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T1- Microbiota bucal • Microbiota: comunidade dinâmica de microrganismos em um ecossistema. Microbiota Residente: • Papel importante para o hospedeiro: - Oferece barreiras contra colonização por microrganismos não residentes (sítio ocupado, bacteriocinas, produção de ácidos etc.). - Produz substâncias utilizáveis pelo hospedeiro (vitaminas). - Participa da modulação do sistema imune. • Composição: - Mutualísticos: microrganismos que conferem benefícios ao hospedeiro; - Comensais: residentes permanentes que não causam prejuízo ou benefícios ao hospedeiro; - Patobiontes: residentes permanentes com potencial de causar prejuízo/doença no hospedeiro. OBS: a microbiota residente apresenta caráter anfibiôntico, tem capacidade de conviver em harmonia com o hospedeiro, mas apresenta potencial de agredir devido à presença dos patobiontes. • Eubiose: homeostase microbiana, ou seja, equilíbrio entre saúde e doença. • Disbiose: perda de homeostase microbiana, pode haver diminuição dos mutualísticos ou aumento dos patobiontes. Microbiota bucal: • Fatores que regulam a colonização da microbiota bucal: - Diferentes sítios - Estruturas lisas, duras e não descamativas (dentes), desafio para colonização - Fluxo salivar e fluído do sulco gengival - Alimentação - Superfícies irregulares (epitélio e estrutura dental) - Escovação e hábitos de higiene • Os nutrientes e os microrganismos são repetidamente introduzidos e removidos desse sistema, o que não ocorre em outros sítios. ECOSSISTEMA BUCAL: • Habitat: sítio de colonização, lugar onde o microrganismo se instala (definitivo e constante), o “endereço”. Ex: estruturas anatômicas como mucosas, dentes e sulco gengival. - Habitat do Streptococcus mutans: biofilme supragengival. • Nicho ecológico: função biológica desempenhada pelo microrganismo no ecossistema, a “função”, maneira como se relaciona e sobrevive no seu habitat. - Nicho ecológico do Streptococcus mutans: bactéria sacarolítica que utiliza carboidratos da dieta em seu metabolismo e produz ácido. • Fatores abióticos: determinam a presença dos fatores bióticos, constituídos pelo habitat incluindo temperatura, umidade, pH, potencial de oxirredução... • Fatores bióticos: microrganismos que vivem no habitat. Principais sítios de colonização: • Dentro dos sítios existem diferentes processos para que os microrganismos consigam colonizar: - Processos não adesivos = retenção, ocorre nas superfícies interproximais dos dentes, fissuras oclusais (molares e pré-molares, principalmente), superfície subgengival, dorso da língua e cemento, ou seja, áreas retentivas. - Superfícies lisas = processos adesivos, ocorre nas regiões vestibulares e linguais dos dentes, ou seja, áreas não retentivas; necessita de processos de adesão para sua permanência. • Fatores que determinam a composição da microbiota bucal: 1. Idade: alteração nos hábitos, transferência horizontal de microrganismos, micro-evolução, mudanças na diversidade. 2. Ambiente interno: fatores genéticos, condições do sistema imune, hábitos de dieta, mudanças nas defesas do hospedeiro. 3. Habitat: quantidade de oxigênio, superfície, nutrição, pH, higiene oral, fluxo salivar. 4. Maturação do biofilme: densidade, ambiente, interações microbianas, resposta imune do hospedeiro. • Fatores determinantes da colonização: 1. Fatores do hospedeiro: 1.1 Fatores endógenos: - Estruturas dentais: presença, ausência, posicionamento, próteses (tipo, tamanho, localização). - Alterações nos dentes e mucosas: processos patológicos. - Descamação epitelial: variável de acordo com idade e hábitos. - Fluido do sulco gengival: remoção bacteriana - Sistema imune: qualidade da resposta imunológica (células, anticorpos...). - Fatores físico-químicos no sítio: tensão de O2, pH, temperatura, umidade. - Saliva SALIVA: - Contém mais de 1000 proteínas, sendo peptídeos ricos em prolina, amilase, peptídeos antimicrobianos, mucinas, IgA e anidrase carbônica as mais prevalentes, além disso, contém íons inorgânicos, como bicarbonato e fosfato (agentes tampão), aminoácidos e ureia. OBS: mucinas são a principal fonte de açúcar disponível na saliva para o crescimento bacteriano • Funções relacionadas à microbiota bucal: - Regulação do pH bucal; - Formação do biofilme bucal (deposição da película adquirida); - Remoção mecânica (fluxo salivar); - Atividade microbiana específica: anticorpos IgA - Atividade microbiana não específica: enzimas (lisozima, peroxidadeses etc.) e peptídeos antimicrobianos OBS: no biofilme subgengival há predomínio de bacilos gram-negativos, já no supragengival, de cocos gram-positivos, apesar de ser diversificado. 1.2 Fatores exógenos: - Dieta: alterações qualitativas e quantitativas (cárie) - Fatores mecânicos: higiene (uso correto para controle do biofilme) - Fatores químicos: antimicrobianos, enzimas, antissépticos, fluoretos. 