperação, bilateral, Brasil, Argentina, nuclear. 
1. INTRODUÇÃO 
 A relação Brasil-Argentina teve vários momentos de tensões e distensões. 
Geograficamente, são os dois maiores países da América do Sul, e constantemente 
disputam pela liderança na região, inclusive na área nuclear. São os países que mais se 
destacam econômica e tecnologicamente na região. Mas apesar da rivalidade, não há 
inimizade. A cooperação entre os dois países aumentou após a Segunda Guerra 
Mundial, pois ambos desperteram interesses na tecnologia nuclear, porém, apenas para 
fins pacíficos (BOMPADRE, 2000). 
 A relação entre os dois se iniciou antes mesmo de se tornarem independentes. Os 
países apenas herdaram uma rivalidade por disputas de terra entre Portugal e Espanha 
no território que hoje seria o Uruguai. O Brasil apoiou Portugal e Argentina, por sua 
vez, apoiou a Espanha. Houve vários momentos de tensões, como a Guerra da 
Cisplatina, em 1825, a guerra contra Rosas, em 1851/2, Guerra do Paraguai, na qual os 
dois países se envolveram. Aos poucos, a relação de rivalidade do século XIX se 
transformou numa cooperação importante no século XX. Candeias afirma que 
2 
 
a história dos laços bilaterais revela que as relações se iniciam sob o signo da 
instabilidade estrutural no século XIX e avançam rumo à estabilidade 
estrutural pela integração no século XXI. As fases intermediárias foram 
instabilidade conjuntural e busca de cooperação (1898-1961), instabilidade 
conjuntural com rivalidade (1962-1979) e construção da estabilidade 
estrutural pela cooperação (1979-1987) e pela integração (desde 1988) 
(CANDEIAS, 2005, p.1). 
 
E no final do século XX, a partir da cooperação e integração dos dois países, 
surgiu o Mercosul. Apesar de haver interesses econômicos e comercial, foi a partir da 
integração nuclear que houve a diminuição da rivalidade entre os dois países, e assim, 
Brasil e Argentina tiveram maior destaque no contexto internacional (OLIVEIRA, 
1998). 
 Na área nuclear, os dois países estiveram interessados em desenvolver a 
tecnologia nuclear, para fins pacíficos, desde a década de 1970, por isso que, no início, 
ambos países se recusaram a aderir ao Tratado de Não Proliferação (TNP), e só 
aderiram na década de 1990. O processo de integração nuclear Brasil-Argentina foi de 
forma lenta e gradativa (WAISMAN, 2010). 
 Primeiramente, será falado sobre o contexto nuclear brasileiro. Sua origem na 
tecnologia nuclear, principais fatos, etc. Depois será explicitado sobre o contexto 
nuclear argentino. Logo após será tratado sobre o andamento da cooperação Brasil-
Argentina no período da Guerra Fria. No capítulo seguinte será explicitado a 
cooperação nuclear dos dois países após a Guerra Fria e depois nos governos atuais. O 
trabalho será bibliográfico e alguns dos autores serão Waisman (2010), Bompadre 
(2000), Candeas (2005), etc. 
 2. CONTEXTO NUCLEAR BRASILEIRO 
 As primeiras pesquisas nucleares realizadas no Brasil foram feitas na década de 
30, mas somente em 1945, para ser mais exato, após o lançamento da bomba de 
Hiroshima que o Brasil passou a se interessar, de fato na tecnologia nuclear 
(KURAMOTO; APPOLONI, 2002). 
 Somente os EUA possuíam tecnologia nuclear na época, e não forneciam 
informações para nenhum país. Em 1945, foi assinado o primeiro acordo nuclear do 
Brasil, que foi com os Estados Unidos, o qual “previa a exportação de areia monazítica 
3 
 
(tal areia contém Tório, um elemento utilizado em processos nucleares) da região do 
Espirito Santo” (KURAMOTO; APPOLONI, 2002, p. 380.). 
 Em 1954, o Presidente Café Filho assina um novo acordo com os Estados 
Unidos em que exportaria areias monazíticas em troca de trigo americano. Em 1956, JK 
cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Com o golpe de 1964, as atividades 
nucleares foram tomadas por militares. Em 1972, foi iniciada a construção da usina 
Angra I (KURAMOTO; APPOLONI, 2002, p. 381). 
 Em 1956, o Brasil criou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) com 
o intuito de dominar a tecnologia nuclear, e aproveitou-se da relação com os Estados 
Unidos para obter equipamento e tecnologia nucleares. Após a implantação do governo 
militar de 1964, o Brasil criou uma política nuclear independente. Em 1974, após a 
Índia ter realizado testes nucelares, as leis nucleares ficaram mais rígidas e, por isso, o 
Brasil tentou buscar novos parceiros, como a Alemanha Oriental, para ter acesso a 
tecnologias nucleares (BOMPADRE, 2000). 
 Paralelamente a isso, as Forças Armadas, em segredo, começaram com 
programas “paralelos” de desenvolvimento nuclear, como por exemplo, o 
enriquecimento do urânio para construir um submarino nuclear. Entretanto, todos os 
esforços brasileiros e argentinos em relação à tecnologia nuclear foram para fins 
pacíficos (BOMPADRE, 2000). 
 Em 1975, no governo Geisel, foi firmado um acordo nuclear com a Alemanha, 
que a partir daí, foi criada a empresa Nuclebrás. Tal acordo só foi firmado após o Brasil 
assinar um termo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 1976, 
cujo objetivo era coibir a produção de armas nucleares. Como resultado desse acordo, 
deu-se início a construção de Angra II, em 1981, porém só começou a funcionar 
efetivamente em 2001. Em 1979, ‘deu-se início ao Programa Nuclear Paralelo, 
patrocinado pela Marinha, Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pelo 
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que visava o enriquecimento de 
urânio, que era feito pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica construção de submarino 
nuclear (KURAMOTO; APPOLONI, 2002). 
O Brasil tem exercido um papel importante na área de segurança e integração 
nacional e mediador de conflitos desde os anos 1970, como o Tratado de Cooperação 
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Amazônica a criação do Mercosul, solução de conflitos na região andina entre Peru e 
Equador, etc. No início, o Brasil foi contra o TNP, pois considerava discriminatório e 
servia apenas para os países que eram potências, inclusive nuclear, se manterem no 
poder. Porém, ao avaliar os benefícios que o tratado oferecia, como ampliar a 
legitimidade nos fóruns internacionais, credibilidade mundial, o Brasil aderiu ao TNP 
em 1998 (OLIVEIRA; ONUKI, 2000). 
 Em 1988, foi criado o Conselho Superior de Política Nuclear (CSPN), cujo 
objetivo era mostrar transparência na política nuclear brasileira e usar a energia nuclear 
para fins pacíficos (OLIVEIRA; ONUKI, 2000). 
 Um dos planos da área nuclear do governo atual é explorar a única mina de 
urânio existente na América Latina, localizada em Caetité/BA, que tem 100 mil 
toneladas de minério, o suficiente para abastecer todas as centrais nucleares do país, 
bem como explorar a mina de fosfato e urânio localizada em Santa Quitéria/CE, tudo 
para que o Brasil não seja dependente de fornecedores estrangeiros (SPEKTOR et al, 
2019). 
 Como pode ser visto, a marinha brasileira tem bastante influência na questão 
nuclear. Em 1990, a Marinha criou a Fundação Pátria, cujo objetivo é construir 
empreendimentos de alta tecnologia, principalmente na área nuclear. Esta fundação foi 
uma intermediáriaentre o IPEN (Instituto de Pesquisa Energéticas Nucleares) e o 
INVAP (Investigación Aplicada), uma empresa Argentina criada nos anos 1970 que 
atua em projetos da área nuclear. Além disso, a Marinha tem bastante influência na 
CNEN e mantém contato com a IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) 
(SPEKTOR et al, 2019). 
 No Ministério de Minas e Energia, Bolsonaro nomeou Bento Albuquerque, ex-
Diretor-Geral de Desenvolvimento nuclear e Tecnológico da Marinha (SPEKTOR et al, 
2019). 
Em 2009, Lula retomou o projeto de submarino nuclear brasileiro, idealizado no 
Governo Geisel (1974-1979), porém, foi feita uma parceria com a França, que vai 
transferir as tecnologias necessárias para o Brasil. O foco do submarino é proteger a 
costa brasileira, que possui 8 mil quilômetros de comprimento. (GRASSI, 2019). 
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 Em 2017, o Brasil assinou o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, que 
foi o primeiro acordo internacional a proibir o uso de armas nucleares. Porém, Eduardo 
Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, tentou no Congresso barrar a ratificação, 
afirmando que se o Brasil tivesse uma arma nuclear, a paz seria garantida e que, talvez, 
seria temido pela Rússia e pela China. O deputado Luiz Phillipe (SPEKTOR et al, 
2019). 
O principal objetivo do Brasil era ser uma potência regional, não só na área de 
segurança, mas econômica e comercial, bem como poderia intervir em conflitos para 
tentar promover a paz (OLIVEIRA; ONUKI, 2000). 
Desde que tomou posse em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro abriu o setor 
nuclear para investimentos privados, mudou princípios da diplomacia nuclear e criou 
novos planos para na área nuclear brasileira, como a construção do submarino nuclear, 
produção de combustível naval nuclear, exploração de novas minas de urânio, 
finalização de Angra 3, etc (SPEKTOR et al, 2019). 
 Um dos seus principais projetos na área nuclear é retomar e finalizar Angra 3, 
que foi paralisada nos anos 1980, foi retomada em 2010 e parou novamente em 2015, 
devido aos escândalos de corrupção e à operação Lava Jato. Estima-se que a obra 
custará R$ 13 bilhões e quatro anos para ser finalizada e a Eletronuclear será 
responsável pelo projeto. A usina será capaz de gerar 12 milhões de megawatts-hora, o 
equivalente a energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte (BRASIL, 
2019). 
 O projeto do submarino brasileiro nuclear já está em fase de construção e está 
previsto para ser finalizado em 2029 e seu funcionamento em 2030 (SPEKTOR et al, 
2019). 
Acredita-se que Bolsonaro demonstra interesse em ampliar a área nuclear 
brasileira. Em julho de 2019, o Presidente do Brasil assinou o Decreto 9.915/2019, que 
visa a retomada da construção do Angra 3, pois somente 67% das obras estão prontas. A 
usina foi paralisada nos anos 1980, foi retomada em 2010 e foi paralisada novamente 
em 2015, devido à operação Lava Jato (BRASIL, 2019). 
 