2. Fatores dos microrganismos: - Habilidade de adesão: superfícies lisas, duras e não descamativas; - Habilidades metabólicas: ambiente dinâmico; -Interações microbianas (cooperativas e competitivas): potencial patogênico • Relações intermicrobianas na cavidade oral: - Coagregação: interação célula-célula entre dois microrganismos geneticamente diferentes. - Coadesão: interação célula-célula em que um tipo celular já está aderido à superfície. - Representam dificuldades de estudo da cavidade, pois é difícil separar para estudo individual. - Processos associados à formação do biofilme. • Atividades funcionais dos microrganismos (habilidades metabólicas): - Acidogênicos: produzem ácido a partir de carboidratos (fonte nutricional: carboidrato da dieta). Ex: Streptococcus, Lactobacillus - Acidúricos: microrganismos que sobrevivem em ambiente ácido, toleram pH inferior a 5,5. Ex: Lactobacillus, alguns Streptococcus Todo acidogênico é acidúrico, mas nem todo acidúrico é acidogênico! - Proteolíticos: utilizam proteínas no metabolismo, podendo resultar em destruição tecidual (fonte nutricional: tecidos do hospedeiro). Ex: Porphyromonas gingivalis • Mas só tem bactéria na microbiota bucal? Não! Mais de 100 espécies de fungos já foram identificadas na cavidade bucal, sendo Candida ogênero mais frequente, isolado de 75% dos indivíduos. A C. albicas é a espécie mais comum. • Dificuldades no estudo da microbiota bucal: - Alta diversidade de espécies (>1000) - Aderência a superfícies e coagregação - Anaeróbio obrigatórios - Exigências nutricionais - Crescimento lento • Potencial patogênico da microbiota bucal: - Danos no local da infecção: cárie; - Podem causar danos em tecidos vizinhos: gengivite, periodontite; - Podem disseminar lesões à distância em outros órgãos: bacteremia; já que há circulação sistêmica na boca também. • Agressão microbiana: 1. Origem: - Microbiota residente (endógena) - Microbiota transitória (exógena) 2. Etiologia: - Monomicrobiana - Polimicrobiana 3. Natureza: - Infecciosa (microrganismo presente) - Não infecciosa (ex: toxinas) • Potencial agressor da microbiota bucal: - Cárie, doença periodontal e infecção endodôntica possuem relação com doenças infecciosas sistêmicas - Mordida humana ou de animais: potencial agressor! T2- BIOFILME DENTAL • Biofilmes: são comunidades complexas e dinâmicas de células microbianas firmemente aderidas a uma superfície biótica (viva) ou abiótica (inerte) e embebidas em uma matriz extracelular. Os biofilmes são ubíquos, isto é, podem ser formados em diferentes superfícies. • Impacto da formação de biofilmes: Biofouling: efeitos deletérios em diversos setores - Contaminação de alimentos processados; - Bloqueiomecânico em casos de navios; - Biocorrosão e contaminação de água potável; - Infecções em implantes e próteses. ESTRUTURA DE BIOFILMES: • Principais componentes estruturais: 1. Matriz: ocupa de 75 a 80% do biofilme - Heterogênea - Substâncias poliméricas extracelulares (EPS) -Proteínas e ácidos nucleicos, produtos metabólicos etc. 2. Canais: - Entre as microcolônias - Permitem a passagem de nutrientes e água. 3. Células: ocupa de 15 a 20% do biofile - Microrganismos - Células epiteliais descamadas - Leucócitos Depende do biofilme! - Determinantes: quantidade e tipo de matéria orgânica ou substrato disponíveis; biodiversidade. Vantagens em relação à forma planctônica: • Proteção: contra espécies competidoras, aos mecanismos de defesa do hospedeiro, a agentes químicos e antimicrobianos. Espécies competidoras: vão ter que vencer as barreiras da comunidade do biofilme. Sistema imunológico: produção de defensinas, enzimas, anticorpos e mecanismos de fagocitose; isso tudo é capaz de opsonizar facilmente uma forma planctônica e colônias, mas o biofilme é um desafio para o sistema imune do hospedeiro, pois dificulta os processos imunológicos. Agentes químicos e antimicrobianos: não conseguem se difundir por toda a profundidade do biofilme. • Facilita: processamento e a captação de nutrientes, remoção de produtos metabólicos, ambiente apropriado à manutenção da colonização. Nutrientes: ficam na matriz extracelular. Produtos metabólicos: passam pelos canais para serem eliminados ou inativados. OBS: a forma planctônica é uma célula isolada; quando essa célula isolada encontra condições atmosféricas favoráveis para a reprodução formam-se colônias; biofilmes não são apenas colônias, são comunidades microbianas aderidas a uma matriz extracelular, o que não ocorre necessariamente em colônias. • Mecanismos de resistência bacteriana nos biofilmes: baixa difusão através da matriz do biofilme; muitas bactérias do biofilme são sensíveis, mas há os sobreviventes que persistem, por isso, infecções associadas a biofilmes são, geralmente, recorrentes. Biofilme bucal: • Presente em superfícies como: - Mucosa jugal; - Esmalte dos dentes; - Superfície radicular; - Superfícies sintéticas (implantes, restaurações, aparelhos ortodônticos e próteses dentárias). • Microrganismos da cavidade bucal adaptam- se às mudanças ambientais organizando-se em biofilmes. • Toda superfície da cavidade bucal, biótica ou não, tem colonização microbiana, exceto áreas não expostas, como a polpa dos dentes, mas, quando é exposta (processo de cárie) pode ser colonizada. DEPÓSITOS ORGÂNICOS NOS DENTES: • Película adquirida: filme orgânico derivado da saliva (proteínas, glicoproteínas, lipídios), depositado na superfície do dente. Não contém bactérias, por isso não pode chamar de biofilme. • Biofilme dental: invisível a olho nu; comunidade encontrada nas superfícies dos dentes, incorporada em uma matriz extracelular de polímeros do hospedeiro e microbianos, para remover precisa de higienização bucal. • Cálculo ou tártaro: biofilme dental calcificado, está sempre recoberto por uma camada de biofilme não calcificado, pode ser formado a partir da inserção de íons na saliva, não sai com facilidade só com higienização pelo paciente. • Matéria alba: visível; agregados bacterianos, leucócitos e células epiteliais descamativas que se acumulam na superfície do dente, sai com facilidade. Etapas de formação de biofilmes: 1. Adesão inicial: é reversível, ocorre formação da película adquirida para a adesão dos primeiros microrganismos, quando há condições favoráveis passa para a segunda etapa. 