2.1. CONTEXTO NUCLEAR ARGENTINO 
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 Cerca de 10% da eletricidade gerada na Argentina vem da energia nuclear, 
porém todo o Urânio atualmente na Argentina é importado. O país construiu a primeira 
usina nuclear da América Latina, a Central de Atucha I, em 1968, em cooperação com a 
Alemanha, e passou a funcionar em 1974 (OLIVEIRA, 1998). 
 Em 1950, a Argentina criou a Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) 
para começar a desenvolver a tecnologia nuclear e seus objetivos eram “utilizar a 
energia nuclear com fins pacíficos e atender os requerimentos de desenvolvimentos 
econômicos do país” (BOMPADRE, 2000, p. 54). 
 Em 1964, a Argentina despertou grande interesse em energia nuclear construiu 
uma usina em Buenos Aires, de 300 a 500 MW. Em cooperação com a Alemanha e o 
Canadá, a usina nuclear de Atucha foi construída em Lima, a 135 km do Noroeste de 
Buenos Aires, e entrou em operação em 1974, tornando-se a primeira usina nuclear 
argentina (ARGENTINA, 2019). 
 Em 1967, a empresa italiana Italimpianti construiu o reator CANDU-6 em 
Embalse, Argentina, e entrou em operação em 1984. Em 2010, foi assinado um acordo 
para que mantenha o reator ativo por mais 25 anos. (ARGENTINA, 2019). 
Em 1973, em cooperação com o Canadá, foi construída a Usina de Embalse Rio 
Tercero, que só operou comercialmente em 1984. Com esta usina, Argentina se tornou a 
segunda potência nuclear do Terceiro Mundo, ficando atrás somente da Índia. A 
argentina começou a avançar na área nuclear a partir dos anos 1950, com a criação da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEA), que contou com vários cientistas 
alemães que fugiam do nazismo. O programa nuclear funcionou, pois 
em 1953, produziu os primeiros radioisótopos; em 1955, as primeiras barras 
de urânio metálico; em 1958, o primeiro reator de pesquisa da América 
Latina, o RA-1, atingiu fase crítica; em 1966, entrou em funcionamento o 
RA-2; em 1967, o RA-3; em 1970, o RA-0; em 1971, o RA-4; na seqüência, 
o RA- 5 e o RA-6. Também em 1968, o país tornou público o modelo de 
usina de reprocessamento e, em 1969, conseguiu fazer a separação de 
pequena quantidade de plutônio (OLIVEIRA, 1998, p.11). 
 
Com o golpe militar de 1976, e o general Jorge Rafael Videla no Poder, a 
política nuclear passou a ser prioridade no país, passando de 0,6% de investimento 
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público em 1970 para 15% em 1983, no último ano do governo militar (OLIVEIRA, 
1998, p.12). 
 Em 1979, foi construída a terceira usina nuclear na Argentina, a Atucha-2. Era 
um projeto da Siemens. A construção começou em 1981, mas por falta de recursos foi 
suspensa em 1994, com 81% da usina construída. No mesmo ano, a Nucleoeléctrica 
Argentina SA (NASA) foi criada para supervisionar a construção de Atucha 2. Em 
2015, foi atingiu o seu funcionamento pleno (ARGENTINA, 2019). 
 Em 2006, foi iniciada o projeto de construção do reator CAREM, de 27 MW. 
Foi um projeto de construção entre a CNEA e a INVAP. A obra civil começou em 2014 
e ainda está em fase de construção no noroeste de Formosa. Será usada na geração de 
eletricidade ou dessanilização da água. No mesmo ano, foi a reaberta da mina San 
Rafael, região rica em urânio, fechada desde 1997. No ano seguinte, o CNEA assinou 
um acordo com o governo de Salta, no norte do país, a reabrir a mina de urânio Don Ott, 
que funcionava intermitentemente entre 1963 a 1981 (ARGENTINA, 2019). 
 Em 2014, Vladimir Putin, em visita ao país, assinou um acordo de cooperação 
nuclear com a então Presidente Cristina Kirchner. Em 2015, a Argentina inaugura uma 
usina de enriquecimento de urânio em Pilcaniyeu, que é usada para a fabricação de 
combustíveis para as usinas nucleares argentinos. Além disso, a usina será responsável 
por modernizar a difusão gasosa e a laser. (ARGENTINA, 2019). 
 No mesmo ano, houve um acordo de cooperação com a China. A Antucha III 
seria construída com tecnologia chinesa. A construção foi iniciada no mesmo ano, 
porém devido à crise econômica argentina, o projeto foi paralisado em 2018. Está 
prevista para ser retomada em 2021. Este ano, Macri e o presidente chinês Xi Jinping 
assinaram um plano de ação conjunto com a duração de cinco anos (2019-2023) no 
encontro do G20 em Buenos Aires (ARGENTINA, 2019). 
 A Argentina basicamente usou a tecnologia nuclear para o campo da saúde, 
alimentação, agropecuária, etc. Além disso, a CNEA desenvolveu tecnologia própria 
para fabricação de água pesada e enriquecimento de urânio através da difusão gasosa 
(BOMPADRE, 2000). 
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3. HISTÓRICO DE COOPERAÇÃO BRASIL-ARGENTINA NA ÁREA DE 
TECNOLOGIA NUCLEAR 
 No período da Guerra Fria, EUA e URSS disputavam não só ideologicamente, 
mas também nuclearmente, pois possuir armas nucleares era sinônimo de poder. Porém, 
Brasil e Argentina tinham a intenção de dominar a tecnologia nuclear apenas para fins 
pacíficos. 
 A partir do final dos anos 70, com a crise do petróleo, Brasil e Argentina 
começaram a se aproximar mais. O “início” propriamente dito da cooperação na área 
nuclearfoi a construção das Usinas de Corpus e Itaipu, que estão presentes nos dois 
países. Em 1980, com a Declaração Presidencial Conjunta, houve ênfase nos programas 
nucleares para fins pacíficos, como produção de radioisótopos, proteção radiológica e 
segurança nuclear de Brasil e Argentina e o não desenvolvimento de armas nucleares. 
Tal acordo foi feito entre a CNEA e a CNEN, órgãos nucleares dos respectivos países 
(BOMPADRE, 2000). 
O Decreto de Iguaçu foi fundamento para os dois países, pois além da questão 
nuclear, o objetivo do Decreto era “consolidar definitivamente o processo de integração 
econômica entre as duas Nações, em um marco de renovado impulso à integração da 
América Latina” (BRASIL, 1985, p.1). 
Mesmo com algumas desvantagens, como as crises financeiras para manter o 
programa nuclear, divergências tecnológicas (enquanto a Argentina investia no urânio 
natural e água pesada, o Brasil investia no urânio enriquecido e na água natural), a 
cooperação e os acordos bilaterais nucleares foram de suma importância para que as 
duas nações se desenvolverem tanto na área nuclear quanto na área econômica 
(BOMPADRE, 2000). 
 Brasil e Argentina estavam realmente dispostos a estreitarem cada vez mais a 
relação bilateral na área nuclear. Isso foi comprovado no encontro entre os Presidentes 
Menem e Collor em 1990, e instalaram um Comitê Permanente para intensificar os 
trabalhos nucleares e foi instalada a Política Nuclear Argentino-Brasileira, cujo foco 
era: 
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1) Aprovar o sistema comum de contabilidade e controle (SCCC), acordado 
pelo Comitê Permanente, que será aplicado a todas as atividades nucleares de 
ambos os países; 
2) Estabelecer intercâmbio das respectivas listas descritivas de todas as 
instalações nucleares e das declarações dos inventários iniciais dos materiais 
nucleares existentes em cada país; registros e relatórios das atividades 
nucleares dos dois países; 
3) Empreender negociações com a Agência Internacional de Energia Atômica 
para a celebração de um acordo conjunto de Salvaguardas que tenha como 
base o Sistema Comum de Contabilidade e Controle;1 
 A declaração acima afirma que os países estavam dispostos a aprofundarem os 
estudos na tecnologia nuclear e a cooperarem um com o outro, a cumprir todos os 
acordos internacionais de não-proliferação nuclear e a ter uma região livre de armas 
nucleares, principalmente após a criação da Agência Brasileiro – Argentina de 
Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), cujo objetivo é estabelecer 
salvaguardas nucleares entre as duas nações e garantir que ambos estão usando 
tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos. (BOMPADRE, 2000) 
 Em 1980, foi assinado o Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento e 
Aplicação dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, que foi uma cooperação desenvolvida 
nos seguintes campos: 
a) Pesquisa, desenvolvimento, e tecnologia de reatores de pesquisa e de 
potência, incluindo centrais nucleares; 
b) Ciclo de combustível nuclear; 
c) Produção de radioisótopos e suas aplicações; 
d) Proteção radiológica e segurança nuclear; 
e) Proteção do material nuclear; 
f) Pesquisa básica e aplicada relativa aos usos pacíficos da energia nuclear.2 
 