2. Adesão irreversível: aumento no número de microrganismos e formação da matriz extracelular. 3. Proliferação: alta produção de células bacterianas e de matriz extracelular. 4. Maturação: alta diversidade e densidade de microrganismos, formação de canais e produção de polímeros extracelulares e de matriz. Quanto mais velho, mais organizado e diverso. 5. Dispersão: liberação de microrganismos na sua fase planctônica que podem aderir a outras superfícies, iniciando a formação do biofilme. As espigas de milho são bacilos com outros microrganismos aderidos a ele em processos de coagregação. • Principais processos envolvidos: Fases 1 e 2: - Adsorção da película adquirida à superfície do dente: “filme condicionador”; - Adesão: união dos microrganismos à superfície; Fases 3 e 4: - Crescimento e síntese de matriz extracelular (EPS): polímeros extracelulares; -Interação célula-célula por moléculas sinalizadoras (quórum sensing); Fases 4 e 5: - Transporte de nutrientes; Fase 5: - Desprendimento de porções do biofilme. • Variáveis importantes na formação de biofilmes: Da superfície: - Textura e rugosidade (lisa = adesão, rugosa = adesão e, principalmente, retenção) - Hidrofobicidade (hidrofóbica = repele a película) - Filme condicionante Fluido: no caso do biofilme dental, a saliva - Velocidade (mais saliva, mais impacto no controle do biofilme, pois há remoção mecânica) - pH - Presença de antimicrobianos - Temperatura Microrganismos: - Fímbrias - Flagelo (adesão e locomoção) - Polímeros extracelulares Película adquirida: • Biopelícula formada logo após a higienização, composta por proteínas como IgA, IgG, lactoferrina, lisozima e amilase, além de carboidratos como manose e glicose adsorvidas da saliva e do fluido do sulco gengival. Não apresenta células do hospedeiro e nem bacterianas. • Funções: lubrificante, proteção (apresenta proteínas antibacterianas, como lactoferrina e lisozima), barreira antierosiva, tampão. • Cinco minutos após uma profilaxia é possível observar bactérias aderidas (após a deposição da película adquirida). Comportamento coletivo (biofilme): • As células bacterianas são interativas: adaptação coletiva às alterações do ambiente. • Para a formação de um biofilme é necessário o estabelecimento de um comportamento multicelular que se reflete em atividades coordenadas de interação e comunicação. • As interações são físicas, metabólicas e moleculares. • Utilização de produtos do metabolismo: os fermentadores produzem ácidos orgânicos utilizados pelos produtores de H2. As colônias centrais geram e consomem hidrogênio. • Concentração de O2: aeróbios predominam onde o oxigênio pode se difundir. Em profundidades predominam anaeróbios. • Interações metabólicas competitivas: duas espécies consomem a mesma fonte. • Interações metabólicas cooperativas: metabólitos produzidos por uma espécie são consumidos por outras espécies. Fontes de carboidratos na cavidade bucal: Geralmente, o produto é produção de ácidos. • Glicoproteínas salivares; • Amido; • Sacarose, frutose, galactose, manitol, sorbitol. O xilitol não é metabolizado por Streptococcus (máximo de 40g/dia), por isso está presente em cremes dentais infantis, já que não dá cárie. • As enzimas de origem bacteriana e do hospedeiro quebram as moléculas de sacarose em glicose e frutose: - Invertase extracelular: cliva ligações glicosídicas entre glicose e frutose. - Invertase intracelular: cliva ligações glicosídicas entre glicose e frutose. - Glicosiltransferases: polimeriza a glicose e libera a frutose para o metabolismo bacteriano. - Frutosiltransferases: polimeriza a frutose e libera a glicose para o metabolismo bacteriano. - Amilase salivar: libera glicose e frutose para o metabolismo bacteriano. Produção de polímeros no biofilme dental: • Extracelulares: a partir da sacarose: - Glucanos - Frutanos • Intracelulares: - Amilopectina Polímeros extracelulares solúveis e intracelulares (amilopectina) são fontes de carboidratos na cavidade oral, ou seja, uma reserva energética. Polissacarídeos extra-celulares • Aumentam a aderência e o acúmulo de bactérias bucais, conferem estabilidadeà matriz, proteção e reserva energética. • Variações na composição do biofilme, pH e resposta microbiana estão diretamente relacionadas às condições de saúde e doença. GLUCANOS: • Ação da enzima glicosiltransferase (glicose). • Streptococcus do grupo mutans: S. mutans (3) e S. sobrinus (4). • Podem ser: Solúveis (ligações glicosídicas α-1,6): ↳ nutrição → dextranos Insolúveis (ligações glicosídicas α-1,3): ↳ adesão → mutanos • Fator chave para a formação de matriz exopolissacarídica em biofilmes dentários. OBS: S. mutans produz ácido a partir do carboidrato, o que desmineraliza o dente e pode causar cárie. Já S. gordoni produz peróxido de hidrogênio, o que não causa cárie FRUTANOS: • Ação da enzima frutosiltransferase (frutose). • São frequentemente instáveis. • Podem ser usados por outros microrganismos do biofilme. OBS: O álcool, além de irritar nos bochechos, pode ser nutriente para algumas bactérias e formar acetaldeído, que gera carcinogêneses. QUORUM SENSING: • Processo de comunicação entre as espécies, por moléculas sinalizadoras, envolvendo uma regulação gênica. • Depende da ↑ densidade populacional. • Pode determinar as funções de um biofilme. DINÂMICA DE FORMAÇÃO DO BIOFILME DENTAL: Após a formação da película adquirida, a adesão de microrganismos ocorre sequencialmente: • Colonizadores iniciais: aderem à superfície dentária coberta pela película adquirida. São os cocos gram-positivos. • Colonizadores tardios: podem aderir diretamente aos primários (coadesão), ou promover a formação de coagregados com outros microrganismos (coagregação). São os bacilos gram-negativos. Fusobacterium nucleatum serve de ponte entre os colonizadores iniciais e os tardios (coagregação). Ex: Formação do biofilme Superfície supragengival: colonizadores iniciais - Bactérias aeróbicas e anaeróbicas facultativas - Alta demanda de oxigênio. - Cárie - Sacarolíticos (↑ ácido) Linha gengival: colonizadores intermediários - Bactérias aeróbicas para anaeróbicas Superfície subgengival: - Bactérias anaeróbicas obrigatórias - Baixa demanda de oxigênio - Doença periodontal ou gengivite - Proteolíticos (↑ básico) Os biofilmes dentários podem ser classificados com base em: 1. Quanto a sua localização: 1.1 Supragengival: coronariamente da linha da gengiva, alta concentração de oxigênio 1.2 Subgengival: apicalmente em relação à margem gengival, baixa concentração de oxigênio 2. Quanto a sua patogenicidade: 2.1 Cariogênico: sacarolítico, acidogênico e gram-positivo, utiliza fontes de carboidrato. ↳ doença cárie 2.2 Periodontopatogênico: proteolítico e gram- negativo, utiliza proteínas vindas da degradação tecidual. ↳ doença periodontal T3- ANTIMICROBIANOS NA ODONTOLOGIA • Usados no tratamento de quadros infecciosos orofaciais de origem odontogênica. • Antimicrobianos representam grande parte dos medicamentos prescritos na odontologia. • Desvantagens: ↳ A prescrição é empírica, sem realização de diagnóstico, pois não se sabe qual é o microrganismo envolvido no processo, já que se baseia em: ➝ patógeno mais provável; ➝ padrões usuais de susceptibilidade. ↳ A suspeita é baseada somente em dados clínicos e epidemiológicos, logo, é: ✘ um tratamento que é decidido em bases presuntivas, fundamentado em probabilidades. O que é diferente de: ✔ uma terapia racional: obtenção de cultura pura e testes laboratoriais/moleculares. • Considerações: ↳ É um quadro infeccioso? ➝ febre, linfadenopatia, mal estar, trismo; ➝ disseminada ou localizada? ➝ determinação da gravidade do caso. ↳ Avaliação das defesas individuais do paciente: ➝ defesas prejudicadas: relacionadas a doenças, ao sistema imunológico ou ao uso de drogas imunossupressoras. Ex: uso de drogas bacteriostáticas em pacientes com a defesa prejudicada não tem funcionalidade. “Mesmo quadro infecciosos moderadamente graves podem ser tratados sem antimicrobianos, se a remoção da fonte de infecção puder ser atingida”. • Como escolher um antimicrobiano? ↳ Critérios de escolha: ➝ espectro reduzido: evitar resistência (saber o agente etiológico); ➝ toxicidade seletiva (agir em características do organismo, não do hospedeiro); ➝ drogas bactericidas (uma vez que, para usar bacteriostáticas precisa de sistema imune eficaz); ➝ fácil penetração nos tecidos; ➝ regime adequado de doses; ➝ baixo custo: adesão e viabilidade por parte do paciente. Antimicrobianos não podem substituir a intervenção odontológica; são adjuvantes ao tratamento clínico! • Prescrições típicas em Odontologia: ↳ Para o tratamento de infecções agudas e crônicas de origem odontogênica ou não; ↳ Para prevenir infecções em pacientes de risco; ↳ Para prevenir infecções locais ou sistêmicas pós-cirúrgicas (administrados antes da cirurgia). USO PROFILÁTICO X USO TERAPÊUTICO: • Uso profilático: empregado para prevenção de bacteremias durante processos invasivos: ↳ Prevenir doenças infecciosas causadas por microrganismos do biofilme bucal em locais distantes, em indivíduos susceptíveis. ↳ Mais frequente: ➝ Endocardite bacteriana. ➝ Condições de alto risco Profilaxia da endocardite bacteriana: ↳ Condições de alto risco: ➝ valvas cardíacas protéticas; ➝ endocardite prévia; ➝ condutos pulmonares sistêmicos construídos artificialmente; ➝ doenças cardíacas congênitas cianóticas complexas. Mesmo se todos os pacientes com risco de desenvolver endocardite infecciosa passassem por profilaxia antimicrobiana, haveria prevenção de apenas 5,3% dos casos. • Uso terapêutico: indicado para o tratamento de quadros infecciosos estabelecidos geralmente após insucesso no debridamento. ↳ Situações clínicas que requerem terapia antimicrobiana (base empírica): ➝ quadros infecciosos bucais acompanhados de: - aumento da temperatura corporal; - evidências de envolvimento sistêmico (edema facial ou sublingual difuso, linfadenopatida, febre, trismo, que é dificuldade em abrir a boca); ➝ celulite facial (infecções que atingem as camadas mais profundas da pele) associada ou não com disfagia (dificuldade de deglutir), onde há risco de sepse. ↳ Um número considerável de dor de origem dental é devido a infecções pulpares agudas ou crônicas; Nestes casos é necessária uma intervenção clínica e não o uso de antimicrobianos! ↳ Usos não indicados de antimicrobianos: ➝ infecção periapical aguda; ➝ alveolite; ➝ pulpite. • Falhas na terapia antimicrobiana: ↳ Podem ocorrer por: ➝ drenagem inadequada de um abcesso; ➝ escolha equivocada do agente antimicrobiano (espectro, resistência, etiologia); ➝ resposta do hospedeiro comprometida (HIV); ➝ baixa adesão do paciente ao tratamento. • Antibacterianos mais utilizados: ↳ Amoxicilina: primeira escolha (associada ou não ao ácido clavulânico): ➝ a associação ocorre em caso de resistência. ↳ Eritromicina e Clindamicina para alérgicos à