O objetivo deste acordo era ampliar a cooperação entre ambos, utilizar energia 
nuclear para fins pacíficos e para o desenvolvimento econômico e social, proibir o uso 
de armas nucleares, etc. E a cooperação seria através de formação e capacitação de 
pessoal científico e técnico; intercâmbio; bolsas de estudos; formação de grupos de 
trabalho para realização de estudos e projetos concretos de pesquisa científica e 
desenvolvimento tecnológico e fornecimento de material (BRASIL, 1983). 
 
1 Declaração sobre Política Nuclear Comum Brasileiro – Argentina. Disponível em 
<https://www.abacc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-
Pol%C3%ADtica-Nuclear-Comum-Foz-do-Igua%C3%A7u-portugu%C3%AAs-assinada.pdf> Acesso 
em 21 de outubro de 19 
2 DECRETO Nº 88.946, DE 07 DE NOVEMBRO DE 1983. 
https://www.abacc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Pol%C3%ADtica-Nuclear-Comum-Foz-do-Igua%C3%A7u-portugu%C3%AAs-assinada.pdf
https://www.abacc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Pol%C3%ADtica-Nuclear-Comum-Foz-do-Igua%C3%A7u-portugu%C3%AAs-assinada.pdf
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A integração bilateral entre Brasil e Argentina foi fundamental para o 
desenvolvimento dos dois países. Foi por meio desta cooperação que houve construção 
de usinas hidrelétricas, produtos utilizados para área da saúde e tratamento de doenças, 
etc. A tecnologia nuclear não serve somente para produzir armas. 
 Com a redemocratização no Brasil e na Argentina, e posteriormente com a 
criação do MERCOSUL, a aproximação nucelar e consequentemente, comercial e 
financeira, entre os dois países aumentaram. Menem, presidente argentino na década de 
1990, acreditava que se houvesse mudanças na política nuclear, não só a relação com o 
Brasil seria beneficiada, mas com toda a América Latina. 
Nesse período, os dois países abriram mão de suas políticas nucleares 
autônomas, ratificaram o Tratado de Tlateloco em 1994, que foi um acordo que tinha o 
objetivo de manter a América Latina livre de armas nucleares. Além disso, assinaram o 
Tratado de Não-Proliferação (TNP) de armas nucleares. Este tratado impedia os países 
não-nucleares criar armas nucleares. Em contrapartida, os países nucleares diminuiriam 
o ritmo da produção de armas nucleares. 
Em 1990, Brasil e Argentina assinaram um acordo chamado Política Nuclear 
Comum, que acordaram em usar energia nuclear “somente com objetivos pacíficos, em 
ratificar o Tratado de Tlateloco e em solicitar conjuntamente à Comissão Internacional 
de Energia Atômica o controle do uso pacífico de energia nuclear” (SARAIVA; 
TADESCO, 2001, p.132). 
Outro acordo muito importante, assinado pelos dois países para a não 
proliferação de armas nucleares foi a MTCR (Missile Technology Control Regime), que 
era uma associação informal de países, criado em 1987, cujo objetivo era combater a 
proliferação de mísseis de destruição em massa através de controle de exportação sobre 
bens e tecnologias de mísseis e serviços diretamente relacionados. A Argentina assinou 
o acordo em 1993, e o Brasil acordo em 1994. Atualmente há 34 países membros. Uma 
das principais funções do MTCR é identificar fatores que os Estados-membros devem 
considerar na exportação de itens controlados, que são: se o destinatário pretendido está 
tentando ou tem ambição de adquirir armas de destruição em massa; os propósitos e 
capacidades dos programas espacial e de mísseis do destinatário pretendido; a 
credibilidade do Estado destinatário com relação aos propósitos da aquisição; a 
11 
 