Penicilina: ➝ reação alérgica à penicilina surge entre 2 e 30 minutos, costuma ser grave. • Drogas para controle do biofilme bucal: ↳ Controle mecânico: higienização, profilaxia, ou seja, intervenções não cirúrgicas; ↳ Controle químico: é adicional, não substituto, valem os mesmos critérios sobre a prescrição de antimicrobianos sistêmicos; quimioprofilaxia, quimioterapia. ➝ não substitui o controle mecânico; ➝ objetivo: reestabelecer o equilíbrio microbiano; ➝ não há um agente químico que seja apropriado para uso prolongado ou diário. • Controle do biofilme supragengival: ↳ Agentes de primeira geração: ➝ fenóis: contém triclosan (sem efeitos na microbiota subgengival, direcionados para a supragengival); Ex: creme dental ↳ Agentes de segunda geração: ➝ antissépticos de bisuguanida: clorexidina; ➝ óleos essenciais – listerine; ↳ Agentes de terceira geração: ➝ inibem a adesão do biofilme(não tem ação antimicrobiana, são agentes anti-biofilme); Primeira geração: • Uso tópico contra bactérias gram-negativas e gram-positivas. Possuem ação específica contra Mycobacterium (bacilos álcool-ácido resistentes) e Candida (leveduras). ↳ Mecanismo de ação: agem na membrana citoplasmática (lise celular), ⬇ toxicidade seletiva. ➝ fenóis: triclosan: utilizado em conjunto com gantrez e citrato de zinco para aumentar retenção na cavidade bucal. ➝ íons metálicos: Zn e Cu, reduzem crescimento bacteriano. ➝ quaternário de amônio: cloreto de benzetônio e cloreto de cetilpiridínio; contra gram-positivo. ➝ sanguinarina: Sanguinaria canadenses. ↳ Efeitos colaterais: sensação de queimação e descamação. Segunda geração: ➝ Bisbiguanidas: clorexidina, alexidina. ➝ Óleos essenciais: listerine. • Gluconato de clorexidina: é o que possui melhores efeitos e mais prolongados. Age em gram-positivo e gram-negativo (in vitro) incluindo aeróbios, anaeróbios e leveduras. ↳ Mecanismo de ação: as moléculas de clorexidina, carregadas positivamente, ligam-se à superfície celular bacteriana, carregada negativamente, causando lise. • Clorexidina: é o agente antisséptico mais efetivo, o “padrão ouro”; responsável pelo controle do biofilme e da inflamação ↳ Concentração ótima: 0,12% duas vezes ao dia, mas não é efetivo contra o biofilme maduro; ➝ mesmo sendo padrão ouro, não há indicação para uso prolongado, pois os efeitos aparecem a partir de 1 semana de uso. ↳ Efeitos colaterais locais: coloração marrom, alterações no paladar, perda do apetite, glossite. ↳ É mais eficiente na prevenção do acúmulo de biofilme na superfície limpa do dente (impede a adsorção da película adquirida) do que em reduzir um biofilme pré-existente. • Óleos essenciais: combinação de timol e salicilato de metila; ↳ Provoca sensação de queimação; ↳ Tem efeito moderado na inibição do biofilme e na inflamação ➝ baixa retenção (da clorexidina é maior); ↳ Mecanismo de ação: interfere com a parede celular e inibe enzimas bacterianas. TERCEIRA GERAÇÃO: • Delmopinol (0,2%): não tem ação bactericida: ↳ Inibe a formação do biofilme: dificulta a adsorção da película adquirida (pré formação do biofilme); ↳ Interfere com a formação da matriz (reduz a viscosidade dos glucanos); ↳ Dificulta a adesão, facilita a remoção mecânica; ↳ É indicado para uso pré-escovação; ↳ Efeitos colaterais: manchas nos dentes e na língua, mudanças no paladar, alterações na mucosa. • Terapia antibacteriana local: são formulações utilizadas em locais específicos da cavidade oral; ↳ Alvo principal: eliminar os efeitos colaterais dos enxaguantes, manter a concentração terapêutica permanente no local (sulco gengival). Ex: ➝ gel antibacteriano – elyzol (metronidazol), minocyclin, ebrimycin. ➝ gel antisséptico – gel de clorexidina 1%, periochips (2,5mg de clorexidina). ➝ actisite – fibras contendo tetraciclina. • Resistência: a sensibilidade de bactérias bucais a antimicrobianos tem diminuído gradualmente; ↳ Um número crescente de amostras bacterianas bucais resistentes tem sido detectado: ➝ Porphyromonas, Prevotella e Streptococcus viridans. ↳ Inclui resistência a macrolídeos, todos os beta- lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), clindamicina, ciprofloxacino, eritromicina e tetraciclina. Probióticos na Odontologia: • São “microrganismos vivos que, em quantidades adequadas, conferem benefícios para a saúde do hospedeiro”. • Dentre os mais utilizados, estão: ↳ Lactobacillus paracasei e L. reuteri; ➝ Bifidobacterium não apresenta ação no biofilme dental. ↳ Streptococcus salivarius M18 e K12; ↳ Streptococcus A12; ↳ Efeitos diretos e indiretos contra bactérias patogênicas. ↳ Modulação da resposta inflamatória na cavidade bucal: ➝ produção de bacteriocinas; ➝ antagonismo; ➝ prevenção da adesão ou invasão. • Lactobacillus paracasei possui a habilidade de inibir o crescimento de Streptococcus mutans e outros probióticos inibem L. salialvarius. T4 – CONTROLE DE INFECÇÕES NA ODONTOLOGIA • Principais formas de transmissão de microrganismos na Odontologia: ↳ Contato direto ou indireto com paciente (fluidos orgânicos): ➝ proximidade com paciente favorece a transmissão via contato. ➝ fluidos orgânicos, como sangue e saliva, rotineiramente manipulados. ➝ exposição percutânea (instrumentos perfurocortantes), de mucosas, de pele não íntegra (em especial, respingos na face) e via mordedura. ➝ contato direto (pele e mucosas) ou indireto (superfícies ou materiais com os quais o paciente tenha tido contato). Ex: HIV, HBV, HCV e HDV ↳ Via aérea: ➝ gotículas e aerossóis inalados/ingeridos ou depositados em superfícies. ➝ gerados por reações como espirro, tosse ou a própria fala ou por instrumentos odontológicos. ➝ cuidado também com sistemas de ar- condicionado. Ex: gripe, resfriado, tuberculose e COVID-19 • Cadeias de transmissão: Pacientes Profissionais Pacientes Pacientes Via profissionais; Via instrumentos, equipamentos e ambiente. • Conceitos básicos: ↳ Biossegurança: condições de segurança obtidas por um conjunto de ações e procedimentos com objetivo de prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes de atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente. ↳ Esterilização: tratamento que promove a morte de todos os organismos presentes. ↳ Desinfecção: tratamento que promove a morte de microrganismos patogênicos na forma vegetativa, empregado em objetos. ↳ Antissepsia: tratamento que promove a morte de microrganismos patogênicos na forma vegetativa, empregado em seres vivos. ↳ Assepsia: conjunto de meios ou métodos empregados para impedir o acesso de microrganismos a locais que não os contenham. ↳ Antimicrobianos: fármacos que agem contra bactérias, fungos e vírus, de forma bactericida ou bacteriostática. • Classificação de Spaulding: Para artigos utilizados em odontologia de acordo com o risco potencial de transmissão de microrganismos. ↳ Artigos críticos: aqueles que penetram em tecido estéril ou no sistema vascular e que tocam em mucosa não íntegra (ex: instrumentos cirúrgicos, agulhas de sutura e de anestesia, brocas, bisturis, seringas, sondas exploradoras e curetas). Devem ser esterilizados. ↳ Artigos semicríticos: aqueles que entram em contato apenas com pele não íntegra ou mucosa íntegra (ex: sugadores de saliva, condensadores de amálgama, caneta de alta rotação, micromotores, moldeiras, seringa de ar, espelho clínico e pinça). Devem ser esterilizados; aceita-se a desinfecção para aqueles que não suportam esterilização por processos físicos. ↳ Artigos não críticos: aqueles que entram em contato com a pele íntegra e que não entram em contato direto com o paciente (ex: refletores, aparelhos de raio X, bandejas, mobiliário, telefone e sanitários). Devem estar isentos de agentes de doenças infecciosas. Devem ser apenas desinfetados. • Medidas de biossegurança na Odontologia: ↳ Deve-se manter a cadeia asséptica, utilizando- se protocolos que visem ao controle de microrganismos (esterilização, desinfeção, antissepsia e assepsia). ↳ Considerar pessoal (profissionais e pacientes), instrumentos, material odontológico e ambiente. • Medidas padrão de precaução: ↳ Medidas de prevenção a serem utilizadas no atendimento aos pacientes, para controle de doenças de natureza infecciosa. ↳ Exigidas na manipulação de fluidos como sangue, secreções e excreções, assim como no caso de contato com mucosas e pele não íntegra. ↳ Devem considerar qualquer indivíduo como potencialmente infectado. ↳ Uso de barreiras, definidas, de forma ampla, como equipamentos de proteção individual (EPIs): avental, gorro, máscara, óculos e luvas. ↳ Prevenção da exposição a fluidos orgânicos corporais. ↳ Prevençãode acidentes com instrumentos perfurocortantes. ↳ Protocolo para acidentes de trabalho que possibilitem a contaminação. ↳ Protocolo de descontaminação e descarte de material potencialmente infectado. • EPIs: ↳ Dispositivo ou produto de uso individual utilizado por profissionais e pacientes que conferem proteção a riscos eventuais associados ao procedimento em questão. ↳ O uso de EPIs é indicado durante o atendimento ao paciente, nos procedimentos de limpeza do ambiente e no processamento de artigos odontológicos. • Procedimentos para uso de EPIs: ↳ Deve-se colocar, pela ordem, avental, gorro, máscara, óculos de proteção e luvas. ↳ Ao final do atendimento: ➝ descartar as luvas, pelo avesso, em lixo infectante; ➝ retirar os óculos de proteção para proceder à desinfecção; ➝ retirar a máscara e o gorro e descartar também em lixo infectante; ➝ retirar o avental para desinfecção e lavagem. ↳ Observar o tipo de sapato. • Avental: ↳ Deve ser de manga longa e abaixo do joelho (proteger todas as áreas expostas da pele) e confeccionados com material impermeável. ↳ Deve ser usado fechado durante o atendimento. ↳ Deve ser usado exclusivamente no consultório e substituído com frequência (no mínimo diariamente) para evitar a colonização da roupa do profissional por microrganismos. ↳ Para procedimentos cirúrgicos, deve ser esterilizado ou descartável. Antes de lavar, deve ser desinfetado (água sanitária) e lavado separado da roupa doméstica. • Gorro: ↳ Barreira mecânica, proteção de contaminação por aerossóis e fluidos biológicos, entre outros. ↳ Também evita a presença de cabelos nas áreas de procedimentos. ↳ Deve ser usada, também, pelo auxiliar e pelo paciente. • Máscara: ↳ Deve ser sempre usada, obrigatoriamente descartável, pelo menos filtro duplo e cobrir bem boca e nariz. ↳ Trocar a, aproximadamente, cada 1 ou 2h de uso, entre os pacientes e sempre que estiver úmida. ↳ Deve ser usada, também, pelo auxiliar. ↳ Importante conferir a adaptação da máscara antes do uso. ↳ Não remover para a região do pescoço ou deixar só na boca. ↳ Não tocar durante o uso. • Óculos de proteção: ↳ Protege os olhos de partículas sólidas, luminosidade, radiação UV e respingos de produtos químicos e fluidos biológicos. ↳ Deve ser usado, também, pelo auxiliar e pelo paciente. • Luvas: ↳ Usadas para proteção do profissional e de seus pacientes para evitar contaminação com fluidos biológicos, mucosas e tecidos em superfícies contaminadas por esses fluidos. ↳ Devem ser trocadas a cada atendimento e devem ser de boa qualidade. ↳ Protegem contra abrasivos e escoriantes, artigos perfurocortantes, choques elétricos e agentes térmicos, químicos e biológicos. ↳ As unhas devem ser cortadas e limpas regularmente. Joias e bijuterias devem ser removidas evitando colonização por microrganismos ou rasgar luvas. ↳ Luvas específicas devem ser usadas para limpeza do consultório e lavagem do material. ↳ Importante lembrar que o uso de luvas não dispensa higienização prévia das mãos, incluindo antissepsia. ↳ Enquanto estiver de luvas, não manipular objetos fora do campo de trabalho (canetas, fichas de pacientes, maçanetas de portas etc.). ↳ Retirar as luvas imediatamente após o término do atendimento do paciente. ↳ Não tocar na parte externa das luvas ao removê- las. ↳ Lavar as mãos, com sabão líquido antisséptico, logo que retirar as luvas. ↳ As luvas não protegem de perfurações de agulhas, mas está comprovado que elas podem diminuir a penetração de sangue até 50% de seu volume. ↳ Uso de dois pares de luvas é formalmente indicado em procedimentos cirúrgicos de longa duração ou com sangramento abundante, prevenindo contra contaminação. • Sapatos: ↳ Devem ser fechados e com solado antiderrapante. ↳ Protegem contra impacto de quedas de objetos, agentes térmicos cortantes e escoriantes, umidade proveniente de operações com uso de água e respingos de produtos químicos e humores biológicos. • Vacinação: ↳ A imunização de profissionais da área da saúde, como o cirurgião-dentista, é fundamental. ↳ Há vacinas obrigatórias para o cirurgião-dentista. ↳ As vacinas ocupacionais recomendadas para profissionais da área da saúde pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) são: ➝ Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ➝ Hepatites A,B ou A e B ➝ HPV ➝ Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) ➝ Dupla adulto (difteria e tétano) ➝ Poliomielite inativada ➝ Varicela (catapora) ➝ Influenza (gripe) ➝ Meningocócicas conjugadas ➝ Meningocócica B ➝ Febre amarela ➝ Raiva ➝ Febre tifoide T5 – ANTIFÚNGICOS • Infecções fúngicas = micoses • Micoses superficiais: - Dermatomicoses (estruturas superficiais queratinizadas). Ex: Tinea capitis • Micoses oportunistas (leveduras): - Candidíase ou candidoses (cavidade oral, vulvovaginal ou ocular). Ex: Candida albicans • Micoses profundas ou sistêmicas: - Paracoccidiodomicose (lesões na mucosa oral e nasal). Ex: Paracoccidiodes brasiliensis • Conceitos: - Antifúngico/antimicótico: fármaco com ação fungicida ou fungistática utilizado para tratar ou prevenir micoses superficiais e/ou sistêmicas. - Uso de antifúngicos: ➝ Tópico: pomadas, cremes, esmaltes, óleos essenciais; ➝ Sistêmico: oral e intravenoso; • O arsenal terapêutico antifúngico tem aumentado nos últimos anos devido à demanda crescente: ↳ 1980: Necessidade de novas drogas: ➝ incremento nos métodos de diagnóstico; ➝ aumento das septicemias (leveduras); ➝ procedimentos terapêuticos e cirúrgicos; ➝ doenças imunossupressoras: AIDS. • A célula fúngica apresenta bicamada lipídica, entre as moléculas há ergosterol, como nos humanos há colesterol, esse é o ponto chave para ação dos antifúngicos. • Fatores que afetam a atividade de antimicrobiano: - Tamanho da população: maior população, maior tempo necessário para eliminação - Natureza da população: estruturas de resistência adquiridas - Concentração do agente: concentração x eficiência não é linear - Tempo de exposição e temperatura - Material e hospedeiro • Antifúngico ideal: - Toxicidade seletiva (baixos efeitos colaterais no hospedeiro, prejudicando só o fungo); - Amplo espectro de ação; - Não permita a seleção de linhagens resistentes; - Não ser alérgeno; - Baixo custo; - Solubilidade em água; - Alta estabilidade; -Dinâmica da farmacocinética: obedecer aos preceitos: absorção, distribuição, metabolismo e excreção; • Classes de antifúngicos clínicos: ↳ Síntese de ergosterol: - Derivados poliênicos: anfotericina B - Alilaminas: terbinafina e naftato - Derivados azólicos: imidazois e trizóis ↳ Síntese de DNA: - Nucleosídeos pirimidínicos: flucitosina ↳ Síntese da parede celular: - Equinocandinas: caspofungina e micafungina ↳ Inibidor da mitose: - Benzofurano: griseofulvina ➝ Polienos se ligam ao ergosterol e afetam a integridade da membrana. ➝ Azóis e alilaminas inibem a síntese de ergosterol. ➝ Griseofulvina impede a agregação dos microtúbulos durante a mitose. ➝ 5-flurocitosina é um análogo nucleotídico que inibe a síntese de ácido nucleico. ➝ Polioxinas inibem a síntese de quitina e equinocandinas inibem a síntese de glucano. ↳ Antifúngicos mais usados em micoses mucocutâneas: ➝ Caspofungina: fungicida para Candida spp. ➝ Terbinafina: onicomicose (dermatófitos) ➝ Griseofulvina: infecções fúngicas cutâneas • Principais efeitos adversos antifúngicos: - Anfotericina B: febre, calafrios, hipotensão - Nistatina: febre, calafrios, hipotensão -Flucitosina: depressão de medula óssea (leucopenia e trombocitopenia) - Azóis: náusea e vômito; o cetoconazol não é recomendado durante gravidez e amamentação - Alilaminas: distúrbios gastrointestinais, reações dermatológicas, eventos hepatobiliares e transtornos hepatológicos - Morfolínicos:creme e esmalte – tolerância mediana, prurido, ardência, eritema, descamação e dermatite de contato - Equinocandinas: dor de cabeça, febre, hepatotóxico, liberação de histamina, erupção cutânea • Combinação de drogas antifúngicas: ↳ Novas estratégias terapêuticas: ➝ Persistência de alta morbidade e