contribuição potencial que a transferência proposta poderia trazer para que o Estado 
destinatário desenvolva veículos para armas de destruição em massa; e se a 
transferência pretendida conflita com acordos internacionais (BRANCO, 2011, p.29). 
 Além desses fatores, há uma lista de itens controlados pelo MTCR, dentre eles 
estão o sistema completo de mísseis, equipamentos e componentes de propulsão, 
controle de voo, etc. Apesar disso, ser membro do MTCR “não impede o 
desenvolvimento de tecnologia de mísseis, própria ou em parceria com outro Estado-
membro” (BRANCO, 2011, p.29). 
Durante os 1990, foram assinados os seguintes acordos: Acordo Bilateral para 
Usos Exclusivamente Pacíficos da Energia Nuclear, que cria a Agência Brasileiro-
Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc). Em seguida, é 
assinado o Acordo Quadripartite (Brasil, Argentina, Abacc e Aiea), que um programa 
que coloca os países sob um sistema duplo de salvaguardas, aplicado pela AIEA e pela 
ABACC, e reforça ambas as nações teria acesso a equipamentos e tecnologia para o 
desenvolvimento de atividades nucleares apenas para fins pacíficos. Em 1994, os trêspaíses ratificam o Tratado de Tlatelolco (OLIVEIRA; ONUKI, 2000, p. 110). 
Através dos acordos com a Argentina, o Brasil tenta se mostrar ao mundo como 
um país pacífico disposto a contribuir com a não-proliferação. Por meio da relação 
bilateral nuclear com a Argentina, o Brasil mostra que "é possível cooperar 
exitosamente na não-proliferação nuclear em clima de transparência e confiança e, ao 
assim fazer, fortalecer o regime internacional da não-proliferação” (OLIVEIRA; 
ONUKI, 2000, p. 114). 
Após uma “pausa” dos programas nucleares na década de 1990, no governo 
Lula, esta cooperação foi retomada. Em de 2005, Lula e Nestor Kirchner além de 
firmarem Compromisso de Puerto Iguazú, assinaram a Declaração Conjunta sobre 
Política Nuclear e o Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação para o 
Desenvolvimento e Aplicação dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear em Matéria de 
Reatores, Combustíveis Nucleares, Abastecimento de Radioisótopos e Radiofármacos e 
de Gestão de Resíduos Radiativos. O objetivo de tais acordo era aprofundar a 
cooperação bilateral “criando organismos e empresas necessários e acordando na 
12 
 
construção de um modelo de reator de forma conjunta que permitisse enfrentar as 
demandas futuras dos dois países” (GRASSI, 2019, p.102). 
Assinaram também o Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação para o 
Desenvolvimento de Energia Nuclear para Fins Pacíficos nas Áreas Normativa e de 
Regulação Nuclear, o qual buscou estimular a cooperação na regulação da atividade 
nuclear, apontando diversas áreas para cooperação, como as áreas de segurança 
radiológica, nuclear, de transporte e dos dejetos radiativos, bem como no intercâmbio de 
experiências, assistência mútua e participação em atividades conjuntas (GRASSI, 2019). 
Em 2006, Brasil e Argentina comemoraram o aniversário de 15 anos da 
ABACC. Neste ano também, houve o programa de relançamento nuclear argentino e a 
inauguração de uma planta de enriquecimento industrial no Brasil, o que poderia gerar 
uma cooperação nuclear ainda maior entre ambos. (GRASSI, 2019). 
Em 2007, Lula e Kirchner demonstraram interesse na tecnologia nuclear para 
conquistar a independência energética. Por esse motivo 
criaram o Mecanismo de Cooperação e Coordenação Bilateral, que 
delimitava quatro setores gerais de atuação de Economia, Produção, Ciência 
e Tecnologia; de Energia, Transporte e Infraestrutura; de Defesa e Segurança; 
e de Saúde, Educação, Desenvolvimento Social, Cultural e Circulação de 
pessoas (GRASSI, 2019, p. 104). 
Os dois presidentes queriam desenvolver fontes alternativas de energia, pois há 
uma crescente escassez de energia no mundo. Em 2008, criaram a Comissão Binacional 
de Energia Nuclear (COBEN), que visava a construção de um reator nuclear, que 
funcionasse através de urânio enriquecido, que atendesse a necessidade dos dois países. 
Essa empresa sustentaria os dois países e, futuramente, outros países da América do Sul. 
Em 2016, Macri visitou Michel Temer em Brasília, e ambos reforçaram e se ajudarem 
mutuamente na área nuclear. (GRASSI, 2019). 
Em 2009, numa viagem de Lula à Argentina, foram discutidas políticas de 
cooperação bilateral na área nuclear, tais como iniciativas de harmonização de 
programas de educação e treinamento na área nuclear, facilidade de intercâmbio de 
estudantes, profissionais, produtos e serviços. Em 2010, Lula e Cristina Kirchner se 
comprometeram a fortalecer e melhorar a ABACC, bem como melhorar a cooperação 
bilateral entre Brasil e Argentina na área nuclear (GRASSI, 2019). 
13 
 
Em 2011, Dilma e Cristina Kirchner firmaram o acordo entre a CNEA e a 
CNEN sobre e a CNEN sobre o Projeto de Novo Reator de Pesquisa Multipropósito, 
estabelecia a construção de um reator de pesquisa na Argentina e outro no Brasil, sendo 
acordado que 
Os reatores [...] se destinam às mesmas aplicações de ‘produção de 
radioisótopos, testes de irradiação de combustíveis e materiais, e pesquisas 
com feixes de nêutrons’. Os dois reatores de pesquisa terão a mesma potência 
de 30 MW e projetos similares dos sistemas do reator propriamente dito, da 
instrumentação e controle, e dos feixes de nêutrons. [...] As autoridades 
competentes da Argentina e do Brasil envidarão esforços para desenvolver os 
respectivos projetos em parceria, estendida às futuras contratações, visando 
redução de custos, redução de esforços e maior eficiência no processo. A 
CNEA e a CNEN manterão suas independências técnica e econômica. Uma 
vez concluídos os projetos básicos, nas suas etapas posteriores ambos os 
empreendimentos serão conduzidos de forma independente. A CNEA e a 
CNEN manifestam a sua disposição para explorar outras oportunidades de 
cooperação nas etapas posteriores de ambos empreendimentos. Um Comitê 
Diretor, constituído por dois representantes da CNEN e dois representantes 
da CNEA, supervisionarão a implementação e a execução das atividades 
deste Convênio (GRASSI, 2019, pp 106-107). 
 
Os dois reatores seriam destinados para a produção de radioisótopos de 
aplicação medicinal para diagnóstico precoce e tratamento de tumores cancerígenos, 
bem como trarão benefícios a outros setores, “como o de engenharia de alimentos, o de 
energia, a indústria e o setor naval. Sua implantação permitirá agregar pesquisadores de 
diversas áreas, possibilitando a criação de um núcleo de conhecimento capacitado, 
integrado e coeso”. O funcionamento pleno dos reatores brasileiro está previsto para 
2022. (GRASSI, 2019, p. 108). 
Ao ser eleito em 2015, a primeira viagem internacional e oficial do Presidente 
Macri foi ao Brasil. E no encontro com Michel Temer, este afirmou que uma das 
prioridades da cooperação bilateral Brasil-Argentina seria na área nuclear, espacial, 
defesa, ciência e tecnologia. Os dois acordaram, igualmente, em “redobrar esforços para 
aprofundar a cooperação em áreas como segurança, defesa, energia nuclear, âmbito 
espacial, ciência e tecnologia, entre outros” (GRASSI, 2019, p. 115). 
Além disso, reafirmaram a relevância da ABAAC no uso de tecnologia nuclear 
para fins pacíficos, na construção do Reator Multipropósito Brasiliero (RMB) e o 
Reator Argentino Multipropósito, previsto para funcionamento pleno em 2022 
(BRASIL, 2017) 
Em 2017, foi assinado o acordo para a construção do Reator Multipropósito 
Brasileiro, que está sob a responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
14 
 
(CNEN). O reator terá potência de 30 MW e será semelhante ao Reator Nuclear OPAL, 
de 20 MW, na Austrália, e será projetado pela empresa argentina INVAP, que 
participou do projeto básico do reator e dos sistemas de reator. Será construído em 
Iperó/SP e a data de previsão é para 2022. Os principais objetivos do Reator são a 
produção de radioisótopos e radiofármacos, visando suprir toda a demanda nacional, a 
irradiação de testes de nucleares e materiais estruturais e o desenvolvimento de 
pesquisas científicas e tecnológicas através do feixe de nêutrons. (BRASIL, 2017) 
Em novembro de 2018, foi realizado na embaixada do Brasil em Buenos Aires o 
seminário Oportunidades de negócios entre empresas brasileiras e argentinas do setor 
nuclear, cujo objetivo revisar o relacionamento bilateral na área nuclear e realizar novos 
comércios entre as empresas brasileiras e argentinas no setor (BRASIL, 2018).3 
 Em maio de 2019, foi realizado em Brasília o Comitê Permanente de Política 
Nuclear Brasil – Argentina (CPPN), que é um mecanismo de coordenação instituído 
pelos corpos diplomáticos dos dois países e sua agenda contempla temas bilaterais e 
multilaterais da área nuclear. 
 