mortalidade devido às infecções fúngicas sistêmicas; ➝ Complexidade terapêutica de pacientes imunossuprimidos. ↳ Vantagens: ➝ Sinergia dos agentes (os efeitos se somam); ➝ Doses menores; ➝ Menor toxicidade; ➝ Menor possibilidade de resistência (vários espectros de ação). ↳ Limitações: ➝ Critérios não uniformes na interpretação; ➝ Variações nas propriedades farmacocinéticas e farmcodinâmicas; ➝ Variabilidade de estirpes microbianas; ➝ Inabilidade de predizer o sucesso terapêutico. RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS: • Conceitos: - Resistência: capacidade do microrganismo em crescer em concentrações plasmáticas da droga; - Sensibilidade: quando não crescem nessas concentrações; - CIM: Concentração Inibitória Mínima – menor concentração do antifúngico que inibe o crescimento (fungicida); - CFM: Concentração Fungicida Mínima – menor concentração do antifúngico necessária para matar o fungo (fungistático). • Resistência microbiológica: - Relacionada com as características dos fungos. • Resistência celular: - Alteração do alvo da droga (mutação); - Aumento ou diminuição da expressão do alvo; - Aumento da bomba de efluxo; - Degradação da droga. TESTES IN VITRO: • Método de disco difusão: A célula fúngica é inoculada na placa de Petri com antifúngicos em concentrações específicas para determinar qual zona está (resistência, intermediária ou sensibilidade). • Diluição em caldo (macro e microdiluição): Concentrações crescentes de um fármaco em inoculações de microrganismos, há observação de quando os tubos ficam turvos a fim de exibir a eficácia do antifúngico. Determina CIM e CFM. • E-teste (difusão em gradiente: CIM): Onde o halo formado cessar na fita graduada, determina-se a concentração inibitória mínima. • Métodos automatizados (VITEK): Determina CIM e CFM após a inoculação das amostras e dos fármacos na máquina. T6.1 – MICOSES SUPERFICIAIS • Infecções fúngicas que acometem a camada superficial da pele e do pelo; • Caracterizada por um grupo de fungos cuja relação com o hospedeiro está na interface entre o saprofitismo e parasitismo; • Geralmente não induzem uma resposta inflamatória ao hospedeiro. PITRÍASE VERSICOLOR ↳ Manifestações clínicas: - Infecção crônica da camada córnea; - Geralmente assintomática ou apresenta discreto prurido; - Manchas hipo ou hiperpigmentadas, descamativas (tórax, braços e pescoço); - Acomete adultos e jovens, sem distinção de sexo; - Principais fatores endógenos do aparecimento de lesões: pele oleosa, elevada sudorese, fatores hereditários e uso de terapia imunossupressora; ↳ Agente etiológico: Malassezia furfur - Leveduras agrupadas, filamentos curtos; - Microbiota cutânea humana: colonização nas primeiras semanas de vida; - Lipodependentes: necessita de lipídeos para o seu crescimento; - Associada à quadros de dermatite seborreica e onicomicose (interação entre fungo e unha). ↳ Diagnóstico: - Lâmpada de Wood: diagnóstico pela visualização de discromias de pele. ↳ Diagnóstico Laboratorial: ➝ Coleta: raspado das bordas das lesões com bisturi ou lâmina de vidro ou fita adesiva. ➝ Exame microscópico direto: KOH 10% (clareamento da amostra), pode usar corantes para confirmação (gram, azul de metileno...). ➝ Cultura: não é realizada na rotina. ↳ Meio: Ágar Sabouraud Dextrose, acrescido 1% óleo de oliva, 30°C, 2-4 dias; ➝ Aspecto macroscópico: textura cremosa, cor creme, lisa, bordas regulares. TINHA NEGRA ↳ Manifestações clínicas: - Infecção superficial rara, assintomática, com presença de lesões de cor marrom escuro, com bordas definidas; - Regiões tropicais e subtropicais; - Acomete crianças e adultos sadios, sendo mais comum em mulheres, com maior prevalência em jovens (20 anos). - Colônias de consistência úmida e brilhante. ↳ Agente etiológico: Hortaea werneckii, Cladosporium weneckii, Exophiala weneckii - Pode apresentar fase leveduriforme; -Sapróbio halofílico (resistente a altas concentrações de sais); - Transmissão desconhecida, associada ao contato com o ambiente marinho, principalmente areia de praia; - Fungo filamentoso (hipa septada). ↳ Diagnóstico Laboratorial: ➝ Coleta: raspado na borda das lesões ➝ Exame microscópio direto: KOH 10% ➝ Cultura: Ágar Sabouraud, 25°C (até 30 dias). ➝ Aspecto macroscópico: após 2 semanas textura aveludada, coloração cinza, marrom ou preta (presença de melanina na parede celular). PIEDRA NEGRA ↳ Manifestações clínicas: - Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos endurecidos de cor escura nos cabelos e raramente nos pelos do corpo; - Doença de baixo contágio, crônica, frequentemente apresenta recidiva, afeta ambos os sexos. PIEDRA branca ↳ Manifestações clínicas: - Nódulos fracamente aderidos aos cabelos ou pelos de cor branca amarelado; - Caráter assintomático, de baixo contágio; - Acomete mais pacientes imunocomprometidos; - Acomete indistintamente cabelos e pelos da região axilar, pubiana, perianal, barba e bigode; - Distribuição geográfica: regiões de clima tropical e temperado. ↳ Agente etiológico: Trichosporon spp. T6.2 – MICOSES CUTÂNEAS • Dermatomicose: qualquer infecção fúngica sobre o tecido da pele e não há identificação da espécie fúngica. - Dermatofitoses: dermatófitos (fungo filamentoso queratinolítico); - Dermatomicoses não-dermatofíticas: fungos filamentosos no geral. - Candidíase: Candida albicans (leveduras). DERMATOFITOSES • Infecções de pele, pelos e cabelos causadas por um grupo relacionado de fungos queratinofílicos, os dermatófitos.
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