De acordo com o Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência Argentina, 
a política nuclear de Bolsonaro é motivo de preocupação para o país vizinho, pois o 
Presidente do Brasil pretende “militarizar” o programa, nuclear ao transferir a 
responsabilidade para a Marinha, mas originalmente a cooperação nuclear é destinado a 
fins civis,e essa política nem sempre é conveniente aos vizinhos. (BRASIL, 2019). 
Além disso, enquanto a Argentina planeja ampliar o controle da AIEA, o Brasil 
está resistente em relação a isso e não tem intenções de assinar protocolos adicionais de 
salvaguardas, o que aumentaria o controle do programa nuclear em ambos os países. 
Isso está gerando “desacordos crescentes entre Brasil e Argentina que as autoridades 
insistem em negar” (BLINOV, 2019, s/p). 
Apesar dos impasses, as nações continuarão investindo na energia nuclear 
apenas para fins pacíficos, como uso de energia nuclear para tratamento de câncer, 
construção de usinas, etc. (BLINOV, 2019). 
 
3 Disponível em <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/19739-cooperacao-nuclear-
brasil-argentina-nota-conjunta-a-imprensa-7-de-novembro-de-2018> Acesso em 05 de novembro de 
2019. 
 
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/19739-cooperacao-nuclear-brasil-argentina-nota-conjunta-a-imprensa-7-de-novembro-de-2018
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/19739-cooperacao-nuclear-brasil-argentina-nota-conjunta-a-imprensa-7-de-novembro-de-2018
15 
 
 Mesmo com mudanças de governos e/ou regimes, tanto ditatura quanto 
democracia, em alguns períodos com prioridade e em outros momentos com pouca 
prioridade, o programa de cooperação nuclear sempre esteve presente na integração 
Brasil-Argentina. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Conclui-se que Brasil e Argentina tinham histórico de rivalidades antes mesmo 
de se tornarem independentes, cuja origem se deu entre os seus colonizadores Espanha e 
Portugal. Mesmo sendo parceiros comerciais, essa rivalidade perdura ainda hoje, pois 
ambos disputam pela hegemonia sul americana. 
 No início da cooperação nuclear, Brasil e Argentina se viam com desconfianças 
nesta área, pois se temia que haveria uma corrida armamentista na América do Sul. 
Porém, aos poucos, a desconfiança deu lugar à confiança cooperação. 
 A cooperação nuclear Brasil-Argentina, além gerar distensão entre os dois 
países, foi fundamental para o desenvolvimento interno de ambos nas outras áreas, 
como tecnológica, industrial, científica, etc. Além disso, Brasil e Argentina se 
beneficiariam com tal cooperação e se destacariam no cenário internacional. 
 A relação entre os dois países também é importante para que eles se ajudem 
mutuamente, pois enquanto na Argentina utiliza-se o urânio natural e água pesada, cuja 
principal função é a captura de neutrinos que são liberados pelo urânio em um reator 
nuclear, no Brasil, utiliza-se urânio enriquecido, que pode ser usado tanto para geração 
de energia nuclear quanto para produção de armas nucleares, e água leve. As 
tecnologias de enriquecimento do urânio também são distintas, a Argentina desenvolve 
a técnica de difusão gasosa, enquanto o Brasil, o processo de centrifugação. 
 Conclui-se também que o grau de importância da agenda nuclear pode variar 
entre os governos, bem como por questões internas e externas dos países. No período da 
ditadura nos dois países, a cooperação nuclear teve bastante relevância. 
 Acredita-se que Bolsonaro pretende usar e expandir a energia nuclear, não 
apenas para fins pacíficos. Mesmo havendo momentos de tensões entre as duas nações 
há vários projetos nucleares internos e em cooperação com a Argentina, como a 
16 
 
retomada da construção de Angra III, o Reator Argentino Multipropósito, o Reator 
Brasileiro Multipropósito, o submarino brasileiro nuclear com tecnologia francesa, etc. 
Há muitos projetos que foram parados, alguns foram retomados e outros em andamento. 
 
 
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Argentina. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. 2019. 
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nuclear e integração sul--americana no século XXI. Instituto Latino-Americano de 
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https://www.ppi.gov.br/html/objects/_viewblob.php?cod_blob=6341&width=0&height=0

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